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    ARRANJO PRODUTIVO LOCAL EDESENVOLVIMENTO ENDÓGENO:

    UMA APRESENTAÇÃO DO APL DETURISMO NO LITORAL NORTE DOESTADO DE ALAGOAS

    Renata Reis Barreto (UFPE)[email protected]

    Emanuelle de Sales Oliveira (UFPE)[email protected]

    Abraham Benzaquen Sicsú (UFPE)[email protected]

    Com base nas profundas e crescentes transformações trazidas pelo processo de globalização, assim como o declínio de regiões altamenteindustrializadas, o surgimento de regiões com novos paradigmasindustriais, a abertura das economias nacioonais e as mudançassignificativas no modo de produção e organização industrial; o

    presente estudo se propõe a discutir sobre os novos mecanismoscapazes de atender aos desafios propostos pela nova teoria decrescimento econômico. A substituição do desenvolvimento exógeno

    pelo desenvolvimento endógeno, preocupado com a questão das potencialidades locais, resultou na necessidade de abordar novasmaneiras para que grupos de empresas e outras instituições possamalavancar o desenvolvimento regional. Nesse sentido, os aglomeradosde empresa, em especial os arranjos produtivos locais, aparecem comograndes alternativas para o desenvolvimento endógeno. Apenas parademonstrar como os arranjos produtivos localizados podem contribuir

    para o desenvolvimento regional e endógeno, foi apresentado o caso

    do APL Costa dos Corais (arranjo produtivo do turismo no litoralnorte do estado de Alagoas). Esse arranjo surgiu a partir das potencialidades locais, através do envolvimento de diversos atores deinstituições públicas e privadas e em quase dois anos de existência jáapresenta bons resultado.

    Palavras-chaves: Desenvolvimento Endógeno; Arranjo Produtivo Local; Turismo.

    Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

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    1. Introdução

    O processo de globalização trouxe crescentes e profundas transformações no cenáriosocioeconômico dos países. Mudanças importantes no sistema produtivo mundial revelaram anecessidade de tratar a questão regional, mais especificamente, o desenvolvimento de regiõesperiféricas e a mobilização da economia local.O que se pode observar é o surgimento de novos paradigmas no que se refere à questão dodesenvolvimento regional. Antes esse desenvolvimento era pensado de cima para baixo ondese introduziam grandes projetos estruturantes em regiões desfavorecidas, a exemplo dos pólosde desenvolvimento e os complexos industriais. Agora, com a perspectiva dedesenvolvimento endógeno, o novo modelo de desenvolvimento é realizado de baixo paracima, ou seja, parte das potencialidades dos próprios atores locais. (AMARAL FILHO, 1996)

    Segundo Sicsú e Lima (2000) o desenvolvimento de regiões periféricas tem sido discutido pormuitos estudiosos os quais tentam teorizar sobre processos (mecanismos) que podem dealguma maneira não somente explicar, mas estimular o crescimento de regiões com baixograu de dinamismo.Ao se questionar sobre esses mecanismos, os aglomerados de empresas aparecem como umaalternativa de promoção do desenvolvimento regional e endógeno. Dentre os diversos tipos deaglomerados estão os distritos industriais,clusters e arranjos produtivos locais. Estasabordagens apresentam características próprias e heterogêneas, mas de modo geral enfocamgrupos de empresas em torno de atividades afins dentro de um mesmo espaço geográfico.Nesse sentido, o presente artigo pretende discutir como os aglomerados de empresas, emespecial os arranjos produtivos locais, podem contribuir para o desenvolvimento de regiõesmenos favorecidas a partir de fatores endógenos. Em um último momento, será apresentado oarranjo produtivo de turismo no litoral norte de Alagoas. O turismo nesse estado éconsiderado como uma atividade de grande potencial econômico e o arranjo, denominadocomo APL Costa dos Corais, é visto como uma alternativa para o desenvolvimento endógenoda região marcada por grandes diferenças sociais.2. Desenvolvimento regional e endógenoMuito se tem discutido em torno do tema desenvolvimento regional. Segundo Costa e Garcia(2005) essas discussões surgiram a partir da busca de eqüidade entre as regiões e ocorremtanto em países periféricos como em países centrais. Além da eqüidade, Costa e Cunha (2002)acrescentam a preocupação com a preservação do meio-ambiente, a participação dapopulação, a melhoria da qualidade de vida e a democratização como os fatores quecontemplam o novo modelo de desenvolvimento.Este novo modelo parte das potencialidades socioeconômicas do local e realiza odesenvolvimento de baixo para cima o que se contrapõem às formulações tradicionais onde odesenvolvimento era pensado em termos nacionais partindo de cima para baixo edesconsiderando os interesses de grupos políticos regionais ou locais. Pela ótica da teoriamacroeconômica do desenvolvimento a teoria tradicional do crescimento considerava apenasfatores exógenos na determinação do crescimento onde o volume de produção eradeterminado por dois fatores: capital e trabalho. Na nova teoria do crescimento são

    considerados fatores endógenos como: conhecimento, informação, capital humano, pesquisa edesenvolvimento, etc. (AMARAL FILHO, 1996)

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    O declínio de regiões altamente industrializadas juntamente com o surgimento de regiões comnovos paradigmas industriais, a globalização, a abertura das economias nacionais e asmudanças significativas no modo de produção e organização industrial são alguns dos fatores

    que contribuíram para as transformações das teorias de desenvolvimento regional. ParaAmaral Filho (2001) a economia regional deixou de exercer um papel secundário na ciênciaeconômica e passou a representar um papel ativo tanto no que se refere às decisões tomadasem relação ao seu destino como a utilização de seus próprios recursos. Dessa forma, um dos principais desafios desse novo contexto é a incorporação dos atoreslocais no processo de desenvolvimento regional sem, ao mesmo tempo, negligenciar oimportante papel dos governos centrais. Torna-se necessário superar a forma centralizadora detomada de decisões e estabelecer sistemas de cooperação que considerem tanto as diferençasentre as regiões como as preferências dos grupos sociais envolvidos. Essas preocupações sãofundamentais para o alcance da eficiência, eficácia e efetividade de qualquer projeto de

    desenvolvimento local. (COSTA e CUNHA, 2002)Falar em desenvolvimento regional significa estar atento ao desenvolvimento endógeno dedeterminada localização, valorizando o cenário e as potencialidades locais para que se possainvestir em atividades de base local.Amaral Filho (2001:265) define desenvolvimento endógeno “como um processo decrescimento econômico que implica uma contínua ampliação da capacidade de agregação devalor sobre a produção, bem como da capacidade de absorção da região, cujo desdobramentoé a retenção do excedente econômico gerado na economia local e/ou a atração de excedentesprovenientes de outras regiões. Esse processo tem como resultado a ampliação do emprego,do produto e da renda do local ou da região.”

    Nessa mesma linha de raciocínio Haddad (1989) descreve que a concepção e a implementaçãodo processo de desenvolvimento endógeno parte da capacidade de mobilização social epolítica de determinada comunidade de uma localidade ou região.Apesar de existirem diversas abordagens importantes que envolvem a questão dodesenvolvimento regional e endógeno, a intenção deste trabalho não está voltada para adiscussão sobre esse tema em si, mas para os mecanismos que podem de alguma maneiraalavancar o desenvolvimento de uma região aumentando a competitividade e a capacidade deorganização das empresas de determinado local.Nesse sentido, Sicsú e Lima (2000) defendem que os pólos econômicos de base local,caracterizados por atividades econômicas já existentes há um tempo em determinada região,podem ser considerados como uma alternativa criativa para a promoção do desenvolvimentolocal em estados menos favorecidos em relação a orçamentos e externalidades.3. Aglomerados de empresasOs estudos sobre aglomerados de empresa deram um grande salto a partir dos trabalhosdesenvolvidos por Michael Porter (1999). Ao buscar desenvolver uma teoria sobrecompetitividade nacional, estadual e local; em seu trabalho chamado ‘A vantagemcompetitiva das nações’, o conceito de aglomerados ganhou um papel de destaque como meiode obter vantagem competitividade. Para o autor o conceito de aglomerado se traduz como umagrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e instituiçõescorrelatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns e complementares.O mesmo autor ao definir o termo ainda relaciona a busca da competitividade com o conceito

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    de sinergia quando afirma que a inter-relação entre as empresas e instituições componentes dosistema resulta em um todo que é maior que a soma das partes. Dessa forma, pode-se afirmar que a competitividade está associada à idéia de aglomeraçõesde empresas dentro de um determinado espaço geográfico. Podem ser apontados comoexemplos de sucessos em relação ao ganho de competitividade a partir de aglomerações oVale do Silício e a Terceira Itália. Apesar desses exemplos representarem experiências depaíses desenvolvidos, a abordagem de aglomerados para elevar a competitividade dasempresas também tem sido difundida nos países em desenvolvimento. (CASSIOLATO eSZAPIRO, 2003). Entretanto, Porter (1999) argumenta que os aglomerados nas economiasavançadas possuem uma profundidade e amplitude maior, o que os tornam mais visíveis emcomparação aos aglomerados de economias menos favorecidas. O mesmo autor defende queum dos passos para que haja evolução econômica nos países em desenvolvimento é odesenvolvimento de aglomerados que funcionem bem nessas regiões.

    A partir das definições de aglomerados fica claro que o foco de análise em empresasindividuais não é mais o suficiente para entender os fatores que aumentam o desempenhocompetitivo das empresas. É necessário investigar as relações tanto entre as firmas como entreestas e as demais instituições dentro de uma determinada região. (CASSIOLATO eSZAPIRO, 2002). De acordo com Correia e Lins (2003) as empresas integrantes doclusterpossuem como vantagem sobre as empresas que atuam isoladas a alta capacidade dedesenvolver habilidades, eficiência coletiva e competitividade. Esses pensamentoscorroboram com Porter (1999) ao discutir que os aglomerados nas economias estãopredominando no lugar de empresas e setores isolados.De fato, os aglomerados são tomados como objeto de estudo ao tentar explicar o processo de

    desenvolvimento de uma região bem como meio de obter vantagem competitiva no novocenário econômico resultado das mudanças trazidas pela globalização. Os aglomerados sãorepresentados por clusters, distritos industriais e arranjos produtivos locais. Este último foidefinido pela Redesist (2005) como aglomerações territoriais de empresas e instituiçõespúblicas e privadas voltadas para um conjunto específico de atividades econômicas afins,mesmo que esse vínculo seja ainda que incipiente.3.1 Arranjos produtivos como meio de desenvolvimento endógenoNas décadas de 70 e 80 o desenvolvimento de regiões menos favorecidas era baseado emgrandes projetos de investimentos a exemplo dos pólos de desenvolvimento de Perroux e oscomplexos industriais. Acreditava-se que com a implantação de grandes empreendimentos, os

    quais seriam atraídos pela concessão de variados e custosos benefícios fiscais, as empresasâncoras iriam arrastar as outras empresas ao redor em direção ao desenvolvimento. (SICSÚ,LIMA e SILVA, 2006). Esse efeito promovido pelos pólos de desenvolvimento é denominadopor Haddad (1989) como “efeitos de arrasto” onde as empresas motrizes e dinâmicas dessepólo são capazes de introduzir transformações na sua área. Além disso, os pólos dedesenvolvimento estão associados a projetos que envolvem grandes investimentos em umadeterminada localização geográfica, além de apresentar fortes vínculos políticos, sociais,econômicos e institucionais dentro da sua área de influência.A experiência de pólos de desenvolvimento no Brasil deu-se por volta dos anos 50 até os anos70, como estratégias de promover o desenvolvimento de regiões periféricas, por meio doPlano de Metas e do II Plano Nacional de Desenvolvimento. Sicsú, Lima e Silva (2006)acrescentam ainda a política de desenvolvimento regional nas regiões Norte e Nordestepromovida pela Sudam e Sudene respectivamente. Pode-se apontar como grandes projetos de

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    pólos de desenvolvimento e complexos industriais implantados ou em fase de consolidação nonordeste brasileiro: o complexo petroquímico de Camaçari na Bahia; o pólo cloroquímico deAlagoas; o complexo químico-metalúrgico do Rio Grande do Norte; o complexo industrial

    integrado de base do Sergipe, entre outros.Segundo Sicsú, Lima e Silva (2006) tais projetos trouxeram alguns resultados concretos, aexemplo da ampliação da estrutura produtiva, mas por outro lado, questões sociais e atémesmo econômicas ficaram a desejar, além dos altos custos que eram exigidos para aimplantação e manutenção desses projetos. Haddad (1989) aponta os impactos regionais elocais negativos como motivo de críticas ao sistema de pólos de desenvolvimento.Diante disso, tornou-se necessário o desenvolvimento de mecanismos mais articulados com abase econômica local e preocupados com questões sociais e locais como a melhor distribuiçãode renda, controle dos impactos ambientais gerados pelas atividades econômicas doaglomerado e maior participação do setor privado. Ou seja, as estratégias dos pólos dedesenvolvimento não conseguem atender ao novo paradigma do desenvolvimento econômico.Nesse sentido, Lastres e Cassiolato (2003) destacam os arranjos produtivos como osmecanismos ideais para satisfazer as necessidades do novo modelo de desenvolvimento. Paraos autores arranjos produtivos são sistemas produtivos e inovativos locais detentores defatores como interação, cooperação e aprendizagem. Esses fatores quando bem articulados sãocapazes de potencializar a capacidade inovativa endógena, gerando competitividade edesenvolvimento local.4. APL de turismo no litoral norte do estado de Alagoas 4.1 Caracterização do setor de turismo no Brasil e em Alagoas

    O turismo é uma das atividades que mais cresce no país e que assume um papel de grandeimportância para o desenvolvimento do mesmo. Em uma tentativa de definir o termo Cooperet al . (2001) argumentam que é difícil encontrar uma base de coerência conceitual devido àcomplexidade que envolve o turismo, além da imaturidade que apresenta como campo deestudo. Mesmo assim, esses autores afirmam que o turismo pode ser pensado como acombinação de um conjunto amplo de entidades – indivíduos, organizações, empresas elugares – que realizam uma experiência de viagem.Atividade econômica do setor de serviços, o turismo, segundo dados da Setur (2006) e daEmbratur (2001), apresentou em termos internacionais um crescimento médio anual de 4,4%no período de 1975 a 2000, enquanto o crescimento mundial médio no mesmo período,

    medido pelo PIB, foi de 3,5% ao ano. No período de 1995 a 2005 as chegadas internacionaisem todo mundo apresentou um crescimento de 50%, enquanto no Brasil estes númeroscresceram em uma ordem de 170%. Com relação à geração de empregos, em torno de 6 a 8%do total de empregos gerados no mundo dependem do turismo.Conhecida por suas belezas naturais, Alagoas têm o turismo como uma das atividadespotenciais do Estado. De acordo com dados da Secretaria Executiva de Turismo (2006) a taxade ocupação hoteleira no estado foi de 82,2% no primeiro trimestre de 2006 contra 76,4% em2005, o que representa um acréscimo de 7,59%.Ao observar os números que envolvem o turismo fica claro a importância econômica daindústria turística e seus impactos significativos sobre o setor terciário, a população e os

    ambientes. Para Cooper etal. (2001) o turismo representa uma atividade econômica, que sebem gerenciada, pode ser considerada uma alternativa para a realização dos objetivos de

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    desenvolvimento que tem como preocupações a sustentabilidade ambiental, redução dasdesigualdades regionais e sociais, além da criação de postos de trabalho e a geração edistribuição de renda. Todos esses fatores possibilitam a efetiva descentralização do país no

    que se refere ao desenvolvimento. 4.2 Contextualização do APL Costa dos CoraisDiante do que foi exposto pode-se pensar o turismo como uma atividade potencial para odesenvolvimento regional de forma endógena. No caso de Alagoas, a concepção de arranjosprodutivos locais foi o mecanismo adotado como alternativa para esse tipo dedesenvolvimento no setor de turismo. Nesse sentido, foram concebidos dois arranjosprodutivos locais no segmento turístico: APL das Lagoas e o APL Costa dos Corais, arranjospreocupados com o desenvolvimento da atividade nos litorais sul e norte do estadorespectivamente. Vale ressaltar que o presente artigo irá abordar apenas o arranjo que envolveo litoral norte.Constituído por oito municípios – Paripueira, Barra de Santo Antonio, Passo de Camaragibe,São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras, Japaratinga, Maragogi e Porto Calvo - o litoralnorte de Alagoas apresenta uma realidade não muito distante dos demais municípios doestado. A região é marcada por grandes problemas econômicos e sociais, a exemplo do baixoíndice de desenvolvimento humano (IDH) como mostra o Quadro 1.Como pode ser observado o Índice de Desenvolvimento Humano da região é baixo e gera emtorno de 0,590. Esse valor é mais baixo do que o do próprio estado que é de 0,633 o qualrepresenta o menor índice de IDH do país segundo dados do censo IBGE (2000). Asprincipais atividades entre os municípios desenvolvem-se, em geral, dentro de um mesmocontexto onde o turismo aparece como atividade principal em todos os municípios. Isso sedeve ao fato da região abranger uma área litorânea de aproximadamente 1430km2 caracterizada por belas praias com seus recifes de coral e piscinas naturais.

    Municípios Área População IDH médio Principais atividadesParipueira 93km2 8.049 0,617 Apicultura, Laticínio,Ovinocaprinocultura e TurismoBarra de Santo Antonio 138km2 11.351 0,594 Mandioca, Laticínio e TurismoPasso de Camaragibe 187km2 13.755 0,563 Apicultura, Mandioca, Laticínio,Ovinocaprinocultura e TurismoSão Miguel dos Milagres 65km2 5.860 0,621 Mandioca e Turismo

    Porto de Pedras 266km2 10.238 0,499 Mandioca, Ovinocaprinoculturae TurismoJaparatinga 85km2 6.868 0,613 Apicultura, Mandioca,Ovinocaprinocultura e TurismoMaragogi 334km2 21.832 0,619 Apicultura, Mandioca,Ovinocaprinocultura e TurismoPorto Calvo 260km2 23.951 0,599 Apicultura, Mandioca,Ovinocaprinocultura e TurismoFonte: IBGE (Censo 2000) e Sebrae/AL (2006)Quadro 1 – Descrição da área, população, IDH médio e principais atividades referentes aos oito municípios

    O APL de turismo Costa dos Corais é resultado do Programa de Mobilização para o

    Desenvolvimento dos Arranjos e Territórios Produtivos Locais do Estado de Alagoas (PAPL)implantado em agosto de 2004 pelo governo do Estado, por meio da Secretaria Executiva de

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    Planejamento e Orçamento (Seplan), e pelo Sebrae local, juntamente com parceria deinstituições públicas e privadas. O principal objetivo do programa é mobilizar ações coletivasno sentido de estimular processos locais de desenvolvimento, gerando renda e emprego na

    região e, ao mesmo tempo, garantir competitividade e sustentabilidade aos micro e pequenosnegócios. (SEBRAE/AL, 2006)O programa atua em dez Apl’s distribuídos em três segmentos, agronegócios, indústria eserviços. São 62 municípios envolvidos e mais de 27 mil produtores. Contas ainda com aparceria de 60 instituições, dentre elas estão os agentes financeiros como o Banco do Brasil, aCaixa Econômica Federal e o Banco do Nordeste.De acordo com o Plano de Ação do APL elaborado pela Seplan (2004), as potencialidadeslocais estão representadas não só pelos belos recursos naturais como também pelashospedagens oferecidas (com o maiorresort do estado), gastronomia variada (mais de 60estabelecimentos entre bares e restaurantes) e cultura (grandes artesãos). No entanto, o planotambém apresenta os muitos problemas identificados na região no que se refere à tecnologia,capacitação, gestão, promoção e marketing, financeiro e infra-estrutura (especializada epública). Paralelamente são apresentadas as ações a serem aplicadas em cada situação.Para uma melhor compreensão do caso aqui apresentado, o Quadro 2 demonstra de formaresumida as principais variáveis abordadas no plano de ação do APL Costa dos Corais.

    Público Alvo: Micros e pequenos empresários e empreendedores, formais e informais que atuam no setorTurístico da Região. Serão beneficiados 300 empresários ligados às atividades turísticas e 150 artesãos.Objetivo: Transformar a região do Litoral Norte de Alagoas em um destino turístico consolidado esustentável.Foco Estratégico:Preservação dos meios naturais; expansão e melhoria no meio artificial (sistema viário,

    hospedagem, alimentação, comunicação, serviços públicos, etc...); formação profissional; sensibilizaçãoda comunidade para a importância do turismo; estratégias de marketing, (seleção do mercado,posicionamento, linhas de produto). Premissas:Observância das diretrizes do Plano Nacional de Turismo; observância das diretrizes do PlanoEstadual de Turismo; correta aplicação da legislação ambiental; busca da sinergia entre o poder público, ainiciativa privada e as entidades de classe. Identificação dos principais problemas e desenvolvimento de ações nas seguintes áreas: Tecnologia,marketing, infra-estrutura, financeira, capacitação e gestão. Atores envolvidos: proprietários de pousadas, hotéis, bares, restaurantes e comércios locais;associação dos artesãos;Projeto Integrado Ação e Cidadania; ASSAMAL; SEBRAE-AL; Associaçãocomercial de Porto Calvo; Secretaria Executiva de Turismo; Secretaria de Meio Ambiente; SecretariaExecutiva de Agricultura; Centro de ensino superior de Maceió; Prefeitura dos municípios; ProjetosRecifes Costeiros; Propriedade rural; Caixa Econômica Federal; Secretaria de Planejamento e Orçamento.

    Fonte: Plano de Ação do APL Costa dos Corais (2004), adaptado pelos autores.

    Quadro 2 – Resumo das variáveis abordadas no Plano de Ação do APL Costa dos Corais

    4.2.1 Principais resultados alcançadosEm quase dois anos de existência, o Arranjo Produtivo Local Costa dos Corais já apresentouresultados significativos. O ano de 2005 foi marcado pelo alto volume de ações desenvolvidase pela presença de todos os parceiros segundo o Serviço Brasileiro de apoio a micro epequenas empresas de Alagoas (SEBRAE/AL, 2006).Segue abaixo as principais ações e resultados alcançados pelo APL até o momento, segundo oSebrae/Al (2006):

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    − O arranjo conseguiu envolver 643 empreendedores, 8 municípios, uma associação deempresários com 51 associados e cinco associações de artesãos.

    − Promoção e participação em um total de 68 eventos os quais envolveram 2.516participantes. Esse fator foi fundamental para a divulgação do turismo desenvolvido nolitoral norte, além de promover o artesanato ali desenvolvido.

    − Criação do centro de informações turísticas no município de Maragogi, apresentando asatrações e os passeios oferecidos na região.

    − Projeto Funcred por meio do apoio do Banco Cidadão para o artesanato local.− Desenvolvimento e promoção de roteiros integrados nos oito municípios que compõem o

    arranjo.− Início do processo de negociação para licenciamento ambiental.− Realização de pesquisa de mercado em sete estados brasileiros (Alagoas, Pernambuco,

    Sergipe, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Goiás)−

    Participação dos empresários na BNTM (Brazil National Tourism Mart). Consideradauma das mais importantes bolsas de negócios de turismo do país, a BTM é promovidapela Fundação Comissão de Turismo Integrado do Nordeste. Seu principal objetivo éestimular o turismo internacional no Brasil, em especial no nordeste. Esse eventopossibilitou a apresentação dos diversos destinos turísticos do litoral norte, bem como osprodutos e serviços oferecidos.

    − Participação no II Salão Brasileiro de Turismo− Melhoria da qualidade do artesanato− Fortalecimento das associações de artesãos.Também pode ser observado um maior desenvolvimento quanto à qualificação dosprofissionais e empresários da região. Nesse sentido, a parceria desenvolvida com o SenacAlagoas foi de fundamental importância para a capacitação de mão-de-obra. Por meio daunidade móvel foi possível desenvolver, no município de Maragogi, cursos de garçom,governança hoteleira, serviços de atendimento em bares e restaurantes, cozinheiro auxiliar derestaurante, informante turístico e reciclagem de resíduos sólidos. No total foram mais de 200beneficiados em toda região.5. ConclusõesO presente artigo representou uma tentativa de discutir como os aglomerados de empresas, emespecial os arranjos produtivos locais, podem ser considerados como mecanismos capazes depromover o desenvolvimento regional e endógeno de regiões com baixo dinamismo.

    Para isso, em primeiro lugar foi discutido sobre as mudanças do paradigma dedesenvolvimento trazidas pelo processo de globalização da economia. Até a década de 80 odesenvolvimento de uma região era pensado de forma exógena, ou melhor, eram consideradosapenas fatores de natureza externa totalmente fora do controle local. Nesse contexto, os pólosde desenvolvimento foram os mecanismos adotados para alavancar o desenvolvimento deregiões menos favorecidas por meio de grandes projetos de investimentos. No Brasil essemecanismo está representado pelo Plano de Metas, pelo II Plano Nacional deDesenvolvimento, além das políticas de desenvolvimento regional nas regiões Norte eNordeste. Embora os pólos de desenvolvimento tenham trazidos alguns benefícios, o que sepôde verificar foi uma oposição às exigências e desafios trazidos pelo novo modelo dedesenvolvimento: o desenvolvimento regional e endógeno.Esse novo modelo parte das potencialidades socioeconômicas do local (movimento de baixo

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    para cima) e considera fatores como conhecimento, informação, capital humano, pesquisa edesenvolvimento, fundamentais no processo de desenvolvimento regional. Surge então, anecessidade de abordar mecanismos contrários aos conceitos de pólos de desenvolvimento.

    Nesse sentido, os aglomerados de empresas aparecem como os mecanismos mais adequadospara atender aos desafios proposto pelo novo contexto de desenvolvimento regional nos quaisos arranjos produtivos locais podem ser considerados como um tipo de aglomerado capaz depromover o desenvolvimento endógeno, já que constituem em um conjunto de empresas einstituições dentro de um determinado espaço com o objetivo de aumentar a participação edesenvolvimento da região a partir das potencialidades locais e da articulação de diversosatores.Em relação ao caso aqui apresentado pode-se afirmar que o Arranjo Produtivo de TurismoCosta dos Corais no litoral norte do estado de Alagoas pode ser considerado um aglomeradocom todo o potencial necessário para alavancar a economia daquela região de maneiraendógena. Com a participação de diversos atores tanto de setores públicos como privados, oarranjo parte da potencialidade do local traduzida pela atividade turística e tem comopreocupações a redução das diferenças sociais e a promoção do desenvolvimento local.Diante do exposto se reconhece que o arranjo produtivo local do segmento turístico no litoralnorte de Alagoas, APL Costa dos Corais, pode ser abordado como objeto de estudos futurosque englobem a questão do aglomerado como uma maneira nova e complementar decompreender o novo modelo de desenvolvimento regional baseado em fatores endógenos. ReferênciasAMARAL FILHO, J. Desenvolvimento regional endógeno em um ambiente federalista. Planejamento ePolíticas Públicas. n. 14, p. 35-70, dez. 1996.AMARAL FILHO, J. A endogeneização no desenvolvimento econômico regional e local. Planejamento e Políticas Públicas. n. 23, p. 261-286, jun. 2001.BRASIL. Instituto brasileiro de geografia e estatística.Censo 2000. Brasília: IBGE, 2000. Disponível em:. Acesso em: 01 jul. 2006.BRASIL. Embratur. Anuário estatístico EMBRATUR . Brasília: EMBRATUR, 2001. 156 p. Disponível em:. Acesso em: 02 jul. 2006.BRASIL. Secretaria executiva de planejamento e orçamento.Plano de Ação : APL Turismo Costa dos Corais.Programa de mobilização para o desenvolvimento dos arranjos e territórios produtivos locais do estado deAlagoas. Alagoas: SEPLAN, 2004. 52 p.BRASIL. Ministério do turismo. Secretaria executiva do turismo. Livreto Turismo no Brasil 2007 - 2010.Brasília: SETUR, 2006. 133 p. Disponível em: . Acesso em: 17 jul. 2006.CASSIOLATO, J. E. & SZAPIRO, M. Arranjos e sistemas produtivos inovativos locais no Brasil. Rio deJaneiro: Redesist, 2002. Disponível em: < http://www.ie.ufrj.br/redesist/>. Acesso em: 27 jun. 2006.CASSIOLATO, J. E. & SZAPIRO, M. Uma caracterização de arranjos produtivos locais de micro e pequenasempresas. In: LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E.; MACIEL, M. L.Pequena empresa: cooperação edesenvolvimento local. Rio de Janeiro: Relume Dumará Editora, 2003. cap. 2.COOPER, C., et al . Turismo: princípios e práticas . 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. cap.1.CORREIA, P. C. & LINS, H. N. Clusters : a união de pequenas e médias empresas como elemento facilitadordo crescimento econômico. In: II ECOPAR., v. 2, 2003, Maringá. Anais... Maringá: UEM-UEL-UEPG-UNIOESTE-IPARDES, 2003, p. 275- 288.

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