rera4n4e14
TRANSCRIPT
Ano 04, no 04R$ 0,00
Solstício de Verão21 Dezembro, 2013 e.v.A in i, B in e, Dies G
Anno IV:xxi
OS DEGRAUS DA INICIAÇÃO
Passando do Velho ao noVo aeon - a o.T.o. assumiu uma noVa Fórmula iniciáTica aPós seu
Período como academia maçônica. pág. 8
Revista da Loja Quetzalcoatl, Ordo Templi Orientis
Índice
Editorial pág. 3
Notícias pág. 3
Abismo, um Minuto de Silêncio
pág. 4
A Importância da Iniciação pág. 6
Estudos Os Caminhos da Iniciação
pág. 17
Biblioteca Thelêmica O Chamado do 26º Aethyr
pág. 21
Hooráculo pág. 22
Os Degraus da Iniciação
escreva para nós!Além de ajudar a melhorar nosso trabalho com sua opinião, apro-veite nosso espaço de comunica-ção para tirar dúvidas, dar ideias e manter contato com os membros da O.T.O. no Brasil.
E-mails para: [email protected]
8
ExpEdiEntEAno 04, Num 04, Ed nº 14, 21 de Dezembro de 2013 e.v.
Ordo Templi Orientis InternacionalFrater Superior ................. Fra. Hymenaeus Beta
Grande Secretário Geral ........................ Fra. Aion
Grande Tesoureiro Geral .........................Fra. SQL
O.T.O. BrasilRepr. do Fra. Superior .... Sor. Tara Shambhala
Loja QuetzalcoatlMaestria ................................ Fra. Apollôn Lycaeus
Secretaria ..........................................................Fra. Eros
Tesouraria ....................................................Fra. Kin Fo
EditoriaEditor ......................................Fra. Apollôn Hekatos
Jornalista ...........................................................Fra. Eros
Design Editorial ................Fra. Apollôn Hekatos
Ilustrações .................................. Loja Quetzalcoatl
Assinaturas
Assinatura anual (4 ed./ano) ..................R$ ??,00
Edição atrasada ..............................................R$ ??,00
Pedidos [email protected]
Estrela Rubi é uma publicação trimestral da Loja Quetzalcoatl, Corpo Local Oficial da Ordo Templi Orientis internacional para a cidade do Rio de Janeiro, Brasil.
Todos os direitos reservados. Proibida cópia, utilização ou alteração dos textos e/ou imagens contidos nesta publicação sem expressa autorização dos Oficiais da Loja Quetlzalcoatl ou outro representante autorizado pela Ordo Templi Orientis Brasil ou Ordo Templi Orientis Internacional.
As informações e opiniões aqui contidas são de inteira responsabilidade de seus autores e não são necessariamente compartilhadas pela O.T.O., seus Oficiais ou os demais membros da Ordem. Em caso de dúvidas, entre em contato com a Secretaria da Loja Quetzalcoatl.
© 2014, Loja Quetzalcoatl, Ordo Templi Orientis Brasil e Ordo Templi Orientis Internacional
Estrela Rubi 3
notÍcias
Fim de ano civil
O fim do ano civil se aproxima, mas a Loja Quetzalcoatl não irá inter-
romper suas atividades.
Em janeiro estaremos divulgando o calendário com a programação
para o ano de 2014. Não haverá pausa para nossas palestras abertas
para convidados, instruções para membros e ritualística!
Novo Evento
A partir de novembro de 2013 e.v., a Loja Quetzalcoatl tem realizado
um novo evento: o Café Thelêmico. O encontro, numa base mensal,
será uma reunião fraterna para debater textos thelêmicos, filmes e
produções artísticas diversas sob a luz da Lei de Thelema.
O Café Thelêmico será um encontro mais reservado, onde, além de
Irmãos e Irmãs, somente seus familiares próximos ou candidatos à
Ordem (já com as fichas assinadas pelos sponsors) poderão estar
presentes.
Com isso, firmamos cada vez mais nosso trabalho público como
pólo produtor de conhecimento.
Solstício de Verão
Neste dia 21 de dezembro estamos celebrando o Solstício de Verão,
marcando, no Hemisfério Sul, o dia mais longo do ano.
Por mais uma vez, o Sol nos irradia com o meio-dia de sua Beleza e
Triunfo. Gozamos do auge de sua Luz e da consciência de que o Sol,
de fato, nunca se ergue e nunca se põe. Ele permanece contínuo,
por mais que o experimentemos como fases, nutrindo e inspirando
desde o centro de nosso Ser.
A Loja Quetzalcoatl deseja um Verão de exaltação e do mais refina-
do regozijo para todos!
66 anos da morte de Aleister Crowley
O dia 1 de dezembro marca a data de falecimento de Aleister Cro-
wley. Há 66 anos, em Hastings, Inglaterra, o Profeta do Novo Aeon,
aos seus 72 anos, partia para a realização de sua Grande Festa. Que
a Obra do homem que ousou falar que Deus residia na liberdade
do Humano possa florescer firme e continuamente nos tempos de
hoje! Salve Profeta de Nu! Profeta de Had! Profeta de Ra-Hoor-Khu!
“ Agora Iniciação é, pela origem etimológica, a viagem ao inte-
rior, é a Viagem da Descoberta (oh mundo-maravilhoso!) da
própria alma. E esta é Verdade que está à proa, eternamente
alerta, o que é Verdade que fica com uma mão forte segurando o
leme!”
Nada muda ou pode ser mudado, mas passa a ser verdadeiramente
entendido a cada passo que damos no Caminho Iniciático.
A Iniciação pode ser considerada como principal ato religioso pelas
sociedades clássicas ou tradicionais. É um revisitar consciente da
condição existencial do próprio Individuo, que se liberta do tempo
profano. A Iniciação recapitula a história divina do Homem e como
tal do próprio Mundo e, através desta recapitulação consciente, o
Homem e o mundo são santificados novamente
Assim o Iniciado pode se perceber como Deus e o mundo como
sua obra sagrada.
editorial
Frater apollôn lycaeus
Mestre da Loja QuetzaLcoatL - rio de janeiro
Ord
o Te
mpl
i Orie
ntis
— Lo
ja Q
uetz
alco
atl
4A
rtig
o
podemos entender nossas noites negras da alma à luz de um processo de luto?
aBismoum minuto de silêncio
Aexperiência da travessia do Abismo é amplamente descrita
na literatura thelêmica como marco da entrega da vida pes-
soal do Adepto à vida impessoal do Universo. O estudante
pode encontrar incontáveis referências a esse processo ao longo da
obra de Aleister Crowley. Talvez possamos sintetizar, sem correr o risco
de sermos levianos, os grandes limiares de Thelema em duas grandes
Iniciações: o Anjo e o Abismo. Se o Sagrado Anjo Guardião nos ins-
trui sobre a nossa Verdadeira Vontade (cuja Lei, sabemos, é Amor), o
Abismo seria a apoteose da realização desse Amor. Sim, o Amor nos
conduz direto ao abismo. Por fé, Nietzsche disse que o homem dança
à sua beirada. Por amor, o homem salta em seu desconhecido.
Não podemos deixar de notar a ironia que é Crowley ter buscado, em
seus escritos, nos inspirar e transmitir imagens de uma experiência
que – ele mesmo frisaria – só o Silêncio faria jus. Arrisco que isso faça
parte da Obra do Iniciado: em nome da Beleza, falar o que não dá para
ser dito. Jamais seria possível traduzir a experiência do Abismo, muito
menos num ensaio como este, anos-luz aquém da consecução vivi-
da por Crowley. Mas, com sorte, conseguiremos inspirar a tolice que
é almejar o infinito. Sua devoção – a devoção a Ela, Nuit – jamais se
consumaria por qualquer motivo racional, apenas pelo mais injustifi-
cável e embriagante amor. Dessa embriaguez, legamos as imagens
do sangue na Taça de Babalon, ardente de amor e morte (Livro de
Thoth, Atu XI). Também a imagem dos santos que deram sua última
gota de vida para enchê-la, e do cinzento e austero cenário de uma
Cidade de Pirâmides que são tumbas à beira do grande mar. E, sobre
o grande mar, a Grande Noite de Pan. Não seria insensato que tudo
isso nos despertasse pânico e deslumbramento. Aqui, estamos muito
além da sensatez.
Essas imagens, por vezes, têm o dom de nos parecer distantes. A
princípio, talvez seja por isso que elas nos entusiasmem. Mas, se a
desolação do Abismo (Daath, na Árvore da Vida) ainda habita nossas
promessas mais inalcançadas e as crises do nosso intelecto resistente,
e quanto às nossas tantas noites da alma? E quanto às insônias, às an-
gústias existenciais e às perguntas que a razão e a sensatez não dão
cabo? Nesses abismos nós cotidianamente nos debruçamos, muitas
vezes sem perceber, até que já tenhamos entrado em seus vales, dos
quais um dos nomes é também depressão. A imagem sempre oferece
um caminho: não seria o “fundo do poço” um local úmido e uterino,
pronto para gerir algo novo? Não somos nós, na devida proporção,
“bebês do abismo” gestados a cada noite negra?
Crowley escreve:
“O Universo é Mudança; toda Mudança é o efeito de um Ato de Amor;
todos os Atos de Amor contém Pura Alegria. Morre diariamente. Morte é
o ápice de uma curva da Serpente da Vida: contemplai todos os Opostos
como complementos necessários, e regozija-te”. (Livro de Thoth, sobre o
Atu XIII, “A Morte”).
Morte. Iniciação. Abismo. Todas essas palavras estão conectadas. Se
o Abismo é a grande morte, e se nossos pequenos abismos são pe-
quenas mortes diárias, precisamos, a fim de preservar uma estratégica
dose de sanidade, perguntar: morte do quê? De quem? “Do ego!” –
responderia o estudioso, na ponta da língua. O que essa resposta pré-
-fabricada (embora verdadeira) não contempla é que ela isola o ego
como estrangeiro: é uma estratégia para não nos identificarmos com
sua experiência. Assim, ficamos com a impressão de que cercamos
o problema e o encurralamos. No entanto, se tratamos o ego como
uma coisa à parte, que pomos de lado para observar, isso só nos faz
adiar a questão central: nós presumimos um observador que continua
ali. Quando não só os objetos que nós metodicamente analisamos –
como, por exemplo, nossas emoções e conceitos, “ego” inclusive – se
desmaterializam, mas também o próprio observador começa a se li-
quefazer, então talvez vejamos algo interesse acontecendo. Talvez nos
vejamos sem parâmetro, sem norte ou sul, agora sim, realmente sem
referência de “eu”. Sem referências, sem mapas certos. O Abismo não
foi também descrito como um Deserto? Os pequenos abismos tam-
bém não o seriam? Perdidos no deserto, tudo parece o mesmo e não
sabemos se andamos em círculos. O deserto é um vazio de imagens
– exatamente elas, que nos servem de baliza no mundo.
Parece que estamos falando, então, da morte de nossas represen-
tações. Talvez isso inclua a morte da imagem que tínhamos sobre a
própria morte, sobre o abismo e sobre o que pensávamos sobre a Ini-
ciação. Se esses pequenos abismos de paradoxo e crise são mortes,
talvez possamos entendê-los à luz de um processo de luto. Sigmund
Freud, em seu texto “Luto e melancolia”, pode nos ser extremamente
útil:
“O luto, de modo geral, é a reação à perda de um ente querido, à perda
Frater eros
Estrela Rubi 5
Artigo
pelo plano do Amor, embora eles “batam-se
uns contra os outros e ainda assim não vejam
uns aos outros, ou não possam ver uns aos
outros, porque estão tão fechados em seus
mantos”. Talvez Virgílio possa ser citado: “Om-
nia Vincit Amor” (“O amor vence tudo”).
Na devida proporção, nós mesmos não in-
corremos nessa rotina? Em seu livro “O mito
da análise”, James Hillman sugere que “no
nível mais profundo do medo aparece um
eros”. Isto é, fechar-se é temer, em última ins-
tância, o amor. O medo seria, então, medo
de amar. Temos medo de estarmos expos-
tos. Temos medo da morte. Temos medo da
Iniciação. Poderíamos pensar a Iniciação em
termos de graus do amor. Tudo isso se cons-
tela com um centro em comum.
Outro conceito que Freud nos apresenta em
seu texto é a melancolia. A melancolia, na
sua leitura, se daria quando a vivência da per-
da do objeto amado não é devidamente in-
tegrada pela consciência. Por alguma razão,
ele não mortificou: um resíduo fica, e desde
o inconsciente ele nos consome.
“A diferença consiste em que a inibição do
melancólico nos parece enigmática porque
não podemos ver o que é que o está absor-
vendo tão completamente. O melancólico
exibe ainda uma outra coisa que está ausen-
te no luto — uma diminuição extraordinária
de sua autoestima, um empobrecimento de
seu ego em grande escala”. (Freud, ibid).
Freud está falando de um processo adap-
tativo do ego. Mas não podemos analisar
esse conceito também por um viés iniciá-
tico? Não teria o “melancólico”, nesse con-
texto, falhado em dar “todo o seu sangue”?
Nesse caso, seu ego não inflou como o do
Irmão Negro, mas ambos protagonizam
uma forma de colapso. Esse resíduo de san-
gue bastaria para colonizar o indivíduo, por
meio do apego ao objeto putrefato. Minha
última fortaleza, mesmo que pequenina,
minha última imagem adocicada do amor –
reter essa minha última gota drenaria todo o
processo que é de morte e, na realidade, da
verdadeira consumação do amor. O “melan-
cólico” converte a realidade do seu abismo
em depressão quando admite como reais as
representações às quais se apegou. O Irmão
de alguma abstração que ocupou o lugar de
um ente querido, como o país, a liberdade
ou o ideal de alguém, e assim por diante”.
Essa perda, diz Freud, faz com que aban-
donemos provisoriamente o investimento
libidinal que depositávamos sobre as coisas
e o dirijamos para nós mesmos. Falando de
outro modo, vemos que o mundo não cor-
responde mais à imagem do nosso objeto
amado e precisamos introverter esse amor
para nos reestruturarmos, quase sempre
sem saber o que sairá disso. Cada morte – de
um ente querido, de um ideal – é uma cri-
se de amor e uma questão sobre como ele
vinha sendo direcionado. O amor é nossa
questão central. É nossa substância. Amor
sob vontade: para onde apontamos a flecha
do amor? Essa percepção não é só filosófica,
mas de cunho iniciático: após a morte do
objeto amado, o amor continua existindo.
Mesmo se o objeto amado sou eu. Podemos
ler o luto como o processo pelo qual nos
desprendemos de uma forma antes investi-
da. O apego à forma limita o amor, embora
seu objeto, imagem ou representação tenha
cumprido a função de revelá-lo a nós.
Podemos tentar intuir a dimensão dessa de-
solação. O que somos nós sem as represen-
tações que nos guiaram até aqui? Elas nos
atenderam tão bem! Inclusive as imagens do
amor que nos tocaram o peito. Não é o mun-
do astral conhecido como “tesouro das ima-
gens”? Suas visões terríveis e deliciosas não
nos levaram a inúmeros insights? Sem elas,
teríamos sequer nos inspirado ao primeiro
passo? No Liber 418, Aethyr DEO, nós lemos:
“E a voz diz: Estes são aqueles que tomaram
o amor e se agarraram a ele, rezando sempre
aos joelhos da grande deusa. Estes são aque-
les que fecharam a si mesmos em fortalezas
de Amor (...) Agora novamente eu vejo essas
almas errantes que buscaram amor restrito e
não entenderam que ‘a palavra do pecado
é restrição’”.
Tais cenas descrevem os “Irmãos Negros” –
aqueles que, mesmo tendo atingido um alto
grau de consecução espiritual, encastelaram
o amor. De um modo talvez conflitante de-
mais para o intelecto, a Voz do Aethyr chega
a sugerir que mesmo eles são apropriados
Negro, em outra escala, também vive na imi-
nência de uma “calamidade (...) quando seu
medo vier” (Liber 418, Aethyr DEO). Agarrado
àquilo que conhece, ele se recusa em fazer a
transição. No capítulo 0 do Liber 333 (o Livro
das Mentiras), podemos ler:
“O Abismo
A Palavra é quebrada.
Há Conhecimento.
Conhecimento é Relação.
Estes fragmentos são Criação”.
O Abismo é Conhecimento. Ao nos apegar-
mos aos objetos de nosso conhecimento,
admitimos esses objetos como literais, e
não como investimentos de nosso amor. Ao
acharmos que o Conhecimento do objeto é
real, somos obcecados por sua literalidade.
Quando sentimos, pelo conhecimento, que
retemos e dominamos um objeto, com isso
lisonjeamos o poder ilusório do eu. Mas o eu
não pode conter ou dominar a Mudança,
que atua sobre os objetos e sobre o próprio
eu. Por isso Daath não é descrita como uma
sefira real: conhecimento, enquanto restrição
a uma forma, é ignorância. É amplamente
descrito por Crowley que a travessia do Abis-
mo culmina no Entendimento – as formas,
portanto, devem ser superadas à luz da com-
preensão. Poderíamos ver nisso outro cami-
nho que confirma o entendimento de que
“conhecimento é relação” e, portanto, que o
tema central do Abismo seja o amor? Amor e
morte, amor e luto.
Há mais um ponto importante sobre a ima-
gem do Deserto, símbolo do Abismo. É exa-
tamente nesse cenário de desolação de ima-
gens onde o grande ritual de invocação a
Nuit é realizado: “Mas amar-me é melhor do
que todas as coisas: se sob as estrelas notur-
nas no deserto tu neste momento queimas
meu incenso perante mim, invocando-me
com um coração puro, e a chama da Ser-
pente aí dentro, tu virás a deitar um pouco
em meu seio. Por um beijo tu então estarás
querendo dar tudo, mas aquele que der uma
partícula de pó perderá tudo nessa hora (...)”
(Liber AL I:61). Resta muito pouco a dizer, ex-
ceto, talvez, fazer coro a Crowley, quando ele
diz: “Morre diariamente” – e desejar a todos
um minuto de silêncio que valha pela eter-
nidade.
Ord
o Te
mpl
i Orie
ntis
— Lo
ja Q
uetz
alco
atl
6A
rtig
o
as formas da iniciação mudaram, mas sua essência permanece a mesma.
a importÂncia dainiciação
A iniciação significa a perpetuação da ciência e implica
em uma hierarquia de conhecimento. O termo vem
do latim Initiatio, que remete a começo, entrada, po-
dendo também significar a entrada em uma nova existência.
Em muitas sociedades, é uma cerimônia onde um novo mem-
bro é introduzido após um ritual, que geralmente é conduzido
por um membro veterano, contendo novos conhecimentos e
provas de fortalecimento do caráter e da psique. Através dos
anos, as formas de iniciação mudaram, mas nunca perderam
sua essência, sua mensagem principal.
A iniciação existe em várias sociedades, desde tribos isoladas
até os mais elaborados rituais de iniciação religiosa que exis-
tem em nossa sociedade contemporânea. Os rituais mais pri-
mitivos, tribais, consistem no simbolismo da passagem para o
mundo adulto, onde o iniciando tem que passar por provas de
sobrevivência, isolado de seu ambiente conhecido. Em tribos
distantes, muitas vezes o próprio iniciando tem que construir
a cabana onde ficará isolado e caçar sua própria comida, por
exemplo. Tal simbolismo é encontrado até hoje em muitos ri-
tuais iniciáticos. Os ritos atuais são baseados nos primitivos e
tem por objetivo os mesmos ensinamentos básicos, embora
não sejam mais tão radicais, pelo menos não na nossa so-
ciedade. Porém, fundamentalmente, acabam encerrando os
mesmo princípios, através de outros simbolismos. De maneira
bem superficial, os rituais de iniciação simbolizam a passa-
gem para outro estágio de conhecimento e existência.
No antigo Egito, as iniciações já ganham seu cunho religio-
so. Faziam parte das cerimônias de entrada do adepto às
escolas de Mistérios. Desta forma, os ritos de iniciação pas-
sam ser utilizados no contexto religioso e não apenas como
passagem para o estágio adulto da vida. Para fazer parte das
escolas e subir na hierarquia de conhecimento proposta por
elas, é necessário passar pelos rituais de iniciação. Nestas, o
Adepto entregava inteiramente sua vida e liberdade aos mes-
tres dos templos de Mênfis e Tebas. Avançava resolutamente
através de perigos como atravessar fogueiras, nadar através
de correntes de água escura e borbulhante, ficavam à beira
de abismos sem fundo. Esta renúncia momentânea de sua li-
berdade é o maior exercício da própria liberdade. Nos dias
de hoje, muitas escolas de Mistérios ainda utilizam os rituais
do Egito Antigo, ou versões modificadas deles. As sociedades
iniciáticas perpetuam estas tradições na atualidade. O adepto
é iniciado em vários graus, que representam a evolução do
conhecimento. Em um primeiro momento, são considerados
aspirantes à Ordem, sendo posteriormente efetivados mem-
bros. Somente atingimos objetivos através de nossos esfor-
ços. Este é o aprendizado básico da iniciação. Uma marcha
constante em direção ao conhecimento.
Dentro da filosofia das sociedades iniciáticas, segundo o fa-
moso livro Dogma e Ritual de Alta Magia, de Eliphas Lévi: “O
iniciado é aquele que possui a lâmpada de Trismegisto, o
manto de Apolônio e o bastão dos patriarcas. A lâmpada de
Trismegisto é a razão iluminada pela inteligência, o manto de
Apolônio é a posse completa de si mesmo que isola o sábio
das correntes instintivas e o bastão dos patriarcas é o socorro
das forças ocultas e perpétuas da natureza. O iniciado, então,
reina sobre a superstição e pela superstição e só ele pode
marchar sozinho nas trevas, apoiado em seu bastão, envolto
em seu manto e iluminado por sua lâmpada”. Assim, o cami-
nho iniciático deve ser seguido sozinho, por sua própria expe-
riência em última instância, mas apoiado nos conhecimentos
e graus da Ordem. O caminho da realização da Grande Obra é
pessoal e intransferível, sendo assim da responsabilidade de
cada um achar o seu caminho, com o auxílio de seus compa-
nheiros de jornada. “A razão foi outorgada a todos os homens,
porém nem todos sabem fazer uso dela; é uma ciência que é
necessária aprender. A liberdade foi oferecida a todos, mas
nem todos sabem nela se apoiar: é um poder do qual é neces-
sário se apossar”, ainda no mesmo livro citado anteriormente,
que nos mostra o cunho pessoal do caminho iniciático, que
vai definir o desempenho de cada um.
A iniciação nos mistérios confere novos conhecimentos ao
adepto, auxiliando-o no uso de seu senso crítico. Citando
novamente Eliphas Lévi: “A iniciação protege das falsas luzes
do misticismo; outorga à razão humana seu valor relativo e
sua infalibilidade proporcional, unindo-a a razão suprema por
meio da cadeia das analogias”. Pode-se concluir acerca desta
afirmação que o iniciado não tem esperanças duvidosas nem
temores absurdos, pois tem o senso crítico aguçado e não se
deixa levar por crenças sem fundamento, irrazoáveis. Pode-
Frater thoth
Estrela Rubi 7
Artigo
mos também atribuir uma nova interpretação para a lâmpada,
o manto e o cajado do iniciado, que nos remete à figura do
Eremita do Tarot: a lâmpada representa o saber, o manto em
que se envolve representa sua discrição e o cajado é o emble-
ma de sua força e de sua audácia. Estas são as características
principais do Adepto, no seu caminhar solitário em direção à
realização da Grande Obra, que nada mais é do que a criação
de si mesmo.
Nesta vida, todos são chamados a participar, mas poucos al-
cançam o sucesso da criação de sua própria identidade. Mui-
tos desejam ser algo, mas poucos se tornam algo, fruto de
seus esforços. Aqueles que são senhores de si mesmo tornam-
-se facilmente senhores dos outros. Então, naturalmente, o
mundo começa a ser dominado por aqueles que dominam a
si mesmo em primeiro lugar, para depois dominar o próximo.
Porém, aqueles que são senhores de si podem acabar entran-
do em conflito, se não compartilharem das mesmas ideias
fundamentais, apoiadas nas próprias bases da inteligência
e da razão. Assim, se torna necessária uma mesma filosofia,
perpetuada pela iniciação, para que haja comunhão de ideias
e não se opere mais um colapso social. Citando novamente
Eliphas Lévi: “Esta religião, da qual as outras foram sucessi-
vamente os véus e as sombras, é a que demonstra o ser pelo
ser, a vontade pela razão, a razão pela evidência e o senso co-
mum. É a que prova por meio das realidades a razão de ser das
hipóteses, independentemente e fora das realidades. É a que
tem por base o dogma das analogias universais”. Vemos en-
tão o papel fundamental da iniciação dentro da religião, que
é o de recrutar novos sacerdotes estabelecendo a continui-
dade da filosofia por ela divulgada. Naturalmente, as formas
filosóficas e religiosas perecem quando a iniciação cessa no
santuário. “A vida é uma batalha em que cumpre submeter-se
a provas para ascender em grau. A força não é concedida, é
preciso conquistá-la.”
A iniciação é a perpetuação da ciência. Através dela é estabele-
cida a continuidade dos conhecimentos e a também dos estu-
dos que permitem aprimorar o conhecimento. A iniciação sim-
boliza uma passagem, fundamentalmente, para outro estágio
de existência. Existe desde os primórdios da humanidade em
diversas formas e deve continuar a existir para que proporcione
a comunhão de ideias que mantêm a estrutura social íntegra,
afinal, pregar a igualdade para o que está abaixo sem indicar-
-lhe os meios de como se elevar é obrigar-se à descida. Para
erguer uma sociedade corrompida, ou ainda criar uma nova so-
ciedade, é preciso estabelecer a hierarquia e a iniciação. Assim,
a iniciação é a perpetuação da existência.
Ord
o Te
mpl
i Orie
ntis
— Lo
ja Q
uetz
alco
atl
8
Artigo
Frater eros
os
deg
rau
s d
ain
icia
ção
Estrela Rubi 9
Matéria de C
apa
E stá escrito no site da representação brasileira da Ordo Templi
Orientis:
“A Ordo Templi Orientis — Ordem do Templo do Leste, ou ainda Ordem dos
Templários Orientais –, ou simplesmente O.T.O., é uma Ordem voltada ao en-
grandecimento do Ser Humano e à consagração de sua Liberdade, através
do seu avanço em Luz, Sabedoria, Entendimento, Conhecimento e Poder. A
O.T.O. trabalha dentro dos princípios da Lei de Thelema, como consta na re-
velação do Liber AL vel Legis (O Livro da Lei), a fim de fundar as bases de uma
Irmandade Universal por meio da Beleza, Coragem e Inteligência”.
A Ordo Templi Orientis foi fundada no início do século XX na Alemanha.
Ela foi a primeira das grandes ordens do antigo Aeon a aceitar a Lei de
Thelema, promulgada através do Liber AL Vel Legis, ou o Livro da Lei.
É aceito que Mentor espiritual da sua fundação foi Karl Kellner, um rico
industrial austríaco da indústria química. Kellner foi maçom, rosacruz e
estudante do Misticismo, em geral Oriental. Viajou extensamente pela
Europa, América e Ásia Menor. Durante suas viagens, ele alegou ter en-
trado em contato com três Adeptos (um Sufi, Soliman ben Aifa, e dois
Tantristas hindus, Bhima Sena Pratapa de Lahore e Sri Mahatma Agamya
Paramahamsa) e uma organização chamada “A Irmandade Hermética
da Luz”. Esses encontros teriam fornecido a Kellner a “chave” para com-
preender os segredos contidos nos graus maçônicos.
Porém, o certo é que a Ordo Templi Orientis foi fundada por Theodor
Reuss. Reuss foi canto lírico, jornalista, ocultista tântrico e divulgador de
ideias feministas no final do século XIX e início do século XX. Ele nasceu
em 1855 e trabalhou com nomes como Richard Wagner, que conheceu
em 1873. Ele tomou parte na primeira apresentação em Parsifal em 1882.
Reuss foi iniciado na maçonaria regular na Loja Maçônica Peregrino,
onde galgou os graus de aprendiz, companheiro e mestre. Com o tem-
po, buscou raízes mais místicas na maçonaria, se tornando uma figura
conhecida da maçonaria europeia. Foi responsável tanto pela abertura
de lojas do Rito de Swedenborg na Alemanha quanto pela criação do
primeiro capítulo da Societas Rosacruciana in Anglia nesse país.
Outro personagem de destaque na história da O.T.O foi John Yarker. Nas-
cido em 1833, Yarker foi um dos grandes nomes e estudiosos da franco-
-maçonaria. Iniciado nessa instituição aos 21 anos na Loja Integridade
nº 189 em Manchester, se tornou Mestre Maçom no começo de 1855.
Durante esse período, trabalhou ativamente nos altos graus, buscando
conciliar o conhecimento científico de história e filosofia com o conhe-
cimento maçônico. Foi um dos responsáveis pela reativação do rito de
passando do velho ao novo aeon - a o.t.o. assumiu uma nova fórmula iniciática após seu perÍodo como academia maçônica
os
deg
rau
s d
ain
icia
ção
Frater Kin-Fo
Ord
o Te
mpl
i Orie
ntis
— Lo
ja Q
uetz
alco
atl
10M
atér
ia d
e C
apa
Memphis Misraim na Europa e do Antigo e Primitivo Rito da Maçonaria
na Inglaterra, sob a organização americana de Harry Seymour.
Foi através de Yarker que Kellner e Reuss se conheceram. Kellner expôs
seu pensamento a respeito da chave para interpretação do conheci-
mento maçônico do ponto de vista da yoga e da magia sexual. Reuss,
enquanto portador das mais altas patentes dos ritos maçônicos de Swe-
denborg, Escocês Antigo e Aceito, de Memphis e de Mirzraim, começou
a estudar o dito segredo dos ritos maçônicos sob esse prisma, a ponto
de chegar a conclusão que seria preciso constituir uma nova instituição
que permitisse seu estudo, disseminação e evolução. Assim, surgiu a
ideia de uma academia maçônica, que viria a se chamar Ordo Templi
Orientis.
Vemos que o passado da Ordem se encontra intimamente ligado à
Maçonaria. Portanto, para que possamos conhecer bem sua história e
qual a sua forma de iniciação, precisamos nos aprofundar no que é a
Maçonaria.
A História
Para tal, precisamos voltar à Grã Bretanha, mais precisamente ao século
X. Nessa época, a ilha se encontrava dividida em diversos reinos. Na al-
tura, o Rei Athelstan concedeu ao seu filho bastardo Edwin a liderança
da guilda de pedreiros locais. Nessa época as Guildas eram instituições
poderosas. Na Idade Média, o conhecimento valia muito, e garantir o
segredo desse conhecimento era garantir a refeição na mesa.
Nas feiras medievais, era comum que as Guildas arrebatassem novos
pupilos e demonstrassem seu poder através dos Mistery Plays, encena-
ções de passagens e histórias religiosas que tivessem alguma relação
com o ofício da Guilda. Assim, era comum aos pedreiros dessa época
encenar passagens relativas à construção do templo de Salomão, de
modo a clamar para si ancestralidade.
Avançando alguns séculos à frente, temos em 1603 a Inglaterra já forma-
da como reino, porém com uma rainha moribunda em seu comando.
Nesse ano, Elisabete I falece e deixa como herdeiro do trono inglês Ja-
mes IV, filho de Mary Stuart, rainha da Escócia.
James IV foi primeiro rei de uma dinastia inglesa, mas de origem esco-
cesa dos Stuarts. A dinastia escocesa teria seus altos e baixos, com dois
reis (Charles I e James III) sendo exilados na França, e o próprio James IV
e Charles II que promovem a reforma de Londres (onde as construções
de alvenaria fazem com que a guilda de pedreiros e construtores ganhe
mais destaque na sociedade), a criação da Royal Society (academia que
abraçaria importantes nomes como o de Sir Isaac Newton) e a criação
da tradução oficial da bíblia que perdura até os dias atuais, a King James
Bible.
O final da dinastia escocesa dos Stuarts aconteceu com o governo da
Rainha Ana, que no século XVIII uniu as coroas da Escócia e da Inglaterra
formando o Reino Unido, mas que veio a falecer sem deixar herdeiros.
Buscando fugir dos descentes exilados na França, partidários ao absolu-
tismo e ao catolicismo, o parlamento opta por entregar o trono, George
Louis, Duque de Brunswick-Lüneburg e bisneto de William I, neto de
James IV, que inicia a dinastia dos Hanover.
Muitas coisas fizeram com que o Rei George fosse impopular, como, por
exemplo, o fato de que durante sua vida o monarca não buscou sequer
aprender como falar inglês. Além disso, a corrupção da dinastia estran-
geira atingia todos os níveis do governo. O risco de golpe conta a coroa
era constante, assim, grupos como as guildas de construtores, favoráveis
à dinastia dos Stuart, eram vistas com maus olhos pela coroa.
Essas guildas se reuniam em Lodges – local de descanso, normalmente
o barracão ao lado das construções que serviam para o armazenamen-
to de ferramentas, planos, etc. Suas reuniões sociais, tanto de lazer e pla-
nejamento, ocorriam a portas fechadas em Coffee Shops, os cafés locais.
Interessante notar que a corruptela “Loja” em português surge a partir
do termo Lodge. Em uma época antes da internet, os cafés eram o local
preferido para os viajantes trocarem informação. Partidários dos Stuarts
no exílio buscavam informação sobre os Hannover através das Cofee
Shops. Assim, era natural que a monarquia temesse esses encontros a
portas trancadas.
Assim, buscando controlar esses encontros, a coroa promoveu sua uni-
ficação sob as asas da primeira Grande Loja de Londres, nascida em 24
de junho de 1717, tendo aristocratas ligados à construção a sua frente.
Essa Grande Loja clamou para si o controle universal da maçonaria em
seus três graus: aprendiz, companheiro e mestre e buscou aprovação
das demais lojas sob a motivação de manter protegidos os segredos
referentes os construtores.
O segredo não durou muito tempo. Em 1730 um homem chamado
Samuel Prichard publica “Maçonaria Dissecada”, o que provocou uma
resposta rápida da Grande Loja de Londres, que alterou todos os graus
e seus segredos envolvidos, gerando problemas com construtores de
outras partes da Grã Bretanha, que se viram como “irregulares” da noite
para o dia. Esses formaram então a chamada “Grande Loja dos Antigos”,
iniciando uma disputa que duraria até o século XIX, quando o Duque
de Sussex conseguiu reunificar a estrutura maçônica inglesa, formando
assim a Grande Loja Unida da Inglaterra, que clamou para si a soberania
da Antiga e Pura Maçonaria. Essa Antiga e Pura Maçonaria consistiria de
apenas três graus, a saber: o Aprendiz, Companheiro e Mestre, incluindo
a Suprema Ordem do Sagrado Real Arco.
Enquanto na Inglaterra os Modernos e os Franceses brigavam, na Fran-
ça a maçonaria era uma novidade trazida pelos Stuarts em seu exílio.
Sendo uma dinastia de origem escocesa, não demorou até que o termo
“escocês” se tornasse sinônimo de maçonaria naquele país.
Um dos nomes mais importantes da maçonaria francesa foi André Mi-
guel Ramsay. Escocês calvinista, Ramsay acompanhou os Stuarts em seu
exílio e se converteu ao catolicismo. Foi preceptor dos filhos do Duque
de Bouillon, que por sua vez era descendente direto de Godofredo, líder
da cruzada de 1099 que tomou Jerusalém, cujo irmão foi Balduíno I, pri-
meiro rei cristão de Jerusalém. Foi ele que deu aos Templários o Templo
Estrela Rubi 11
Matéria de C
apa
de Salomão. Assim, buscando apreço de seu patrocinador, Ramsay pas-
sou a divulgar as supostas ligações históricas entre a Ordem do Templo
e a Maçonaria Escocesa.
Templários, lendas do oriente e conspirações em prol da dinastia exila-
da. Essa combinação de fatores fez com que várias ramificações surgis-
sem na maçonaria continental. Na cidade de Lion surgiu o grau Kadosh,
dos comprometidos com a causa do monarca exilado. Nessa mesma
época, um Barão chamado Von Hund criou a Ordem de Estrita Obser-
vância Templária, obedientes a um Superior Desconhecido, na verdade
o Conde de Eglinton, nobre fiel à causa dos Stuarts exilados. O capítu-
lo de Clermont, criado pelo Conde Luís de Bourbon, seguiu o mesmo
princípio.
Outros graus maçônicos nasceram na França e se espalharam rapi-
damente pela Europa. Influenciados por causas políticas ligadas aos
Stuarts, esses graus acabaram abraçados por pessoas completamente
alheias à política inglesa, e com isso o conhecimento passou a ser asso-
ciado cada vez mais a assuntos místicos e esotéricos. Os construtores e
pedreiros das guildas tradicionais já não eram maioria, principalmente
pelos efeitos sociais da revolução industrial.
Buscando uma estruturação dos graus continentais surgiu o Conselho
dos Imperadores do Ocidente e do Oriente, unindo maçons franceses
e alemães, que ordenou graus do 4º ao 22º, criando o chamado Rito de
Heredom. Nessa mesma época, um comerciante chamado Étienne Mo-
rin recebeu uma carta patente desse conselho para a criação de corpos
locais do Rito de Perfeição na América. Morin passou pela Jamaica e por
Santo Domingo (Haiti) onde fundou corpos locais, para em seguida ir
aos Estados Unidos, fundar loja e distribuir cartas patentes. Na ocasião,
Morin teve a oportunidade de realizar pequenas modificações nos ritu-
ais existentes, aumentando o rito para 25º.
A maçonaria americana possuía uma história curiosa. Lá, a maçonaria
chegou pelas mãos de soldados irlandeses e escoceses, com costumes
próprios da Grande Loja dos Antigos. As tradições desses imigrantes fo-
ram agrupadas e ordenadas por escritores como William Prestom, Tho-
mas Smith Webb e Malcom Ducan. Assim, o que na Inglaterra foi visto
como um perigo ao segredo, nos Estados Unidos foi tido como normal,
que o rito tivesse autor e copyright.
Os americanos trabalhavam com um sistema derivado dos costumes
antigos, que contemplava: 3 graus simbólicos (aprendiz, companheiro
e mestre) e 4 graus capitulares (mestre de marca, past máster, mui ex-
celente mestre e maçom do real arco). Os ritos que Morin traziam eram
uma novidade, e acabaram sendo bem aceitos, principalmente nos es-
tados sulistas.
O Rito de Morin seria posteriormente modificado por seus iniciados,
mas com algumas incoerências. De modo a resolver essas questões, em
31 de maio de 1801 um grupo de maçons, possuidores de graus do rito
se reuniram em Charleston, na Carolina do Sul, para realizar uma grande
reestruturação, dando origem assim ao famoso Rito Escocês Antigo e
Aceito, com seus 33 graus.
A rivalidade entre os estados fez com que nessa ocasião fosse acorda-
Ord
o Te
mpl
i Orie
ntis
— Lo
ja Q
uetz
alco
atl
12M
atér
ia d
e C
apa da a existência de dois supremos conselhos, um para o norte e outro
para o sul, porém ambos reconhecendo o conselho de Charleston (Sul)
como o Primaz. Nesse momento entrou em cena um homem chamado
Joseph Cerneau. Natural da França, Cernau recebeu carta patente para
o estabelecimento de corpos dos altos graus do rito de Morin. Tendo
imigrado para os EUA no começo do século XIX, tomou a liberdade de
efetuar modificações semelhantes ao do conselho de Charlestone, es-
tabelecendo um supremo conselho da tradição escocesa em Nova York
- na ocasião, os ânimos entre o estado nortistas e os sulistas não era dos
melhores, assim um conselho alternativo era bem visto pelos ianques.
Durante e após a Guerra Civil americana disputas políticas entre os
Conselhos do REAA do Norte e do Sul fizeram com que o Conselho de
Cerneau fosse reconhecido e não reconhecido diversas vezes durante
o século XIX.
Outro Rito bem polêmico na história da maçonaria foi o Rito de Mem-
phis e Misraim. Com influências egípcias, esse rito foi criado na França,
mas só foi formalizado nos Estados Unidos. Sua origem se encontra na
união de dois ritos distintos: O Rito de Memphis e o Rito de Misraim.
Misraim vem do hebraico “Mizrahi” que serve para designar algo judeu
de origem egípcia, babilônica ou persa. O rito doi criado pelo Conde
Cagliostro, médico, alquimista e estudante de ocultismo. Cagliostro via-
jou por toda sua vida pela Europa e pelo Oriente Médio. Envolveu-se
em diversos escândalos de roubos que o fez migrar diversas vezes pela
Europa. Foi membro da corte de Luís XVI, de onde fugiu antes da Revo-
lução Francesa, mas acabou morto pela Inquisição em 1791.
O Rito de Misraim possuía 90º, que eram divididos em séries de graus
simbólicos (1º ao 33º), graus filosóficos (34º ao 66º), graus místicos (67º
ao 77º) e graus cabalistas (78º ao 90º).
Nascido na França, em meio a “Egiptomania” pós-Revolução Francesa,
o Rito de Memphis foi fundado por oficiais que acompanharam as pri-
meiras expedições francesas ao Egito. Rumores diziam que o próprio
Napoleão Bonaparte teria sido iniciado nesse rito, durante sua expedi-
ção ao Egito. O Rito de Memphis teve sua primeira assembleia geral em
25 de setembro de 1838.
Nos Estados Unidos um homem chamado Harry J. Seymour entrou
em cena para ajudar na estruturação de ambos os ritos. Ator, 33º pelo
rito de Cerneau, foi mestre do Rito de Memphis naquele país. Seymour
viajou para Europa em 1862 onde buscou novo reconhecimento dos
Ritos, junto ao Grande Oriente de França e ao Consistório do REAA. Nes-
sa mesma época ele recebeu críticas de Albert Pyke de que o rito não
poderia ter mais de 33 graus. Assim, nasceu o Antigo e Primitivo Rito da
Maçonaria, juntando todos os mais de 90 graus do Rito de Memphis em
apenas 33 graus, divididos em: graus simbólicos (1 ao 3), capítulo rosa
cruz (4 ao 11), senado e filósofos herméticos (12 as 20), grande conselho
(21 ao 30) e oficial (31 ao 33).
A união do rito de Memphis com Misraim por sua vez viria ocorrer com
Giuseppe Garibaldi. Militar, responsável pela Unificação Italiana e pre-
sente entre os Farroupilhas no Brasil, ocultista e maçom, Garibaldi bus-
cou a união entre os Ritos de Memphis e Misraim em 1881, tomando
para si o cargo de Grande Hierofante. Com a sua morte, o Soberano
Santuário do rito de Memphis e Misraim passou as mãos do professor
Ferdinando Francesco Degli Oddi, que por sua vez passou a patente a
John Yarker, como Soberano Grande Comendador do Rito de Memphis
e Misraim para o Reino Unido.
O Rito de Swedenborg por sua vez foi o menos expressivo dos colhidos
na fundação da Ordo Templi Orientis. Ele não foi criado pelo poeta sue-
co Emanuel Swedenborg, ao contrário foi criado na França no século
XVIII pelo ex-beneditino Antoine-Joseph Pernety, mas tinha como base
o catolicismo e o misticismo do poeta sueco, logo uma resposta ao mis-
ticismo na maçonaria. Ganhou alguns adeptos, mas foi pouco praticado,
servindo mais de material de estudo devido a inspiração se encontra no
Velho Testamento, com o maçom vivendo a queda do homem rumo à
encarnação e sua posterior volta à Divindade.
A Mudança
Assim, vemos como uma associação informal nascida na Idade Média
com um rito ecumênico cristão avança pelos séculos, tornando-se, ao
mesmo tempo, lugar social para o encontro de pensadores, revolucioná-
rios, políticos, místicos e filósofos. O passar dos séculos, a pluralidade de
pensamento e as diferentes correntes internas fizeram com que a maço-
naria se tornasse um misto onde a diferenciação entre esotérico e exoté-
rico, profano e sagrado, tornava-se confusa e complicada. Os segredos
pertencentes a cada um dos graus e ritos corriam constantemente o
risco de serem perdidos, em prol da vontade individual de alguns per-
sonagens, sem que fossem corretamente compreendidos e assimilados.
Os diferentes ritos maçônicos, apesar de ricos em simbolismo, possuíam
ainda uma lacuna a ser preenchida, que era a falta do meio congrega-
cional, do sacerdócio e da eucarística. Ecumênica e refém dos interesses
políticos, a maçonaria fora incapaz de assumir, criar e manter um corpo
religioso dentro da sua estrutura. Durante os séculos, a maçonaria se viu
numa relação de amor e ódio com a igreja. Com a O.T.O, enquanto Aca-
demia Maçônica, seria diferente, mas para isso seria preciso trazer a igreja
para dentro da estrutura da O.T.O.
Reuss sabia que a ideia de religião e igreja no sentido católico romano é
incompatível com os ideais iniciáticos. Assim, Reuss buscou na tradição
gnóstica a linha religiosa para a O.T.O. É certo que o Ocidente conheceu
uma série de ramificações do gnosticismo. Embora o termo seja gené-
rico para tradições distintas, podemos encontrar dentro do gnosticismo
cristão os seguintes princípios: Cristo como homem que alcançou esta-
do de elevação, Existência de um Deus maior e de um Deus menor cria-
dor do mundo – Demiurgo e Desvalorização da matéria ante o espírito.
Foi do médico e ocultista Gérard Encausse, conhecido como Papus, que
Reuss recebeu a patente como bispo e formou a Ecclesia Gnostica Ca-
tholica, que foi incorporada a O.T.O. Infelizmente, durante seu controle
como OHO, a EGC teve um trabalho efêmero, sendo melhor aproveitada
no futuro.
Estrela Rubi 13
Matéria de C
apa
Vamos agora falar um pouco da relação entre Aleister Crowley e a Maço-
naria. Edward Alexander Crowley foi iniciado na Loja Anglo-Saxã nº343
na França em 8 de outubro de 1904, passado a companheiro em no-
vembro e elevado em 17 de dezembro de 1904. Durante uma viagem
ao México, Crowley recebeu o grau 33º do Rito Escocês através de um
maçom chamado Don Medina De Jesus, líder de um pequeno Supremo
Conselho do Grau 33.
Muito se questionou sobre a regularidade desse Supremo Conselho no
México. É possível tanto que Crowley tenha mentido sobre a sua existên-
cia e iniciação, quanto é possível que se trate de um minúsculo corpo
irregular, como tantos outros surgidos após Morin.
A relação de Crowley com a O.T.O por sua vez começou com o famoso
julgamento do processo movido por McGregor Matters contra a publi-
cação dos Rituais Internos da Golden Dawn na revista The Equinox. O
processo terminou com a vitória de Crowley, pois, no entendimento do
juiz, McGregor havia recebido a informação sobre a publicação com me-
ses de antecedência, optando por contestar apenas quando os volumes
já estavam impressos, o que geraria prejuízo para o Editor.
Na época, a batalha acabou bem documentada pelos jornais e tabloi-
des ingleses. Ao final, Crowley se tornou figura pública conhecida, e se
aproveitou para se aproximar de outros grupos, que o congratulavam
pela vitória sobre McGregor. Foi nessa ocasião que Crowley conheceu
John Yarker, que em 29 de Novembro de 1910 reconheceu o 33º que ele
recebeu no México, e lhe outorgou o mesmo grau pelo Conselho de
Cerneau, além do 95º de Memphis e o 90º de Misraim.
Membro da SRIA, da Quorum Coronati, e mestre de diversos Ritos, Re-
gulares e não regulares, Yarker era uma figura conhecida da maçonaria
inglesa. Graças ao apoio de Yarker, Crowley conseguiu entrada e crédito
nos meios maçônicos.
As histórias dizem que o primeiro encontro entre Reuss e Crowley acon-
teceu em 1912, após o Julgamento, quando Reuss foi até a casa de Cro-
wley e o acusou de ter publicado o segredo do IXº da sua Academia
Maçônica. Crowley desmentiu (havia acabado de se livrar do julgamento
contra McGregor e não pretendia ingressar em outro em seguida). Reuss
então lhe mostou o Book of Lies, onde em um determinado capítulo
estava o dito segredo. Após a conversa, Reuss convenceu Crowley que
ele deveria realizar os juramentos apropriados. Dessa maneira, Crowley
recebeu novamente o 33º do REAA e o VIIº da O.T.O.
Apesar de Crowley haver registrado em suas memórias o episódio dessa
maneira, o mais provável é que o encontro de Reuss com Crowley te-
nha ocorrido através de contatos via Yarker, e motivados pela vontade
de Crowley em se filiar a um grupo de histórico maçônico, mas sem se
prender às correntes da maçonaria inglesa.
Assim, Crowley passou então a operar uma seção da O.T.O no Reino
Unido, chamada M.M.M ou Mysteria Mystica Maxima, responsável pelas
iniciações até o VIIº. Recebendo o título administrativo de Xº, Rei da Ingla-
terra de Irlanda para O.T.O, Crowley adotou o moto de Baphomet. Nessa
ocasião a revista The Equinox se tornou um veículo da comunicação da
O.T.O e da A.’.A.’.
Embora Reuss tenha reunido as patentes necessárias para a criação da
O.T.O, faltou a ele habilidade para estruturar esse conhecimento em
graus coerentes.
Até então a estrutura existente era do Iº ao VIIº se caracterizando pelo
“conhecimento equivalente” ao grau 33º dos REAA, VIII e IXº referentes
aos segredos da chave para compreensão desse conhecimento através
da magia sexual e Xº para designar os reis e o OHO da ordem.
John Yarker faleceu em 20 de Março de 1913, deixando vagos os cargos
administrativos dos ritos que comandava. Nos meses seguintes, diversas
disputas surgiram para definir os novos soberanos. Após alguma dispu-
ta, Crowley desistiu de lutar pelo espólio de Yarker e optou por fortalecer
a O.T.O.
Em Junho de 1913, Crowley escreveu nova petição a GLUI para tratar so-
bre reconhecimento. Não há registros na GLUI sobre a resposta que teria
sido enviada, que provavelmente deve ter sido nenhuma.
A motivação de Crowley provavelmente se devia ao desejo de possuir
igual patente e reconhecimento de Reuss e Yarker. Já na época, a O.T.O.
defendia não infringir qualquer princípio de outro corpo maçônico, em-
bora alegasse possuir a palavra perdida do 3º grau e a correta pronúncia
da palavra do Arco Real.
Durante a 1ª Guerra Mundial, Crowley viajou para os Estados Unidos.
A despeito de outros fatos de seu período em solo americano, Crow-
ley travou contato com diversos membros importantes da maçonaria
americana. Lá, ele tentou tanto o seu reconhecimento ante a Maçonaria
regular, como da Ordo Templi Orientis.
Cartas trocadas entre ele, Charles Stansfeld Jones e Arnold Krumm Heller
mostram que o discurso de que a O.T.O. não violava os direitos dos cor-
pos maçônicos regulares, mas que ao mesmo tempo outorgava graus
maçônicos não estava funcionando. Era preciso reformular os graus e
afastar mais dos graus maçônicos tradicionais. Assim, ainda nos Estados
Unidos, Crowley começou a reescrever os graus da O.T.O.
Crowley retornou a Europa em 1921, sem conseguir reconhecimento
nem nos Estados Unidos nem na Inglaterra, Interessante notar que em
1964, a Loja Anglo Saxã onde Crowley foi iniciado se juntou a Grande
Loja Nacional Francesa, que por sua vez era reconhecida pela Grande
Loja Unida da Inglaterra. Assim, após sua morte, Crowley conseguiu en-
fim seu reconhecimento.
A Maçonaria usa a fórmula do Velho Aeon e uma das maneiras de tra-
duzir a fórmula do Aeon é através do seu maçônico tradicional compos-
to de uma sala retangular, onde a parede oposta à porta de entrada é
identificada como leste, aquela junto a entrada de oeste e o lado direito
como sul. Os quatro quadrantes, sendo ao leste o acento do presidente
da loja (o Venerável Mestre) que abre os trabalhos; ao oeste o acento do
Ord
o Te
mpl
i Orie
ntis
— Lo
ja Q
uetz
alco
atl
14M
atér
ia d
e C
apa vice-presidente (vigilante sênior) que fecha os trabalhos; ao sul, ou meio
dia, o acento do vice-presidente adjunto (vigilante júnior) que conduz os
trabalhos de recreação. Não há oficial ao norte, à meia noite, pois ali o Sol
se acha morto.
O sol “morre” durante a noite? Não. O tempo passou e o nosso entendi-
mento evoluiu, tal como Frater Achad descreveu em “Stepping Out of
the Old Æon Into the New”:
“Vocês devem saber o quão profundamente nós fomos impressionados
pelas ideias do Nascer e do Pôr do Sol; e como nossos irmãos de eras
passadas, vendo o Sol desaparecer à noite e surgir novamente de ma-
nhã, basearam todas as suas ideias religiosas nesta concepção única de
um Deus Morto e Ressuscitado.
Esta era a ideia central de religião no Velho Aeon; mas nós a deixamos
para trás, porque apesar de ela aparentemente estar baseada na Nature-
za (e os símbolos da Natureza são sempre verdadeiros), nós já ampliamos
essa ideia, que é apenas aparentemente verdadeira na Natureza. Desde a
época, quando esse Ritual de Sacrifício e Morte foi concebido e declara-
do, até então, nossos cientistas através da observação, vieram a descobrir
que não era o Sol que se ergue e se põe, mas é a Terra onde nós vivemos
que gira de tal forma que sua sombra nos separa da luz solar durante
aquilo que nós chamamos a noite. O Sol não morre, como pensavam os
antigos; Ele está sempre brilhando, sempre irradiando a Luz e Vida. Pare
por um momento e pense o seguinte sobre o Sol, como Ele está brilhan-
do de manhã, brilhando ao meio-dia, brilhando de tarde e brilhando de
noite. Você tem essa ideia clara em sua mente? Você passou do velho
Aeon para o Novo.”
Sobre os graus, todo maçom era “iniciado” no grau de aprendiz regis-
trado. Nele, o homem morre para o mundo profano e inicia sua jornada
em busca da luz do conhecimento dentro da ordem. É o grau da Pedra
Bruta, tal como encontrada na natureza. Em seguida o maçom era “pas-
sado” ao grau de companheiro de ofício, onde ele atinge a maturidade
para consigo e sua responsabilidade para com o próximo. É o grau da
Pedra Polida, que ainda demanda acertos em sua aresta.
O culminar se encontra no 3º grau, o grau de Mestre Maçom. Nesse grau
o maçom vive o drama de Hiram Abiff, arquiteto do templo de Salomão,
que durante os trabalhos no templo é cercado por três companheiros in-
satisfeitos que clamam por promoção. Sem se render às ameaças, Hiram
é morto e seu corpo enterrado às pressas. Salomão ordena a busca ao
corpo, que é encontrado e elevado da cova provisória, para ser enterra-
do com as devidas honras ao mesmo tempo em que os assassinos são
capturados e mortos.
Ter seu corpo morto, elevado, faz com que o maçom experimente o
tema central da missa cristã, que é a morte do próprio Cristo. A lenda
do 3º grau possibilita o indivíduo reconhecer em si seu próprio Cristo,
e por tal motivo a Maçonaria foi tão contestada pela igreja católica em
diferentes épocas de sua história.
Porém, tal como o sol não morre ao entardecer, o indivíduo não se des-
faz com a morte. O que existe além? O Novo Aeon trouxe consigo a visão
de que o homem não é apenas o seu corpo, a carcaça que nasce, cresce
e um dia morre, apodrece e acaba – tal como o sol, o indivíduo continua
a brilhar durante a sua noite.
Assim, Crowley considerava os rituais maçônicos tradicionais áridos, tal
como o deserto do Saara. Alguns motivos colaboravam para isso:
As informações passadas em um determinado grau normalmente
eram incompletas, e em alguns casos falhas. Assim o candidato era
mantido na ignorância até receber o conhecimento graus depois.
Algumas informações pertencentes nos rituais eram de uma época
onde o conhecimento da ciência e do mundo ainda era limitado. As-
sim como no grau de Cavaleiro Rosa Cruz do Rito Escocês Antigo e
Aceito, que boa parte do Rito era dedicado a ensinar ao candidato
que existem outras religiões no mundo.
A falta de conhecimento da língua hebraica fazia com que traduções
em cima de traduções se sucedessem, de modo que o conhecimen-
to no ritual se perdia, formando palavras sem qualquer sentido ou
significado.
Outras questões institucionais chamavam a atenção de Crowley, como
a falta de transparência existente para que um rito ou corpo maçôni-
co fosse considerado regular ou irregular e a constante necessidade da
Maçonaria se provar para a sociedade, abrindo de maneira irrestrita seu
mistério e perdendo o pouco significado místico que possuía, cujo úni-
co resultado era a falta de relevância social e cultural.
Assim, ao elaborar os novos rituais para os graus da Ordo Templi Orien-
tis, Crowley tomou como base os seguintes princípios:
Retirar as semelhanças com o simbolismo maçônico.
Aumentar a dramaticidade dos rituais.
Eliminar os elementos exotéricos, ou do senso comum, dos rituais.
Reduzir os graus a um sistema compacto e coerente.
Adaptar a estrutura aos princípios do novo Aeon e da Lei de Thelema.
Em carta dirigia a Arnold Krumm-Heller, ocultista alemão e iniciado na
O.T.O, Crowley escreveu que:
“Devo fazer aqui uma pausa para apontar uma mudança essencial e fun-
damental que é necessária em qualquer ritual com o qual eu tenha algo a
fazer que é a completa renúncia ao culto dos Deuses–Escravagistas. É impos-
sível para um homem livre conhecer qualquer sistema que está ligado aos
fetiches de selvagens cujo único motivo para ação é o medo nascido de sua
própria ignorância.”
Assim surgiu a atual estrutura da Ordo Templi Orientis, dividida em ape-
Estrela Rubi 15
Matéria de C
apa
nas três graus, ou séries, a saber: o eremita, os amantes e o homem da
terra. Essa divisão é compatível com dizeres presentes no Liber AL Vel
Legis, pedra fundamental do Novo Aeon. Cada um desses graus por sua
vez se encontra dividido em uma série de graus.
Tal como na primeira estrutura elaborada por Reuss, o grande segredo
da ordem se encontra no IXº, presente na série do Eremita. Crowley, po-
rém, estruturou esse segredo de maneira que ele estivesse presente na
Missa Gnóstica, o ritual central público e privado da Ecclesia Gnostica
Catholica. Esse segredo também se encontra presente em toda a série
de graus e degraus da ordem, mudando apenas a maneira de abordar
o assunto.
Crowley tinha a Missa Gnóstica tamanha estima que em carta direciona-
da a Germer em 1942 ele descreveu que:
“A base geral de associações públicas é a Missa Gnóstica. Eu espero, depois de
morrer, tê–la alçado “en grand tenue” por artistas treinados, para assim haver
um “padrão selado” para referência futura. Os outros rituais terão de acom-
panhar o melhor que puderem. Tenho dúvidas se um dia vai retornar o tem-
po em que haverá tanto necessidade de usar tais métodos, como lazer em
cultivá–los. É claro, os segredos menores em tais ritos têm seu valor mágico
especial, e assim eles sempre terão um certo uso para certos tipos de mentes.”
Vamos começar falando sobre a série do O Homem da Terra, que se
encontra divido em: Minerval, Homem Irmão/Mulher Irmã, Magista,
Mestre Magista, Perfeito Magista e Perfeito Iniciado. O objetivo desses
graus é mostrar o universo e as relações da vida humana, assim como
instruir todos os homens sobre melhor forma de direcionar sua própria
vida, mostrando o objeto da alma pura como “una, individual e eterna”
na determinação consciente de entender a si mesma.
Assim, no grau de Minerval 0º, a alma escolhe se relacionar com o sis-
tema solar para encarnar. No grau de Homem Irmão / Mulher Irmã Iº
a alma encarna e o indivíduo experimenta o nascimento. No próximo
passo, Magista IIº, é mostrado como essa alma pode melhor realizar o
seu objeto na eucaristia da vida, e o indivíduo tem experiência da vida. O
próximo passo é o Mestre Magista IIIº, o clímax de sua carreira na morte
e a consagração do sacramento. Nesse grau, o indivíduo experimenta a
morte, com um significado semelhante ao de uma auditoria fiscal, que
permite ao comerciante ver a sua vida financeira após analisar as suas
transações durante o ano. No grau de Perfeito Magista, IVº, o individuo
experimenta a pós-morte, com a morte da personalidade e a sua rela-
ção com o universo. Por fim, o ciclo é fechado pela reabsorção de toda a
sua individualidade para o infinito, e o indivíduo experimenta a aniquila-
ção absoluta e o retorno do ciclo no grau de Perfeito Iniciado PIº.
Os graus que dividem o grau do Homem da Terra possuem correlação
direta com os chakras, centros energéticos presentes no corpo humano.
Esse é o grau onde o indivíduo conversa consigo mesmo, e por esse
motivo os membros desse grau não tomam parte no governo da Or-
dem. É interessante também notar que esses graus já mostram a mu-
dança da fórmula do novo Aeon, da mesma forma como a transição das
fórmulas do AUM para AUMNG, como estudado no texto “A Jornada do
Som”, publicado na Revista Estrela Rubi, Ano 4, Num. 1, Ed. 11.
Vale comentar que todo homem e toda mulher possui o direito de so-
licitar iniciação até o grau de Mestre Magista (IIIº) por sua própria e livre
vontade. A partir do grau de Perfeito Magista, a iniciações ocorrem tão
somente através de convite.
Entre a série do Homem da Terra e dos Amantes existe o grau de Ca-
valeiro do Leste e do Oeste. Neste grau, o Indivíduo se compromete
a dedicar sua vida a divulgação da Lei de Thelema, sendo uma ponte
entre ambos os graus. É nesse grau que o indivíduo recebe o direito
de ser ordenado como Sacerdotisa ou Sacerdote da Ecclesia Gnóstica
Catholica.
O próximo passo é a série dos Amantes, que por sua vez dividida em
alguns graus. O primeiro destes graus é o Príncipe Soberano Rosa-Cruz
e Cavaleiro do Pelicano e da Águia Vº, um grau de magnífica beleza,
onde o magista é convidado a observar o mundo e sua presença nele.
Os membros deste grau tomam parte no governo da Ordem, sendo
responsáveis por promover a harmonia e o bem-estar nela. O Príncipe
Soberano Rosa-Cruz é o ponto de parada natural para muitos iniciados
da Ordo Templi Orientis.
Ainda dentro do Vº existe o grau de Cavaleiro da Águia Vermelha e
Membro do Senado dos Cavaleiros Filósofos Herméticos, onde o inte-
lecto e a atitude moral do iniciado passam a ser mais claramente defi-
nidos. Os membros deste grau passam a ingressar o Senado e podem
tomar parte do Colégio Eleitoral, um corpo social da Ordem que é com-
posto por onze pessoas em cada país, e que possui controle total sobre
qualquer assunto relacionado aos graus da série do Homem da Terra,
inclusive nomeando Mestres de Lojas aos corpos locais. Os membros
do Colégio Eleitoral precisam se voluntariar para tal cargo por um pe-
ríodo de 11 anos, renunciando qualquer progresso dentro da Ordem
durante este período.
Ord
o Te
mpl
i Orie
ntis
— Lo
ja Q
uetz
alco
atl
16M
atér
ia d
e C
apa O próximo grau é o Ilustre Cavaleiro da Ordem de Kadosh e Compa-
nheiro do Santo Graal VIº, um grau de natureza executiva ou militar
onde o indivíduo deve enxergar sua posição no mundo de modo a se
consagrar à Grande Obra para qual encarnou. Esse grau também repre-
senta o poder temporal do Supremo Rei daquele país e cada membro
é submetido à disciplina militar na execução das ordens passadas pela
autoridade competente.
O Grau de Grande Inquisidor Comandante segue a mesma linha.
Aqui cada membro tem direito a um assento no Grande Tribunal,
que é o corpo que decide todas as disputas e reclamações que não
foram resolvidas pelos líderes dos corpos locais. Suas sentenças são
finais, sem recurso, a menos que um membro do Colégio Eleitoral
resolva levar o caso ao Areópago do Oitavo Grau. Todos os mem-
bros da Ordem, mesmo de graus mais elevados, estão sujeitos ao
Grande Tribunal.
O próximo passo é o de Príncipe do Real Segredo, cujos membros se
dedicam à propagação da Lei de Thelema de uma forma muito espe-
cial, pois este é o primeiro dos graus onde o segredo do IXº é declarado
abertamente.
O VIIº é tríplice. Nele, o magista é ensinado pela primeira vez o princípio
do equilíbrio aplicado ao intelecto, a moral e as ações, de modo a dirigir
sua vida à realização da Grande Obra com o máximo de responsabili-
dade e de liberdade, livre de toda a possibilidade de interferências. Para
fins operacionais, este grau é o Estado Maior do exército do formado
pelo VIº, que inclui o Grande Supremo Conselho, nomeado diretamente
pelo Santo Rei, que possuem a missão de viajar pelos corpos locais, por
sua própria iniciativa, tomando a função de inspetores e verificando a
condição das lojas e dos capítulos.
A partir daí começa o grau do Eremita, cuja série se inicia no VIIIº, e a
dedicação do ser a práticas preliminares envolvendo o controle de
energias sutis. O VIIIº é m Corpo Filosófico, com seus membros sendo
totalmente instruídos nos princípios da Ordem, com o poder de reverter
as decisões do Grande Tribunal. O próximo passo deste grau, o Epitome
dos Illuminati, que possui um tipo de trabalho especial, que faz com que
os membros vivam quatro meses em reclusão por ano.
O passo seguinte é o IXº, ou o Santuário da Síntese do Conhecimento.
Este grau somente pode ser conferido a alguém já tenha descoberto e
compreendido das indicações nos graus anteriores a natureza do se-
gredo da ordem. Nele é explicado o segredo de maneira clara. As con-
clusões de toda bagagem das experiências anteriores são colocados ao
serviço do iniciado, de modo que cada novo iniciado continue o traba-
lho de seus antecessores, para que assim os recursos inesgotáveis do
segredo possam ser constantemente renovados.
O dever primordial dos membros do IXº é estudar e praticar a segredo,
além estar preparados para atuar como representantes diretos do Rei
Supremo e Santíssimo, irradiando sua luz sobre todo o mundo. No en-
tanto, a partir da natureza de sua própria iniciação, eles devem ocultar a
sua glória em uma nuvem de trevas.
O grau seguinte é Rei Supremo e Santo dos Santos Xº, cujos membros
são nomeados pelo OHO. É dele a responsabilidade final por todos den-
tro de seu santo reino. O XIIº por sua vez é OHO, Outer Head Of Order, ou
Cabeça Externa da Ordem, que é aquele com a palavra final sobre qual-
quer assunto relativo à Ordem. A sucessão para o alto cargo de O.H.O. é
decidido de uma forma não declarada, mas devido a natureza do Segre-
do e dos graus, é coreto dizer que qualquer membro da Ordem, desde
o grau de Minerval, é elegível a assumir o cargo de OHO. O OHO pode
ser afastado do cargo, mas apenas com o voto unânime de todos os
membros do Grau Décimo.
Além destes, existe o XIº, que não possui qualquer correlação com
o plano geral da ordem. Em outras palavras, os membros dos XIº
habitam tão somente seus próprios palácios. Esse grau foi incluído
tão somente a uma série de estudos particulares de Crowley sobre
o IXº.
Vemos assim como o conhecimento legado da humanidade, sob a in-
fluência do Novo Aeon, passa a estar disponível a qualquer indivíduo
em um sistema simples, racional e relevante que visa promover a ini-
ciação do indivíduo com base em sua própria liberdade, de modo que
cada um venha a se desenvolver por si, mas sem perder o ideal de fra-
ternidade e o potencial de congregação, tão caros ao passado legado
pela Ordem.
Bibliografia Geral:
Perdurabo, The Life Of Aleister Crowley. Por Richard Kaczynski.
Forgotten Templars, Por Richard Kaczynski.
Confessions, por Aleister Crowley.
Mistery of Mistery, por Frater Sabazius Xº
Liber LII: O Manifesto da O.T.O
Liber CI: Uma carta aberta aqueles que Desejam Unir-se a Ordem.
Liber II: Mensagem do Mestre Therion.
Liber CLXI: Sobre a Lei de Thelema.
Liber CXCIV: O.T.O. An Intimation with Reference to the Constitution of the Order.
O Nosso Lado da Escada, por João Guilherme.
Os Fios da Meada, por João Guilherme.
Desmistificando a Maçonaria, por Kennyo Ismail.
Ducan s Ritual, of Freemasonry por Malcolm Ducan.
Freemasonry: Rituals, Symbols & History por Mark Stavish
Estrela Rubi 17
Estudos
Mensalmente a Loja Quetzalcoatl organiza palestras aber-
tas a convidados sobre temas relativos à magia, Thelema
e a própria Ordo Templi Orientis. No mês de outubro,
tivemos a oportunidade de conversar um pouco sobre as três es-
colas de Magick, tomando como base três capítulos homônimos
do livro Magick Without Tears (Magia sem Lágrimas), escrito por
Aleister Crowley.
Hoje falaremos um pouco sobre o que foi conversado e debatido duran-
te a apresentação. Para tal, precisamos começar elaborando uma boa
definição sobre o que é Magick. Para o nosso estudo de hoje, podemos
definir Magick como sendo a ciência do Incomensurável. Essa não é a
única das definições, embora seja uma das possíveis e que se adequa
bem ao propósito do tema.
Magick, tal como ciência, pergunta e tenta entender o porquê das coi-
sas, porém Magick é a ciência em estado prototipal. Magick estuda as
ideias da existência em seu estado germinal. Magick é a mãe da ciência
física, e diferente dela por não ser possível conhecê-la sem experimentá-
-la – tal o motivo que os grandes Iniciados se comprometeram mantê-la
em segredo durante gerações.
Durante a história, três grandes linhagens de pensamento mágico sur-
giram no seio da humanidade. Três métodos diferentes de abordar o
estudo do universo. Três grandes cosmovisões de mundo e maneira de
conduzir a Iniciação ao oculto. Essas três linhagens são as três escolas
das quais hoje falaremos e que, nas palavras de Crowley, podem ser ex-
plicadas como:
“Estas três Escolas representam três teorias perfeitamente distintas e contrárias
do Universo e, portanto, as práticas da ciência espiritual (...) A fórmula má-
gica de cada uma é tão precisa como um teorema de trigonometria. Cada
uma assume como fundamental uma certa lei da Natureza, e o assunto é
complicado pelo fato que cada Escola, em certo sentido, admite a fórmula
das outras duas”.
Para fins de estudo, podemos atribuir certas cores a cada uma dessas
escolas, como uma maneira de classificá-las. Antes de falarmos sobre
essas cores, precisamos ter em mente que não se trata de estigmatizar
essa linhagem associando-a a questão de geografia, raça ou paramen-
tos utilizados.
As três escolas de Magick são: a escola branca, a escola negra e a esco-
la amarela. Dessas três escolas, é dito que enquanto a escola Negra e
a escola Branca se mantêm em permanente conflito, a escola Amarela
apresenta maior neutralidade entre ambas. Adiante falaremos um pou-
co mais sobre essas cores, de modo a entender o porquê deste conflito
e afastamento.
Podemos encontrar referência direta às três escolas no Liber 418, “Vision
and the Voice” (“A Visão e a Voz”). Para quem não conhece, este é um
trabalho único, um relato transcrito por um dos alunos de Crowley du-
rante um retiro na Argélia, quando ele executou a invocação dos Aethyrs
Enoquianos. Foi durante a invocação do 6º Æthyr, chamado MAZ, que o
vidente viu:
“E uma voz clama: Maldito seja aquele que desnudar o Altíssimo, pois
ele embriagou-se do vinho que é o sangue dos adeptos. E BABALON o
embalou em seu colo e no sono ela sumiu e deixou-o nu chamando o
seu filho para junto dizendo: Acompanhe-me para zombarmos da nu-
dez do Altíssimo.
E o primeiro dos adeptos cobriu Sua vergonha com um pano, cami-
nhando para trás e era da cor branca. E o segundo dos adeptos cobriu
Sua vergonha com um pano, caminhando lateralmente e era amarelo. E
o terceiro dos adeptos zombou de Sua nudez, caminhando para frente
e era negro. Essas são as três grandes escolas dos Magi que também
são os três Magi que se dirigiram ao Local Sagrado e, por não possuir
sabedoria, tu não saberás qual escola predomina, ou se as três escolas
são uma.”
Falaremos um pouco sobre a escola amarela de Magick. Esta se posi-
ciona com completo distanciamento científico e filosófico da existên-
cia. Para os adeptos dessa corrente, o fato de que existe o Universo não
passa de um mero fato, quase um acaso. A escola amarela busca influir
o mínimo possível na existência, não se opondo a corrente dos fenôme-
nos, nem com ódio nem simpatia.
Sua tentativa de influenciar o curso dos eventos é diminuir a fricção in-
terna do ser com o mundo externo. A reação ideal para fenômenos é
aquela da elasticidade perfeita. A escola amarela possui uma doutrina de
reação elástica, de não interferência, se mantendo à parte de questões
relativas as demais. Dificilmente se imagina seus membros preocupados
com reações relativas o mundo.
as três escolas de magick - um estudo soBre as diferentes visões soBre iniciação.
caminhospara a iniciação
Ord
o Te
mpl
i Orie
ntis
— Lo
ja Q
uetz
alco
atl
18E
stud
os 2ª nobre verdade: a causa do sofrimento é o desejo.
3ª nobre verdade: o desejo nasce da não compreensão.
4ª nobre verdade: apenas o entendimento correto, pensamento
correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esfor-
ço correto, atenção plena correta e a concentração correta são capa-
zes de cessar o sofrimento.
Outro exemplo da escola negra pode ser encontrado no Sarira Abidya
Jal, ou a canção para honrar o alimento espiritual cantada pelos Vaishna-
vas antes de se alimentar, que diz:
“Ó irmãos! Este corpo material é um lugar de ignorância, e os sentidos são
uma rede de caminhos que seguem em direção à morte. De alguma forma,
caímos neste oceano de desfrute dos sentidos materiais, e de todos os senti-
dos a língua é muito voraz e incontrolável; é muito difícil conquistar a língua
nesse mundo.”
Seguido a esse verso há outro em que o devoto agradece a Krishna por
lhe entregar o alimento que o irá fortalecer e, ao final, o devoto afirma:
“Pessoas que não são muitíssimo elevadas em atividades piedosas não acre-
ditam nos restos do alimento da Suprema Personalidade de Deus”.
Chegamos à escola branca de magick. Essa corrente adota uma postura
diferente da escola negra, ao dizer que o universo não é mau. Ao con-
trário, ele é bom, pois nele que se encontram todas as possibilidades de
ação na existência que o indivíduo pode vir a ter.
Ao falar sobre a escola branca, Crowley escreveu: “Existência é pura ale-
gria. Sofrimento é causado pela falha em perceber esse fato; mas por si não é
uma infelicidade. Nós inventamos o sofrimento apenas para termos o prazer
de nos livrarmos dele. A vida é em si um sacramento”.
A escola branca possui um caráter mágico. Sua origem se encontra des-
de as escolas de mistério de magia no antigo Egito, passando por diver-
sos outros povos da antiguidade.
O cristianismo nasceu da escola branca, com sua promessa de alegria
para a humanidade:
Que diremos então? Devemos permanecer no pecado para que haja uma
abundância da graça? De forma nenhuma! Uma vez que já morremos para
o pecado, como poderíamos viver no pecado? (Romanos VI 1-2).
Com o passar dos séculos, a alegria da graça deu lugar ao sofrimento
do pecado. A escola negra passou a influenciar o cristianismo, de modo
que o mal passou a ser mais falado que o bem. A idade média exprime
a negação do corpo e da vida dentro da mística cristã.
Foram precisos 1000 anos para que o cristianismo voltasse a se enxergar
como uma vertente da escola branca, não da escola negra, e que seus
elementos lutassem para recuperar sua identidade perdida. Foi assim
que surgiram os Rosa Cruzes. Originalmente ligado à reforma da igreja
cristã, eles buscaram ir além, retomando a magia através da alquimia
para o espirito cristão.
Para a escola amarela, o universo é.
Um dos grandes representantes da escola amarela foi Pitágoras e sua
irmandade. Já na literatura, essa escola produziu o Tao Teh King, cujos
escritos falam em não-ação consciente, ou omissão consciente, com o
objetivo de minimizar a desordem no mundo.
Antes de falarmos sobre a escola negra, atenção, não estamos falando
aqui não está ligada à Magia Negra (magia é um assunto que, como ve-
remos adiante, está ligado à Escola Branca). Diferente da escola amarela,
que ignora o universo, a escola negra o despreza, considerando o uni-
verso corrompido, sujo.
Em textos antigos da escola negra, o universo é visto como um lu-
gar corrompido, de sofrimento, que por sua vez está ligado à ideia
de pecado. Assim, a única salvação para o ser é sair do mundo, da
existência.
Para a escola negra, o universo é mau.
Buscando uma maneira de amenizar o mal, os filósofos dessa escola co-
meçam a buscar a causa desse mal, pecado e sofrimento. Assim ocorre
uma concatenação de ação e reação de modo a se chegar à origem
desse mal, de modo que o resultado desse pensamento é que toda a
ação per si faz parte do mal, e que toda ação na criação é falha, fraca e
limitada.
O clássico dessa escola são as quatro nobre verdades do budismo. As
Quatro Nobres Verdades foram descritas no Dhammacakkapavattana
Sutta, um dos textos mais antigos do budismo, sendo tema ensinamen-
to do Buda e elemento comum entre todas as vertentes do budismo.
Durante sua vida, Buda sempre falou subre Dukkha, que é expressão
para qualquer coisa que tire a paz e a felicidade de um indivíduo. Para o
budismo, a busca de um alívio é, em si mesma, dukkha, e o alívio que se
tem é de curta duração. O hábito se torna um círculo vicioso com sofri-
mento mental levando ao sofrimento físico, e o sofrimento físico leva a
mais angústia mental.
A objetivo final de Buda era chamado Nirvana, o estado onde causa e
efeito deixam de existir, pois enquanto há causa, há efeito, de modo que
durante a existência a única coisa que se pode ter certeza é de que o
dukkha, a cessação da felicidade, vai ocorrer, pois ela é cíclica. Apenas
cessando o ciclo de dukkha se chega ao Nirvana.
Buda dizia que para cessar o ciclo e dukkah, era preciso encará-lo,
e não fugir. Sati, a vigilância, era a arma do adepto para enfrentar o
Dukkah e o resultado era o despertar para as coisas como elas são,
para a realidade.
De maneira resumida, podemos explicar as quatro verdades como sen-
do:
1ª nobre verdade: o mundo é sofrimento.
Estrela Rubi 19
Estudos
derosa do que Excalibur. Esse profeta foi incumbido de uma nova fórmula
mágica, uma que possa ser aceita por toda a raça humana”.
Foi esse profeta o responsável por reforçar “a Escola Amarela, dando um
valor mais positivo para a sua teoria”. Ao mesmo tempo, ele manteve os
postulados da Escola Negra intactos, mas os ajudou a transcendê-los
de modo a “aumentar a sua teoria e prática quase ao nível da Amarela”. Já
com a escola Escola Branca, esse profeta foi capaz de “retirar-lhe toda a
mancha do veneno da Negra, e restaurar o vigor de sua fórmula central de
alquimia espiritual, dando a cada homem um ideal independente”.
O profeta do Novo Aeon trouxe ao mundo a Lei de Thelema. Uma lei
simples, porém altamente significativa, que é resumida em: “Faze o que
tu queres será o todo da Lei”.
Todos já assistiram, ou pelo menos sabem o que é uma Missa. Duran-
te séculos, a Missa nas Igrejas serviu apenas como palco para castração
moral e manipulação dos indivíduos ante doutores da religião.
O Livro da Lei, pedra fundamental de Thelema e do Novo Aeon, possui
instruções específicas contra a sua discussão. Assim, uma nova Missa
deve surgir, visando recuperar o seu caráter mágico em consonância
com o espírito dos novos tempos, tal como temos hoje o Liber XV, a
Missa Gnóstica. A Missa em si é essencialmente um ritual típico da Escola
Branca. Seu objetivo é transformar a matéria crua diretamente na Divin-
dade – A Eucaristia. Esse ritual, o Liber XV, é executado periodicamente
pela Loja Quetzalcoatl.
A Lei de Thelema traz liberdade, mas com ela obrigações. Já não há mais
uma figura paterna no lugar de Deus a quem culpar. Isso fez com que al-
gumas pessoas assumissem que a Lei de Thelema era restrita a uma cer-
ta “elite intelectual da humanidade”. Existe certa dose de verdade nessa
afirmação. De fato, aquele que conhece a Lei de Thelema e a estuda dili-
gentemente poderá tirar vantagem da extraordinária oportunidade que
ela oferece. Porém, não se pode esquecer que, ao mesmo tempo, “a Lei é
para todos” - cada um no seu grau. Cada homem pode aprender a per-
ceber sua natureza em seu próprio ser e desenvolver-se em liberdade.
É por este meio de Thelema que a Escola Branca de Magick pode jus-
tificar o seu passado, redimir o seu presente e assegurar o seu futuro,
garantindo a cada ser humano uma vida de Liberdade e de Amor.
A Lei de Thelema trouxe uma nova face à Escola Branca, mas também foi
capaz de conciliar, pela primeira vez na história da humanidade, as três
grandes escolas de Magick, de modo que cada uma possa desenvolver
suas próprias qualidades, sem interferir umas nas outras.
No Liber XV, na 5ª coleta feita pelo Diácono, é chamada a essência de
personagens como Simão o Mago, Lao–Tse, Siddartha, Basilides, Pitágo-
ras, Moisés, Maomé, entre outros, cujos pensamentos são pertencentes
a outras escolas de pensamento, que não a Branca. Ainda na Missa, o
Diácono clama pela liberdade na pós-vida, ao dizer, na 11ª coleta:
Que possa ser garantido o cumprimento de suas verdadeiras Vontades
Nunca na história os Rosa Cruzes formaram um corpo coeso e organiza-
do – por mais que alguns grupos hoje digam o contrário e clamem para
si atestados sucessórios e títulos hereditários. A Rosa Cruz foi uma ideia,
uma linha de pensamento onde, da cruz estéril, brota a rosa, ou seja,
aeração da vida. A alquimia rosa cruz ocorre tomando como “matéria
prima” uma substância neutra ou inerte (constantemente descrita como
a coisa mais comum e menos valorizada da terra), que é envenenada,
passando por uma fase de transmutação, onde se torna um veneno ter-
rível, até chegar a ouro filosofal perfeito.
Crowley observou que a lógica de iniciação e transmutação rosa cruz
possui correlação direta com a ciência e as operações na moderna bac-
teriologia, onde bacilos aparentemente inofensivos são cultivados até se
tornarem mil vezes mais perigosos que antes, para, a partir daí, se criar
a vacina.
Cientes de sua identidade, certos pensadores cristãos foram corajosos
em seu tempo ao redigir trabalhos mostrando como um passo lógico
considerar a maldade como um dispositivo de Deus para o exercício das
alegrias do combate e vitória. Esse era um modo de pensar perfeitamen-
te Branco, mas acabou considerado como uma perigosa heresia.
Durante os séculos da reforma protestante, outros pensadores deram o
seu melhor para livrar o cristianismo da ideia restritiva do pecado, mas
logo notaram que tal esforço só poderia levar ao Antinomianismo –
uma corrente de pensamento considerada herética, que afirmava que
sob a dispensação do evangelho da graça, a lei moral era de nenhum
uso ou obrigação, porque somente a fé é necessária para a salvação.
Anos se passaram e os místicos cristãos realizaram uma nova tentativa
de libertar a cristandade da nuvem escura da iniquidade. Eles juntaram
pensamentos sufis e védicos, que os acabou por levar à mera negação
da realidade da maldade. Isso os afastou pouco a pouco da clara com-
preensão da natureza, de modo que sua doutrina tornou-se puramente
teórica.
O que vimos até agora segue o postulado de Crowley, de que as três es-
colas apresentam cosmovisões completamente distintas entre si, porém
formando um equilíbrio harmonioso, que permite que uma entenda a
visão da outra. Esse equilíbrio, porém, se tornou ameaçado, a partir do
momento em que um dos grandes expoentes da escola branca passou
a se fundir com a escola negra.
Assim foi a partir da escola amarela que começaram as primeiras tenta-
tivas de resgatar os valores distintos da escola branca e da escola negra
em prol desse equilíbrio. A influência da cultura oriental na religiosida-
de ocidental durante o século XIX foi um meio para essa intervenção.
A teosofia foi outro ponto importante dessa intervenção espiritual no
ocidente.
A reestruturação das escolas não era um evento nem uma necessidade
isolada, estando intimamente ligada ao alvorecer de uma nova época, o
Aeon de Hórus, a Criança Coroada e Conquistadora. Esse Aeon trouxe
consigo um “profeta escolhido, armado com uma espada muito mais po-
Ord
o Te
mpl
i Orie
ntis
— Lo
ja Q
uetz
alco
atl
20E
stud
os a realização das suas Vontades.
Para Thelema, todo fenômeno é um ato de amor, toda experiência é
necessária, é um sacramento, um meio de crescimento. Thelema seria,
assim, a nova face da Escola Branca.
para aqueles de cujos olhos o véu da vida caiu; quer isto seja a absorção
no Infinito ou a união com seus escolhidos e preferidos, ou permanecer
em contemplação, ou estar em paz, ou alcançar o trabalho e heroísmo
da encarnação neste planeta ou em outro, ou em qualquer Estrela, ou
outro lugar, que lhes seja garantida a realização das suas Vontades; sim,
Estrela Rubi 21
Biblioteca Th
elêmica
Embora eu esteja cercado pelos exércitos da noite, cantando, cantando fra-
ses a Ele que é golpeado pelo raio do abismo. Não está o céu claro atrás do
sol? Essas nuvens que queimam a ti, esses raios que chamuscam os cére-
bros dos homens com cegueira; estes são os arautos diante da minha face
de dissolução e da noite.
Todos vocês estão cegos pela minha glória; e isto mesmo que tu entesou-
res no seu coração a palavra sagrada que é a última alavanca da chave para
a pequena porta além do abismo, mesmo que tu brilhes e comentes sobre
isso; pois a própria luz é uma ilusão. A própria verdade é uma ilusão. Sim,
essas são as grandes ilusões além da vida e espaço e tempo.
Que teus lábios empolem com minhas palavras! Elas não são meteoros em
teu cérebro? Voltai, voltai da face do amaldiçoado, que sou eu; voltai para
dentro da noite de meu pai, silêncio adentro; pois tudo que vós considerais
direita é esquerda, para frente é para trás, para cima é para baixo.
Eu sou o grande deus adorado pelos santos. Ainda que eu seja o amaldiço-
ado, criança dos elementos e não seu pai.
Ó, minha mãe! não tendes piedade de mim? Não irás tu me proteger? Pois
eu estou nu, eu estou manifesto, eu estou profano. Ó, meu pai! não irás me
recolher? Eu estou estendido, eu estou duplo, eu estou profano.
Ai, ai de mim! Estes são aqueles que não ouvem prece alguma. Sou eu que
sempre ouvi as preces, e não há ninguém para me responder. Ai de mim!
Ai de mim! Amaldiçoado eu sou pelos aeons! Todo esse tempo esse bri-
lhante deus com cabeça de águia foi atacado, aparentemente, por pessoas
invisíveis, pois ele está ferido agora e novamente, aqui e ali; pequenos cór-
regos de sangue fresco saem das penas de seu peito. E a fumaça de seu
sangue gradualmente preenche o Aethyr com um véu carmesim. Há um
pergaminho em seu topo, dizendo: Ecclesia abhorret a sanguine; e há um
outro pergaminho abaixo numa linguagem cujos sons eu desconheço. O
significado é, Não como eles têm entendido.
O sangue agora está espesso e escuro, e está se tornando coagulado e
preto; pois ele coagula, coagula. E então no topo rouba uma alvorada de
puro azul noturno – Oh, as estrelas, as estrelas num profundo conjunto! – e
dirigem o sangue para baixo; de modo que em torno do topo da elipse gra-
dualmente nasce a figura de nossa Senhora Nuit, e abaixo dela está o disco
alado flamejante, e abaixo o altar de Ra-Hoor-Khuit, do modo que está na
Estela da Revelação. Mas abaixo está a figura inerte de Seb, dentro do qual
é concentrado todo aquele sangue coagulado.
E vem uma voz: é o amanhecer do aeon. Os aeons de maldição passaram.
Força e fogo, poder e visão, estes são para os servidores da Estrela e da Ser-
pente.
E agora pareço eu estar jazendo no deserto, exausto.
O Deserto, próximo a Sidi Aissa.
25 de novembro, 1909. 1:10 – 2 p.m.
Há um pentagrama muito brilhante: e agora a pedra se foi, e todo
o céu está negro, e a negrura é a negrura de um poderoso anjo.
E embora ele seja negro (sua face e suas asas e seu robe e sua ar-
madura são todos negros), ainda assim ele é tão brilhante que eu não posso
fitá-lo. E ele clama: Ó lanças e frascos de veneno e espadas afiadas e raios ro-
dopiantes que estão sobre os cantos da terra, cingidos com ira e justiça, vós
sabeis que Seu nome é Retidão na Beleza? Queimados estão seus olhos,
pois vós me vistes em minha majestade. E quebrados estão os tímpanos de
seus ouvidos, pois meu nome são duas montanhas de fornicação, os seios
de uma estranha mulher; e meu Pai não está neles.
Olhai! as piscinas de fogo e tormento misturadas com enxofre! Muitas são
suas cores, e sua cor é como ouro fundido, quando tudo está dito. E Ele não
é um, um e solitário, em quem o brilho de seu semblante é como 1,728
pétalas de fogo.
Também ele falou a maldição, dobrando suas asas de lado a lado e entoan-
do: Não é o filho inimigo de seu pai? E a filha não roubou o calor da cama de
sua mãe? Portanto, a grande maldição é irrevogável. Portanto, não há sabe-
doria, nem entendimento, nem conhecimento nesta casa que está pendu-
rada na beira do inferno. Tu não és 4, mas 2, Ó tu, blasfêmia falada contra o 1.
Portanto, aquele que te adora é amaldiçoado. Ele deverá será triturado num
pilão e o pó do mesmo lançado aos eventos, para que as aves do ar possam
comê-lo e morrer; e ele deverá ser dissolvido em ácido forte e o elixir vertido
no mar, para que os peixes do mar possam respirá-lo e morrer. E ele deverá
ser misturado com esterco e espalhado sobre a terra, para que as ervas da
terra possam se alimentar dele e morrer; e ele deverá ser queimado com-
pletamente com fogo, e as cinzas deverão calcinar as crianças das chamas,
que mesmo no inferno seja encontrada uma lamentação transbordante.
E agora no peito do Anjo está um ovo dourado entre o negrume de suas
asas, e este ovo cresce e cresce por todo o aethyr. E ele se quebra, e dentro
dele está uma águia dourada.
E ele grita: Ai! Ai! Ai! Sim, ai do mundo! Pois não há pecado, e não há sal-
vação. Minhas plumas são como ondas de ouro sobre o mar. Meus olhos
são mais brilhantes que o sol. Minha língua é mais rápida que o relâmpago.
o chamado do 26º Æthyro qual é denominado des
des
Ord
o Te
mpl
i Orie
ntis
— Lo
ja Q
uetz
alco
atl
22B
iblio
teca
Thel
êmic
a HOORÁCULOHOOR
O que é imprescindível para o Iniciado es-tar atento em seu caminho? E o que pode-ria paralisá-lo?
Malditos porquês! - A razão é uma consideração que justifica ou ex-
plica. Estes são o que as pessoas apelam ao fazer argumentos sobre o
que as pessoas devem fazer ou crer.
AL II , 30: “ Se a Vontade para e clama Por quê, invocando Por-
que, então a Vontade para & nada faz . “
Não há “razão” por que uma estrela deve continuar em sua órbita.
Deixe-a rasgar ! Toda vez que o consciente atua, interfere com o
subconsciente, que é Hadit. É a voz do homem, e não de um Deus .
Qualquer homem que “ouve a razão“ deixa de ser um revolucionário.
Os jornais são Mestres Passados da Loja da Falácia Número 333. Eles
sempre podem provar-lhe que é necessário, patriótico , e todo o res-
to, que você deve sofrer injustiças intoleráveis.
Os cabalistas representam a mente como um complexo de seis ele-
mentos , enquanto que a Vontade é único, a expressão direta como
“ A Palavra“ do Self. A mente deve informar o Entendimento, que em
seguida apresenta uma ideia simples para a Vontade. Esta emite suas
ordens em conformidade para inquestionável execução. Se a Vonta-
de deve apelar para a mente, esta deve confundir -se com ideias in-
completas e descoordenadas . O clamor desses gritos coroa Anarquia,
e a ação se torna impossível.
- Aleister Crowley
Comentário ao Liber AL
O Hooráculo é a resposta a uma pergunta. A cada edição, a pergunta de
um leitor da Estrela Rubi será selecionada e a resposta a ela será dada
por um ou mais membros da Loja Quetzalcoatl. Caso queira submeter
sua pergunta de cunho mágicko ou thelêmico ao Hooráculo, a envie
para [email protected]. Nossa equipe editorial vai ava-
liar a pergunta mais inteligente e instigante e, se selecionada, vamos
estudá-la, respondê-la e publicá-la na próxima edição. O Hooráculo só
terá olhos – ou melhor, Olho – às perguntas mais desafiadoras e que
possam ser de interesse geral.
Estrela Rubi 23
OrdO Templi OrienTis inTernaciOnal
Frater Superior: Hymenaeus Beta
JAF Box 7666
New York, NY 10116 USA
Grande Secretário Geral: Frater Aion
PO Box 33 20 12
D-14180 Berlin, Germany
Grande Tesoureiro Geral: Frater S.L.Q.
24881 Alicia Parkway #E-529
Laguna Hills, CA 92653 USA
Secret. Internac. Iniciações: Frater D.S.W.
P.O. Box 4188
Sunnyside, NY 11104 USA
OrdO Templi OrienTis Brasil
Site: www.otobr.com
Rep. Fra. Superior: Sor. Tara Shambhala
lOja QueTzalcOaTl
Site: www.quetzalcoatl-oto.org
Maestria: Fra. Apollôn Hekatos
Secretaria: Fra. Eros
Tesouraria: Fra. Kin-Fo
Correios:
Caixa Postal 55525 — CEP 22790–970
Avenida das Américas
Recreio dos Bandeirantes
Rio de Janeiro, RJ — Brasil
a loja quetzalcoatl
a Loja Quetzalcoatl é um corpo ofi-
cial da Ordo Templi Orientis Inter-
nacional, fundado em 23 de maio
de 2000 e.v. na cidade do Rio de Janeiro.
Somos uma comunidade de homens e mu-
lheres livres que se dedicam ao processo
do auto-conhecimento e sua consequente
expansão de consciência através dos prin-
cípios de Vida, Luz, Amor e Liberdade, pila-
res essenciais da Lei de Thelema.
Temos como um de nossos principais ob-
jetivos auxiliar no desenvolvimento de
uma sociedade verdadeiramente livre da
superstição, tirania e opressão onde o ser
humano possa expressar a sua Verdadeira
Vontade em plena harmonia com a essên-
cia divina que nele habita.
Acreditamos que cada ser humano é uma
estrela individual e eterna que possui sua
própria órbita e que o objetivo primordial de
sua encarnação não é outro senão descobrir
as coordenadas dessa órbita e cumprir a sua
Verdadeira Vontade, realizando a Grande
Obra e alcançando a Felicidade Perfeita.
Nossos objetivos são alcançados através de
um conjunto de Ritos Iniciáticos que visam
despertar e ativar os chakras, propiciando a
ascenção da kundalini e o acesso a estados
mais elevados de consciência. Realizamos
também o estudo teórico e prático da Filo-
sofia de Thelema, Magia, Alquimia, Cabala,
Tarot, Tantra, e demais ciências herméticas
que possam colaborar com o caminho de
auto-iluminação dos nossos iniciados.
Caso deseje informações sobre nossas ativi-
dades ou sobre a afiliação à O.T.O., consulte
nosso site no endereço www.quetzalcoatl-
oto.org ou entre em contato conosco.
saiBa mais soBre...
a ordo templi orientis
a Ordo Templi Orientis foi fundada
em 1904, na Alemanha, por Karl
Kellner e Theodore Reuss — seu
primeiro líder —, que buscavam estabelecer
um Academia para maçons de altos Graus
onde estes pudessem ter contato com as
revelações iniciáticas descobertas por Kell-
ner em suas viagens ao Oriente. A entrada
de Aleister Crowley, em 1912, veio a alterar
profundamente a Ordem, até que, naquele
mesmo ano, a O.T.O. rompe seus laços com
a Maçonaria e assume–se como uma orga-
nização independente e soberana.
A principal mudança trazida por Crowley
para a ordem foi a implantação da Lei de
Thelema, conforme definida no Livro da
Lei – Liber AL vel Legis, e o alinhamento da
O.T.O. com as energias no Novo Eon, tor-
nando esta Ordem a primeira nascida no
Velho Eon a migrar para o novo.
Em 1922 Crowley, com a morte de Reuss,
assumiu a liderança da O.T.O.. Seu suces-
sor indicado foi o alemão Karl Germer, que
governou a Ordem de 1947 a 1962. Como
Germer não indicou um sucessor, após sua
morte vários membros e não membros
da Ordem tentaram assumir o controle da
O.T.O. o que colocou a Ordem em sério
risco de extinção. Assim, Grady McMurtry
lançou mão de um documento expedido
por Crowley que o autorizava a tomar o po-
der da O.T.O. caso esta se visse ameaçada.
Assim, McMurtry tornou-se líder da Ordem
em 1969, posição onde permaneceu até
sua morte, em 1985. Após isso, por meio de
um processo eleitoral levado a cabo pelos
altos Graus da Ordem, foi empossado o
atual Frater Superior, Hymenaeus Beta.
Atualmente a O.T.O. está presente em mais
de 70 países. No Brasil, a O.T.O. encontra–se
desde 1995, com o antigo Acampamento
Sol no Sul, substituído em 2000 pelo Oásis
Quetzalcoatl, atual Loja Quetzalcoatl. Dan-
do continuidade ao trabalho, em fevereiso
de 2010 ev foi aberto em Minas Gerais o
Acampamento Opus Solis.
Ordo Templi Orientis — BrasilLoja Quetzalcoatl — Rio de Janeiro
Caixa Postal 55.525 – CEP 27790-970 Rio de Janeiro – RJ, Brasil