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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁCURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA
ELISSANDRA CASTRO DOS REIS
CAPACITAÇÃO PARA O CUIDADO CONTÍNUO DE PACIENTES COM SEQUELAS DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
SANTARÉM - PARÁ2018
ELISSANDRA CASTRO DOS REIS
CAPACITAÇÃO PARA O CUIDADO CONTÍNUO DE PACIENTES COM SEQUELAS DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Saúde da Família, Universidade Federal do Pará, para obtenção do Certificado de Especialista
Orientador: Denise da Silva Pinto
SANTARÉM - PARÁ2018
ELISSANDRA CASTRO DOS REIS
CAPACITAÇÃO PARA O CUIDADO CONTÍNUO DE PACIENTES COM SEQUELAS DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
Banca examinadora
Professor Denise da Silva Pinto (orientadora)
Profª Drª Maria Tereza Sanches Figueiredo - UFPA
Aprovado em Santarém, em ___ de ____________ de 2019.
DEDICATÓRIA
Primeiramente, agradeço à Deus por esta grande realização.
Agradeço а minha orientadora, a qual me proporcionou os meios
necessários para concluir o trabalho.
A minha mãe, irmãs, esposo e meus que, cоm muita paciência e
dedicação me impulsionaram para que еu pudesse concluir mais
uma etapa de minha carreira.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à universidade que proporcionou acesso ilimitado ao
seu acervo bibliográfico.
Agradeço aos companheiros de curso, pelo apoio mútuo e
trocas de experiências que me guiaram neste tempos tão
difíceis. .
“Não confunda jamais conhecimento com sabedoria. Um o
ajuda a ganhar a vida; o outro a construir uma vida.” (Sandra
Carey)
RESUMO
A magnitude da correlação entre necessidade de aumentar a quantidade de
profissionais para atender a crescente população, está vinculada com o aumento
dos casos de sequelas evitáveis. Buscou-se mostrar neste trabalho, por meio de
revisão bibliográfica, pesquisa de campo e análise de dados obtidos na comunidade,
a necessidade de aumentar a quantidade e aprimorar os profissionais da unidade de
saúde para que sejam capazes de identificar e intervir nas situações em que
doenças consideradas de simples resolução não se tornem incapacitantes.
Inicialmente foram medidos os conhecimentos básicos retidos pelos profissionais da
unidade, bem como sua capacidade de reconhecer e acionar os serviços
necessários para cada caso em particular. Posteriormente se avaliou a necessidade
de identificar na área de abrangência os pacientes pertencentes ao grupo de
doenças consideradas de baixo risco. Por fim, distinguir os fatores de risco, hábitos e
adesão ao tratamento, bem como a falta de seguimento ou não destes pacientes por
parte dos profissionais da unidade. Concluiu-se que o aumento do quadro de
funcionários e indispensável, porém não é o único meio para a prevenção das
sequelas da população alvo, devendo ser ressaltada a necessidade da capacitação
destes profissionais, para que sejam capazes de identificar as causas do problema.
Palavras-chave: Sequelas evitáveis. Quantidade de profissionais, Profissionalizar, Doenças de baixo risco, Capacitação. Terra Santa.
ABSTRACT
The magnitude of the correlation between the need to increase the number of
professionals to meet the growing population is linked to the increase in cases of
preventable sequelae. The aim of this study was to present, through a bibliographical
review, field research and data analysis obtained in the community, the need to
increase the quantity and professionalize the professionals of the health unit so that
they are able to identify and intervene in situations where diseases that are
considered as simple solutions do not become incapacitating. Initially, the basic
knowledge retained by the unit's professionals was measured, as well as their ability
to recognize and trigger the services required for each particular case. Subsequently,
it was evaluated the need to identify in the area of coverage the patients belonging to
the group of diseases considered low risk. Finally, to distinguish the risk factors,
habits and adherence to the treatment, as well as the lack of follow-up or not of these
patients by the professionals of the unit. It was concluded that the increase in the
number of staff is indispensable, but it is not the only means to prevent the sequelae
of the target population, emphasizing the need to train these professionals to be able
to identify the causes of the problem.
Keywords: Avoidable sequelae. Quantity of professionals, Professionalize, Low-risk
diseases, Training. Terra Santa.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABS Atenção Básica à Saúde
APS Atenção Primária à Saúde
DM Diabetes melito (Diabetes mellitus)
ESF Estratégia Saúde da Família
ESF Equipe de Saúde da Família
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MS Ministério da Saúde
PSF Programa Saúde da Família
UBS Unidade Básica de Saúde
AVE Acidente Vascular Encefálico
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1- Classificação de prioridade para os problemas identificados no
diagnóstico da comunidade adscrita à equipe de Saúde Aparecida, Unidade
Básica de Saúde Irany Guimarães D’Antona, município de Terra Santa,
estado de Pará.
16
Quadro 2 – Operações sobre o “Material Educativo” relacionado ao problema
“Falta de capacitação dos profissionais da UBS”, na população sob
responsabilidade da Equipe de Saúde da Família da Aparecida, do município
de Terra Santa, estado do Pará.
25
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 12
1.1 Aspectos gerais do município 12
1.2 Aspectos da comunidade 12
1.3 O sistema municipal de saúde 131.4 A Unidade Básica de Saúde Irany Guimarães D’Antona 131.5 A Equipe de Saúde da Família Aparecida, da Unidade Básica de
Saúde Irany Guimarães D’Antona14
1.6 O funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe Aparecida 15
1.7 O dia a dia da equipe Aparecida 15
1.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade (primeiro passo)
15
1.9 Priorização dos problemas – a seleção do problema para plano de intervenção (segundo passo)
16
2 JUSTIFICATIVA 17
3 OBJETIVOS 18
3.1 Objetivo geral 18
3.2 Objetivos específicos 18
4 METODOLOGIA 19
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20
5.1 Reabilitação da pessoa com Acidente Vascular Encefálico 20
5.2 Rotinas para atencao ao AVE 21
5.3 Diretrizes para a Diabetes Mellitus tipo 2 21
5.4 Diabetes mellitus 22
6 PLANO DE INTERVENÇÃO 23
6.1 Descrição do problema selecionado (terceiro passo) 23
6.2 Explicação do problema (quarto passo) 23
6.3 Seleção dos nós críticos (quinto passo) 24
6.4 Desenho das operações (sexto passo) 24
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 26
REFERÊNCIAS 27
12
1
13
2INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos gerais do município
A cidade de Terra Santa é um município brasileiro do estado do Pará, pertencente
à Mesorregião do Baixo Amazonas, estando a uma altitude de 18 metros acima do
nível do mar. O município foi elevado à categoria de cidade em 1993. Atualmente
possui uma população de aproximadamente 18 mil habitantes distribuídos em
1 896 km² de extensão territorial, segundo o IBGE (2016).
A cidade faz divisa com os municípios de Faro, Nhamundá, Oriximiná e Parintins.
Está dividida oficialmente em 4 Bairros e suas respectivas unidades básica de
Saúde: Cidade Nova, São Francisco, Aparecida e Juvenil. Além disso há 1 (um)
hospital municipal onde ocorrem atendimentos de emergência, cirurgias de pequena
complexidade e realização dos partos. As necessidades de referências são enviadas
a Santarém – Para, cidade polo.
1.2 Aspectos da comunidade
O bairro do Aparecida se localiza na Zona Oeste do Município, próximo a zona
portuária que dá acesso a outros municípios vizinhos. No mesmo bairro se
encontram, uma escola municipal de ensino fundamental para crianças de 4 anos
em diante, uma escola municipal de ensino Médio e a estação portuária do
município, Unidade do NASF e o Centro de Reabilitacãoo e Fisioterapia.
Atualmente o bairro está em constante crescimento devido ao êxodo rural e
imigrantes de outros estados e municípios vizinhos, motivo pelo qual está em
execução a construção de uma creche. A única UBS do Bairro é o PSF do Bairro da
Aparecida (Unidade Irany Guimarães D’Antona).
14
1.3 O sistema municipal de saúde
A atenção primária é realizada pelas 4 Unidade Básicas de Saúde existentes no
município, onde cada Unidade conta com 1 (um) médico, todos participantes do
Programa Mais Médicos (PMM).
A atenção especializada fica a cargo do Hospital Municipal, onde são executadas
cirurgias ambulatoriais e de pequena complexidade, além dos exames de imagem
como a Ultrassonografia e Radiografia. A atenção de urgência e emergência
também ocorre no hospital, que conta com o apoio diagnóstico do laboratório e de
imaginologia disponíveis no hospital.
A assistência farmacêutica se realiza por meio da dispensa de medicações das
farmácias das UBS e do Hospital Municipal. A vigilância da saúde é de
responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde e Vigilância Sanitária Municipal.
Os pontos de atenção interagem conforme o nível de atenção necessária (básica,
intermediária ou complexa). A atenção básica se inicia nas UBS, uma vez
identificada situações que demandem maior especialização, se referenciam os casos
ao hospital municipal. Os acionamentos de serviços de saúde externos ao município
são de responsabilidade da unidade hospitalária, onde casos graves são
referenciados ao município polo da região, no caso a cidade de Santarém no Pará,
por meio dos recursos disponibilizados pelo SUS.
O consórcio de saúde é realizado com as cidades de Santarém e Belém, ambas
no Estado do Pará. O modelo de atenção desenvolvido na UBS segue as bases do
SUS, uma forma mesclada entre um modelo de atenção com características Liberal
Privatista e Sanitarismo Campanista ao mesmo tempo, onde o sistema de saúde é
ainda fortemente centrado em médicos e hospitais.
1.4A Unidade Básica de Saúde Irany Guimarães D’Antona
A UBS Irany Guimarães D’Antona, localizada no Bairro da Aparecida, às
margens do Rio que passa pelo município foi construída em 30 de Outubro de 2009.
Fisicamente consta de uma recepção, com uma recepcionista e onde estão
arquivados os prontuários. Uma sala de triagem, onde atua uma técnica de
enfermagem e uma sala de vacinas onde atua uma técnica de enfermagem, local no
qual também está o refrigerador para armazenar as vacinas. Um consultório médico,
15
com negatoscópio, maca, armário para armazenamento dos insumos médicos. Um
consultório de enfermagem, uma sala de odontologia, uma farmácia, dois banheiros,
sendo um para os funcionários e outro para os usuários da UBS. Uma cozinha, uma
sala para materiais de limpeza, um auditório e uma sala de reuniões.
1.5 A Equipe de Saúde da Família da Aparecida, da Unidade Básica de Saúde Irany
Guimarães D’Antona
A equipe é formada por 1 médica, 1 enfermeira, 5 ACS’s, 1 recepcionista, 2
Técnicas de enfermagem, 1 auxiliar de limpeza.
Elissandra Castro, 34 anos, casada, Médica. Recém-formado, primeiro emprego. Não é natural do município, porém é do mesmo estado, o que facilita em algumas situações.
Jamila Lima, 29 anos, solteira, Enfermeira. Responsável pela unidade de saúde. Rosenilda Cavalcante, 46 anos, casada, Técnica de Enfermagem. É a responsável
pela triagem e curativos. Leane Duarte, casada, Técnica de Enfermagem. Responsável pelas vacinas e
administração de injetáveis. Maria do Carmo, 28 anos, união estável. É a recepcionista da unidade, formada em
auxiliar administrativo. É a responsável pelos agendamentos das consultas, retirada dos prontuários.
Clezébia, 55 anos, casada. Responsável pelos serviços gerais. Osmar Gato, 52 anos, casado. ACS da Microárea 1, nº 147 famílias, possui o ensino
médio. Tem uma boa relação com os pacientes de sua área. Marta Guerreiro, 36 anos, solteira. ACS da Microárea 2, com 150 famílias, possui o
ensino médio. Rosa Aragão, 50 anos, casada. ACS da Microárea 3, com 136 famílias, possui o
ensino médio. Tem uma boa relação com os pacientes de sua área. Santana Marques, 51 anos. Casada, ACS da Microárea 4, com 150 famílias, possui
o ensino médio. Silvana Pantoja, 48 anos, casada. ACS da Microárea 5, com 150 famílias, possui o
ensino médio. João Paulo, 30 anos, casado. Odontologista da Unidadede.
16
1.6 O funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe Aparecida
A unidade funciona de Segunda a Sexta, das 8:00 hrs às 12:00 e das 14:00
às 18:00. Alguns usuários solicitam que houvesse atenção durante o intervalo de
almoço para os pacientes que trabalham, porém até o momento não obtivemos
respostas na Secretaria de Saúde.
1.7 O dia a dia da equipe Aparecida
Na segunda-feira ocorre a demanda espontânea durante todo o dia, tanto no
serviço de atendimento médico, como de enfermagem. Na terça-feira pela manhã,
atendimento de hiperdia e à tarde, demanda espontânea. Na quarta-feira, visita
médica na comunidade pela manhã, o que envolve enfermagem e ACS’s e pela
tarde, demanda espontânea. Na quinta-feira pela manhã, atendimento pré-natal,
tanto no serviço de atendimento médico, como de enfermagem e à tarde, demanda
espontânea de medicina e coleta de PCCU por enfermagem. Por fim, na sexta-feira
o atendimento de enfermagem por demanda espontânea. Uma vez ao mês é
realizada na unidade a reunião mensal de Hiperdia, além de reuniões mensais com
a equipe.
1.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade (primeiro
passo)
O acesso ao município é dificultoso, limitando-se apenas por via fluvial e em
alguns dias da semana e por via aérea somente de forma particular. O único
Hospital do município com poucos recursos e profissionais especializados, produz
um maior número de referências a outros municípios.
17
1.9 Priorização dos problemas – a seleção do problema para plano de intervenção
(segundo passo)
Quadro 1 Classificação de prioridade para os problemas identificados no diagnóstico da comunidade adscrita à equipe de Saúde Aparecida, Unidade Básica de Saúde Irany Guimarães D’Antona, município de Terra Santa, estado de ParáProblemas Importância* Urgência** Capacidade de
enfrentamento***
Seleção/
Priorização***
*
Incidência de novos casos
de sequelas em pacientes
já diagnosticados com
doenças crônicas de base
Alta 11 Parcial 1°
Falta de preparo técnico
da equipe
Alta 8 Parcial 2°
Alta demanda,
acarretando falta de
atenção a todos os
usuários.
Médio 6 Fora 3°
Número de componentes
da equipe insuficiente,
com insumos incapazes
de atender às
necessidades.
Média 5 Parcial 4°
Total 30
Fonte: Instrumento do pesquisador
*Alta, média ou baixa** Total dos pontos distribuídos até o máximo de 30***Total, parcial ou fora****Ordenar considerando os três itens
18
2 JUSTIFICATIVA
A crescente procura de pacientes com sequelas de diversas patologias
consideradas de baixo risco chama a atenção para a falta de preparo e de um
número adequado de profissionais, incapazes de atender a tal demanda. O que
motivou realização desde trabalho.
Tendo em vista que a necessidade de um maior quadro de profissionais
treinados seria o ideal para sanar a maioria dos problemas de saúde da população,
a grande demanda acaba por deixar de lado as situações aparentemente mais
controladas, doenças que por muitas vezes passam despercebidas já que estão em
seu estágio inicial.
Assim, pacientes que estão sem acompanhamento por longos períodos de
tempo, acabam silenciosamente desenvolvendo sequelas, muitas das vezes
irreversíveis, que só chamam a atenção quando são detectadas tardiamente pelos
profissionais por sua gravidade. Como por exemplo: Sequelas após AVE (que
implicam não só em um maior uso de medicações, atenção domiciliária,
acionamento de serviços especializados como a fisioterapia, serviço social e
psicologia), Sequelas renais, cardíacas e visuais por diabetes descompensada.
Úlceras crônicas que uma vez infectadas, podem chegar ao desenvolvimento de
septicemia.
Sendo assim, a prevalência de necessitados de atenção especial e contínua
por parte dos profissionais da UBS só aumenta, fato que poderia ser menos
corriqueiro se a quantidade de profissionais de saúde condissesse com a quantidade
de usuários da área de abrangência e principalmente se tais profissionais estiverem
devidamente capacitados.
19
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Possibilitar uma melhor atenção para os pacientes que apresentam debilidades tanto
físicas como mentais, por meio do aumento do quadro de profissionais e uma
eficiente capacitação dos mesmos, com o intuito de melhorar a qualidade de vida
destes pacientes.
3.2 Objetivos específicos
3.2.1 - Elaborar texto base que servirá de base para a capacitação dos profissionais
e de informação para os órgãos de saúde responsáveis pelo município.
3.2.2 - Identificar a população alvo da área de abrangência.
3.2.3 - Capacitar os profissionais da UBS para que sejam hábeis em identificar os
fatores de risco dentro do público alvo.
3.2.4 - Aplicar na prática o conhecimento adquirido através das visitas domiciliarias,
com o foco não apenas no paciente, mas também dos familiares envolvidos.
Coletar os resultados e avaliar o progresso da educação em saúde.
3.2.5 – Identificar as sequelas mais prevalentes e suas principais causas.
3.2.6 – Análise dos resultados para a efetuação das mudanças necessárias.
20
4 METODOLOGIA
A metodologia utilizada no trabalho tem em base um tipo de pesquisa
exploratória e descritiva. Em um primeiro momento se realizara uma análise da área,
dos tipos de pacientes e das reais necessidades que cada família. Sendo assim
realizando uma exploração do tema e de suas possíveis intervenções.
Posteriormente a pesquisa de tornara descritiva em que poderemos descrever,
analisar e aplicar método que foram necessários para o desenvolvimento do trabalho
e tanto servirá para ajudar cada paciente.
Foi utilizado o Planejamento Estratégico Situacional para a estimativa rápida
dos problemas observados e definição do problema prioritário, dos nós críticos e das
ações. Além do Planejamento e Avaliação das ações básicas de saúde (CAMPOS;
FARIAS; SANTOS, 2010) e também foi consultada a biblioteca virtual em Saúde do
Nescon e documentos de órgãos públicos como da Secretaria da Unidade, Ministério
da Saúde entre outros.
A população com sequelas apresenta incidência elevada no município de Terra
Santa- Estado de Pará- Brasil. E promover e aplicar na prática o conhecimento sobre
os fatores de riscos e suas causas, através das visitas domiciliares realizadas, com o
foco não apenas no paciente, mas também aos familiares envolvidos, no intuito do
progresso da educação em saúde, num período de tempo hábil.
21
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5.1 Reabilitação da pessoa com Acidente Vascular Encefálico (AVE)
Segundo a OMS, o AVE consiste no desenvolvimento rápido de sinais clínicos
de distúrbios focais e/ou globais da função cerebral, com sintomas de duração igual
ou maior a 24 horas, de origem vascular, causando alterações cognitivas, sensoriais
e motordas.
O Ministério da Saúde elaborou diretrizes para a qualificação dos profissionais
da saúde para disponibilizar a reabilitação da pessoa com AVE no ambito do
Sistema Unico de Saude (SUS).
Os AVEs isquemicos são causados pela formacao de coagulos que bloqueiam
o fluxo sanguineo ao cerebro, geralmente em areas onde as arterias estao mais
estreitas. Alguns fatores de risco podem causar o AVE: fumar, tensao arterial alta
(hipertensao), obesidade, alimentacao rica em colesterol e doenças concomitantes,
como o diabetes.
Os AVEs hemorragicos ocorrem pela ruptura de um vaso sanguineo no
cerebro, causado principalmente pela tensao arterial alta, que pode enfraquecer as
arterias no cerebro e torna-las susceptiveis a ruptura.
O objetivo da diretriz e orientar as equipes multiprofissionais de Saude em
relação aos cuidados em reabilitacao, levando em conta as alteracoes fisicas,
auditivas, visuais, intelectuais e emocionais das pessoas que sofreram AVE. Para
tanto, deverao ser organizados, fortalecidos e ampliados servicos e programas
completos de reabilitacao, alem da promocao da capacitacao inicial e continuada de
profissionais e de equipes. Para que isso seja possível, deverao ser organizados,
fortalecidos e ampliados os servicos e programas de reabilitacao, alem da promocao
da capacitacao inicial e continuada de profissionais e de equipes.
No Brasil, o AVE é considerado a primeira causa de morte e incapacidade no
Pais, causando grande impacto economico e social. Dados indicaram incidencia
anual de 108 casos por 100 mil habitantes, taxa de fatalidade aos 30 dias de 18,5%
e aos 12 meses de 30,9%, sendo o indice de recorrencia apos um 1 de 15,9%.
22
Tanto profissionais de saúde que estão em contato direto com os pacientes da
comunidade, como os ACS’s, como os familiares dos pacientes devem perceber
quando a pessoa apresentar sinais e sintomas como: diminuicao da sensibilidade
e/ou fraqueza que tenha comecado de forma subita na face, no braco e/ou na perna,
especialmente se unilateral; confusao mental, dificuldade para falar ou para
compreender o que e dito, que tenha comecado de forma subita; alteracoes visuais
em um ou em ambos os olhos de instalacao subita; dificuldade para andar, perda de
equilibrio e/ou da coordenacao iniciados de forma subita; dor de cabeca intensa, de
instalacao subita, sem causa conhecida, deve ser levada para atendimento
emergencial, por serem sugestivos de um AVE. (Diretrizes de Atenção, MINISTÉRIO
DA SAÚDE - BRASIL, 2013).
5.2 Rotinas para atencao ao AVE
No Manual de Rotinas pra atenção ao AVE do Ministério da Saúde, o
profissional pode contar com Protocolo de atendimento pre-hospitalar do acidente
vascular cerebral, Fluxograma de Atendimento do Acidente Vascular Cerebral
Agudo, Escala de AVE do National Institute of Health Stroke Scale (NIH), Escala de
coma de Glasgow, Escala de Hunt & Hess (Para pacientes com HSA nao traumatica,
escolha da gradacao mais apropriada), Indice de Barthel modificado, Escala de
Fisher (para hemorragia subaracnoide), Escala de Rankin (avaliacao funcional).
Assim, é possível não só saber qual conduta se adequara melhor para cada tipo de
AVE, minimizando assim ai máximo as sequelas futuras.
5.3 Diretrizes para a Diabetes Mellitus tipo 2
O continuo surgimento de novos pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2)
na atualidade atinge escalas epidêmicas, requerendo um alto custo não só
econômico quanto social. A prevenção primária, de interesse mais recente e enfoque
dessas diretrizes, tem como objetivo impedir o surgimento da doença.
A prevenção secundária tem mostrado a importância do tratamento adequado
do diabético sem complicações. Evitando assim o surgimento de sequelas
23
incapacitantes que demandariam custos econômicos e tempo laboral aos
profissionais da saúde. A prevenção terciária, foco deste estudo, em que
complicações já ocorreram, é a que mais consome os recursos financeiros e de mão
de obra especializada, sendo na maioria das vezes crônica e de difícil resolução.
(SILVA, Psicologia da Diabetes. 2a Edição. Outubro de 2010)
5.4 Diabetes mellitus
Um indicador macroeconomico importante para a realidade nacional e que o
diabetes cresce mais rapidamente em paises pobres e em desenvolvimento,
impactando de forma negativa na morbimortalidade precoce, atingindo a população
em plena vida produtiva, contribuindo para a continuidade do ciclo vicioso da
pobreza e da exclusao social.
No Brasil, o diabetes junto com a hipertensao arterial, e considerada a primeira
causa de mortalidade e de hospitalizacoes. Além disso é responsável pela maioria
das amputacoes de membros inferiores e representa 62,1% dos diagnosticos
primarios em pacientes com insuficiencia renal cronica submetidos a dialise.
O Caderno de Atencao Basica possui um protocolo atualizado, que tem como
base as evidencias cientificas mundiais. É dirigido aos profissionais de saude da
Atencao Basica, principalmente aos das equipes Saude da Familia, que poderao
identificar grupos de risco, realizar o diagnostico precoce e a abordagem terapeutica.
Além de manter o cuidado continuado, educar e preparar portadores e familiares a
terem autonomia no auto-cuidado, monitorar o controle, prevenir complicacoes e
gerenciar o cuidado nos diferentes niveis de complexidade. (Ministério da Saúde,
Cadernos de Atencao Basica - n.o 16 Brasilia - DF 2006).
24
6 PLANO DE INTERVENÇÃO
Em vista de que é cada vez mais corriqueiro o surgimento de pacientes já
diagnosticados com doenças crônicas apresentando complicações decorrentes de
suas doenças base, é primordial que seja instituída medidas não só para evitar tais
situações, como também preparar os profissionais da ubs para identificar fatores de
risco e acionar os profissionais indicados para cada situação. Para tanto é
necessário que estes profissionais estejam treinados e acompanhados dos insumos
necessários para desenvolver estas atividades.
6.1 Descrição do problema selecionado (terceiro passo)
Pela alta demanda e falta de atenção a todos os usuários, muitos acabam
agravando quadros simples e outros desenvolvem sequelas que poderiam ter sido
evitadas. Ainda que haja um dia na semana para a hiperdia e outro dia para a visita
domiciliaria, não supre a grande quantidade de pacientes sequelados na área de
abrangência.
O diagnostico tardio destes pacientes é cada vez mais frequente. Nos últimos
meses, de janeiro a julho de 2018, a quantidade de pacientes que apresentaram
AVE e complicações por diabetes, principalmente amputações por complicações
pelo pé diabético, aumentou em mais de 50%, conforme os dados do e-SUS da
UBS. O número de internações para reabilitação e curativos diários está
demandando quase a metade dos leitos do único hospital municipal. Além disso, a
falta de conhecimento da equipe frente a tais situações, só agrava ainda mais a
situação, tendo em vista a incapacidade para orientar e detectar fatores de risco
presentes no cotidiano destes pacientes e de seus familiares.
6.2 Explicação do problema selecionado (quarto passo)
Com o aumento da população da área de abrangência esta cada vez mais
difícil para os profissionais médicos e de enfermagem conseguirem dar seguimento
à pacientes já com diagnostico estabelecidos de pós-AVE, Hipertensos e Diabéticos.
A grande demanda recebida pela UBS acaba por não priorizar situações
25
aparentemente mais controladas, doenças que por muitas vezes não são
diagnosticadas, seja por sua clínica inexistente inicialmente ou por falta de
qualificação dos profissionais em identificar as doenças em seu estágio inicial.
Sendo assim, pacientes desacompanhados ou sem seguimento após
diagnóstico inicial, acabam desenvolvendo sequelas, muitas das vezes irreversíveis,
que só são identificadas tardiamente, demandando mais insumos e profissionais da
UBS. A necessidade da capacitação, principalmente dos ACS’s, é essencial para
que os pacientes sejam acompanhados diariamente por profissionais capazes de
orientá-los e identificar fatores de risco que possam levar a produzir ou agravar as
sequelas, levando em conta que parte do problema é ocasionado pelos próprios
pacientes e seus familiares ao não atenderem às consultas de controle, não
seguindo as orientações farmacológicas e dietéticas. Além disso, é através desta
capacitação que será possível referenciar os pacientes aos profissionais
especializados específicos, antes que ocorram sequelas irreversíveis.
6.3 Seleção dos nós críticos (quinto passo)
A ineficiente quantidade de profissionais e a falta de capacitação dos
mesmos, impede a eficiente detecção de fatores de risco que levam as doenças
consideradas de fácil controle causarem sequelas. Sendo assim, a falta de
capacitação para identificar os fatores de risco e aumento na incidência de
sequelados, aumentam a demanda, consumindo ainda mais os insumos e tempo
dos profissionais da UBS.
6.4 Desenho das operações (sexto passo)
A operação é sobre o nó crítico relacionado ao problema na população do
município de Terra Santa-estado do Pará, que são detalhados no quadro abaixo.
26
Quadro 2 – Operações sobre o “Material Educativo” relacionado ao problema “Falta de capacitação dos profissionais da UBS”, na população sob responsabilidade da Equipe de Saúde da Família da Aparecida, do município de Terra Santa, estado do Pará Nó crítico 1 Falta de Capacitação dos profissionais da UBS.
Operação (operações)
Preparação do material guia para a capacitação.
Projeto Capacitação profissional
Resultados esperados
Capacitar primeiramente os ACS e demais profissionais da saúde que estão em contato com os usuários da UBS.
Produtos esperados
Curso de capacitação e atualização em saúde
Recursos necessários
Estrutural: insumos para a confecção do material de capacitação
Cognitivo: conhecimentos em conjunto do médico e enfermeira
Financeiro: impressão do manual individual
Político: intervenção da secretaria de saúde
Recursos críticos Estrutural: comprometimento dos profissionais em assimilar o conhecimento do material confeccionado
Cognitivo: fonte bibliográfica local e dados da área de abrangência.
Político: envolvimento da gestão municipal.
Financeiro: secretaria de saúde.
Controle dos recursos críticos
Secretaria de saúde, médico e enfermeira da unidade
Ações estratégicas Médico, Enfermeira e Acs se beneficiarão das mudanças implementadas, já que reduzirá a incidência das sequelas.
Prazo 6 a 12 meses, depende da contratação de novos profissionais.
Responsável (eis) pelo acompanhamento das ações
Secretaria de saúde e diretora da UBS
Processo de monitoramento e avaliação das ações
Após o treinamento, os profissionais receberão guias de anotação para observar continuamente se a população alvo modificou seus hábitos. Além disso, o médico e a enfermeira avaliarão se o conhecimento obtido pelos profissionais estão sendo aplicados e se a incidência de sequelas está em declínio.
27
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento que todo profissional da saúde buscará é aquele relacionado
com a infinita atualização. Não só sobre os profissionais deve pesar a
responsabilidade do conhecimento, já que se tornam essencial e passível de
funcionalidade a colaboração ativa do paciente e seu entorno familiar.
Permanecer diagnosticando sequelas é um retrocesso evitável. Faz-se
necessário a promoção continua da manutenção da saúde por meio dos órgãos
responsáveis, uma vez tais sequelas demandam insumos cada vez mais
especializados, de alto custo e por maior tempo de uso.
Portanto, através desta análise, evidencia-se que medidas educativas,
participação ativa dos gestores municipais, profissionais da UBS em harmonia com o
público da área de abrangência, reduzirá consideravelmente a chance dos pacientes
já diagnosticados com doenças crônicas, venham a ser pacientes complicados com
sequelas.
28
REFERENCIAS
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Atenção Básica - n.o 16 Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília – 2006.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Acidente Vascular Cerebral. Brasília – 2013.
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