ecdytolopha

Upload: audry-arias

Post on 25-Feb-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    1/54

    COMPARAO DE MTODOS DE MONITORAMENTO E

    CONTROLE DO BICHO-FURO, Ecdyto lopha aurantiana

    (LIMA, 1927) (LEPIDOPTERA, TORTRICIDAE), EM

    CITROS

    DIOGO RODRIGUES CARVALHO

    Dissertao apresentada Escola Superior de

    Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de So

    Paulo, para obteno do ttulo de Mestre em

    Cincias, rea de Concentrao: Entomologia.

    P I R A C I C A B A

    Estado de So Paulo Brasil

    Agosto - 2003

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    2/54

    COMPARAO DE MTODOS DE MONITORAMENTO E

    CONTROLE DO BICHO-FURO, Ecdyto lopha aurantiana

    (LIMA, 1927) (LEPIDOPTERA, TORTRICIDAE), EM

    CITROS

    DIOGO RODRIGUES CARVALHO

    Engenheiro Agrnomo

    Orientador: Prof. Dr. JOS ROBERTO POSTALI PARRA

    Dissertao apresentada Escola Superior de

    Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de So

    Paulo, para obteno do ttulo de Mestre em

    Cincias, rea de Concentrao: Entomologia.

    P I R A C I C A B A

    Estado de So Paulo Brasil

    Agosto - 2003

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    3/54

    DadosInternacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    DIVISO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAO - ESALQ/USP

    Carvalho, Diogo Rodrigues

    Comparao de mtodos de monitoramento e controle do bicho-

    furo, Ec d yto lop ha a ura nt ia na(Lima, 1927) (Lepidoptera, Tortricidae),

    em citros / Diogo Rodrigues Carvalho. - - Piracicaba, 2003.

    38 p. : il.

    Dissertao (mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de

    Queiroz, 2003.

    Bibliografia.

    1. Armadilha para inseto 2. Bicho-furo Fase adulta 3. Controle qumic4. Dieta artificial 5. Exigncia trmica 6. Feromnios sexuais 7. Frutas ctricas

    I. Ttulo

    CDD 634.3

    Permitida a cpia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte O autor

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    4/54

    Aos meus pais,

    Com todo o meu amor

    Agradeo

    minha irm Gabriela,

    Meus sobrinhos Gabriel e Marina

    Dedico

    minha av Mercedes,

    Fonte de fora e luz

    Ofereo

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    5/54

    AGRADECIMENTOS

    Ao Dr. Jos Roberto Postali Parra, professor Titular do Departamento de

    Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrcola, da ESALQ/USP, pelaorientao, ateno e apoio nesses anos e a quem admiro como

    profissional e ser humano brilhante;

    Ao Fundecitrus, pela concesso da bolsa de estudos que viabilizou minha

    participao no curso de Ps-Graduao;

    Aos professores do Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia

    Agrcola da ESALQ/USP, pelos conhecimentos transmitidos;

    Neide Graciano Zrio, tcnica do Laboratrio de Biologia de Insetos pela

    valiosa amizade e grande colaborao para a realizao dos trabalho;

    Ao Engenheiro Agrnomo Msc. Peter Kasten Jnior pela amizade construda e

    grande ajuda nesses anos de estudo;

    Faculdade de Cincias Agrrias e Veterinrias de Jaboticabal (UNESP), pela

    valiosa contribuio na minha formao pessoal;

    Gravena Manecol, na pessoa do Prof. Dr. Santin Gravena, pelo apoio e

    incentivo para seguirmos na rea de controle biolgico;

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    6/54

    v

    Aos colegas de laboratrio Dori, Amauri, Sandra, Adriana, Jerson, Priscila,

    Patrcia, Ana Lia, Cristina, Picasso, Jos Francisco, pelo agradvel

    convvio, amizade e auxilio durante todo o perodo que estive no

    Laboratrio de Biologia de Insetos;

    Aos funcionrios do Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia

    Agrcola da ESALQ/USP, em especial ao Carlinhos, Tutu, Dino, Vitor, Joo

    Gor, Joo Fortes e Aninha;

    Aos colegas do curso de Ps-graduao em Entomologia, Ricardo, Moiss,

    Fito, Marcel, Fabiana, Luciana, Fabiane, Milena, Rosa, Poleti, Jorge, Sallas,

    Rita, Cssia, Daniela, Marco, pelos momentos alegres que passamos

    esses anos;

    Ao Prof. Dr. Jos Maurcio Simes Bento, pela amizade e dicas valiosas para

    desenvolvimento desse trabalho;

    Ao Bilogo Heraldo Negri de Oliveira pelo auxlio na parte fotogrfica e

    amizade;

    Ao amigo Engenheiro Agrnomo Danilo Scacalossi Pedrazzoli, pelo apoio,

    companheirismo, grande amizade e incentivo para concluso desse

    trabalho;

    Ao Prof. Dr. Alexandre de Sene Pinto pela contribuio na formatao, anlises

    e ajuda na correo desse trabalho.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    7/54

    SUMRIO

    Pgina

    LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... viiiLISTA DE TABELAS .............................................................................................. x

    RESUMO .................................................................................................................. xii

    SUMMARY ............................................................................................................... xiv

    1 INTRODUO .................................................................................................... 1

    2 REVISO DE LITERATURA ............................................................................. 3

    2.1 Aspectos gerais ............................................................................................. 3

    2.2 Biologia e comportamento ........................................................................... 4

    2.3 Danos .............................................................................................................. 6

    2.4 Importncia econmica ................................................................................. 7

    2.5 Manejo e controle ........................................................................................... 7

    3 MATERIAL E MTODOS .................................................................................. 10

    3.1 Comparao da eficincia de trs mtodos para monitoramento de

    adultos de Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927) (Lepidoptera:

    Tortricidae) ..................................................................................................... 10

    3.1.1 Mtodo da armadilha com feromnio sexual ......................................... 123.1.2 Mtodo da dieta artificial .......................................................................... 14

    3.1.3 Mtodo da previso atravs das exigncias trmicas do inseto ........ 16

    3.1.3.1 Determinao do fator de correo das exigncias trmicas para

    as diferentes estaes do ano ................................................................ 17

    3.2 Determinao do nvel de controle de E. aurantiana utilizando-se

    armadilha com feromnio sexual (Ferocitrus Furo) ............................... 18

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    8/54

    vii

    Pgina

    3.3 Determinao do tempo de penetrao de lagartas recm eclodidas

    de E. aurantiana ............................................................................................ 20

    3.4 Avaliao do efeito de agroqumicos sobre adultos de E. aurantiana... 21

    4 RESULTADOS E DISCUSSO ....................................................................... 24

    4.1 Comparao da eficincia dos trs mtodos para monitoramento de

    adultos de Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927) (Lepidoptera:

    Tortricidae) ..................................................................................................... 24

    4.1.1 Determinao do fator de correo para as diferentes estaes doano para o mtodo de exigncias trmicas .......................................... 24

    4.1.2 Comparao das datas indicadas e nmero de frutos atacados

    para cada mtodo de amostragem ........................................................ 25

    4.2 Determinao do nvel de controle de E. aurantiana utilizando-se

    armadilha com feromnio sexual ................................................................. 27

    4.3 Determinao do tempo e profundidade de penetrao de lagartas

    recm eclodidas deE. aurantianaem frutos ............................................. 28

    4.4 Avaliao do efeito de agroqumicos sobre adultos deE. aurantiana... 30

    5 CONCLUSES .................................................................................................. 32

    5.1 Consideraes finais ..................................................................................... 33

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 34

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    9/54

    LISTA DE FIGURAS

    Pgina

    1 Mapa do local de instalao do experimento de comparao da

    eficincia de mtodos de amostragem de Ecdytolopha aurantiana.

    Gavio Peixoto, SP, 2002 ................................................................................. 11

    2 Vista area do talho onde foi instalado o experimento de comparao

    da eficincia de mtodos de amostragem de Ecdytolopha aurantiana.

    A. Mtodo da armadilha de feromnio; B. Mtodo da dieta artificial; C.

    Mtodos das exigncias trmicas. Gavio Peixoto, SP, 2002 .................... 113 Local de instalao da armadilha de feromnio sexual (Ferocitrus

    Furo) colocada na parte superior da planta com auxlio de um

    mastro de bambu ................................................................................................ 13

    4 Ficha ilustrada para identificao dos nstares das lagartas de

    Ecdytolopha aurantiana.................................................................................... 15

    5 Abrigo de madeira para os tubos contendo dieta artificial e lagartas de

    Ecdytolopha aurantianamantido em condies de campo ......................... 15

    6 Kit do feromnio sexual Ferocitrus Furocomercializado no Brasil ....... 19

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    10/54

    ix

    7 Vista geral do experimento para determinao do tempo de penetrao

    das lagartas recm eclodidas de Ecdytolopha aurantianaem frutos de

    laranja variedade Pra ....................................................................................... 21

    8 Gaiolas de ferro contendo frutos de citros e onde foram colocados

    adultos de Ecdytolopha aurantiana, utilizadas no ensaio de campo para

    verificar a eficincia de agroqumicos no controle dessa praga .................. 22

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    11/54

    LISTA DE TABELAS

    Pgina

    1 Composio da dieta artificial para a criao de lagartas de Ecdytolopha

    aurantiana. .......................................................................................................... 16

    2 Temperatura base (Tb) para os diferentes nstares larvais de

    Ecdytolopha aurantiana(J.R.P. Parra, inf. pessoal) ..................................... 17

    3 Tratamentos utilizados, e suas respectivas dosagens, visando ao

    controle de adultos de Ecdytolopha aurantiana............................................. 23

    4 Constante trmica (GD) terica (de laboratrio) e real (de campo) e

    respectivos fatores de correo para a fase larval-pupal de Ecdytolopha

    aurantiana obtidos para as diferentes estaes do ano. Piracicaba, SP,

    1999 ..................................................................................................................... 25

    5 Definio das datas de aplicao de agroqumicos para controle de

    Ecdytolopha aurantiana, com base em trs mtodos de amostragem.

    Gavio Peixoto, SP, 2001 ................................................................................. 26

    6 Nmero mdio de frutos atacados/planta nos diferentes mtodos de

    amostragem para Ecdytolopha aurantiana. Gavio Peixoto, SP, 2001 ..... 27

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    12/54

    xi

    7 Nmero mdio de frutos de laranja Pra atacados por Ecdytolopha

    aurantiana por planta, em cada nvel de controle testado (com

    armadilha de feromnio sexual), e o nmero mdio de aplicaes de

    inseticidas em cada tratamento. Gavio Peixoto, SP, 2001 ........................ 28

    8 Tempo de penetrao de lagartas recm eclodidas de Ecdytolopha

    aurantianaem frutos de laranja variedade. Pra ......................................... 29

    9 Profundidade de penetrao e mortalidade de lagartas recmeclodidas de Ecdytolopha aurantianaem diferentes intervalos aps a

    inoculao em frutos de laranja variedade. Pra ....................................... 29

    10 Mortalidade (%) de adultos de Ecdytolopha aurantianaem campo, nos

    diferentes tratamentos utilizados. Gavio Peixoto, SP, 2001 ..................... 31

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    13/54

    COMPARAO DE MTODOS DE MONITORAMENTO E CONTROLE DO

    BICHO-FURO, Ecdytolopha aurantiana (LIMA, 1927) (LEPIDOPTERA,

    TORTRICIDAE), EM CITROS

    Autor: DIOGO RODRIGUES CARVALHO

    Orientador: Prof. Dr. JOS ROBERTO POSTALI PARRA

    RESUMO

    O presente trabalho teve como objetivo comparar trs mtodos de

    amostragem de adultos do bicho-furo, quais sejam: 1) monitoramento com

    armadilhas de feromnio sexual; 2) monitoramento do inseto criado no campo

    em dietas artificiais; 3) previso baseada em exigncias trmicas do inseto.

    Para complementar tal pesquisa, que visa facilitar o manejo e o controle da

    praga, foram estudados o nvel de controle para o mtodo utilizando-se

    feromnio sexual e o efeito de agroqumicos sobre a fase adulta do inseto com

    base no monitoramento mais adequado. Os trs mtodos de monitoramento de

    Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927) mostraram eficincia para seremutilizados em condies de campo. O mtodo de monitoramento do bicho-furo

    por meio de feromnio sexual foi o que exigiu menor mo-de-obra. O mtodo de

    monitoramento atravs de exigncias trmicas foi aplicvel no vero, exigindo

    fatores de correo para as demais estaes do ano. O nvel de controle,

    determinado para o monitoramento com feromnio sexual, foi de 4 a 6

    adultos/semana; a partir destes nmeros, as perdas foram maiores a despeito

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    14/54

    xiii

    do maior nmero de aplicaes de produtos qumicos. Como o tempo de

    penetrao da lagarta do bicho-furo foi rpido (100% em 24 h), com cerca de

    42,9% atingindo a polpa em 72 h, torna-se difcil o controle do inseto nesta fase

    atravs de produtos qumicos ou biolgicos. A alta mortalidade larval do bicho-

    furo durante a penetrao no fruto, pode mascarar os resultados de avaliao

    da eficincia de controle com produtos qumicos ou biolgicos. O piretride

    bifentrine foi eficiente no controle de adultos de E. aurantiana, desde que

    adicionado a leo mineral.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    15/54

    COMPARISON OF Ecdytolopha aurantiana (LIMA, 1927) (LEPIDOPTERA,

    TORTRICIDAE) MONITORING METHODS AND CONTROL IN CITRUS

    Author: DIOGO RODRIGUES CARVALHO

    Adviser: Prof. Dr. JOS ROBERTO POSTALI PARRA

    SUMMARY

    The goal of this work was to compare three sampling methods for adult

    citrus fruit borer, as follows: 1) monitoring with sexual pheromone traps; 2)

    monitoring of insects reared under artificial diets in the field; 3) Forecasting

    based on the thermal requirements of the insect. In order to complete this

    research, which is intended for an easier pest management and control, one

    studied the control level for the method with sexual pheromone and the effects

    of agrochemicals on the adult stage of the insect based on the more suitable

    monitoring. All three methods of Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927)

    monitoring were efficient under field conditions. The citrus fruit borermonitoringmethod by means of sexual pheromone was the least laborious one. The

    monitoring method through thermal requirements was applicable in the summer,

    requiring correction factors in the remaining seasons of the year. The control

    level as determined for the sexual pheromone monitoring was 4 to 6

    adults/week; following these figures, the losses were greater despite the higher

    amount of chemicals application. Since the penetration time of the citrus fruit

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    16/54

    xv

    borer was brief (100% in 24h), with approximately 42.9% reaching the pulp in

    72h, it is difficult to control the insect at this stage through chemical or biological

    products. The high larval mortality of the citrus fruit borer during fruit penetration

    can conceal the results of the control efficiency evaluation with chemical or

    biological products. Pyrethroid bifenthrin was efficient to control adult E.

    aurantianaprovided that mineral oil was added.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    17/54

    1 INTRODUO

    Nos ltimos anos, o Brasil apresentou um considervel aumento da

    produo citrcola. De 415 milhes de caixas, em 1998, passou para 454

    milhes em 2000, sendo a regio Sudeste responsvel por 85,5% da produo

    brasileira (FNP, 2001).

    Dentre os fatores limitantes produo de citros no pas esto as

    pragas, pelos danos que causam, exigindo elevados gastos com mo-de-obra,

    alm de aplicaes de alto volume de agroqumicos. Dentre as pragas de

    importncia econmica que ocorrem na cultura, atualmente, destaca-se o bicho-

    furo-dos-citros, Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927). O ataque dessa praga,

    em So Paulo, inicia-se a partir de novembro, aumentando nos meses de

    janeiro, fevereiro e maro. Altas infestaes podem causar at 50% de perdas

    de frutos, sendo Pra, Natal e Valncia as variedades mais atacadas por essa

    praga, embora ela possa ocorrer tambm em outras variedades (Prates, 1992).

    Uma das limitaes para controlar este inseto a dificuldade em se

    determinar a poca correta de aplicao dos agroqumicos. O monitoramento

    atravs de amostragens poder definir o momento correto da aplicao.Segundo Garcia (1998), dada caracterstica da postura, as amostragens de

    ovos do bicho-furo para levantamentos populacionais so inviveis e essa

    amostragem, segundo o autor, deve ser feita baseando-se na populao de

    adultos, pois quando se inicia o controle onde j existem frutos atacados,

    muito difcil conseguir-se bons nveis de controle, pois a partir do incio do

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    18/54

    2

    ataque a praga tem a caracterstica de explodir, em curto espao de tempo,

    seus nveis populacionais (Parra J. R. P., inf. pessoal).

    Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo comparar trs

    mtodos de amostragem de adultos do bicho-furo, incluindo-se: 1)

    monitoramento com armadilhas de feromnio sexual; 2) monitoramento do

    inseto criado no campo em dietas artificiais; 3) previso baseada em exigncias

    trmicas do inseto. Para complementar tal pesquisa, que visa facilitar o manejo

    e o controle da praga, foram estudados o nvel de controle para o mtodo

    utilizando-se feromnio sexual e o efeito de agroqumicos sobre a fase adulta

    do inseto com base no monitoramento mais adequado.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    19/54

    2 REVISO DE LITERATURA

    2.1 Aspectos gerais

    Este inseto foi relatado pela primeira vez por Bondar, em 1915, em

    laranjas, sendo identificado como Tortrix citrianaFernald (Lima, 1927; 1945).

    Em 1927, Costa Lima descreveu o inseto como Gymnandrosoma

    aurantianum, incluindo-o na famlia Olethreutidae. Em 1945, o mesmo autor

    classificou-o na famlia Grapholitidae e, recentemente, Powell et al. (1995)

    transferiram G. aurantianum para Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927),pertencente famlia Tortricidae (Powell et al., 1995).

    O nome comum mais usado para esta praga no Brasil bicho-furo-dos-

    citros (Prates et al., 1981; Prates & Pinto, 1988; Nakano & Leite, 1998); esta

    espcie ocorre em toda a Amrica do Sul (Zucchi et al., 1993). Assim, White

    (1993) observou E. aurantiana causando severos danos s plantas de citros em

    1992 e 1993 em Trinidad-Tobago e Dominica.

    Em trabalho realizado por Nakano & Leite (1998), os autores indicaramque a regio de Catanduva favorece a ocorrncia da praga pelo seu clima e

    mostraram tambm que E. aurantiana no apresentou preferncia pelas

    variedades existentes, sendo todas atacadas. As variedades tardias sofreram

    maior incidncia da praga, tendo em vista que as geraes vo se sucedendo e

    conseqentemente aumentando.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    20/54

    4

    Esta praga ocorre em So Paulo a partir de novembro, com picos entre

    fevereiro e maro, mas pode ocorrer o ano todo, causando perdas de at duas

    caixas de laranja por planta (Nakano & Soares, 1995). Em funo dessas

    perdas, passou a ser considerada uma das principais pragas da cultura a partir

    da dcada de 90 (Prates & Pinto, 1991; Garcia et al., 1998; Garcia & Parra,

    1999).

    2.2 Biologia e comportamento

    As mariposas de E. aurantianacolocam os ovos na superfcie dos frutos

    e o perodo de incubao de trs a cinco dias (Pinto, 1994; 1995; Nakano &

    Soares, 1995). Estes ltimos autores observaram ainda que os ovos podem ser

    colocados nas folhas, de forma isolada, sendo achatados e transparentes, e a

    lagarta, logo que eclode, penetra no fruto.

    E. aurantiana tem hbito de postura crepuscular bem definido, seja em

    laboratrio ou em campo. Os ovos de E. aurantiana, provenientes de criao

    em dieta artificial, apresentaram um perodo embrionrio de aproximadamente

    cinco dias (5,02 0,03), com um intervalo de variao de quatro a sete dias e

    viabilidade de 91,1% (Garcia, 1998). Aps a ecloso, as lagartas penetram no

    interior do fruto, onde se alimentam da polpa. A maioria das lagartas chega, no

    mximo desenvolvimento, a atingir de 15 a 18mm de comprimento (Fonseca,1934; Schultz, 1939), com um perodo larval de at 20 dias (Lima, 1927). Ao

    final deste perodo, abandonam o fruto para pupar no solo, protegendo a pupa

    tecendo um casulo composto de teia, fragmentos do solo e restos vegetais.

    Poucas lagartas pupam no prprio fruto. Aps 12 a 20 dias, as pupas livram-se

    do casulo momentos antes da emergncia e saem do solo como adultos (Lima,

    1927; Schultz, 1939; White, 1993). Os adultos, de colorao acinzentada, tm

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    21/54

    5

    as asas posteriores mais claras que as anteriores e apresentam cerca de 17

    mm de envergadura (Fonseca, 1934).

    Em frutos, E. aurantiana desenvolve-se melhor na variedade Natal, e em

    dieta artificial h uma reduo no nmero de nstares, indicando assim uma

    adequao nutricional da dieta ao inseto, pois alm de diminuir o perodo de

    desenvolvimento, aumenta a viabilidade do perodo ovo-adulto, a taxa lquida

    de reproduo (Ro) e a razo finita de aumento () (Garcia, 1998). Portanto, E.

    aurantiana apresenta as mesmas caractersticas do inseto de campo quando

    criado em dieta artificial (Garcia & Parra, 1999). Garcia (1998) verificou que o

    inseto muito sensvel aos baixos valores de umidade relativa do ar (UR),

    diminuindo a longevidade e capacidade de postura nas baixas UR (30 e 50%).

    Solos muito encharcados ou secos afetam as pupas e diminuem a

    emergncia deE. aurantiana(Parra, J.R.P., observao pessoal).

    De acordo com Bento et al. (2001a), mais de 80% dos acasalamentos de

    E. aurantianaocorrem no terceiro e quarto dias de vida do inseto adulto, sendo

    que as cpulas duram, em mdia, uma hora e 40 minutos, variando entre trs

    minutos e cinco horas e 12 minutos. O acasalamento mediado por um

    feromnio sexual emitido pelas fmeas, que atrai os machos a longas

    distncias.

    A proporo sexual do bicho-furo de aproximadamente 1:1 (macho:

    fmea), e uma fmea tem capacidade de colocar at 200 ovos, sendo que

    normalmente colocado apenas um ovo por fruto (Garcia & Parra, 1999).

    Ocorre o fenmeno de protandria na espcie (Bento et al., 2002).

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    22/54

    6

    2.3 Danos

    O ataque de E. aurantiana caracteriza-se por um sintoma nos frutos que

    pode ser confundido com o das moscas-das-frutas (Prates & Pinto, 1991).

    Entretanto, tal dano causado pelo bicho-furo de fcil separao daquele

    causado pela moscas-das-frutas, pois no orifcio de penetrao a lagarta

    elimina as fezes, que ficam presas, secas e duras nesse local. As moscas-das-

    frutas, alm de uma regio arredondada (podrido), deixam um orifcio central

    nos frutos por onde sai a larva para pupar no solo e pelo qual sai um lquido, se

    o fruto for pressionado com as mos (Gallo et al., 2002).

    A penetrao inicial no fruto, pelo primeiro nstar larval, leva a infeces

    secundrias por fungos, bactrias, besouros e moscas-das-frutas. Uma rea

    necrtica se desenvolve gradualmente ao redor do orifcio de entrada,

    normalmente deprimida em relao ao resto da casca. O fruto torna-se amarelo

    claro, amadurece prematuramente e cai. Frutos que no chegam a cair, ou que

    estejam maduros no momento da penetrao, desenvolvem um brilho de

    colorao alaranjada bem distinta dos frutos sadios (Lima, 1927; Schultz, 1939;

    White, 1993). Frutos mais verdes, portanto mais cidos, so tambm atacados

    pelo bicho-furo, especialmente em altas populaes da praga, embora, nestes

    casos ocorra um alongamento do perodo larval e maior mortalidade do inseto

    (Parra et al., 2001).

    A grande porcentagem de frutos atacados por E. aurantianaencontra-se

    entre um e dois metros de altura e, a maioria, do lado externo da planta (Garcia,

    1998). O bicho-furo causa grandes prejuzos, pois o dano ocorre diretamente

    no fruto, tornando-o imprestvel para indstria e consumo in natura (Nakano &

    Leite, 1998).

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    23/54

    7

    2.4 Importncia econmica

    As perdas econmicas devido ao ataque de E. aurantianaso estimadas

    em cerca de 50 milhes de dlares/ano para a citricultura brasileira, pois os

    frutos ficam, aps o ataque, imprestveis para o comrcio e indstria

    (Fundecitrus, 2000). Em Trinidad-Tobago, at 40% dos frutos por planta ctrica

    foram danificados (White, 1993), sendo que no Brasil os surtos podem

    comprometer at 1,5 caixas de frutos por planta (Prates & Pinto, 1988; 1995).

    Garcia (1998) observou que a praga pode apresentar de sete a 8,2

    geraes anuais nas principais regies citrcolas do Estado de So Paulo,

    responsveis por 85,5% da produo brasileira (FNP, 2001).

    2.5 Manejo e controle

    Atualmente, o controle de E. aurantiana feito basicamente atravs de

    produtos qumicos, fisiolgicos e biolgicos, esses ltimos formulados com

    Bacillus thuringiensis (Bt). Os produtos mais utilizados so mencionados em

    Prates et al. (1981), Prates & Pinto (1988, 1992), Prates & Pinto (1991), Pinto

    (1995), Guerreiro et al. (1997), Massanbani et al. (1997), Pazini & Busoli (1997)

    e Pinto et al. (1997), Fundecitrus (2003).

    Alm do controle qumico, a catao dos frutos cados e tambm dos

    frutos atacados ainda nas plantas ctricas deve ser realizada (Prates & Pinto,

    1988), pois representa 70% da eficincia do controle (Pinto, 1994; 1996), sendo

    a medida complementar mais eficiente para interromper o ciclo do inseto

    (Citricultura, 1996).

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    24/54

    8

    At recentemente no existia uma metodologia de amostragem

    apropriada para indicar o melhor momento para se controlar a praga. A

    metodologia mais empregada era a avaliao de sintomas visuais nos frutos e

    aplicao de produtos a partir de uma determinada porcentagem de frutos

    atacados. Todavia, este mtodo possui algumas imperfeies que so: (a) a

    fase do inseto amostrada (lagarta), no corresponde quela que se pretende

    controlar, ou seja, o adulto ou a lagarta de primeiro nstar e (b) ao se utilizarem

    os frutos danificados como parmetro de amostragem, as lagartas que se

    encontram dentro desses, permanecem protegidas da ao dos produtosaplicados, assegurando uma nova gerao da praga e a perda dos frutos j

    atacados (Bento et al., 2001b).

    Garcia (1998) concluiu que a melhor forma de se amostrar a praga no

    campo atravs dos adultos, pois toda a fase larval ocorre dentro do fruto e os

    ovos so de difcil visualizao no campo, alm da caracterstica do bicho-furo

    atingir rapidamente os picos populacionais aps seu aparecimento (exploses

    populacionais).Bento et al. (2001a) demonstraram que o horrio crepuscular de

    grande importncia no ritmo dirio desta praga, especialmente o entardecer e

    as duas horas subseqentes. A diminuio da luminosidade, associada a uma

    queda de temperatura e aumento da umidade relativa, caractersticas desse

    horrio, desencadeiam uma srie de eventos fisiolgicos, que levam ao

    acasalamento e postura. De um modo geral, enquanto os machos e as fmeas

    virgens se deslocam para o tero superior da planta de citros para acasalarem,as fmeas j acasaladas fazem a postura no tero mdio da planta. Este

    sincronismo faz com que no haja competio de machos por fmeas

    acasaladas, o que poderia interferir na atividade de postura dessas fmeas

    neste horrio. Do ponto de vista de manejo, este horrio poderia ser indicado

    como o mais adequado para a aplicao de produtos qumicos, pois os insetos

    estariam mais expostos ao desses agroqumicos. Alis, esta uma prtica

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    25/54

    9

    que j vem sendo adotada pelos citricultores do Estado de So Paulo visando

    ao controle de E. aurantiana.

    Em 2001, o feromnio sexual da espcie foi sintetizado (Leal et al., 2001)

    e atualmente comercializado pela Copercitrus com o nome de Ferocitros-

    Furo, para monitoramento da praga.

    Perspectivas de controle biolgico existem, ou seja, atravs do

    parasitide de ovos Trichogramma spp. (Garcia, 1998), sendo conduzidos

    estudos recentemente que apontam para a viabilidade de sua utilizao

    (Molina, 2003). Tambm o parasitide larval Hymenochaonia delicata (Cresson)

    ( Hymenoptera, Braconidae ), pode ser importante em determinadas pocas do

    ano, quando chega a parasitar mais de 50% das lagartas de E. aurantiana

    (Garcia, 1998). Devem ser intensificadas as pesquisas com estes agentes

    biolgicos (Parra, 2002)

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    26/54

    3 MATERIAL E MTODOS

    3.1 Comparao da eficincia de trs mtodos para monitoramento de

    adultos de Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927) (Lepidoptera:

    Tortricidae)

    O trabalho foi realizado na fazenda Entre Rios, pertencente empresa

    citrcola Fischer, localizada no municpio de Gavio Peixoto, SP (latitude:

    21S; longitude: 48W; altitude: 496m) (Figura 1). O experimento ocupou uma

    rea de 20 ha, com aproximadamente 5.000 plantas de laranja da variedade

    Natal, com idades entre oito e dez anos, correspondente a um talho da

    fazenda (Figura 2). Esse talho foi dividido em trs sub-talhes iguais, sendo

    que cada um representou um bloco. Esses blocos constituram-se de sete

    parcelas, representadas por 16 plantas cada, onde apenas as quatro plantas

    centrais foram submetidas s avaliaes.

    Cada mtodo de amostragem para adultos de E. aurantiana foi

    considerado um tratamento, sendo eles: (1) mtodo da armadilha com

    feromnio sexual; (2) mtodo da dieta artificial; e (3) mtodo das exigncias

    trmicas. Cada mtodo ser descrito posteriormente (itens 3.1.1, 3.1.2 e 3.1.3)

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    27/54

    Figura 1 - Mapa do local de instalao do experimento de comparao daeficincia de mtodos de amostragem de Ecdytolopha aurantiana. Gavio Peixoto,SP, 2002

    A

    B

    C

    A

    B

    C

    Figura 2 - Vista area do talho onde foi instalado o experimento decomparao da eficincia de mtodos de amostragem de Ecdytolopha aurantiana.A. Mtodo da armadilha de feromnio; B. Mtodo da dieta artificial; C. Mtodosdas exigncias trmicas. Gavio Peixoto, SP, 2002

    http://fig1.pdf/
  • 7/25/2019 ecdytolopha

    28/54

    12

    Foram aplicados inseticidas imediatamente aps ter sido atingido o nvel

    de controle especfico para cada mtodo de amostragem. Assim, com base no

    nmero de aplicaes para cada mtodo e na contagem de frutos atacados

    aps as aplicaes do inseticida, foi avaliada a eficincia de controle para

    cada mtodo.

    Semanalmente, todos os frutos das quatro plantas centrais de cada

    parcela eram observados, o nmero de frutos com sintomas era anotado em

    ficha prpria e aqueles danificados eram retirados da planta para no haver

    sobreposio de dados, ou seja, para evitar a contagem do mesmo em

    avaliaes subseqentes.

    Foi realizado o controle qumico nas parcelas experimentais, utilizando-

    se o piretride deltametrina (Decis), na dosagem de 300 ml de produto

    comercial + 70 litros de leo/ha, aplicado com termonebulizador tratorizado. O

    horrio de aplicao foi sempre ao entardecer, das 18:00h s 20:00h (horrio

    de maior atividade do inseto item 2.5). O perodo de avaliao foi de

    fevereiro de 2001 a fevereiro de 2002.

    3.1.1 Mtodo da armadilha com feromnio sexual

    O bloco foi monitorado atravs de uma armadilha delta contendo o

    feromnio sexual de E. aurantiana(Ferocitrus Furo). Esse monitoramento foi

    feito utilizando-se uma armadilha delta, contendo cola stick e uma pastilha

    do feromnio sexual, que foi acoplada a um mastro de bambu para a

    colocao da mesma no tero superior da planta (Figura 3), local onde ocorre

    o acasalamento do bicho-furo (Bento et al., 2001a,b). A armadilha foi

    instalada na parte central do bloco A (Figura 2).

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    29/54

    13

    Semanalmente, foram contados os adultos capturados na armadilha,

    retirando-os com o auxlio de uma esptula de madeira. O nvel de controle

    considerado para esse mtodo de amostragem foi de 4 adultos capturados por

    semana.

    Figura 3 - Local de instalao da armadilha de feromnio sexual (Ferocitrus

    Furo) colocada na parte superior da planta com auxlio de um

    mastro de bambu

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    30/54

    14

    3.1.2 Mtodo da dieta artificial

    Este mtodo baseou-se na criao do inseto em dieta artificial, mantido

    em condies de campo (Gallo et al., 2002). Semanalmente, foram coletados

    frutos no talho com sintomas de ataque de E. aurantiana. O nmero de frutos

    coletados variou conforme a poca e infestao da praga. Esses frutos eram

    levados a um local protegido, onde se retiravam as lagartas para identificao

    do nstar em que se encontravam. Essa identificao era feita atravs de uma

    ficha ilustrada com os diferentes nstares da lagarta, baseada no tamanho da

    mesma (Figura 4).

    A seguir, determinava-se o nstar predominante na rea. Depois de

    definido o nstar, as lagartas eram colocadas em tubos de vidro, contendo

    dieta artificial (Tabela 1). Eram colocadas cerca de quatro lagartas por tubo,

    onde completavam seu desenvolvimento. O nmero de tubos variou conforme

    o nmero de lagartas coletadas, sendo o mnimo de 30 e o mximo de 50

    lagartas por semana. Esses tubos, contendo dieta artificial, eram colocados

    em um abrigo de madeira (Figura 5), que foi instalado no centro do bloco B,

    para imitar as condies de campo. A partir da, acompanhava-se diariamente

    o desenvolvimento desses insetos. O nvel de controle para esse mtodo foi

    quando ocorria 60% de emergncia dos adultos nos tubos contendo a dieta

    com os insetos em desenvolvimento.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    31/54

    15

    Figura 4 - Ficha ilustrada para identificao dos nstares das lagartas de

    Ecdytolopha aurantiana

    Figura 5 - Abrigo de madeira para os tubos contendo dieta artificial e lagartas

    de Ecdytolopha aurantianamantido em condies de campo

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    32/54

    16

    Tabela 1. Composio da dieta artificial para a criao de lagartas de

    Ecdytolopha aurantiana

    Componentes Quantidade

    Germe de trigo 30,00 g

    Levedura de cerveja 18,75 g

    Feijo 37,50 g

    Protena de soja 15,00 g

    Casena 15,00 gSoluo vitamnica 4,5 ml

    cido ascrbico 1,80 g

    cido srbico 1,50 g

    Nipagin (metil parahidroxibenzoato) 3,20 g

    Formaldedo (40 %) 1,80 ml

    Tetraciclina 56,50 mg

    gar 30,00 g

    gua 1.400,00 mL

    3.1.3 Mtodo da previso atravs das exigncias trmicas do inseto

    O mtodo das exigncias trmicas baseou-se na contagem de graus-dia necessrios para o desenvolvimento completo do inseto, ou seja, o

    somatrio de graus-dia acima da temperatura base (Tb) (limiar trmico inferior

    de desenvolvimento) do inseto at que se complete a constante trmica e

    esse inseto se torne adulto.

    Semanalmente, foram coletados frutos no talho, abrindo-os e

    retirando-se as lagartas para determinao do nstar predominante na rea.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    33/54

    17

    Essa determinao foi feita com o auxlio da tabela ilustrada citada

    anteriormente (Figura 4). A partir da, com base na Tb de cada nstar,

    determinadas em laboratrio (Tabela 2), iniciava-se a contagem de graus-dia.

    Nessa contagem, a constante trmica foi corrigida atravs de um fator de

    correo determinado para cada estao do ano (item 4, Tabela 7). O nvel de

    controle determinado foi quando se dava o desenvolvimento completo do

    inseto, ou seja, quando o somatrio de graus-dia totalizava a constante

    trmica, atravs de observaes dirias.

    Tabela 2. Temperatura base (Tb) para os diferentes nstares larvais de

    Ecdytolopha aurantiana(Parra J.R.P inf. pessoal)

    nstar

    I II III IV

    14,2 13,6 12,1 13,3

    3.1.3.1 Determinao do fator de correo das exigncias trmicas para as

    diferentes estaes do ano

    A determinao do fator de correo para cada poca do ano foi

    baseada nas exigncias trmicas de E. aurantianacriado nas quatro estaes

    do ano de 1999 e comparada com as exigncias trmicas determinadas em

    laboratrio. Este estudo foi conduzido na Fazenda Areo, rea experimental

    da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq)/USP, situada em

    Piracicaba, SP.

    A criao dos insetos foi feita nas diferentes pocas do ano,

    correspondentes aos meses de janeiro, maio, julho e novembro. Lagartas

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    34/54

    18

    recm eclodidas de E. aurantiana, provenientes do Laboratrio de Biologia de

    Insetos do Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrcola da

    Esalq/USP, foram inoculadas em tubos contendo dieta artificial (Tabela 1) e

    esses foram colocados em abrigo de madeira, citado anteriormente (Figura 5),

    sendo levados a um pomar de laranja para imitar as condies de campo, onde

    permaneceram por todo o perodo de desenvolvimento do inseto. Foi observada

    e anotada a data de emergncia de adultos, determinando, dessa forma, a

    constante trmica de cada poca somando o nmero de graus-dia utilizados

    para o desenvolvimento completo do perodo (lagarta-adulto). Feito isso, foramcomparadas as constantes trmicas das diferentes pocas do ano com a

    constante trmica determinada em laboratrio. O fator de correo para cada

    estao do ano foi obtido pela diviso da constante trmica obtida no campo

    pela constante trmica obtida em laboratrio.

    3.2 Determinao do nvel de controle de E. aurantiana utilizando-se

    armadilha com feromnio sexual (Ferocitrus Furo )

    A pesquisa foi desenvolvida na Fazenda Entre Rios, da empresa Fischer,

    no municpio de Gavio Peixoto, SP, no perodo de janeiro a dezembro de

    2001, em um pomar de laranja da variedade Pra, com idade de dez anos. O

    experimento constou de quatro tratamentos, sendo cada um representado porum nvel de controle diferente. Os nveis de controle comparados foram 4, 6, 8 e

    10 adultos/armadilha/semana, com quatro repeties.

    Cada repetio constituiu-se de uma rea de dez hectares, monitorada

    atravs de uma armadilha adesiva e uma pastilha de feromnio (Ferocitrus

    Furo) (Figura 6), para atrair os machos da espcie.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    35/54

    19

    As avaliaes foram semanais, seguindo as recomendaes de

    monitoramento proposta por Bento et al. (2001 a, b): (1) instalao da armadilha

    no tero superior da planta; (2) troca da pastilha a cada 30 dias; (3)

    identificao do adulto (mariposa) do bicho-furo; (4) avaliao semanal e; (5)

    utilizao de uma armadilha para cada 10 ha (3.000 a 3.500 plantas).

    Semanalmente, contava-se e retiravam-se os adultos presentes na

    armadilha e contava-se o nmero total de frutos atacados em 20 plantas ao

    acaso dentro do talho. O controle da praga, em todos os tratamentos, foi feito

    pela aplicao do piretride citado nos itens anteriores, conforme era atingido o

    nvel de controle em questo. A anlise estatstica foi feita baseando-se no

    nmero mdio de frutos atacados por planta, nos diferentes nveis de controle

    testados. Os resultados foram submetidos anlise de varincia, sendo,

    posteriormente, as mdias comparadas pelo teste de Tukey, ao nvel de 5% de

    probabilidade.

    Figura 6 - Kit do feromnio sexual Ferocitrus Furocomercializado no Brasil

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    36/54

    20

    3.3 Determinao do tempo de penetrao de lagartas recm eclodidas de

    E. aurant iana

    A pesquisa foi realizada no Laboratrio de Biologia de Insetos do

    Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrcola, da

    Esalq/USP, no perodo de 22 a 30 de setembro de 2001, e teve por objetivo

    avaliar o tempo e profundidade de penetrao do bicho-furo, para orientao

    do produto a ser utilizado no seu controle, aps a sua deteco no

    monitoramento.

    Foram utilizados frutos de laranja da variedade Pra previamente

    lavados e secos. Nesses frutos foram colocadas, com o auxlio de um pincel

    fino, lagartas recm eclodidas de E. aurantiana, provenientes da criao em

    dieta artificial do Laboratrio de Biologia de Insetos. O experimento constou de

    20 repeties, sendo cada repetio representada por um fruto e uma lagarta

    recm eclodida. O experimento foi repetido trs vezes. Esses frutos eram

    apoiados em um tubo de vidro para evitar a sada da lagarta (Figura 7). As

    avaliaes foram feitas a cada 20 minutos e era observada a entrada ou no da

    lagarta no fruto e mortalidade na penetrao. Avaliou-se tambm a

    profundidade de penetrao da lagarta no fruto.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    37/54

    21

    Figura 7 - Vista geral do experimento para determinao do tempo de

    penetrao das lagartas recm eclodidas de Ecdytolopha aurantiana

    em frutos de laranja variedade Pra

    3.4 Avaliao do efeito de agroqumicos sobre adultos de E. aurant iana

    A pesquisa foi realizada na Fazenda Entre Rios, municpio de Gavio

    Peixoto, SP, em um pomar de laranja da variedade Pra, com idade de dez

    anos, em abril de 2002.

    Foram testados sete tratamentos (Tabela 3), cada um deles com sete

    repeties, sendo cada repetio representada por sete adultos de E.

    aurantiana, mantidos em gaiola de ferro revestida com voile (Figura 8).

    Esses adultos apresentavam dois dias de idade e eram provenientes da

    criao em dieta artificial do Laboratrio de Biologia de Insetos da Esalq/USP.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    38/54

    22

    Figura 8 - Gaiolas de ferro contendo frutos de citros e onde foram colocados

    adultos de Ecdytolopha aurantiana, utilizadas no ensaio de campo

    para verificar a eficincia de agroqumicos no controle dessa praga

    As gaiolas foram distribudas na linha central de blocos, cada um

    representado por trs linhas de plantas. A distribuio das gaiolas, na linha, foi

    alternada, colocando-se uma gaiola a cada trs plantas. As gaiolas foram

    colocadas no tero superior e na parte interna da planta, local onde o inseto se

    abriga (Bento et al., 2001a,b).

    A distribuio foi feita minutos antes da aplicao dos agroqumicos, para

    evitar a ao de predadores, principalmente formigas. Aps a aplicao, as

    gaiolas foram retiradas e colocadas em local adequado para avaliao da

    mortalidade de adultos.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    39/54

    23

    Tabela 3. Tratamentos utilizados, e suas respectivas dosagens, visando ao

    controle de adultos de Ecdytolopha aurantiana

    Tratamentos

    Nome comercial Ingrediente ativo

    Dosagem(Litros p.c./2000L

    de gua)

    1. Talstar 100CE bifentrine 0,15

    2. Talstar + Micromite+ Naturl leo

    bifentrine + diflubenzuron +leo

    0,075 + 0,50 + 5,0

    3. Talstar + Micromite+ Naturl leo bifentrine + diflubenzuron +leo 0,10 + 0,35 + 5,0

    4. Talstar + Micromite+ Naturl leo

    bifentrine + diflubenzuron +leo

    0,15 + 0,35 + 5,0

    5. Micromite 240 SC +Naturl leo

    diflubenzuron + leo 0,5 + 5,0

    6. Micromite 240 SC +Naturl leo

    diflubenzuron + leo 0,75 + 5,0

    7. Testemunha gua -

    A aplicao dos agroqumicos foi feita no crepsculo (horrio de

    atividade do inseto), com turbo atomizador da marca Jacto, acoplado a um

    trator Massey Ferguson 275, sendo o volume de calda/planta de 20L. A

    avaliao foi feita 24h aps a aplicao, registrando-se o nmero de insetos

    vivos e mortos e calculando-se, posteriormente, a porcentagem de mortalidade.

    Os valores mdios de mortalidade, em porcentagem, foram submetidos

    anlise de varincia, sendo as mdias comparadas entre si pelo teste de Tukey,

    ao nvel de 5% de probabilidade.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    40/54

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1 Comparao da eficincia de trs mtodos para monitoramento de

    adultos de Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927) (Lepidoptera:

    Tortricidae)

    4.1.1 Determinao do fator de correo para as diferentes estaes do

    ano para o mtodo de exigncias trmicas

    A constante trmica obtida em laboratrio por Garcia (1998) para operodo larval-pupal do bicho-furo foi de 441,84 GD (Tabela 4), sendo este

    valor mais prximo do obtido nesse trabalho para o vero (445,48 GD em

    janeiro). Nas demais estaes, os valores da constante trmica obtidos foram

    superiores ao obtido por Garcia (1998).

    A variao destes valores de constante trmica para as diferentes

    estaes do ano mostrou que em determinadas pocas do ano no existe

    correlao com o valor obtido em laboratrio, o que pode influenciar osresultados da aplicao prtica das exigncias trmicas em campo. Somente o

    valor da constante trmica obtido no vero (janeiro) (Tabela 4) se aproximou

    daquele obtido em laboratrio (Garcia, 1998).

    Como no vero ocorrem as maiores populaes do bicho-furo e nestas

    condies existe uma homogeneidade de nstares, recomenda-se este tipo de

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    41/54

    25

    amostragem nestas condies, especialmente para propriedades menores,

    dada maior exigncia em mo -de-obra por este mtodo.

    Sugerem-se pesquisas de validao do mtodo para diferentes

    condies climticas e em diferentes pocas do ano, pois dependendo da

    regio do Estado de So Paulo, o bicho-furo deve apresentar nmero varivel

    de geraes (Garcia, 1998). Os fatores de correo podem ser variveis de

    regio para regio em cada poca do ano. Aparentemente, as variaes so

    maiores nos meses mais frios do ano.

    Tabela 4. Constante trmica (GD) terica (de laboratrio) e real (de campo) e

    respectivos fatores de correo para a fase larval-pupal de

    Ecdytolopha aurantiana obtidos para as diferentes estaes do ano.

    Piracicaba, SP, 1999

    Constante trmica real (k) (campo)Terica(laboratrio) Janeiro Maio Julho Novembro

    467,87 445,48 543,28 503,37 519,74Fator de correo (F)

    - 0,952 1,160 1,075 1,110

    4.1.2 Comparao das datas indicadas e nmero de frutos atacados para

    cada mtodo de amostragem

    O mtodo de amostragem com armadilha de feromnio sexual e o

    mtodo da dieta artificial indicaram o momento de controle de E. aurantiana na

    mesma poca, em mdia, considerando-se os nveis de controle de 60% dos

    adultos emergidos no mtodo da dieta artificial e quatro

    adultos/armadilha/semana no mtodo da armadilha com feromnio (Tabela 5).

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    42/54

    26

    O mtodo da previso atravs das exigncias trmicas do inseto indicou o

    momento de controle cerca de dois a cinco dias depois dos outros mtodos

    estudados (Tabela 6).

    Entretanto, apesar da diferena entre o mtodo de amostragem por

    exigncias trmicas e os demais mtodos, no houve diferenas estatsticas

    entre os trs quanto ao nmero de frutos atacados (Tabela 6). Esta diferena

    observada entre mtodos, sem diferena na porcentagem de frutos atacados,

    d uma segurana ao agricultor nos dois primeiros mtodos, indicando que o

    controle no precisa ser feito imediatamente, caso muito freqente em

    agricultura, onde devido a outras atividades, o controle no pode ser feito to

    logo seja registrado o nvel de controle.

    Tabela 5. Definio das datas de aplicao de agroqumicos para controle de

    Ecdytolopha aurantiana, com base em trs mtodos de

    amostragem. Gavio Peixoto, SP, 2001

    Fev Abr OutMtodo

    1 2 3 Mar

    1 2 1 2 3Total

    Armadilhas deferomnio

    07 14 21 14 11 - 03 - - 06

    Dieta artificial 09 12 18 19 14 22 05 10 18 09

    Exigncias trmicas 12 17 23 20 16 26 08 14 23 09

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    43/54

    27

    Tabela 6. Nmero mdio de frutos atacados/planta nos diferentes mtodos de

    amostragem para Ecdytolopha aurantiana. Gavio Peixoto, SP, 2001

    Mtodo Fev Mar Abr Mai Out Nov Total

    Armadilhas deferomnio

    5 3 2 1 4 2 17 a (1,47)

    Dieta artificial 7 3 1 1 3 1 16 a (2,34)

    Exigncias trmicas 3 1 1 1 4 2 12 a (1,26)

    O valor entre parnteses refere-se ao erro padro da mdia.

    4.2 Determinao do nvel de controle de E. aurantina utilizando-se

    armadilha com feromnio sexual

    Os resultados obtidos nos tratamentos com nveis de controle de 4 e 6

    adultos/armadilha/semana no diferiram estatisticamente entre si, pois

    mantiveram o nmero mdio de frutos atacados por E. aurantianaentre 0,5 e1,0 por planta, com nmero de aplicaes de inseticidas muito prximos

    (Tabela 7). Estes resultados coincidem com aqueles obtidos por Bento et al.

    (2001a) que trabalhando em diferentes reas citrcolas de So Paulo e Minas

    Gerais, encontraram o nmero de 6 machos/armadilha como o ideal para se

    iniciar o controle da praga, pois com este nvel ocorreram perdas de apenas 0,6

    frutos/planta. Para os tratamentos com 8 e 10 adultos por armadilha, a mdia

    de frutos atacados foi de 4 por planta e o nmero de aplicaes para o controle

    da praga aumentou em relao aos tratamentos mencionados anteriormente

    (Tabela 7). Portanto, alm da reduo de frutos atacados/planta, houve com 4 e

    6 adultos/armadilha, reduo do nmero de aplicaes de inseticidas.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    44/54

    28

    Tabela 7. Nmero mdio de frutos de laranja Pra atacados por Ecdytolopha

    aurantiana por planta, em cada nvel de controle testado (com

    armadilha de feromnio sexual), e o nmero mdio de aplicaes de

    inseticidas em cada tratamento. Gavio Peixoto, SP, 2001

    Nvel de controleNmero mdio defrutos atacados

    Nmero mdio deaplicaes de inseticidas

    4 adultos/armadilha 0,5 0,11 a 3,5 ( 2 5 )

    6 adultos/armadilha 1,0 0,17 a 3,0 ( 2 - 4 )

    8 adultos/armadilha 4,0 0,49 b 4,5 ( 3 6 )

    10 adultos/armadilha 4,0 0,64 b 4,8 ( 3 7 )Os valores entre parnteses referem-se ao intervalo de variao para o nmero de aplicaes

    de inseticidas

    4.3 Determinao do tempo e profundidade de penetrao de lagartas

    recm eclodidas de E. aurant ianaem frutos

    O tempo mdio de penetrao da lagarta em frutos de laranja variedade

    Pra foi de 3 horas e 43 minutos, com tempo mnimo de 2 horas e 8 minutos e

    mximo de 6 horas e 52 minutos, em mdia (Tabela 8).

    Aps 24 horas da inoculao da lagarta recm eclodida no fruto, essa

    penetrou, em mdia, 3,9 mm no fruto, no atingindo a polpa (Tabela 9).

    Entretanto, aps 48 horas, 50% das lagartas atingiram a polpa, chegando, em

    mdia, a 4,6 mm de profundidade no fruto (Tabela 9). Aps 72 horas, 50% daslagartas se localizavam na casca, cerca de 7% estavam na interface

    casca/polpa e o restante na polpa (Tabela 9).

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    45/54

    29

    Tabela 8. Tempo de penetrao de lagartas recm eclodidas de Ecdytolopha

    aurantianaem frutos de laranja var. Pra

    Tempo (horas:minutos)Total de lagartasinoculadas

    N . lagartasavaliadas Mnimo Mdio Mximo

    20 10 2:15 3:34 6:15

    20 12 2:15 3:22 6:00

    20 12 1:55 4:12 8:20

    Mdia 11,34 2:08 3:43 6:52

    Tabela 9. Profundidade de penetrao e mortalidade (72 horas aps a

    inoculao) de lagartas recm eclodidas de Ecdytolopha aurantiana

    em diferentes intervalos aps a inoculao em frutos de laranja

    variedade Pra

    Localizao da lagarta no fruto (%)Profundidade mdiade penetrao (mm) Casca Casca/polpa Polpa

    24 horas aps a ino cu lao

    3,88 100 - -

    48 horas aps a ino cu lao

    4,55 50 - 50

    72 horas aps a ino cu lao

    4,06 50 7,1 42,9Mortalidade (%) 32

    Provavelmente, aps 72 horas da inoculao algumas lagartas estavam

    na interface casca/polpa para a eliminao dos excrementos produzidos, pelo

    orifcio de entrada, comportamento este que diferencia os danos causados pelo

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    46/54

    30

    bicho-furo daqueles causados pelas moscas-das-frutas, caracterizando seu

    ataque.

    A mortalidade natural foi alta, dificultando a avaliao da eficincia de

    produtos qumicos para lagartas pequenas do bicho-furo (Tabela 9).

    Provavelmente as diferenas de resultados de trabalhos com controle qumico

    do bicho-furo, se devem a esta alta mortalidade natural no campo.

    Esses resultados mostraram um curto perodo de penetrao das

    lagartas nos frutos, indicando que, quaisquer que sejam os produtos utilizados

    para o controle de lagartas recm eclodidas, as medidas de controle devem ser

    aplicadas antes da ecloso das lagartas. Para tanto, deve-se considerar o

    perodo de pr-oviposio das fmeas, alm do perodo de incubao, que so,

    em mdia, de 2 e 5 (4 a 7 dias) dias, respectivamente, segundo Garcia (1998).

    Portanto, os resultados indicaram que a adoo de medida de controle de

    lagartas deve ser 6 a 8 dias aps a emergncia dos adultos (mtodos de

    exigncias trmicas e de dietas artificiais) ou de coleta de adultos na armadilha

    (mtodo de feromnio sexual). No caso de se utilizar uma opo biolgica decontrole (Bacillus thuringiensis), ele deve ser feito 6 a 8 dias aps a emergncia

    e/ou coleta, pois este produto no tem ao de choque e seu efeito seria

    sobre lagartas recm eclodidas que se alimentariam da bactria. No caso de

    produtos qumicos com ao de choque (como piretrides), a aplicao deve

    ser feita to logo haja a emergncia ou a coleta dos adultos nas armadilhas.

    4.4 Avaliao do efeito de agroqumicos sobre adultos de E. aurant iana

    A mortalidade foi maior nos tratamentos com bifentrine (piretride) e,

    embora numericamente tal mortalidade tenha sido maior na maior dosagem,

    estatisticamente no diferiu das dosagens menores (Tabela 10). Mesmo com

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    47/54

    31

    leo, os tratamentos contendo diflubenzuron no diferiram da testemunha

    (Tabela 10). A mortalidade elevada observada na testemunha (30%) (Tabela

    10) foi devida ao de formigas, entretanto, sem comprometer os re sultados.

    Tabela 10. Mortalidade (%) de adultos de Ecdytolopha aurantianaem campo,

    nos diferentes tratamentos utilizados. Gavio Peixoto, SP, 2001

    Tratamentos

    (ingrediente ativo)

    Dosagem(litros p.c./2.000L

    de gua)

    Mortalidade

    (%)Bifentrine + diflubenzuron + leo 0,075 + 0,50 + 5,0 81 a

    Bifentrine + diflubenzuron + leo 0,15 + 0,35 + 5,0 51 ab

    Bifentrine + diflubenzuron + leo 0,10 + 0,35 + 5,0 46 ab

    Testemunha (gua) - 30 bc

    Bifentrine 0,15 25 bc

    Diflubenzuron + leo 0,5 + 5,0 11 bc

    Diflubenzuron + leo 0,75 + 5,0 5 c

    Mdias seguidas da mesma letra, na vertical, no diferem estatisticamente entre si pelo teste de

    Tukey, ao nvel de 5% de probabilidade. Dados transformados para 100/xsenoarc .

    Aparentemente, houve um efeito sinrgico do bifentrine mais leo, pois

    isoladamente o bifentrine no diferiu da testemunha e o diflubenzuron mais leo

    tambm no controlou os adultos de E. aurantiana. A hiptese de que o

    regulador de crescimento, diflubenzuron, teria uma ao ovicida,aparentemente no foi comprovada, pois a sua eficincia foi baixa, mesmo

    associado com leo.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    48/54

    5 CONCLUSES

    1. Os trs mtodos de monitoramento de Ecdytolopha aurantiana(Lima,1927) podem ser utilizados em condies de campo;

    2. O mtodo de monitoramento do bicho-furo por meio de feromnio

    sexual o que exige menor mo-de-obra;

    3. O mtodo de monitoramento atravs de exigncias trmicas

    aplicvel no vero, demandando fatores de correo para as demais

    estaes do ano;

    4. O nvel de controle por monitoramento com feromnio sexual de 4 a

    6 adultos/semana; a partir destes nmeros, as perdas so maiores a

    despeito do maior nmero de aplicaes de produtos qumicos;

    5. Como o tempo de penetrao da lagarta do bicho-furo rpido

    (100% em 24 h), com cerca de 42,9% atingindo a polpa em 72 h,

    torna-se difcil o controle do inseto nesta fase atravs de produtos

    qumicos ou biolgicos;

    6. A alta mortalidade larval durante a penetrao no fruto pode mascarar

    os resultados de avaliao da eficincia de controle com produtosqumicos ou biolgicos;

    7. O piretride bifentrine eficiente no controle de adultos de E.

    aurantiana, desde que adicionado a leo mineral.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    49/54

    33

    5.1 Consideraes finais

    Os trs mtodos de amostragem para monitoramento do bicho-furo,

    Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927) podem ser utilizados pelo agricultor,

    embora no caso do mtodo utilizando-se exigncias trmicas, exista variaes,

    dependendo da poca do ano, o que poder exigir a adoo de fatores de

    correo dependendo da regio e da estao do ano. As maiores variaes

    ocorrem nas pocas mais frias do ano. Em termos de custo/benefcio, sem

    dvida, o mtodo de monitoramento com feromnio sexual mais barato, pois

    demanda apenas a contagem semanal, enquanto os demais mtodos exigem,

    pelo menos, prximo emergncia, avaliaes dirias. Os mtodos so

    aparentemente seguros, pois mesmo naquele de exigncias trmicas, que

    exigiu 2,5 dias a mais em relao aos demais mtodos para incio do controle,

    ainda assim a porcentagem de frutos atacados foi semelhante quela

    encontrada nos outros mtodos.

    O nmero de adultos por armadilha de feromnio sexual est entre 4 e 6,

    pois no houve diferena estatstica entre os tratamentos com 4 ou 6 adultos

    por armadilha (Tabela 7), considerando-se o nmero de frutos atacados pelo

    bicho-furo

    O tempo de penetrao das lagartas nos frutos muito rpido, o que

    torna difcil o controle da praga com produtos biolgicos, pois com 24 h se d a

    penetrao de 100% das lagartas e com 72 h, 42,9% j est na polpa.

    O piretride bifentrine, associado ao diflubenzuron e leo, foi o mais

    eficiente no controle de adultos de E. aurantiana, havendo, aparentemente, um

    efeito sinrgico do leo e bifentrine.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    50/54

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BENTO, J. M.S.; VILELA, E.V.; PARRA, J.R.P.; LEAL, W.S. Monitoramento do

    bicho-furo-dos-citros com feromnio sexual: bases comportamentais para

    utilizao dessa nova estratgia. Laranja, v.22, p.351-366, 2001b.

    BENTO, J. M.S.; MOLINA, R.M.S.; PARRA, J.R.P.; PARRA, A.L.G.C.;

    CARVALHO, D.R. Protandria no bicho-furo dos citros, Ecdytolopha

    aurantiana (Lepidoptera, Tortricidae). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

    ENTOMOLOGIA, 19. Manaus,2002. Resumos. Piracicaba: SEB, 2002. v1,

    p. 35-36

    BENTO, J.M.S.; PARRA, J.R.P.; VILELA, E.F.; WALDER, J.M.; LEAL, W.S.

    Sexual behavior and diel activity of citrus fruit borer Ecdytolopha aurantiana

    (Lepidoptera: Tortricidae). Journal of Chemical Ecology, v.27, n.10,

    p.2053-65, 2001a.

    CITRICULTURA sofre o maior ataque do bicho furo dos ltimos anos. Jornal

    do Fundecitrus, v. 12, n. 75, p. 4-5, mar./abr. 1996.

    FNP CCONSULTORIA & COMRCIO. Agrianual 2001: anurio daagricultura brasileira. So Paulo, 2001. 516p.

    FONSECA, J.P. da. Combate lagarta das laranjas, Gymnandrosoma

    aurantianum Costa Lima. Chcaras e Quintais, v.50, p.215-216, 1934.

    FUNDECITRUS. Tecnologia contra o bicho-furo. Revista do Fundecitrus,

    n. 96, p.8-10. 2000.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    51/54

    35

    FUNDECITRUS. Manual de manejo bicho-furo. So Paulo, 2003. 7p.

    GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.;

    BAPTISTA, G.C. de; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.;

    ALVES, S.B.; VENDRAMIM, J.D.; MARCHINI, L.C.; LOPES, J.R.S.;

    OMOTO, C. Entomologia agrcola. Piracicaba: Fealq, 2002. 920p.

    GARCIA, M.S. Bioecologia e potencial de controle biolgico de Ecdytolopha.

    aurantiana (Lima 1927) (Lepidoptera : Tortricidae), o bicho-furo-dos-citros,

    atravs de Trichogramma pretiosum Riley, 1879. Piracicaba, 1998. 118p.

    Tese (Doutorado) Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz,

    Universidade de So Paulo.

    GARCIA, M.S.; PARRA, J.R.P. Comparao de dietas artificiais, com fontes

    proticas variveis, para criao de E. aurantiana (Lima 1927)

    (Lepidoptera: Tortricidae). Anais da Sociedade Entomolgica do Brasil,

    v.28, n.2, p.219-232, 1999.

    GARCIA, M.S.; PARRA, J.R.P.; IAROSSI, A.R.; KASTEN Jr., P. Bioecologia dobicho-furo e perspectiva de controle. Laranja, v. 19, n.2, p. 249-260, 1998.

    GUERREIRO, J. C.; FABIANO, L. A. ; PAZINI, W. C.; BUSOLI, A. C. Eficincia

    de inseticidas qumicos e biolgicos no controle de bicho-furo-dos-citros

    Ecdytolopha aurantiana (Lepdoptera : Tortricidae). In: CONGRESSO

    BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 16., Salvador, 1997. Resumos.

    Salvador: SEB, 1997. p. 181.

    LEAL, W.S.; BENTO, J.M.S.; MURATA, Y.; ONO, M.; PARRA, J.R.P.; VILELA,E.F. Identification, synthesis, and field evaluation of the sex pheromone of

    the citrus fruit borer Ecdytolopha aurantiana. Journal of Chemical Ecology,

    v.27, n.10, p.2041-2051, 2001.

    LIMA, A. C. Sobre um novo microlepidptero, cuja lagarta praga das

    laranjeiras no Distrito Federal. Chcaras e Quintais, v.36, p.33-35, 1927.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    52/54

    36

    LIMA, A. C. Insetos do Brasil: Lepdpteros. Rio de Janeiro: Escola Nacional

    de Agronomia, 1945. v. 1.

    MASSAMBANI, A. H.; PINTO, R. A.; SILVA, J. L.; GRAVENA, S. Inseticidas

    biolgicos e fisiolgicos no controle do bicho-furo Ecdytolopha aurantiana

    em citros. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 16.,

    Salvador 1997. Resumos. Salvador: SEB, 1997. p.105.

    MOLINA, R.M. S. Bioecologia de duas espcies de Trichogramma para o

    controle de Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927) (Lepidoptera : Tortricidae)

    em citros. Piracicaba, 2003. 80p. Dissertao (Mestrado) Escola Superior

    de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de So Paulo.

    NAKANO, O.; LEITE, A.C. Avaliao do ataque do bicho-furo em funo de

    parmetros climticos. Laranja, v.19, n.1, p.39-47, 1998.

    NAKANO, O.; SOARES, M.G. Bicho-furo: biologia, hbitos e controle. Laranja,

    v.16, n.1, p.209-221, 1995.

    PARRA, J. R.P. Controle biolgico das pragas dos citros. Boletim Citrcola,n.21, p.37, 2002.

    PARRA, J. R. P.; KASTEN Jr., P.; MOLINA, R.M.S.; HADDAD, M.L. Efeito do

    pH no desenvolvimento do bicho-furo. Laranja, v.22, n.2, p.299-320, 2001

    PAZINI,W.C.; BUSOLI, A. C. Eficincia de inseticidas no controle do bicho-

    furo-dos-citros Ecdytolopha aurantiana (Lepidoptera : Tortricidae). In:

    CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA,16., Salvador,1997.

    Resumos. Salvador: SEB, 1997. p.181.

    PINTO, W.B. S. Bicho-furo considerado hoje uma das principais pragas da

    nossa citricultura. Laranja & Cia, n.38, p.4-5, 1994.

    PINTO, W.B. S. Mariposa-da-laranja ou bicho-furo: uma praga que est

    aumentando na citricultura. Laranja, v.16, n.1, p.243-250, 1995.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    53/54

    37

    PINTO, W.B. S. Bicho-furo :catao reduz infestao. Laranja & CIA, n. 44,

    p. 13,1996.

    PINTO, W. B. S.; PRATES, H. S.; NOGUEIRA, N. L. Efeito de inseticidas-

    acaricidas no controle de lagartas ( bicho furo ) mariposa das laranjas

    Ecdytolopha aurantiana (Lima, 1927) (Lepidoptera, Tortricidae) In:

    CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 16., Salvador, 1997.

    Resumos. Salvador: SEB,1997. p. 183.

    POWELL, J.A.; RASOWSKI, J.; BROWWN, R.L. Olethreutinae. In: HEPPNER,

    J.B. (Ed.) Atlas of Neotropical Lepidoptera. Gainesville: Association for

    Tropical Lepidoptera, 1995.

    PRATES, H.S. Resultados recentes do controle do bicho-furo lagarta da

    mariposa das laranjas - Gymnandrosoma aurantianum (Lima, 1927) em

    citros. Informativo Coopercitrus, n.71, p.20-21, 1992.

    PRATES, H.S.; PINTO, W.B.S. Ocorrncia da mariposa das laranjas

    (Gymnandrosoma aurantianumLima, 1927) na citricultura paulista. Laranja,v.9, n.1, p.117-124, 1988.

    PRATES, H.S.; PINTO, W.B.S. Controle do bicho-furo na citricultura.

    Informativo Coopercitrus,n.60, p.18-24, 1991.

    PRATES, H.S.; PINTO, W.B.S. Controle associado do Bicho-furo em

    pomares ctricos. Laranja,v.13, n 2. p. 625-634, 1992.

    PRATES, H.S.; PINTO, W.B.S. Ocorrncia do bicho-furo nas principais reas

    citrcolas paulistas. Laranja,n.16, p.237-242, 1995.

    PRATES, H.S.; PINTO, W.B.S.; CAETANO, A.A. Controle da mariposa das

    laranjas - Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927 (Lepidoptera,

    Olethreutidae). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 6.,

    Recife, 1981. Anais.Recife: SBF, 1981. v.2, p.552-557.

  • 7/25/2019 ecdytolopha

    54/54

    38

    SCHULTZ, E.T. La mariposa de los naranjos (Gymnandrosomasp. ). Revista

    Industrial Agrcola de Tucuman, v.29, p. 87-90, 1939.

    WHITE, G.L. Outbreak of Ecdytolopha aurantiana(Lima) on Citrus in Trinidad.

    FAO Plant Protection Bulletin , v.14, n.2, p.130-132, 1993.

    ZUCCHI, R.A.; SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O. Guia de identificao de

    pragas agrcolas. Piracicaba: FEALQ, 1993. 139p.