universidade cÂndido mendesuniversidade cÂndido mendes prÓ-reitoria de planejamento e...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
DISCIPLINA REFLEXIVA
IRACILDA MARINHO CAVALCANTE
ORIENTADOR(A): PROF.: FABIANE MUNIZ DA SILVA
BRASÍLIA-DF
OUTURBO/2008
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
DISCIPLINA REFLEXIVA
IRACILDA MARINHO CAVALCANTE
Trabalho monográfico apresentado como
requisito parcial para a obtenção do Grau de
Especialista em Orientação Educacional.
BRASÍLIA-DF
OUTURBO/2008
AGRADECIMENTOS
Durante a produção desta monografia, várias pessoas, de grande
estima para mim, colaboraram para que ela pudesse chegar a esta fase. Creio
que, sem elas, eu poderia ter desistido.
Primeiramente, agradeço a Deus, pela oportunidade de vivenciar fatos
e, destes, adquirir conhecimento para desenvolver esta monografia.
Sou profundamente grata a minha família, pelo amor, esforço, incentivo
e ânimo que me proporcionaram; aos colegas de trabalho pelo apoio em todos
os momentos difíceis e aos coordenadores do curso de pós-graduação “Lato
Sensu” (A vez do mestre), pelo inventivo, carinho e atenção constantemente.
Sou grata também aos autores a quem não conheço pessoalmente,
mas cujas obras foram maravilhosas fontes de pesquisa.
Finalmente, agradeço especialmente a minha professora orientadora,
Fabiane Muniz da Silva, pelo estímulo e incentivo aos compromissos
acadêmicos.
DEDICATÓRIA
Dedico essa obra ao poderoso Deus, a
minha família e as minhas queridas
colegas de trabalho (profissão).
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo expor os problemas que
envolvem a indisciplina em sala de aula, na escola. Analisa também a
importância da implantação de um projeto político-pedagógico compartilhado.
O fato é que a indisciplina que normalmente preocupa o professor é a ativa e
esta objetivamente parece ter aumentado. Nesse contexto, mediante a
pesquisa bibliográfica, o trabalho faz uma abordagem acerca das causas, das
conseqüências e de como mediar esse problema.
METODOLOGIA
Esse trabalho monográfico foi feito, principalmente, através de
pesquisa bibliográfica e uma pequena parte de pesquisa de campo
(entrevistas, questionários e estudo de caso).
A pesquisa bibliográfica investiga o problema a partir do referencial
teórico existente nas fontes de pesquisa. Para cervo, na área das ciências
humanas.
De acordo com João Álvaro (1990), bibliografia é o conjunto das
produções escritas para esclarecer as fontes, para divulgá-las, para refutá-las
ou para estabelecê-las; é toda a literatura originária de determinada fonte ou a
respeito de determinado assunto.
A pesquisa bibliográfica tem como importância o levantamento das
contribuições científicas e culturais existentes sobre certo tema assim, oferece
meios para definir, resolver problemas conhecidos ou, até mesmo, explorar
novas áreas de conhecimento.
Consultamos grandes autores como, Paulo Freire, Celso Vasconcelos,
Rubem Alves, Druket, Luis Franco e outros autores, preocupados com a
situação da educação no país, os quais vem analisando com profundidade os
mais variados problemas que afetam de uma maneira ou de outra o sucesso do
aluno na escola, e que além de um estudo detalhado das causas, procuram
apontar meios de como resolvê-las.
E os instrumentos utilizados para a realização da pesquisa de campo
foram entrevistas para os pais, palestra para os professores e questionários
para os alunos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I
DISCIPLINA NA ESCOLA (SALA DE AULA) 9
1.1 Disciplina – Conceito 9
1.2 Tipos de Disciplina 10
1.3 As Causas da Indisciplina 12
1.3.1 A sociedade como causa da indisciplina 12
1.3.2 A escola como causa da indisciplina 13
1.3.3 O professor como causa da indisciplina 14
1.3.4 O aluno como causa de indisciplina 15
1.4 A Disciplina em Classe 16
CAPÍTULO II
A CONSTRUÇÃO DA DISCIPLINA NA SALA DE AULA 18
2.1 Formas de Mediação 19
2.2 A Visão de Indisciplina por Parte do Professor 20
2.3 A Visão de Indisciplina Por Parte da Escola 21
2.4 A Visão de Indisciplina por Parte dos Alunos 22
2.5 A Visão de (In) Disciplina por Parte da Família 22
2.6 O Orientador Educacional 23
CAPÍTULO III
PESQUISA DE CAMPO 27
3.1 Projeto Indisciplina X Disciplina 27
CONCLUSÃO 29
BIBLIOGRAFIA 31
ANEXOS 33
7
INTRODUÇÃO
Essa monografia tem como objetivo analisar o problema da disciplina
na sala de aula e na escola, aprofundando-se nas causas e na busca de
soluções para este mal, que também tem contribuído para o baixo rendimento
escolar, deixando professores perplexos e angustiados.
Para a realização deste trabalho consultamos grandes autores como
Paulo Freire, Dermival Daviani, Celso Vasconcelos, Ellen White, Maria Áuria
Guimarães entre outros autores, preocupados com a situação da educação no
país, os quais vieram analisando com profundidade os mais variados
problemas que afetam o sucesso do educando na escola (sala de aula), e que
além de um estudo cuidadoso das causas, procuram apontar meios de como
resolver os angustiantes problemas que levam a indisciplina. E de uma
pesquisa de campo que foi realizada em um colégio do DF, onde questionários
foram distribuídos para os alunos, para os pais e para os professores.
Também serviram para concretização dessa monografia, a vivência do
dia-a-dia de sala de aula.
O contato com os alunos, a família, meus colegas e através de uma
pesquisa de campo feita na escola (onde trabalho). Tanto a parte teórica como
a prática serviu sobre tudo no aspecto de “como se construir a disciplina que
queremos”, “a disciplina que ensina a criança a refletir e ter o governo de si
mesma”.
A maior necessidade do mundo é a de homens-homens que se não
cumprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e
honestos; homens que não temam chamar o erro pelo seu nome exato;
homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola é ao pólo,
homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.
Ellen (Educação, 1858, p.57).
8E se consegue isso colocando Deus em primeiro lugar em nossa vida,
e buscando conscientizar a comunidade educativa em torno de um novo
sentido da disciplina. E deve-se fazer a partir da realidade, refletir sobre ela de
forma a despertar o desejo, a vontade política, o compromisso de se construir
algo diferente, buscar junto o que se quer e colocar em prática; voltar a sentar
em conjunto e refletir sobre a prática outra vez.
Verificou-se que o comportamento apresentado pelo aluno (não é
aquele que o professor deseja), é uma conseqüência de causas que estão na
escola, no professor, na família, na sociedade e em pequena proporção no
aluno.
Pretende-se com esse trabalho oferecer ao educador e principalmente
ao orientador educacional um estudo detalhado dos fatores que contribuem
para a indisciplina na escola, mostrando também como conseguir um
comportamento ideal para o aluno, sem usar a força ou ameaças. É necessário
que o orientador compreenda sua verdadeira missão para atingir um trabalho
educativo satisfatório, visto que ele orientador educacional é o personagem
principal na tarefa de orientar, o indicador do processo, o incentivador do aluno,
e o conscientizador da família. Por isso é necessário que o orientador saiba
conduzir o processo de construção da disciplina ideal, envolvendo o aluno, a
escola, a família e sociedade tendo em vista ser um trabalho coletivo. Só assim
colheremos bons frutos.
9
CAPÍTULO I
DISCIPLINA NA ESCOLA (SALA DE AULA)
1.1 Disciplina – Conceito
A forma tradicional de perceber a disciplina é vê como forma de manter
a ordem, não há permissão para conflitos e questionamento. Ela é percebida
como caos e desordem.
Segundo Guimarães (1988, p. 28), as disciplinas são métodos que
permitem o controle das operações do corpo, que realizam a sujeição
constante de suas forças e lhes impõe uma reação de docilidade.
O aluno é um ser em pleno período evolutivo e as normas de conduta
têm importância fundamental nesse processo de transformação gradual e
“progressiva” para a conduta desejável.
Segundo Gramsci (1982, p.136), a disciplina não deve ter fim em si
mesma; deve estar relacionada aos objetivos maiores da escola, que deve
formar o aluno “... como pessoa capaz de pensar, de estudar, de dirigir ou de
controlar quem dirige”.
Segundo Franco (1986, p.40), a disciplina significa a capacidade de
comandar a si mesmo, de se impor aos caprichos individuais, às veleidades
desordenadas, significa, enfim, uma regra de vida. Além disso, significa a
consciência da necessidade livremente aceita, na medida em que é
reconhecida como necessária para que um organismo social qualquer atinja o
fim proposto.
Para a maioria dos educadores a disciplina é entendida como a
adequação do comportamento do aluno da forma que o professor deseja, ou
uma submissão do aluno as normas da escola.
10No sentido mais geral, a disciplina aparece como um conjunto de
regras e obrigações de um determinado grupo social e que vem
acompanhando de sanções nos casos em que as regras e/ou obrigações forem
desrespeitadas. Um dicionário atualizado de educação diz que a disciplina é
um conjunto de regras de conduta, estabelecidas para manter a ordem e o
desenvolvimento normal de atividades em uma aula ou num estabelecimento
escolar. (Parrat-Doyan, 2008, p.20).
Segundo Freire, em seu diálogo com educadores sobre esse tema,
disse que “toda disciplina envolve autodisciplina. O sujeito da disciplina tem de
se disciplinar. (...) a indisciplina é a licenciosidade, é o fazer o que quero, por
que quero. A disciplina é o fazer o que posso, o que deve e o que preciso
fazer”. (In: D’Antola, 1989).
1.2 Tipos de Disciplina
Se analisarmos o comportamento de dois alunos, podemos observar
que ambos podem se comportar da mesma maneira. Todavia a atividade
disciplinar pode ser bem diversa, isto porque a verdadeira medida da disciplina
é por dentro e não por fora. Estamos acostumados a ajuizar a disciplina por
fora, não tomando conhecimento da atitude interior do aluno. Daí podemos
dizer que há quatro tipos de disciplina, a exterior; a interior; a passiva e a ativa.
A disciplina exterior é a que se obtém pelo uso da força, isto é, pelo
emprego da violência e ameaças. É comum neste caso, notar que classes
quietas sob coação “pegam fogo” quando há ausência do professor.
A disciplina interior é a que resulta da modificação do comportamento,
da compreensão e consciência do que tem a fazer. Este tipo de disciplina é
fruto de um trabalho de orientação e respeito pelo aluno. Esta reflete um
comportamento que é o mesmo, perto ou longe do professor, porque é fruto
dos bons hábitos.
11A disciplina passiva é a forma de apreciar a disciplina com relação ao
barulho da sala. Para muitos o barulho é sinal de indisciplina. Nada nos
garante, no entanto, que a sala em silêncio esteja realmente disciplinada. É
possível que o aluno em silêncio esteja realizando atos com a imaginação,
esperando só o professor sair.
“Não é disciplinando um indivíduo que alguém torna artificialmente
silencioso e imóvel como um paralítico. É um indívíduo aniquilado, não
disciplinado”. (Fouquié, 1971, p.122).
A disciplina ativa é a forma de apreciar a disciplina, não tanto pelo
barulho, mas pelo trabalho realizado, pelo interesse e pela integração nos
trabalhos escolares. É possível que em uma aula muito dinâmica onde os
alunos e professor se integrem com entusiasmo, não haja muito silêncio, mas
não se pode dizer que não haja disciplina.
O problema da disciplina na escola não é novo. Nérice, já em 1969, se
preocupava com esta questão e mencionava a “falência da disciplina”. A
indisciplina continua cada vez mais presente na vida da escola e os
educadores não sabem como lidar com ela. Este problema apresenta-se em
toda rede educacional e não é específica de uma determinada classe social.
Além da indisciplina causar danos ao professor e ao processo ensino-
aprendizagem, o aluno também é prejudicado pelo seu próprio comportamento.
Para a historiadora e filósofa M.T Estrela, os atos de indisciplina podem
ser agrupado em três categorias: O primeiro tipo de indisciplina caracteriza-se
pela intenção de escapar do trabalho escolar considerado fastidioso, pífio,
desinteressante ou muito difícil. A segunda forma de indisciplina tem como
objetivo a obstrução. A indisciplina tende a impedir parcial ou totalmente o
normal desenvolvimento da matéria dada pelo professor finalmente, a terceira
modalidade da indisciplina é um protesto contra as regras e as formas de
trabalho. Trata-se aqui de denunciar um contrato implícito que funciona na aula
sem que a opinião dos alunos tenha sido levada em conta. Através da
indisciplina, pretende-se renegociar as regras.
12
1.3 As Causas da Indisciplina
Analisando a fundo o problema, vamos encontrar inúmeras causas da
manifestação da indisciplina na escola – sala de aula.
O mais lastimável é constatar que os alunos são mais vítimas do que
responsáveis. A razão de agirem desta maneira deve-se a sociedade, a escola,
ao professor e a família.
1.3.1 A sociedade como causa da indisciplina
Tomando como parâmetro os últimos quarenta anos, percebe-se na
sociedade brasileira, mudanças profundas. Deixou de ser uma sociedade
predominantemente rural e torna-se urbana, havendo um crescente processo
de industrialização e uma acelerada expansão de telecomunicações.
O imediatismo que domina o homem de nossos dias tem sua influência
maléfica no espírito do adolescente. É a busca da fortuna e do sucesso rápido
para gozar a vida, através de métodos ilícitos. São os escândalos que se
sucedem nas altas esferas administrativas. É o que se chama de crise ética.
A sociedade está a todo instante, a oferecer estímulos negativos, tanto
na família e consequentemente o jovem, que sem condição de acompanhar
este progresso, isto por questões financeiras, criam dentro de si um estado de
revolta, desobediência, gerando atos de indisciplina na própria comunidade e
na escola. Segundo Freire (1975, p.30), não é a educação que forma a
sociedade de uma determinada maneira, senão esta, tendo se formado a si
mesma, de certa forma estabelece a educação que deseja.
A sociedade e a mídia predominam na formação da personalidade.
A massa pós-moderna não tem ilusões; sabe que trabalhará sempre
para um sistema capitalista. Por isso ela não crê no valor moral do trabalho
nem vê na profissão a única via para a autorização.
13As religiões tradicionais perdem espaço para pequenas seitas, os
indivíduos procuram credos menos coletivos e mais personalizados
(meditações, yoga, budismo, esoterismo, astrologia). O homem pós-moderno
não é religioso, interessa mais um ego sem fronteiras do que uma consciência
vigilante.
Neste contexto, a sensação é de irrealidade, com vazio e confusão. Só
se fala em desencanto, desordem, descrença, deserto. É como se a lógica e a
imaginação humana falhassem ao representar a realidade, e alguma coisa
estivesse se escravizando, zerando (Santos, 1997).
Assim, é importante que o Orientador Educacional, em sua prática
pedagógica, assuma uma posição de ajudar ao professor e ao aluno a
encontrar soluções para alcançar a disciplina desejada.
1.3.2 A escola como causa da indisciplina
Algumas imposições colocadas pelo sistema escolar são do
conhecimento comum: turmas numerosas, escolas superlotadas, falta de
material didático, sistema de avaliação do rendimento dos alunos, trabalhos
burocráticos excessivos, remuneração insatisfatória, dentre outros. Há também,
fatores de estrutura física da escola como: edifícios impróprios e degradados,
sala de aula apertada com pouca ventilação e iluminação, sala que sofre
interferência do barulho de fora, que com certeza irão interferir negativamente
no comportamento dos alunos.
Além destes entraves no trabalho do professor, a escola tem uma
prática rotineira desmotivante; funciona com uma organização de horários
rígidos, atividades que se repetem dia após dia e é apoiada em lideranças
muitas vezes, autoritárias.
141.3.3 O professor como causa da indisciplina
Normalmente, o professor se preocupa em demasia com as exigências
em relação ao aluno, mas esquece de se preocupar com suas atividades, que
talvez seja um dos fatores mais sérios de indisciplina em sala de aula.
Segundo Rosemberg (1986, p.50), a criança indisciplinada está
tentando dizer alguma coisa para o professor. É preciso ouvir e compreender a
mensagem que se esconde por trás do comportamento manifesto como
indisciplina. Muitas vezes a indisciplina é gerada pelo professor por falta de
planejamento, dosagem da matéria, incoerência de atitudes (ora pode, ora não
pode), substituições freqüentes, promessas não cumpridas, falta de entusiasmo
e outros.
Segundo Freire (1997), ressalta que a resistência do professor em
respeitar a “leitura do mundo” com que o educando chega à escola,
obviamente condicionada por sua cultura de classe e revelada em sua
linguagem se constitui em um obstáculo ao conhecimento. Ou seja, além de
todo o conflito que a diferença social e cultural causa na relação professor –
aluno, ainda tem o agravante de dificultar o aprendizado, já que na tarefa de
ensinar, o professor não parte da realidade concreta dos educandos e da
experiência de vida deles.
Os profissionais da educação não podem se esquecer de que o aluno
não é um “vazio”, ele tem hábitos e atitudes que, por terem sido apreendidos
no seu meio social e familiar, são aceitos por estes. Esse comportamento
natural do aluno às vezes é considerado, como agressivo, grosseiro, rebelde,
ou sem modos. O professor ignora a realidade do aluno.
Alguns professores, por buscarem algo novo, não tem ainda a firmeza
necessária e os alunos podem se aproveitar desta insegurança. Quando o
professor não tem convicção daquilo que está propondo e o problema começa
se manifestar, passa não exigir tanto, não estabelece claramente limites e
critérios; conseqüentemente, vão se acumulando as dificuldades, podendo
chegar ao ponto de uma confusão generalizada na classe.
15Segundo Vasconcelos, há necessidade de um esforço para o
“mergulho” na realidade: “bem, agora estou aqui nesta classe, com estes
alunos, então vou me dedicar totalmente a este trabalho, para fazer o melhor
possível com “eles”.
Assim também como os professores, muitas vezes, não sabem como
lidar com a indisciplina dos alunos, também, não têm clareza, na relação com
eles, de quando termina sua autoridade e começa o autoritarismo. Este
assunto estritamente ligado à indisciplina, merece atenção especial por parte
dos orientadores e pesquisadores da área, uma vez que paira sobre os
professores grandes dúvidas sobre a questão indagações como: quem deve
estabelecer as normas de disciplina na escola e como colocar limites ao
comportamento do aluno? Ainda não encontraram uma formulação teórica
suficientemente explicita e nem o caminho de sua solução através da prática
na sala de aula.
1.3.4 O aluno como causa de indisciplina
Não há dúvida de que uma série de indisciplina tem origem no próprio
aluno. Podem ser causas de origem biológica, social ou psicológica. Como
causa biológica temos a desnutrição, verminose, esgotamento físico que deixa
o aluno inquieto.
Às vezes defeitos físicos de que são portadores, os alunos, constituem
a causa de perturbação no comportamento.
Uma outra causa da indisciplina do aluno está ligada à natureza social.
Muitas vezes o número social da família é baixo com condições precárias, o
que gera conflitos entre o aluno e a escola.
Segundo Jesus (1999), as crianças que vêem muitos programas na TV.
As emissoras de TV, por meio de sua programação inescrupulosa, que tem
como único objetivo aumentar seu ibope, incentiva a rebeldia, o sexo e a
violência. “a violência é transmitida às crianças através dos desenhos
16animados, aos jovens através dos filmes e aos adultos através dos noticiários,
levando a uma banalização da violência e da agressividade, sendo a
indisciplina na sala de aula uma das manifestações desta situação”.
Há também o caso de comportamento característica de distúrbio de
atenção, por exemplo, aquele em que a criança apresenta atitudes de
hiperatividade que prejudicam a sua capacidade de concentração e atenção.
Crianças e adolescentes que apresentam problemas viáveis, auditivos,
rebaixamento mental, etc, também podem revelar dificuldades na sua
capacidade de concentração e atenção.
Segundo Izete (2005), outro fator a ser considerado é que boa parte de
nossas crianças apresenta uma carência afetiva muito grande, já que não
puderam contar com os pais para lhes dar carinho nem tampouco lhe ouvir. É
claro que também observamos nas escolas situação oposta a esta: o excesso
de mimos e permissividade por parte dos pais / responsáveis que acarreta em
indisciplina.
1.4 A Disciplina em Classe
“Esta turma é impossível! Eu não consigo dar uma aula em sossego.
Como é que vocês vão aprender assim?”
“Comportar-se” é algo que precisa ser aprendido tanto quanto o
programa de geografia ou matemática. Saber respeitar as necessidades de um
grupo, aprender a não prejudicar uma dinâmica social não é importante apenas
para que o professor possa dar sua aula em paz. É conquistar a cidadania.
Segundo Vasconcellos (1995, p.28), a verdade, porém está no fato de
que a ação educacional, a relação professor-aluno, é algo construído e
reconstruído continuamente.
Se essa é nossa missão, devemos nos desincumbir dela a contento.
Existem muitos problemas que levam os alunos a serem indisciplinados, entre
17eles, podemos citar o: aluno hiperativo, o disperso, o distraído, o conversador,
o polemizador, o apático, o que não faz as tarefas entre outros.
18
CAPÍTULO II
A CONSTRUÇÃO DA DISCIPLINA NA SALA DE AULA
A construção do relacionamento humano é fundamental para o
processo educativo. Os próprios alunos percebem que uma sala unida, onde
há calor humano, respeito, aceitação, é motivo de “dar gosto vir para a escola”,
ajudando, inclusive, cada um a lidar com seus “defeitos”, com seus limites.
Precisamos saber o que queremos e o que almejamos em torno de
disciplina. Queremos construir uma nova disciplina “que deixa de ser a
expressão das relações sociais alienadas”. Basicamente, podemos dizer que
nosso objetivo é conseguir as necessárias condições para o trabalho coletivo
em sala de aula, onde haja o desenvolvimento da autonomia e da
solidariedade, ou seja, as condições para a aprendizagem significativa, criativa
e duradora. Não queremos a disciplina formal da educação tradicional; mas
também não queremos a disciplina espontaneísta da educação moderna.
Buscamos uma disciplina consciente, reflexiva e ativa marcada pelo: respeito,
responsabilidade, participação, interação, reflexão, construção do
conhecimento, formação do caráter e da cidadania.
Comumente, a instituição escolar, entendida como o conjunto de
educadores que nela atuam, tendo como parâmetro os seus próprios princípios
e valores, adota normas que devem ser cumpridas pelos alunos, determinando
um padrão de comportamento aceitável pela instituição. Mas, se a escola
espera que as crianças cumpram essas normas rígidas e incontestáveis está
se enganando. Dificilmente a criança vai se adequar àquilo que a escola
espera dela.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil (Recnei) é preciso ajudar nossos alunos a fazer a passagem da
heteronomia – que significa pessoas ou grupos que aceitam prontas as regras
de conduta sem discussão, sem procurar entender as razões, os critérios, os
princípios, as referências que as justificam – para a autonomia, entendida como
19a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si próprio levando em conta
regras, valores, sua perspectiva pessoal bem como a perspectiva do outro. O
Recnei preconiza que desenvolver a autonomia, já na faixa etária da educação
infantil, é mais do que um objetivo a ser alcançado, deve ser um princípio das
ações educativas.
O Orientador Educacional juntamente com professores e alunos devem
elaborar juntos as regras da escola. Assim eles sentirão a responsabilidade de
fazerem com que as regras que eles próprios ajudaram a formular, sejam
obedecidas.
Segundo White (1997), as regas devem ser poucas e bem
consideradas; e uma vez feitas, cumpre que sejam executadas.
2.1 Formas de Mediação
Finalmente chegamos à grande questão: o que fazer? Como enfrentar
o problema?
Nossas energias são limitadas; temos que ter uma visão correta do
problema para não desperdiçar esforços. Adianta investirmos nossas energias
numa ação mesmo sabendo que ela não é a mais decisiva?
Há o risco de cairmos no jogo do “empurra-empurra”; os professores
dizem que os responsáveis pela disciplina em sala de aula são os pais, que
culpam o sistema, etc., assim, por exemplo, diz-se que o professor é vítima de
uma “engrenagem maior”, o que é verdade; não se pode deixar de considerar
que o aluno, no entanto, tem sido a maior vítima dessa situação toda: de um
lado, vítima da “engrenagem maior”, que tem achatado os salários de seus
pais, de outro lado, vítima de sua “engrenagem menor” ou seja, a escola
(Franco, pág.32).
“Propusemos organizar o próprio sistema de disciplina, envolvendo os
pais e os alunos. Não adianta a escola desenvolver todo um trabalho, se não
tiver ressonância e continuidade na família. (...) A disciplina na escola tem que
20ser construída por todos os elementos envolvidos, senão não vai dá frutos
positivos” (D’Antola, p. 09).
2.2 A Visão de Indisciplina por Parte do Professor
Diante do problema da indisciplina, basicamente, nos parece, existem
duas grandes alternativas para o professor: a primeira se admitir da luta e ou
enfrentar o combate. Percebe-se hoje uma necessidade básica do professor,
assumir sua realidade, seu trabalho. Encontramos professores que estão na
sala de aula, mas numa ilusória situação de “transição”. Estou aqui, mas por
pouco tempo; logo mais vou para uma situação melhor. Pensando assim, não
se comprometem, não se envolvem, passam a vida justificando seus fracassos
em cima de responsabilidades de outros.
A questão é a seguinte: o professor que quer ser efetivamente
professor tem que trabalhar com a realidade que tem em sala de aula; não
adianta ficar se lamuriando, jogando a culpa aqui e acolá. O professor tem que
ser sujeito da história pedagógica de sua classe e de sua escola; não pode
ficar sonhando com alunos ideais, diferentes. Só se pode transformar a
realidade a partir do momento que se assume a existência.
Segundo White (1996, p. 239), os professores devem prender os
alunos ao próprio coração por laços de amor, bondade e estrita disciplina. “A
criança indisciplinada está tentando dizer alguma coisa para o professor. É
preciso saber ouvir e compreender a mensagem que se esconde por trás do
comportamento manifesto como indisciplina. (Franco, pág. 50)”.
Se o professor souber ouvir o aluno sobre suas dificuldades, pessoais
ou escolares, já favorecerá em muito o relacionamento e o clima de sala de
aula. Se conseguirem diagnosticar os distúrbios e assumir uma postura de
comprometimento para ajudar no encaminhamento dessas crianças, estarão
não só ajudando a criança como também poderão evitar que o comportamento
21destas culmine em indisciplina influenciando negativamente no comportamento
dos colegas.
Segundo Unglaub (2005), o aluno não só percebe e responde a certo
estimulo, mas também adquire uma crença e um valor sobre o mesmo. Isto faz
com que seu comportamento se torne estável ao fenômeno em pauta. A
consciência do individuo se desenvolve em controle ativo do comportamento. O
aluno age, não por desejo de aquiescer ou obedecer, mas porque se sente
engajado ou comprometido com o valor que inspira o comportamento.
2.3 A Visão de Indisciplina Por Parte da Escola
A escola, enquanto equipe, pode colaborar para a construção da
disciplina através de práticas concretas do tipo: Explicitar a proposta
educacional (Projeto Educacional) assumida pela escola. Para se alcançar à
disciplina é fundamental que se tenha um horizonte buscando juntos, objetivos
comuns.
Segundo (Franco, p. 25), só se alcança à disciplina através do trabalho
conseqüente do coletivo da escola, de uma escola onde o aluno se sinta feliz e
co-responsável pelo êxito escolar.
Na proposta da escola, deve ser levado em conta a necessidade de
atividades para o educando. A criança, em fase de crescimento e
desenvolvimento precisa de movimento. Na medida em que as aulas são mais
participativas com diálogo, dramatização, trabalho em grupo, pesquisa em sala
ou na biblioteca ou no laboratório de informática; há uma maior probabilidade
da criança (aluno) se sentir bem. Portanto, a escola deve investir em material
pedagógico, sala ambiente e principalmente, na formação do professor, para
que possa ter métodos de trabalho mais apropriado. O professor deve se sentir
respeitado, apoiado pela escola; investir também no trabalho de formação e
conscientização dos pais.
22
2.4 A Visão de Indisciplina por Parte dos Alunos
O aluno hoje já não se desenvolve muito respeito pelo mais velho, pelo
professor, pelos pais; tanto em casa, quanto na sala de aula, como na
sociedade em geral, passa-se a idéia de que ele é o “centro” das atenções; o
aluno já não valoriza a escola, já não tem limites colocados pela família.
Um dos problemas de base da sala de aula é o individualismo.
Ninguém quer ceder um pouco de seu espaço. Não há amizade, não há amor
real.
O aluno participa de toda uma sociedade organizada na base de uma
ideologia individualista, consumista e imediatista.
O aluno pode contribuir para a construção da disciplina: respeitando os
colegas, os professores, os funcionários e os pais; sabendo trabalhar com
limites; respeitando as regras estabelecidas, entendendo que a formação da
cidadania só pode se dá num contexto de exercício de direitos e deveres.
Enfim participando na elaboração das normas.
2.5 A Visão de (In) Disciplina por Parte da Família
A família pode ajudar a disciplina na escola através de algumas
práticas, como por exemplo: Re-adquirir a prática do diálogo; ajudar os filhos a
terem uma “postura crítica” diante dos meios de comunicação (consumismo,
contra-valores, exploração da sexualidade, mentiras do sistema, etc.); ajudar
os filhos a pensarem sobre o “sentido da vida”: viver para quê? Para ser
“esperto”? Para ser rico, etc.; não acobertar os erros dos filhos, mas
argumentar até chegar a uma conclusão satisfatória; acreditar nas
possibilidades do filho. Quando ele comete um erro, lembrar Santo Agostinho:
“Odeie o erro, mas ame o pecador”. Valorizar a escola e o estudo; superar a
23visão da escola como “mal necessário” para a ascensão social não sufocando
a curiosidade da criança, estimular o gosto pelo conhecimento.
Acompanhar sempre a vida escolar e não apenas quando o filho tem
“nota vermelha”. Ainda existem pais que diante dos resultados não satisfatórias
na escola, ameaçam ou chegam mesmo a espancar fortemente os filhos,
criando assim uma barreira entre eles e a escola. Se o aluno está indo mal
temos que ver qual a causa, para ajudá-lo.
Na argumentação com a criança/jovem apegar-se ao fator “principal” e
jogar perguntas pra eles e deixar que os mesmos respondam, só assim
induzimos eles (filhos) a refletir e procurar fazer o que é correto.
2.6 O Orientador Educacional
Atribuições do Orientador Educacional conforme a Lei nº 5564 de
21/12/1968, regulamentado pelo dec. 72846 de 26/09/1973 os artigos 8º e 9º,
definem mais especialmente, em âmbito nacional, as atribuições do Orientador
Educacional. Esses dois artigos são transcritos assim:
Artigo 8.°— São atribuições privativas do Orientador Educacional:
a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de
Orientação Educacional em nível de:
1 - Escola
2 - Comunidade.
b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de
Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Estadual,
Municipal e Autárquico; das Sociedades de Economia Mista, Empresas
Estatais, Paraestatais e Privadas.
c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-a no
processo educativo global.
24d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades
do educando.
e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional com vistas à
orientação vocacional.
f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao
conhecimento global do educando.
g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a
outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial
h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar.
i) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional,
satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino.
j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional.
k) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional.
Artigo 9.° — Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atri-
buições:
a) Participar no processo de identificação das características básicas da
comunidade;
b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar;
c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;
d) Participar na composição, caracterização e acompanhamento de turmas e
grupos;
e) Participando processo de avaliação e recuperação dos alunos;
f) Participar no processo de encaminhamento dos alunos estagiários;
g) Participar no processo de integração escola-família-comunidade;
h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.
Segundo Giacaglia e Penteado, convém registrar um alerta para que o
SOE não se transforme em refúgio de alunos que cabulam aula ou são tirados
da classe por problemas com os professores, como indisciplina e falta de
tarefas ou de material. O Or. E. não deverá substituir professores que
eventualmente faltem, isso pode comprometer a sua imagem.
25No que se refere à sua atuação em problema da indisciplina na escola,
cabe lembrar que a mesma deve ser antes preventiva que remediativa. Deve
ficar claro que o Or. E. não é um aplicador de sanções ou punições. Ele deve,
sim, colaborar com a disciplina da escola, analisando juntamente com a equipe
os problemas surgidos, sugerindo soluções cabíveis.
O orientador educacional precisa conhecer a realidade escolar
brasileira, para que possa identificar a importância do papel do orientador
educacional. Precisa dominar os fundamentos teóricos da ação e conhecer a
parte pratica correspondente ao exercício de suas atividades profissionais. Fica
claro que o orientador educacional executa as tarefas e as coordena, sem
esquecer que ele envolve todos os elementos da escola, a família e a
comunidade na realização das mesmas. Embora o orientador educacional
participe das demais atividades da escola, nessas ele contribui para o bom
desempenho dos profissionais que a coordenam. Suas atribuições dizem
respeito ao Setor de Orientação Educacional, a Orientação Vocacional e
Profissional e ao acompanhamento pós-escolar.
As atribuições do Or. E. são numerosas, complexas e difíceis de ser
delimitadas com precisão. Por este motivo, ele precisa estar consciente de que
tem um plano a executar e de que deve desempenhar suas funções precípuas,
não assumindo tarefas que não sejam de suas competência e / ou alçada.
Para exercer o acompanhamento escolar, o orientador educacional
precisa e deve manter contato com profissionais de outras áreas de saúde
como, dentistas, psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas etc, e fazer o
encaminhamento de alunos que necessitam de atendimentos específicos tendo
em vista a melhoria do desempenho escolar.
Como diz Heller, a discussão é um lugar importante no cotidiano,
enquanto forma coletiva de pensamento. A orientação, junto com outras áreas
dentro da escola, deve propiciar meios para que seja discutida o problemática
da escola, de seus alunos e professores, do currículo e dos objetivos de seu
projeto político – pedagógico. Nós, orientadores, queremos ser participantes de
um espaço, em um determinado tempo histórico, a refletir coletivamente sobre
os problemas da escola; sobre o fracasso escolar – sem vítimas ou culpados.
26Queremos fazer nossa parte, especialmente junto aos alunos e ao
desenvolvimento do processo de aprendizagem, socializando nossa
particularidade, nossa especialidade, mas contribuindo para que o espaço da
escola seja genericamente mais humano.
Princípios Éticos
Para Giacaglia e Pendeado (2003), o trabalho do Or. E. reveste-se de
grande importância, complexidade e responsabilidade e, para que seja
realizado a contento, exige-se muito desse profissional, não só em termos de
formação de atualização constante e de características de personalidade como
também de comportamento ético.
Devido ao caráter interativo da relação do orientador com o orientando,
pela relação de ajuda, tanto o aluno pode expor, espontaneamente, fatos ou
situações de punho pessoal e familiar, como o orientador pode necessitar fazer
indagações sobre a problemática em questão. Os dados coletados não devem
em hipótese alguma ser alvo de comentários com outras pessoas, sejam quais
forem as circunstancias. Essa é uma questão de suma importância para que se
mantenha o vínculo de confiança que precisa ser estabelecido entre ambas as
partes.
Digamos que um professor precise de informações especificas sobre
seus alunos ou sobre determinado aluno que fora encaminhado ao SOE. Neste
caso o orientador educacional, com base nos dados que dispõe, deve elaborar
um resumo e fornecer, na medida em que achar relevante e conveniente, as
informações a serem passadas para o professor (Maranhão, 2007).
O orientador educacional deve ter discrição em sua vida pessoal, em
público, mesmo quando fora do local ou do horário de trabalho,a fim de que
sua imagem seja sempre preservada de comentários desabonadores ou
comprometedores. Na instituição escolar, como um todo, dada a natureza do
processo educativo, é importante que sejam observados princípios éticos e, em
particular na área de Or. E. É imprescindível que tais preceitos sejam
rigorosamente seguidos.
Seguem em anexo um exemplo de plano de ação do Orientador
Educacional.
27
CAPÍTULO III
PESQUISA DE CAMPO
O estudo de campo consiste na observação dos fatos da forma que
ocorrem espontaneamente na coleta de dados e no registro de variações
consideradas significativas para posteriores analises.
Através de observação e comunicação entre a escola e a comunidade,
percebemos as dificuldades que muitos alunos e mesmo professores e
funcionários têm para criar e manter bons relacionamentos. A conseqüência
natural é que percebe-se um índice elevado de agressividade (tanto verbal
como física) e inquietação entre alunos e também na própria comunidade, por
esse motivo tivemos que por em prática o projeto “Indisciplina x disciplina” que
segue em anexo.
Aplicamos 240 questionários para os alunos entre 10 e 16 anos de
diferentes ciclos de estudo. Foi enviada entrevistas para os pais responderem e
os professores também respondem um questionário. Todos os questionários e
entrevistas foram recolhidos, tabulados e em seguida elaborado um projeto de
enfrentamento e desenvolvido em um colégio da rede privada, do DF.
3.1 Projeto Indisciplina X Disciplina
Objetivo Geral:
Desenvolver valores para uma vida sociável equilibrada, e intregar
escola, família e comunidade.
Objetivos Específicos:
Compreender a importância da disciplina para um viver harmonioso e
feliz, dentro do contexto social em que os alunos vivem.
28Demonstrar carinho e respeito aos professores.
Desenvolver nos alunos interesse em ajudar uns aos outros,
contribuindo assim com a disciplina.
Justificativa:
Observando o comportamento dos alunos da escola (em sala de aula,
pátio, recreio e aos arredores da escola), verificamos a necessidade de montar
um projeto de enfrentamento, com a intenção de reverter o que há de negativo
em positivo.
Metodologia
O projeto pode ser desenvolvido da seguinte maneira: será convidado
palestrantes (psicólogo, psicopedagogo e fonoaudiólogo) para falar aos
professores e orientadores, orientando-os a trabalhar com alunos
coletivamente e individual.
O coordenador trabalhará com os familiares dos alunos oferecendo
várias oficinas (pediatria, culinária, nutricionista e psicólogo) e dinâmicas
envolvendo pais, filhos e professores. O orientador educacional desenvolverá o
projeto “Indisciplina x disciplina” com os alunos, tendo momentos de reflexão
sobre amor, carinho, companheirismo, respeito e prestatividade, entre outros.
Cronograma
- Junho
1ª Semana: palestras para os professores
2ª Semana: O orientador trabalhará com os alunos no período matutino e
vespertino e a noite haverá palestra para os pais.
3ª Semana: O orientador trabalhará com os alunos no período matutino e
vespertino.
4ª Semana: Palestras para os pais (oficinas)
29
CONCLUSÃO
Procurou-se com este trabalho o estudo da problemática disciplinar em
sala de aula, em virtude de ser este um dos maiores problemas do professor,
talvez até que seus baixos salários, ou falta de recursos pedagógicos.
Seu primordial objetivo é mostrar ao profissional da educação que toda
falta de disciplina tem uma causa, e a solução está mais na escola e no
professor que no aluno. Fazendo a leitura de várias obras, de autores de
renome, estudiosos do problema (indisciplina), procura-se copilar, mas nestas
obras, não só as causas e efeitos da disciplina na sala de aula – escola, mas
as ações que deverão ser envolvidas pela escola, professor, família e
sociedade, para que a formação do homem como pessoa, profissional e
cidadão, seja atingida e que a escola realmente exerça sua verdadeira função
social.
A escola precisa explicar a sua proposta pedagógica, onde contenha a
sua função social, o seu verdadeiro sentido, já que o homem é um ser
teológico, precisa de objetivos para direcionar suas atitudes, seus esforços.
Como seres humanos, alunos e professores precisam conhecer a proposta
educacional da unidade da qual faz parte, para que possam amá-la como
merece.
É o professor que precisa receber boa formação pedagógica e se
atualizando constantemente; é a escola que precisa ter cara própria; é a família
que precisa se conscientizar de sua importância no sucesso do aluno na
escola; é a sociedade que deve se preocupar com a educação e ser parceira
da instituição escolar, colaborando para que a escola atinja seus objetivos. É
necessário que a escola tenha sabor para o aluno. Que nela o aluno encontre
respostas para seus ideais, que tenha sentido para o educador.
O aluno pode colaborar para a construção da disciplina, através de
uma participação reflexiva e interativa em sala de aula, na aprendizagem; do
30respeito ao professor, aos colegas, aos funcionários, as normas estabelecidas
coletivamente e no material escolar.
O estudo da psicologia revela que o respeito para consigo mesmo, a
formação da cidadania só pode se dar através de exercícios dos direitos e dos
deveres. Todos nós temos direitos e deveres e precisamos cumpri-los.
A verdadeira disciplina, ou seja, a disciplina que desejamos, não pode
ser nenhum dos dois extremos que ocupam a maioria dos professores. Nem
autoritária, nem espontaneista. Precisamos de uma nova disciplina, onde o
objetivo principal seja uma aprendizagem crítica, criativa e duradoura; marcada
pela participação, respeito, responsabilidade, conhecimento e formação do
caráter, tendo como furto principal, o cidadão pleno.
Com o desenvolvimento do projeto de enfrentamento, vimos a
importância da união da escola, dos alunos, dos pais e comunidade. Vimos de
perto o êxito dessa união.
Educandos e educadores (Diretores, Orientadores e Professores) são
agentes ativos no desenvolvimento do processo educacional e faz parte do
mesmo uma disciplina adequada.
É nosso papel o combate à indisciplina, uma de suas tarefas, talvez a
mais importante, deve ser elaboração de um Projeto Político – Pedagógico
coletivo que atenda a diversidade da clientela e que dê aos alunos a
oportunidade de se desenvolverem cognitiva, social e emocionalmente, além
de possibilitar a eles o encontro com seus talentos.
Em todos os eixos destacados, a Orientação deve estar junto,
trabalhando com a escola, com os alunos, para que os objetivos daqueles
diferentes aspectos sejam atendidos. A orientação pode colaborar para uma
melhor compreensão da realidade do jovem e da criança.
Devemos promover através da educação o desenvolvimento harmônico
dos educandos, nos aspectos físicos, intelectuais, sociais e espirituais;
formando assim, seres pensantes e úteis à comunidade, à pátria e a Deus.
31
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Rubem. O Patinho que não aprendeu a voar. S. P., Paulinas, 1987.
D’ANTOLA, Arlete. Disciplina nas escolas: Autoridades Versus
Autoritarismo. São Paulo: EPU, 1989.
DRUNCKET, Peter. A Arte de Administrar total, 1975.
ESTRELA, M. T. Autorité et disicipline à l—école. Paris: ESF, 1994.
FOULQUIÉ, Paul. Dicionário da Língua Pedagógica. Lisboa, Livros,
Horizonte, 1971.
FRANCO, Luis A.C. A disciplina na Escola. In problemas de Educação
Escolar. São Paulo, CENAFOR, 1986.
FREIRE, Paulo. Diálogo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 7ª edição. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1981.
GUIMARÃES, Áurea Maria, Vigilândia, Punição e Depredação Escolar. 2ª
edição. S. P.: Papirus, 1988.
GRANSCI, A. Os Intelectuais e a organização da cultura, 4ª edição, Rio de
Janeiro. Civilização Brasileira, 1982.
HELLER, Agnes. Sociologia de La vida cotidiana. Barcelona: Península,
1977.
ILLICH, Ivan. Sociedade sem Escola, 1973.
JESUS, Saul. N. Como prevenir e resolver o stress dos professores e a
indisciplina dos alunos? Portugal: cadernos da CRIAP, 1999.
MARANHÃO, Diva Nereida M. M. Fundamentos de Orientação Educacional
– módulo VI – Projeto “A Vez do Mestre”.
OLIVEIRA, Maria Izete de. Indisciplina escolar: determinantes,
conseqüências e ações – Brasília: Líder Livro Editora, 2005.
ROSEMBERG, L. Disciplina e Democracia (S.d)
SANTOS, Jair F. dos. O que é pós-moderno? 17 Ed. São Paulo: Brasiliense,
2001.
32SILVIA Parrat – Dayan. Trad. Silvia Beatriz Adone e Augusto Juncal – Coma
Enfrenta a indisciplina na escola / São Paulo: Contexto, 2008.
UNGLAUB, Eliel. A prática da Pedagogia adventista em sala de aula-
tornando a teoria uma realidade eficaz no ambiente escolar. São Paulo. Ed.
Paradigma, 2005.
WHITE, Ellen Golden. Educação. 6ª edição SP: Casa Publicadora Brasileira,
1996.
WHITE, Ellen Golden. Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes. Casa
Publicadora Brasileira – S.P. 7ª edição. 2000.
VASCONCELOS, Celso dos Santos. Disciplina: Construção da Disciplina
Consciente e Interativa em Sala de Aula. 7ª Edição. São Paulo: Libertad,
1995.
VASCONCELOS, Celso dos Santos. Subsídios Metodológicos para uma
Educação Libertadora na Escola. SP. Libertad, 1989.
VINHA, Telma Pileggi. O Educador e a Moralidade Infantil: Uma visão
construtiva. 1ª edição. Campinas – SP: FAPESP – Mercado de Letras, 2001.
33
ANEXOS