dissertacaousodosblogs
TRANSCRIPT
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
1/169
UNICAMP
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASINSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM
Cludia Rodrigues
O uso de blogs como estratgia motivadora para oensino de escrita na escola
CAMPINAS
2008
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
2/169
2
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
3/169
3
Cludia Rodrigues
O uso de blogs como estratgia motivadora para o
ensino de escrita na escola
Denise Brtoli BragaOrientadora
CAMPINAS
2008
Dissertao apresentada ao Instituto de Estudos
da Linguagem, da Universidade Estadual deCampinas, para obteno do ttulo de Mestre emLingstica Aplicada.
rea de concentrao: Linguagens e Tecnologias
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
4/169
4
Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca do IEL - Unicamp
R618uRodrigues, Cludia.
O uso de blogs como estratgia motivadora para o ensino de escritana escola / Cludia Rodrigues. -- Campinas, SP : [s.n.], 2008.
Orientador : Denise Brtoli Braga.Dissertao (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas,
Instituto de Estudos da Linguagem.
1. Blog. 2. Produo de textos. 3. Lngua materna Estudos eensino. 4. Letramento digital. I. Braga, Denise Brtoli. II.Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos daLinguagem. III. Ttulo.
tjj/iel
Ttulo em ingls: The use of blogs as a motivating strategy for the teaching of writing inschools..
Palavras-chaves em ingls (Keywords): Blog; Text production; Mother tongue Studyand teaching; Digital literacy.
rea de concentrao: Linguagem e Tecnologia.
Titulao: Mestre em Lingstica Aplicada.
Banca examinadora: Profa. Dra. Denise Brtoli Braga (orientadora), Profa. Dra. AngelitaGouveia Quevedo, Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes, Profa. Dra. Maria Viviane do AmaralVeras (suplente), Profa. Dra. Cludia Lemos Vvio (suplente).
Data da defesa: 28/11/2008.
Programa de Ps-Graduao: Programa de Ps-Graduao em Lingstica Aplicada.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
5/169
5
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
6/169
6
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
7/169
7
Para Gustavo,quem me ensinou a amar.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
8/169
8
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
9/169
9
Agradecimentos
Nossa Senhora Aparecida, por muitas vezes que segurou em minhas mos e
me levou a ter esperanas. Sem a sua presena, nada seria possvel.
minha me, Ilda, embora no entenda muito as razes de minhas escolhas,
sempre me apoiou incondicionalmente.
pessoa que faz da minha rotina encanto. Flvio Csar, quem sempre est por
perto com olhar em viglia, atento para que eu esteja bem.
minha irm, Cristina, pela pacincia, ateno e curiosidade dedicada em me
ouvir e aplaudir, embora no seja merecedora de seus aplausos.
Ao Luiz Fernando e Tmara que guardarei em meu corao a amizade.
banca examinadora de qualificao, cujas pertinentes observaes foram de
grande importncia para que eu mantivesse o foco.
Aos meus alunos por permitirem muitas experincias de aprendizagem.
minha orientadora, pelos conselhos e compreenso das minhas limitaes.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
10/169
10
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
11/169
11
O NOVO
O anseio...A vontade de aprender,
O excesso de perguntasE, s vezes, de silncio.
O medo do novo assustador.A resistncia
O conflitoAs decepes diante do inexplicvel
A desorganizao dos antigos conceitos.O surgimento de novas perguntas...
A insistnciaO cansao
A reclamao
As RESPOSTAS...Organizam-se as idias,Entende-se a proposta.
Agora sim!Podemos partir para um novo mundo
Recheado de conhecimentos diferentes.
Telma Eliane Medeiros de Souza
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
12/169
12
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
13/169
13
RESUMO
A presente pesquisa se insere na rea de Linguagem e Tecnologia e, tendocomo foco central a produo de blogs, busca investigar as possibilidades que osnovos gneros digitais oferecem para o ensino de produo de texto na escola. Oestudo parte do pressuposto que desejvel trazer para sala de aula as
experincias de linguagem que os alunos j vivenciam em seu cotidiano. Adissertao relata os resultados de dois estudos realizados a partir de atividadespropostas para alunos do ensino mdio em uma escola particular, cujas salas deaula so todas equipadas para uso de tecnologia. A pesquisa foi motivada pelaconstatao de que esses recursos no estavam sendo adequadamenteexplorados nas prticas pedaggicas.
O componente terico da pesquisa discute inicialmente a importncia datecnologia no contexto educacional e a pertinncia em rever a natureza dalinguagem, considerando as transformaes que a tecnologia promove. Emseguida, apresenta-se uma discusso geral sobre o blog, ambiente explorado natarefa proposta nos dois estudos empricos. O componente emprico relata
inicialmente uma experincia que no foi bem sucedida, tentando entender osfatores que explicam o seu fracasso. O segundo estudo emprico buscoucontornar as falhas do primeiro, modificando a natureza da tarefa proposta eoferecendo mais liberdade de ao para os alunos. Os resultados apontam que pertinente utilizar o blog como uma ferramenta pedaggica, e que o uso desserecurso motivador para os alunos e pode gerar produes complexas e criativas.
PALAVRAS-CHAVE: blog, produo de texto, ensino de lngua materna,letramento digital.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
14/169
14
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
15/169
15
ABSTRACT
The present research is inserted in the area of Language and Technology,and, as its central focus is the making of blogs, it seeks to investigate thepossibilities the new digital genres offer to text production teaching in schools. Thestudy presupposes that it is desirable to bring into the classroom the language
experiences of which the students already live everyday. This essay reports theresults of two studies which were carried out upon proposed activities to some highschool students in a private school, whose classrooms are fully equipped for theuse of technology. This research was motivated after establishing that thoseresources had not been properly explored in pedagogical practices.
The theoretical component for this research initially discusses theimportance of technology in educational contexts and the relevance in revising thelanguage nature, considering the transformations that technology promote. Next, ageneral discussion about blog, which is the explored space in the task, proposed intwo empirical studies. First, the empirical component reports an unsuccessfulexperience, trying to understand the factors that explain its failure. The second
empirical study tries to get around the flaws identified on the first, modifying thenature of the proposed task, so that offering the students more action freedom. Theresults point out that it is pertinent to use blogas a pedagogical tool and that theuse of this resource is encouraging to the students and it may bring about complexand creative productions.
KEY WORDS: blog, text production, mother tongue teaching, digital literacy.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
16/169
16
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
17/169
17
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS................................................................................................... 19LISTA DE TABELAS................................................................................................... 20INTRODUO............................................................................................................ 21
CAPTULO 1 Consideraes gerais sobre linguagem no meio digital 31
1.1 Letramento digital e prticas letradas cotidianas...................................................... 33
1.2 As vantagens do uso do hipertexto na escola............................................................ 35
CAPTULO 2 Blog: um ambiente dinmico para interao distncia 39
2.1 Blog: origem, caractersticas, conceito e funcionalidade.......................................... 392.1.1 O surgimento, a expanso......................................................................... 39
2.1.2 Definies................................................................................................. 41
2.1.3 Caractersticas principais.......................................................................... 43
2.1.4 Como usado e quais as vantagens do uso do blog para as diferentes
funes...............................................................................................................
47
2.2 Blogsfera........................................................................................... 52
2.3 O blog como gnero discursivo........................................................ 532.4 A utilizao pedaggica do blog...................................................... 55
CAPTULO 3 A produo escrita na escola e na web 57
3.1 O que visto como legtimo no ensino de lngua materna....................................... 57
3.1.1 A atual proposta de ensino de Lngua Portuguesa.................................... 58
3.1.2 Refletindo sobre minha prtica pedaggica.............................................. 63
3.1.3 Como os alunos avaliam a produo escrita em aulas de lngua
materna............................................................................................................... 663.2 A produo escrita na Web............................................................... 76
3.2.3 A escrita da Internet em tarefas escolares......................... 78
CAPTULO 4 Metodologia da pesquisa 81
4.1 Pesquisa, ao e reflexo.......................................................................................... 81
4.2 O contexto da pesquisa............................................................................................. 84
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
18/169
18
4.3 Objetivos e perguntas da pesquisa............................................................................ 86
4.4 Participantes da pesquisa.......................................................................................... 874.5 Instrumentos de coleta de dados............................................................................... 88
CAPTULO 5 Anlise dos dados 91
5.1 Primeiro estudo......................................................................................................... 91
5.1.1 Uma experincia fracassada do uso de blogs como ferramenta
pedaggica.........................................................................................................
91
5.1.1.1 Avaliao da professora............................................................. 95
5.1.1.2 Os alunos avaliam a proposta aplicada em sala deaula......................................................................................................... 99
5.2 Segundo Estudo........................................................................................................ 107
5.2.1 Do fracasso surge o sucesso o blog e sua eficincia enquanto recurso
pedaggico......................................................................................................... 107
5.2.2 Primeira fase: elaborao e discusso dos temas..................................... 108
5.2.3 Segunda fase: produo coletiva do gnero blog...................................... 115
5.2.3.1 Critrios que avaliam a tarefa.................................................... 1165.2.3.2 Avaliao.................................................................................... 118
5.2.3.2.1 Resultado das turmas de 3colegial............................. 118
5.2.3.2.2 Resultado das turmas de 2colegial............................. 119
5.2.4 Anlise dos blogs produzidos pelos alunos............................................... 121
5.2.4.1 Simples e Objetivo..................................................................... 121
5.2.4.2 O Palavra Polmica.................................................................... 134
5.2.4.3 Violncia na juventude............................................................... 140
5.2.4.4 Redao Naa............................................................................. 144
CAPTULO 6 Consideraes Finais 151
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 155
Anexos 165
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
19/169
19
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Pgina inicial do site Dois Neurnios primeira tela............................................ 44
Figura 2: Pgina Inicial do site O Biscoito Fino e a Massa primeira tela ......................... 46
Figura 3: Slide Aula de Redao proposta de texto ......................................................... 67
Figura 4A: Pgina Inicial do site Redao em Debate primeira tela ................................ 92
Figura 4B: Pgina Inicial do site Redao em Debate segunda tela ............................... 93
Figura 5: Esquema de blog educacional.............................................................................. 106
Figura 6: Pgina Inicial do blog Simples e Objetivo primeira tela .................................... 122
Figura 7: Enquete do blog Simples e Objetivo..................................................................... 123Figura 8: Mural de recados do blog Simples e Objetivo...................................................... 124
Figura 9: Trecho do texto do aluno Lucas publicado no blog Simples e Objetivo................ 125
Figura 10: Trecho do texto do aluno Felipe publicado no blog Simples e Objetivo............. 125
Figura 11: Trecho do texto do aluno Luiz Fernando publicado no blog Simples e Objetivo 125
Figura 12: Trecho do texto do aluno Vasco publicado no blog Simples e Objetivo............. 126
Figura 13: Trecho do texto do aluno Lazlo publicado no blog Simples e Objetivo............... 126
Figura 14: Trecho do texto do aluno Leonardo publicado no blog Simples e Objetivo........ 126
Figura 15: Links gerados pelo Google para otimizao do blog.......................................... 128
Figura 16: Seo de links publicao do Simples e Objetivo........................................... 128Figura 17: Links- sugesto de visita blog Simples e Objetivo........................................... 129
Figura 18: Post 1- Simples e Objetivo.................................................................................. 130
Figura 19: Publicao do blog Simples e Objetivo............................................................... 130
Figura 20: Post 2 Simples e Objetivo................................................................................ 131
Figura 21: Post 3 - Simples e Objetivo................................................................................. 132
Figura 22: Post 4 e 5 - Simples e Objetivo........................................................................... 132
Figura 23: Pgina inicial do blog Palavra Polmica............................................................. 134
Figura 24: Post 1 Palavra Polmica.................................................................................. 136
Figura 25: Post 2 Palavra Polmica.................................................................................. 137Figura 26: Publicao do blog Palavra Polmica................................................................. 138
Figura 27: Post 3 e 4 do blog Palavra Polmica.................................................................. 139
Figura 28: Post 5 do blog Palavra Polmica........................................................................ 139
Figura 29: Pgina inicial do blog Violncia na Juventude.................................................... 140
Figura 30: Post 1 do blog Violncia na juventude................................................................ 141
Figura 31: Post 2 do blog Violncia na juventude................................................................ 142
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
20/169
20
Figura 32: Post 3 do blog Violncia na juventude................................................................ 142
Figura 33: Post 4 do blog Violncia na juventude................................................................ 142
Figura 34: Links do blog Violncia na juventude.................................................................. 143
Figura 35A: Pgina inicial do Blog Redao Naa Primeira tela...................................... 144
Figura 35B: Pgina inicial do Blog Redao Naa Segunda tela..................................... 145
Figura 35C: Pgina inicial do Blog Redao Naa Terceira tela...................................... 146
Figura 35D: Pgina inicial do Blog Redao Naa Quarta tela......................................... 147
Figura 35E: Pgina inicial do Blog Redao Naa Quinta tela......................................... 148
Figura 36: Links - Arquivos blog Redao Naa.................................................................. 149
Figura 37: Links Sugestes de leitura blog Redao Naa.............................................. 149
Figura 38: Enquete blog Redao Naa.............................................................................. 150
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Definio dos grupos de acordo com o tema Turma 2RO............................... 110
Tabela 2: Definio dos grupos de acordo com o tema Turma 2SIGMA......................... 110
Tabela 3: Definio dos grupos de acordo com o tema Turma 3GAMA.......................... 111
Tabela 4A: Definio dos grupos de acordo com o tema Turma 3OMEGA..................... 111
Tabela 4B: Definio dos grupos de acordo com o tema Turma 3OMEGA..................... 112
Tabela 5: Distribuio geral dos alunos de acordo com o tema........................................... 112
Tabela 6: Endereos dos blogs alunos 3colegial................................................................ 116
Tabela 7: Endereos dos blogs alunos 2colegial................................................................ 116
Tabela 8: Grfico respostas tabuladas questionrio 1....................................................... 117
Tabela 9: Critrios de avaliao dos blogs........................................................................... 118
Tabela 10: Avaliao dos blogs do 3colegial....................................................................... 119
Tabela 11: Avaliao dos blogs do 2colegial...................................................................... 119
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
21/169
21
Introduo
Dos objetivos
Este trabalho resultado de pesquisas e reflexes sobre o Weblog1 com o
propsito de estudar a viabilidade de sua utilizao no ambiente escolar nas aulas de lngua
materna.
A influncia de autores como Komesu (2005), Marcuschi e Xavier (2005),
Braga (2004) inegvel na construo das reflexes aqui expressas. A partir desses autores,
destacam-se os pontos fundamentais para o desenvolvimento desta dissertao como a
importncia da tecnologia no contexto educacional, a emergncia de novos gneros
discursivos e a pertinncia em rever a natureza da linguagem considerando as
transformaes que hoje a tecnologia promove. Todos esses pontos levam reviso do
ensino do letramento no contexto da globalizao, que hoje no pode excluir a linguagem e
a comunicao que ocorrem na Internet. A partir desta concepo, o objetivo central
estudar como o blog poderia ser utilizado enquanto estratgia motivadora para o
ensino de escrita na escola.
O trabalho encontra-se no campo de estudo da Lingstica Aplicada, na rea de
concentrao de Linguagens e Tecnologias. A partir dos pressupostos tericos dessa rea,
analisei a incorporao do blog em tarefas escolares. O ponto de partida do estudo o
letramento digital, e foi motivado pelo fato de as chamadas pginas virtuais de dirios
pessoais terem sido pouco estudadas, principalmente no que diz respeito a seus aspectos
lingsticos.
O objetivo geral, relativo ao uso de blogs em sala de aula, desdobra-se em um
estudo mais detalhado sobre esse ambiente. Nesta reflexo, a pesquisa buscou:a) Identificar conceitos e significados que a literatura atribui ao blog;
b) Categorizar os diversos tipos de blog que hoje so disponibilizados na web;
c) Testar o blog como uma ferramenta pedaggica no Ensino Mdio, analisando a
validade ou no da ferramenta para o ensino e a aprendizagem.
1 Os weblogs comumente so conhecidos como blogs.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
22/169
22
Das intenes e propostas da pesquisa
Minha preocupao com o ensino vem desde minha experincia prvia compesquisa durante minha formao. Durante a graduao, desenvolvi um estudo que
analisava a argumentao dos alunos do Ensino Mdio a partir de textos debatidos em sala
de aula. A escolha desse tema surgiu da necessidade de compreender como construdo o
processo argumentativo e discursivo do aluno. O estudo da lngua materna, naquele
momento, atraiu meu interesse e, com o incentivo de professores pesquisadores, tive
contato com teorias que embasavam a formao crtica de professores de lnguas. Desde
ento, percebi a importncia do olhar do professor para os caminhos que seguem a
aprendizagem, uma vez que o exerccio da prtica didtica fornece pistas para avaliar a
qualidade do trabalho docente, para mostrar ao professor que hora de mudanas, que
preciso que ele se atualize, reveja currculos e, enfim, mude seus posicionamentos.
A pesquisa sobre ensino mostrou que a sala de aula no deveria ser um lugar
onde o professor assumisse o papel de detentor do saber, limitando-se a apresentar temas
polmicos e solicitar a leitura e produo de texto pelos alunos, mas um lugar onde o
professor pudesse proporcionar momentos de reflexo conjunta, com foco em aspectos
polticos e sociais. Ou seja, a sala de aula deveria ser um ambiente convidativo para ainterao e a informao, e isso no se restringe apenas leitura e produo de textos.
Notei tambm que, embora a teoria explicite a pluralidade de modos de construo da
linguagem, entre recursos e ferramentas comunicativas, essas questes tericas no so
incorporadas s prticas pedaggicas, permanecendo no plano da constatao. Em
decorrncia disso, passei a incorporar o perfil de professora pesquisadora, participante de
pesquisa, assumi a metodologia da pesquisa-ao por acreditar que um processo em que
os pesquisadores e participantes da pesquisa, conjuntamente, investigam sistematicamenteos dados e fazem perguntas com o intuito de solucionar um problema imediato vivido pelos
participantes. Em outras palavras, busquei, na pesquisa-ao a compreenso da situao-
problema dado o meu interesse de avaliar, a partir de minha prtica docente, a necessidade
de atualizao, reviso de planos.
Segundo Celani (1999), podemos explorar o contexto educacional de forma
autoconsciente, ou seja, observar a natureza social e histrica de nossas relaes como
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
23/169
23
agentes no processo educacional, bem como investigar a relao pensamento e ao.
Somente o envolvimento na educao contnua, ao adotar uma atitude de pesquisa emrelao prpria prtica, pode gerar a reflexo crtica. Essas questes sugerem que o
professor olhe para si mesmo, questione-se, explique-se e, eventualmente, reveja sua
prpria prtica. Esse processo, de acordo com Cavalcanti (1999), visa formao
continuada e a autoformao do professor, sua autonomia crtica.
Na condio de professora, observo que, a despeito de a linguagem e as prticas
comunicativas terem mudado muito com as novas tecnologias uma caracterstica da
sociedade na era da globalizao , a escola2 tende a discriminar e a desqualificar essas
prticas. Na realidade, notrio o fato de a escola, em geral conservadora, discriminar usos
de linguagens no tradicionais e escolares. Para a escola, o ensino de lngua ainda se
restringe s reflexes sobre normas gramaticais, privilegiando a gramtica normativa e
prescritiva. Isso talvez explique por que os gneros digitais, em geral, so excludos da
escola, apesar de os alunos escreverem e lerem cada vez mais no ambiente digital e de
estarem amplamente familiarizados com esses novos gneros que fazem parte de seu
cotidiano comunicativo.
Essa situao agravada pelo fato de que, frente a essa realidade, a escolaimpe ao professor uma matriz curricular que deixa pouco espao para refletir sobre os
usos da linguagem cotidiana, principalmente sobre os gneros digitais. A explorao de tais
gneros ainda mais dificultada, quando o professor, por no domin-los, adota uma
posio preconceituosa, para ele o internets" s acentua ainda mais o problema dos que
no sabem escrever e no lem. Na realidade, trata-se de um perfil de professor tem em
geral pouco interesse nas mudanas lingsticas, j que, na sua viso, a linguagem nos
ambientes digitais considerada fragmentada, no formal, centrada em cones. Talvez essaavaliao preconceituosa do professor se explique por ele estar fora do meio acadmico em
que essas novas linguagens so estudadas e analisadas. No entanto, minha experincia
prtica indica que o aperfeioamento profissional por si s, parece no ser suficiente. H
2 Minhas crticas a respeito da escola, alm do que comumente observo de outros colegas, envolvem tambmminha prtica docente. Mas quanto a prtica de outros professores, so observaes de dirio de bordo dosquais no desenvolvi estudo sobre tais prticas alheias, por isso a reflexo aqui expressa tangencial apenas minha atuao em sala de aula.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
24/169
24
professores engajados em mestrados e doutorados que ainda avaliam o computador como
sendo nocivo ao desenvolvimento intelectual e expressivo dos alunos.Indo contra essa posio, Braga e Ricarte (2005) entendem que a Internet
necessria para a socializao dos alunos no contexto atual. Ao constituir um espao de
sociabilidade, o ciberespao gera formas de relaes sociais com cdigos e estruturas
prprios, no necessariamente inditos, mas que foram adaptados s condies impostas
pelo tempo e espao virtuais. A forma como os usurios percebem o espao, participam da
interao e apropriam-se dos recursos e possibilidades de interao na Internet cria a
cibercultura termo utilizado para definir agenciamentos sociais das comunidades no
espao eletrnico virtual. Entendo que isso no pode ser ignorado na formao do aprendiz.
Minha proposta defender que a escola no pode ignorar a Internet como fonte de pesquisa
e como ambiente que propicia novos modos para a construo de cultura e comunidades.
Em sntese, tendo em vista o nmero crescente de atividades letradas no meio
virtual, incoerente excluir o ambiente digital do ambiente escolar. Entretanto, isso nos
leva a deixar a resistncia de lado e buscar entender as possibilidades positivas dos novos
meios de comunicao e fontes de informao. Um possvel caminho seria entender o
sentido social da tecnologia que Ricarte e Braga (2005:49) defendem:
A Internet oferece atualmente um conjunto enorme de comunidadesvirtuais que agregam pessoas de cidades, regies e mesmo de pasesdiferentes, mas que tm interesses e preocupaes em comum. Nessesentido, saber ou no saber usar o computador e a Internet pode serfundamental para as oportunidades de acesso que so oferecidas aosindivduos na sociedade atual e esse conhecimento deve ser tambmentendido como parte da formao necessria para o exerccio dacidadania.
Ao contrrio das metas escolares, que tendem a ter como parmetros os exames
de processos seletivos, caberia, ento, escola preparar o aluno para a vida moderna, para a
sociedade, para ser cidado crtico, habilitado a ampliar seu domnio nos diferentes
discursos propagados pela sociedade, seja no meio impresso ou digital.
Minha trajetria como professora pesquisadora somada s observaes tcitas
registradas em um dirio de bordo definem minhas experincias no cotidiano escolar e
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
25/169
25
naturalmente me induzem a escolher a pesquisa-ao como metodologia de pesquisa. A
escolha por essa metodologia tambm decorre da minha relao com a situao/problema.Embora reconhea a importncia da tecnologia para a educao, minha inexperincia com a
prtica de ensino mediada por tecnologia no me permite chegar a um denominador comum
sobre como fazer. Mesmo reconhecendo e acreditando que a tecnologia uma fonte que
pode contribuir para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, senti e sinto a
necessidade de explorar e analisar criticamente seu potencial em prticas pedaggicas
concretas.
Desta forma, minha inteno de pesquisa buscar conhecimento sobre como a
incluso digital, por parte de professores, pode otimizar a prtica de ensino. Assim,
proponho desenvolver uma tarefa nas turmas de Ensino Mdio, cuja ferramenta o blog, no
sentido de conhecer e estudar como a tecnologia pode favorecer o ensino e a aprendizagem
enquanto estratgia motivadora para o desenvolvimento de escrita na escola.
Essa inteno de pesquisa surge de uma inquietao profissional especfica. Sou
professora de lngua portuguesa do ensino mdio regular, trabalho com alunos da rede
particular de ensino, em um ambiente escolar que disponibiliza acesso a tecnologia e a
material multimdia como apoio para o processo de ensino e aprendizagem. No entanto,paradoxalmente, essa escola que incorporou a tecnologia computacional todas as salas de
aula so equipadas com computador, data-show, lousa digital, ponto de Internet e tela de
180 polegadas , ainda discrimina os efeitos dessa mediao tecnolgica nos alunos. Ou
seja, essa escola ainda banaliza o fato de os alunos trazerem para a sala de aula a linguagem
que utilizam em outros meios como o virtual, to acessado por eles e disponibilizado pela
prpria escola. Ignora-se o fato que a tecnologia oferece outros caminhos para construo e
expresso de conhecimentos e que tais caminhos podem ser incorporados quelestradicionalmente j explorados pela escola.
Essa inquietao agravada quando constatamos que, ao invs do que dita o
senso comum, a ausncia de recursos no a causa dos problemas dessa instituio, mas
sim o contrrio: o excesso de recursos no tem contribudo tanto para o desenvolvimento
docente e discente, uma vez que os sujeitos envolvidos nesse processo no procuram
adaptar-se s mudanas e no sabem o que fazer com a tecnologia disponvel. Em outras
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
26/169
26
palavras, no que o ensino seja pior com a tecnologia do que com o uso de recursos
tradicionais, mas, na circunstncia aqui descrita, a tecnologia no tem contribudo paraquase nada. Cheguei a essa concluso ao perceber que as aulas se resumem a apresentaes
de textos nopower-pointou disponibilizao de vdeos. Embora no questione a utilizao
de tais recursos, considero pouco produtivo reduzir tecnologia a mera forma de
apresentao de textos lineares e seqenciais. O meio digital mais amplo do que isso,
oferece mais recursos, pode ser explorado de outras formas, disponibiliza diversos gneros
novos e abre tambm a possibilidade de maior participao do aluno atravs de suas
possibilidades de interao e interatividade.
Embora movida pelas inquietaes aqui reveladas, minha proposta no discutir
formao crtica docente, mas sim buscar entender, a partir de um estudo emprico e
anlise de dados, a possibilidade de utilizar o blog como uma estratgia motivadora para o
ensino de escrita na escola.
Em decorrncia das minhas crenas e preocupaes, centrei o presente estudo
em duas questes3 mais amplas, das quais classifico por questo de ordem terica e prtica,
a iniciar pela primeira:
Quais so os critrios de utilizao pedaggica do blog? A fim de poderresponder a esta questo, busquei a partir da compreenso dos conceitos gerais de blogs
utilizados para diversos fins, como empresarial ou jornalstico, caracterizar um perfil de
blog cujo formato fosse adequado para o desenvolvimento da pesquisa escolar. A segunda
questo foca mais no interesse dos alunos:
Como o blog poderia ser uma estratgia motivadora para o ensino de escrita na
escola?Essa questo ser analisada a partir de tarefas escolares elaboradas juntamente com
os alunos, cujo objetivo central investigar como os alunos exploram o blog em atividadesde produo escrita. Escolhi o blog por entender que esse ambiente favorece o uso da
escrita e j explorado por adolescentes que cursam o Ensino Mdio. Pesquisas como as
realizadas por Lingistas e Lingistas aplicados como Braga, Araujo, Marcuschi, Xavier,
Komesu, me levaram a crer que esse um caminho interessante para trabalhar linguagem e
tecnologia no ambiente escolar.
3 Estas perguntas serviram como pano-de-fundo para definio das perguntas da pesquisa.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
27/169
27
Partindo dos conceitos destacados pelos pesquisadores acima, busco entender a
importncia de olhar / investigar o contexto escolar durante o processo de formaoprofissional e durante a atuao profissional, at mesmo porque no sabemos ainda, de fato,
como a tecnologia pode contribuir mais para o ensino, embora o nmero cada vez maior de
discusses focalizam esse assunto.
Assim, o estudo emprico foi construdo para responder as seguintes perguntas
especficas de pesquisa:
1. O uso do blog como tarefa de sala de aula favorece a prtica de produo
textual?
2. Quais so os entraves e as alternativas que o professor de lngua
portuguesa precisa confrontar quando inclui o blog em sala de aula?
Meu interesse, portanto, a partir de uma experincia prtica entender como o
processo de incluso digital, por parte de professores e alunos, pode favorecer a prtica
pedaggica e incentivar e favorecer a aprendizagem da escrita de um modo ainda no
explorado nas prticas escolares tradicionais.
A escolha de blogs como foco de observao foi motivada tambm pelo fato
desse ambiente permitir analisar como os jovens tm buscado outras linguagens emodalidades de escrita que esto fora do ambiente escolar. A anlise de um blog construdo
como parte de uma atividade escrita nas aulas de redao pode oferecer pistas importantes
para a compreenso das diferentes fontes de informaes que o aluno hoje utiliza para a
construo de conhecimento e como so selecionadas tais fontes. possvel atravs dessa
atividade tambm entendermos um pouco mais sobre as formas como o aluno se apropria
de links e de outros recursos digitais e como explora as mudanas lingsticas trazidas por
diferentes modalidades de uso. Na prtica, o blog um ambiente que tem sido exploradocom diferentes finalidades de uso servir de pgina pessoal, forma de demarcao de um
grupo, mostrar uma organizao social especfica ou simplesmente um lbum de famlia. A
vantagem que esse ambiente oferece, em relao a outros disponibilizados na Internet,
que ele permite tambm discusses, interao e exposio de pensamentos. Ento, por que
no utilizar o blog como estratgia de ensino?
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
28/169
28
A aula de redao, em geral, contempla discusses sobre o tema a ser escrito.
No debate em sala de aula, no entanto, o professor pode tomar uma postura autoritria aocentralizar a discusso. Nesse caso, embora os alunos participem do debate, a
argumentao do professor tende a prevalecer. Assim, a construo argumentativa do aluno
fica comprometida, em decorrncia da postura adotada pelo professor em sala de aula.
Talvez o argumento mais favorvel ao uso de blogs nas aulas de redao seja o fato dele
encorajar a participao dos alunos, que podem passar a interagir atravs da escrita com os
colegas, como j fazem nos sites de relacionamento como o Orkut. Explorar blogs com
finalidades educacionais pode favorecer uma ampliao do uso da escrita e tambm
aproximar as prticas de escrita escolares das cotidianas. Esse talvez seja um caminho
possvel para promovermos a incluso digital na escola e tambm ampliarmos a concepo
escolar de letramento que exclui os gneros digitais, cada vez mais presentes no atual
contexto de globalizao do mercado e da cultura.
Da organizao da dissertao
A presente dissertao foi organizada em cinco captulos. O Captulo 1 reflete
de forma mais geral sobre a linguagem no meio digital, enfatizando algumas mudanasmais evidentes geradas pelo uso das novas tecnologias em prticas comunicativas. Esse
captulo discute como mudanas tcnicas influenciariam o surgimento de novos gneros
que exploram novos recursos e novas ferramentas, os quais expandem as possibilidades de
interao distncia e tambm adquam a linguagem ao meio.
O Captulo 2 foca a discusso no ambiente blog, tema central do estudo. A
discusso descreve o ambiente, seu uso inicial dirios virtuais como ele vem sendo
explorado atualmente, como um canal de interao a distncia que promove a divulgaode debates, textos, imagens, o qual muito acessado por jovens brasileiros. O captulo
tambm ressalta as possveis vantagens que esse gnero traz para diferentes usos
comunicativos e como tais vantagens poderiam ser exploradas em tarefas de produo
textual na aula de lngua portuguesa.
O Captulo 3 retoma a questo do ensino e reflete sobre a distncia que hoje
existe entre o que ensinado na escola, que deveria idealmente preparar os alunos para a
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
29/169
29
vida social, e os usos de linguagem que vem ganhando espao, com a popularizao da
Internet, em diferentes contextos da vida moderna. Esse captulo d maior destaque sinquietaes que motivaram a pesquisa: gneros digitais, em geral, e o blog, em particular,
que ainda no so aceitos no ambiente escolar, embora grande parte dos alunos j tenha
incorporado esses gneros em seu cotidiano. Esse captulo busca verificar nas respostas dos
alunos, com base em dados coletados por meio de um questionrio, como eles avaliam as
tarefas de produo em lngua materna na escola.
O Captulo 4 apresenta a metodologia adotada no estudo - pesquisa-ao - e
apresenta em mais detalhes o contexto da pesquisa e seus participantes.
O Captulo 5 destina-se anlise de dados. Essa anlise descreve duas
tentativas de uso de blogs em tarefas de lngua portuguesa, que foram propostas pela
professora pesquisadora, como uma tentativa de incluir o blog na sua prtica de sala de
aula. A anlise do corpus divide-se em 2 partes: o primeiro estudo, que ilustra as
dificuldades que essa iniciativa pode trazer e possveis explicaes para o insucesso da
experincia inicial. Essa discusso resgata a avaliao feita pelos alunos. O segundo estudo
uma nova tentativa de aplicao dos blogs em aulas de lngua materna, que busca
contornar os problemas enfrentados no primeiro estudo. Nessa nova tentativa foi delegadoaos alunos maior controle sobre a produo de blog, ou seja, ela foi realizada sem um
modelo pr-determinado pela professora.
O ltimo captulo apresenta de forma sinttica os resultados obtidos nos dois
estudos empricos e sugere algumas direes e vantagens do uso de blogs no contexto
escolar.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
30/169
30
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
31/169
31
CAPTULO 1 Consideraes gerais sobre linguagem no meio digital
A sociedade muda e as mudanas lingsticas esto ligadas a essas
transformaes. Essa dinmica de modificaes foi e constantemente contaminada por
mudanas e recursos que interferem em sua constituio bem como na sua construo, e as
mudanas tcnicas influenciariam tambm o surgimento de novos gneros, cujos recursos
se adaptam s diversas formas de interagir com o texto. Se antes o leitor se apropriava do
rolo de papiro, do cdex e, posteriormente, das pginas impressas, hoje se apropria da tela
virtual. Porm, se por um lado, a inteno da leitura e acesso informao continua a de
sempre - formar, informar, tornar pblico por outro lado os recursos utilizados para o
acesso leitura sofrem constante evoluo. Se anteriormente tnhamos o texto preso duas
barras de madeira para rolamento, temos hoje duas setas virtuais que fazem o mesmo
trabalho. Se antes tnhamos disposio vrios livros que deveramos folhear
exaustivamente para encontrar e definir informaes especficas, hoje temos o hipertexto,
que oferece links, acessos, pontes e ns, que fazem o mesmo trabalho. O que gera tal
diferena? A inteligncia em criar, desenvolver e aprimorar a linguagem e recursos
comunicativos do homem, a busca por meios mais eficientes promove essas constantesmudanas.
A tecnologia afeta a linguagem. Se analisarmos, por exemplo, a linguagem
jornalstica, veremos que, em dcadas recentes, ela se diversificou medida que foi se
apropriando de novos recursos oferecidos pelos meios tcnicos. O estilo jornalstico tendeu
a adotar uma linguagem mais informal, passvel de ser entendida por parcela maior da
sociedade, e na busca de alcanar novos leitores houve mudanas na linguagem que passou
a explorar cada vez mais aspectos visuais (Kress, 1999).Essas mudanas no ocorreram de forma isolada. Na busca de suprir as
necessidades comunicativas da sociedade moderna, o desenvolvimento tecnolgico
propiciou o aparecimento de novos recursos e modalidades de leitura e escrita as quais
sofreram adaptaes de acordo com a necessidade e a intencionalidade de diferentes
atuaes de comunicao. O resultado so, entre outros, o aparecimento dos novos gneros
textuais que exploram as propriedades do mundo digital, como os chats, blogs, msn, e-
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
32/169
32
mails. Tais gneros, que ainda carecem de muitas pesquisas, ilustram a existncia de novas
prticas de linguagem que demandam novos letramentos.A Internet, sobretudo, teve um impacto grande no processo de mudana da
linguagem, bem como influncias e interferncias na forma de comunicao da sociedade
moderna. Ao falar de letramento hoje, torna-se se quase impossvel no citar o computador,
j que este influenciou nossa maneira de ler, expressar, interagir e buscar informaes.
Essas questes tem sido debatidas na academia e a mdia, em geral, basta levarmos em
consideraes as publicaes recentes que envolvem o tema incluso digital.
Em tese, aInternetampliou as formas de comunicao de duas maneiras: abriu
canais de interao distncia sncrona, como chats e msn; e assncrona, como os blogs e o
orkut, e tambm permitiu a publicao de uma vasta gama de novos gneros textuais
muitos dos quais integram modalidades lingsticas na construo de textos (escrita
tradicional, textos orais, recursos sonoros, imagens estticas e em movimento). Esses textos
podem ser veiculados de forma impressa e a grande maioria, recursos comunicativos do
meio, adequando o texto nova modalidade, precisa ser lido na tela.
Isso nos leva a rever as conseqncias que as novidades tecnolgicas trazem
para os estudos de texto, ou seja, quais as relaes entre informtica, educao, linguagem ecognio, pois, como observa Marcuschi (2000: 87), o computador mudou nossa maneira
de ler, construir e interpretar textos e mostrou que no h formas naturais de produo
textual e leitura. Trata-se de um caso importante para analisar: como tecnologia e cultura
interagem de forma sistemtica e significativa interferindo nas prticas da leitura e escrita.
Esse impacto reflete-se tambm no mbito escolar. No h dvidas de que a
mediao da tecnologia afeta o modo como construmos e lemos textos, e isso tem
interferido na escrita de nossos alunos que constroem periodicamente blogs, participam doorkut, conversam utilizando mensagens eletrnicas. O computador, nesse sentido, passa a
ser mais um meio que oferece acesso diversos tipos de letramento, que adquam a escrita
aos novos recursos disponibilizados pela tecnologia. Dessa forma, com o objetivo de
compreender a natureza da linguagem, faremos uma breve discusso sobre gneros digitais
e sobre as caractersticas centrais que tipificam o hipertexto e afetam a leitura em ambiente
hipermdia: no-linearidade e multimodalidade. Essa breve reviso de conceitos
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
33/169
33
necessria para entendermos o potencial educacional de blogs, j que essa ferramenta
permite que o produtor explore diferentes gneros digitais e tambm recursos de hipermdiaao construir seus textos e colocar suas posies online.
1.1Letramento digital e prticas letradas cotidianas
O uso da tecnologia digital em prticas cotidianas ocupa, cada vez mais, maior
espao. Essa expanso de uso tal que a falta do domnio da leitura e produo de textos
nesse meio implica novas formas de excluso social. Essa questo tem sido salientada por
autores como Coscarelli (2002). Segundo a autora
No h dvidas de que a informtica e, sobretudo, a Internet tmprovocado inmeras mudanas em nossa sociedade. J no precisamosmais esperar tempos para uma carta chegar ao destinatrio, sair de casapara ir ao banco, ler enciclopdias na estante, fazer supermercado, ir escola. Podemos conversar com desconhecidos sem que eles nos vejam esem que saibamos quem so; programar as msicas que a rdio vai tocar;enviar para o destinatrio cartes que cantam e danam; criar histriasanimadas sem saber desenhar; entre outras coisas que soariam estranhash pouco tempo. (Coscarelli, 2002:65)
Ou seja, so notrias as mudanas ocasionadas em nossa forma de ler, produzirtextos, ver o mundo com o advento da tecnologia. Isso reflete diretamente na natureza dos
textos veiculados no meio digital. Entre as transformaes, surge
o aparecimento de outros tipos e gneros textuais, alm dos textos emcirculao em nossa sociedade letrada, outros aparecem e merecem serpesquisados com profundidade. Entre eles, poderamos citar o Chat, ohipertexto, a multimdia, a hipermdia, os banners publicitrios, aliteratura digital em toda a sua diversidade, e, provavelmente, algunsoutros que ainda no somos capazes de mencionar. (Coscarelli, (2002: 65)
A autora ressalta ainda que a escolha de programas nesse meio favorece certos
modelos de letramento e a excluso de outros. Isso indica a importncia da incluso do uso
da Internet no contexto escolar de modo a promover a interao do aluno com o mundo e
tambm como uma forma de fazer com ele acompanhe as novas mudanas.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
34/169
34
De fato, poderamos dizer que se tornou uma necessidade cotidiana de toda a
atual gerao. Como opontou Coscarelli, a tecnologia promove hoje novas relaes detroca, mobilidade, interao, dilogo e escrita. O ciberespao configura nova era, a da
informao ilimitada, do acesso a infinidades de janelas, a hipertextualidade do meio
digital, o que promove tambm uma nova sociabilidade, a interatividade via tela,
permitindo novas relaes sociais por indivduos interligados a tecnologia.
O computador hoje um aparelho to essencial na vida das pessoas quanto
eletrodomsticos j pertencentes ao cotidiano de alguns. No entanto, vale lembrar que ainda
uma parcela muito pequena da sociedade convive com o uso domstico do computador,
embora em estabelecimentos como bancos, atendimentos, supermercados, o acesso a
tecnologia o que oferece conforto ao consumidor j esteja bem consolidado. A Internet
defendida por muitos pesquisadores hoje como um genuno espao humano de prticas
sociais, conforme destaca Arajo (2007) no captulo introdutrio de Internet e Ensino
novos gneros, outros desafios, no qual rene uma srie de autores que discutem a
utilizao da linguagem na rede mundial de computadores pelos estudantes, e o que as
instituies de ensino e aprendizagem devem fazer.
Mesmo aqueles que no tm acesso em casa, Marcuschi afirma que a presenado computador na escola j uma realidade, mas o problema a ausncia de polticas
reflexivas que faam desse instrumento um aparato para os alunos, de forma a diferenciar a
aprendizagem e a estabelecer a conexo com outras leituras. Para o autor, a maior
preocupao no o modo de aplicar essa nova tecnologia em escolas, mas diz respeito
aos processos de produo e compreenso e sua relao com as questes cognitivas
ainda mal conhecidas (Marcuschi, 2000:88). As pesquisas que envolvem tecnologia e
linguagem, embora tenham avanado em seus estudos, ainda no deixam claros muitosconceitos, e apontam que ainda h muito por analisar sobre o tema. Entretanto, sabemos
que no basta informatizar a escola oferecendo laboratrio e recursos hipermdia.
necessrio que atualizemos as prticas de ensino, explorando o computador como uma
ferramenta pedaggica.
A escola, por ter sua prtica de sala de aula centrado no professor, ainda tem
dificuldade de perceber como as possibilidades de interao entre alunos, mediadas pela
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
35/169
35
lngua escrita, pode favorecer novas formas de aprendizagem colaborativa e tambm o
domnio da prpria lngua escrita. A possibilidade de interao e publicao na Internet,propiciada por diferentes ambientes chats, blogs, pginas pessoais, e-mail, Orkut, entre
outros pode levar o aluno a engajar-se de forma mais afetiva com as atividades escolares,
que deixam de ser um mero pretexto para a avaliao do professor.
O trabalho com esses novos gneros tambm deixa evidente a necessidade de
entendermos melhor a natureza da construo de sentidos em textos que exploram os
recursos do hipertexto e da hipermdia, j que tais gneros vem progressivamente
incorporando links e integrando diferentes tipos de linguagens, como fotos, imagens,
vdeos.
1.2As vantagens do uso do hipertexto na escola
Alguns autores como Marcushi (2000) tm se preocupado em melhor definir o
potencial pedaggico do texto digital, como uma forma, talvez, de minimizar as barreiras e
a resistncias que ainda so colocadas. Para o pesquisador, o hipertexto no domnio das
atividades escolares, particularmente no que se refere prtica da escrita, contribui no
sentido de tornar o aluno apto a compreender as rpidas mudanas do mundo atual, comoalgum que faz parte ativa dele, questionando-o sempre para encontrar as respostas mais
adequadas. O hipertexto uma organizao textual que explora recursos, como os links,
que permitem o acesso a outros tipos de textos, imagens e informaes; assim, ao
compararmos uma leitura linear como os textos tradicionais a uma leitura hipertextual,
podemos ver que a segunda oferece maior disponibilidade em intertextualidade, abrindo
caminhos para outras leituras, outros pontos de vista. Marcuschi (2000: 93) defende essa
multiplicidade de ramificaes do hipertexto por permitir a possibilidade de mltiplosgraus de profundidade simultaneamente, j que no tem seqncia nem tipicidade definida,
mas liga textos no necessariamente correlacionados.
Dessa forma, por exigir um grau de conhecimentos prvios e maior conscincia
quanto compreenso da leitura, o hipertexto um convite a outras leituras; no mbito
escolar um instrumento que pode exigir do aluno muito mais do que o livro didtico.
Concordando com Marcuschi (2000: 96), entendemos que precisamos buscar respostas para
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
36/169
36
muitas perguntas sobre os mecanismos mentais e estratgias cognitivas que os sujeitos
usam na compreenso e produo dos hipertextos. Precisamos, tambm, avanar nossoconhecimento terico sobre a natureza desses novos modos de organizao da linguagem.
A multiplicidade de sugestes de caminhos indica a complexidade do objeto a
ser analisado. Alguns autores como Marcuschi (2000) sugerem pesquisas que estudem e
descrevam novas formas de leituras e estratgias de lidar com o texto; Koch (2002),
acredita que a Lingstica Textual possa auxiliar eficazmente na compreenso do
funcionamento do hipertexto; Halliday (1996) entende que o hipertexto apresenta-se como
um bom momento para se refletir de maneira mais sistemtica sobre o contnuo dasrelaes entre oralidade e escrita e o surgimento de uma srie de novos gneros textuais
no contexto da tecnologia eletrnica; Braga (2003), aponta para a necessidade de uma
reviso dos conceitos tradicionais de texto e autoria, e sugere a necessidade de novas
formas de leitura, potencialmente mais livres.
H tambm outras diferenas a serem consideradas. Os autores enfatizam a
liberdade do leitor como Lvy (1999) e Xavier (2002), outros como Braga & Ricarte (2005)
e Braga (2004) preocupam-se com o direcionamento persuasivo dos links digitais.
De modo geral, parece ser consensual entre os autores a noo de que o
hipertexto um texto que traz conexes, links com outros textos que, por sua vez,
conectam-se a outros, e assim por diante, formando uma grande rede de textos. Alm disso,
apresenta em seu formato recursos no-verbais como imagens, cones, animaes e outras
marcas que orientam os caminhos de navegao como, por exemplo, as diferentes formas
de mostrar que um boto est ou no ativado.
Koch (2002) nos oferece uma definio geral interessante. Para a autora,
O hipertexto constitui um suporte lingstico-semitico hoje intensamenteutilizado para estabelecer interaes virtuais desterritorializadas. Segundoa maioria dos autores, o termo designa uma escritura no-seqencial eno-linear, que se ramifica e permite ao leitor virtual o acessamentopraticamente ilimitado de outros textos, a partir de escolhas locais esucessivas em tempo real. Koch (2002:63)
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
37/169
37
Essa nova forma de organizao textual requer novos modos de leitura.
Machado, ao discorrer sobre leitura hipertextual, classifica a interao com hipertexto comosendo um processo de leitura multilinear, multissequencial e indeterminado.
No se trata mais de um texto, mas de uma imensa superposio de textosque se pode ler na direo do paradigma, como alternativas virtuais damesma escritura, ou na direo do sintagma, como textos que corremparalelamente ou que tangenciam em determinados pontos, permitindooptar entre prosseguir na mesma linha ou enredar por um caminho novo.Machado (1996:64)
Esse conjunto de caractersticas fazem do hipertexto um texto interativo, deacordo com Bolter
o hipertexto procede pela interconeo entre leitor e autor, propiciada pelamultissemiose e pela acessibilidade ilimitada e, por outro lado, pelacontnua relao de um leitor-navegador com mltiplos autores em quasesobre posio em tempo real, chegando a simular uma interao verbal facea face. (Bolter, 1991:27 apud Marcuschi, 2000:96)
Essa breve retrospectiva terica indica uma realidade lingstica que no s
atual, como tambm abre caminhos muito promissores para as tarefas que visam
desenvolver as habilidades de produo textual. Todas essas razes justificam as iniciativas
de explorao da linguagem digital nas prticas de ensino das aulas de lngua portuguesa.
No presente estudo, dentre as diferentes materializaes textuais possveis,
optei por analisar o uso de blogs em tarefas escolares. Essa escolha foi motivada pelo fato
do blog ser um gnero hibrido. Ele ao mesmo tempo individual (controlado pelo produtor
do blog), como tambm aberto (j que abre espao para colaboraes coletivas). Outra
vantagem de focar em blogs como objeto de estudo que eles tambm tendem a explorarrecursos expressivos dos hipertextos e textos hipermdia: links, integrao de linguagens.
___________________________________________
O captulo que segue, discutir de forma mais aprofundada
sobre as caractersticas dos blogs em geral.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
38/169
38
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
39/169
39
CAPTULO 2 Blog: um ambiente dinmico para interao distncia
2.1Blog: origem, caractersticas, conceito e funcionalidade
Como j discutimos no captulo anterior, nos ltimos anos, em decorrncia do
advento da Internet, houve o aparecimento de muitos gneros novos. Atualmente j se
consolida uma literatura que defende a emergncia desses gneros, conforme pesquisas de
Biasi-Rodrigues (1998), Komesu (2004/2007), Arajo (2002/2005/2006), Coscarelli
(2002/2005) Marcuschi (2004/2000) Braga (2004/2007), Collins & Ferreira (2004), Koch
(2002), Ribeiro (2007), Sousa (2007). Em tese, todos concordam que a escrita digital mais
uma entre as diversas maneiras de usar a lngua e que as normas que regem a construo de
textos vai depender da situao de uso. O blog representa um desses usos. Como j
mencionamos, trata-se de um gnero muito interessante, porque hbrido, podendo ser
fechado (de controle individual) ou aberto (para produes coletivas), alm de apropriar-se
dos recursos expressivos das novas modalidades: links, imagens, hipertexto. Para orientar
melhor uma proposta de uso de blogs em tarefas escolares, apresento a seguir um estudo
mais detalhado sobre o gnero.
2.1.1 O surgimento, a expanso
O site wikipdia4 relata que Jorn Barger, autor de um dos primeiros FAQ
(Frequently Asked Questions), foi o editor do blog originalRobotwisdom, que concebeu o
termo - "weblog" - em 1997. Barger conceituou-o como uma pgina da Web em que um
internauta define algumas pginas interessantes que encontra. De acordo com o mesmo site,
o termo weblog foi alterado por Peter Merholz, que pronunciava wee-blog, tornando
vivel mais tarde a reduo a blog. Rebecca Blood, uma das primeiras atuantes na criaode blogs, no ano de 1999, afirma que os blogs so distintos em formas e contedos, sendo
rudimentares em design e contedo das publicaes. Apesar disso, a autora acreditava que
o nmero de adeptos ao gnero cresceria.
Algum tempo depois de sua criao, esse sistema foi descoberto por reprteres
e editores de vrios pases, passando a servir de ferramentas para um novo gnero de
4 http://pt.wikipedia.org
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
40/169
40
jornalismo, uma tribuna para a exposio das opinies que normalmente so deixadas de
lado na cobertura noticiosa, ao mesmo tempo em que pem em contato direto leitores ejornalistas. O BliG do US5 foi o primeiro weblog de jornalismo entre os portais daInternet
brasileira. O ltimo Segundo6, outro blog jornalstico, passa tambm a abrir esse canal aos
seus leitores, e d o primeiro passo oferecendo seu contedo, acrescentando as impresses
pessoais daqueles que produziram o material para ser debatido, enquanto os leitores
propem as discusses, enviando os temas que consideram importantes. Os comentrios
no se restringem s notcias publicadas na pgina, uma vez que o leitor pode enviar links
de notcias publicadas em outros veculos, at mesmo em outros pases, para ampliar os
horizontes do debate. A interao leitor/autor apresenta-se como caracterstica visvel e
essencial.
Hoje esses dirios virtuais so um fenmeno em expanso na Internet. Em
maro de 2002 os nmeros da pesquisa do Ibope mostravam O Blogger Brasil7, entre os
servios de dirios virtuais, em 14 lugar com 73 mil visitantes. Um ano depois o provedor
j era o terceiro mais visitado da lista com 487 mil visitantes8. Em 2008 a Technorati
registrava cerca de 3 milhes de blogs brasileiros9.
No site MundoTecno10 pgina que rene todo contedo que englobatecnologia, internet e diverso divulga pesquisa que apresenta dados que colocam o Brasil
em 5 lugar entre as naes com maior nmero de leitores de blogs e 3 entre as que tm
mais blogueiros11. Considerando que dos 170 milhes de blogueiros do mundo, 5,9 milhes
5http://bligus.blig.ig.com.br/6 http://ultimosegundo.com.br7 O Blogger Brasil um provedor que oferece dirios virtuais gratuitos. Existem vrios servios gratuitos quepermitem criar dirios virtuais, no entanto, o mais atraente hoje o Blogger Brasil (blogger.com.br): alm deapresentar uma interface abrangente e bem organizada, oferece uma tima coleo de modelos visuais(templates) e insere um quadro publicitrio (banner) bastante discreto nos dirios virtuais.8 Dados divulgados no jornal Folha de So Paulo em 26/02/03.9http://www.cultura.gov.br/foruns_de_cultura/cultura_digital/na_midia/index.php?p=20645&more=1&c=1&pb=110 http://mundotecno.inf11 Esses dados foram publicados em 10/08/2007 (www.mundotecno.info/noticias/brasil), estima-se que hoje jtenhamos superados esses nmeros. O site Idgnow (www.idgnow.uol.com.br) complementa a informaorevelando que somos o 3lugar em nmero de internautas, 4 em envio de fotos, 3 que mais assiste a vdeos,3 que mais escutapodcosts e o 2que mais fala em messengers.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
41/169
41
so brasileiros12. Alm disso, os dados indicam o blog como uma das principais formas de
expresso atualmente.
2.1.2 Definies
Encontrei dificuldades em conceituar o termo blog, tendo em vista que no h
muitas pesquisas sobre o assunto e de esse conceito ter se expandido e variado nos ltimos
anos, em decorrncia de sua definio cada vez menos consensual, dada a diversidade de
formas, objetivos e contextos de criao, bem como a diversidade e distinta natureza de
seus criadores.
No entanto, encontramos na Internet definies mais comuns de blog como
uma pgina da web cujas atualizaes so organizadas cronologicamente de forma
inversa13. No glossrio tecnolgico do portal Digitro, o blog apresentado como um
servio dirio oferecido pela Internet para o pblico em geral14. Em outro momento, em
consulta a um dicionrio bsico para a Internet15 encontramos uma definio mais
detalhada de blog: um dirio pessoal e pblico publicado na internet - um tipo de pgina
pessoal no qual o dono desenvolve alguma conversa sobre um ou vrios assuntos
interessantes e deixa aberto um mural com a opinio dos visitantes. Em sntese, a anlisedas definies encontradas na rede leva-nos a entender que blogs so pginas pessoais que
tm mecanismos de interao e permitem manter conversas entre grupos.
No meio acadmico, tambm no encontramos, nas referncias bibliogrficas,
definies precisas do termo. A literatura discute gneros digitais de forma mais ampla ou
foca em outros gneros especficos. A ttulo de ilustrao, Crystal (2001) e Arajo (2006)
estudam os e-mails e chats; Correia (2003), Pereira (2004) e Sanches (2005) estudam os
fruns de discusso; Arruda (2005), as aulas virtuais; Komesu (2004) e Caiado (2007), osblogs.
12 Estatstica encomendada pela Intel agncia McCann, dados que compem a pesquisa Social Media.Realizada em 21 pases entre o final de 2006 e incio de 2007 com 10 mil pessoas, a pesquisa mostra que aEuropa possui o dobro de internautas em relao ao Brasil e ao Mxico. Juntos, os dois pases somam quase40 milhes de usurios com acesso web.13 pt.wikipedia.org/wiki/Blog.14 www.portaldigitro.com.br/pt/tecnologia_glossario-tecnologico.php15www.paraibaonline.com.br
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
42/169
42
Ao iniciar seus estudos sobre blog, Komesu (2005) tinha como recorte o
pblico e o privado do gnero, e j havia percebido a dificuldade em definir o termo. Naverdade, ainda h poucos trabalhos que abordam essa temtica na rea dos estudos da
linguagem, a discusso mais difundida na rea da Comunicao, na qual encontramos
Oliveira (2002, 2007), Primo (2006) e Schittine (2004).
Entre as definies encontradas na Lingstica destacamos a de Marcuschi
(2005:29), acreditando que seja a mais pontual. Para o autor, blogs so como dirios
pessoais na rede; uma escrita autobiogrfica com observaes dirias ou no, agendas,
anotaes, em geral muito praticados pelos adolescentes na forma de dirios
participativos. O pesquisador neste texto considera que no blog h uma escrita menos
monitorada do que a dos e-mails e mais livre nos aspectos morfolgicos e lexicais.
Tambm trazemos Primo (2006)16, pesquisador da rea da Comunicao, que
apresenta em seus estudos uma definio talvez mais clara para o gnero:
O termo blog designa no apenas um texto, mas tambm um programae um espao. Primeiramente, blog indica um espao onde blogueiros eleitores/comentaristas se encontram. Para se ter um blog, enquanto texto e
espao, utiliza-se normalmente um programa de blog[1]. De qualquerforma, o blog/programa no condio necessria, pois o blog/espao[2]e blog/texto[3] podem ser construdos atravs de recursos convencionaispara a publicao de sites (HTML, PHP, MySQL, FTP, etc.). (destaquesnossos)
Quando o autor se refere ao programa de blog [1], fala de um software que
facilita a escrita e publicao na Web em formato de inseres textuais (posts) dispostos na
ordem cronolgica inversa, e oferece tambm outros recursos como arquivamento e
recuperao de textos anteriores, comentrios, indicaes, etc. O blog /espao [2] e o
blog /texto [3] no necessitam do programa, e alguns sites como o Blogger oferecem ao
internauta o servio gratuito com mecanismo simplificado de publicao e hospedagem. O
blog/texto possui fotos, ilustraes, vdeos, msica. Umfotolog, por exemplo, d destaque
fotografia, mas no deixa de ser um blog por isso. O autor ainda cita alguns exemplos que
descrevem as trs acepes do termo: a) como programa: Parei de usar o Blogger. Instalei
16 Acesso em 20/01/2008, disponvel em http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/insanus.pdf
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
43/169
43
o Movable Type; b) como espao: No encontrei teu blog no Google. Qual o endereo
dele?; c) como texto: Li ontem teu blog.Considerei neste estudo que o blog no se reduz apenas ao conceito apresentado
por Primo e Marcuschi, embora sejam definies pertinentes para sua caracterizao.
Conforme dito anteriormente, a diversidade de formas, o contexto de criao, os estilos e
formatos do gnero tm se expandido e variado constantemente. Isso talvez tenha
contribudo para a dificuldade em encontrar uma definio. Tendo em vista isto, optei por
verificar quais as caractersticas do gnero, bem como formato e uso para entender melhor
o que um blog, do que reduzir a apenas a conceituao.
2.1.3 Caractersticas principais
De modo geral, o blog ou blogue (em uma verso mais prxima grafia
portuguesa), uma pgina comparada a um dirio virtual, uma vez que apresenta registros
freqentes de informaes, atualizados por meio de insero de mensagens, mais
conhecidas como posts, e cuja apresentao obedece ordem cronolgica ascendente
(inicia-se a pgina pelo post mais atual). Os posts podem pertencer ou no ao mesmo
gnero de escrita, fazer referncia ao mesmo assunto ou ter sido escrito pela mesma pessoaou por pessoas diferentes, isso vai depender de divulgao, interesse e aceitao do usurio
proprietrio do blog para publicao do comentrio. O blog caracterizado pelo tom
informal e pela diversidade de temas que pode abordar. Como pode ser escrito por uma ou
mais pessoas, costuma expressar uma gama ampla de idias e opinies.
As informaes tcnicas a respeito do autor ou do estilo do blog podem ser
classificadas como: perfil, imagens, enquetes, textos, e tambm sites relacionados ao tema
do blog e/ou ao interesse de quem o cria. As ferramentas, disponibilizadas na Internet porservidores e/ou usurios comuns, abrangem: registro de informaes relativas a um site ou
domnio da Internet quanto ao nmero de acessos, pginas visitadas, tempo gasto, origem e
destino do visitante (site ou pgina de onde veio e para onde vai), e uma srie de outras
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
44/169
44
informaes. Da mesma forma, os sistemas de criao e edio de blogs so muito atrativos
pelas facilidades que oferecem, pois dispensam o conhecimento de html17
.Com muita freqncia, o blog utiliza links para a conexo com outros textos,
abrir outras janelas, ou at mesmo organizar a pgina em tpicos de acesso. Os textos
publicados so normalmente de pequenas dimenses e permitem aos leitores inserir
comentrios sobre o que foi publicado. Nesse caso, quando o blog recebe algum
comentrio, o autor da pgina notificado pelo gerador do blog, que envia uma mensagem
para a caixa postal do autor.
O blog estruturado a partir de um ttulo no alto da pgina e, quase sempre,
tambm um texto ao lado esquerdo, com a finalidade prtica de identificar o tema e o
objetivo do blog ou de trazer informaes sobre o autor em geral, um breve currculo, que
varia em formato e linguagem, como apresentado no blog18 a seguir:
Figura 1 Pgina Inicial do site Dois Neurnios primeira tela http://emdoisneuronios.blogspot.com
17 Html (Hyper Text Markup Language - Linguagem de Marcao de Hipertextohyper) uma linguagem paraa produo de pginas na Web.18 http://emdoisneuronios.blogspot.com/ Acesso em 20/02/2008.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
45/169
45
Ainda quanto ao aspecto grfico, a pgina apresenta uma coluna geralmente
disposta direita da tela, abaixo da descrio19
que contm links para rdios (que pode serconsiderada uma ferramenta para o blogueiro); sites de jornais20; indicaes de outros blogs
que pertencem ao domnio da blogosfera; propagandas21. A estrutura de um blog
hipertextual, e permitido acesso pblico e gratuito ao contedo da pgina ao usurio on-
line. Entretanto, o blogueiro livre para formatar o linkque desejar, desde o seu formato
um cone, uma animao, uma palavra ou frase at o seu contedo. Portanto, o link uma
ferramenta indispensvel, uma vez que os blogs apresentam arquivos de textos e
comentrios antigos em formato hipertextual, conforme recorte abaixo do blog O Biscoito
Fino e a Massa22, respeitado pela blogosfera intelectual que aborda temas de poltica,
literatura, msica e futebol:
19 Este formato pode variar de acordo com o template (modelo de documento com apresentao visual e einstrues para inserir contedos) escolhido pelo usurio.20 Isso possvel quando o gerador do blog oferece a opo de inserir links para os principais jornais do pas.O blogueiro informa uma palavra-chave e tudo a respeito daquele tema linkado na pgina e atualizado acada nova entrada.21 Muitos blogueiros vivem do blog (ganham dinheiro com ele). Isso ocorre quando o blog bastanteacessado/visitado. Um grande nmero de visitas dirias permite ao blogueiro usar programas de afiliadoscomo o Google Adsense, Buscap e MercadoLivre para publicar anncios.22 http://idelberavelar.com Acesso em 15/03/2007.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
46/169
46
Figura 2 Pgina Inicial do site O Biscoito Fino e a Massa primeira tela http:/www.idelberavelar.com
Uma vez que se caracterizam como relatos pessoais que partem de pontos de
vista pessoais, os blogs geralmente so publicados por uma nica pessoa e so compostosde textos curtos, inseridos na pgina em ordem cronolgica inversa. Percebe-se que cada
texto possui um linkque oferece ao leitor a oportunidade de publicar seu comentrio, o que
favorece a interatividade e a discusso de temas.
Para gerar um blog, o blogueiro pode dispor tambm de vrias interfaces. So
templates que variam em caractersticas, formatos, cores e simbolizam estilos como:
esportivo, estudantil, clssico, roqueiro, etc. No entanto, no satisfeito, o blogueiro pode
criar seu prprio template (geralmente, os sistemas gratuitos oferecem opes para edit-
lo). Conhecendo um pouco de html j possvel customizar bastante. Se o blogueiro utiliza
wordpress ou b2evolution sistema de publicao de blogs -, um conhecimento de php23
tambm pode ajudar. Mas, no conhecendo sobre programao, o blogueiro pode baixar
alguns modelos prontos na Internet, alm dos disponveis no seu sistema de blog. Alguns
servios permitem inserir um chat no blog, o bravenet (http://www.bravenet.com), por
23 O php uma linguagem de programao.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
47/169
47
exemplo, possui um cdigo que o usurio pode inserir no seu site para gerar um chat. Essas
caractersticas citadas so de blogs gratuitos em que o blogueiro vai construindo de acordocom as opes que o gerador oferece e de acordo com seu maior interesse.
Na web tambm possvel encontrar sites que oferecem servios gratuitos para
customizar o blog. So ferramentas no disponibilizadas pelos geradores como:
calendrios, animaes, contadores de nmero de visitantes, recursos para aumentar o
espao para imagens, etc. No entanto, para inserir fotos pessoais no blog, necessrios
hospedar as fotos na Web24 e, a partir da, inserir as imagens no blog usando o comando
img.
Em sntese, blog uma ferramenta de gerenciamento simples e fcil, que
permite a qualquer pessoa publicar contedo na Internet, desde um blog pessoal at um
corporativo. Alm disso, ele marcado pelo tom informal das publicaes, o que facilita a
aproximao entre os autores e o pblico. Para o mercado corporativo, uma tima
ferramenta de relacionamento, e a tendncia que seja cada vez mais utilizada. Para uso
pessoal, o blog a oportunidade de se expressar, divulgar projetos, manter contato com
amigos e famlia, etc.
A partir do que foi apresentado como caractersticas principais, procurarei, noprximo subcaptulo, distinguir quais so as vantagens do uso do blog em diferentes
intenes de uso e funes.
2.1.4 Como usado e quais so as vantagens do uso doblog para as diferentes funes
Os blogs tornaram-se pginas muito populares entre jovens que transformaram
o ciberespao em seus dirios pessoais. Atualmente, existem mais de 75 milhes de blogs
do mundo todo, segundo dados da Technorati
25
, e outros 175 mil so criados a cada dia. Acada 24 horas so publicados 1,6 milho de posts, o equivalente a 18 por segundo. A
maioria das pessoas tem utilizado os blogs como dirios pessoais, mas como j dito, essas
pginas podem abrigar qualquer tipo de contedo e ser utilizadas para diversos fins.
24 O site mais conhecido hoje o flickr.com, imageshack.us ou photobucket.com25 Technorat um motor de busca de Internet especializado na busca por blogs; e faz concorrncia sferramentas de busca de blogs do Google e do Yahoo.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
48/169
48
A acessibilidade ao blog ser determinada pelo seu autor, que define o blog
como pblico ou no, bem como discrimina quem tem permisso para ler o contedo,postar comentrios ou fazer os dois ao mesmo tempo. Alm das configuraes
disponibilizadas pelos geradores, o blogueiro tem acessos a sites, como o
http://maisblog.com, que oferecem recursos para otimizao de blogs como cursores,
relgios, calendrios, imagens, Media Player, mural de recados, caixinha de recados, barra
de rolagem, status, geradores on-line, decoradores, downloads, fontes, etc.
Entre as vantagens de uso do blog levamos em conta tambm a sua praticidade
de construo, bem como a simplicidade da manuteno. O internauta no precisa ter
conhecimentos de programao, uma vez que o prprio sistema organiza automaticamente
as mensagens do usurio, notifica-o em sua caixa postal sobre as ltimas atualizaes e
mais fcil acrescentar textos em um blog do que um site.
Considerando que o controle da publicao dos posts do autor da pgina,
dele a deciso quanto publicao ou no de um comentrio, o que permite conjeturar que,
embora permita a interatividade e a participao de outros usurios, o blog manipulado
conforme interesse de divulgao de idias e contedos do autor da pgina.
A construo do formato de um blog um processo que aos poucos define operfil do proprietrio. As cores, tipos de letras, diagramao, oferta de fontes, imagens, bem
como os tipos de gneros discursivos e contedos so definidos a partir de caractersticas
personalizadas o que se pode julgar como uma mscara que o autor do blog usa para
apresentar-se sociedade.
Os blogs podem ser considerados um espao virtual em que as pessoas podem
se expressar e ser compreendidas por inmeras outras, alm de uma excelente forma de
comunicao entre membros de uma famlia, amigos, grupo de trabalho ou at mesmo entreempresas. Eles permitem a comunicao entre grupos de forma mais simples e organizada
do que atravs do e-mail ou grupos de discusso, por exemplo. Nesse sentido, existe
tambm a vantagens de divulgar com grande facilidade opinies sobre quase tudo o que nos
rodeia e segundo o prprio ecletismo dos blogs (pessoal, poltica, esporte, lazer, escola,
jornalismo, msica, entre os mais diversos estilos).
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
49/169
49
O fator facilitador para a criao de um blog sua gratuidade. Muitos sites
disponibilizam sistemas de criao, gesto e alojamento grtis de weblogs. O fato deoferecer ao internauta a insero de imagens fez com que o gnero se multiplicasse em
outra verso: o Fotolog26. H sites especializados que disponibilizam o recurso de Upload
de imagens, que devem ser hospedadas em algum lugar, porque o autor no pode exibir
imagens gravadas no computador; elas at aparecem para o usurio, mas outras pessoas no
as vero, a no ser que tenham a mesma imagem no computador gravada em um diretrio
de mesmo nome. Em decorrncia disso, a maioria opta por inserir o blog em um servidor
gratuito que oferece maior comodidade e praticidade. Entre alguns temos:
- CriandoSite (espao ilimitado, sem banner, sempop-up, servidores lentos)
- HPG (espao ilimitado, banneroupop-up, controle de contedo rigoroso).
- StarMedia (25MB,pop-up).
- Planeta Terra (5MB no assinante, 50MB assinante, sem propaganda).
- FreeSites (100MB, banner).
Assim que se registra em um desses servios, o usurio recebe um endereo
para sua pgina pessoal trata-se de um endereo de FTP27, juntamente com o nome de
usurio e uma senha. Com esses dados ele entra na opo de configurao (Settings) doblog e pode preencher os campos necessrios para que o blog aparea no novo endereo.
Com os mesmos processos o blogueiro poder carregar outros dados (textos, imagens etc.)
do computador pessoal para o novo endereo e utiliz-los para incrementar o blog.
Entretanto, uma das vantagens das ferramentas de blog permitir que os
usurios publiquem seu contedo sem a necessidade de saber como so construdas pginas
na Internet; ou seja, sem conhecimento tcnico especializado. Quem j possui um site pode
aproveitar uma ferramenta de blog para atualizar seu contedo de maneira rpida e
26 Fotologs so blogs de fotos, ou seja, pginas que permitem que o internauta coloque fotos com facilidade erapidez. A maioria dos flogs individual, sejam de fotgrafos que tiram fotos de seu trabalho ou de pessoasque gostam de mostrar fotos de si mesmas. H tambm os fotologs coletivos que so abertos a todos. O estilode flogs varia desde adesivos de pra-choques, placas de modo geral at relatos de frias, cursos, famlia,momentos e estilos de vida.27FTP:File Transfer Protocol (protocolo de transferncia de arquivos). Para transferir arquivos via FTP necessrio um programa como, por exemplo, o FileZilla, gratuito e disponvel via download para osinternautas. Quando o usurio transfere arquivos via FTP, na verdade est copiando do seu computador para ocomputador onde sua pgina est armazenada no servidor gratuito em que se inscreveu.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
50/169
50
descomplicada, em qualquer lugar da rede basta digitar seu login e senha, escrever o que
quer publicar e clicar num boto. O conhecimento de html e de outras ferramentas de Webpermitir ao usurio incrementar o blog, conferindo a ele um aspecto extremamente
profissional, ou ento encaixar o blog dentro do site, transformando algumas sees em
blogs.
No entanto, mais que dirios pessoais ou espaos de expresso de opinio, os
blogs assumiram diferentes funes na rede: publicao de contedo multimdia, feed
RSS28, apresentao de informaes e imagens, debates, concentrao de dados, entre
tantas funes ainda no foram descobertas pelo meio acadmico. Apesar de grande parcela
dos estudantes utilizar os blogs como dirios pessoais, esse gnero pode ter qualquer tipo
de contedo e ser utilizado para diversas finalidades. Quanto ao objetivo, ter um blog
admite todos os aspectos: poltico, esporte, lazer, interao com amigos, famlia,
jornalstico, religioso, escolar, ldico, social, interveno, dirio de bordo, entretenimento.
O pblico adolescente, por exemplo, faz do meio um canal para a expresso de
sentimentos, utilizando como ferramenta a escrita digital associada a sons, cones e
imagens. O que chama ateno deles para esse gnero pode ser a liberdade de expresso
que esse espao oferece para o autor, alm de ser um espao interativo, tendo em vista quepermite aos leitores enviar comentrios, acrescentar idias, interagir com o dono do blog
em determinada discusso.
No contexto educacional, os blogs poderiam contribuir para o trabalho docente
de diferentes formas. O professor poderia utiliz-los para apresentar informaes e
imagens. Para citar alguns exemplos prticos, um blog poderia ser explorado para
apresentar aos pais como foi desenvolvida a feira de cincias da escola, como foi o passeio
ao Zoolgico, como foi a excurso, ou, ainda, o blog poderia ser usado para relatar umareunio ou evento agregando imagens a notcias. O blog poderia ser utilizado pelo professor
tambm para concentrao de dados como fazer um dirio da turma, da escola, das
atividades do ano letivo. Em outra situao, poderia ser til para destacar alguma atividade
28 RSS significa Rich Site Sumary ou Really Simple Syndication. Trata-se de um formato que permitedistribuir o contedo do seu site de uma forma padronizada, que permite que ele seja lido em diversos leitoresde notcias. Os endereos que distribuem notcias no formato RSS tambm so conhecidos como feeds.Existemfeeds de notcias em outros formatos como RDF e Atom.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
51/169
51
especfica e nica, detalhando melhor determinada ao pedaggica desenvolvida (como
uma pesquisa numa turma). No entanto, mais interessante seria se o professor o utilizassepara compartilhar idias, propostas pedaggicas, pesquisas realizadas e, assim, trocar blogs
entre alunos, professores, escolas.
Para o pblico empresarial, o blog poderia ter a funo de divulgar idias,
promover uma marca, defender uma classe. Um analista contbil, por exemplo, poderia
us-lo para apresentar seu conhecimento sobre determinado assunto, tecer sua anlise
particular sobre determinado processo, divulgando sua opinio a respeito do tema.
Concomitantemente, estaria promovendo sua classe, uma vez que seria um representante da
rea das Cincias Contbeis, e o blog elevaria sua marca, divulgaria sua empresa.
possvel encontrar na Web grande nmero de blogs que abrangem uma
diversidade de temas, do mais simples ao mais complexo, do consensual ao combativo ou
conflituoso. No entanto, pode ser uma simples forma de divulgar fotografias,
personalidade, textos, links e autores afins, como tambm oferecer um espao para troca de
idias, exteriorizao de emoes, troca de experincias que estimulam a participao
pblica, bem como o confronto de idias.
No ambiente virtual, o blog inserido dentro de um ambiente tecnolgico queadolescentes usam e abusam para manifestar tambm desejos, sonhos, fantasias,
interatividade, fazer amigos, rejeitar amigos, ouvir msicas, conhecer mais pessoas,
descobrir fatos, enfim, manifestaes e pensamentos no muito diferentes daqueles que
aparecem em outra situao comunicativa. No entanto, embora seja explorado por diversos
segmentos da sociedade, o blog est hoje mais presente no pblico adolescente e poderia
ser melhor aproveitado dentro do ambiente escolar, uma vez que se trata de um espao que
pode oferecer recursos que consolidam manifestaes e ordens de pensamentos, bem comoservir de canal para o estudo da linguagem.
Na realidade, trata-se de um espao que vem evoluindo em formato e estilo, e
ampliando sua extenso em diversos segmentos da sociedade. Surge dessa forma a
blogosfera, que so blogs densamente conectados formando uma rede social.
-
8/14/2019 dissertacaousodosblogs
52/169
52
2.2 Blogosfera
Para o estudo de blogs torna interessante e inevitvel citar a blogosfera. Se osblogs so publicaes de textos, informaes dos pensamentos dos autores de forma muito
particularizada, a blogosfera um fenmeno social.
Blogosfera o termo coletivo que compreende todos os weblogs (ou blogs)
como uma comunidade ou rede social com muitos blogs densamente interconectados e na
qual os blogueiros tm acesso aos blogs uns dos outros, criam enlaces para os mesmos,
referem-se a eles na sua prpria escrita e postam comentrios em outros blogs. A
ramificao de ligaes tambm permitiu a criao de outras culturas que incluem outros
termos como Blogtopia", "Bloguespao", "Bloguiverso", "Blogsilvnia" e "Bloguisto".
A blogosfera ocasionou o surgimentos de diferentes sites e servios da Internet
com o objetivo de fornecer ferramentas para a criao e manuteno de blogs. Sites como
Technorati, Blogdex, Bloglines, Blogrunner usam enlaces criados pelos blogueiros para
busca e interconexo de outros blogs. Para tanto, hipertextos funcionam como marcadores
dos assuntos que os blogueiros esto discutindo.
Os blogueiros29 passaram a divulgar outros blogs em suas pginas; crditos
eram concedidos ao blogueiro que tinha seus links divulgados por outros membros, eaumentava assim a rede de internautas adeptos do gnero. Diante da interligao entre os
diversos tipos de blogs associados a links, os crticos passaram a chamar de incestuosos os
blogueiros que a cada dia amplificavam mais as vozes uns dos outros quando criavam links
entre si. Da por diante a comunidade cresceu consideravelmente. Os pioneiros
trabalhavam para se tornarem referncia de busca de links para criao de material de
qualidade, escrevendo incessantemente, utilizando recursos que pudessem induzir o leitor a
acessar outros blogs.O contexto mudou quando empresas criaram softwares desenvolvidos para