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Corpo de Bombeiros Militar do Estado da Bahia CFO-BA Curso de Formação de Oficiais (CFOBM) Volume I ST030-N9-A

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Corpo de Bombeiros Militar do Estado da Bahia

CFO-BACurso de Formação de Oficiais (CFOBM)

Volume I

ST030-N9-A

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Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você

conhece algum caso de “pirataria” de nossos materiais, denuncie pelo [email protected].

www.novaconcursos.com.br

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OBRA

Corpo de Bombeiro Militar do Estado da Bahia

Curso de Formação de Oficiais (CFOBM)

EDITAL DE ABERTURA DE INSCRIÇÕES PM/BM N.º 001-CG/2019

AUTORESPortuguês- Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco

Língua Inglesa - Profª Katiuska W. Burgos GeneralMatemática / Raciocínio Lógico - Profº Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil

Informática - Profº Ovidio Lopes da Cruz NettoCiências Humanas e Naturais - Profº Heitor Ferreira

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃOElaine CristinaLeandro Filho

DIAGRAMAÇÃORenato VilelaThais Regis

CAPAJoel Ferreira dos Santos

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APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

PORTUGUÊS

Leitura e interpretação de textos: verbais extraídos de livros e periódicos contemporâneos; mistos (verbais/não verbais) e não verbais; textos publicitários (propagandas, mensagens publicitárias, outdoors, etc).............................. 01Nomes e verbo. Flexões nominais e verbais........................................................................................................................................... 29Advérbio e suas circunstâncias de tempo, lugar, meio, intensidade, negação, afirmação, dúvida, etc......................... 43Palavras de relação intervocabular e interoracional: preposições e conjunções..................................................................... 45Frase, oração, período. Elementos constituintes da oração: termos essenciais, integrantes e acessórios. Coordenação e Subordinação..................................................................................................................................................................... 46Sintaxe de colocação, concordância e regência. Crase..................................................................................................................... 54Formas de discurso: direto, indireto e indireto livre........................................................................................................................... 76Semântica: sinonímia, antonímia e heteronímia.................................................................................................................................. 78Pontuação e seus recursos sintático-semânticos................................................................................................................................. 83Acentuação e ortografia................................................................................................................................................................................ 86Diferença entre redação técnica (oficial) e redação estilística e suas respectivas características..................................... 93Correspondência oficial: conceito e tipos de documentos.............................................................................................................. 93Diferença entre ofício e memorando........................................................................................................................................................ 93

LÍNGUA INGLESA

Compreensão de textos verbais e não-verbais....................................................................................................................................... 01Substantivos: Formação do plural: regular, irregular e casos especiais. Gênero. Contáveis e não-contáveis. Formas possessivas dos nomes. Modificadores do nome.................................................................................................................................. 21Artigos e Demonstrativos: Definidos, indefinidos e outros determinantes. Demonstrativo de acordo com a posição, singular e plural................................................................................................................................................................................................... 25Adjetivos: Grau comparativo e superlativo: regulares e irregulares. Indefinidos....................................................................... 27Numerais Cardinais e Ordinais....................................................................................................................................................................... 30Pronomes: Pessoais: sujeito e objeto. Possessivos: substantivos e adjetivos. Reflexivos. Indefinidos. Interrogativos. Relativos................................................................................................................................................................................................................. 31Verbos (Modos, tempos e formas): Regulares e irregulares. Auxiliares e impessoais. Modais. Two-word verbs. Voz ativa e voz passiva. O gerúndio e seu uso específico........................................................................................................................... 36Discurso direto e indireto. Sentenças condicionais............................................................................................................................... 43Advérbios: Tipos: freqüência, modo, lugar, tempo, intensidade, dúvida, afirmação. Expressões adverbiais................. 44Palavras de relação: Preposições. Conjunções......................................................................................................................................... 47Derivação de palavras pelos processos de prefixação e sufixação. Semântica / sinonímia e antonímia......................... 52

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SUMÁRIO

MATEMÁTICA / RACIOCÍNIO LÓGICO

Lógica Matemática: Proposições. Valores lógicos. Operações e propriedades. Negação. Sentenças abertas e quantificadores................................................................................................................................................................................................ 01Conjuntos numéricos: Números Naturais, Inteiros, Racionais, Reais e Complexos (forma algébrica e forma trigo-nométrica). Operações, propriedades e aplicações. Sequências numéricas, progressão aritmética e progressão geométrica......................................................................................................................................................................................................... 18Álgebra: Expressões algébricas. Polinômios: operações e propriedades. Equações polinomiais e inequações rela-cionadas.............................................................................................................................................................................................................. 37Funções: generalidades. Funções elementares: 1º grau, 2º grau, modular, exponencial e logarítmica, gráficos. Propriedades..................................................................................................................................................................................................... 42Sistemas lineares, Matrizes e Determinantes: Propriedades, aplicações.................................................................................. 51Análise Combinatória: Arranjos, Permutações e Combinações simples, Binômio de Newton e Probabilidade em espaços amostrais finitos............................................................................................................................................................................. 60Geometria e Medidas: Geometria plana: figuras geométricas, congruência, semelhança, perímetro e área. Geo-metria espacial: paralelismo, perpendicularismo entre retas e planos, áreas e volumes dos sólidos geométricos: prisma, pirâmide, cilindro, cone e esfera. Geometria analítica no plano: retas, circunferência e distâncias............... 68Trigonometria: razões trigonométricas, funções, fórmulas de transformações trigonométricas, equações e triângulos... 97Proporcionalidade e Finanças: Grandezas proporcionais: Porcentagem. Acréscimos e descontos. Juros: Capita-lização simples e Capitalização composta............................................................................................................................................ 109Tratamento da Informação: Estatística: Estatística descritiva, resolução de problemas, tabelas, medidas de ten-dência central e medidas de dispersão. Gráficos estatísticos usuais.......................................................................................... 133Resolução de problemas envolvendo frações, conjuntos, porcentagens, sequências (com números, com figuras, de palavras)....................................................................................................................................................................................................... 138Raciocínio lógico-matemático: proposições, conectivos, equivalência e implicação lógica, argumentos válidos... 138

INFORMÁTICA

Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos (Word, Writer), planilhas (Excel, Calc) e apresentações (PowerPoint, Impress); Microsoft Office (versão 2007 e superiores) e LibreOffice (versão 5.0 e superiores)........................................................................................................................................................................................................... 01Sistemas operacionais Windows 7, Windows 10 e Linux. Organização e gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas. Atalhos de teclado, ícones, área de trabalho e lixeira.............................................................................. 27Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados à Internet e intranet. Correio eletrônico................................................................................................................................................... 40Computação em nuvem................................................................................................................................................................................. 54Certificação e assinatura digital. Segurança da Informação............................................................................................................. 54Componentes de um computador. Dispositivos de armazenamento, processadores, memórias e periféricos........... 60

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SUMÁRIO

CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

Domínio na construção e na aplicação de conceitos das diversas áreas de conhecimento para compreender os processos histórico e geográfico internacional, nacional e regional diante da problemática mundial.......... 01Análise crítica e reflexiva de conjunturas econômicas, sociais, políticas, sociológicas, filosóficas, científicas e culturais que permitam valorizar os acontecimentos do passado como recurso ao entendimento do mundo atual.............................................................................................................................................................................................................. 03Compreensão da organização do espaço geográfico onde a natureza e a sociedade interagem e identificam-se, através das relações entre seres humanos e meio ambiente.......................................................................................... 04Contribuições que incluam aspectos diversificados das relações filosóficas, sociológicas, culturais, geográficas, históricas, econômicas, científicas e políticas para a formação das sociedades e suas inter-relações.................... 05Os sistemas econômicos - a propriedade e a produção......................................................................................................... 07O homem no espaço global e suas relações com os bens materiais e valores sociais............................................... 08O conhecimento como forma de poder......................................................................................................................................... 11O desenvolvimento das ciências e suas implicações nas relações sociais, políticas e econômicas. O processo histórico e social, como fonte de prazer, de transformação da qualidade de vida e das relações entre os indivíduos, nas suas manifestações éticas e de responsabilidade social.......................................................................... 13As relações do ser humano com o ambiente do ponto de vista do posicionamento frente à realidade que o cerca.. 19A revolução tecnológica e seus desdobramentos para a humanidade............................................................................. 24Cidadania e direitos humanos............................................................................................................................................................ 28A nova ordem mundial: o papel do Brasil no cenário socioeconômico e cultural de hoje........................................ 46Tendências do mundo atual................................................................................................................................................................ 62A quebra de paradigmas na sociedade contemporânea e suas implicações éticas para sobrevivência da humanidade e do Planeta.................................................................................................................................................................... 67

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SUMÁRIO

DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição da República Federativa do Brasil: Dos princípios fundamentais..................................................................... 01Dos direitos e garantias fundamentais. Dos direitos e deveres individuais e coletivos. Da nacionalidade. Dos direitos políticos............................................................................................................................................................................................. 02Da organização do Estado. Da organização político-administrativa. Da União. Dos Estados federados. Do Dis-trito Federal e dos Territórios. Da administração pública: Disposições gerais. Dos servidores públicos. Dos mili-tares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Da organização dos poderes. Do poder Legislativo. Do Congresso Nacional. Da Câmara dos Deputados. Do Senado Federal. Do Poder Executivo. Do Presidente e do Vice-Presidente da República. Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional. Do Poder Judi-ciário. Disposições gerais. Das funções essenciais à Justiça. Do Ministério Público............................................................ 27Da defesa do Estado e das instituições democráticas. Do estado de defesa e do estado de sítio. Das Forças Armadas. Da segurança pública............................................................................................................................................................... 53Constituição do Estado da Bahia: Dos servidores públicos militares. Do Poder Executivo. Das Disposições Ge-rais. Das atribuições do Governador do Estado. Da Justiça Militar. Da Segurança Pública. Da Família. Dos Direi-tos Específicos da Mulher. Da Criança e do Adolescente. Do Idoso. Do Deficiente. Do Negro. Do Índio................. 55

DIREITOS HUMANOS

A Declaração Universal dos Direitos Humanos/1948...................................................................................................................... 01Convenção Americana sobre Direitos Humanos/1969 (Pacto de São José da Costa Rica) (arts. 1º ao 32)............... 10Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (arts. 1º ao 15)............................................................... 15Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos/1966 (arts. 2º ao 27)................................................................................... 17Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (Decreto nº 65.810/69).. 21Convenção Sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (Decreto nº 4.377/02)....... 27Lei Estadual nº 13.182/14 (Estatuto da Igualdade Racial e de Combate a Intolerância Religioso), regulamentada pelo Decreto Estadual nº 15.353/14....................................................................................................................................................... 33

DIREITO ADMINISTRATIVOPoderes administrativos: poder vinculado; poder discricionário; poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder................................................................................................................. 01Atos administrativos. Conceito. Atributos. Requisitos. Classificação. Extinção..................................................................... 07Organização administrativa. Órgãos públicos: conceito e classificação. Entidades administrativas: conceito e espécies... 15Agentes públicos: classificação................................................................................................................................................................. 26Contratos Administrativos e Licitações. Lei Estadual n.º 9.433/05............................................................................................. 31Serviço Público: conceito, classificação, regulamentação e controle; forma de prestação dos serviços públicos; delegação: concessão, permissão............................................................................................................................................................ 39Controle da Administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo........................................... 51Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92)......................................................................................................................................... 60Regime jurídico do militar estadual: 8.1 Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia (Lei Estadual no 7.990, de 27 de dezembro de 2001 e suas alterações, em especial as Leis n.º 11.356/09, e 11.920/10).................... 72Lei n.º 13.201/14 (Reorganiza a Polícia Militar da Bahia)............................................................................................................... 108

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SUMÁRIO

Lei nº 12.929, de 27 de dezembro de 2013 (Dispõe sobre a Segurança Contra Incêndio e Pânico nas edificações e áreas de risco no Estado da Bahia, cria o Fundo Estadual do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia - FUNEBOM, altera a Lei nº 6.896, de 28 de julho de 1995, e dá outras providências)................................................................................ 117Decreto nº 16.302 de 27 de agosto de 2015 (Regulamenta a Lei nº 12.929, de 27 de dezembro de 2013, que dispõe sobre a Segurança contra Incêndio e Pânico e dá outras providências).............................................. 124Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.888/10).................................................................................................................... 124

DIREITO PENAL

Da aplicação da lei penal. Lei penal no tempo. Lei penal no espaço.............................................................................................. 01Do crime. Elementos. Consumação e tentativa. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior. Crime impossível. Causas de exclusão de ilicitude e culpabilidade. Contravenção............................................. 05Imputabilidade penal......................................................................................................................................................................................... 10Dos crimes contra a pessoa (homicídio, lesão corporal, rixa e injúria)........................................................................................... 11Dos crimes contra a liberdade pessoal (constrangimento ilegal, ameaça, sequestro e cárcere privado)........................ 14Dos crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, apropriação indébita, estelionato e outras fraudes e receptação)............................................................................................................................................................................................................ 15Dos crimes contra a dignidade sexual........................................................................................................................................................ 20Dos crimes contra a paz pública (associação criminosa)..................................................................................................................... 22Dos crimes contra a administração pública (peculato e suas formas, concussão, corrupção ativa e passiva, prevaricação, usurpação de função pública, resistência, desobediência, desacato, contrabando e descaminho)....... 26

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Princípios do Processo Penal......................................................................................................................................................................... 01Sistemas Processuais........................................................................................................................................................................................ 04Inquérito Policial................................................................................................................................................................................................. 05Ação Penal: espécies......................................................................................................................................................................................... 08Da Prova: conceito, finalidade e obrigatoriedade; do exame de corpo de delito e perícias em geral; do interrogatório do acusado e da confissão; do ofendido; da testemunha; do reconhecimento; da acareação; dos documentos; da busca e apreensão...................................................................................................................................................................................... 11Da Prisão e da Liberdade Provisória............................................................................................................................................................ 18Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei n.º 3.688/41).................................................................................................................. 22Corrupção de Menores (Lei n.º 2.252/54)................................................................................................................................................ 30Lei de Combate ao Genocídio (Lei nº 2.889/56).................................................................................................................................... 32Crimes de Abuso de Autoridade (Lei n.º 4.898/65)............................................................................................................................... 34Lei nº 7.437/85.................................................................................................................................................................................................... 36Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/90)................................................................................................................... 36Lei que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor (Lei nº 7.716/89 e Lei nº 9.459/97)................ 37Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei nº 13.146/15).................................................................................................................... 38Prisão temporária (Lei n.º 7.960/89)........................................................................................................................................................... 42Crimes Hediondos (Lei n.º 8.072/90)......................................................................................................................................................... 43Lei n.º 12.850/13................................................................................................................................................................................................. 45

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SUMÁRIO

Escuta Telefônica (Lei n.º 9.296/96)............................................................................................................................................................. 48Crimes de Tortura (Lei n.º 9.455/97)........................................................................................................................................................... 49Crimes ambientais (Lei n.° 9.605/98)........................................................................................................................................................... 51Proteção à Testemunha (Lei n.° 9.807/99)................................................................................................................................................ 53Estatuto do Desarmamento e regulamentação específica (Lei nº 10.826/03, Decreto nº 5.123/04 e Decreto nº 3.665/00).. 55Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/03).................................................................................................................................................... 112Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741/03)......................................................................................................................................................... 119Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/06)....................................................................................................................................................... 129Lei que institui o sistema nacional de políticas públicas sobre drogas (Lei n.º 11.343/06).................................................. 139Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/11)....................................................................................................................................... 144

DIREITO PENAL MILITAR

Das penas. Das penas principais. Das penas acessórias.................................................................................................................. 01Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar. Dos crimes contra o serviço militar e o dever militar. Dos crimes contra a Administração Militar. Do desacato e da desobediência. Dos crimes contra a Administração da Justiça Militar. Recusa de função na Justiça Militar......................................................................................................................... 03

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PODERES ADMINISTRATIVOS: PODER VINCULADO; PODER DISCRICIONÁRIO; PODER HIERÁRQUICO; PODER DISCIPLINAR; PODER REGULAMENTAR; PODER DE POLÍCIA; USO E ABUSO DO PODER.

O Estado possui papel central de disciplinar a socie-dade. Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes que exercerão tal papel. No exercício de suas atribuições, são conferidas prerrogativas aos agentes, indispensáveis à consecução dos fins públicos, que são os poderes ad-ministrativos. Em contrapartida, surgirão deveres espe-cíficos, que são deveres administrativos.

Os poderes conferidos à administração surgem como instrumentos para a preservação dos interesses da co-letividade. Caso a administração se utilize destes pode-res para fins diversos de preservação dos interesses da sociedade, estará cometendo abuso de poder, ou seja, incidindo em ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciário poderá efetuar controle dos atos administrativos que im-pliquem em excesso ou abuso de poder.

Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser colocados como prerrogativas de direito público conferi-das aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Es-tado alcance os seus fins. Evidentemente, em contrapar-tida a estes poderes, surgem deveres ao administrador.

“O poder administrativo representa uma prerroga-tiva especial de direito público outorgada aos agentes do Estado. Cada um desses terá a seu cargo a execu-ção de certas funções. Ora, se tais funções foram por lei cometidas aos agentes, devem eles exercê-las, pois que seu exercício é voltado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo, dentro dos limites que a lei traçou, pode dizer--se que usaram normalmente os seus poderes. Uso do poder, portanto, é a utilização normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a lei lhes confere”1.

Neste sentido, “os poderes administrativos são outor-gados aos agentes do Poder Público para lhes permitir atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo as-sim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª) são eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente exercidos pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas públicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes para o administrador público, impõem-lhe o seu exercício e lhe vedam a inércia, porque o reflexo desta atinge, em última instância, a coletividade, a real destinatária de tais poderes. Esse aspecto dúplice do poder administrativo é que se denomina de poder-dever de agir”2. Percebe-se que, diferentemente dos particulares aos quais, quando conferido um poder, podem optar por exercê-lo ou não, a Administração não tem faculdade de agir, afinal, sua atua-ção se dá dentro de objetos de interesse público. Logo, a abstenção não pode ser aceita, o que transforma o poder de agir também num dever de fazê-lo: daí se afirmar um poder-dever. Com efeito, o agente omisso poderá ser res-ponsabilizado.

1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.2 Ibid.

Os poderes da Administração se dividem em: hierár-quico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Há quem diga que vinculado e discricionário são também pode-res, mas a doutrina mais técnica tem afirmado correta-mente que, na verdade, são formas de exercício dos de-mais poderes.

Formas de exercício

1. Forma vinculada

Quando o poder se manifesta numa forma vinculada não há qualquer liberdade quanto à atividade que deva ser praticada, cabendo ao administrador se sujeitar por completo ao mandamento da lei. Nos atos vinculados, o agente apenas reproduz os elementos da lei. Afinal, o administrador se encontra diante de situações que com-portam solução única anteriormente prevista por lei.

Não há espaço para que o administrador faça um juízo discricionário, de conveniência e oportunidade. Ele é obriga-do a praticar o ato daquela forma, porque a lei assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória por servidor que já completou 70 anos; pedido de licença para prestar serviço militar obrigatório – o administrador não escolhe se concede ou não, apenas efetua a verificação dos requisitos e, se eles estiverem presentes, necessariamente deve tomar a decisão de conceder o pedido.

2. Forma discricionária

Existem situações em que o próprio agente tem a possibilidade de valorar a sua conduta. Logo, quando o exercício do poder se manifesta na forma discricionária o administrador não está diante de situações que compor-tam solução única. Possui, assim, um espaço para exercer um juízo de valores de conveniência e oportunidade.

A discricionariedade pode ser exercida tanto quando o ato é praticado quanto, num momento futuro, na cir-cunstância de sua revogação.

Uma das principais limitações à discricionariedade é a adequação, correspondente à adequação da conduta es-colhida pelo agente à finalidade expressa em lei. O segun-do limite é o da verificação dos motivos3. Neste sentido, discricionariedade não pode se confundir com arbitrarie-dade – a última é uma conduta ilegítima e quanto a ela caberá controle de legalidade perante o Poder Judiciário.

“O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extremo de admitir que o juiz se substituta ao administrador. Vale dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei reservou aos agentes da Administração, perquirindo os critérios de conveniência e oportunidade que lhe inspiraram a conduta. A razão é simples: se o juiz se atém ao exame da legalida-de dos atos, não poderá questionar critérios que a própria lei defere ao administrador. [...] Modernamente, os doutri-nadores têm considerado os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade como valores que podem ensejar o controle da discricionariedade, enfrentando situações que, embora com aparência de legalidade, retratam verdadeiro abuso de poder. [...] A exacerbação ilegítima desse tipo de controle reflete ofensa ao princípio republicano da separa-ção dos poderes”4.

3 Ibid.4 Ibid.

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Há quem diga que, por haver tal liberdade, não existe o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui, mais que nunca, o dever de motivar se faz presente, de-monstrando que não houve arbítrio na decisão tomada pelo administrador. Basicamente, não é porque o ad-ministrador tem liberdade para decidir de outra forma que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça, incidirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os parâmetros da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal, não obstante a discricionariedade seja uma prerrogativa da administração, o seu maior objetivo é o atendimento aos interesses da coletividade.

Uso do poder e deveres da administração

Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a lei lhes confere”5. Significa que se um agente toma suas atitudes dentro dos limites dos poderes administrativos, está agindo conforme a lei. Um dos principais guias para determinar se a ação está ou não em conformidade é o dos deveres administrativos.

Assim, além de poderes, os agentes administrativos, obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições que exercem. Dentre os principais, podem ser citados os se-guintes, conforme aponta doutrina a respeito do assunto:

• Dever de probidade: trata-se de um dos deveres mais relevantes, correspondendo à obrigação do agente público de agir de forma honesta e reta, respeitando a moralidade administrativa e o inte-resse público. A violação deste dever caracteriza ato de improbidade, punível, conforme artigo 37, §4º, CF e Lei nº 8.429/92, que se sujeita a diversas penas, como suspensão de direitos políticos, per-da da função pública, proibição de contratar com o poder público, multa, além de restituição ao erário por enriquecimento ilícito e/ou reparação de danos causados ao erário.

• Dever de prestar contas: como o que é gerido pelo administrador não lhe pertence, é seu de-ver prestar contas do que realizou à coletividade, isto é, informar em detalhes qual o destino dado às verbas e aos bens sob sua gestão. Este dever abrange não só aqueles que são agentes públicos, mas a todos que tenham sob sua responsabilidade dinheiros, bens ou interesses públicos, indepen-dentemente de serem ou não administradores pú-blicos.

“A prestação de contas de administradores pode ser realizada internamente através dos órgãos escalonados em graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o controle de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser ele o órgão de representação popular. No Legislativo se situa, organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua especialização, auxilia o Congresso Nacional na verifica-ção de contas dos administradores”6.

• Dever de eficiência: a atividade administrati-va deve ser célere e técnica, mesclando qualida-de e quantidade. Para tanto, é necessário atribuir

5 Ibid.6 Ibid.

competências aos cargos conforme a qualificação exigida para ocupá-los; bem como desempenhar atividades com perfeição, coordenação, celerida-de e técnica. Não significa que perfeccionismo em excesso seja valorizado, pois ele afeta o elemento quantitativo do serviço, que também é essencial para que ele seja eficiente.

• Dever de agir: o administrador possui um poder--dever de agir. Não se trata de mero poder, por-que priorizam atender ao interesse da coletividade e, em razão disso, o poder de agir é também um dever, que é irrenunciável e obrigatório. Ao ad-ministrador é vedada a inércia. Logo, poderá ser responsabilizado por omissão ou silêncio, abrindo possibilidade de obter o ato não realizado: pela via extrajudicial, notadamente ao exercer o direito de petição; ou por via judicial, por intermédio de man-dado de segurança, quando ferir direito líquido e certo do interessado comprovado de plano, ou por ação de obrigação de fazer.

Vale destacar que nem toda omissão do poder público é ilegal. As denominadas omissões genéricas, que envolvem prerrogativas de ação do administrador de caráter geral e sem prazo determinado para atendimento, inseridas em seu poder discricionário, não autorizam a alegação de ilegali-dade por violação do poder-dever de agir. Insere-se aqui a denominada reserva do possível – por óbvio sempre existi-rão algumas omissões tendo em vista a escassez de recursos financeiros. Ex.: deixar de reformar a entrada de um edifício, não construir um estabelecimento de ensino. São ilegais, com efeito, as omissões específicas, que são omissões do poder público mesmo diante de imposição expressa legal e prazo fixado em lei para atendimento. Nestas situações, ca-berá até mesmo responsabilização civil, penal ou administra-tiva do agente omisso.

Abuso de poder

Havendo poderes, naturalmente será possível o abu-so deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por parte dos administradores das prerrogativas a eles con-feridas no âmbito dos poderes da administração, por vio-lação expressa ou tácita da lei.

“A conduta abusiva dos administradores pode decorrer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua compe-tência, afasta-se do interesse público que deve nortear todo o desempenho administrativo. No primeiro caso, diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’ e no segundo, com ‘desvio de poder’”7. Basicamente, havendo abuso de poder é possível que se caracterize excesso de poder ou desvio de poder. No excesso de poder, o agente nem teria compe-tência para agir naquela questão e o faz. No abuso de poder, o agente possui competência para agir naquela questão, mas não o faz em respeito ao interesse público, ou seja, desvirtua-se do fim que deveria atingir o seu ato, por isso o desvio de poder também é denominado desvio de finalidade. A conduta abusiva é passível de controle, inclusive judicial.

7 Ibid.

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“Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de po-der se configura como ilegalidade. Não se pode conceber que a conduta de um agente, fora dos limites de sua com-petência ou despida da finalidade da lei, possa compatibi-lizar-se com a legalidade. É certo que nem toda ilegalidade decorre de conduta abusiva; mas todo abuso se reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à revisão administrativa ou judicial”8.

Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro que a legislação não apenas confere poderes ao adminis-trador, mas também estabelece deveres.

Excesso de poder = incompetência / além do permitido na legislaçãoAbuso de poder = competência = desvio de finalidade / motivos diversos dos legalmente previstos.

#FicaDica

Poderes em espécie

1. Poder regulamentar

Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder con-ferido à administração de elaborar decretos e regula-mentos. O Poder Executivo, nestas situações, exerce for-ça normativa, expedindo normas que se revestem, como qualquer outra, de abstração e generalidade.

Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sem-pre possibilita que elas sejam executadas. A aplicação prática fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar de-cretos e regulamentos com capacidade de dar execução às leis editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se de prer-rogativa complementar à lei, não podendo em hipótese alguma o Executivo alterar o seu conteúdo. Entretanto, poderá o Executivo criar obrigações subsidiárias, que se impõem ao administrado ao lado das obrigações primá-rias fixadas na própria lei.

Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá ao Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: [...] V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi-tem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”.

Segundo entendimento majoritário, tanto os decretos quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos de natureza originária ou primária) ou de execução (atos de natureza derivada ou secundária), embora a essência do poder regulamentar seja composta pelos decretos e regulamentos de execução. O regulamento autônomo pode ser editado independentemente da existência de lei anterior, se encontrando no mesmo patamar hierárquico que a lei – por isso, é passível de controle de constitucio-nalidade. Os regulamentos de execução dependem da existência de lei anterior para que possam ser editados e devem obedecer aos seus limites, sob pena de ilegali-dade – deste modo, se sujeitam a controle de legalidade.

Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativamen-te ao Presidente da República expedir decretos e regula-mentos para a fiel execução da lei, atividade que não pode 8 Ibid.

ser delegada, nos termos do parágrafo único. Em que pese o teor do dispositivo que poderia dar a entender que a existência de decretos autônomos é impedida, o próprio STF já reconheceu decretos autônomos como válidos em situações excepcionais. Carvalho Filho9, a respeito, afirma que somente são decretos e regulamentos que tipicamen-te caracterizam o poder regulamentar aqueles que são de natureza derivada – o autor admite que existem decretos e regulamentos autônomos, mas diz que não são atos do poder regulamentar.

A classificação dos decretos e regulamentos em au-tônomos e de execução é bastante relevante para fins de controle judicial. Em se tratando de decreto de execução, o parâmetro de controle será a lei a qual o decreto está vin-culado, ocorrendo mero controle de legalidade como re-gra – não caberá controle de constitucionalidade por ações diretas de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade, mas caberá por arguição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF, cujo caráter é mais amplo e permite o controle sobre atos regulamentares derivados de lei, tal como será cabível mandado de injunção. Em se tratando de decreto autônomo, o parâmetro de controle sempre será a Constituição Federal, possuindo o decreto a mesma posição hierárquica das demais leis infraconstitucionais, ocorrendo genuíno controle de constitucionalidade no caso concreto, por qualquer das vias.

Outra observação que merece ser feita se refere ao conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem na França e corresponde à transferência de certas ma-térias de caráter estritamente técnico da lei ou ato con-gênere para outras fontes normativas, com autorização do próprio legislador. Na verdade, o legislador efetua-rá uma espécie de delegação, que não será completa e integral, pois ainda caberá ao Legislativo elaborar o re-gramento básico, ocorrendo a transferência estritamente do aspecto técnico (denomina-se delegação com parâ-metros). Há quem diga que nestes casos não há poder regulamentar, mas sim poder regulador. É exemplo do que ocorre com as agências reguladoras, como ANATEL, ANEEL, entre outras.

2. Poder hierárquico

É o poder conferido à administração de fixar campos de competência quanto às figuras que compõem sua es-trutura; logo, é um poder de auto-organização. “Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos órgãos e agentes da Administração que tem como objetivo a organização da função administrativa. E não poderia ser de outro modo. Tantas são as atividades a cargo da Administração Pública que não se poderia conceber sua normal realização sem a organização, em escalas, dos agentes e dos órgãos públi-cos. Em razão desse escalonamento firma-se uma relação jurídica entre os agentes, que se denomina relação hierár-quica”10. Nesta relação hierárquica, surge para a autoridade superior o poder de comando e para o seu subalterno o dever de obediência.

Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido à administração de fixar campos de competência quan-to às figuras que compõem sua estrutura. Este poder é 9 Ibid.10 Ibid.

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exercido tanto na distribuição de competências entre os órgãos quanto na divisão de deveres entre os servidores que o compõem. Se o ato for praticado por órgão incom-petente, é inválido. Da mesma forma, se o for praticado por servidor que não tinha tal atribuição.

Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva o poder de revisão, consistente no poder das autoridades superiores de revisar os atos praticados por seus subordi-nados.

3. Poder disciplinar

É o poder conferido à administração para aplicar san-ções aos seus servidores que pratiquem infrações disci-plinares. Trata-se de decorrência do poder hierárquico, pois é a hierarquia que permite aos agentes de nível su-perior fiscalizar as ações dos subordinados.

Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem natureza administrativa, não envolvendo sanções civis ou penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, des-tacam-se a de advertência, suspensão, demissão e cassa-ção de aposentadoria.

Evidentemente que tais punições não podem ser apli-cadas sem alguns requisitos, como a abertura de sindicân-cia ou processo disciplinar em que se garanta o contradi-tório e a ampla defesa (obs.: existem cargos que somente são passíveis de demissão por sentença judicial, que são os vitalícios, como os de magistrado e promotor de justiça).

4. Poder de polícia

É o poder conferido à administração para limitar, dis-ciplinar, restringir e condicionar direitos e atividades particulares para a preservação dos interesses da coleti-vidade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a taxa (artigo 145, II, CF), não podendo ser gerador de tari-fa que se caracteriza como preço público e não podendo ser cobrada sem o exercício efetivo do poder de polícia.

“A expressão poder de polícia comporta dois senti-dos, um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder de polícia significa toda e qualquer ação restritiva do Estado em relação aos direitos individuais. [...] Em sentido estrito, o poder de polícia se configura como atividade administrativa, que consubstancia, como vimos, verda-deira prerrogativa conferida aos agentes da Administra-ção, consistente no poder de restringir e condicionar a liberdade e a propriedade”11.

No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a ati-vidade do Poder Legislativo, considerando que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não impuser (artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a atividade da polícia administrativa, envolvendo apenas as prerrogativas dos agentes da Administração.

Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio le-gislador estabelece no Código Tributário Nacional: “Con-sidera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando o disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público [...]” (art. 78, primeira parte, CTN). A atividade de polícia é tipicamente admi-nistrativa, razão pela qual é estudada no ramo do direito administrativo.11 Ibid.

Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido, a administração não precisa de manifestação do Poder Judiciário para colocar seus atos em prática, efetivando--os.

4.1 Polícia-função e polícia-corporação

“Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas em decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena realçar que não há como confundir polícia-função com polícia-corporação: aquela é a função estatal pro-priamente dita e deve ser interpretada sob o aspecto ma-terial, indicando atividade administrativa; esta, contudo, corresponde à ideia de órgão administrativo, integrado nos sistemas de segurança pública e incumbido de pre-venir os delitos e as condutas ofensivas à ordem pública, razão por que deve ser vista sob o aspecto subjetivo (ou formal). A polícia-corporação executa frequentemente funções de polícia administrativa, mas a polícia-função, ou seja, a atividade oriunda do poder de polícia, é exer-cida por outros órgãos administrativos além da corpora-ção policial”12.

4.2 Competência, delegação e transferência

A competência para exercer o poder de polícia é, a princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de competência no âmbito do poder regulamentar. Se a competência for concorrente, também o poder de po-lícia será exercido de forma concorrente.

O poder de polícia pode ser exercido de forma ori-ginária, pelo próprio órgão ao qual se confere a com-petência de atuação, ou de forma delegada, mediante lei que transfira a mera prática de atos de natureza fis-calizatória (poder de polícia seria de caráter executório, não inovador) a pessoas jurídicas que tenham vinculação oficial com entes públicos.

A transferência de tarefas de operacionalização, no âmbito de simples constatação, não é considerada de-legação do poder de polícia. Delegação ocorre quando a atividade fiscalizatória em si é transferida. Por exem-plo, uma empresa contratada para operar radares não recebeu delegação do poder de polícia, mas uma guarda municipal instituída na forma de empresa pública com poder de aplicar multas recebeu tal delegação.

4.3 Polícia judiciária e polícia administrativa

Uma das mais importantes classificações doutriná-rias corresponde à distinção entre polícia administrativa e polícia judiciária, assim explanada por Carvalho Filho: “ambos se enquadram no âmbito da função administra-tiva, vale dizer, representam atividades de gestão de in-teresses públicos. A Polícia Administrativa é atividade da Administração que se exaure em si mesma, ou seja, inicia e se completa no âmbito da função administrativa. O mesmo não ocorre com a Polícia Judiciária, que, em-bora seja atividade administrativa, prepara a atuação da função jurisdicional penal, o que a faz regulada pelo Código de Processo Penal (arts. 4º ss) e executada por 12 Ibid.

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órgãos de segurança (polícia civil ou militar), ao passo que a Polícia Administrativa o é por órgãos administra-tivos de caráter mais fiscalizador. Outra diferença reside na circunstância de que a Polícia Administrativa incide basicamente sobre atividades dos indivíduos, enquan-to a Polícia Judiciária preordena-se ao indivíduo em si, ou seja, aquele a quem se atribui o cometimento de ilíci-to penal”13. Além disso, essencialmente, a Polícia Admi-nistrativa tem caráter preventivo (busca evitar o dano social), enquanto que a Polícia Judiciária tem caráter re-pressivo (busca a punição daquele que causou o dano social).

4.4 Liberdades públicas e poder de polícia

Evidentemente, abusos no exercício do poder de po-lícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito individual seja relativo perante o interesse público, exis-tem núcleos mínimos de direitos que devem ser preser-vados, mesmo no exercício do poder de polícia. Neste sentido, a faculdade repressiva deve respeitar os direitos do cidadão, as prerrogativas individuais e as liberda-des públicas que são consagrados no texto constitucio-nal.

Para compreender a questão, interessante suscitar qual o caráter do poder de polícia, se discricionário ou vinculado. A doutrina de Meirelles14 e Carvalho Filho15 re-comenda que quando o poder de polícia vai ter os seus limites fixados há discricionariedade (por exemplo, quan-do o poder público vai decidir se pode ou não ocorrer pesca num determinado rio), mas quando já existem os limites o ato se torna vinculado (no mesmo exemplo, não se pode decidir por multar um pescador e não multar o outro por pescarem no rio em que a pesca é proibida, devendo ambos serem multados). Tal raciocínio é rele-vante para verificar, num caso concreto, se houve ou não abuso do poder de polícia. Vamos supor que a lei fixe os limites para o ato, mas que na prática tais limites tenham sido ignorados: não haverá discricionariedade, então.

Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia são:“• Necessidade – a medida de polícia só deve ser

adotada para evitar ameaças reais ou prováveis de perturbações ao interesse público;

• Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação en-tre a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado;

• Eficácia – a medida deve ser adequada para im-pedir o dano a interesse público. Para ser eficaz a Administração não precisa recorrer ao Poder Judi-ciário para executar as suas decisões, é o que se chama de autoexecutoriedade”16.

Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade de garantia de contraditório e ampla defesa ao adminis-trado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da atuação e da aplicação da pena decorrentes da infração”.13 Ibid.14 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malhei-ros, 1993.15 CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.16 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

4.5 Setores de atuação da polícia administrativa

Considerando que todos os direitos individuais são limitados pelo interesse da coletividade, já se pode de-duzir que o âmbito de atuação do poder de polícia é o mais amplo possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia sanitária, polícia ambiental, polícia de trânsito e tráfego, polícia de profissões (OAB, CRM, etc.), polícia de cons-truções, etc.

Neste sentido, será possível atuar tanto por atos nor-mativos (atos genéricos, abstratos e impessoais, como decretos, regulamentos, portarias, instruções, resoluções, entre outros) e por atos concretos (voltados a um indi-víduo específico e isolado, que podem ser determina-ções, como a multa, ou atos de consentimento, como a concessão ou revogação de licença ou autorização por alvará).

• Poder disciplinar – É aquele que a Adminis-tração possui para punir seus próprios ser-vidores, bem como aplicar sanções a parti-culares a ela vinculados por ato ou contrato.• Poder hierárquico – É aquele que a Admi-nistração possui para ordenar, coordenar, controlar e revisar os atos de seus subor-dinados, podendo ainda avocar e delegar competências.• Poder regulamentar – É aquele que a Admi-nistração possui para, por meio da chefia do Executivo, de editar atos normativos gerais e abstratos.• Poder de polícia – É aquele que a Admi-nistração possui para limitar o exercício de direitos individuais em prol da coletividade.

#FicaDica

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (PC-SP – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP – 2018) Suponha que o chefe de uma determinada Seção Admi-nistrativa, agindo dentro de sua competência legal, opte por nomear determinado servidor em função de confian-ça, sob a justificativa de que tal servidor possui as carac-terísticas pessoais ideais para o desempenho da função. Imagine, porém, que, após algumas semanas da nomea-ção, venha a público a informação de que a nomeação se deu com a principal finalidade de redistribuir a outro servidor processo administrativo cuja responsabilidade incumbia à época da nomeação ao servidor contempla-do com a função de confiança. A respeito dessa situação hipotética, é correto afirmar que se trata de caso de:

a) excesso de poder, o qual se verifica quando o agente públi-co exorbita as suas competências, agindo de forma ilegal.

b) desvio de dever funcional, o qual se verifica quando o agente público deixa de praticar ato de ofício, ou o retarda, com a finalidade exclusiva de gerar vantagem a terceiro.

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c) abuso de poder, o qual se verifica quando o agente público age de forma arbitrária, assumindo atribui-ções impróprias para as suas funções.

d) desvio de finalidade, o qual se verifica quando o agen-te público, embora dentro de sua competência, afas-ta-se da finalidade prevista na lei para a prática do ato.

e) exercício regular de direito, o qual independe de mo-tivação para a sua validade, não podendo ser anulado.

Resposta: Letra D. No desvio de finalidade, o agente atua no limite de suas funções, mas se afasta da fina-lidade da lei. É exatamente o que aconteceu. O chefe tinha competência para nomear o servidor para a fun-ção de confiança, mas agiu com uma intenção contrá-ria à lei. Deveria ter nomeado um servidor competente e qualificado para a função, mas nomeou o que seria conveniente para que certa decisão administrativa fosse exarada.Em “a”, no excesso de poder o agente exerce uma atribuição que nem ao menos tem competência para fazê-lo. No caso, o chefe tinha competência para pra-ticar o ato de nomeação do servidor em função de confiança.Em “b”, no desvio de dever funcional, o ato deixa de ser praticado, mas no caso em tela o ato foi praticado normalmente.Em “c”, no abuso de poder há arbitrariedade na de-cisão. No caso, a decisão não foi arbitrária, mas teve uma motivação escusa.Em “e”, não houve exercício regular de direito, mas desvio de finalidade.

2. (SUSIPE-PA – ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO – AOCP – 2018) O poder de polícia da ad-ministração pública, segundo o conceito clássico de Mar-celo Caetano: “É o modo de atuar da autoridade adminis-trativa que consiste em intervir no exercício das atividades individuais suscetíveis de fazer perigar interesses gerais, tendo por objeto evitar que se produzam, ampliem ou generalizem os danos sociais que a lei procura prevenir.” Sobre esse poder, assinale a alternativa correta.

a) Ante o princípio de que quem pode o mais pode o menos, não é difícil atribuir às pessoas politicas da federação o exercício do poder de polícia. Afinal, se lhes incumbe editar as próprias leis limitativas, de todo coerente que se lhes confira, em decorrência, o poder de minudenciar as restrições. Trata-se aqui do poder de polícia derivado, que alcança, em sentido amplo, as leis e os atos administrativos provenientes de tais pessoas.

b) O Estado, porém, não age somente por seus agentes e órgãos internos. Várias atividades administrativas e serviços públicos são executados por pessoas admi-nistrativas vinculadas ao Estado. Trata-se aqui do po-der de polícia originário.

c) O poder de polícia reclama do Poder Público a atuação de agentes fiscalizadores da conduta dos indivíduos. A fiscalização apresenta duplo aspecto: um preventivo, através do qual os agentes da Administração procu-ram impedir um dano social, e um repressivo, que, em face da transgressão da norma de polícia, redunda na aplicação de uma sanção.

d) O poder de polícia possui a característica da coerci-bilidade, que é a prerrogativa de praticar atos e co-locá-los em imediata execução, sem dependência à manifestação judicial.

e) O poder de polícia possui a característica da autoe-xecutoriedade, que é intrínseco a essa característica o poder que tem a Administração de usar a força, caso necessária para vencer eventual recalcitrância.

Resposta: Letra C. O poder de polícia é, essencial-mente, um poder de fiscalização e intervenção do Estado na conduta dos indivíduos. Prevê o artigo 78, CTN: “Considera-se poder de polícia atividade da ad-ministração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse públi-co concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tran-quilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”. O poder de polícia pode ser exercido no viés preventivo, impedindo atos danosos, ou repressivo, aplicando sanção diante da violação da norma.Em “a”, incorreta, pois quando o poder de polícia é exercido pela administração direta (ou seja, pessoas políticas da federação), está se falando em poder de polícia originário e não derivado. O poder de polícia derivado é aquele exercido pelas pessoas jurídicas que integram a administração indireta.Em “b”, incorreta, pois quando as atividades admi-nistrativas e os serviços públicos são executados por pessoas administrativas vinculadas ao Estado, isto é, pessoas jurídicas da administração indireta, o poder de polícia exercido é derivado.Em “d”, incorreta, pois a prerrogativa de praticar atos e colocá-los em imediata execução, sem dependência à manifestação judicial, denomina-se autoexecutorie-dade, não coercibilidade.Em “e”, incorreta, pois a Administração não pode usar a força em caso de desatendimento do poder de polí-cia, pois não é atributo do poder de polícia a coercibi-lidade. Conforme comentado na letra “d”, o conceito de autoexecutoriedade é outro.

3. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) Con-siderando a doutrina majoritária, julgue o próximo item, referente ao poder administrativo, à organização admi-nistrativa federal e aos princípios básicos da administra-ção pública.No exercício do poder regulamentar, o Poder Executivo pode editar regulamentos autônomos de organização administrativa, desde que esses não impliquem aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Em que pese o teor do artigo 84, IV, CF que poderia dar a entender que a existência de decretos autônomos é impedida, o próprio STF já reconheceu decretos autônomos como válidos em si-

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tuações excepcionais, nos termos do artigo 84, VI, CF: “VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos”.

4. (TCE-PE – ANALISTA DE GESTÃO – CESPE – 2017) Uma aluna de um colégio estadual, maior de dezoito anos de idade, foi flagrada depredando o mobiliário da escola. Em razão disso, o diretor do colégio aplicou a ela uma penalidade de suspensão por três dias, na forma do regimento da instituição.A respeito dessa situação hipotética, julgue o item que se segue, considerando os poderes da administração públi-ca e os princípios de direito administrativo.O ato do diretor do colégio é exemplo de exercício do poder disciplinar pela administração pública.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. O poder disciplinar é aplicado a quem tenha um vínculo com a Administração Pública, não ne-cessariamente servidor público. No caso acima, trata-se de escola pública e seus alunos matriculados são sim vin-culados à Administração. Sendo assim, o diretor exerce sim poder disciplinar quando pune uma aluna matricu-lada.

5. (TRT 21ª REGIÃO RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2017) Durante inspeção a um laboratório e fábrica de produtos veterinários, os agentes da Administração pú-blica competente constataram em um exemplar, a utili-zação de determinado insumo não mais autorizado. Em razão disso, lavraram auto de infração e de apreensão de todos os produtos da mesma categoria. Os donos do laboratório insurgiram-se contra à medida que:

a) excedeu os limites do poder de polícia que compete à Administração pública em razão da apreensão das mercadorias, o que demandaria autorização judicial.

b) não poderia ter sido realizada sem prévia submissão a processo judicial, salvo se houvesse expressa previsão em decreto autônomo da Administração pública.

c) configurou regular exercício de poder disciplinar, que se estende não só em relação aos servidores públicos, mas também em direção daqueles que travarem rela-ções jurídicas com o poder público.

d) constitui regular exercício de poder de polícia pela Administração pública, cuja atuação pode prever me-didas preventivas e repressivas de urgência, a fim de garantir a segurança e a saúde dos administrados.

e) deveria estar integral e expressamente prevista na le-gislação que trata da competência de fiscalização da Administração pública em matéria de vigilância sani-tária, não se admitindo adoção de medidas acautela-tórias e de urgência.

Resposta: Letra D. Poder de polícia é o poder confe-rido à administração para limitar, disciplinar, restringir e condicionar direitos e atividades particulares para a preservação dos interesses da coletividade. A condu-

ta da Administração está adequada, exteriorizando a característica da autoexecutoriedade do poder de po-lícia.Em “a”, nada impede que no exercício do poder de po-lícia sejam apreendidas mercadorias em situação irre-gular.Em “b”, o poder de polícia não depende de autoriza-ção judicial para ser exercido.Em “c”, no caso, o poder exercido foi o de polícia, não o disciplinar. Em “e”, medidas acautelatórias e de urgência podem ser tomadas no exercício do poder de polícia.

ATOS ADMINISTRATIVOS. CONCEITO. ATRIBUTOS. REQUISITOS. CLASSIFICAÇÃO. EXTINÇÃO.

Fato administrativo, ato da administração e ato ad-ministrativo

Os fatos administrativos são todos os eventos que repercutem na esfera administrativa. Se dividem em: naturais, que se originam de fenômenos da nature-za; e voluntários, atos administrativos, que formalizam a providência desejada pelo administrador através da manifestação da vontade, e atos da administração, que são condutas administrativas, que refletem os compor-tamentos e as ações administrativas, sem um ato admi-nistrativo formal.

Noutras palavras, “os fatos administrativos podem ser voluntários e naturais. Os fatos administrativos vo-luntários se materializam de duas maneiras: 1ª) por atos administrativos, que formalizam a providência dese-jada pelo administrador através da manifestação da vontade; 2ª) por condutas administrativas, que refletem os comportamentos e as ações administrativas, sejam ou não precedidas de ato administrativo formal. Já os fatos administrativos naturais são aqueles que se originam de fenômenos da natureza, cujos efeitos se refletem na ór-bita administrativa. Assim, quando se fizer referência a fato administrativo, deverá estar presente unicamente a noção de que ocorreu um evento dinâmico da Adminis-tração”17.

Já “a expressão atos da Administração traduz sen-tido amplo e indica todo e qualquer ato que se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema adminis-trativo em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade, entre os atos da Administração se enquadram atos que não se caracterizam propriamente como atos administra-tivos, como é o caso dos atos privados da Administração. Exemplo: os contratos regidos pelo direito privado, como a compra e venda, a locação etc. No mesmo plano estão os atos materiais, que correspondem aos fatos adminis-trativos, noção vista acima: são eles atos da Administra-ção, mas não configuram atos administrativos típicos. Alguns autores aludem também aos atos políticos ou de governo”18.

17 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.18 Ibid.

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Com efeito, a expressão atos da Administração é mais ampla. Envolve, também, os atos privados da Adminis-tração, referentes às ações da Administração no atendi-mento de seus interesses e necessidades operacionais e instrumentais agindo no mesmo plano de direitos e obrigações que os particulares. O regime jurídico será o de direito privado. Ex.: contrato de aluguel de imóveis, compra de bens de consumo, contratação de água/luz/internet.

Basicamente, envolve os interesses particulares da Ad-ministração, que são secundários, para que ela possa aten-der aos interesses primários – no âmbito destes interesses primários (interesses públicos, difusos e coletivos) é que surgem os atos administrativos, que são atos públicos da Administração, sujeitos a regime jurídico de direito público.

Conceito e pressupostos

O ato administrativo é uma espécie de fato adminis-trativo e é em torno dele que se estrutura a base teórica do direito administrativo.

Os atos administrativos se situam num plano supe-rior de direitos e obrigações, eis que visam atender aos interesses públicos primários, denominados difusos e coletivos. Logo, são atos de regime público, sujeitos a pressupostos de existência e validade diversos dos es-tabelecidos para os atos jurídicos no Código Civil, e sim previstos na Lei de Ação Popular e na Lei de Processo Administrativo Federal. Ao invés de autonomia da von-tade, haverá a obrigatoriedade do cumprimento da lei e, portanto, a administração só poderá agir nestas hipóte-ses desde que esteja expressa e previamente autorizada por lei19.

Atos da Administração ≠ Atos administrati-vos.Atos privados da Administração = atos da Ad-ministração → regime jurídico de direito priva-do.Atos públicos da Administração = atos ad-ministrativos → regime jurídico de direito público.

#FicaDica

Requisitos

1. Competência

A Constituição Federal fixa atribuições para as diver-sas esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impos-sível impor que um único órgão as exercesse por com-pleto. Por isso, tais atribuições são distribuídas entre os diversos órgãos que compõem a Administração Pública. Esta divisão das atribuições entre os órgãos da Ad-ministração Pública é conhecida como competência.

Basicamente, competência é o poder-dever atribuído a determinado agente público para praticar certo ato ad-ministrativo. A pessoa jurídica, o órgão e o agente públi-co devem estar revestidos de competência. 19 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004.

Conceitua Carvalho Filho20 que “competência é o cír-culo definido por lei dentro do qual podem os agentes exercer legitimamente sua atividade”, afirmando ainda que a competência administrativa pode ser colocada em plano diverso da competência legislativa e jurisdicional.

A competência é pressuposto essencial do ato admi-nistrativo, devendo sempre ser fixada por lei ou pela Constituição Federal. Vale ressaltar, no entanto, que a lei e a CF fixam as competências primárias, que abran-gem o órgão como um todo; podendo existir atos inter-nos de organização que fixam as divisões de competên-cias dentro dos órgãos, em seus diversos segmentos.

A competência se reveste de dois atributos essenciais: inderrogabilidade, pois não se transfere de um órgão a outro por mera vontade entre as partes ou por consen-timento do agente público; e improrrogabilidade, pois um órgão competente não se transmuta em incompe-tente mesmo diante de alteração da lei superveniente ao fato.

O ato praticado por sujeito incompetente prescin-de de pressuposto essencial para o ato administrativo, sendo ele considerado inexistente e incapaz de produzir efeitos.

1.1 Critérios de competência

É possível fixar os critérios de competência nos se-guintes moldes:

a) Quanto à matéria: abrange a especificidade da função, por exemplo, entre Ministérios e Secreta-rias de diversas especialidades.

b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de atividades mais complexas a agentes/órgãos de graus superiores dentro dos órgãos.

c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização ter-ritorial de atividades.

d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de compe-tência por tempo determinado, notadamente diante de algum evento específico, como de calamidade pública.

1.2 Avocação e delegação

Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admi-tidos”.

Delegar é atribuir uma competência que seria sua a outro órgão/agente (pode ser vertical, quando houver subordinação; ou horizontal, quando não houver subor-dinação). A delegação é parcial e temporária e pode ser revogada a qualquer tempo. Não podem ser delegados os seguintes atos: Competência Exclusiva, Edição de Ato de Caráter Normativo, Decisão de Recursos Administra-tivos.

Avocar é solicitar o que seria de competência de outro para sua esfera de competência. Basicamente, é o oposto de delegar. Na avocação, o chefe/órgão superior pega para si as atribuições do subordinado/órgão infe-rior. Como exige subordinação, toda avocação é vertical.20 CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.

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2. Finalidade

É a razão jurídica pela qual um ato administrativo foi abstratamente criado pela ordem jurídica. A lei estabelece que os atos administrativos devem ser praticados visando a um fim, notadamente, a satisfação do interesse público. Contudo, embora os atos administrativos sempre tenham por objeto a satisfação do interesse público, esse interes-se é variável de acordo com a situação. Se a autoridade administrativa praticar um ato fora da finalidade genérica ou fora da finalidade específica, estará praticando um ato viciado que é chamado “desvio de poder ou desvio de fi-nalidade”.

3. Forma

É a maneira pela qual o ato se revela no mundo jurídi-co. Usualmente, adota-se a forma escrita. Eventualmente, pode ser praticado por sinais ou gestos (ex.: trânsito). A forma é sempre fixada por lei.

Relacionada à questão da forma do ato administrati-vo, surge a discussão sobre o silêncio do ato adminis-trativo, se esse poderia ou não caracterizar a prática de um ato válido. Neste sentido: “Uma questão interessante que merece ser analisada no tocante ao ato administrati-vo é a omissão da Administração Pública ou, o chamado silêncio administrativo. Essa omissão é verificada quando a administração deveria expressar uma pronuncia quan-do provocada por administrado, ou para fins de controle de outro órgão e não o faz. Para Celso Antônio Bandeira de Mello21, o silêncio da administração não é um ato ju-rídico, mas quando produz efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico administrativo. [...] Denota-se que o silêncio pode consistir em omissão, ausência de manifestação de vontade, ou não. Em determinadas situações poderá a lei determinar a Administração Pública manifestar-se obriga-toriamente, qualificando o silêncio como manifestação de vontade. Nesses casos, é possível afirmar que estaremos diante de um ato administrativo. [...] Desta forma, quando o silêncio é uma forma de manifestação de vontade, pro-duz efeitos de ato administrativo. Isto porque a lei pode atribuir ao silêncio determinado efeito jurídico, após o de-curso de certo prazo. Entretanto, na ausência de lei que atribua determinado efeito jurídico ao silêncio, estaremos diante de um fato jurídico administrativo”22.

4. Motivo/Vontade

Vontade é o querer do ato administrativo e dela se extrai o motivo, que é o acontecimento real que autori-za/determina a prática do ato administrativo. É o ato ba-seado em fatos e circunstâncias, que o administrador por escolher, mas deve respeitar os limites e intenções da lei. Nem sempre os atos administrativos possuem motivo le-gal. Nos casos em que o motivo legal não está descrito na norma, a lei deu competência discricionária para que o sujeito escolha o motivo legal (o motivo deve ser oportu-no e conveniente).

A Teoria dos Motivos Determinantes afirma que os motivos alegados para a prática de um ato administrativo ficam a ele vinculados de tal modo que a prática de um 21 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.22 SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca do silêncio administrativo. Migalhas, 24 jul. 2008.

ato administrativo mediante a alegação de motivos falsos ou inexistentes determina a sua invalidade. Assim, “[...] está relacionada a prática de atos administrativos e impõe que, uma vez declarado o motivo do ato, este deve ser respeitado. Esta teoria vincula o administrador ao motivo declarado. Para que haja obediência ao que prescreve a teoria, no entanto, o motivo há de ser legal, verdadeiro e compatível com o resultado. Vale dizer, a teoria dos mo-tivos determinantes não condiciona a existência do ato, mas sim sua validade”23.

5. Objeto/Conteúdo

É o que o ato afirma ou declara, manifestando a von-tade do Estado. A lei não fixa qual deve ser o conteúdo ou objeto de um ato administrativo, restando ao administra-dor preencher o vazio nestas situações. O ato é branco/indefinido.

No entanto, deve se demonstrar que a prática do ato é oportuna e conveniente (escolha discricionária do ob-jeto). Quando se diz que a escolha do objeto do ato é discricionária não significa que seja arbitrária, pois deve se demonstrar a oportunidade e a conveniência.

Para memorizar, note que os requisitos do ato administrativo se apresentam sob o mnemônico ComFiFoMOb:CompetênciaFinalidade FormaMotivoObjeto

#FicaDica

Classificação

1. Classificação quanto ao seu alcance

• Atos internos: praticados no âmbito interno da Admi-nistração, incidindo sobre órgãos e agentes administra-tivos.

• Atos externos: praticados no âmbito externo da Administração, atingindo administrados e contra-tados. São obrigatórios a partir da publicação.

2. Classificação quanto ao seu objeto

• Atos de império: praticados com supremacia em relação ao particular e servidor, impondo o seu obrigatório cumprimento.

• Atos de gestão: praticados em igualdade de con-dição com o particular, ou seja, sem usar de suas prerrogativas sobre o destinatário.

• Atos de expediente: praticados para dar andamento a processos e papéis que tramitam internamente na administração pública. São atos de rotina administra-tiva.

23 SOUZA, Áurea Maria Ferraz de. Em que consiste a teoria dos motivos deter-minantes? Disponível em: <https://lfg.jusbrasil.com.br>. Acesso em: 01 ago. 2019.

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3. Classificação quanto à formação

• Ato simples: nasce por meio da manifestação de vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou agente da Administração.

• Ato complexo: nasce da manifestação de vontade de mais de um órgão ou agente administrativo.

• Ato composto: nasce da manifestação de vontade de um órgão ou agente, mas depende de outra vontade que o ratifique para produzir efeitos e tornar-se exequí-vel.

4. Classificação quanto à manifestação da vontade

• Atos unilaterais: São aqueles formados pela ma-nifestação de vontade de uma única pessoa. Ex.: Demissão - Para Hely Lopes Meirelles, só existem os atos administrativos unilaterais.

• Atos bilaterais: São aqueles formados pela mani-festação de vontade de duas pessoas.

• Atos multilaterais: São aqueles formados pela vonta-de de mais de duas pessoas. Ex.: Contrato administra-tivo.

5. Classificação quanto ao destinatário

• Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, com finalidade normativa, atingindo uma gama de pes-soas que estejam na mesma situação jurídica nele estabelecida. O particular não pode impugnar, pois os efeitos são para todos.

• Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter-minada, criando situações jurídicas individuais. O particular atingido pode impugnar.

6. Classificação quanto ao seu regramento

• Atos vinculados: são os que possuem todos os pressupostos e elementos necessários para sua prática e perfeição previamente estabelecidos em lei que autoriza a prática daquele ato. O adminis-trador é um “mero cumpridor de leis”. Também se denomina ato de exercício obrigatório.

• Atos discricionários: são os atos que possuem parte de seus pressupostos e elementos previa-mente fixados pela lei autorizadora. No mínimo, a competência, a finalidade e a forma estão previa-mente fixados na lei – são os pressupostos vincu-lados. Aquilo que está em branco ou indefinido na lei será preenchido pelo administrador. Tal preen-chimento deve ser feito motivadamente com base em fatos e circunstâncias que somente o adminis-trador pode escolher. Contudo, tal escolha não é li-vre, os fatos e circunstâncias devem ser adequados (razoáveis e proporcionais) aos limites e intenções da lei.

Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos administrativos se classificam em vinculados ou discri-cionários. “Os atos vinculados são aqueles que tem o procedimento quase que plenamente delineados em lei, enquanto os discricionários são aqueles em que o dispo-

sitivo normativo permite certa margem de liberdade para a atividade pessoal do agente público, especialmente no que tange à conveniência e oportunidade, elementos do chamado mérito administrativo. A discricionariedade como poder da Administração deve ser exercida con-soante determinados limites, não se constituindo em op-ção arbitrária para o gestor público, razão porque, desde há muito, doutrina e jurisprudência repetem que os atos de tal espécie são vinculados em vários de seus aspectos, tais como a competência, forma e fim”24.

Dentre as classificações, merece destaque aquela que recai sobre o caráter vinculado ou discricionário de um ato administrativo.Ato vinculado – Obrigatório • Não há margem para a Administração cumprir de outra forma • A lei fixa requisitos e pressupostos de forma expressa e clara, rejeitando margem de interpre-tação.Ato discricionário – Facultativo • O administrador decidirá caso a caso con-forme critérios de oportunidade e conve-niência (o denominado mérito do ato admi-nistrativo) • Há margem de interpretação que a própria lei deixa, afinal, a lei não pode tudo regular e impedir por completo a atuação do admi-nistrador porque se caracterizaria ingerência do Legislativo no Executivo.• Não significa que o administrador pode agir de forma arbitrária, se seu ato discricio-nário não atender a parâmetros de razoabi-lidade e proporcionalidade poderá ser ques-tionado.Cabe controle judicial dos atos administra-tivos discricionários? Não quanto ao mérito, porém sim no caso de violação de parâme-tros gerais do Direito Administrativo, como os princípios da administração pública.

#FicaDica

Atributos

1. Imperatividade

Em regra, a Administração decreta e executa unilateral-mente seus atos, não dependendo da participação e nem da concordância do particular. Do poder de império ou extrover-so, que regula a forma unilateral e coercitiva de agir da Admi-nistração, se extrai a imperatividade dos atos administrativos.

2. Autoexecutoriedade

Em regra, a Administração pode concretamente exe-cutar seus atos independente da manifestação do Poder Judiciário, mesmo quando estes afetam diretamente a esfera jurídica de particulares.24 CAVALCANTI, Rodrigo. Ato administrativo: discricionariedade x vinculação. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br>. Acesso em: 01 ago. 2019.