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  • 28/04/15 14:56:::Pesquisa constitucional e imprime

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    JURISPRUDNCIA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL Resultados da pesquisa cadilha: Em exibio

    ACTC n 30/09 Ttulo Sumrio

    Processo n. 213/08 Plenrio Relator: Conselheiro Joo Cura Mariano

    Acordam, em Plenrio, no Tribunal Constitucional Relatrio O Presidente da Assembleia Legislativa da Regio Autnoma da Madeira, ao abrigo do disposto noartigo 281., n. 2, g), da Constituio da Repblica Portuguesa (C.R.P.), deduziu pedido de fiscalizao abstracta sucessiva, requerendo a declarao de inconstitucionalidadee de ilegalidade, com fora obrigatria geral, de todos os artigos da Lei n. 28/92, de 1 de Setembro. Aps convite do Presidente deste Tribunal para precisar quais as disposies da Constituio ou os princpiosnela consignados e os preceitos do EPARAM que entendia terem sido violados, o Presidente da AssembleiaLegislativa da Regio Autnoma da Madeira apresentou novo requerimento em que invocou os seguintesfundamentos para o pedido formulado: A Lei n. 28/92, de 1 de Setembro, que foi aprovada pela Assembleia da Repblica, viola os direitos e aautonomia legislativa e financeira da Regio Autnoma da Madeira. - O Presidente da Assembleia Legislativa da Regio Autnoma da Madeira parte legtima para requerer adeclarao de inconstitucionalidade e de ilegalidade da referida lei. A aprovao da Lei n. 28/92 constitui uma flagrante violao da autonomia legislativa regional tal como surgeconsagrada no artigo 225., n. 2, da Cons tituio e no artigo 5., n. 2, do Estatuto Poltico-Administrativo daRegio Autnoma da Madeira. - Na matria em apreo, a Regio Autnoma da Madeira tem competncia para legislar de um modo prprio eexclusivo, sendo ilegtimo ao Estado aprovar o diploma legislativo impugnado. Na verdade, nos termos do artigo 227., n. 1, alnea p), da C.R.P., a disciplina legislativa do oramento e daconta regionais s Regio Autnoma concerne. Ora no se compreenderia que a Constituio atribusse essacompetncia e no atribusse, tambm, o poder de proceder ao respectivo enquadramento normativo. Trata-se,pois, de uma 'competncia implcita' que no pode ser negada. Acresce, ainda, o facto de ser da exclusivacompetncia legislativa da Regio a elaborao de legislao sobre a organizao e o funcionamento dosrespectivos rgos de governo, a Assembleia Legislativa e o Governo Regional. - A Lei n. 28/92 constitui tambm uma total desconsiderao pela autonomia financeira regional, consagradano artigo 225., n. 2, da C.R.P. e no artigo 105., do Estatuto Poltico-Administrativo da Regio Autnoma da Madeira. - A reviso constitucional de 1997 acrescentou nas competncias legislativas do Estado, a serem exercidas pelaAssembleia da Repblica, a competncia para a elaborao do enquadramento dos oramentos do Estado, dasRegies Autnomas e das Autarquias Locais. Mas nem mesmo esta alterao constitucional, j de si muitodiscutvel, chegou ao exagero em que se traduziu a Lei n. 28/92. De facto, o preceito do artigo 164., alnea r),da C.R.P. refere-se apenas ao 'regime geral' da elaborao e organizao dos oramentos. - Ora a simples observao da Lei n. 28/92 revela uma total incompreenso do fenmeno da autonomiafinanceira regional, pois que at desprovida ficaria caso a tese da sua constitucionalidade por absurdovingasse de poder acrescentar o que quer que fosse na edificao de um regime legislativo que diz respeito auma instituio financeira puramente regional, como o seu oramento. - A pretenso exclusivista de tudo regular no tocante ao enquadramento legislativo do oramento da RegioAutnoma da Madeira viola no s o artigo 105., n. 2, do EPARAM, como, ainda, o seu artigo 40., alnea vv), que, conjugado com o artigo 227., n. 1,alnea a), da C.R.P., permite que a Regio Autnoma legisle, atra vs de um regime especial, no mbito doenquadramento legislativo do respectivo oramento. - Houve, finalmente, uma violao do direito de audio da Regio consagrado no artigo 229., n. 2, da C.R.P.,nos artigos 90. e seguintes, do EPARAM, e na Lei n. 40/96, de 31 de Agosto, pois, durante o processolegislativo que conduziu aprovao da Lei n. 28/92, a Assembleia da Repblica no solicitou a emisso dequalquer parecer por parte da Assembleia Legislativa da Regio Autnoma da Madeira. Notificado para se pronunciar, querendo, sobre o pedido, o Presidente da Assembleia da Repblica veio oferecero merecimento dos autos, enviando cpia da documentao relativa aos trabalhos preparatrios da Lei n.28/92, de 1 de Setembro. Acrescentou, porm, que do processo legislativo da Proposta de Lei 25/IV no constaqualquer consulta Regio Autnoma, o que se poder explicar pelo facto de tal proposta ter sido, poca,apresentada pela prpria Assembleia Legislativa Regional da Madeira. Elaborado pelo Presidente do Tribunal o memorando a que se refere o artigo 63., da Lei do TribunalConstitucional, e tendo este sido submetido a debate, nos termos do n. 2, do referido preceito, cumpre agoradecidir de acordo com a orientao que o tribunal fixou.

    * Fundamentao O requerente fundamenta o seu pedido de declarao de inconstitucionalidade e ilegalidadede todas as normas contidas na Lei n. 28/92, de 1 de Setembro, por um lado, na falta de competncia daAssembleia da Repblica para legislar sobre o contedo das normas impugnadas, e, por outro lado, noincumprimento do dever de audio da Assembleia Legislativa da Regio Autnoma da Madeira. A existncia dos

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    vcios apontados deve ser verificada luz das disposies vigentes data da aprovao do diploma em causa,uma vez que ao dever de audio dos rgos regionais e competncia para a prtica de actos legislativos seaplica o princpio tempus regit actum.

    1. Da falta de competncia da Assembleia da Repblica O requerente alega que a Assembleia da Repblica notinha competncia para aprovar a lei impugnada, uma vez que a sua matria integra a reserva legisla tivaregional. A C.R.P., na verso introduzida pela Lei Constitucional n. 1/89, de 8 de Julho (C.R.P./89), reconhecia como princpio da organizao e do funcionamento do Estado o regime autonmicoinsular, conferindo aos arquiplagos da Madeira e dos Aores o estatuto de Regies Autnomas (artigos 6. e227.). Uma das manifestaes tpicas deste regime autonmico poltico-administrativo residia nos podereslegislativos atribudos s Assembleias Legislativas Regionais (artigos 229. e 234., da C.R.P./89). Nesses poderesinclua-se a competncia para aprovar o oramento regional e as contas da regio (artigos 229., n. 1, o), e234., n. 1, da C.R.P./89, e artigo 29., n. 1, o) e q), do Estatuto Poltico-Administrativo da Regio Autnomada Madeira, aprovado pela Lei n. 13/91, de 5 de Junho E.P.A.R.A.M./91), como revelao de um determinadograu de autonomia financeira constitucionalmente assumido. Contudo, a Lei n. 28/92, de 1 de Setembro, noaprovou qualquer oramento regional, nem quaisquer contas da regio, limitando-se a definir as regras geraisreferentes elaborao, discusso, aprovao, execuo, alterao, fiscalizao, responsabilidade pelaexecuo e elaborao das contas, respeitantes a todos os Oramentos da Regio Autnoma da Madeira. Podemas normas contidas neste diploma serem mais ou menos minuciosas, conferirem maior ou menor liberdade demanobra ao legislador oramental, mas no deixaram de se limitar a definir as regras gerais de elaborao eorganizao dos oramentos da Regio Autnoma da Madeira, no retirando a esta regio o poder de aprovar oseu oramento e contas. , pois, uma lei de Enquadramento Oramental Regional, a qual assume uma natureza paramtrica especficaface s sucessivas leis oramentais da regio da Madeira. A autonomia das regies, nomeadamente nos aspectoslegislativo e financeiro, exerce-se no quadro da Constituio (artigo 227., n. 3, in fine, da C.R.P./89), e estareservou expressamente a competncia para aprovao do regime geral de elaborao e organizao dosoramentos das regies autnomas Assembleia da Repblica, permitindo apenas que este rgo concedesseautorizao ao Governo da Rep blica para legislar em tal matria (artigo 168., n. 1, p), da C.R.P./89). Assim,a Assembleia da Repblica no s tinha competncia para aprovar a Lei n. 28/92, de 1 de Setembro, como existia uma reserva relativa parlamentar da Repblica, relativamente aprovao deste diploma. E esta reserva foi perfeitamente entendida e respeitada pela Assembleia Legislativada Regio Autnoma da Madeira quando exerceu o seu poder de iniciativa legislativa, nos termos dos artigos170., 229., n. 1, f), e 234., n. 1, da C.R.P./89, ao enviar em 8 de Maio de 1992 para a Assembleia daRepblica uma Proposta de Lei de Enquadramento do Oramento da Regio Autnoma da Madeira, por siaprovada em Plenrio realizado em 28 de Abril de 1992 (Proposta de Lei n. 25/IV), a qual, aps discusso e pequenas alteraes de pormenor, deu origem ao diplomaagora impugnado. Nestes termos se conclui que a Lei n. 28/92, de 1 de Setembro, respeita a repartioconstitucional e legal de competncias entre os rgos de soberania e os rgos de governo prprios da regioautnoma, pelo que as suas normas no so inconstitucionais, nem ilegais.

    2. Do incumprimento do dever de audio A C.R.P./89, dispunha no artigo 231., n. 2, que os rgos desoberania ouviro sempre, relativamente s questes da sua competncia respeitantes s regies autnomas, osrgos de governo regional. A consagrao deste dever visa assegurar a participao dos rgos de governoregional no processo de elaborao das leis que versem mat rias respeitantes s regies autnomas, atravs daatribuio de um poder de influenciar o contedo e sentido dessa legislao, concretizado numa faculdade depronncia sobre os respectivos projectos legislativos. Estamos perante uma lei aprovada pela Assembleia daRepblica que estabelece as regras referentes elaborao, discusso, aprovao, execuo, alterao,fiscalizao, responsabilidade pela execuo e elaborao da conta respeitante ao Oramento da RegioAutnoma da Madeira, pelo que, em princpio, estariam reunidos os pressupostos para a existncia de um deverde audio da Assembleia Legislativa da Regio Autnoma da Madeira, nos termos do artigo 29., n. 1, t), doE.P.A.R.A.M./91. Todavia, h que ter presente que a Lei n. 28/92, de 1 de Setembro, teve origem em Propostade Lei aprovada em Plenrio da Assembleia Legislativa da Regio Autnoma da Madeira realizado em 28 de Abrilde 1992 (Proposta de Lei n. 25/IV). Esta Proposta deu entrada na Assembleia da Repblica no dia 11 de Maio de 1992 e depois de umparecer favorvel da Comisso de Economia, Finanas e Plano, em 22 de Junho de 1992, foi discutida eaprovada na generalidade, na especialidade e, finalmente, em votao final global na sesso plenria do dia 17de Junho de 1992. O texto da Lei n. 28/92, de 1 de Setembro, corresponde, excepo de alguns ajustes de redaco e deligeiras alteraes de pormenor, ao texto da Proposta apresentada pela Assembleia Legislativa da RegioAutnoma da Madeira, pelo que, neste caso, no se justificava a audio deste rgo. No faz qualquer sentidoque se mantenha o dever de audio relativamente a quem o prprio autor do objecto da pronncia, uma vez que o contedo da proposta j exprime a opinio sobre essamatria de quem a elabora. Na verdade, tendo a iniciativa legislativa partido precisamente da AssembleiaLegislativa da Regio Autnoma da Madeira, apenas era exigvel a audio deste rgo, caso na Assembleia da Repblica se tivessem introduzido alteraes substanciais Proposta inicial. Snesta hiptese que estaramos perante uma pretenso legislativa, diferente da inicialmente proposta, quejustificava a concesso da possibilidade de pronncia do rgo de governo competente da Regio Autnoma daMadeira. Sendo as alteraes de mera redaco ou de pormenor, no se modificando relevantemente o diplomaem formao, no havia lugar audio da Assembleia Legislativa da Regio Autnoma da Madeira. Nestestermos no existia na situao concreta um dever de audio da Assembleia Legislativa da Regio Autnoma daMadeira, pelo que no se verifica o apontado vcio de incumprimento deste dever no processo formativo da Lein. 28/92, de 1 de Setembro.

    * Deciso Pelo exposto, o Tribunal Constitucional decide no declarar a inconstitucionalidade nem a ilegalidadedas normas contidas na totalidade dos artigos da Lei n. 28/92, de 1 de Setembro.

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    Lisboa, 20 de Janeiro de 2009 Joo Cura Mariano Vtor Gomes Jos Borges Soeiro Ana Maria Guerra MartinsJoaquim de Sousa Ribeiro Mrio Jos de Arajo Torres Benjamim Rodrigues Carlos Fernandes Cadilha Maria JooAntunes Carlos Pamplona de Oliveira Gil Galvo Rui Manuel Moura Ramos

    [1] Rectificado pelo Acrdo n 59/2009, de 3 de Fevereiro de 2009