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MINISTRIO DA SADESecretaria de Polticas da Sade
Departamento de Ateno Bsica
Controle da Hansenase na
Ateno Bsica
GUIA PRTICO PARA PROFISSIONAIS DA EQUIPE DESADE DA FAMLIA
Srie A. Normas e Manuais Tcnicos, n. 111
Braslia
Maro, 2001
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2001. Ministrio da Sade permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.Srie A. Normas e Manuais tcnicos; n. 111Tiragem: 15 mil exemplares
Edio, informao e distribuio
Ministrio da SadeSecretaria de Polticas de SadeDepartamento de Ateno BsicaEsplanada dos Ministrios, bloco G, 7.andarCEP: 70058-900 Braslia DFTel.: (61) 321 3452 e 315 2546Fax: (61) 226 4340E-mail: [email protected]
Elaborao:Maria Bernadete Rocha Moreira (MS/SPS/DAB)Milton Menezes da Costa Neto (MS/SPS/DAB)
Impresso no Brasil/Printed in Brazil
Ficha Catalogrfica
Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Polticas de Sade. Departamento de AtenoBsica.Controle da hansenase na ateno bsica: guia prtico para profissionais da equipe de
sade da famlia / Ministrio da Sade, Secretaria de Polticas de Sade, Departamento deAteno Bsica; elaborao de Maria Bernadete Moreira e Milton Menezes da CostaNeto. Braslia: Ministrio da Sade, 2001.
84p.: il. (Srie A. Normas e Manuais tcnicos; n.111)
ISBN
1. Hansenase Sade da Famlia Profissional de Sade. I. Moreira, Maria Berna-dete Rocha. II. Costa Neto, Milton Menezes. III. Ttulo. IV. Srie.
CDU 616.982.2NLM WC 335
DB 8
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Sumrio
Apresentao ............................................................................................................. 5
1 Introduo ............................................................................................................... 6
2 Aspectos Epidemiolgicos...................................................................................... 72.1 Agente etiolgico............................................................................................... 7
2.2 Modo de contgio e fonte de infeco............................................................... 7
3 Aspectos Clnicos................................................................................................... 93.1 Sinais e sintomas dermatolgicos ..................................................................... 9
3.2 Sinais e sintomas neurolgicos ....................................................................... 10
4 Diagnstico........................................................................................................... 124.1 Introduo........................................................................................................ 12
4.2 Diagnstico clnico........................................................................................... 13
4.2.1 Anamnese ................................................................................................. 13
4.2.2 Avaliao dermatolgica............................................................................ 14
4.2.3 Avaliao neurolgica................................................................................ 15
4.2.4 Estados reacionais .................................................................................... 31
4.3 Diagnstico laboratorial ................................................................................... 334.4 Diagnstico diferencial da hansenase ............................................................ 33
4.4.1 Diagnstico diferencial em relao a outras doenas dermatolgicas ...... 33
4.4.2 Diagnstico diferencial em relao a outras doenas neurolgicas .......... 34
5 Tratamento ........................................................................................................... 355.1 Tratamento quimioterpico.............................................................................. 36
5.1.1 Esquema paucibacilar padro OMS.......................................................... 36
5.1.2 Esquema multibacilar padro OMS........................................................... 38
5.1.3 Esquemas de tratamento para crianas .................................................... 39
5.2 Durao e critrio de alta................................................................................. 39
5.3 Intercorrncias durante o tratamento PQT ...................................................... 40
5.4 Pessoas em situaes especiais..................................................................... 48
5.5 Acompanhamento das intercorrncias ps-alta............................................... 49
5.6 Preveno e tratamento de incapacidades...................................................... 50
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6 Vigilncia Epidemiolgica..................................................................................... 666.1 Descoberta de casos....................................................................................... 67
6.2 Sistema de informao.................................................................................... 70
6.2.1 Notificao do caso ................................................................................... 71
6.2.2 Acompanhamento de casos ...................................................................... 71
7 Previso de atividades ......................................................................................... 73
8 Suprimento de medicamentos.............................................................................. 74
9 Atribuies dos profissionais da equipe de sade................................................ 76
10 Atividades desenvolvidas nas Unidades de Sade............................................ 8110.1 Unidade da sade da famlia ........................................................................ 81
10.2 Centro de Sade/Ambulatrio Especializado ............................................... 8110.3 Centro de Referncia / Hospitais Gerais ....................................................... 82
Referncia Bibliogrfica............................................................................................ 83
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1 Introduo
A Hansenase, desde a antigidade, tem sido considerada uma doena contagio-
sa, mutilante e incurvel, provocando uma atitude preconceituosa de rejeio e discrimina-
o de seu portador, sendo este, normalmente, excludo da sociedade.
A partir de 1940, de forma revolucionria, a dapsona e seus derivados passam a
ser utilizados no tratamento das pessoas com hansenase, em regime ambulatorial, tornan-
do o isolamento em leprosrios no mais necessrio. A hansenase comeou a ser, ento,
encarada como um problema de sade pblica e seu tratamento apontado como atividade
dos servios gerais de sade.
A lenta melhora do quadro clnico com a utilizao exclusiva da dapsona, associ-
ada ao desenvolvimento pelos bacilos de resistncia ao medicamento, levaram reduo
gradativa da eficcia da droga.
Frente a essa realidade, a Organizao Mundial da Sade (OMS), em 1981, re-
comendou um novo tratamento quimioterpico para a hansenase, que passou a ser adota-
do pelo Ministrio da Sade: apoliquimioterapia (PQT).
A PQT padro OMS, combinando vrios medicamentos com administrao asso-
ciada, um tratamento simples, relativamente barato e bem aceito pelas pessoas que dele
necessitam. Ele interrompe a cadeia de transmisso, fazendo com que seja possvel a eli-
minao da doena e a preveno da ocorrncia de incapacidades fsicas. Sua ao efici-
ente vem reduzindo a prevalncia global da doena sendo possvel garantir sua cura, redu-
zindo, assim, o grande e histrico estigma ligado ao seu portador e sua discriminao e ex-
cluso social.
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2 Aspectos Epidemiolgicos
A hansenase uma doena infecto-contagiosa, de evoluo lenta, que se ma-
nifesta principalmente atravs de sinais e sintomas dermatoneurolgicos: leses na pele e
nos nervos perifricos, principalmente nos olhos, mos e ps.
O comprometimento dos nervos perifricos a caracterstica principal da doena
e lhe d um grande potencial para provocar incapacidades fsicas que podem, inclusive,
evoluir para deformidades. Estas incapacidades e deformidades podem acarretar alguns
problemas, tais como diminuio da capacidade de trabalho, limitao da vida social e pro-
blemas psicolgicos. So responsveis, tambm, pelo estigma e preconceito contra a doen-
a.
2.1 Agente etiolgico
A hansenase causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen,
que um parasita intracelular obrigatrio, com afinidade por clulas cutneas e por clulas
dos nervos perifricos, que se instala no organismo da pessoa infectada, podendo se multi-
plicar. O tempo de multiplicao do bacilo lento, podendo durar de 11 a 16 dias.
2.2 Modo de contgio e fonte de infeco
O homem considerado a nica fonte de infeco da hansenase. O contgiose
d atravs de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, no tratada, que o elimi-
na para o meio exterior contagiando outras pessoas.
A principal via de eliminao do bacilo pelo indivduo doente de hansenase e a
mais provvel via de entrada do bacilo no organismo passvel de ser infectado, so as vias
areas superiores o trato respiratrio. Existe, tambm, a possibilidade de penetrao dobacilo atravs da pele, quando esta no se apresenta ntegra. No entanto, para que a
transmisso do bacilo ocorra, necessrio um contato direto com a pessoa doente no tra-
tada.
O bacilo Mycobacterium lepraetem a capacidade de infectar um grande nmero
de pessoas, no entanto, poucas pessoas adoecem, pois o organismo da maioria delas apre-
senta resistncia ao bacilo, destruindo-o. Mesmo em populaes que vivem em situaes de
alta prevalncia da doena, somente 10% das pessoas adoecem.
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O aparecimento da doena na pessoa infectada pelo bacilo e suas diferentes
manifestaes clnicas dependem da resposta do sistema imunolgico do organismo atingi-
do e pode ocorrer aps um longo perodo de incubao, de 2 a 7 anos.
A hansenase pode atingir pessoas de todas as idades, de ambos os sexos, noentanto, raramente ocorre em crianas. Observa-se que crianas, menores de quinze anos,
adoecem mais quando h uma maior endemicidade da doena. H uma incidncia maior da
doena nos homens do que nas mulheres, na maioria das regies do mundo.
Alm das condies individuais, outros fatores relacionados aos nveis de ende-
mia e s condies socioeconmicas desfavorveis, assim como condies precrias de
vida e de sade e o alto ndice de ocupao das moradias, influem no risco de adoecer.
Dentre as pessoas que adoecem, algumas apresentam resistncia ao bacilo,
constituindo os casos Paucibacilares (PB), que abrigam um pequeno nmero de bacilos no
organismo, insuficiente para infectar outras pessoas. Os casos Paucibacilares, portanto, no
so considerados importantes fontes de transmisso da doena devido sua baixa carga
bacilar. Algumas pessoas podem at curar-se espontaneamente.
Um nmero menor de pessoas no apresenta resistncia ao bacilo o qual se
multiplica no seu organismo passando a ser eliminado para o meio exterior, podendo infec-tar outras pessoas. Estas pessoas constituem os casos Multibacilares (MB), que soa fonte
de infeco e manuteno da cadeia epidemiolgica da doena.
Quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterpico, ela deixa de ser
transmissora da doena, pois as primeiras doses da medicao tornam os bacilos inviveis,
isto , incapazes de infectar outras pessoas.
O diagnstico precoce da hansenase e o seu tratamento adequado
previnem a evoluo da doena, bem como as incapacidades fsicas
e sociais por ela provocadas.
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3 Aspectos Clnicos
A hansenase manifesta-se atravs de sinais e sintomas dermatolgicos e neu-
rolgicos que podem levar suspeio diagnstica da doena. As alteraes neurolgicas
podem causar incapacidades fsicas que podem evoluir para deformidades.
3.1 Sinais e sintomas dermatolgicos
A hansenase manifesta-se atravs de leses de pele que se apresentam com
diminuio ou ausncia de sensibilidade: leses dormentes.
As leses mais comuns so:
manchas esbranquiadas ou avermelhadas alteraes na cor da pele;
placas alteraes na espessura da pele, de forma localizada, com bordaselevadas;
infiltraes alteraes na espessura da pele, de forma difusa, sem bordas;
tubrculos caroos externos;
ndulos caroos subcutneos (fig.1).
Fig. 1 - Tipos de leses
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Estas leses podem estar localizadas em qualquer regio do corpo e podem,
tambm, acometer a mucosa nasal e a cavidade oral. Ocorrem, porm, com maior freqn-
cia, na face, orelhas, ndegas, braos, pernas e costas.
Nahansenase,as leses de pelesempreapresentam alterao de sensibilida-de. Esta uma caracterstica que as diferencia das leses de pele provocadas por outras
doenas dermatolgicas.
A sensibilidade nas leses pode estar diminuda (hipoestesia), ou ausente (anes-
tesia). Na fase inicial da leso, porm, pode haver um aumento da sensibilidade (hipereste-
sia).
3.2 Sinais e sintomas neurolgicos
A hansenase manifesta-se, no apenas atravs de leses de pele, mas, tam-
bm, atravs de leses nos nervos perifricos.
Essas leses so decorrentes de processos inflamatrios dos nervos perifricos
(neurites) que podem ser causadas tanto pela ao do bacilo nos nervos como pela reao
do organismo ao bacilo. Podem provocar incapacidades e deformidades pela alterao de
sensibilidade nas reas inervadas pelos nervos comprometidos. Elas manifestam-se atravs
de:
dor e espessamento dos nervos perifricos;
perda de sensibilidade nas reas inervadas por esses nervos, principalmente
nos olhos, mos e ps;
perda de fora nos msculos inervados por esses nervos principalmente nas
plpebras e nos membros superiores e inferiores.
A neurite, geralmente, manifesta-se atravs de um processo agudo, acompanha-
do de dor intensa e edema. No incio, no h evidncia de comprometimento funcional do
nervo, mas, freqentemente, a neurite torna-se crnica e passa a evidenciar esse compro-
metimento atravs da perda da capacidade de suar, causando ressecamento na pele. H
perda de sensibilidade, causando dormncia e perda da fora muscular, causando paralisia
nas reas inervadas pelos nervos comprometidos. Alguns casos, porm, apresentam altera-
es de sensibilidade e alteraes motoras (perda de fora muscular) sem sintomas agudos
de neurite: neurite silenciosa.
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As leses neurais aparecem nas diversas formas da doena, sendo freqentes
nos Estados Reacionais.
EVOLUO DA DOENA
As pessoas, em geral, tm imunidade para o Mycobacterium le-
prae. A maioria das pessoas no adoece. Entre as que adoecem, o grau de
imunidade varia e determina a evoluo da doena.
A doena, inicialmente, manifesta-se atravs de leses de pele:
manchas esbranquiadas ou avermelhadas que apresentam perda de sen-
sibilidade, sem evidncia de leso nervosa troncular. Estas leses de pele
ocorrem em qualquer regio do corpo, mas, com maior freqncia, na face,
orelhas, ndegas, braos, pernas e costas. Podem, tambm, acometer a
mucosa nasal.
Com a evoluo da doena, manifestam-se as leses nos nervos,
principalmente nos troncos perifricos. Podem aparecer nervos engrossa-
dos e doloridos, diminuio de sensibilidade nas reas inervadas por eles:
olhos, mos e ps, e diminuio da fora dos msculos inervados pelos
nervos comprometidos. Essas leses so responsveis pelas incapacida-
des e deformidades caractersticas da hansenase.
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4 Diagnstico
4.1 Introduo
O processo de diagnstico da hansenase realizado atravs do exame clnico,quando se busca os sinais dermatoneurolgicos da doena.
considerado um caso de hansenase a pessoa que apresenta um ou mais si-
nais e sintomas caractersticos da doena leses de pele, com alterao de sensibilidade;
espessamento neural acompanhado de alterao de sensibilidade e baciloscopia positiva
para Mycobacterium leprae, com ou sem histria epidemiolgica.
Atravs da avaliao dermatoneurolgica so identificados, tambm, os estadosreacionais ou reaes hansnicas, quando h uma exacerbao dos sinais e sintomas da
Hansenase.
Faz-se necessrio o diagnstico diferencial com outras doenas dermatolgicas
e neurolgicas com sinais e sintomas semelhantes aos da hansenase.
O Diagnstico portanto, baseia-se na identificao desses sinais e sintomas.
Uma vez diagnosticado, o caso de hansenase deve ser classificado, operacio-
nalmente, para fins de tratamento. Esta classificao tambm feita com base nos sinais e
sintomas da doena:
Paucibacilares (PB): casos com 5 leses de pele e ou apenas um tronco
nervoso acometido;
Multibacilares (MB): casos com > 5 leses de pele e ou mais de um tronco
nervoso acometido.
O diagnstico da doena e a classificao operacional do paciente em Pauci ou
em Multibacilar importante para que possa ser selecionado o esquema de Tratamento
Quimioterpico adequado ao caso.
A identificao do comprometimento neural e da incapacidade fsica do paciente,
para que possam ser tomadas Medidas de Preveno e Tratamento de Incapacidades e de
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Deformidades so importantes para a orientao de uma prtica regular de auto cuidados,
pelo paciente.
4.2 Diagnstico clnico
O diagnstico clnico realizado atravs do exame fsico da pessoa, para se fa-
zer sua avaliao dermatoneurolgica, buscando-se identificar sinais clnicos da doena.
Antes, porm, de se dar incio ao exame fsico, deve-se fazer a anamnese buscando infor-
maes sobre a sua histria clnica, ou seja, sobre a presena de sinais e sintomas derma-
toneurolgicos caractersticos da doena e sobre a sua histria epidemiolgica, ou seja,
sobre a sua fonte de infeco.
O processo de diagnstico clnico constitui-se das seguintes atividades:
Anamnese obteno da histria clnica e epidemiolgica;
avaliao dermatolgica identificao de leses de pele com alterao de
sensibilidade;
avaliao neurolgica identificao de neurites, incapacidades e deformida-
des;
diagnstico dos estados reacionais;
diagnstico diferencial;
classificao do grau de incapacidade fsica.
4.2.1 Anamnese
A anamnese deve ser realizada buscando informaes sobre os sinais e sinto-
mas da doena e sobre a sua epidemiologia.
A pessoa deve ser ouvida com muita ateno e as dvidas devem ser pronta-
mente esclarecidas, procurando reforar a relao de confiana existente entre
o indivduo e os profissionais de sade.
Devem ser registrados cuidadosamente no pronturio todas as informaes
obtidas, pois elas sero teis para a concluso do diagnstico da doena, para
o tratamento e para o acompanhamento do caso.
importante que seja detalhada a ocupao da pessoa e suas atividades di-
rias.
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Alm das questes rotineiras da anamnese, fundamental que sejam identifi-
cadas as seguintes questes: alguma alterao na sua pele manchas, pla-
cas, infiltraes, tubrculos, ndulos, e h quanto tempo eles apareceram;
possveis alteraes de sensibilidade em alguma rea do seu corpo; presena
de dores nos nervos, ou fraqueza nas mos e nos ps e se usou algum medi-camento para tais problemas e qual o resultado.
As pessoas que tm hansenase, geralmente, queixam-se de
manchas dormentes na pele, dores, cimbras, formigamento, dormncia e
fraqueza nas mos e ps.
A investigao epidemiolgica muito importante para se des-
cobrir a origem da doena e para o diagnstico precoce de novos casos de
hansenase.
4.2.2 Avaliao dermatolgica
A avaliao dermatolgica visa identificar as leses de pele prprias da hansen-
ase, e para pesquisar a sensibilidade nas mesmas. A diminuio, ou ausncia de sensibili-
dade nas leses de pele uma caracterstica tpica da hansenase. Ela inclui, portanto, a
identificao das leses de pele e a pesquisa de sensibilidade.
Deve ser feita uma inspeo de toda superfcie corporal da pessoa, procurando
identificar as reas acometidas por leses de pele. As reas onde as leses ocorrem com
maior freqncia so: face, orelhas, ndegas, braos, pernas e costas, mas elas podem
ocorrer, tambm, na mucosa nasal.
Devem ser realizadas as seguintes pesquisas de sensibilidade nas leses de
pele: trmica, dolorosa, e ttil, que se complementam.
A pesquisa de sensibilidade nas leses de pele, ou em reas
suspeitas, um recurso muito importante no diagnstico da hansenase e
deve ser executada com pacincia e preciso.
A pesquisa de sensibilidade trmica nas leses e nas reas suspeitas deve ser
realizada, sempre que possvel, com dois tubos de vidro, um contendo gua fria e o outro
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gua aquecida. Deve-se ter o cuidado da temperatura da gua no ser muito elevada (aci-
ma de 450C), pois neste caso poder despertar sensao de dor, e no de calor.
A explicao prvia do procedimento fundamental.
Devem ser tocadas a pele s e a rea suspeita com a extremidade dos tubos frio
e quente, alternadamente e solicitada pessoa para que identifique as sensaes de frio e
de calor (quente). As respostas como menos frio, ou menos quente devem tambm ser valo-
rizadas nessa pesquisa.
Na impossibilidade de se fazer o teste com gua quente e fria, pode-se utilizar
um algodo embebido em ter como procedimento alternativo. Nesse caso, a pele s e a
rea suspeita devem ser tocadas, alternadamente, com um pedao de algodo embebido
em ter e pessoa deve ser solicitado que diga quando tem a sensao de frio, sendo
comparado os resultados do toque na pele s e na rea suspeita.
J a pesquisa de sensibilidade ttil nas leses e nas reas suspeitas apenas
com uma mecha fina de algodo. Da mesma forma, devendo ser explicada para a pessoa
examinada antes de sua realizao.
A pele s e a rea suspeita devem ser tocadas, alternadamente, com a mechade algodo e ao indivduo examinado perguntado se sente o toque. Aps a comparao
dos resultados do toque, pode-se concluir sobre a alterao de sensibilidade ttil nas leses
ou nas reas suspeitas.
Muitas vezes este teste pode apresentar resultado normal, embora a sensibilida-
de trmica e dolorosa j estejam alteradas.
4.2.3 Avaliao neurolgica
A hansenase essencialmente uma doena dos nervos perifricos. O processo
inflamatrio desses nervos (neurite) um aspecto importante da hansenase. Clinicamente,
a neurite pode ser silenciosa, sem sinais ou sintomas, ou pode ser evidente, aguda, acom-
panhada de dor intensa, hipersensibilidade, edema, perda de sensibilidade e paralisia dos
msculos.
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No estgio inicial da doena a neurite hansnica no apresenta um dano neural
demonstrvel. Contudo, freqentemente, a neurite torna-se crnica e evolui, passando a
evidenciar o comprometimento dos nervos perifricos: a perda da capacidade de suar (ani-
drose), a perda de pelos (alopecia), a perda das sensibilidades trmica, dolorosa e ttil, e a
paralisia muscular.
Os processos inflamatrios podem ser causados tanto pela ao do bacilo nos
nervos, como pela resposta do organismo presena do bacilo, provocando leses neurais
que podem causar incapacidades e deformidades dor e espessamento dos nervos perif-
ricos, alterao de sensibilidade e perda de fora nos msculos inervados por esses nervos,
principalmente nas plpebras e nos membros superiores e inferiores.
Os profissionais de sade devem ter, sempre, uma atitude de vigilncia em rela-o ao potencial incapacitante da doena, causado pelo comprometimento dos nervos peri-
fricos. Por isso muito importante que a avaliao neurolgica do portador da hansenase
seja feita com freqncia para que possam, precocemente, ser tomadas as medidas ade-
quadas de preveno e tratamento de incapacidades fsicas.
Assim sendo, a avaliao neurolgica deve ser realizada no processo de dia-
gnstico, semestralmente e na alta do tratamento, na ocorrncia de neurites e reaes ou
quando houver suspeita das mesmas, durante ou aps o tratamento PQT e sempre quehouver queixas.
Os principais nervos perifricos acometidos na hansenase so os que passam:
pela face trigmio e facial, que podem causar alteraes na face, nos olhos
e no nariz;
pelos braos radial, ulnar e mediano, que podem causar alteraes nos
braos e mos;
pelas pernas fibular comum e tibial posterior, que podem causar alteraes
nas pernas e ps.
A identificao das leses neurolgicas feita atravs da avaliao neurolgica e
constituda pela inspeo dos olhos, nariz, mos e ps, palpao dos troncos nervosos
perifricos, avaliao da fora muscular e avaliao de sensibilidade nos olhos, mos e ps
(vide Manual de Preveno de Incapacidades e Manual de Procedimentos para a Execuo
das Atividades de Controle de Hansenase, publicados pelo Ministrio da Sade).
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a) inspeo dos olhos, nariz, mos e ps
A inspeo dos olhos objetiva verificar os sinais e sintomas decorrentes da presena do
bacilo e do comprometimento dos nervos que inervam os olhos. Consiste em perguntar ao
indivduo se sente ardor, coceira, vista embaada, ressecamento dos olhos, plpebras pe-
sadas, lacrimejamento, ou outros sintomas. Deve ser verificado se existem ndulos, infiltra-
es, secreo, vermelhido (hiperemia), ausncia de sobrancelhas (madarose), clios in-
vertidos (triquase), everso (ectrpio) e desabamento da plpebra inferior (lagoftalmo), ou
opacidade da crnea. Ainda deve ser verificado se h alterao no contorno, tamanho e
reao das pupilas, e se o fundo das mesmas apresenta-se preto ou esbranquiado (figs. 2
e 3).
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Fig. 2 Exame dos olhos: inspeo
Fig. 3 - Inspeo da plpebra superior
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J a inspeo do nariz feita para se verificar os sinais e sintomas decorrentes
da presena do bacilo e o comprometimento da mucosa e da cartilagem do nariz. Para tan-
to, pergunta-se se o nariz est entupido e se h sangramento ou ressecamento do mesmo.
Deve ser feita uma inspeo do nariz, verificando as condies da pele, da mucosa e do
septo nasal, bem como se h perfurao do septo nasal, desabamento do nariz ou outrossinais caractersticos da doena. A mucosa deve ser examinada, verificando se h alterao
na cor, na umidade (muita secreo ou ressecamento), e se h crostas, atrofias, infiltrao
ou lceras na mucosa.
A inspeo das mos serve para verificar os sinais e sintomas decorrentes do
comprometimento dos nervos que inervam as mos, devendo, para tanto, ser questionado
sobre a possvel diminuio da fora, dormncia, ou outros sintomas. Inclui, tambm, a veri-
ficao da existncia de ressecamento, calosidades, fissuras, ferimentos, cicatrizes, atrofiasmusculares e reabsores sseas (perda de uma ou mais falanges dos dedos, ou parte de
uma delas).
A inspeo dos ps verifica os sinais e sintomas decorrentes do comprometi-
mento dos nervos que inervam os ps. Compreende a investigao sobre a possvel exis-
tncia de dor, dormncia, perda de fora, inchao, ou outros sintomas. Deve ser verificado
se h ressecamento, calosidades, fissuras, ferimentos, lceras, cicatrizes, reabsores s-
seas, atrofias musculares, ou outros sintomas. A observao do modo de andar da pessoaque pode apresentar caractersticas de comprometimento neural (p cado) no pode deixar
de ser feita.
b) palpao dos troncos nervosos perifricos
Este procedimento visa verificar se h comprometimento dos nervos que inervam as
mos e os ps, visando prevenir leses neurais e incapacidades.
O profissional de sade deve sentar-se de frente para a pessoa que est sendo
examinada posicionando-a de acordo com a descrio especfica da tcnica de palpao de
cada nervo.
O nervo deve ser palpado com as polpas digitais do segundo e terceiro dedos,
deslizando-os sobre a superfcie ssea, acompanhando o trajeto do nervo, no sentido de
cima para baixo. No se deve esquecer que se os nervos estiverem inflamados podero
estar sensveis ou doloridos, merecendo cuidado e pouca fora ao serem palpados (figs. 4,
5, 6, 7 e 8).
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Fig. 4 Palpao do nervo ulnar
Fig. 5 - Palpao do nervo mediano
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Fig. 6 - Palpao do nervo radial
Fig. 7 Palpao do nervo fibular
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Fig. 8 - Palpao do nervo tibial posterior
Deve-se verificar em cada nervo palpado:
se h queixa de dor espontnea no trajeto do nervo;
se h queixa de choque ou de dor nos nervos durante a palpao; se h simetria do nervo palpado com o nervo correspondente, no lado oposto;
se h espessamento do nervo;
se h alterao na consistncia do nervo: se h endurecimento;
se h alterao na forma do nervo: se existem abcessos e ndulos;
se o nervo apresenta aderncia aos planos profundos.
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c) avaliao da fora muscular
A avaliao da fora muscular tem o objetivo de verificar se existe comprometi-
mento funcional dos msculos inervados pelos nervos que passam pela face, mos e ps.
Este comprometimento evidenciado pela diminuio ou perda da fora muscular (ver Ma-nual de Preveno de Incapacidades/MS) (figs. 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 17).
Fig. 9 Explorao do 10 intersseo dorsal
Fig. 10 Explorao do abdutor do 50
dedo
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Fig. 11 - Explorao do abdutor curto do polegar
Fig. 12 - Explorao do extensor comum dos dedos
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Fig. 13 - Explorao dos extensores do carpo
Fig. 14 - Explorao do tibial anterior
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Fig. 15 - Explorao do extensor longo do hlux
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Fig. 16 - Explorao do extensor longo dos dedos
Fig. 17 - Explorao dos fibulares
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d) teste da mobilidade articular das mos e ps
Objetiva verificar se existem limitaes na amplitude dos movimentos das articulaes
dos dedos das mos e dos ps. Essas limitaes indicam comprometimento funcional dos
msculos inervados pelos nervos que passam pelas mos e pelos ps e podem manifes-tar-se atravs de garras e de articulaes anquilosadas (sem movimento).
Procedimentos:
verifique a mobilidade das articulaes das mos e dos ps atravs da movimentao
ativa e passiva das mesmas;
pea ao examinado que movimente as articulaes dos ps e das mos;
faa a movimentao passiva das articulaes dos ps e das mos: fixe a articulao proximal da articulao a ser examinada, com uma das mos.
Com a outra mo, faa movimentos de extenso e flexo;
faa a classificao da mobilidade das articulaes, de acordo com o seguinte
critrio:
normal = 100% de mobilidade,
mvel = quase 100% a 25% de mobilidade e
rgida = menos que 25% de mobilidade.
e) avaliao da sensibilidade dos olhos, mos e ps
A avaliao de sensibilidade das reas inervadas pelos nervos perifricos tem o objetivo
de verificar se existe algum comprometimento dos mesmos um dos sinais caractersticos
da hansenase (figs. 18, 19 e 20).
Procedimentos:
procure um ambiente tranqilo e confortvel, com o mnimo de interferncia externa; explique pessoa examinada o teste que ser realizado;
demonstre o teste numa rea da pele com sensibilidade normal;
pea que feche os olhos e os mantenha fechados;
teste os pontos com a caneta esferogrfica de ponta grossa perpendicularmente
pele;
pea que diga sim quando sentir o toque;
volte a cada ponto duas vezes, para certificar-se da resposta;
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registre a resposta, sim ou no, em cada ponto especificamente, de acordo com o
seguinte critrio:
Sim sente o toque: tem sensibilidade;
No no sente o toque: no tem sensibilidade.
Ateno!
A ausncia de resposta ao toque da ponta da caneta esferogrfica indica compro-
metimento da sensibilidade protetora.
Fig. 18 - Pesquisa de sensibilidade da crnea
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Fig. 19 - Pesquisa da sensibilidade trmica
Fig. 20 - Pesquisa da sensibilidade ttil
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4.2.4 Estados reacionais
Os estados reacionais so reaes do sistema imunolgico do doente ao bacilo
Mycobacterium leprae. Apresentam-se atravs de episdios inflamatrios agudos e sub-
agudos. Podem acometer tanto os casos Paucibacilares como os Multibacilares.
Os estados reacionais ocorrem, principalmente, durante os primeiros meses do
tratamento quimioterpico da hansenase, mas tambm podem ocorrer antes ou depois do
mesmo, neste caso com o paciente j em alta. Quando ocorrem antes do tratamento, podem
induzir ao diagnstico da doena.
Os estados reacionais so a principal causa de leses dos nervos e de incapaci-
dades provocadas pela hansenase. Portanto, importante que o diagnstico dos mesmos
seja feito precocemente, para se dar incio imediato ao tratamento, visando prevenir essasincapacidades.
O processo de diagnstico dos estados reacionais realizado atravs do exame
fsico, dermatoneurolgico do paciente.
A identificao dos mesmos, no contra-indica o incio do tratamento (PQT). Se os
estados reacionais aparecerem durante o tratamento (PQT), este no deve ser interrompido,
mesmo porque o tratamento reduz significativamente a freqncia e a gravidade dos mes-
mos. Se forem observados aps o tratamento (PQT) , no necessrio reinici-lo.
Deve-se ficar atento para que os estados reacionais ps-alta, comuns nos es-
quemas de tratamento quimioterpico de curta durao, no sejam confundidos com os ca-
sos de recidiva da doena.
Os estados reacionais, ou reaes hansnicas, podem ser de dois tipos:
reao tipo I, ou reao reversa;
reao tipo II, ou eritema nodoso hansnico (ENH).
a) Reao tipo I ou reao reversa
um quadro clnico que se caracteriza por apresentar novas leses dermatolgicas
(manchas ou placas) e alteraes de cor e edema nas leses antigas, bem como dor ou
espessamento dos nervos (neurites).
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b) Reao tipo II ou eritema nodoso hansnico (ENH)
um quadro clnico que se caracteriza por apresentar ndulos vermelhos e dolorosos,
febre, dores articulares, dor e espessamento nos nervos e mal-estar generalizado. Geral-
mente as leses antigas permanecem sem alterao.
A seguir ser apresentado um quadro-sntese das reaes hansnicas (tipos I e
II) em relao s formas clnicas da doena: os casos Pauci e Multibacilares.
EstadosReacionais
Tipo I Reao Reversa Tipo II Eritema NodosoHansnico (ENH)
FormasClnicas Paucibacilar Multibacilar
Incio Antes do tratamento PQT, ou nos
primeiros 6 meses do tratamento
PQT.
Pode ser a primeira manifestao da
doena.
Em geral, no primeiro ano de tratamento PQT.
Pode ocorrer antes do tratamento PQT, po-
rm, mais freqente no incio do tratamento.
Pode ser a primeira manifestao da doena.
Causa Processo de hiper-reatividade
imunolgica em resposta ao antge-
no (bacilo).
Processo de hiper-reatividade imunolgica em
resposta ao antgeno (bacilo).
Manifestaes
clnicas
Aparecimento de novas leses que
podem ser eritemato-infiltradas (as-
pecto erisipelide).
Reagudizao de leses antigas.
Dor espontnea ao nvel dos nervos
perifricos.
Aumento ou aparecimento de reas
hipo ou anestsicas.
As leses pr-existentes permanecem inalte-
radas.
H o aparecimento brusco de ndulos erite-
matosos, dolorosos, que podem evoluir para
vesculas, pstulas, bolhas ou lceras.
Comprometi-
mento Sistmico
No freqente. freqente.
Apresenta febre, astenia, mialgias, nuseas
(estado toxmico) e dor articular.
FatoresAssociados
Edema de mos e ps.Aparecimento brusco de mo em
garra e p cado.
Edema de extremidades.Irite, epistaxes, orquite, linfadenite.
Neurite. Comprometimento gradual dos tron-
cos nervosos.
Hematologia No apresenta alteraes. Leucocitose com desvio esquerda e au-
mento de imunoglobulinas.
Anemia.
Evoluo Lenta.
Podem ocorrer sequelas neurolgi-
cas e complicaes, como abcesso
de nervo.
ENH leve: involui rapidamente.
ENH severo: o aspecto necrtico pode ser
contnuo, durar meses e apresentar complica-
es graves, inclusive EN intraneural.
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4.3 Diagnstico laboratorial
A baciloscopia o exame microscpico onde se observa o Mycobacterium leprae, di-
retamente nos esfregaos de raspados intradrmicos das leses hansnicas ou de outros
stios de coleta selecionados: lbulos auriculares e/ou cotovelos.
um apoio para o diagnstico e tambm como um dos critrios de confirmao
de recidiva. Por nem sempre evidenciar o Micobacterium lepraenas leses hansnicas ou
em outros stios de coleta, a baciloscopia negativa no afasta o diagnstico da hansenase.
4.4 Diagnstico diferencial da hansenase
A hansenase pode ser confundida com outras doenas de pele e com outras do-enas neurolgicas que apresentam sinais e sintomas semelhantes aos seus. Portanto,
deve ser feito um diagnstico diferencial em relao a essas doenas.
4.4.1 Diagnstico diferencial em relao a outras doenas dermatolgicas
Existem doenas que provocam leses de pele semelhantes s leses caracte-
rsticas da hansenase, e que podem ser confundidas com as mesmas. Portanto, deve-se
fazer o diagnstico diferencial da hansenase em relao a essa doenas.
As leses de pele caractersticas da hansenase so: manchas esbranquiadas
ou avermelhadas, leses em placa, infiltraes, tubrculos e ndulos.
Ateno!
A principal diferena entre a hansenase e outras doenas dermatolgi-
cas que as leses de pele da hansenase sempre apresentam alterao de
sensibilidade. As demais doenas no apresentam essa alterao.
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4.4.2 Diagnstico diferencial em relao a outras doenas neurolgicas
Leses neurolgicas so caractersticas da hansenase. Existem, porm, outras
doenas que provocam leses neurolgicas semelhantes e que podem ser confundidas com
as da hansenase. Portanto, deve-se fazer o diagnstico diferencial da hansenase em rela-
o a essas doenas.
As leses neurolgias da hansenase podem ser confundidas, entre outras, com
as de:
sndrome do tnel do carpo;
neuralgia parestsica;
neuropatia alcolica; neuropatia diabtica;
leses por esforos repetitivos (LER).
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5Tratamento
O tratamento da pessoa com hansenase fundamental na estratgia de controle
da doena, enquanto problema de sade pblica, tendo o propsito de curar o seu portador
e, tambm, de interromper a transmisso da doena.
O tratamento integral de um caso de hansenase compreende o tratamento qui-
mioterpico especfico a poliquimioterapia padro OMS (PQT/OMS), seu acompanha-
mento, com vistas a identificar e tratar as possveis intercorrncias e complicaes da doen-
a e a preveno e o tratamento das incapacidades fsicas do indivduo.
H necessidade de um esforo organizado de toda a rede bsica de sade no
sentido de fornecer tratamento quimioterpico a todas as pessoas diagnosticadas com han-
senase.
O indivduo aps ter o diagnstico, deve, mensalmente, ser visto pela equipe de
sade para avaliao e para receber a medicao.
Nessa tomada mensal de medicamentos feita uma avaliao neurolgica da
pessoa para acompanhar a evoluo do seu comprometimento neural, verificando se h
presena de neurites ou de estados reacionais. Quando necessrias, so orientadas tcni-
cas de preveno de incapacidades e deformidades. So dadas orientaes sobre os auto
cuidados que ela dever realizar diariamente para evitar as complicaes da doena, sendo
verificada sua correta realizao.
Ateno!
O encaminhamento da pessoa com hansenase para uma Unida-
de de Referncia somente est indicado quando h necessidade de cuida-
dos especiais no caso de intercorrncias graves ou para correo cirrgi-
ca. Nestes casos, aps a realizao do procedimento indicado, ela deve re-
tornar para o acompanhamento rotineiro em sua unidade bsica.
A Hansenase tem c ura!
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5.1 Tratamento quimioterpico
O tratamento especfico da pessoa com hansenase, indicado pelo Ministrio da
Sade, a poliquimioterapia padronizada pela Organizao Mundial de Sade, conhecida
como poliquimioterapia padro OMS (PQT/OMS), devendo ser realizado nas unidades b-sicas de sade.
A PQT combate o bacilo tornando-o invivel. Evita a evoluo da doena, preve-
nindo as incapacidades e deformidades causadas por ela, levando cura. O bacilo invivel
incapaz de infectar outras pessoas, rompendo a cadeia epidemiolgica da doena. Assim
sendo, logo no incio do tratamento, a transmisso da doena interrompida, e, sendo reali-
zado de forma completa e correta, garante a cura da doena.
A poliquimioterapia constituda pelo conjunto dos seguintes medicamentos: a
rifampicina, a dapsona e a clofazimina, com administrao associada.
Essa associao evita a resistncia medicamentosa do bacilo que ocorre com
freqncia quando se utiliza apenas um medicamento, impossibilitando a cura da doena.
administrada atravs de esquema-padro, de acordo com a classificao ope-
racional do doente em Pauci ou Multibacilar. A informao sobre a classificao do doente
fundamental para se selecionar o esquema de tratamento adequado ao seu caso.
Para crianas com hansenase, a dose dos medicamentos do esquema-padro
ajustada, de acordo com a sua idade. J no caso de pessoas com intolerncia a um dos
medicamentos do esquema-padro, so indicados esquemas alternativos.
A alta por cura dada aps a administrao do nmero de doses preconizadas
pelo esquema teraputico.
5.1.1 Esquema Paucibacilar padro OMS
Neste caso utilizada uma combinao da rifampicina e dapsona. Estes dois
medicamentos so acondicionados numa cartela, para administrao mensal (de 28 em 28
dias) no seguinte esquema:
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medicao:
rifampicina: uma dose mensal de 6OO mg (2 cpsulas de 300 mg) com ad-
ministrao supervisionada,
dapsona: dose diria de 100 mg auto-administrada;
durao do tratamento: 6 a 9 meses; critrio de alta: 6 doses em at 9 meses.(Fig. 21).
Fig. 21 - Cartela (PB)
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5.1.2 Esquema Multibacilar padro OMS
Neste caso utilizada uma combinao da rifampicina, dapsona e de clofazimi-
na. Estes trs medicamentos so acondicionados numa cartela, para administrao mensal
(de 28 em 28 dias) no seguinte esquema:
medicao:
rifampicina: uma dose mensal de 600 mg (2 cpsulas de 300 mg) com ad-
ministrao supervisionada;
clofazimina: uma dose mensal de 300 mg (3 cpsulas de 100 mg) com
administrao supervisionada e uma dose diria de 50mg auto-administrada e
dapsona: uma dose diria de 100 mg auto-administrada;
durao do tratamento: 12 a 18 meses; critrio de alta: 12 doses em at 18 meses (fig. 22).
Fig. 22 - Cartela (MB)
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5.1.3 Esquemas de tratamento para crianas
Para crianas com hansenase, as doses de medicamentos dos esquemas Pauci-
bacilar e Multibacilar, padro OMS, so ajustadas, de acordo com os seguintes quadros:
PAUCIBACILARES
Idade emanos
Dapsona (DDS) diria auto-administrada
Rifampicina (RFM) mensal supervi-sionada
0 5 25 mg 150 300 mg
6 14 50 100 mg 300 450 mg
MULTIBACILARES
Clofazimina (CFZ)Idade emanos
Dapsona (DDS)diria auto-
administrada
Rifampicina (RFM)mensal
supervisionadaAuto-administrada Supervisionada
mensal
0 5 25 mg 150 300 mg 100 mg/semana 100 mg
6 14 50 100 mg 300 450 mg 150 mg/semana 150 200 mg
5.2 Durao e critrio de alta
O contato da equipe de sade com a pessoa em tratamento dever ocorrer men-
salmente. Nesse momento, dever ser administrada a dose supervisionada do medicamento
indicado pelo tratamento PQT e, tambm, ser entregue os medicamentos correspondentes
ao ms subseqente para que seja utilizado de forma auto-administrada, sempre de acordo
com o preconizado pelos esquemas anteriormente apontados.
O esquema de administrao da dose supervisionada deve ser o mais regularpossvel de 28 em 28 dias. Porm, se o contato no ocorrer na unidade de sade no dia
agendado, no se deve deixar de provoc-lo, mesmo que no domiclio, pois a garantia da
administrao da dose supervisionada e da entrega dos medicamentos indicados para a
automedicao imprescindvel para o tratamento adequado.
A administrao dos esquemas de tratamento PQT deve obedecer os prazos
estabelecidos: de 6 a 9 meses para os casos Paucibacilares e de 12 a 18 meses para os
casos Multibacilares.
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O contato regular com a pessoa portadora da forma Paucibacilar, na unidade de
sade ou no domiclio, de acordo com o esquema apresentado, completar o tratamento em
6 meses. Se, por algum motivo, houver a interrupo da medicao ela poder ser retomada
em at 3 meses, com vistas a completar o tratamento no prazo de 9 meses.
J em relao ao portador da forma Multibacilar que mantiver regularidade no
tratamento segundo o esquema preconizado, o mesmo completar-se- em 12 meses. Ha-
vendo a interrupo da medicao est indicado o prazo de 6 meses para reinici-lo para
que o tratamento possa ser completado em 18 meses.
Considera-se uma pessoa em alta, aquela que completa o esquema de trata-
mento PQT, nos seguintes prazos:
esquema Paucibacilar padro OMS 6 doses em at 9 meses;
esquema Multibacilar padro OMS 12 doses em at 18 meses.
A pessoa que tenha completado o tratamento PQT no dever mais ser conside-
rada como um caso de hansenase mesmo que permanea com alguma seqela da doena.
Dever, porm, continuar sendo assistida pelos profissionais da Unidade de Sade, especi-
almente nos casos de intercorrncias ps-alta: reaes e monitoramento neural. Em caso de
reaes ps-alta, o tratamento PQT no dever ser reiniciado.
Durante o tratamento quimioterpico deve haver a preocupao com a preveno
de incapacidades e de deformidades bem como o atendimento s possveis intercorrncias
durante, ou aps o tratamento PQT. Nestes casos, se necessrio, a pessoa deve ser enca-
minhada para unidades de referncia para receber o tratamento adequado. Sua internao
somente est indicada em intercorrncias graves, assim como, efeitos colaterais graves dos
medicamentos, estados reacionais graves ou necessidade de correo cirrgica de deformi-
dades fsicas. A internao deve ser feita em hospitais gerais, e aps a sua alta hospitalar
dever ser dada continuidade ao seu tratamento na unidade de sade qual est vinculada.
5.3 Intercorrncias durante o tratamento PQT
Durante o tratamento da hansenase podem ocorrer dois tipos de intercorrncias: os
estados reacionais e os efeitos colaterais causados pelos medicamentos utilizados na poli-
quimioterapia da hansenase.
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A seguir sero apresentadas essas intercorrncias, bem como as medidas recomen-
dadas para o tratamento dos dois tipos de reaes e o diagnstico e as condutas a serem
adotadas em relao aos efeitos colaterais provocados pelos medicamentos.
Estados reacionais
Os estados reacionais ou reaes hansnicas podem ocorrer antes, durante ou
aps o tratamento poliquimioterpico, sendo mais comuns nos primeiros meses do mesmo.
Nos esquemas de tratamento de curta durao, tendem a aparecer aps o tratamento.
Os estados reacionais so a principal causa de leses nos nervos e das incapa-
cidades por elas provocadas, portanto, uma vez diagnosticados devem ser tratados imedia-
tamente a fim de prevenir incapacidades e deformidades.
O tratamento dos estados reacionais ambulatorial e deve ser prescrito e super-
visionado por um mdico.
Em casos de estados reacionais graves deve ser avaliada a necessidade de in-
ternao hospitalar para a administrao de altas doses de corticide, principalmente na
primeira semana do tratamento.
Observao:
Se o estado reacional for identificado durante o processo de diagnstico da Hansena-
se, deve-se iniciar o tratamento PQT, juntamente com o tratamento para reao.
Se o estado reacional for identificado durante o tratamento PQT deve-se mant-lo e ini-
ciar o tratamento especfico para reao.
Se o estado reacional for identificado no ps-alta, o tratamento PQT no deve ser reini-
ciado, somente deve-se fazer o tratamento para a reao.
Em caso de comprometimento neural deve-se imobilizar o segmento afetado e acom-
panhar atentamente a evoluo do caso.
Em caso de persistncia de dor neural crnica, reagudizao ou agravamento do qua-
dro neurolgico, deve-se avaliar a necessidade de cirurgia descompressiva.
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Medidas recomendadas para tratamento da reao Tipo I reao reversa
Se o doente estiver sob tratamento quimioterpico, mantenha-o sem modificao.
Prescrever corticide: prednisona 1 a 2 mg/kg/dia, conforme avaliao clnica.
Manter a dose inicial da prednisona at a regresso clnica do quadro reacional. Reduzir a dose do medicamento a intervalos fixos e quantidade predeterminada,
conforme avaliao clnica.
Retornar dose imediatamente anterior em caso de agravamento do quadro clnico.
Exemplo da utilizao de prednisona para tratamento de estados reacionais em
doente com 60 kg e com estado reacional moderado:
60 mg/dia ........................................................at a regresso clnica50 mg/dia ...............................................................................15 dias
40 mg/dia ...............................................................................15 dias
30 mg/dia ...............................................................................15 dias
25 mg/dia ..............................................................................15 dias
20 mg/dia ...............................................................................15 dias
15 mg/dia ...............................................................................15 dias
10 mg/dia ..............................................................................15 dias
05 mg/dia ..............................................................................15 dias
Ateno!
Devem ser tomadas algumas precaues na utilizao da prednisona:
Registrar o peso, a presso arterial e a taxa de glicose no sangue para con-
trole e observao dos efeitos colaterais do medicamento.
Fazer o tratamento antiparasitrio com medicamento especfico para Strongi-
loydes stercoralisprevenindo a disseminao sistmica desse parasita.Exemplo: Tiabendazol
44 mg/kg/dia durante 3 dias ou
50 mg/kg/dia durante 2 dias ou
1,5 gr/dose nica.
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Medidas recomendadas para tratamento da reao Tipo II eritema nodoso hansen-
tico (ENH)
Se o doente estiver sob tratamento quimioterpico, mantenha-o sem modificao. Prescrever talidomida: de 100 a 400 mg/dia, conforme avaliao clnica.
Manter a dose inicial at a regresso clnica do quadro reacional.
Em casos com comprometimento neural introduzir corticides, imobilizar o segmento
afetado, e programar aes de preveno de incapacidades.
Ateno!!!
Est proibida a utilizao da talidomida em mulheres em idade frtil,devido a seus conhecidos efeitos teratognicos (m formao fetal), segundo
a Portaria n. 814/GM, de 22 de julho de 1993.
Noscasos de reao Tipo II listados abaixo, tambm est indicada a utilizao da
prednisona o mesmo medicamento corticide utilizado na reao Tipo I.
Eritema nodoso necrotizante
Comprometimento neural Orqui-epididimite
Irite ou iridociclite
Nefrite
Mos e ps reacionais
Mulheres em idade frtil
Vasculite (Fenmeno de Lcio)
As medidas a serem tomadas, tambm so as mesmas prescritas para a reao
Tipo I.
Deve-se levar em considerao a gravidade intrnseca de cada quadro clnico e a
necessidade de outras medidas teraputicas tal como o encaminhamento para cirur-
gia.
Em casos crnicos de reao Tipo II, subintrante ou com complicaes graves, de-
vem ser encaminhados para um centro de referncia.
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Efeitos colaterais dos medicamentos
Assim como os medicamentos em geral, aqueles utilizados na poliquimioterapia
e no tratamento dos estados reacionais podem provocar efeitos colaterais.
A equipe da unidade bsica deve estar sempre atenta para essas situaes, de-
vendo, na maioria das vezes, encaminhar a pessoa Unidades de Referncia para receber
o tratamento adequado.
A seguir sero apresentados os possveis efeitos colaterais dos medicamentos
utilizados na PQT, e no tratamento dos estados reacionais e as principais condutas a serem
adotadas para combat-los, sendo que seu diagnstico feito atravs dos sinais e sintomas
por eles provocados.
Efeitos colaterais dos medicamentos utilizados na PQT
efeitos colaterais da rifampicina:
cutneos rubor de face e pescoo, prurido e rashcutneo generalizado;
gastrointestinais diminuio do apetite e nuseas. Ocasionalmente, podem
ocorrer vmitos, diarrias e dor abdominal leve, principalmente se o medica-
mento for ingerido em jejum;
hepticos mal-estar, perda do apetite, nuseas, podendo ocorrer tambm ic-
tercia. So descritos dois tipos de ictercias: a leve ou transitria e a grave,
com danos hepticos;
hematopoticos prpuras ou sangramentos anormais, como epistaxes. Pode-
ro, tambm, ocorrer hemorragias gengivais e uterinas. Nestes casos, o paci-
ente deve ser encaminhado ao hospital;
anemia hemoltica tremores, febre, nuseas, cefalia e s vezes choque, po-
dendo, tambm, ocorrer ictercia leve. Ocorre raramente; sndrome pseudogripal febre, calafrios, astenia, mialgias, cefalia e ocasio-
nalmente dores sseas. Pode, tambm, apresentar eosinofilia, nefrite interstici-
al, necrose tubular aguda, trombocitopenia, anemia hemoltica e choque. Ocor-
re raramente, principalmente a partir da 2.a ou 4. a doses supervisionadas devi-
do hipersensibilidade, quando o medicamento utilizado em dose intermi-
tente.
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efeitos colaterais da clofazimina:
cutneos ressecamento da pele, que pode evoluir para ictiose, alterao na
colorao da pele, urina, suor e secreo respiratria. Nas pessoas de pele
escura a cor pode se acentuar e em pessoas claras a pele pode ficar com
uma colorao avermelhada ou adquirir um tom acinzentado, devido im-pregnao e ao ressecamento. Estes efeitos ocorrem mais acentuadamente
nas leses hansnicas e regridem, muito lentamente, aps a suspenso do
medicamento;
gastrointestinais diminuio da peristalse e dor abdominal, devido ao dep-
sito de cristais de clofazimina nas submucosas e gnglios linfticos intesti-
nais, resultando na inflamao da poro terminal do intestino delgado. Estes
para-efeitos podero ser encontrados com maior freqncia na utilizao de
doses de 300 mg/dia por perodos prolongados, superiores a 90 dias.
Ateno!
.A colorao avermelhada da urina no dever ser confundida com hemat-
ria.
. A secreo pulmonar avermelhada no deve ser confundida com escarros
hemopticos.
. A pigmentao conjuntival no deve ser confundida com ictercia.
efeitos colaterais da dapsona:
cutneos: sndrome de Stevens-Jonhson, dermatite esfoliativa ou eritroder-
mia;
hepticos ictercias, nuseas e vmitos;
anemia hemoltica tremores, febre, nuseas, cefalia, s vezes choque, po-
dendo tambm ocorrer ictercia leve;
metahemoglobinemia cianose, dispnia, taquicardia, cefalia, fadiga, des-
maios, nuseas, anorexia e vmitos.
Efeitos colaterais dos medicamentos utilizados nos estados reacionais
efeitos colaterais da talidomida:
teratogenicidade, sonolncia, edema unilateral de membros inferiores, consti-
pao intestinal, secura de mucosas e, mais raramente, linfopenia e neuropa-
tia perifrica.
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efeitos colaterais dos corticides:
distrbios metablicos reduo de sdio e depleo de potssio, aumento
das taxas de glicose no sangue, alterao no metabolismo do clcio, levando
osteoporose,e sndrome de Cushing;
gastrointestinais: gastrite e lcera pptica; outros efeitos agravamento de infeces latentes, acne cortisnica e psicoses.
Condutas gerais em relao aos efeitos colaterais dos medicamentos
A equipe de sade deve estar sempre atenta para a possibilidade de ocorrncia
de efeitos colaterais dos medicamentos utilizados na PQT e no tratamento dos estados rea-
cionais e deve realizar imediatamente a conduta adequada.
condutas no caso de nuseas e vmitos incontrolveis:
suspender o tratamento;
solicitar exames complementares, para realizar diagnstico diferencial com
outras causas;
investigar se estes efeitos ocorrem aps a ingesto da dose supervisionada
de rifampicina, ou aps as doses auto-administradas de dapsona.
condutas no caso de ictercia: suspender o tratamento se houver alterao das provas de funo heptica,
com valores superiores a duas vezes os valores normais;
fazer a avaliao da histria pregressa: alcoolismo, hepatite e outras doenas
hepticas;
solicitar exames complementares necessrios para realizar diagnstico dife-
rencial;
investigar se a ocorrncia deste efeito est relacionada com a dose supervisi-
onada de rifampicina ou com as doses auto-administradas de dapsona.
condutas no caso de anemia hemoltica:
suspender o tratamento;
encaminhar ao hematologista para avaliao e conduta;
investigar se a ocorrncia deste efeito est relacionada com a dose supervisi-
onada de rifampicina ou com as doses auto-administradas de dapsona.
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condutas no caso de metahemoglobinemia:
Leve:
suspender o medicamento e observar. Geralmente ela desaparece gradual-
mente com a suspenso do mesmo.Severa:
encaminhar para internao hospitalar.
condutas no caso de sndrome pseudogripal:
suspender a rifampicina imediatamente e avaliar a gravidade do quadro;
administrar anti-histamnico, antitrmico e, quando necessrio, corticide (Hi-
drocordisona 500 mg/ 250 ml de soro fisiolgico 30 gotas/minuto EV), e em
seguida corticide via oral com reduo progressiva da dose at a retirada
completa.
condutas no caso de efeitos cutneos provocados pela clofazimina:
Prescrever a aplicao diria de leo vegetal ou creme de uria, aps o banho,
e orientar para evitar a exposio solar, a fim de minimizar esses efeitos.
condutas no caso de efeitos gastrintestinais provocados pela clofazimina:
Interromper a medicao que s dever ser reiniciada aps regresso com-
pleta do quadro clnico.
condutas no caso de sndrome de Stevens-Jonhson, dermatite esfoliativa ou
eritrodermia provocados pela dapsona:
Interromper, definitivamente, o tratamento com a dapsona.
condutas no caso de efeitos colaterais provocados pelos corticides: Observar as precaues ao uso de corticides.
Ateno!
Ao referenciar a pessoa em tratamento para outro servio d todas as
informaes disponveis: quadro clnico, tratamento PQT, nmero de doses
tomadas, se apresenta reaes, qual o tipo, se apresentou efeito colateral a
alguma medicao, causa provvel do quadro, etc.
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5.4 Pessoas em situaes especiais
Hansenase e gravidez
As alteraes hormonais da gravidez causam diminuio da imunidade celular,
fundamental na defesa contra o Mycobacterium leprae. Portanto, comum que os primeiros
sinais de hansenase, em uma pessoa j infectada, apaream durante a gravidez e no puer-
prio, quando tambm so comuns os estados reacionais e os episdios de recidivas.
A gestao nas mulheres portadores de hansenase tende a apresentar poucas
complicaes, exceto pela anemia, comum em doenas crnicas. H tambm, na literatura,
registros de associao entre gravidez em mulheres com hansenase e baixo peso do re-
cm-nascido.
A gravidez e o aleitamento materno no contra-indicam a administrao dos es-
quemas de tratamento poliquimioterpico da hansenase que so seguros tanto para a me
como para a criana. Algumas drogas so excretadas pelo leite, mas no causam efeitos
adversos. Os recm-nascidos, porm, podem apresentar a pele hiperpigmentada pela Clo-
fazimina, ocorrendo a regresso gradual da pigmentao, aps um ano.
Hansenase e tuberculose
Existe uma alta incidncia de tuberculose no pas, por isso recomenda-se espe-
cial ateno aos sinais e sintomas da mesma, antes e durante o tratamento de hansenase,
a fim de evitar cepas de Mycobacterium tuberculosisresistentes rifampicina.
Para as pessoas portadoras de tuberculose e hansenase, recomenda-se a ad-
ministrao da quimioterapia apropriada para a tuberculose: rifampicima + isoniazida.
Pacientes Multibacilares devem tomar tambm a clofazimina e recomenda-se
que no dia agendado para a administrao da dose supervisionada de poliquimioterapia
para hansenase, seja administrada, tambm sob superviso, a dose diria de rifampicina,
prevista somente no tratamento da tuberculose: (rifampicina + isoniazida) + clofazimina.
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Hansenase e AIDS
A hansenase nas pessoas infectadas pelo HIV vrus da AIDS, tem se apre-
sentado da mesma maneira. At agora, no h nenhum registro em contrrio.
Aquelas com as formas clnicas PB e MB tm sido tratadas com os respectivos
esquemas-padro PQT/OMS, e tm evoludo para a cura, similarmente s no infectadas
pelo vrus HIV.
Os estados reacionais caractersticos da hansenase, que podem ocorrer nos
portadores de Hansenase e AIDS, devem ser tratados da mesma maneira que naqueles
portadores apenas de Hansenase.
5.5 Acompanhamento das intercorrncias ps-alta
O acompanhamento dos casos ps-alta, consiste no atendimento s possveis
intercorrncias que possam vir a ocorrer com aquelas pessoas que j tenham concludo o
tratamento PQT: os estados reacionais ou reaes hansnicas, e as recidivas.
Nos estados reacionais deve-se proceder como j foi relatado no item anterior,
atentando-se para a necessidade de referncia para uma unidade especializada.
Ateno!
As pessoas que apresentarem essas intercorrncias medicamentosas
ps-alta devero ser tratadas na unidade bsica de sade, por um mdico
previamente treinado ou em uma unidade de referncia ambulatorial. Somen-
te os casos graves, assim como os que apresentarem reaes reversas gra-
ves, devero ser encaminhados para hospitalizao.
importante diferenciar um quadro de estado reacional de um caso de
recidiva, pois no caso de estados reacionais a pessoa dever receber trata-
mento sem reiniciar, porm, o tratamento PQT. No caso de recidiva o trata-
mento PQT deve ser reiniciado.
considerado um caso de recidiva, aquele que completar com xito o tratamento
PQT, mas que aps o mesmo desenvolve novos sinais e sintomas da doena.
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A causa maior de recidivas o tratamento PQT inadequado ou incorreto. O tra-
tamento portanto, dever ser repetido integralmente de acordo com o esquema selecionado
para o seu caso. Deve haver a administrao regular dos medicamentos pelo tempo estipu-
lado no esquema.
Nos Paucibacilares, muitas vezes difcil distinguir a recidiva da reao reversa.
No entanto, fundamental que se faa a identificao correta da recidiva. Quando se con-
firmar uma recidiva, aps exame clnico e baciloscpico, a classificao do doente deve ser
criteriosamente reexaminada para que se possa reiniciar o tratamento PQT adequado.
Nos Multibacilares a recidiva pode manifestar-se como uma exacerbao clnica
das leses existentes e com o aparecimento de leses novas. Quando se confirmar a recidi-
va o tratamento PQT deve ser reiniciado.
A suspenso da quimioterapia dar-se- quando a pessoa em tratamento tiver
completado as doses preconizadas, independente da situao clnica e baciloscpica, e
significa a sada do registro ativo, j que no mais ser computada no coeficiente de preva-
lncia.
5.6 Preveno e tratamento de incapacidades
As atividades de preveno e tratamento de incapacidades no devem ser disso-
ciadas do tratamento PQT. Devem ser desenvolvidas durante o acompanhamento de cada
caso e devem ser integradas na rotina dos servios da unidade de sade, de acordo com o
seu grau de complexidade.
A adoo de atividades de preveno e tratamento de incapacidades deve base-
ar-se nas informaes obtidas atravs da avaliao neurolgica, durante o diagnstico da
hansenase. Estas informaes referem-se ao comprometimento neural ou s incapacidadesfsicas identificadas, as quais merecem especial ateno, tendo em vista suas conseqnci-
as na vida econmica e social dos portadores de hansenase.
Durante o tratamento PQT, e em alguns casos aps a alta, o profissional de sa-
de deve ter uma atitude de vigilncia em relao ao potencial incapacitante da doena,
visando diagnosticar precocemente e tratar adequadamente as neurites e reaes, a fim de
prevenir incapacidades e evitar que as mesmas evoluam para deformidades.
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Deve haver um acompanhamento da evoluo do comprometimento neurolgico
do indivduo, atravs da avaliao neurolgica, durante a consulta para administrao da
dose supervisionada do tratamento PQT. Devem ser adotadas tcnicas simples e condutas
de preveno e tratamento de incapacidades adequadas ao caso.
Os profissionais devem alertar pessoa doente para que ela tambm tenha essa
atitude de vigilncia, orientando-a a realizao de alguns autocuidados para evitar as com-
plicaes causadas pelas incapacidades e para evitar que elas se agravem e evoluam para
deformidades.
A presena de incapacidades causadas pela hansenase em um paciente cura-
do, um indicador de que o diagnstico foi tardio ou de que o tratamento foi inadequado.
No caso de identificao das neurites e reaes, devem ser tomadas as medidas
adequadas a cada caso, na prpria unidade de sade, ou, quando necessrio, encaminhar a
pessoa em tratamento a uma unidade de referncia a fim de receber cuidados especiais.
A seguir ser apresentado um quadro com os sinais e sintomas de comprometi-
mento neural, ou de incapacidade, e as condutas apropriadas para trat-los.
Sinais e sintomas Condutas
Dor neural aguda Imobilizao do membro at a remisso do sin-
toma.
Encaminhamento imediato para consulta mdi-
ca.
Orientao quanto reduo da sobrecarga do
nervo durante a realizao das atividades.
Orientao quanto a autocuidados.
Dor palpao do nervo, ou
ao fazer esforo
Orientao quanto reduo de sobrecarga no
nervo durante a realizao das atividades.
Orientao quanto a autocuidados.
Encaminhamento para consulta mdica, caso a
dor persista.
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Diminuio da sensibilidade dos:
Olhos
Mos
Ps
Acompanhamento da alterao de sensibilidade
Orientao quanto a autocuidados.
Diminuio de Fora Musculardos:
Olhos
Mos
Ps
Acompanhamento da alterao de fora mus-cular.
Exerccios aps remisso dos sinais e sintomas
agudos.
Orientao quanto a autocuidados.
Mos e Ps Reacionais Prescrio de repouso do membro em posio
funcional.
Encaminhamento ao mdico.
Iridociclite: olho vermelho, dor, di-
minuio da acuidade visual, dimi-
nuio da mobilidade e tamanho da
pupila
Encaminhamento ao oftalmologista.
Orqui-epididimite: inflamao dos
testculos
Nefrite: inflamao dos rins
Vasculite: inflamao dos vasos.
Encaminhamento imediato para consulta mdi-
ca.
Aes simples de preveno e de tratamento de incapacidades fsicas por tcni-
cas simples devem ser executadas na prpria unidade de sade, inclusive por pessoal auxi-
liar, devidamente treinado e sob superviso tcnica adequada.
Casos que necessitam de cuidados mais complexos devem ser encaminhados a
unidades de referncia onde haja fisioterapeuta ou outros profissionais especializados.
Cirurgias e atividades de readaptao profissional, devem ser executadas em
hospitais gerais ou em unidades de referncia especializadas em reabilitao.
Para a preveno de incapacidades fsicas, e para evitar complicaes causadas
pelas incapacidades, o paciente deve ser orientado para realizar regularmente certos auto-
cuidados apropriados ao seu caso.
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Autocuidados so procedimentos e exerccios que a prpria pessoa, devida-
mente orientada e supervisionada, pode e deve realizar, para prevenir incapacidades e de-
formidades.
Aqueles que j apresentam incapacidades, assim como perda de sensibilidadeprotetora nos olhos, nas mos e nos ps, devem ser orientados a observar-se diariamente,
e a realizar autocuidados especficos ao seu caso.
Os portadores de hansenase que ainda no apresentam comprometimento neu-
ral ou incapacidades devem ser alertados para a possibilidade de ocorrncia dos mesmos e
orientados para observar-se diariamente e para procurar a unidade de sade ao notar qual-
quer alterao neurolgica, tais como dor ou espessamento nos nervos.
As melhoras e pioras dos processos inflamatrios e da funo neural dos porta-
dores da doena devem ser acompanhadas e relacionadas com as suas atividades dirias.
Aqueles que apresentarem incapacidades ou deformidades devem, tambm, ser orientados
quanto realizao de suas atividades dirias, tipo de calado, adaptaes necessrias,
etc.
Ateno!
1 - Tanto as tcnicas simples, como os procedimentos de autocui-
dados so selecionados a partir dos sinais e sintomas apresentados pelo
portador da hansenase, identificados durante a avaliao clnica.
2 - Os procedimentos de autocuidados e os exerccios so pr-
prios para problemas especficos. Portanto, devem ser indicados e orien-
tados de acordo com cada caso e verificados quanto sua correta realiza-
o em todas as oportunidades de contato.
A seguir sero apresentados alguns procedimentos de autocuidados:
Autocuidados com o nariz
Os principais sinais e sintomas de comprometimento neural ou de incapacidades no nariz
so: ressecamento da mucosa, aumento da secreo nasal, secreo sanguinolenta, cros-
tas ou lceras.
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Ao identific-los, deve ser orientada a utilizao tpica de soro fisiolgico no na-
riz, ou a aspirao de pequenas pores do mesmo. Na falta de soro deve-se utilizar gua.
O lquido deve ser mantido dentro do nariz por alguns instantes e em seguida deixar escor-
rer espontaneamente. Repetir o procedimento at acabar a secreo nasal (figs. 23 e 24).
Fig. 23 Higiene do nariz
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Fig. 24 - Lubrificao do nariz
Autocuidados com os olhos
Os principais sinais e sintomas de comprometimento neural ou de incapacidades
nos olhos so: ressecamento, alterao de sensibilidade, alterao da fora muscular das
plpebras provocando uma dificuldade em fechar os olhos fenda palpebral, e a inverso
dos clios triquase. Ao identific-los, seu portador deve ser orientado a realizar os auto-
cuidados especficos a cada caso.
Ao ser identificado ressecamentodos olhos, deve ser orientado a lubrificar o olho
com colrio ou lgrima artificial (1 gota, 5 ou mais vezes ao dia). J na presena de alterao
da sensibilidade, deve ser orientado a piscar freqentemente e a realizao da auto-
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inspeo dos olhos, diariamente. Identificada a alterao da fora muscular das plpebras
provocando lagoftalmo fenda palpebral, exerccios com as plpebras. A lubrificao das
mesmas, e o uso de proteo diurna e noturna devem ser orientados. Quando a triquase
(clios invertidos) for evidenciada, a retirada dos clios invertidos deve ser realizada e orien-
tada a lubrificao com colrio 3 a 4 vezes ao dia. Na presena de algum corpo estranhoconjuntival, importante que seja orientada a lavagem do olho com bastante soro fisiolgi-
co, ou gua limpa, e a retirada do corpo estranho com um cotonete umedecido, quando for
de fcil remoo. Deve-se procurar auxlio de profissional especializado, quando necessrio
(figs. 25 e 26).
Fig. 25 - Higiene ocular
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Fig. 26 - Tcnica de aplicao do colrio
Autocuidados com as mos
Os principais sinais e sintomas de comprometimento neural ou de incapacidades
e deformidades nas mos so: ressecamento, fissuras, encurtamento ou retrao de tecidos
moles, lceras e feridas, perda de sensibilidade protetora e fraqueza muscular.
No caso de ressecamento, a hidratao e a lubrificao das mos, diariamente,
devem ser realizadas. Indica-se deixar as mos mergulhadas durante 15 minutos em gua
limpa, temperatura ambiente, e, em seguida, enxug-las levemente, pingando algumas
gotas de leo mineral ou um pouco de vaselina, espalhando bem.
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J na existncia de fissuras, deve ser orientada a hidratao das mos, como no
caso de ressecamento, lixando as fissuras. Em seguida, importante que a mo seja lubrifi-
cada com algumas gotas de leo mineral ou vaselina.
Na presena de encurtamento ou retrao de tecidos moles, est indicado, almda hidratao e lubrificao da mo, os exerccios passivos assistidos (Manual de Preven-
o de Incapacidades/MS).
Identificadas lceras e feridas, o paciente deve limpar e hidratar as mos, lixar as
bordas das lceras, cobrir e colocar a mo em repouso.
J no caso da perda da sensibilidade protetora, deve ser orientado a proteger as
mos e a condicionar o uso da viso ao movimento das mesmas, para evitar feridas e quei-maduras. A adaptao dos instrumentos de trabalho, evitando ferimentos, de fundamental
importncia (figs. 27, 28, 29, 30 e 31).
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Fig. 27 - Hidratao das mos
Fig. 28 - Adaptao de instrumentos de trabalho
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Fig. 29 - Adaptao de instrumentos de trabalho
Fig. 30 - Adaptao de instrumentos
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Fig. 31 - Adaptao de instrumentos de trabalho
Autocuidados com os ps
Os principais sinais e sintomas de comprometimento neural, de incapacidades
ou de deformidades nos ps so: calos, ressecamento, fissuras, lceras e feridas nos ps,
perda de sensibilidade protetora, encurtamento ou retrao de tecidos moles, fraqueza mus-
cular provocando dificuldade em levantar o p e garra de artelhos.
Quando calos encontrarem-se presentes, deve ser orientada a hidratao dos
ps colocando-os numa bacia com gua, temperatura ambiente, durante cerca de quinze
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minutos. Os calos devem ser lixados, aps a hidratao, e em seguida lubrificados com go-
tas de leo mineral ou vaselina, diariamente. importante que a adaptao de calados
seja realizada, aliviando a presso sobre a rea afetada.
Na presena de ressecamento, fissuras, calos, encurtamentos, lceras e feri-das nos ps, devem ser realizados os mesmos procedimentos recomendados para as mos.
Quando for evidenciada a perda da sensibilidade protetora dos ps, importante
que seu portador seja orientado a examinar seus ps diariamente, a no andar descalo e a
usar calados confortveis, no lhe machucando nem causando ferimentos sapatos de
bico largo, de salto baixo, com solado confortvel, colados ou costurados e sem pregos.
Oriente-o a andar com passos curtos e lentos, evitando longas caminhadas que possam
causar desconforto ou ferimentos.
Sendo encontrado encurtamento ou retrao de tecidos moles, deve ser explica-
do o exerccio especfico, a ser realizado 3 vezes ao dia, 10 vezes com cada perna.
Na presena de fraqueza muscular dificuldade em levantar o p, deve ser ori-
entado o exerccio especfico, a ser realizado 3 vezes ao dia, 10 vezes com cada perna (ver
Manual de Preveno de Incapacidades/MS).
A seguir ser apresentado um quadro relacionando o grau de incapacidade do
paciente aos sinais e sintomas identificados na avaliao dos ps, adaptao aos diferentes
tipos de calados e a outras medidas necessrias para prevenir incapacidades e deformida-
des (figs. 32, 33 e 34).
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Grau Avaliao do p Tipo de calado e adap-
taes necessrias
Outras medidas
0 - Ausncia de incapacidade funcio-
nal.- Sensibilidade protetora presente
em toda a superfcie plantar: o paci-
ente pode sentir o toque leve com a
caneta esferogrfica.
- Calado comum - Cuidados com a pele
- Observao diria dosps
1 - Perda da sensibilidade protetora na
superfcie plantar: o paciente no
pode sentir o toque leve com a ca-
neta esferogrfica.
- Calado comum
- Palmilha simples
- Observao diria e au-
tocuidados
- Cuidados com o modo de
andar
- Hidratao e lubrificao
diria
- Cuidados com a pele
- Exerccios para manter as
articulaes mveis e me-
lhorar a fora muscular
- Encaminhamento do pa-
ciente para centros de refe-
rncia, se necessrio2 - Perda da sensibilidade protetora na
superfcie plantar com outras com-
plicaes tais como:
- lceras trficas e/ou leses trau-
mticas
- Garras
- P cado
- Reabsoro- Contratura do tornozelo
- Calado comum, con-
fortvel, com palmilha
moldada e com adapta-
es: barra metatarso-
plantar, arco-plantar,
adaptao na rea do cal-
canhar, etc.
- Sola firme
- Frula de Harris: apare-
lho dorsiflexor para p
cado
- Observao diria e au-
tocuidados
- Cuidados com o modo de
andar
- Hidratao e lubrificao
diria
- Cuidados com a pele
- Exerccios para manter as
articulaes mveis e me-
lhorar a fora muscular
- Encaminhamento do pa-
ciente para centros de refe-
rncia, se necessrio
Obs.: Mais informao sobre Preveno de Incapacidades, vide Guia de Controle e Manual
de Preveno de Incapacidades/MS.
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Fig. 32 - Hidratao dos ps
Fig. 33 - Cuidado com os ps: remoo de calos
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Fig. 34 - Cuidado com os ps: inspeo do calado
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6 Vigilncia Epidemiolgica
A vigilncia epidemiolgica, de acordo com o guia de Vigilncia Epidemiolgica
do Centro Nacional de Epidemiologia do Ministrio da Sade (CENEPI/MS) "corresponde a
um conjunto de aes que proporcionam o conhecimento, a deteco ou a preveno de
qualquer mudana nos fatores determinantes e condicionantes de sade individual ou cole-
tiva, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de preveno e controle das doen-
as e agravos".
Ela objetiva embasar tecnicamente, de forma permanente, a execuo de aes
de controle de doenas e agravos, disponibilizando, para tanto, informaes atualizadas
sobre a ocorrncia dessas doenas, bem como dos seus fatores condicionantes em uma
rea geogrfica ou populao determinada.
A vigilncia epidemiolgica tem funes intercomplementares que so operacio-
nalizadas atravs de um ciclo completo de atividades especficas e inter-relacionadas, que
devem, necessariamente, ser desenvolvidas de modo contnuo. So elas:
Obter informaes atualizadas sobre a doena e sobre o seu comportamento epide-
miolgico, numa determinada populao de uma determinada rea geogrfica, para
que as medidas de interveno pertinentes possam ser desencadeadas com oportu-nidade e eficcia. Para isso, desenvolve as seguintes atividades:
coleta de dados sobre a doena;
processamento dos dados;
anlise e interpretao dos dados: informaes sobre o comportamento epi-
demiolgico da doena.
Orientar e avaliar as atividades de controle da doena.
A partir das informaes sobre a doena e sobre o seu comportamento epidemiolgi-co desenvolve e/ou orienta as seguintes atividades:
recomendao de atividades de controle;
promoo das atividades de controle;
avaliao das atividades de controle informaes sobre essas atividades.
Divulgar informaes sobre a doena e seu comportamento epidemiolgico e sobre
as atividades de controle para a populao em geral e para os responsveis pelas
atividades de controle.
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J a vigilncia epidemiolgica da hansenase realizada atravs de um conjunto
de atividades que fornecem informaes sobre a doena e sobre o seu comportamento epi-
demiolgico, com a finalidade de recomendar, executar e avaliar as atividades de controle
da hansenase. Visa, tambm, divulgar informaes sobre a doena e sobre as atividades
de controle realizadas, tanto para os responsveis por essas atividades, como para a popu-lao em geral.
As atividades de controle da hansenase so: a descoberta precoce de todos os
casos de hansenase existentes na comunidade e o seu tratamento.
O objetivo dessas atividades controlar a doena, reduzindo a sua prevalncia,
a menos de um caso em 10.000 habitantes, quebrando assim a cadeia epidemiolgica da
doena e a produo de novos casos.
A descoberta de casos de hansenase a busca de portadores da doena no
tratados anteriormente, e constitui uma atividade essencial na estratgia de controle da do-
ena.A deteco precoce de casos uma medida importante para prevenir as incapacida-
des causadas pela doena e para controlar os focos de infeco, contribuindo para a elimi-
nao da hansenase como problema de sade pblica.
O tratamento integral da hansenase, como visto anteriormente, constitudopelo: a) tratamento PQT(Tratamento Poliquimioterpico) que torna o bacilo invivel, isto ,
incapaz de contaminar outras pessoas, previne as incapacidades e deformidades provoca-
das pela doena e cura o doente; b) Acompanhamento do caso, visa diagnosticar e tratar
precocemente as neurites, os efeitos colaterais dos medicamentos e os estados reacionais
da doena, bem como manter a regularidade do tratamento para que o paciente possa ter
alta no tempo previsto; e c) Preveno de Incapacidades, atravs de tcnicas simples, nas
Unidades Bsicas de Sade, e de orientao ao paciente para a realizao de autocuida-
dos.
6.1 Descoberta de casos
H dois mtodos para a descoberta de casos de hansenase: a deteco passi-
va e a deteco ativa.
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A deteco passiva de casos de hansenase acontece na prpria unidade de sa-
de durante as suas atividades gerais de atendimento populao. No h uma busca sis-
temtica de portadores da doena pela equipe da Unidade de Sade.
H duas situaes onde pode ocorrer a deteco passiva: na demanda espont-nea da populao para os servios da unidade de sade pelo fato de apresentar sinais e
sintomas da doena, e nos encaminhamentos feitos por outras unidades de sade para
confirmao diagnstica da doena casos com suspeio diagnstica de hansenase.
Nestas duas situaes realizado o exame dermatoneurolgico na pessoa, para o diagns-
tico da hansenase.
A deteco ativa de casos de hansenase feita atravs da busca sistemtica
de doentes pela equipe da Unidade de Sade na investigao epidemiolgica de um casoconhecido, na demanda espontnea da populao por servios gerais da unidade de sade
por outros motivos, na mobilizao da comunidade adstrita unidade, principalmente em
reas de alta prevalncia da doena, e em grupos especficos prises, quartis, escolas,
etc. Em todas essas situaes deve ser realizado o exame dermatoneurolgico das pesso-
as, para o diagnstico da hansenase.
Visando o diagnstico precoce da doena, pretende-se intensificar a busca ativa
de doentes, atravs do exame de todos os contatos do caso diagnosticado, e das outrasformas de deteco ativa.
Existem condies importantes para que o di