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1) INTRODUÇÃO
Em média, a matéria seca que uma planta acumula é composta em 96% por carbono,
oxigênio e hidrogênio. Entre os elementos minerais, o nitrogênio é o elemento presente em
maior concentração, o qual situa-se em torno de 1,5% da matéria seca.
O nitrogênio faz parte de um grande número de diferentes substâncias as quais
perfazem muitas diferentes funções na planta, como podemos ver na figura abaixo:
Durante o crescimento auxotrófico das plantas, o nitrogênio inorgânico é assimilado
na síntese de moléculas orgânicas, e se encontra presente nestas principalmente na forma
NH3. Duas principais formas de assimilação do nitrogênio podem existir:
• Fixação do nitrogênio molecular (N2) do ar
• Assimilação do nitrato (NO3
-
) ou amônia (NH4) contido na água ou no solo
Dentre essas duas formas, a predominante é a assimilação do nitrato, a qual é
responsável por 99% do nitrogênio na biosfera. A assimilação na forma de amônia é
relativamente insignificante, exceto em solos pouco drenados ou alagados, quando essa
forma de nitrogênio não pode ser prontamente convertida pelas bactérias nitrificadoras
presentes no solo. A amônia, contudo, é continuamente adicionada naturalmente aos solos
como produto final da degradação da matéria orgânica dos organismos em decomposição,
sendo rapidamente convertida em nitrato na maioria dos solos.
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Marcelo Francisco Pompelli, Leonardo Carnevalli DiasMarcelo Francisco Pompelli, Leonardo Carnevalli DiasMarcelo Francisco Pompelli, Leonardo Carnevalli DiasMarcelo Francisco Pompelli, Leonardo Carnevalli Dias
Figura 1 - Estrutura de algumas substâncias que contém nitrogênio e que realizam diferentes funções
nas plantas.
O ciclo do nitrogênio apresenta as principais origens e transformações do nitrogênio,
onde ocorre um processo cíclico de sua transformação da forma inorgânica à orgânica, e
vice-versa, dentro das cadeias tróficas da biosfera. Como se pode observar a fixação
biológica é muito maior do que a soma da fixação atmosférica com a fixação industrial.
Também podemos observar que a fixação biológica fornece menos do que 10% do total de N
adquirido pelas plantas. Outros valores não apresentados na figura abaixo correspondem, por
exemplo, a voltatização da amônia.
Figura 2 - Esquema resumido do Ciclo do Nitrogênio
2) ASSIMILAÇÃO DO NITRATO
A assimilação do nitrato corresponde a 99% do nitrogênio adquirido pelas plantas, e é
catalizada pela ação das enzimas redutase do nitrato e redutase do nitrito.A enzima redutase
do nitrato (NR) é uma enzima citosólica que cataliza a reação de redução do nitrato a nitrito,
enquanto a enzima redutase do nitrito (NiR) é uma enzima cloroplastídica que converte o
nitrito a amônio.
3) REDUÇÃO DO NITRATO A NITRITO
Cada subunidade de uma nitrato redutase (NR) das plantas superiores é composta de
três grupos prostéticos: FAD (dinucleotídeo da flavina-adenina), grupo heme, e de uma
pterina (molécula orgânica contendo o molibdênio complexado; fig 3). Devido a importância
desse elemento mineral para a atividade dessa enzima é que plantas com deficiência de
molibdênio apresentam acumulação de nitrato. O domínio FAD da NR é responsável pelo
captura de dois elétrons do NAD(P)H. Os elétrons passam então para o grupo heme,
chegando então a pterina (abreviada como MoCo), aonde os elétrons são cedidos a uma
molécula de nitrato, formando então uma molécula de nitrito.
Essa enzima também é capaz de transportar elétrons do NADPH ao Fe3-
, ou do metil-
viologênio ao nitrato, ou do NADPH ao clorato (ClO3
-), transformando-o em clorito (ClO
2
-),
o qual é tóxico podendo levar a planta à morte. O clorato tem sido utilizado para obter
mutações que anulam ou reduzem fortemente a atividade da NR, e tem sido utilizado no
passado com um herbicida não seletivo para matar plantas daninhas nas estradas de ferro.
Figura 3 - Estrutura da enzima nitrato redutase e seqüência de transporte de elétrons entre os
seus grupos prostéticos.
O nitrato é assimilado nas folhas e também nas raízes das plantas. Na maioria das
plantas herbáceas, as quais possuem um crescimento relativamente rápido, a assimilação do
nitrato ocorre primariamente nas folhas, embora a assimilação nas raízes pode
freqüentemente ter um papel importante nos estágios iniciais do desenvolvimento dessas
mesmas plantas. Em contraste, muitas plantas lenhosas (arbustos e árvores), e também
legumes, podem ter a assimilação do nitrogênio ocorrendo em altos níveis nas raízes.
As raízes das plantas contêm um sistema de absorção de nitrato o qual é dependente
indiretamente de energia (dependente do gradiente de prótons criados pela ATPase da
membrana), o qual pode ter alta afinidade pelo nitrato, podendo absorver nitrogênio do solo
mesmo que em concentrações tão baixas quanto 10 uM. Para cada molécula de NO3
-
absorvida, dois prótons são co-transportados por um carregador simporte do nitrato. Dessa
forma, a absorção do nitrato é altamente dependente da geração do ATP pelas mitocôndrias
das células das raízes, podendo essa absorção ser drasticamente reduzida ou mesmo anulada
quando a geração do ATP é reduzida, como quando da ocorrência da hipoxia (baixos níveis
de oxigênio) nas raízes. Também os íons NH4
+
inibem a absorção de nitrato.
Figura 4 - Possíveis rotas na Assimilação do nitrogênio em plantas.
O nitrato absorvido pelas raízes pode ser armazenado temporariamente neste órgão
nos vacúolos de suas células corticais e epidérmicas. A amônia é utilizada pode ser utilizada
nessas células para a síntese de amidas (como por exemplo, da asparagina e da glutamina).
Esses dois aminoácidos são então transportados para a parte aérea da planta através do
xilema (fig. 5). O transporte de amidas da raiz pode coexistir com o transporte de nitrato.
O nitrato transportado até as células do mesófilo é reduzido a nitrito pela enzima
redutase do nitrato presente no citosol e então até amônia pela enzima redutase do nitrito no
cloroplasto (fig. 5).
Figura 5 - Absorção do nitrato por uma célula e as possíveis rotas de seu metabolismo ou
compartimentalização.
4) REDUÇÃO DO NITRITO A AMÔNIA
A redução do nitrito a amônia requer mais energia do que a redução do nitrato a
nitrito. Na redução do nitrito é requerido o uso de seis elétrons, os quais são catalizados pela
enzima redutase do nitrito (NiR), a qual localiza-se exclusivamente nos plastídeos. O doador
de elétrons é a ferredoxina.
A redutase do nitrito contém um grupo 4Fe-4S, uma molécula de FAD e um grupo
siroheme. Esses três grupos formam uma cadeia de transporte de elétrons da ferredoxina ao
nitrito.
A capacidade de redução do nitrito no cloroplasto é muito maior do que a capacidade
de redução do nitrato no citosol, em parte devido a alta afinidade daquela enzima pelo nitrito.
Este fato é importante, visto que o nitrito pode ser tóxico a célula vegetal
Figura 6 - Esquema mostrando a reação catalisada pela NiR e a seqüência de transporte de
elétrons entre os grupos prostéticos da enzima.
5) ASSIMILAÇÃO DA AMÔNIA:
A assimilação da amônia envolve principalmente a atividade de duas enzimas que
atuam seqüencialmente, a sintetase da glutamina (GS) e a sintase do glutamato (GOGAT). A
enzima GS está presente nos cloroplastos e transfere a recém sintetizada molécula de amônia
em glutamina, às custas de ATP e glutamato. A sintetase da glutamina também possui alta
afinidade pela amônia, de tal forma que não ocorre acúmulo desse composto que também
pode ser bastante tóxico à célula vegetal.
Figura 7 - Detalhes das reações catalizadas pela GS e GOGAT na assimilação da amônia
Nas plantas C3 ocorre um alto nível de fotorrespiração. A quantidade de amônia
liberada durante a oxidação da glicina é cerca de 5 a 10 vezes maior do que a quantidade de
amônia gerada pela assimilação do nitrato. Dessa forma somente uma pequena proporção da
sintese de glutamina nas folhas é diretamente envolvida na assimilação do nitrato. Existe
também uma isoforma de sintetase da glutamina no citosol das células das plantas.
Figura 8 - Compartimentalização das reações da assimilação do nitrato e da fotorrespiração
em células mesofílicas. A amônia pode ser formada na descarboxilação da glicina na
fotorrespiração (colorida em preta), ou através da assimilação do nitrato.
O herbicida glicofosinato (Nome comercial Basta) é um análogo do glutamato, e
enibe a enzima sintetase de glutamina (GS). Este herbicida, ao ser aplicado as plantas enibe a
GS, levando a planta a morte devido a acumulação de amônia.
Figura 9 - Estrutura química do herbicida Basta (glicofusinolato), inibidor da GS.
A glutamina formada no cloroplasto serve como substrato juntamente com uma
molécula de α-cetoglutarato, e é convertida a duas moléculas de glutamato através da enzima
sintase do glutamato (também chamada de glutamina-oxoglutarato aminotransferase,
GOGAT), utilizando o poder redutor da ferredoxina. Algumas plantas podem conter uma
outra enzima equivalente, a qual utiliza, o NADPH como redutor ao invés da ferredoxina.
O α-cetoglutarato, requerido para a reação catalisada pela sintase do glutamato, é
transportada aos cloroplastos por uma proteína translocadora específica, a qual é um
carregador antiporter, o qual utiliza como contraíon o malato . Este transporte pode ocorrer
em ambas direções, ou seja, do cloroplasto para o citosol ou vice-versa. Outra proteína
transportadora transporta glutamina para fora do cloroplasto, às custas do contratransporte de
glutamato do citosol para essa organela.
Outra reações de assimilação de amônia é a reação promovida pela enzima
desidrogenase do glutamato (GDH). Essa enzima normalmente possui baixa atividade,
contribuindo pouco para a síntese de glutamato em relação a enzima GOGAT (figura 10)
Figura 10 - Detalhes da reação catalisada pela enzima GDH.
6) ASSIMILAÇÃO DO NITRATO NAS RAÍZES.
A assimilação do nitrato pode ocorrer somente na folha, tanto na folha como na raiz,
ou exclusivamente na raiz, dependendo do genótipo da planta. Enquanto o poder redutor nas
folhas é fornecido diretamente no local onde é necessário o maior consumo de poder redutor
(redução do nitrato a nitrito no cloroplasto), o poder redutor necessário para promover as
mesmas reações na raiz provém da oxidação dos carboidratos transportados pelo floema
(sacarose), através do Ciclo Oxidativo das Pentoses. Este ocorre dentro de plastídeos
denominados de leucoplastos, necessitando então do transporte de hexoses-P do citosol para
dentro dessas organelas.
Para ocorrer essa redução do nitrato no leucoplasto de uma célula da raiz, é
necessária a atuação de uma proteína carregadora antiporter, a qual contratransporta triose-P
do leucoplasto para o citosol. Essa triose-P é originada no próprio Ciclo das Pentoses. Esse
ciclo produz então o poder redutor necessário para a produção de ferredoxina reduzida
(necessário para a redução do nitrito) e para sustentar a atividade da sintase do glutamato
dependente de NADPH. A redução do nitrato nas raízes geram amidas como subprodutos
(glutamina e asparagina), as quais então são transportadas para as folhas via a corrente
transpiratória do xilema.
Figura 11 - Esquema da redução do nitrato nos leucoplastos das raízes e a importância do
Ciclo das pentoses no suprimento de poder redutor
7) CUSTO ENERGÉTICO E REGULAÇÃO DA ASSIMILAÇÃO DO
NITRATO
A assimilação do nitrogênio pelas tem um alto custo energético para as plantas. A
regulação dessa rota metabólica exerce-se principalmente no controle da atividade da NR e
da GS.
Figura 12 = Custo energético da assimilação do nitrogênio. O gasto de poder redutor foi
transformado em ATP deforma a permitir a comparação. Este gasto não está especificado
para a síntese de outros aminoácidos ou substâncias sintetizadas a partir desses.
A redução do nitrato e a assimilação do CO2 pelo Ciclo de Calvin são reações
competidoras pelo poder redutor e por energia (NADPH e ATP), e precisam ser bem
reguladas de forma que uma não prejudique a outra. A assimilação do nitrogênio dessa forma
deve ser favorecida somente a partir do momento quando a planta possui níveis adequados
de carboidratos, visto que o esqueleto dos aminoácidos é composto basicamente de carbono
originado de metabólitos intermediários da respiração. O nível de assimilação de nitrogênio
precisa também ser regulado de forma que a produção de aminoácidos não exceda a
demanda. Também é importante que a redução do nitrato não exceda a redução do nitrito,
visto que o nitrito, quando acumulado, pode ser tóxico a célula. Acumulação do nitrito pode
ocorre r sob hipoxia, quando a reação da NiR é inibida.
O NADH requerido para a redução do nitrato no citosol pode também ser
providenciado durante a noite, via a degradação glicolítica de carboidratos. Contudo, a
redução do nitrito e a assimilação da NH4+
nos cloroplastos depende fundamentalmente da
fotossíntese, a qual produz poder redutor e ATP necessários às reações. A capacidade do
Ciclo das Pentoses nas folhas em suprir o poder redutor para essas duas reações é bastante
limitado. Sendo assim, durante a noite, a redução do nitrato precisa ser fortemente reduzida
ou mesmo desligada, de forma a impedir a acumulação do nitrito em níveis tóxicos. Uma
forma de obter essa regulação é a soma do efeito de duas características, como a vida curta
da proteína NR (vida média de poucas horas , a qual é degradada no final do dia, e da
transcrição de seus genes de forma controlada pela luz. Assim, níveis significativos dessa
enzima somente serão observados durante o dia.
Uma maneira de regular a assimilação do nitrogênio de forma a não prejudicar outros
processos metabólicos , também pode ocorrer via a regulação da transcrição dos genes da
NR. Altos níveis de nitrato ou de carboidratos podem estimular a transcrição, de forma que a
enzima esteja presente em níveis adequados ao nível de energia disponível da planta, bem
como na disponibilidade de seu substrato (fig. 13). De maneira oposta, a transcrição pode ser
inibida, quando a célula acumula altos níveis de glutamina, por exemplo, de forma que a
atividade dessa enzima não leve a acumulação de aminoácidos acima da demanda da célula,
o que poderia levar a redução, por exemplo, da concentração de outros metabólitos
necessários a respiração ou outros rotas bioquímicas.
Figura 13 - Regulação da atividade da NR a nível transcripcional e através de sua inibição
pela proteína 14-3-3.
A regulação a nível de transcrição é um mecanismo que pode necessitar mais do que
uma hora, e pode não ser rápida para evitar efeitos quando a sua atividade está acima da
demanda da célula. Outros mecanismos mais rápidos são necessários. A fosforilação da
enzima é um passo essencial na redução da atividade dessa enzima. Ela é necessária para que
um inibidor, a proteína 14-3-3 possa ligar-se a essa enzima, resultando então em sua
inativação. A cinase da NR é estimulada por íons Ca2+
e inibida por triose-P e Glicose 6-P.
Outra enzima, a fosfatase da NR, é necessária para desfosforilar a NR, e então reativá-la.
Esse processo lembra também a SPS, a qual torna-se menos ativa quando fosforilada.
8) UM GRANDE ESPECTRO DE AMINOÁCIDOS É O PRODUTO FINAL
DA ASSIMILAÇÃO DO NITRATO
A síntese de aminoácidos ocorre principalmente no cloroplasto. O espectro de
aminoácidos sintetizados depende da espécie de planta e das condições metabólicas. Na
maioria dos casos, são o glutamato e a glitumina a maior porção dos aminoácidos
sintetizados. O glutamato é exportado do cloroplasto em troca pelo malato, e a glutamina na
troca pelo glutamato. Também serina e glicina, os quais são formados como produtos da
fotorespiração, podem representar uma condirável porcal do total de aminoácidos presentes
em uma célula mesofílica. Já em plantas C4 a alanina e o aspartato podem representar fração
significativa da composição de aminoácidos de células das folhas.
O carbono assimilado pela fotossíntese é a fonte dos carbonos que vão compor o
“esqueleto” dos aminoácidos. A figura abaixo ilustra as origens dos aminoácidos a partir dos
intermediários da glicólise ou da fotossíntese.
Figura 14 - Principais rotas de biossíntese de aminoácidos em folhas de plantas. O
glutamato e a glutamina também participam em várias reações de transaminação na síntese
de outros aminoácidos (detalhe não mostrado na figura)
Como pode ser observado na figura acima, o 3-PGA é o precursor mais importante
para a síntese de aminoácidos.
A enzima PEPC também tem importância na síntese de aminoácidos. A reação
catalizada por essa enzima também é mostrada na figura abaixo. Ela produz o oxalacetato a
partir do PEP, e o oxalacetato possui duas funções básicas na assimilação do nitrato, ou ele é
convertido por transaminação a aspartato o qual é precursor para a síntese de cinco outros
aminoácidos (asparagina, treonina, isoleucina, lisina e metionina), ou, junto com o piruvato,
é o precursor para a formação do α-cetoglutarato, o qual é convertido por transaminação a
glutamato, sendo o precursor de outros aminoácidos (glutamina, arginina e prolina). Já o
glicolato formado pela fotorespiração é o precursor para a formação da glicina e serina.
9) A SÍNTESE DO GLUTAMATO REQUERE A PARTICIPAÇÃO DO
METABOLISMO MITOCONDRIAL
Como visto anteriormente, o glutamato é formado a partir do α-cetoglutarato, o qual
pode ser fornecido pelo desvio deste intermediário do Ciclo de Krebs. O piruvato e o
oxalacetato podem ser transportados do citosol para a mitocôndria por translocadores
específicos (fig. 15). Parte das reações do Ciclo de Krebs podem também existir no citossol
das plantas devido a presença da desidrogenase do isocitrato dependente do NADP e da
aconitase neste compartimento celular o qual pode então sintetizar esse importante precursor
da síntese dos aminoácidos. Para que isso ocorra, o citrato tem que ser transportado para o
citosol por um carregador antiporter o qual utiliza o oxalacetato como molécula contra-
transportada.
Figura 15 - Esquema mostrando os intermediários da respiração e outras rotas metabólicas
associadas a síntese de aminoácidos.
10) ALTOS NÍVEIS DE AMÔNIA OU NITRATO PODEM SER TÓXICOS
As plantas podem armazenar significantes quantidades de nitrato em seus vacúolos.
Quando este armazenamento se realiza em altos níveis, quando por exemplo as plantas são
cultivadas sob excesso de adubação nitrogenada, ele pode resultar em risco de morte para
seres humanos. O nitrato (NO3
-
) pode ser convertido a nitrito (NO2) no fígado. O nitrito
então pode-se ligar a hemoglobina de forma irreversível, e torná-la incapaz de ligar o
oxigênio. A deficiência no transporte de oxigênio derivado desse efeito pode levar a morte
ou lesões cerebrais, em uma doença denominada de methemoglobinemia. Outro aspecto
tóxico do nitrato na saúde humana é sua conversão em nitrosaminas, uma classe de
compostos com alta capacidade mutagênica. Contudo, altos níveis de nitrato podem não ser
tóxicos às plantas, principalmente devido a sua capacidade de transportá-lo para o vacúolo,
evitando efeitos osmóticos ou iônicos negativos no metabolismo das células vegetais.
Figura 16 - Esquema representando o efeito tóxico da amônia na dissipação de gradiente de
prótons entre as duas faces de uma membrana.
Ao contrário do nitrato, altos níveis de amônia podem ser tóxicos tanto para as
plantas como para os animais. No caso do último, um receptor olfativo é presente, o qual é
ligado a reação de repulsão ao cheiro da amônia. A toxidez da amônia deve-se ao seu poder
de dissipar gradientes de prótons presentes entre as duas faces de uma mesma membrana. Na
figura abaixo exemplifica-se a potencial atuação da amônia na redução do gradiente
protônico em diferentes compartimentos das células das plantas.
A dissipação do gradiente iônico leva a redução da geração de ATP, da polaridade da
membrana (e, portanto, leva a redução da atividade de proteínas transportadoras), resulta em
alterações de pH.