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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE DISCIPLINA REFLEXIVA IRACILDA MARINHO CAVALCANTE ORIENTADOR(A): PROF.: FABIANE MUNIZ DA SILVA BRASÍLIA-DF OUTURBO/2008

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Page 1: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESuniversidade cÂndido mendes prÓ-reitoria de planejamento e desenvolvimento diretoria de projetos especiais instituto a vez do mestre disciplina reflexiva

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DISCIPLINA REFLEXIVA

IRACILDA MARINHO CAVALCANTE

ORIENTADOR(A): PROF.: FABIANE MUNIZ DA SILVA

BRASÍLIA-DF

OUTURBO/2008

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DISCIPLINA REFLEXIVA

IRACILDA MARINHO CAVALCANTE

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial para a obtenção do Grau de

Especialista em Orientação Educacional.

BRASÍLIA-DF

OUTURBO/2008

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AGRADECIMENTOS

Durante a produção desta monografia, várias pessoas, de grande

estima para mim, colaboraram para que ela pudesse chegar a esta fase. Creio

que, sem elas, eu poderia ter desistido.

Primeiramente, agradeço a Deus, pela oportunidade de vivenciar fatos

e, destes, adquirir conhecimento para desenvolver esta monografia.

Sou profundamente grata a minha família, pelo amor, esforço, incentivo

e ânimo que me proporcionaram; aos colegas de trabalho pelo apoio em todos

os momentos difíceis e aos coordenadores do curso de pós-graduação “Lato

Sensu” (A vez do mestre), pelo inventivo, carinho e atenção constantemente.

Sou grata também aos autores a quem não conheço pessoalmente,

mas cujas obras foram maravilhosas fontes de pesquisa.

Finalmente, agradeço especialmente a minha professora orientadora,

Fabiane Muniz da Silva, pelo estímulo e incentivo aos compromissos

acadêmicos.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa obra ao poderoso Deus, a

minha família e as minhas queridas

colegas de trabalho (profissão).

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RESUMO

O presente estudo tem como objetivo expor os problemas que

envolvem a indisciplina em sala de aula, na escola. Analisa também a

importância da implantação de um projeto político-pedagógico compartilhado.

O fato é que a indisciplina que normalmente preocupa o professor é a ativa e

esta objetivamente parece ter aumentado. Nesse contexto, mediante a

pesquisa bibliográfica, o trabalho faz uma abordagem acerca das causas, das

conseqüências e de como mediar esse problema.

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METODOLOGIA

Esse trabalho monográfico foi feito, principalmente, através de

pesquisa bibliográfica e uma pequena parte de pesquisa de campo

(entrevistas, questionários e estudo de caso).

A pesquisa bibliográfica investiga o problema a partir do referencial

teórico existente nas fontes de pesquisa. Para cervo, na área das ciências

humanas.

De acordo com João Álvaro (1990), bibliografia é o conjunto das

produções escritas para esclarecer as fontes, para divulgá-las, para refutá-las

ou para estabelecê-las; é toda a literatura originária de determinada fonte ou a

respeito de determinado assunto.

A pesquisa bibliográfica tem como importância o levantamento das

contribuições científicas e culturais existentes sobre certo tema assim, oferece

meios para definir, resolver problemas conhecidos ou, até mesmo, explorar

novas áreas de conhecimento.

Consultamos grandes autores como, Paulo Freire, Celso Vasconcelos,

Rubem Alves, Druket, Luis Franco e outros autores, preocupados com a

situação da educação no país, os quais vem analisando com profundidade os

mais variados problemas que afetam de uma maneira ou de outra o sucesso do

aluno na escola, e que além de um estudo detalhado das causas, procuram

apontar meios de como resolvê-las.

E os instrumentos utilizados para a realização da pesquisa de campo

foram entrevistas para os pais, palestra para os professores e questionários

para os alunos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

DISCIPLINA NA ESCOLA (SALA DE AULA) 9

1.1 Disciplina – Conceito 9

1.2 Tipos de Disciplina 10

1.3 As Causas da Indisciplina 12

1.3.1 A sociedade como causa da indisciplina 12

1.3.2 A escola como causa da indisciplina 13

1.3.3 O professor como causa da indisciplina 14

1.3.4 O aluno como causa de indisciplina 15

1.4 A Disciplina em Classe 16

CAPÍTULO II

A CONSTRUÇÃO DA DISCIPLINA NA SALA DE AULA 18

2.1 Formas de Mediação 19

2.2 A Visão de Indisciplina por Parte do Professor 20

2.3 A Visão de Indisciplina Por Parte da Escola 21

2.4 A Visão de Indisciplina por Parte dos Alunos 22

2.5 A Visão de (In) Disciplina por Parte da Família 22

2.6 O Orientador Educacional 23

CAPÍTULO III

PESQUISA DE CAMPO 27

3.1 Projeto Indisciplina X Disciplina 27

CONCLUSÃO 29

BIBLIOGRAFIA 31

ANEXOS 33

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INTRODUÇÃO

Essa monografia tem como objetivo analisar o problema da disciplina

na sala de aula e na escola, aprofundando-se nas causas e na busca de

soluções para este mal, que também tem contribuído para o baixo rendimento

escolar, deixando professores perplexos e angustiados.

Para a realização deste trabalho consultamos grandes autores como

Paulo Freire, Dermival Daviani, Celso Vasconcelos, Ellen White, Maria Áuria

Guimarães entre outros autores, preocupados com a situação da educação no

país, os quais vieram analisando com profundidade os mais variados

problemas que afetam o sucesso do educando na escola (sala de aula), e que

além de um estudo cuidadoso das causas, procuram apontar meios de como

resolver os angustiantes problemas que levam a indisciplina. E de uma

pesquisa de campo que foi realizada em um colégio do DF, onde questionários

foram distribuídos para os alunos, para os pais e para os professores.

Também serviram para concretização dessa monografia, a vivência do

dia-a-dia de sala de aula.

O contato com os alunos, a família, meus colegas e através de uma

pesquisa de campo feita na escola (onde trabalho). Tanto a parte teórica como

a prática serviu sobre tudo no aspecto de “como se construir a disciplina que

queremos”, “a disciplina que ensina a criança a refletir e ter o governo de si

mesma”.

A maior necessidade do mundo é a de homens-homens que se não

cumprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e

honestos; homens que não temam chamar o erro pelo seu nome exato;

homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola é ao pólo,

homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.

Ellen (Educação, 1858, p.57).

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8E se consegue isso colocando Deus em primeiro lugar em nossa vida,

e buscando conscientizar a comunidade educativa em torno de um novo

sentido da disciplina. E deve-se fazer a partir da realidade, refletir sobre ela de

forma a despertar o desejo, a vontade política, o compromisso de se construir

algo diferente, buscar junto o que se quer e colocar em prática; voltar a sentar

em conjunto e refletir sobre a prática outra vez.

Verificou-se que o comportamento apresentado pelo aluno (não é

aquele que o professor deseja), é uma conseqüência de causas que estão na

escola, no professor, na família, na sociedade e em pequena proporção no

aluno.

Pretende-se com esse trabalho oferecer ao educador e principalmente

ao orientador educacional um estudo detalhado dos fatores que contribuem

para a indisciplina na escola, mostrando também como conseguir um

comportamento ideal para o aluno, sem usar a força ou ameaças. É necessário

que o orientador compreenda sua verdadeira missão para atingir um trabalho

educativo satisfatório, visto que ele orientador educacional é o personagem

principal na tarefa de orientar, o indicador do processo, o incentivador do aluno,

e o conscientizador da família. Por isso é necessário que o orientador saiba

conduzir o processo de construção da disciplina ideal, envolvendo o aluno, a

escola, a família e sociedade tendo em vista ser um trabalho coletivo. Só assim

colheremos bons frutos.

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CAPÍTULO I

DISCIPLINA NA ESCOLA (SALA DE AULA)

1.1 Disciplina – Conceito

A forma tradicional de perceber a disciplina é vê como forma de manter

a ordem, não há permissão para conflitos e questionamento. Ela é percebida

como caos e desordem.

Segundo Guimarães (1988, p. 28), as disciplinas são métodos que

permitem o controle das operações do corpo, que realizam a sujeição

constante de suas forças e lhes impõe uma reação de docilidade.

O aluno é um ser em pleno período evolutivo e as normas de conduta

têm importância fundamental nesse processo de transformação gradual e

“progressiva” para a conduta desejável.

Segundo Gramsci (1982, p.136), a disciplina não deve ter fim em si

mesma; deve estar relacionada aos objetivos maiores da escola, que deve

formar o aluno “... como pessoa capaz de pensar, de estudar, de dirigir ou de

controlar quem dirige”.

Segundo Franco (1986, p.40), a disciplina significa a capacidade de

comandar a si mesmo, de se impor aos caprichos individuais, às veleidades

desordenadas, significa, enfim, uma regra de vida. Além disso, significa a

consciência da necessidade livremente aceita, na medida em que é

reconhecida como necessária para que um organismo social qualquer atinja o

fim proposto.

Para a maioria dos educadores a disciplina é entendida como a

adequação do comportamento do aluno da forma que o professor deseja, ou

uma submissão do aluno as normas da escola.

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10No sentido mais geral, a disciplina aparece como um conjunto de

regras e obrigações de um determinado grupo social e que vem

acompanhando de sanções nos casos em que as regras e/ou obrigações forem

desrespeitadas. Um dicionário atualizado de educação diz que a disciplina é

um conjunto de regras de conduta, estabelecidas para manter a ordem e o

desenvolvimento normal de atividades em uma aula ou num estabelecimento

escolar. (Parrat-Doyan, 2008, p.20).

Segundo Freire, em seu diálogo com educadores sobre esse tema,

disse que “toda disciplina envolve autodisciplina. O sujeito da disciplina tem de

se disciplinar. (...) a indisciplina é a licenciosidade, é o fazer o que quero, por

que quero. A disciplina é o fazer o que posso, o que deve e o que preciso

fazer”. (In: D’Antola, 1989).

1.2 Tipos de Disciplina

Se analisarmos o comportamento de dois alunos, podemos observar

que ambos podem se comportar da mesma maneira. Todavia a atividade

disciplinar pode ser bem diversa, isto porque a verdadeira medida da disciplina

é por dentro e não por fora. Estamos acostumados a ajuizar a disciplina por

fora, não tomando conhecimento da atitude interior do aluno. Daí podemos

dizer que há quatro tipos de disciplina, a exterior; a interior; a passiva e a ativa.

A disciplina exterior é a que se obtém pelo uso da força, isto é, pelo

emprego da violência e ameaças. É comum neste caso, notar que classes

quietas sob coação “pegam fogo” quando há ausência do professor.

A disciplina interior é a que resulta da modificação do comportamento,

da compreensão e consciência do que tem a fazer. Este tipo de disciplina é

fruto de um trabalho de orientação e respeito pelo aluno. Esta reflete um

comportamento que é o mesmo, perto ou longe do professor, porque é fruto

dos bons hábitos.

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11A disciplina passiva é a forma de apreciar a disciplina com relação ao

barulho da sala. Para muitos o barulho é sinal de indisciplina. Nada nos

garante, no entanto, que a sala em silêncio esteja realmente disciplinada. É

possível que o aluno em silêncio esteja realizando atos com a imaginação,

esperando só o professor sair.

“Não é disciplinando um indivíduo que alguém torna artificialmente

silencioso e imóvel como um paralítico. É um indívíduo aniquilado, não

disciplinado”. (Fouquié, 1971, p.122).

A disciplina ativa é a forma de apreciar a disciplina, não tanto pelo

barulho, mas pelo trabalho realizado, pelo interesse e pela integração nos

trabalhos escolares. É possível que em uma aula muito dinâmica onde os

alunos e professor se integrem com entusiasmo, não haja muito silêncio, mas

não se pode dizer que não haja disciplina.

O problema da disciplina na escola não é novo. Nérice, já em 1969, se

preocupava com esta questão e mencionava a “falência da disciplina”. A

indisciplina continua cada vez mais presente na vida da escola e os

educadores não sabem como lidar com ela. Este problema apresenta-se em

toda rede educacional e não é específica de uma determinada classe social.

Além da indisciplina causar danos ao professor e ao processo ensino-

aprendizagem, o aluno também é prejudicado pelo seu próprio comportamento.

Para a historiadora e filósofa M.T Estrela, os atos de indisciplina podem

ser agrupado em três categorias: O primeiro tipo de indisciplina caracteriza-se

pela intenção de escapar do trabalho escolar considerado fastidioso, pífio,

desinteressante ou muito difícil. A segunda forma de indisciplina tem como

objetivo a obstrução. A indisciplina tende a impedir parcial ou totalmente o

normal desenvolvimento da matéria dada pelo professor finalmente, a terceira

modalidade da indisciplina é um protesto contra as regras e as formas de

trabalho. Trata-se aqui de denunciar um contrato implícito que funciona na aula

sem que a opinião dos alunos tenha sido levada em conta. Através da

indisciplina, pretende-se renegociar as regras.

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1.3 As Causas da Indisciplina

Analisando a fundo o problema, vamos encontrar inúmeras causas da

manifestação da indisciplina na escola – sala de aula.

O mais lastimável é constatar que os alunos são mais vítimas do que

responsáveis. A razão de agirem desta maneira deve-se a sociedade, a escola,

ao professor e a família.

1.3.1 A sociedade como causa da indisciplina

Tomando como parâmetro os últimos quarenta anos, percebe-se na

sociedade brasileira, mudanças profundas. Deixou de ser uma sociedade

predominantemente rural e torna-se urbana, havendo um crescente processo

de industrialização e uma acelerada expansão de telecomunicações.

O imediatismo que domina o homem de nossos dias tem sua influência

maléfica no espírito do adolescente. É a busca da fortuna e do sucesso rápido

para gozar a vida, através de métodos ilícitos. São os escândalos que se

sucedem nas altas esferas administrativas. É o que se chama de crise ética.

A sociedade está a todo instante, a oferecer estímulos negativos, tanto

na família e consequentemente o jovem, que sem condição de acompanhar

este progresso, isto por questões financeiras, criam dentro de si um estado de

revolta, desobediência, gerando atos de indisciplina na própria comunidade e

na escola. Segundo Freire (1975, p.30), não é a educação que forma a

sociedade de uma determinada maneira, senão esta, tendo se formado a si

mesma, de certa forma estabelece a educação que deseja.

A sociedade e a mídia predominam na formação da personalidade.

A massa pós-moderna não tem ilusões; sabe que trabalhará sempre

para um sistema capitalista. Por isso ela não crê no valor moral do trabalho

nem vê na profissão a única via para a autorização.

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13As religiões tradicionais perdem espaço para pequenas seitas, os

indivíduos procuram credos menos coletivos e mais personalizados

(meditações, yoga, budismo, esoterismo, astrologia). O homem pós-moderno

não é religioso, interessa mais um ego sem fronteiras do que uma consciência

vigilante.

Neste contexto, a sensação é de irrealidade, com vazio e confusão. Só

se fala em desencanto, desordem, descrença, deserto. É como se a lógica e a

imaginação humana falhassem ao representar a realidade, e alguma coisa

estivesse se escravizando, zerando (Santos, 1997).

Assim, é importante que o Orientador Educacional, em sua prática

pedagógica, assuma uma posição de ajudar ao professor e ao aluno a

encontrar soluções para alcançar a disciplina desejada.

1.3.2 A escola como causa da indisciplina

Algumas imposições colocadas pelo sistema escolar são do

conhecimento comum: turmas numerosas, escolas superlotadas, falta de

material didático, sistema de avaliação do rendimento dos alunos, trabalhos

burocráticos excessivos, remuneração insatisfatória, dentre outros. Há também,

fatores de estrutura física da escola como: edifícios impróprios e degradados,

sala de aula apertada com pouca ventilação e iluminação, sala que sofre

interferência do barulho de fora, que com certeza irão interferir negativamente

no comportamento dos alunos.

Além destes entraves no trabalho do professor, a escola tem uma

prática rotineira desmotivante; funciona com uma organização de horários

rígidos, atividades que se repetem dia após dia e é apoiada em lideranças

muitas vezes, autoritárias.

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141.3.3 O professor como causa da indisciplina

Normalmente, o professor se preocupa em demasia com as exigências

em relação ao aluno, mas esquece de se preocupar com suas atividades, que

talvez seja um dos fatores mais sérios de indisciplina em sala de aula.

Segundo Rosemberg (1986, p.50), a criança indisciplinada está

tentando dizer alguma coisa para o professor. É preciso ouvir e compreender a

mensagem que se esconde por trás do comportamento manifesto como

indisciplina. Muitas vezes a indisciplina é gerada pelo professor por falta de

planejamento, dosagem da matéria, incoerência de atitudes (ora pode, ora não

pode), substituições freqüentes, promessas não cumpridas, falta de entusiasmo

e outros.

Segundo Freire (1997), ressalta que a resistência do professor em

respeitar a “leitura do mundo” com que o educando chega à escola,

obviamente condicionada por sua cultura de classe e revelada em sua

linguagem se constitui em um obstáculo ao conhecimento. Ou seja, além de

todo o conflito que a diferença social e cultural causa na relação professor –

aluno, ainda tem o agravante de dificultar o aprendizado, já que na tarefa de

ensinar, o professor não parte da realidade concreta dos educandos e da

experiência de vida deles.

Os profissionais da educação não podem se esquecer de que o aluno

não é um “vazio”, ele tem hábitos e atitudes que, por terem sido apreendidos

no seu meio social e familiar, são aceitos por estes. Esse comportamento

natural do aluno às vezes é considerado, como agressivo, grosseiro, rebelde,

ou sem modos. O professor ignora a realidade do aluno.

Alguns professores, por buscarem algo novo, não tem ainda a firmeza

necessária e os alunos podem se aproveitar desta insegurança. Quando o

professor não tem convicção daquilo que está propondo e o problema começa

se manifestar, passa não exigir tanto, não estabelece claramente limites e

critérios; conseqüentemente, vão se acumulando as dificuldades, podendo

chegar ao ponto de uma confusão generalizada na classe.

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15Segundo Vasconcelos, há necessidade de um esforço para o

“mergulho” na realidade: “bem, agora estou aqui nesta classe, com estes

alunos, então vou me dedicar totalmente a este trabalho, para fazer o melhor

possível com “eles”.

Assim também como os professores, muitas vezes, não sabem como

lidar com a indisciplina dos alunos, também, não têm clareza, na relação com

eles, de quando termina sua autoridade e começa o autoritarismo. Este

assunto estritamente ligado à indisciplina, merece atenção especial por parte

dos orientadores e pesquisadores da área, uma vez que paira sobre os

professores grandes dúvidas sobre a questão indagações como: quem deve

estabelecer as normas de disciplina na escola e como colocar limites ao

comportamento do aluno? Ainda não encontraram uma formulação teórica

suficientemente explicita e nem o caminho de sua solução através da prática

na sala de aula.

1.3.4 O aluno como causa de indisciplina

Não há dúvida de que uma série de indisciplina tem origem no próprio

aluno. Podem ser causas de origem biológica, social ou psicológica. Como

causa biológica temos a desnutrição, verminose, esgotamento físico que deixa

o aluno inquieto.

Às vezes defeitos físicos de que são portadores, os alunos, constituem

a causa de perturbação no comportamento.

Uma outra causa da indisciplina do aluno está ligada à natureza social.

Muitas vezes o número social da família é baixo com condições precárias, o

que gera conflitos entre o aluno e a escola.

Segundo Jesus (1999), as crianças que vêem muitos programas na TV.

As emissoras de TV, por meio de sua programação inescrupulosa, que tem

como único objetivo aumentar seu ibope, incentiva a rebeldia, o sexo e a

violência. “a violência é transmitida às crianças através dos desenhos

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16animados, aos jovens através dos filmes e aos adultos através dos noticiários,

levando a uma banalização da violência e da agressividade, sendo a

indisciplina na sala de aula uma das manifestações desta situação”.

Há também o caso de comportamento característica de distúrbio de

atenção, por exemplo, aquele em que a criança apresenta atitudes de

hiperatividade que prejudicam a sua capacidade de concentração e atenção.

Crianças e adolescentes que apresentam problemas viáveis, auditivos,

rebaixamento mental, etc, também podem revelar dificuldades na sua

capacidade de concentração e atenção.

Segundo Izete (2005), outro fator a ser considerado é que boa parte de

nossas crianças apresenta uma carência afetiva muito grande, já que não

puderam contar com os pais para lhes dar carinho nem tampouco lhe ouvir. É

claro que também observamos nas escolas situação oposta a esta: o excesso

de mimos e permissividade por parte dos pais / responsáveis que acarreta em

indisciplina.

1.4 A Disciplina em Classe

“Esta turma é impossível! Eu não consigo dar uma aula em sossego.

Como é que vocês vão aprender assim?”

“Comportar-se” é algo que precisa ser aprendido tanto quanto o

programa de geografia ou matemática. Saber respeitar as necessidades de um

grupo, aprender a não prejudicar uma dinâmica social não é importante apenas

para que o professor possa dar sua aula em paz. É conquistar a cidadania.

Segundo Vasconcellos (1995, p.28), a verdade, porém está no fato de

que a ação educacional, a relação professor-aluno, é algo construído e

reconstruído continuamente.

Se essa é nossa missão, devemos nos desincumbir dela a contento.

Existem muitos problemas que levam os alunos a serem indisciplinados, entre

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17eles, podemos citar o: aluno hiperativo, o disperso, o distraído, o conversador,

o polemizador, o apático, o que não faz as tarefas entre outros.

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18

CAPÍTULO II

A CONSTRUÇÃO DA DISCIPLINA NA SALA DE AULA

A construção do relacionamento humano é fundamental para o

processo educativo. Os próprios alunos percebem que uma sala unida, onde

há calor humano, respeito, aceitação, é motivo de “dar gosto vir para a escola”,

ajudando, inclusive, cada um a lidar com seus “defeitos”, com seus limites.

Precisamos saber o que queremos e o que almejamos em torno de

disciplina. Queremos construir uma nova disciplina “que deixa de ser a

expressão das relações sociais alienadas”. Basicamente, podemos dizer que

nosso objetivo é conseguir as necessárias condições para o trabalho coletivo

em sala de aula, onde haja o desenvolvimento da autonomia e da

solidariedade, ou seja, as condições para a aprendizagem significativa, criativa

e duradora. Não queremos a disciplina formal da educação tradicional; mas

também não queremos a disciplina espontaneísta da educação moderna.

Buscamos uma disciplina consciente, reflexiva e ativa marcada pelo: respeito,

responsabilidade, participação, interação, reflexão, construção do

conhecimento, formação do caráter e da cidadania.

Comumente, a instituição escolar, entendida como o conjunto de

educadores que nela atuam, tendo como parâmetro os seus próprios princípios

e valores, adota normas que devem ser cumpridas pelos alunos, determinando

um padrão de comportamento aceitável pela instituição. Mas, se a escola

espera que as crianças cumpram essas normas rígidas e incontestáveis está

se enganando. Dificilmente a criança vai se adequar àquilo que a escola

espera dela.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação

Infantil (Recnei) é preciso ajudar nossos alunos a fazer a passagem da

heteronomia – que significa pessoas ou grupos que aceitam prontas as regras

de conduta sem discussão, sem procurar entender as razões, os critérios, os

princípios, as referências que as justificam – para a autonomia, entendida como

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19a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si próprio levando em conta

regras, valores, sua perspectiva pessoal bem como a perspectiva do outro. O

Recnei preconiza que desenvolver a autonomia, já na faixa etária da educação

infantil, é mais do que um objetivo a ser alcançado, deve ser um princípio das

ações educativas.

O Orientador Educacional juntamente com professores e alunos devem

elaborar juntos as regras da escola. Assim eles sentirão a responsabilidade de

fazerem com que as regras que eles próprios ajudaram a formular, sejam

obedecidas.

Segundo White (1997), as regas devem ser poucas e bem

consideradas; e uma vez feitas, cumpre que sejam executadas.

2.1 Formas de Mediação

Finalmente chegamos à grande questão: o que fazer? Como enfrentar

o problema?

Nossas energias são limitadas; temos que ter uma visão correta do

problema para não desperdiçar esforços. Adianta investirmos nossas energias

numa ação mesmo sabendo que ela não é a mais decisiva?

Há o risco de cairmos no jogo do “empurra-empurra”; os professores

dizem que os responsáveis pela disciplina em sala de aula são os pais, que

culpam o sistema, etc., assim, por exemplo, diz-se que o professor é vítima de

uma “engrenagem maior”, o que é verdade; não se pode deixar de considerar

que o aluno, no entanto, tem sido a maior vítima dessa situação toda: de um

lado, vítima da “engrenagem maior”, que tem achatado os salários de seus

pais, de outro lado, vítima de sua “engrenagem menor” ou seja, a escola

(Franco, pág.32).

“Propusemos organizar o próprio sistema de disciplina, envolvendo os

pais e os alunos. Não adianta a escola desenvolver todo um trabalho, se não

tiver ressonância e continuidade na família. (...) A disciplina na escola tem que

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20ser construída por todos os elementos envolvidos, senão não vai dá frutos

positivos” (D’Antola, p. 09).

2.2 A Visão de Indisciplina por Parte do Professor

Diante do problema da indisciplina, basicamente, nos parece, existem

duas grandes alternativas para o professor: a primeira se admitir da luta e ou

enfrentar o combate. Percebe-se hoje uma necessidade básica do professor,

assumir sua realidade, seu trabalho. Encontramos professores que estão na

sala de aula, mas numa ilusória situação de “transição”. Estou aqui, mas por

pouco tempo; logo mais vou para uma situação melhor. Pensando assim, não

se comprometem, não se envolvem, passam a vida justificando seus fracassos

em cima de responsabilidades de outros.

A questão é a seguinte: o professor que quer ser efetivamente

professor tem que trabalhar com a realidade que tem em sala de aula; não

adianta ficar se lamuriando, jogando a culpa aqui e acolá. O professor tem que

ser sujeito da história pedagógica de sua classe e de sua escola; não pode

ficar sonhando com alunos ideais, diferentes. Só se pode transformar a

realidade a partir do momento que se assume a existência.

Segundo White (1996, p. 239), os professores devem prender os

alunos ao próprio coração por laços de amor, bondade e estrita disciplina. “A

criança indisciplinada está tentando dizer alguma coisa para o professor. É

preciso saber ouvir e compreender a mensagem que se esconde por trás do

comportamento manifesto como indisciplina. (Franco, pág. 50)”.

Se o professor souber ouvir o aluno sobre suas dificuldades, pessoais

ou escolares, já favorecerá em muito o relacionamento e o clima de sala de

aula. Se conseguirem diagnosticar os distúrbios e assumir uma postura de

comprometimento para ajudar no encaminhamento dessas crianças, estarão

não só ajudando a criança como também poderão evitar que o comportamento

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21destas culmine em indisciplina influenciando negativamente no comportamento

dos colegas.

Segundo Unglaub (2005), o aluno não só percebe e responde a certo

estimulo, mas também adquire uma crença e um valor sobre o mesmo. Isto faz

com que seu comportamento se torne estável ao fenômeno em pauta. A

consciência do individuo se desenvolve em controle ativo do comportamento. O

aluno age, não por desejo de aquiescer ou obedecer, mas porque se sente

engajado ou comprometido com o valor que inspira o comportamento.

2.3 A Visão de Indisciplina Por Parte da Escola

A escola, enquanto equipe, pode colaborar para a construção da

disciplina através de práticas concretas do tipo: Explicitar a proposta

educacional (Projeto Educacional) assumida pela escola. Para se alcançar à

disciplina é fundamental que se tenha um horizonte buscando juntos, objetivos

comuns.

Segundo (Franco, p. 25), só se alcança à disciplina através do trabalho

conseqüente do coletivo da escola, de uma escola onde o aluno se sinta feliz e

co-responsável pelo êxito escolar.

Na proposta da escola, deve ser levado em conta a necessidade de

atividades para o educando. A criança, em fase de crescimento e

desenvolvimento precisa de movimento. Na medida em que as aulas são mais

participativas com diálogo, dramatização, trabalho em grupo, pesquisa em sala

ou na biblioteca ou no laboratório de informática; há uma maior probabilidade

da criança (aluno) se sentir bem. Portanto, a escola deve investir em material

pedagógico, sala ambiente e principalmente, na formação do professor, para

que possa ter métodos de trabalho mais apropriado. O professor deve se sentir

respeitado, apoiado pela escola; investir também no trabalho de formação e

conscientização dos pais.

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22

2.4 A Visão de Indisciplina por Parte dos Alunos

O aluno hoje já não se desenvolve muito respeito pelo mais velho, pelo

professor, pelos pais; tanto em casa, quanto na sala de aula, como na

sociedade em geral, passa-se a idéia de que ele é o “centro” das atenções; o

aluno já não valoriza a escola, já não tem limites colocados pela família.

Um dos problemas de base da sala de aula é o individualismo.

Ninguém quer ceder um pouco de seu espaço. Não há amizade, não há amor

real.

O aluno participa de toda uma sociedade organizada na base de uma

ideologia individualista, consumista e imediatista.

O aluno pode contribuir para a construção da disciplina: respeitando os

colegas, os professores, os funcionários e os pais; sabendo trabalhar com

limites; respeitando as regras estabelecidas, entendendo que a formação da

cidadania só pode se dá num contexto de exercício de direitos e deveres.

Enfim participando na elaboração das normas.

2.5 A Visão de (In) Disciplina por Parte da Família

A família pode ajudar a disciplina na escola através de algumas

práticas, como por exemplo: Re-adquirir a prática do diálogo; ajudar os filhos a

terem uma “postura crítica” diante dos meios de comunicação (consumismo,

contra-valores, exploração da sexualidade, mentiras do sistema, etc.); ajudar

os filhos a pensarem sobre o “sentido da vida”: viver para quê? Para ser

“esperto”? Para ser rico, etc.; não acobertar os erros dos filhos, mas

argumentar até chegar a uma conclusão satisfatória; acreditar nas

possibilidades do filho. Quando ele comete um erro, lembrar Santo Agostinho:

“Odeie o erro, mas ame o pecador”. Valorizar a escola e o estudo; superar a

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23visão da escola como “mal necessário” para a ascensão social não sufocando

a curiosidade da criança, estimular o gosto pelo conhecimento.

Acompanhar sempre a vida escolar e não apenas quando o filho tem

“nota vermelha”. Ainda existem pais que diante dos resultados não satisfatórias

na escola, ameaçam ou chegam mesmo a espancar fortemente os filhos,

criando assim uma barreira entre eles e a escola. Se o aluno está indo mal

temos que ver qual a causa, para ajudá-lo.

Na argumentação com a criança/jovem apegar-se ao fator “principal” e

jogar perguntas pra eles e deixar que os mesmos respondam, só assim

induzimos eles (filhos) a refletir e procurar fazer o que é correto.

2.6 O Orientador Educacional

Atribuições do Orientador Educacional conforme a Lei nº 5564 de

21/12/1968, regulamentado pelo dec. 72846 de 26/09/1973 os artigos 8º e 9º,

definem mais especialmente, em âmbito nacional, as atribuições do Orientador

Educacional. Esses dois artigos são transcritos assim:

Artigo 8.°— São atribuições privativas do Orientador Educacional:

a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de

Orientação Educacional em nível de:

1 - Escola

2 - Comunidade.

b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de

Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Estadual,

Municipal e Autárquico; das Sociedades de Economia Mista, Empresas

Estatais, Paraestatais e Privadas.

c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-a no

processo educativo global.

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24d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades

do educando.

e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional com vistas à

orientação vocacional.

f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao

conhecimento global do educando.

g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a

outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial

h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar.

i) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional,

satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino.

j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional.

k) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional.

Artigo 9.° — Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atri-

buições:

a) Participar no processo de identificação das características básicas da

comunidade;

b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar;

c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;

d) Participar na composição, caracterização e acompanhamento de turmas e

grupos;

e) Participando processo de avaliação e recuperação dos alunos;

f) Participar no processo de encaminhamento dos alunos estagiários;

g) Participar no processo de integração escola-família-comunidade;

h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.

Segundo Giacaglia e Penteado, convém registrar um alerta para que o

SOE não se transforme em refúgio de alunos que cabulam aula ou são tirados

da classe por problemas com os professores, como indisciplina e falta de

tarefas ou de material. O Or. E. não deverá substituir professores que

eventualmente faltem, isso pode comprometer a sua imagem.

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25No que se refere à sua atuação em problema da indisciplina na escola,

cabe lembrar que a mesma deve ser antes preventiva que remediativa. Deve

ficar claro que o Or. E. não é um aplicador de sanções ou punições. Ele deve,

sim, colaborar com a disciplina da escola, analisando juntamente com a equipe

os problemas surgidos, sugerindo soluções cabíveis.

O orientador educacional precisa conhecer a realidade escolar

brasileira, para que possa identificar a importância do papel do orientador

educacional. Precisa dominar os fundamentos teóricos da ação e conhecer a

parte pratica correspondente ao exercício de suas atividades profissionais. Fica

claro que o orientador educacional executa as tarefas e as coordena, sem

esquecer que ele envolve todos os elementos da escola, a família e a

comunidade na realização das mesmas. Embora o orientador educacional

participe das demais atividades da escola, nessas ele contribui para o bom

desempenho dos profissionais que a coordenam. Suas atribuições dizem

respeito ao Setor de Orientação Educacional, a Orientação Vocacional e

Profissional e ao acompanhamento pós-escolar.

As atribuições do Or. E. são numerosas, complexas e difíceis de ser

delimitadas com precisão. Por este motivo, ele precisa estar consciente de que

tem um plano a executar e de que deve desempenhar suas funções precípuas,

não assumindo tarefas que não sejam de suas competência e / ou alçada.

Para exercer o acompanhamento escolar, o orientador educacional

precisa e deve manter contato com profissionais de outras áreas de saúde

como, dentistas, psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas etc, e fazer o

encaminhamento de alunos que necessitam de atendimentos específicos tendo

em vista a melhoria do desempenho escolar.

Como diz Heller, a discussão é um lugar importante no cotidiano,

enquanto forma coletiva de pensamento. A orientação, junto com outras áreas

dentro da escola, deve propiciar meios para que seja discutida o problemática

da escola, de seus alunos e professores, do currículo e dos objetivos de seu

projeto político – pedagógico. Nós, orientadores, queremos ser participantes de

um espaço, em um determinado tempo histórico, a refletir coletivamente sobre

os problemas da escola; sobre o fracasso escolar – sem vítimas ou culpados.

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26Queremos fazer nossa parte, especialmente junto aos alunos e ao

desenvolvimento do processo de aprendizagem, socializando nossa

particularidade, nossa especialidade, mas contribuindo para que o espaço da

escola seja genericamente mais humano.

Princípios Éticos

Para Giacaglia e Pendeado (2003), o trabalho do Or. E. reveste-se de

grande importância, complexidade e responsabilidade e, para que seja

realizado a contento, exige-se muito desse profissional, não só em termos de

formação de atualização constante e de características de personalidade como

também de comportamento ético.

Devido ao caráter interativo da relação do orientador com o orientando,

pela relação de ajuda, tanto o aluno pode expor, espontaneamente, fatos ou

situações de punho pessoal e familiar, como o orientador pode necessitar fazer

indagações sobre a problemática em questão. Os dados coletados não devem

em hipótese alguma ser alvo de comentários com outras pessoas, sejam quais

forem as circunstancias. Essa é uma questão de suma importância para que se

mantenha o vínculo de confiança que precisa ser estabelecido entre ambas as

partes.

Digamos que um professor precise de informações especificas sobre

seus alunos ou sobre determinado aluno que fora encaminhado ao SOE. Neste

caso o orientador educacional, com base nos dados que dispõe, deve elaborar

um resumo e fornecer, na medida em que achar relevante e conveniente, as

informações a serem passadas para o professor (Maranhão, 2007).

O orientador educacional deve ter discrição em sua vida pessoal, em

público, mesmo quando fora do local ou do horário de trabalho,a fim de que

sua imagem seja sempre preservada de comentários desabonadores ou

comprometedores. Na instituição escolar, como um todo, dada a natureza do

processo educativo, é importante que sejam observados princípios éticos e, em

particular na área de Or. E. É imprescindível que tais preceitos sejam

rigorosamente seguidos.

Seguem em anexo um exemplo de plano de ação do Orientador

Educacional.

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CAPÍTULO III

PESQUISA DE CAMPO

O estudo de campo consiste na observação dos fatos da forma que

ocorrem espontaneamente na coleta de dados e no registro de variações

consideradas significativas para posteriores analises.

Através de observação e comunicação entre a escola e a comunidade,

percebemos as dificuldades que muitos alunos e mesmo professores e

funcionários têm para criar e manter bons relacionamentos. A conseqüência

natural é que percebe-se um índice elevado de agressividade (tanto verbal

como física) e inquietação entre alunos e também na própria comunidade, por

esse motivo tivemos que por em prática o projeto “Indisciplina x disciplina” que

segue em anexo.

Aplicamos 240 questionários para os alunos entre 10 e 16 anos de

diferentes ciclos de estudo. Foi enviada entrevistas para os pais responderem e

os professores também respondem um questionário. Todos os questionários e

entrevistas foram recolhidos, tabulados e em seguida elaborado um projeto de

enfrentamento e desenvolvido em um colégio da rede privada, do DF.

3.1 Projeto Indisciplina X Disciplina

Objetivo Geral:

Desenvolver valores para uma vida sociável equilibrada, e intregar

escola, família e comunidade.

Objetivos Específicos:

Compreender a importância da disciplina para um viver harmonioso e

feliz, dentro do contexto social em que os alunos vivem.

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28Demonstrar carinho e respeito aos professores.

Desenvolver nos alunos interesse em ajudar uns aos outros,

contribuindo assim com a disciplina.

Justificativa:

Observando o comportamento dos alunos da escola (em sala de aula,

pátio, recreio e aos arredores da escola), verificamos a necessidade de montar

um projeto de enfrentamento, com a intenção de reverter o que há de negativo

em positivo.

Metodologia

O projeto pode ser desenvolvido da seguinte maneira: será convidado

palestrantes (psicólogo, psicopedagogo e fonoaudiólogo) para falar aos

professores e orientadores, orientando-os a trabalhar com alunos

coletivamente e individual.

O coordenador trabalhará com os familiares dos alunos oferecendo

várias oficinas (pediatria, culinária, nutricionista e psicólogo) e dinâmicas

envolvendo pais, filhos e professores. O orientador educacional desenvolverá o

projeto “Indisciplina x disciplina” com os alunos, tendo momentos de reflexão

sobre amor, carinho, companheirismo, respeito e prestatividade, entre outros.

Cronograma

- Junho

1ª Semana: palestras para os professores

2ª Semana: O orientador trabalhará com os alunos no período matutino e

vespertino e a noite haverá palestra para os pais.

3ª Semana: O orientador trabalhará com os alunos no período matutino e

vespertino.

4ª Semana: Palestras para os pais (oficinas)

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CONCLUSÃO

Procurou-se com este trabalho o estudo da problemática disciplinar em

sala de aula, em virtude de ser este um dos maiores problemas do professor,

talvez até que seus baixos salários, ou falta de recursos pedagógicos.

Seu primordial objetivo é mostrar ao profissional da educação que toda

falta de disciplina tem uma causa, e a solução está mais na escola e no

professor que no aluno. Fazendo a leitura de várias obras, de autores de

renome, estudiosos do problema (indisciplina), procura-se copilar, mas nestas

obras, não só as causas e efeitos da disciplina na sala de aula – escola, mas

as ações que deverão ser envolvidas pela escola, professor, família e

sociedade, para que a formação do homem como pessoa, profissional e

cidadão, seja atingida e que a escola realmente exerça sua verdadeira função

social.

A escola precisa explicar a sua proposta pedagógica, onde contenha a

sua função social, o seu verdadeiro sentido, já que o homem é um ser

teológico, precisa de objetivos para direcionar suas atitudes, seus esforços.

Como seres humanos, alunos e professores precisam conhecer a proposta

educacional da unidade da qual faz parte, para que possam amá-la como

merece.

É o professor que precisa receber boa formação pedagógica e se

atualizando constantemente; é a escola que precisa ter cara própria; é a família

que precisa se conscientizar de sua importância no sucesso do aluno na

escola; é a sociedade que deve se preocupar com a educação e ser parceira

da instituição escolar, colaborando para que a escola atinja seus objetivos. É

necessário que a escola tenha sabor para o aluno. Que nela o aluno encontre

respostas para seus ideais, que tenha sentido para o educador.

O aluno pode colaborar para a construção da disciplina, através de

uma participação reflexiva e interativa em sala de aula, na aprendizagem; do

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30respeito ao professor, aos colegas, aos funcionários, as normas estabelecidas

coletivamente e no material escolar.

O estudo da psicologia revela que o respeito para consigo mesmo, a

formação da cidadania só pode se dar através de exercícios dos direitos e dos

deveres. Todos nós temos direitos e deveres e precisamos cumpri-los.

A verdadeira disciplina, ou seja, a disciplina que desejamos, não pode

ser nenhum dos dois extremos que ocupam a maioria dos professores. Nem

autoritária, nem espontaneista. Precisamos de uma nova disciplina, onde o

objetivo principal seja uma aprendizagem crítica, criativa e duradoura; marcada

pela participação, respeito, responsabilidade, conhecimento e formação do

caráter, tendo como furto principal, o cidadão pleno.

Com o desenvolvimento do projeto de enfrentamento, vimos a

importância da união da escola, dos alunos, dos pais e comunidade. Vimos de

perto o êxito dessa união.

Educandos e educadores (Diretores, Orientadores e Professores) são

agentes ativos no desenvolvimento do processo educacional e faz parte do

mesmo uma disciplina adequada.

É nosso papel o combate à indisciplina, uma de suas tarefas, talvez a

mais importante, deve ser elaboração de um Projeto Político – Pedagógico

coletivo que atenda a diversidade da clientela e que dê aos alunos a

oportunidade de se desenvolverem cognitiva, social e emocionalmente, além

de possibilitar a eles o encontro com seus talentos.

Em todos os eixos destacados, a Orientação deve estar junto,

trabalhando com a escola, com os alunos, para que os objetivos daqueles

diferentes aspectos sejam atendidos. A orientação pode colaborar para uma

melhor compreensão da realidade do jovem e da criança.

Devemos promover através da educação o desenvolvimento harmônico

dos educandos, nos aspectos físicos, intelectuais, sociais e espirituais;

formando assim, seres pensantes e úteis à comunidade, à pátria e a Deus.

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ANEXOS