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  • 8/14/2019 cenaberta8

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    i n t e r c m b i o c u l t u r a l e n t r e o s p a s e s d e l n g u a p o r t u g u e s a t e m s i d o o b j e c t o d e v r i a s r e s o l u e s o c i a i s , p r o j e c t o s d e i n t e r v e n o e i n i c i a t i v a s

    p o n t u a i s . P e r m a n e c e , c o n t u d o , a s e n - s a o d e q u e h m u i t o p o r f a z e r n a a p r o x i m a o e n o i n t e r - c o n h e c i m e n t o e n t r e o s a g e n t e s c u l t u r a i s d o s d i v e r - s o s p a s e s e n a c a p a c i d a d e d e a r t i c u l a r

    m e i o s e v o n t a d e s e m n o m e d e s t e i n - t e r e s s e c o m u m .

    Q u a n d o c a m i n h a m o s p a r a a c e l e b r a - o d o 1 5 a n i v e r s r i o d a C P L P ( e m 2 0 1 1 ) , e n u m m o m e n t o e m q u e v r i o s d o s o i t o p a l c o s l u s f o n o s ( a o s q u a i s s e j u n t a , c o m o p a r c e i r o p r i v i l e g i a d o , a

    G a l i z a ) e s t o a i n i c i a r u m n o v o c i c l o p o l t i c o ( A n g o l a , P o r t u g a l , G u i n - B i s -

    s a u e M o a m b i q u e ) , a C e n a L u s f o n a p r o m o v e u m e n c o n t r o e n -

    t r e r e s p o n s v e i s i n s t i t u -

    i n t e r c m -bio cultural entre os

    pases de lngua portuguesatem sido objecto de vrias res-

    olues o ciais, projectos de in-terveno e iniciativas pontuais.

    Permanece, contudo, a sensaode que h muito por fazer na aproxi-

    mao e no inter-conhecimento en-tre os agentes culturais dos diversos

    pases e na capacidade de articularmeios e vontades em nome deste in-teresse comum.Quando caminhamos

    para a celebrao do 15 aniversrioda CPLP (em 2011), e num momentoem que vrios dos oito palcos lusfonos

    (aos quais se junta, como parceiro privi-legiado, a Galiza) esto a iniciar um novo

    ciclo poltico (Angola, Portugal, Guin-Bissau e Moambique), a Cena Lusfona

    promove um encontro entreresponsveis insti-

    tucio-

    Rua Antnio Jos de Almeida n. 2, 3000 - 040 COIMBRA Portugal telf. e fax (+351) 239 836 679 | [email protected] | www.cenalusofona.pt

    Cena Lusfonan. 8 Dezembro 2009

    distribuio gratuita

    ISSN 1645-9873

    A Cena no Caf Braga e Coimbra

    o o o

    enc ont r o i nt er nac i onal sob r e p ol t i c asd e i nt er c mb i o

    3 4 5 6 D e z e m b r o

    mindelact 09 imagens de um festi val

    conversa comWalter Cri stvo

    C O I M B R A T e a t r o d a C e r c a d e S o B e r n a r d o

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    cenaberta cha tcnica DirectorAntnio Augusto Barros |Coordenao e Fotogra aAugusto Baptista |RedacoAugusto Bap-tista, Patrcia Almeida, Pedro Rodrigues |Concepo gr caAna Rosa Assuno |RevisoSo a Lobo| ISSN 1645-9873 | N. 8 distribuio gratuita |Tiragem 2500exemplares |Impresso Tipogra a Ediliber | Propriedade Cena Lusfona, Associao Portuguesa para o Intercmbio Teatral, Rua Antnio Josde Almeida, n. 2, 3000 - 040 COIMBRA, PORTUGAL | Tel. e Fax (+351) 239 836 679| [email protected] | www.cenalusofona.pt

    A Cena Lusfona uma estrutura nanciada por:

    cenaberta 2

    uma das notcias deste cenaberta: Abel Neves venceu a III edio do PrmioLuso-Brasileiro de Dramaturgia Antnio Jos da Silva. A discrio com que oacontecimento foi divulgado nos rgos de comunicao social dos dois pases, paraalm de particularmente injusta para o premiado, um bom exemplo da formacomo as relaes de cooperao cultural entre os pases de lngua portuguesa tmsido pensadas e concretizadas.

    Nos anos de 2005 e 2006, foram assinados cinco acordos, programas e proto-colos de cooperao cultural entre Portugal e o Brasil, envolvendo os Ministriosdos Negcios Estrangeiros e da Cultura dos dois pases, bem como instituies quedeles dependem: o Instituto Cames e o Instituto das Artes, do lado portugus, ea Funarte, do lado brasileiro. Os objectivos, comuns a todos os documentos, soclaros: encorajar o dilogo cultural bem como o intercmbio, a circulao, a in-vestigao e a produo artstica. Quatro anos depois, seria til avaliar a execuoconcreta destes acordos, para alm das boas vontades formalmente expressas. Eperceber que a instituio de um Prmio, por importante que seja, parece real-mente pouco para tanta preparao anterior e tantas declaraes de inteno. Mas ainda mais intrigante que, havendoum resultado concreto destas parcerias, eleseja to timidamente divulgado por quem o cria e no sejam aproveitadas todas assuas potencialidades. Uma co-produo entre Portugal e o Brasil, a partir de umtexto seleccionado por um jri luso-brasileiro, patrocinado por instituies o ciais,deveria ser um acontecimento mpar na vida teatral dos dois pases, capaz de darvisibilidade e de incentivar outras formas de intercmbio e de cooperao, deveriater um efeito galvanizador e assumir-se como projecto exemplar.

    Ao nvel multi-lateral, a situao no difere muito. As cimeiras dos Minis-tros da Cultura dos pases da CPLP so momentos-chave para a de nio e aprossecuo de uma estratgia cultural comunitria. Desde 2000, os Ministrosreuniram-se o cialmente por seis vezes. Dessas reunies resultaram sempre decla-raes o ciais. Na primeira delas, realizada no Estoril, em Maio de 2000, convocadpelo ministro portugus Manuel Maria Carrilho, foi mesmo assinado um importantePlano de Aco (transcrito nas pginas deste cenaberta), com medidas sectoriaisconsideradas fundamentais para o fomento dos intercmbios culturais, o reforodos laos histricos e a promoo de iniciativas comuns que valorizem o espao deexpresso lingustica comum a que pertencem. Passados sete anos, na ltima des-tas cimeiras, na cidade da Praia, os responsveis pela Cultura dos pases da CPLPreconheciam, no entanto, as di culdades diversas constatadas na implementaodas Declaraes de Estoril a Bissau e voltavam a apresentar como projectos vriasdas iniciativas consideradas prioritrias em 2000. Assim, a pequena histria destascimeiras acaba por ser um clari cador diagnstico.

    Como uma das instituies que h largos anos trabalham na concretizao decircuitos de intercmbio, de co-produes, de planos de formao, de redes es-tveis de cooperao, atrevemo-nos a apontar uma das principais razes para estadiscrepncia entre os discursos o ciais e as condies e a ateno que so dadasaos agentes no terreno. A actuao dos organismos responsveis pela aplicao dasmedidas politicamente enunciadas faz-se demasiadas vezes de costas voltadas paraaqueles que as podem tornar concretas no caso, os artistas e as estruturas decriao. Sem eles, sem o seu envolvimento activo, no adiantar nunca pensar-seem estreitar laos culturais.

    por isso que, na altura em que retomamos a nossa actividade regular e emque, por coincidncia, vrios dos pases da CPLP esto a iniciar novos ciclos polti-cos da sua vida democrtica, organizamos em Coimbra o Encontro Internacionalsobre Polticas de Intercmbio. Para que, com o contributo de todos, atravs deum indispensvel dilogo entre decisores polticos e agentes culturais actuantes esituados no terreno, possamos comear a construir uma muito concreta, possvel efrutuosa comunidade cultural de lngua portuguesa.

    Cena Lusfona

    editorial

    Coleco Cena LusfonaAs Virgens Loucasde ANTNIO AURLIO GONALVESCabo Verde

    Teatro do Imaginrio Angolarde FERNANDO DE MACEDOSo Tom e Prncipe

    Supernovade ABEL NEVESPortugal

    As Mortes de Lucas Mateusde LEITE DE VASCONCELOSMoambique

    Teatro I e IIobra dramatrgicade JOS MENA ABRANTES(dois volumes)Angola

    Mar me querde MIA COUTO e NATLIA LUIZAPortugal / Moambique

    Teatroobra completaNAUM ALVES DE SOUZABrasil

    Revista Setepalcos

    (esgotados nmeros 0, 1 e 2)N. 3 Setepalcos especial sobre TEATRO BRASILEIRON. 4 Setepalcos especial sobre TEATRO GALEGON. 5 Setepalcos especial sobre RUY DUARTE DE CARVALHO

    Floripes NegraFloripes na Ilha do Prncipe, em Portugal e no mundode AUGUSTO BAPTISTAlbum Fotogr co / Reportagem / Ensaio

    edies.cena venda na sede da Cena Lusfona e no Tea-tro da Cerca de So Bernardo, em Coimbra,ou via encomenda postal, aps solicitaopor telefone, fax, ou e-mail.

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    Dezembro 2009cenaberta

    O intercmbio cultural entre os pases de

    lngua portuguesa tem sido objecto de vriasresolues o ciais, projectos de interveno einiciativas pontuais. Permanece, contudo, a sen-sao de que h muito por fazer na aproxima-o e no inter-conhecimento entre os agentesculturais dos diversos pases e na capacidade dearticular meios e vontades em nome deste in-teresse comum.

    Quando caminhamos para a celebrao do15. aniversrio da CPLP (em 2011), e num mo-mento em que vrios dos oito palcos lusfonos(aos quais se junta, como parceiro privilegiado,a Galiza) esto a iniciar um novo ciclo poltico(Angola, Portugal, Guin-Bissau e Moambique),a Cena Lusfona promove um encontro entreresponsveis institucionais e agentes culturais,ciente do papel relevante que o teatro pode de-sempenhar tambm enquanto instrumento depromoo da lngua portuguesa.

    Tal como a Cena Lusfona, vrias outrasestruturas e personalidades tm desenvolvidoprojectos nesta rea ao longo dos ltimos anos.Por razes vrias, o dilogo regular entre elas(condio basilar para uma interveno susten-

    tada, capaz de produzir resultados duradou-

    ros) nem sempre tem sido possvel. Por outrolado, subsiste um grande desconhecimento, porparte das instituies o ciais, do trabalho quetem sido feito no terreno, mesmo, por vezes,dentro dos prprios pases de onde emanam osprojectos.

    O objectivo deste encontro contribuirpara ultrapassar estes constrangimentos. Semo carcter o cial das cimeiras de Estados, mascom a vantagem de juntar mesma mesa res-ponsveis polticos, artistas e outros agentescom experincia no terreno, ele constitui umaoportunidade para que nos possamos ouvir mu-tuamente. A partir deste conhecimento refor-ado, e num contexto de dilogo informal, acre-ditamos que possvel realizar uma verdadeirareunio de trabalho, centrada no nos grandesprincpios e estratgias de actuao, mas naspossibilidades concretas de articulao que es-to ao alcance de todos.

    Uma tentativa, se quisermos, de descobriros pequenos mas efectivos passos que temosde dar para conferir sentido e aplicabilidade aoscompromissos que ciclicamente so assumidos.

    EncontroInternacionalsobre polticas de

    intercmbioA Cena LusfonaTal qual a CPLP, a Cena Lusfona nasceu

    tambm em 1996, na sequncia de umprograma de intercmbio concebidoa convite do Governo Portugus.Quisemos construir um programa inte-grado, capaz de encontrar ncoras emparceiros locais, de fomentar a partici-pao de todos os envolvidos, de criarrazes.Trabalhando com todos os pases daCPLP, a Cena tem desenvolvido diversasactividades: circulao de espectculos,planos continuados de formao, re-conhecimento e apoio quali cao deespaos cnicos nos pases africanos,constituio de Centros de IntercmbioTeatral, edio e divulgao da drama-turgia de lngua portuguesa, constituiode um Centro de Documentao e Infor-mao especializado, investigao sobre atradio oral, organizao de um festivalitinerante pelos vrios pases, lanamentode pontes para o dilogo entre o uni-verso lusfono e a Galiza; a constituio,en m, de uma comunidade cultural delngua portuguesa, como base imprescin-

    dvel para o inter-conhecimento, para aidenti cao das especi cidades de cadacaso, para a reciprocidade, para o tra-balho conjunto, para a cooperao e paraa solidariedade.

    Dez. 3 4 5 6COIMBRA

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    cenaberta

    No mbito do Encontro Internacional sobre Polticas de Intercmbio, cenaberta publica a Declarao do Estoril, assinada em 2000, no nal da primeira Reunio dos

    Ministros da Cultura da CPLP.Os Ministros da Cultura da Comunidade dos Pases deLngua Portuguesa (CPLP) reunidos a convite do GovernoPortugus, no Estoril, nos dias 5 e 6 de Maio de 2000:

    a) Conscientes que a cultura de cada povo constitui afora estruturante da sua identidade prpria, formandoa conscincia colectiva que lhe assegura continuidadehistrica e forjando o seu modo de percepo da vida edo mundo;

    b) Tendo em conta que os povos que representampartilham de uma herana histrico-cultural e lingusticaque os une, feita de um percurso comum de vrios sculosque originou um patrimnio material e imaterial que urgepreservar, valorizar e difundir;

    c) Cientes de que um tal patrimnio, tanto no que temde comum, quanto na sua imensa diversidade, representaum potencial decisivo para o aprofundamento e consolida-o das relaes entre os povos, num esprito de com-preenso e tolerncia, bem como para a a rmao destaComunidade noutras reas do Mundo;

    d) Considerando ainda que a cultura deve constituir umdireito fundamental, cujo exerccio se torna tanto maisimportante, quanto certo que contribui activamentepara o desenvolvimento da personalidade humana, para atransmisso e aprofundamento de conhecimentos, saberese competncias, para o respeito mtuo, bem como paraa concretizao do pluralismo, da responsabilidade, dacidadania e da vivncia democrtica;

    e) Certos tambm de que as actividades culturais cons-tituem hoje importantes factores de desenvolvimentosocial e econmico, pelo impacte directo e indirecto nacriao de riqueza e de emprego;

    f) Considerando que o fenmeno de globalizao daseconomias, a par dos avanos muito signi cativos dastecnologias de informao e comunicao, podem diluir asmatrizes culturais mais profundas, atentando contra umadiversidade que se impe salvaguardar;

    g) Decididos pois a contrariar um tal r isco, atravs dofomento dos intercmbios culturais, do reforo dos laoshistricos e da promoo de iniciativas comuns quevalorizem o espao de expresso lingustica comum a quepertencem.

    Declaram:1) O seu rme propsito em contribuir para que a CPLP

    reforce a sua dimenso cultural, qual se comprometem adar visibilidade acrescida, procurando para tanto associaraos seus esforos a aco da sociedade civil.

    2) O seu empenho em levar a cabo iniciativas destina-das a promover e valorizar a lngua portuguesa, enquantovasto patrimnio comum, intensi cando as diligncias comvista sua utilizao mais ampla e frequente em organiza-es internacionais, bem como a sua cooperao comoutras lnguas nacionais de Estados-membros da CPLP.

    3) O seu compromisso quanto criao de redes eparcerias transnacionais que desenvolvam projectos decolaborao no domnio da cultura, contribuindo para umapoltica de cooperao e caz e de longo prazo.

    4) O seu propsito em envidarem esforos junto dosmembros competentes dos respectivos Governos no sen-tido de ser facilitada a circulao de intelectuais, criadores,artistas e outros agentes culturais, dentro dos limites dosrespectivos compromissos internacionais.

    5) O seu empenho em diligenciar juntos dos membroscompetentes dos respectivos Governos, bem como juntode rgos dos espaos de integrao a que per tenam,no sentido de se reduzirem os obstculos alfandegrios circulao dos bens culturais, no quadro das respectivasvinculaes internacionais.

    6) O seu acordo em concederem aos investigadorese estudiosos do espao da CPLP que se encontrem norespectivo territrio, condies de acesso s fontesdocumentais, bem como aos bens culturais pertencentess coleces pblicas, idnticas s de que bene ciam osseus cidados.

    7) A sua inteno de enfatizarem no plano interno opotencial das artes e da cultura, na sensibilizao dasgeraes mais novas para a importncia da proteco epromoo das respectivas identidades culturais.

    8) O seu desejo de conferir uma nova dimenso estra-tgica cooperao no sector cultural, aprofundando edesenvolvendo relaes cada vez mais estreitas nesta rea,num esprito de igualdade, respeito e tolerncia.

    9) A sua disposio em promoverem fora das suas fron-teiras aces conjuntas de difuso dos valores culturaiscomuns.

    10) O seu propsito em diligenciarem junto de organiza-es internacionais, incluindo as instituies nanceiras, nosentido da obteno de nanciamento para a recuperao evalorizao do patrimnio comum que se encontra ameaado.

    Os Ministros da Cultura da CPLP manifestam ainda o seuprofundo regozijo pela participao neste encontro de umrepresentante de Timor-Leste, e a rmam a sua inteno deiniciar uma poltica de cooperao com o futuro Estadocomo forma de garantir a realizao dos desgnios comuns.Acordam ainda em aprovar oPlano de aco anexo presente Declarao, que re ecte a sua inteno delevarem a cabo, no mais curto espao de tempo, efectivasaces de cooperao no domnio cultural.Mandatam, por ltimo, o Ministro da Cultura de Portugal,com a colaborao do Secretariado Executivo da CPLP,para transmitir a presente Declarao prxima Cimeirade Chefes de Estado e de Governo da CPLP, a decorrereste ano no Maputo.

    Os Ministros da Cultura da Comunidadedos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP),reunidos a convite do Governo Portugus,nos dias 5 e 6 de Maio de 2000, no Estoril,com o objectivo de consolidarem e desen-volverem os laos que os unem no domniocultural, decidem:

    I APROVAR O PRESENTE PLANO DEACO, DESTINADO A PROMOVER AS SEGUINTES ACES COMUNS DECOOPERAO NO DOMNIO CUL-TURAL.I.1. De mbito global

    a) a realizao de reunies anuais dosMinistros da Cultura dos pases da CPLP,em regime rotativo, determinando-se no

    nal de cada reunio o local de realizaoda seguinte;

    b) a instituio do dia 17 de Julho, data daproclamao da CPLP, como o Dia da Cul-tura Lusfona, e a sua comemorao anual,incluindo diversas manifestaes culturaisconcertadas entre os Estados-membros daComunidade, nomeadamente a leitura deum clssico da literatura em Portugus, emtodos os Estados-membros da CPLP;

    c) a realizao regular de estudos e en-contros tcnicos, no mbito das estruturasexistentes em cada pas, que sustentem asdecises polticas a adoptar nas reuniesde carcter ministerial;

    d) o reforo da colaborao institucionalentre as diferentes entidades por si tute-ladas;e) a criao, pela CPLP, com a colabora-o com cada um dos Ministrios da Cul-tura, de uma pgina na Internet dedicada literatura e demais manifestaes culturaisdos Estados-membros desta Comunidade;

    f) o funcionamento do Secretariado Exe-cutivo da CPLP como elemento de ligaoentre os Ministrios da Cultura dos vriospases, encarregando-o desde j da prepa-rao da prxima reunio dos Ministros daCultura em parceria com as entidades dopas an trio;

    g) a nomeao em cada Ministrio daCultura, no prazo de 15 dias, da entidadeou do responsvel pelo acompanhamentoe implementao do Plano de Aco agoraaprovado;

    h) a incluso de Timor-Leste em todosos projectos a desenvolver no mbito dopresente Plano de Aco.I.2. De mbito sectorialI.2.1. A criao de um Fundo, denominadoFundo Cultural-CPLP, o qual poder inte-grar, para alm dos Ministrios da Culturada CPLP, outras entidades de naturezapblica e/ou privada, destinado a nanciar:

    a) Na rea do Patrimniol aces de recuperao, salvaguarda e

    valorizao do patrimnio mvel e imvel,representativo do passado histrico-cul-tural comum, aberto tambm formaono mbito da conservao e restauro, eque envolvam entidades de pelo menostrs Estados-membros da CPLP;

    l aces de cooperao no domnio doDireito do Patrimnio, nomeadamentecom a nalidade de combater o tr co il -cito de bens culturais.

    b) Na rea do Livro e das Bibliotecasl edio e aquisio de livros para difuso

    em bibliotecas pblicas ou outras unidadesdocumentais e que promova um maiorconhecimento e intercmbio das literatu-ras e culturas no espao de lngua portu-guesa;

    l o estabelecimento de parcerias quepossibilitem e dinamizem a participao deautores de lngua portuguesa em feiras dolivro e festivais internacionais;

    l a criao de um projecto de apoio ampliao de contedos em lngua por-tuguesa, em linha, referentes s temticasdo livro e das bibliotecas, estabelecendomltiplas ligaes entre si, por forma aincrementar o acesso informao biblio-gr ca e cultural de lngua portuguesa emrede, sob coordenao tcnica de Portugalem parceria com o Brasil.

    c) Na rea do Cinema e do Audiovisuall

    projectos nas reas da produo, dis-tribuio, promoo e formao nestasreas, bem como aces de conservaoe restauro de obras cinematogr cas, queenvolvam entidades de pelo menos trsEstados-membros da CPLP.Com vista instituio deste Fundo, criada uma comisso tcnica, constitudapelos responsveis ou entidades a nomear,nos termos da alnea g) do ponto I.1 dopresente Plano de Aco, que, at ao nalde Novembro de 2000 dever elaboraro projecto de regulamento, que incluirnomeadamente a proposta oramental, aidenti cao das prioridades sectoriais eos valores percentuais a de nir para cadasector, o seu modo de funcionamento ede gesto, os critrios de elegibilidadedos projectos a nanciar e a forma do seu

    nanciamento. A referida comisso traba-

    lhar igualmente na elaborao do cro-nograma relativo aplicao do presenteplano de aco.I.2.2. Na rea das Artes do Espectculo edas Artes Visuais

    l a criao de uma Bienal de Criadores deexpresso portuguesa, de natureza temti-

    Plano de acoca, em regime de rotatividade entre todosos pases da CPLP, incluindo a instituiode um Prmio na respectiva rea, devendoos respectivos regulamentos e modos defuncionamento estar de nidos at ao nalde Dezembro de 2000. A primeira ediodesta Bienal ter lugar em Cabo Verde, nosegundo trimestre de 2001, e ser dedi-cada Msica;

    l a criao de um Programa de Itinern-cias que dever envolver projectos de pelomenos trs pases da CPLP e que deverviabilizar no apenas a circulao das obrase de valores culturais revelados na Bienalde Criadores, mas tambm outras obrasrepresentativas da criao artstica dosvrios pases da CPLP;

    l a continuao do seu apoio ao ProjectoCena Lusfona.I.2.3. Na rea dos Direitos de Autor e Di-reitos Conexos

    l o estabelecimento de um programa deapoio elaborao de legislao e forma-o de tcnicos, a coordenar por Portugalem parceria com o Brasil, devendo o seumodo de concretizao e nanciamentoestar de nidos at ao nal de Dezembrode 2000.

    II NO CUMPRIMENTO DO PLANO DEACO ORA APROVADO:

    l realizar, a convite do Ministro da Culturado Brasil, a prxima reunio dos Minis-tros da Cultura no primeiro semestre de2001, no Rio de Janeiro, comprometendo--se a enviar ao Secretariado Executivo daCPLP, at nais do corrente ano, propostaspara a agenda dessa reunio;

    l promover, por ocasio dessa segundaCimeira, uma mostra de livros de autoresAfricanos e de Timor-Leste de expressoportuguesa, aco que se integra nos esfor-os a desenvolver desde j de maior pro-moo e divulgao desta literatura.

    Os Ministros da Cultura tomaram conheci-mento e encorajam a realizao do primei-ro encontro de escritores e editores daCPLP, iniciativa do Secretariado Executivodesta Comunidade.Finalmente, em face do pedido apresen-tado pelos representantes de Timor-Leste,

    foi decidido conceder um apoio excepcio-nal constituio da biblioteca central deDili, suportado pelo Brasil, por Portugal epelos demais Estados-membros da CPLPque tenham disponibilidades para o fazer.

    Estoril, 6 de Maio de 2000.

    Declarao do Estoril

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    COIMBRATeatro da Cercade So Bernardo3 4 5 6Dezembro2009

    16h00Recepo aos convidados21h30Sabina Freire , de Manoel Teixeira-Gomes[espectculo pela Companhia de Teatro deBraga e A Escola da Noite]

    09h30Sesso de abertura10h30Painel IPalcos para o intercmbio: os espaos

    cnicos nos pases da CPLP13h30Almoo15h30Painel IICircuito teatral lusfono: festivais,intercmbios e circulao regularentre os pases de lngua portuguesa19h00

    Jantar21h30A Cena no Caf

    10h00Painel IIICriao e difuso da dramaturgiade lngua portuguesa: centros dedocumentao e edio teatral13h00 Almoo15h00 Painel IV Dar e receber: co-produes eformao artstica entre agentesculturais no espao da CPLP19h00

    Jantar21h30A Cena no Caf

    10h30

    Concluses / Encerramento 13h00Almoo

    Instituies o ciais

    Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa(CPLP)*

    PortugalMinistrio da Cultura de PortugalSecretaria de Estado da Cooperao de Por-tugal*Direco-Geral das ArtesInstituto Cames*Cmara Municipal de CoimbraBrasilMinistrio da Cultura do Brasil*Secretaria de Cultura do Estado da BahiaSecretaria de Cultura do Estado de So Paulo*Secretaria de Cultura do Estado do RioGrande do Sul*AngolaMinistrio da Cultura de Angola*Cabo VerdeMinistrio da Cultura de Cabo Verde*Guin-BissauMinistrio da Educao Nacional, Cultura eCincias da Guin-Bissau*So Tom e PrncipeMinistrio da Educao e Cultura de So Tome PrncipeTimor-LesteEmbaixada da Repblica Democrtica deTimor-Leste em PortugalMoambiqueMinistrio da Educao e Cultura de Moam-bique*Galiza (Espanha)Axencia Galega das Industrias Culturais(AGADIC)

    Agentes culturais, festivais

    e outras instituies no-governamentaisPortugalA Escola da Noite Grupo de Teatro de CoimbraAbel NevesAlkantara*Cena LusfonaCentro Dramtico de voraCompanhia de Teatro de BragaEncontros da Lusofonia (Torres Novas)Festival Internacional de Expresso Ibrica (FITEI)Filipe Crawford ProduesTeatro MeridionalTeatro O BandoUniversidade Lusfona*BrasilCircuito de Teatro Portugus (So Paulo)Cooperativa Cultural BrasileiraFestival de Teatro de Lngua Portuguesa (FESTLIP, Riode Janeiro)Festival de Teatro Lusfono (Teresina, Piau)Fundao Palmares*AngolaElinga TeatroFestival de Teatro e Artes de LuandaCabo VerdeBurburGrupo de Teatro do Centro Cultural Portugus doMindelo*Guin-BissauCentro de Intercmbio Teatral de Bissau (CIT/Bis-sau)So Tom e PrncipeCentro de Intercmbio Teatral de So Tom (CIT/So Tom e Prncipe)Galiza (Espanha)Candido PazManuel Guede OlivaRevista Galega de TeatroSarabela Teatro* a con rmar

    03Dezquin.

    04Dezsex.

    05Dezsab.

    06Dezdom.

    i n t e r c m b i o c u l t u r a l e n t r e o s p a s e s d e l n g u a p o r t u g u e s a t e m s i d o o b j e c t o d e v r i a s r e s o l u e s o c i a i s , p r o j e c t o s d e i n t e r v e n o e i n i c i a t i - v a s p o n t u a i s . P e r m a n e c e , c o n t u d o , a s e n s a o d e q u e h m u i t o p o r f a z e r n a a p r o x i m a o e n o i n t e r - c o n h e c i -

    m e n t o e n t r e o s a g e n t e s c u l t u r a i s d o s d i v e r s o s p a s e s e n a c a p a c i d a d e d e a r t i c u l a r m e i o s e v o n t a d e s e m n o m e

    d e s t e i n t e r e s s e c o m u . Q u a n d o c a m i n - h a m o s p a r a a c e l e b r a o d o 1 5 a n - i v e r s r i o d a C P L P ( e m 2 0 1 1 ) , e n u m

    m o m e n t o e m q u e v r i o s d o s o i t o p a l c o s l u s f o n o s ( a o s q u a i s s e

    j u n t a , c o m o p a r - c e i r o

    inter-cmbio cultural

    entre os pases de lnguaportuguesa tem sido objecto de

    vrias resolues o ciais, pro- jectos de interveno e iniciativaspontuais. Permanece, contudo, a

    sensao de que h muito por fazerna aproximao e no inter-conheci-

    mento entre os agentes culturais dosdiversos pases e na capacidade de ar-

    ticular meios e vontades em nome desteinteresse comum. Quando caminhamos

    para a celebrao do 15 aniversrio daCPLP (em 2011), e num momento em que

    vrios dos oito palcos lusfonos (aos quais

    se junta, como parceiro privile-giado, a Gali-

    o o o

    Participantes

    cenaberta 5

    Dezembro 2009

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    6/12cenaberta 6

    cenaberta

    mindelact No encerramento do Festival Internacional de Teatro do Mindelo, Joo Branco, coordenadordo evento, mostrava-se satisfeito com os resultados. Esta 15. edio, nas suas palavras, cons-tituiu o apogeu de um caminho, encetado em 1995, que progressivamente se foi iluminando.Um a um, chamou ao palco os elementos da equipa organizadora: da Produo ao Som, daBilheteira ao Protocolo, Secretariado, Gra smo, Formao Uma vintena de quadros, nemtanto, que tudo puseram de p.De 10 a 20 de Setembro, pelos palcos da cidade do Mindelo, em So Vicente, Cabo Verde,passaram destacados grupos da cena nacional cabo-verdiana e da cena internacional, en-riquecendo a Programao Principal do Mindelact, avaliada pela organizao como a me-lhor de sempre. Pelo Festival O passaram vrios grupos oriundos de diferentes ilhas dopas. Houve Teatrolndia, Teatro de Periferia, Teatro de Rua, Formao. Muito pblico, salascheias. E foi tempo de evocao de Isabel Alves Costa, prestigiada gura da cena portuguesa,que to cedo a morte roubou ao teatro.O que foi o Festival e, sobretudo, qual o ponto de situao da cena cabo-verdiana no actualmomento, estes so temas a abordar na prxima edio da revista Setepalcos , toda ela cen-trada no teatro em Cabo Verde, semelhana de outros nmeros temticos j publicados,dedicados ao teatro no Brasil, ao teatro na Galiza. E enquanto Setepalcos chega e no chegas bancas, neste interim, cenaberta abre-se s imagens do Festival .

    fotogra a de Augusto Baptistaimagens de um

    "Sizwe Banzi est mort", Dankun & Thatre Bouffes du Nord

    "As Novas Esttuas"

    "Auto da Paixo", Comdias do Minho

    Joo Branco e Juventude em Marcha: encerramento

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    7/12cenaberta 7

    Dezembro 2009

    09AngolaMiragens Teatro (Prmio Copaca-bana do Mindelact 2009)

    Blgica

    Cie. Mossoux BontBrasilCompanhia Anjos Pornogr cosCompanhia e-Teatro

    Cabo VerdeAdriano Reis e Luciano Lopes (CaboVerde/Portugal)CraqOtchod (S. Vicente)Flvio Hamilton e Valdemar Santos(Cabo Verde/Portugal)Grupo de Teatro do Centro CulturalPortugus (S. Vicente)Grupo Dja DSal (Sal)Grupo Nova Casa (Boavista)Juventude em Marcha (Santo Anto)OTACA- O cina de Teatro e Comuni -cao de Assomada (Santiago)Sara Estrela (Cabo Verde/Brasil)

    "Cord Dja D'Sal", Grupo Dja D'Sal

    festival

    "Escuta aqui, seu ladro", Sikinada - Companhia de Teatro

    "4&30", Miragens Teatro

    "Boka Noti", Otaca

    "Hora Minguarda", Grupo Nova Casa

    "No Inferno", Grupo de Teatro do Centro Cultural Portugus

    Sikinada - Companhia de Teatro(Santiago)TIM Teatro Infantil do Mindelo(S. Vicente)

    EspanhaCarlos MartinezEnano

    MaliDankun & Thatre Bou es du Nord(Mali/Frana)

    MoambiqueMutumbela Gogo

    Portugal

    Comdias do MinhoStaticman

    Repblica ChecaSerge Art

    grupos participantes

    "Chuva Brava", Juventude em Marcha

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    8/12cenaberta 8

    cenaberta

    No Mindelact 2009, Festival Internacional de Teatro do Mindelo(Cabo Verde, 10 a 20 de Setembro), cenaberta cruzou-se com ogrupo angolano Miragens Teatro.Em alta nesta edio do Mindelact, ao Miragens foi dadodestaque de abertura no programa anunciador do evento; ao Miragens foi atribudo o Prmio Copacabana 2009, distinoespecial consagrante dos muitos anos de participao do grupono Mindelact, a reconhecer o empenho teatral do s seus actorese a marca do seu jovem director.De fico, realidade, do seu Miragens Teatro e da cena emAngola nos fala Walter Cristvo.

    O Miragens Teatro nasce onde,quando?O grupo nasce no dia 7 de Junho de 1995, nacomunidade catlica de S. Lus, no municpio doRangel, Bairro do Rangel, em Luanda.

    Quantos elementos tem hoje o grupo?Ns somos oito rapazes e cinco raparigas, comuma mdia de idades de 28 anos.

    H uma estimativa do nmero de gru-pos que existem em Luanda?Ns estamos agora a ver se conseguimos fazerum levantamento. Fala-se em 200/300 grupos. Eeu descon o que seja este nmero. H uns anosatrs, fui presidente de jri dum festival de teatroque se realiza de dois em dois anos, ao nvel daigreja catlica. O primeiro festival foi em 2003 etinha cerca de 40 grupos. Em 2005 aparecerammais sete, oito, mas so grupos que cam s ali,quer dizer, eles fazem um teatro mais luz daBblia, ao nvel da Igreja. Depois h os profa-nos, a cerca de 150. E eu falei na religio s navertente catlica, no sei o que se passa com osoutros ramos religiosos. provvel que existamoutros grupos.

    Salas de espectculo, h o AvenidaO Avenida foi demolido e vai ser reconstrudo.

    O Nacional precisa de obras.Portanto, salas neste momento emLuanda?Neste momento, temos o salo da LAASP (LigaAngolana de Amizade e Solidariedade para comos Povos), na Vila Alice, e o an teatro da escolaNjinga Mbandi, que foi remodelado e agoratem estado a servir o teatro. O espao Elinga,na Mutamba, est ameaado, diz-se que vo l

    construir umshopping , com uma sala de teatro.Mas no uma informao o cial, o que seouve. Existe ainda a s ala do Centro RecreativoKilamba, ao Rangel. Foi erguido, igualmente, umnovo an teatro, mesmo nas barbas do nossolocal de ensaios e tudo indica que seremos osgestores, mas s para o ano.

    Quer dizer, ao mesmo tempo que h

    a emergncia de tanto grupo, no hsalas?Exacto. Mas surgiu uma sala nova no municpiodo Cazenga, o municpio que tem mais genteem Luanda, entregue Associao Culturalde Globo Dikulu, que promove um festival.Embora o Cazenga tenha uma vertente muitopejorativa: a delinquncia. um municpio comndices de delinquncia muito elevados, e issoafasta as pessoas. E os grupos conceituados noquerem l ir.

    Como estamos de formao teatral?Em termos de formao, o Ministrio, pelaprimeira vez depois de 1995, mandou trs ele-mentos fazerem um curso superior a Cuba, nosentido de reforarem a estrutura em Luanda.Felizmente, um desses trs elementos, o JosTeixeira, membro do Miragens, est l h

    dois anos. Uma menina do Etu-Lene, chama--se Marcelina Boneca, o Afonso Zamunda dogrupo de teatro Danda Mulundo. L dentrofazem-se formaes

    L dentro, em Luanda?Sim, em Luanda. Olha, outro problema aformao estar concentrada em Luanda, umacoisa que ns tambm temos estado a criticar.Contratam-se brasileiros, vo para l, cam

    duas semanas, fazem uma formao, regressam.Mas esta formao, nos ltimos dois anos, noaconteceu mais de quatro vezes. O HorizonteNjinga Mbandi fez duas formaes de trsmeses cada.

    H toda uma amlgama de problemasque preciso resolver. A comear poronde?O que eu acho ser urgente o aparecimento depelo menos duas salas na capital e uma forma-o descentralizada de Luanda. Eu at j z umaproposta para que houvesse formao regional.Falta ao Ministrio investir do ponto de vistaestratgico naqueles que tero mais um poucode conhecimento para estes promoveremformaes regionais.

    Referes-te ao Ministrio da Cultura?Sim, claro. Falta muito i sso. A Dr. Rosa Cruz eSilva substituiu o ministro Boaventura Cardoso,mas ns vemos que o teatro continua a ser oparente distante.

    Quanto a formao, achas que existem

    hoje em Angola elementos capazes deserem os agentes dessa aco?O que acontece hoje em Lua nda? Por exemplo,o "Miragens" fez 4&30. Os outros, aquilo queacham ser novo, tambm querem fazer... O queno est bem , por exemplo, vir algum dePortugal, de Moambique, do Brasil, fazer for-mao em Angola e car um ms, quinze, vintedias o que no su ciente e s em Luanda.Importante seria que o Ministrio subvencio-nasse a vinda de formadores por perodos maisalargados para trabalharem em Luanda, em Ben-guela, no Huambo, onde h tradio de teatro,assim cresceramos mais.Ns trabalhmos com Jacques-Henri Delcamp,um professor francs que foi levado pela Alli-ance Franaise. Ele cou quatro meses emLuanda e aprendemos muita tcnica. Com apresena do Jacques em Luanda mudou muito o

    teatro. A vinda de pro ssionais por temporadasdilatadas a Angola far-nos-ia muito bem.

    Qual a relao entre os grupos?Ao nvel de grupos ns vamos trocandoconversas, vamos saindo a passear, a jogar umabola, a assistir a espectculos, a fazer crticas,sugestes. assim que a gente vai andando.Depois temos a Associao Angolana de Teatro,da qual eu j fui secretrio-geral h quatro anos,mas agora pode dizer-se que a associao nofaz o que devia fazer. Devia fazer associativismo,mas faz mais o papel de uma agncia promotorade actividades.

    O Elinga Teatro entra tambmnesse crculo de relaes?Ns sempre pensmos que uma forma decrescer seria com o Elinga. Quando come-mos em 1995, j o Elinga estava muito longe.

    J ns nos admirvamos s de ouvir e ler. Masnunca houve essa fuso. Embora tenha de re-conhecer que o Jos Mena Abrantes sempre semostrou disponvel, embora muito limitado pelaactividade dele. Na minha ptica, o Elinga de-veria atrair mais os grupos, como fez de formaexcelente quando comemorou 20 anos [2008].O Festival Internacional que ento promoveufoi extraordinrio, foi um espao de troca deexperincias muito forte.

    Vocs tm instalaes prprias, umasede?No. Se tudo correr bem, no prximo anovamos comear a trabalhar no processo dearranjar uma sala para ns. Alm do Hori-zonte Njinga Mbandi, que tem um espaoprprio, o que acontece em Luanda? Os gruposexibem-se num stio e depois tm de recolheras coisas. Ns tivemos de alugar uma casa emque guardamos o nosso material tcnico. Masum escritrio far-nos-ia mais slidos, com maisestratgias de trabalho.

    No caso concreto das peas que vocsconstroem e levam a palco, so peasque resultam muito dos acontecimen-

    tos sociais, das coisas que ocorrem,ou vocs vo buscar as histrias aoslivros, a textos publicados? De ondesurge a inspirao, o enredo? mais no quotidiano. O quotidiano a base

    fundamental da criao do teatro em Angola. Sdois grupos que se baseiam mais na literatura.

    Que grupos so?Temos o Elinga e temos um grupo que surgiufruto de uma fraco vamos assim dizer doHorizonte Njinga Mbandi, O Dadasmo.O Dadasmo tem o apoio directo de umapessoa que foi o secretrio-geral da Unio deEscritores Angolanos, Botelho de Vasconcelos.E o Elinga trabalha base da literatura do JosMena Abrantes.

    Vocs prprios andam atentos embusca de histrias do quotidiano?Por exemplo, agora h um problema em Luandaque tem a ver com a morte de oi to jovens. Al-gum telefonou polcia e disse: H um grupode delinquentes, reunidos no stio tal. A polciafoi l e jogou bala . Aquilo comoveu o pas e ns

    estamos agora a fazer a recolha. Somos muitodeste tipo de grupos, vamos onde est o focoda ateno, puxamos a histria, fazemos.

    Vo onde h fogo, que o caso da pe a4&30, inspirada num acontecimentoreal.A queda do edifcio de 12 andares, em queestava instalada a Direco Nacional de Inves-tigao Criminal, na fatdica madrugada do dia29 de Maro de 2008, e em que se perderammuitas vidas.

    Uma pea que vocs tm represen-tado em muitos stios de Luanda?Esta pea chama a ateno para a falta deestruturas teatrais. Nesta altura, ns no con-seguimos lev-la para alm da Liga Angolana deAmizade e Solidariedade com os Povos. Possodizer que continua a ser a pea mais procuradaem Angola neste momento. Ns exibimos enunca h espao para as pessoas. A sala estsempre cheia, h sempre gente a querer ver e ano conseguir.

    Para alm de Cabo Verde, levaram oespectculo a Portugal.Levmos o espectculo a Portugal, ao Festivalde Almada. A crtica foi muito favorvel, oespectculo teve grande aceitao.

    O Miragens no assume um teatroeminentemente poltico, de evoca-o do passado colonial, dessa pesadamemria da histria angolana?No a nossa vertente. Ns estamos agora atentar fazer uma pea que se chama A Histriadas Histrias. Queremos fazer esta pea,estamos a fazer recolhas. Mas as nossas

    preocupaes so mais sociais, no muito nocontexto poltico. Passamos um bocado ao ladoda vertente poltica, embora haja pessoas quevm com subjectividades: Vocs queriam eradizer aquilo; Eh p, se chegaste at a umaleitura tua.

    Verso integral da entrevista emcenaberta on-line:www.cenalusofona.pt/cenaberta

    Conversa com Walter Cristv

    MIRAGENS TEATROBairro Nelito SoaresRua do Complexo IGCALUANDA [email protected]

    A

    u g u s t oB

    a p t i s t a

    Walter Cristvo, director do "Miragens Teatro"

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    9/12cenaberta 9

    Dezembro 2009

    A Cena no Caf

    So Tom era irmo de Santo Antnio. Um dia umirmo foi falar com a mulher do outro e o apaixonadono gostou. Ento fez o mesmo. E o outro tambmno gostou. Zangaram-se e nunca mais se falaram.Taparam a estrada que os unia com mar". Assim nas -ceram as ilhas de So Tom e Prncipe. Esta e outrashistrias, contadas n'A Brasileira, Braga, na noite de9 de Novembro, foram o mote da primeira sesso deA Cena no Caf fora de Coimbra.

    Antnio Augusto Barros, Rui Madeira eRogerio Boane falaram para uma sala cheia.Houve informao, discusso e muitas his-trias. As primeiras de todas chegaram delonge, da ilha do Prncipe. Na projeco deum documentrio de Ivo Ferreira Con-tadores de Histrias do Prncipe parti-lharam-se narrativas, crenas, tradies deum povo que resiste morte da memria.Histrias de reis, animais, princesas, gigan-tes, de irmos que se zangam e tantas outras,que sobrevivem a geraes e ensinam queem frica a oralidade tem um peso enor-me. Mas as pessoas morrem e com elasestas histrias. Um dos nossos objectivos registar, em todos os pases, os contadoresde histrias. Palavras de Antnio AugustoBarros: Comemos pelo Prncipe. Estem processo de montagem o document-rio sobre So Tom e j est projectado oda Guin-Bissau". Importante tambm ofacto de todos estes documentrios seremfalados em crioulo. Para alm do portugus,existem as lnguas maternas que esto adesaparecer e necessrio preservar. Sotesouros culturais que se esto a perder.O mais importante no ser exportar oportugus para outros pases, acrescentou,

    mas sim fazer um esforo para aprofundarconhecimentos de cada realidade diferenteda nossa.

    O interveniente seguinte foi RogerioBoane. Hoje actor pro ssional da Compa-nhia de Teatro de Braga, Rogerio veio para

    Portugal depois de ter sido escolhido emMoambique, numa o cina de teatro. Eu erabailarino. Entrava em danas teatrais em quecontvamos uma histria de uma forma tra-dicional, misturando canto e dana. Escolhe-ram-me porque tinha uma grande carga detradio no que fazia e isso interessou-lhes.Convidado para um estgio internacional deactores em 2000, Rogerio juntou-se a outros jovens seleccionados, noutros pases, pelomesmo processo. Atravs desse encontro,diz, descobri como somos diferentes e, ao

    mesmo tempo, to iguais! Encontrei as se-melhanas, a normalidade dentro das nossasculturas muito diferentes. O que a CenaLusfona me fez foi mudar-me da danapara o teatro e dar-me a oportunidade deconhecer outras culturas e outros pases.Quanto ao futuro, o actor no hesita: Voltara Moambique, levar a minha experincia epoder ajudar!.

    Coube a Rui Madeira abordar outroprojecto da Cena Lusfona: o inventriodos espaos cnicos nos pases africanos delngua portuguesa. Dos tempos do colonia-lismo aos dias de hoje, muito se construiu edestruiu. importante saber que salas exis-tem para se poder trabalhar, em que estadoesto, que condies tm para montar umespectculo. Serve tambm de alerta paraque as entidades competentes de cada passe agarrem sua reconstruo.

    Tudo na arquitectura um acto de poder. Sobreo meio, sobre a Natureza, sobre os materiais. sem-pre um acto de domnio. Concluso de Jos AntnioBandeirinha n'A Cena no Caf dedicada arquitecturae antropologia realizada no dia 16 de Novembro, noCaf-Teatro do Teatro Acadmico de Gil Vicente, emCoimbra. O inventrio de espaos cnicos feito pelaCena Lusfona foi apontado como um paradigma dasrelaes entre estas disciplinas.

    Com o pretexto de servir como "ape-ritivo" aos Colquios de Outono da Univer-sidade de Coimbra (23 e 24 de Novembro),este encontro juntou os arquitectos JosAntnio Bandeirinha e Paulo Providnciacom os antroplogos Nuno Porto e SandraXavier para debater os cruzamentos entrearquitectura e antropologia.

    A arquitectura tem-se apropriado dodiscurso da antropologia ao tentar aproxi-mar-se das realidades sociais. O que queos antroplogos pensam desta aproximaoao seu discurso? At que ponto a hetero-

    -identidade corresponde auto-identidadedas disciplinas?, uma pergunta de SandraXavier. Na minha opinio, a arquitecturaaproxima-se da antropologia quando preten-de estudar realidades no arquitectnicas,concluiu.

    Jos Antnio Bandeirinha, por seulado, viajou por momentos marcantes darelao entre as duas disciplinas. Primeiropor uma fase de namoro, em que a an-tropologia ensinou arquitectura que nopodia existir sem a construo social quelhe est subjacente. Mais tarde vem a fasedo questionamento, de um ataque mtuo.Agora existem as duas, centradas em siprprias, com um certo amadurecimento

    que lhes permite fazer as duas coisas emsimultneo, namorar e criticar.O arquitecto conimbricense exempli-

    cou com o inventrio dos espaos cnicosda Cena Lusfona: Os arquitectos foramchamados para criar uma base de dados de

    espaos teatrais dos pases lusfonos. Logonos deparmos com situaes mpares:como possvel fazer um levantamento des-te tipo no Prncipe, por exemplo, onde h oAuto de Floripes em que os actores so oshabitantes e o palco a rua, a cidade? Como li-dar com estas realidades como arquitectos?Optmos por inventariar todos os espaosonde h o hbito de fazer teatro, explicou

    Jos Antnio Bandeirinha, concluindo que:Para essas inquietaes foi sempre precio-sssima a presena dos antroplogos. Este

    um belssimo exemplo de colaborao entrearquitectura e antropologia.Paulo Providncia lanou algumas

    leituras sobre o modo como as disciplinasse complementam: A antropologia teminteresse para a arquitectura quando esta seencontra em perodo de crise, quando deixade acreditar nas formas. Ento os arquitec-tos procuram olhar as coisas de outra forma.Por outro lado, a arquitectura tem umaaspirao muito antiga, a de ser consideradauma cincia. Quer ser rigorosa, ter leis queprevejam as formas, que a relacionem com asociedade. Que tipos de habitao para quetipos de homem, de culturas?".

    Nuno Porto lembrou a de nio deMalinowski, centrando a questo na relaoentre indivduos: a antropologia a cinciado sentido de humor. E para haver humor,rematou Nuno Porto, preciso no estarsozinho.

    COIMBRA

    Arquitectura e antropologiaBRAGA

    Um projecto multifacetado

    P ed r oR

    od r i g u

    e s

    P a ul oN

    o g u ei r a

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    cenaberta

    BrasilAlberto Guzik lanabiografia de NaumAlves de Souza

    Imagem, Cena, Palavra o ttulo da recentebiogra a do dramaturgo brasileiro Naum Alvesde Souza. Escrita por Alberto Guzik e editadapela Imprensa O cial, foi lanada em So Paulo,no passado ms de Outubro.

    Artistas, escritores e polticos encheram a sala do

    centro comercial Frei Caneca, num ambiente in-formal e agitado. Na mesma ocasio, foi apresen-tado um outro livro, Teatro de Alberto Guzik.O autor partilhou no seu blogue o entusiamo ea honra que sentiu: Fiquei honradssimo com aedio de minhas peas, assim como estou muitofeliz porque a biogra a do Naum tornou-se umlivro lindo, que faz jus a esse criador mpar, umser de talento to gigantesco quanto sua sensi-bilidade.Para alm de escritor e dramaturgo, AlbertoGuzik crtico teatral, actor, encenador e pro-fessor. Mestre em teatro pela Escola de Comuni-cao e Artes da Universidade de So Paulo. Fazactualmente parte da companhia de teatro OsSatyros.Guzik acompanha desde h muito o trabalho deNaum Alves de Souza: em 2005, escreveu o pref-cio do livro Teatro, editado pela Cena Lusfona,que rene todas as peas de Naum escritas atquela data.

    AngolaLuandino apresenta emPortugal Livro dosGuerrilheiros

    O escritor angolano Luandino Vieira apresen-tou no dia 15 de Setembro, na Livraria Alme-dina, em Coimbra, a sua obra mais recente,Livro dos Guerrilheiros.

    Jos Luandino Vieira, um dos mais importantes es-critores africanos, passou por Coimbra com o seuLivro dos Guerrilheiros, obra com que inter-rompe um perodo de hibernao editorial.Pires Laranjeira, professor da Universidade deCoimbra que fez a apresentao do livro, sa-lientou na obra de Luandino Vieira o discursoangolanizado, de sintaxe diferente do portuguseuropeu e a forma como ela apresenta casos deopresso social e poltica e de enfrentamento demundos culturais diferenciados.Na sesso de apresentao do livro em Coimbra,na Almedina Estdio, Luandino Vieira respondeus perguntas dos leitores e participou numa con-versa sobre a sua vida e o seu percurso literrio,internacionalmente reconhecido.A iniciativa integrou o ciclo Comunidade deLeitores, uma organizao da livraria Almedina,da professora da Faculdade de Letras da Universi-dade de Coimbra Ana Paula Arnaut, do Centro deLiteratura Portuguesa e da Ideias Concertadas.Com O Livro dos Guerrilheiros editado esteano pela Editorial Caminho, Luandino Vieira temviajado por todo o pas em sesses de apresen-

    tao: Portimo, Lisboa, Ponta Delgada, Serpa,Pvoa do Varzim, Braga, Leiria, Castelo Branco eVila Franca de Xira foram algumas das outras ci-dades visitadas.Luandino Vieira, recorde-se, recusou receber oPrmio Cames que lhe foi atribudo em 2006,alegando motivos ntimos e pessoais. Mais tarde,em entrevistas concedidas a alguns jornais cul-turais, diria que recusara o prmio por se con-siderar um escritor morto e que este deveria ser

    atribudo a algum que continuasse a escrever.Acabou por publicar ainda mais dois ttulos em2006.

    Nascido em Ourm mas residente em Angoladesde muito novo, Luandino foi combatente doMPLA, preso pela PIDE na dcada de 50 e conde-nado a mais de dez anos de priso.

    BrasilBoaventura de SousaSantos homenageadopelo Governo brasileiro

    O socilogo portugus Boaventura de SousaSantos foi distinguido, no passado ms de Outu-bro, pelo Governo brasileiro com a Gran-Cruzda Ordem de Mrito Cultural 2009.

    Criada em 1995, a Ordem do Mrito Cultural a mais alta comenda do Governo Brasileiroatribuda a personalidades e instituies quese destacam pelas suas contribuies culturabrasileira e mundial.Boaventura de Sousa Santos, doutorado pela Uni-versidade de Yale, Professor Catedrtico da Fa-culdade de Economia da Universidade de Coim-bra, Distinguished Legal Scholar da Universidadede Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar daUniversidade de Warwick. Director do Centrode Estudos Sociais da Faculdade de Economia daUniversidade de Coimbra e do Centro de Docu-mentao 25 de Abril da Universidade de Coim-bra.Para alm da sua carreira acadmica, Boaventu-ra de Sousa Santos tem-se distinguido pelo seuenvolvimento em vrios movimentos sociais decarcter emancipatrio, tanto em Portugal comoem frica e na Amrica-Latina.

    Portugal

    Ms de So Tom ePrncipe na Galeria deSanta Clara

    A Galeria-Bar de Santa Clara, em Coimbra,dedicou a sua programao de Novembro ao

    arquiplago de So Tom e Prncipe. A progra-mao incluiu uma exposio de artistas plsti-cos so-tomenses, conferncias e a mostra evenda de livros de autores deste pas.

    Inaugurada a 7 de Novembro, a iniciativa decorreuao longo de todo o ms, incluindo a exposio6 expresses so-tomenses, com obras dos ar-tistas Estanislau Neto, Ismael Sequeira, Le-Brimet,Plcido Vicente e Yolanda Esteves.

    Na mostra de autores so-tomenses estiveramrepresentados os escritores Alda Esprito Santo,Antnio Bondoso, Armindo Vaz de Almeida, Au-gusto Nascimento, Carlos Graa, Fernando deMacedo, Gerhard Seibert, Nocncia Mata, Kath-leen Becker, Olinda Beja e Sacramento Neto.Como conferencistas, participaram Augusto Nas-cimento, investigador do Instituto de InvestigaoCient ca Tropical de Lisboa (Controvrsiasem torno da histria de So Tom e Prncipe); Jorge Castilho, jornalista (Um turista em S. Tome Prncipe); e Gerhard Seibert, investigador doCentro de Estudos Africanos do ISCTE (SoTom e Prncipe: da Independncia Total de-pendncia sem m vista).Finalizou esta iniciativa uma sesso de leitura depoesia de Armindo Vaz de Almeida e de Alda Es-prito Santo, por Carolina S.A Cena Lusfona associou-se a esta actividade,disponibilizando ao pblico os seus livros Ima-ginrio do teatro angolar, de Fernando de Mace-do, e Floripes Negra, de Augusto Baptista.

    PortugalAbel Neves vencePrmio Luso-Brasileirode Dramaturgia

    O dramaturgo portugus Abel Neves foi galar-doado com o Prmio Luso-Brasileiro de Dra-maturgia Antnio Jos da Silva pela sua peaJardim Suspenso. O Prmio uma iniciativaconjunta do Instituto Cames e da Funarte Fundao Nacional de Arte do Ministrio daCultura do Brasil.

    A atribuio do prmio foi decidida por um jriluso-brasileiro de que zeram parte Carlos Paulo,Gonalo Amorim, Joo Paulo Cotrim e Rui PinaCoelho, do lado portugus, Andr Luiz AntunesNetto Carreira, Cristina Sobral Correa Jesus, Re-nato Jos Pecora e Tarciso de Souza Pereira, dolado brasileiro.O Prmio de Dramaturgia Antnio Jos da Silvatem o valor monetrio de quinze mil euros egarante a edio da obra premiada, a cargo dasentidades que promovem a sua atribuio, emPortugal e no Brasil. O texto vencedor ser tam-bm representado nos dois pases, numa parceriaestabelecida entre a Funarte, a Direco-Geraldas Artes e o Teatro Nacional de D. Maria II. EmPortugal, o espectculo ser apresentado na SalaEstdio do TNDM II de 29 de Abril a 30 de Maiode 2010.De acordo com uma nota do Instituto Cames, oPrmio Luso-Brasileiro de Dramaturgia Antnio Jos da Silva visa incentivar a escrita dramtica emtodos os seus gneros e o aparecimento de novosdramaturgos de lngua portuguesa, reforando asparcerias de desenvolvimento e cooperao cul-tural entre Portugal e o Brasil.Abel Neves nasceu em Montalegre em 1956. Dra-

    maturgo, poeta e romancista, com vasta obra emPortugal e muitas colaboraes no estrangeiro, autor das peas para teatro Amadis, Ankis,Touro, Terra, Medusa, Atlntico, Finis- terrae e Arbor Mater, El Gringo, Lobo-Wolf, Inter-rail, Alm as Estrelas so a nossaCasa, e, mais recentemente, Nunca estive emBagdad e Este Oeste den. Autor, tambm,de textos para televiso, publicou o seu primeiroromance, Coraes Piegas em 1996, seguido

    de Asas para que vos quero (1997). Em 1998publica o livro de poesia Eis o Amor a Fome ea Morte e em 2002 um volume de ensaios, Al-gures entre a resposta e a interrogao.A obra de Abel Neves est representada na co-leco Cena Lusfona com a pea Supernova,editada em 2000.

    EspanhaFeira Galega das ArtesEscenicas

    A Cena Lusfona esteve representada na FeiraGalega de Artes Escenicas, realizada em San-tiago de Compostela de 19 a 23 de Outubropassado, com organizao da Agncia Galega

    das Indstrias Culturais (AGADIC). Mais deuma dezena de espectculos foram contrata-dos para digresso em 2010, com especialpreferncia pelo teatro para o pblico infantil.

    A Feira mantm a sua caracterstica de espao demercado, permitindo a programadores de todaa Espanha e de Portugal o contacto com as maisrecentes criaes teatrais galegas e a contrataode algumas delas.Cinco espaos da cidade acolheram vinte com-panhias galegas num evento destinado aos produ-tores, distribuidores e demais agentes culturais detoda a Pennsula Ibrica.O Auditrio de Galicia concentrou uma vez maisas principais actividades da Feira: a estiveram ins-talados o gabinete de coordenao, osstands das

    companhias de teatro, as mesas de debate e doisdos principais palcos do encontro, as salas Mozarte ngel Brage. A programao alargou-se, no en-tanto, a mais sa las da cidade de Santiago: ARTeriaZona Noroeste, Saln Teatro, Sala Nasa e TeatroPrincipal.Do balano nal da iniciativa deste ano resulta-ram duas apostas. Para alm de se ter con rmadoque o teatro para o pblico infantil o gneroeleito para representar fora da Galiza, cou tam-bm decidido que a AGADIC investir cerca de130 mil euros na distribuio dos 14 espectculosgalegos de teatro e dana que foram contratadospor redes, festivais e espaos cnicos de comu-nidades autnomas e de Portugal. Contas feitas,em 2010 teremos companhias galegas a actuarna Andaluzia, Arago, Valncia, Castela-A-Mancha,

    Castela e Leo, Euscadi, Madrid, Mrcia, Navarra enas localidades portuguesas de Abrantes, gueda,Estarreja, Moita e Palmela.

    PortugalCTB e A Escola da Noiteestreiam co-produo

    A Companhia de Teatro de Braga e A Escola daNoite, de Coimbra, estrearam, em co--produo, o espectculo Sabina Freire, deManoel Teixeira-Gomes.

    cenas breves

    P ed r oR

    od r i g u

    e s

    P

    a ul o

    N o g u ei r a

    Abel Neves

  • 8/14/2019 cenaberta8

    11/12cenaberta 11

    Dezembro 2009

    ltimas aquisiesdo Centro de Documentaoda Cena Lusfona

    A Cidade: uma trilogiaLula Anagnostki, Coleco Livrinhos de Teatro daCotovia / Artistas Unidos, 2008.

    A direccin de actoresDani Salgado, n. 7 da Coleccin Breviarios, EditorialGalaxia e IGAEM, 2006.

    A esttua perdida (Pea de teatro em cincoactos)Raul Mendes Fernandes, Ed. Ku Si Mon, 2008.

    A Expresin dramtica na educacin: Ar-gumentos para situar a expresin dra-mtica no centro do currculoGavin Bolton, n.11 da Coleccin Biblioteca de Teatro,

    Editorial Galxia e AGADIC, 2009.Almas Cativas e Poemas DispersosRoberto de Mesquita, Ed. Municpio de Lajes do Pico,2007.

    Almeida Garrett, Retrato Paratextual comTeatro ao FundoIolanda Ogando, Ed. Biblioteca Arquivo TeatralFrancisco Pillado Mayor, Dep. de Galego-Portugus,Francs e Lingustica da Universidade da Corua,2009.

    As aventuras de Nhu LoboArmindo Martins Tavares, Ed. Instituto Politcnico deLisboa, 2008.

    As Presidentes Peso a mais, sem peso: semformaWerner Schwab, Coleco Livrinhos de Teatro da Co-tovia / Artistas Unidos, 2007.

    Augusto AbelairaCoord. Paulo Alexandre Pereira, Ed.Universidade deAveiro, 2008.

    CaldernPier Paolo Pasolini, Coleco Livrinhos de Teatro daCotovia / Artistas Unidos, 2007.Comida Casas RepartioMiguel Castro Caldas, Coleco Livrinhos de Teatroda Cotovia / Artistas Unidos, 2008.

    Crime e outras peasPeter Asmussen, Coleco Livrinhos de Teatro da Co-tovia / Artistas Unidos, 2006.

    Desejo e outras peas Josep M. Benet i Jornet, Coleco Livrinhos de Teatroda Cotovia / Artistas Unidos, 2007.

    Desmedida: Luanda So Paulo So Fran-cisco e voltaRuy Duarte de Carvalho, Ed. Cotovia, 2006.

    Do canto ao conto: Estudos de LiteraturaPortuguesaAntnio Manuel Ferreira, Ed. Til-Fragmentos de edu-cao, 2006.

    Doutor, por favor, mteme com xeito

    Xos Teixeiro, Ed. Bibli oteca Arquivo Teatral Franci s-co Pillado Mayor, Dep. de Galego-Portugus, Francse Lingustica da Universidade da Corua, 2009.

    Dramaturxia. Teora e PrcticaAfonso Becerra de Becerre, n. 9 da Coleccin Bi-blioteca de Teatro, Editorial Galaxia e IGAEM, 2007.

    Escrever a runaCoord. Antnio Manuel Ferreira, Ed. Universidade deAveiro, 2006.

    Hamelin Juan Mayorga, Coleco Livrinhos de Teatro da Coto-via / Artistas Unidos, 2007.

    Introducin linguaxe musicalMnica Groba Lorenzo, n. 8 da Coleccin Bibliotecade Teatro, Editorial Galaxia e IGAEM, 2006.

    Lils Jon Fosse, Coleco Livrinhos de Teatro da Cotovia /Artistas Unidos, 2006.

    LusofliasCoord. Antnio Manuel Ferreira, Ed. Universidade de

    Aveiro, Dep. de Lnguas e Culturas, 2008.Manual bsico de iluminacin escnicaAntnio Lpez-Dvila, n. 9 da Coleccin Breviarios,Editorial Galxia e AGADIC, 2009.

    Manual de prctica teatral feministaElaine Aston, n. 10 da Coleccin Biblioteca de Teatro,Editorial Galaxia e AGADIC, 2009.

    O Eunuco de Ins de Castro: Teatro no Pasdos MortosArmando Nascimento Rosa, Ed.Casa do Sul, 2006.

    O Fidalgo AprendizD. Francisco Manuel de Melo, Ed. Biblioteca ArquivoTeatral Francisco Pillado Mayor, Dep. de Galego--Portugus, Francs e Lingustica da Universidade daCorua, 2007.

    O heri Incmodo: Utopia e Pessimismo noTeatro de Hilda HilstAlva Martnez Teixeiro, Ed. Biblioteca Arquivo Tea-tral Francisco Pillado Mayor, Dep. de Galego-Portu-gus, Francs e Lingustica da Universidade da Corua,2009.O rapaz da ltima fla Palavra de Co Bu -cha e Estica

    Juan Mayorga, Coleco Livrinhos de Teatro da Coto-via / Artistas Unidos, 2008.

    O Teatro em Angola, Vol. I e II Jos Mena Abrantes, Ed. Nzila, 2005.

    Ofcios do livroCoord. Antnio Manuel Ferreira e Maria EugniaPereira, Ed. Universidade de Aveiro, 2007.

    Palabra e accin. A obra de Manuel Lorenzono sistema teatral galegoRoberto Pascual, n. 7 da Coleccin Mscaras, Edito-rial TrisTram, 2006.

    Peas Escolhidas, Vol. IIHenrick Ibsen, Ed. Cotovia, 2008.

    Peas Escolhidas, Vol. IICarlo Goldoni, Ed. Cotovia, 2009.

    PladesPier Paolo Pasolini, Coleco Livrinhos de Teatro daCotovia / Artistas Unidos, 2007.

    PoticaAristteles, Ed. Biblioteca Arquivo Teatral FranciscoPillado Mayor, Dep. de Galego-Portugus, Francs eLingustica da Universidade da Corua, 2007.

    Relacin de notcias sobre o teatro nos fon-dos da Biblioteca Arquivo Teatral Fran-cisco Pillado Mayor (1882-1975)Laura Tato Fontaa, Ed. Biblioteca Arquivo TeatralFrancisco Pillado Mayor, Dep. de Galego-Portugus,Francs e Lingustica da Universidade da Corua,2009.

    Teatro Jos Maria Vieira Mendes, Ed. Cotovia, 2008.

    Teatro de rua: olhares e perspectivasOrg. Narciso Telles e Ana Carneiro, Ed. E-papers,2005.

    Teatro occidental: unha historia teatraldesde a escenografa

    Anne Surgers , n. 12 da Coleccin Bibli oteca de Teatro,Editorial Galxia e AGADIC, 2009.

    !Todo o mundo a escena A economia doteatro: unha ferramenta de xestin nosistema teatral galegoFrancisco J. Sanjiao, n. 8 da Coleccin Mscaras, Edi-torial TrisTram, 2007.

    Tomaz de FigueiredoCoord. Antnio Manuel Ferreira, Ed. Universidade deAveiro, 2007.

    Turandot, Vol. I e IICarlo Gozzi, Ed. Biblioteca Arquivo Teatral Francis-co Pillado Mayor, Dep. de Galego-Portugus, Francse Lingustica da Universidade da Corua, 2007.

    Um Carvalho Inglaterra: uma pea paragaleriasTim Crouch, Coleco Livrinhos de Teatro da Cotovia/ Artistas Unidos, 2008.

    Vsperas da Virgem Santssima Brilhare-tes

    Antonio Tarantino, Coleco Livrinhos de Teatro daCotovia / Artistas Unidos, 2007.

    Xestin de proxectos e producon de es-pectculosFrancisco Oti Rios, n. 8 da Coleccin Breviarios, Edi-torial Galxia e IGAEM, 2006.

    Publicaes Peridicas (nmeros mais recentes)

    Folhetim , Teatro do Pequeno Gesto (Rio de Janei-ro-Brasil), n. 27 (Jan-Jul/2008).Adgio , CENDREV Centro Dramtico de vora,n. 43 (2. Semestre de 2007).

    Repertrio , PPGAC Programa de Ps-Graduaoem Artes Cnicas da Universidade Federal da Bahia,n. 12 (2009).

    Urdimento do Programa de Ps-Graduao emArtes Cnicas (Universidade do Estado de Santa Cata-rina), n. 11 (2008).

    Casahamlet , n. 11 (Maio/2009).Sinais de Cena , Centro de Estudos de Teatro daFaculdade de Letras de Lisboa, n. 11 (Junho/2009).

    Forma Breve , Universidade de Aveiro, n. 6(Dezembro/2008).

    Artistas Unidos , n. 20 (Dezembro de 2007).

    Homenagem a um dos mais interessantes polti-cos portugueses da Primeira Repblica, cuja obraliterria permanece demasiado desconhecida, apea Sabina Freire estreou no Theatro Circode Braga. No passado dia 19, mudou-se de armase bagagens para Coimbra, onde permanece parauma temporada no Teatro da Cerca de So Ber-nardo at dia 3 de Dezembro. A digresso nacio-nal, que se prolongar pelo ano de 2010, arrancaem breve.Encenado por Rui Madeira, director artstico daCompanhia de Teatro de Braga, o espectculo estintegrado nas Comemoraes do Centenrio daRepblica.

    Brasil-PortugalMeridional apresentaContos em ViagemBrasil outras rotas

    O espectculo do Teatro Meridional "Contosem Viagem Brasil- outras rotas", em cena emLisboa at 19 de Dezembro, rene textos deAdlia Prado, Affonso Romano de SantAnna,Carlos Drummond de Andrade, Joo Cabral deMelo Neto, Joo Guimares Rosa, Joo UbaldoRibeiro, Jorge Amado, Ldo Ivo e Mauro Mota.

    De nindo o Brasil como um territrio imensoe grandioso, feito de paisagens plurais, mltiplasespeci cidades e uma magni cente produoliterria, o Teatro Meridional escolheu viajaratravs de lugares que tm mais perto ou maislonge o Rio S. Francisco ou, como popularmente chamado, o Velho Chico. Um rio que atravessacinco Estados Minas Gerais, Bahia, Pernambuco,Alagoas e Sergipe. Foi da produo literria dos

    autores que nasceram nestes lugares que orga-nizmos a Outra Viagem: a das palavras, escrevemMiguel Seabra e Natlia Luiza, responsveis peladireco artstica do projecto.Com encenao de Miguel Seabra, Contos emviagem Brasil outras rotas tem interpreta-o de Gina Tocchetto (texto) e Antnio Pedro(msica). O espao cnico de Jean-Guy Lecat eos gurinos de Marta Carreiras. Estar no CentroCultural do Cartaxo a nove de Janeiro, na Casadas Artes de Vila Nova de Famalico a 29 de Ja-neiro e em Viseu nos dias 26 e 27 de Fevereiro noTeatro Viria to.

    Seiva Trupe comemorameio sculo de carreirade Jlio Cardoso

    Estreia no prximo ms de Janeiro o espectculocomemorativo dos 50 anos de carreira do actor Jlio Cardoso Eu Sou a Minha Prpria Mulher,de Doug Wright, com encenao de Joo Mota.

    A obra foi escrita por um dos autores contem-porneos mais premiados, o norte-americanoDoug Wright, que obteve com esta pea, entreoutros, o Prmio Pulitzer para Teatro e o PrmioBenjamim H. Danks da Academia Americana deArtes e Letras.

    Doug Wright inspirou-se na vida de um travestialemo, personagem verdica, nascida como Lo-thar Berfeld, que reinventou a sua identidade e seassumiu como Charlotte von Mahlsdorf.A pea conta a histria deste travesti que nasceue cresceu na Alemanha Oriental, montando epreservando um museu fantstico e mantendoum cabaret clandestino na cave desse museu. Omuseu ainda existe e est aberto ao pblico Mu-seu Grnderzeit.Doug Wright transformou a curiosa histria emEu Sou a Minha Prpria Mulher, pea escritapara um nico actor interpretar no s a per-sonagem principal, como as quase 30 outras queatravessam a aco.A Seiva Trupe vai apresentar este espectculocomemorativo de Jlio Cardoso no Teatro do

    Campo Alegre, no Porto, nos meses de Janeiroe Fevereiro, seguindo depois em itinerncia pelopas.

    PortugalRui Madeira ganhaPrmio Santareno

    O actor e encenador Rui Madeira, directorartstico da Companhia de Teatro de Braga evice-presidente da Cena Lusfona, recebeu a 22de Novembro o Prmio Santareno de Teatro Especial, atribudo pela Cmara Municipal deSantarm e o Instituto Bernardo Santareno. Adistino premeia o prestigiado percurso dedcadas, como actor e encenador.

    Para alm de Rui Madeira, o jri decidiu premiareste ano, na mesma categoria, o encenador Joa-quim Benite (director da Companhia de Teatro deAlmada) e o actor Antnio Jlio.Na categoria de peas de teatro inditas, o vence-dor foi o escritor Domingos Lobo, com a pea

    "No deixes que a noite se apague".

    |\||||\ na estante

    M

    a r g a r i d a Di a s

    DR

    A

    u g u s t oB

    a p t i s t a

    Jlio Cardoso

    Rui Madeira

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    ROSTOS DA CENA

    Rogerio BoaneIntegrante do elenco de "Quem Come Quem" e hoje na Companhiade Teatro de Braga, o moambicano Rogerio Boane saltou da dan-a para o teatro. Ps em Portugal, " aqui onde eu tenho de ficar aaprender", sonha regressar a Maputo "para criar abertura, trabalhara srio. A srio, no sentido: com uma encenao a srio, com umcenrio a srio, luzes a srio".

    Nascido em 1978, Maputo, Moambique, muito jovemainda Rogerio Boane saltitou entre grupos de teatro, viveu

    fugazes experincias de palco. Desses tempos guardamemria do grupo Xitlhango. Aos 18 anos ingressa noGrupo de Canto e Dana Milorho, revela as suas invulgarescapacidades de bailarino.

    Em 1999, o Grupo de Canto e Dana Milorho designaRogerio Boane para participar, em Maputo, numworkshop da Cena Lusfona: um encontro marcante na vida do actor,ento com 21 anos.

    Esteworkshop, dirigido por Stephan Stroux, visava aescolha de um representante moambicano no espect-culo Quem Come Quem, integrado no projecto Viagemao Centro do Crculo, co-produo da Cena Lusfona, AEscola da Noite, Companhia de Teatro de Braga e TeatroVila Velha (Brasil).

    Eu era bailarino, mas como j tinha uma pequenaexperincia de palco no grupo Xitlhango, e os outros erams bailarinos, fui considerado a pessoa mais indicada parafazer esseworkshop de teatro. Os convites foram dirigidosa todos os grupos de Moambique, o que contribuiu paradiminuir rivalidades, aproximar os grupos e os actores,misturar actores e bailarinos.

    Foram muitos e quali cados os participantes nowork-shop, trinta e tal pessoas, segundo as contas do Rogerio,todas a concorrerem para um sonho. E estavam l actorespro ssionais, com carreira de teatro. No fundo, o queeu queria era estar ali com aqueles actores pro ssionais,comearmos juntos. Normalmente, quando amos para umespectculo em que entravam os actores mais velhos, nsfazamos uma pequena parte e, de repente, estvamos na

    estreia. Quase no havia contacto com eles, eles com assuas horas de ensaioO workshop durou cerca de duas semanas, Rogerio foi

    o eleito. E logo viaja para Portugal, instala-se em Coimbra.Mais precisamente viemos para a Tocha. Foi l onde nosencontrmos todos: os angolanos, os brasileiros, santo-menses, todos os actores escolhidos. Os nossos primeirosensaios foram l. Ensaivamos, dormamos, tudo l. Foimesmo intensivo.

    Da Tocha a preparao do "Quem Come Quem" ru-mou para Coimbra, para A Escola da Noite. Aps a estreiano Teatro Gil Vicente, seguiram-se apresentaes em Bragae no Porto (Palcio Cristal). A ideia era que o espectculoentrasse em digresso por todos os PALOP, mas por razesque me ultrapassam cou s em Portugal.

    Terminado o "Quem Come Quem", Rui Madeira,director da Companhia de Teatro de Braga (CTB), convidaRogerio Boane para integrar o prximo espectculo dacompanhia. Eu disse que sim, mas que teria de ir a Moam-bique carregar as baterias. Estava na Europa h 3 meses...

    Alm do mais no estava ainda convencido de que era ac-tor. A adensar as dvidas: "A Gaivota". Eu assisti a algumas

    peas deles, foi 'A Gaivota', quei com medo: muito texto,meu Deus, eu no sou capaz, falar, falar, decorar.Em Moambique, um telefonema do Rui Madeira

    decide-o: Na altura ele disse que precisava de um bailarino.Essa parte que me convenceu. E peguei e vim e z o meuprimeiro espectculo c: Uma Comdia na Estao.

    No mais parou. Entre muitas outras representaes,levou a palco as peas "A Estalajadeira", de Carlo Goldoni,"Doroteia", de Nelson Rodrigues, "A Vida como Exemplo",de Alexej Schipenko, "As Bacantes", de Eurpides.

    Neste caldo teatral, nas reviravoltas de Maputo a Braga,a Cena Lusfona surge na vida de Rogerio Boane como oeixo em que giram as mudanas, tal qual o actor con a aocenaberta :

    Como achas que o projecto Cena Lusfona mar-cou a tua vida de actor?A Cena Lusfona abriu-me oportunidades nicas e, de umamaneira directa ou indirecta, tem acompanhado o meu proces-so criativo, a minha evoluo teatral. Tenho vivido e convividoimensamente com pessoas do espao de lngua portuguesa,no s aqui em Portugal, tambm no Brasil, onde j estive. Eh muitas propostas para Angola, Cabo Verde, S. Tom. S queexistem aquelas barreiras que tm di cultado, mas isso socoisas mais da produo e da falta de apoios Cena.

    Mas de 2000 em diante ingressaste na Companhiade Teatro de BragaClaro que nestes ltimos anos este plano de intercmbio

    teatral lusfono tem sido muito concretizado no mbito daCompanhia de Teatro de Braga, e por fora do director RuiMadeira.

    Com a tua vida de actor hoje estabilizada, pro- jectos?Eu sempre tive uma ideia, desde que vim para Portugal: voltara Moambique. Depois de me sentir formado, sinto-me em d -vida para com o meu pas, gostaria de dar uma certa formao.Em Moambique no temos Escolas de Teatro. Mesmo eu, hojeactor pro ssional, a minha escola a vida. Em Moambique noh Escolas de Teatro, nem formadores. As pessoas formam-seatravs deworkshops, depois vo-se integrando em grupose vo fazendo. Alguns tiveram a oportunidade de participarnumas co-produes, zeram algumas peas c, depois voltama Moambique, mas no conseguem continuar.

    Como queres desenvolver essa formao teatralem Moambique?A minha ideia dar uma formao continuada ou, na medida

    do possvel, criar uma Escola de Teatro em parceria com aCena Lusfona. Estando l podia ser um veculo. Conheo as

    pessoas, conheo as di culdades mesmo do terreno e a Cenaviria com um projecto mais elaborado, que eu no tenhocapacidade para fazer as coisas muito apuradas, oramentos,aces, o que se podia ou no fazer, e tambm convidar actorese directores daqui para irem para l.

    Sonho de envergaduraNisso tudo eu seria um instrumento de campo. Eu queria irmesmo ao campo encontrar aquelas pessoas que esto a fazerteatro e falar, assim de igual, sem ir l como uma pessoa mais,que lhes transmite umas quantas coisas mas que depois elesno conseguem implementar, aquilo ca-lhes s na cabeamas no funciona l, que a realidade outra. preciso criarabertura, no s formar, criar espaos em que os grupos de

    teatro possam ir para esses espaos e trabalhar a srio. Asrio, no sentido: com uma encenao a srio, com um cenrioa srio, luzes a srio.

    Com mais organizao?Ns l fazemos tudo, como aqui numa certa altura os actoreseram luminotcnicos, eram tudo, faziam tudo. L os gruposfazem tudo, trabalham para terem um sustento, e so obriga-dos a submeterem-se a projectos como o da embaixada deno sei o qu que apoia sobre a malria, ento fazem teatrosobre a malria, a cooperao tal apoia sobre a fome, entofazem uma pea sobre a fome Falta implementar o teatroque existe no Mutumbela Gogo. Os outros grupos encenamassim textos mais mediticos. Agora falta trabalhar mesmotextos a srio.

    Esse teu projecto coisa para curto prazo oupropsito de velho actor em fnal de carreira? uma coisa que eu alimento dentro de mais alguns bons anos. um projecto mais de maturidade, a j no sei se co l, se

    zer falta no projecto carei l; mas tambm no gostaria deestar desligado da Cena Lusfona, porque vou precisar deuma ligao mesmo com Portugal.

    Ultimamente tens ido a Moambique? J l no vou h quatro anos. Quando eu estava a danar, quan-do era bailarino e no sabia se queria ser actor ou bailarino,regressava sempre uma vez por ano. Ia dar espectculos coma minha companhia, para manuteno, para ganhar energias.A partir do momento em que escolhi ser actor, que decidi

    car aqui e continuar a minha carreira no teatro, j no tinhamotivos, e ento decidi car aqui. Que ir l para carregar tea-tro, no vale a pena. Agora aqui que eu tenho de aprender, aqui onde eu tenho de car a aprender.

    Dezembro 2009cenaberta

    A

    u g u s t oB

    a p t i s t a