jajaneiro2012
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jornal de abrantesTRANSCRIPT
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jornalDirectora HÁLIA COSTA SANTOS - Editora JOANA MARGARIDA CARVALHO - MENSAL - Nº 5492 - ANO 112 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
abrantesde
JANEIRO/FEVEREIRO2012· Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected] GRATUITO
RPP Solar, o princípio do fim?Depois de ter terminado o prazo dado pela autarquia para que a RPP Solar reiniciasse as obras, nada foi feito. Dia 6 de Fevereiro a Câmara deverá declarar a caducidade da licença de construção, pondo um ponto final no mega projecto que pretendia criar 1.800 postos de trabalho.página 8
ECONOMIA
A23 já cobra portagens há mais de um mês A23 já cobra portagens há mais de um mês. A vida dos utentes mudou. Fomos ouvir experiências de quem passa naquela via e agora paga uma factura elevada para continuar a levar a sua vida por diante. página 4
SOCIEDADE
AutomobilismoHistória e tradição História e tradição na regiãona região páginas 7 a 16
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ESTA JORNALNESTA EDIÇÃO
Suplemento do Curso de Comunicação Social.
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jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO20122 ABERTURA
O que é que representa para si o dia de São Valentim?
Ângela Sá Tramagal, Auxiliar Administrativa
Não ligo muito a este tipo de
datas calendarizadas. Acho que
quando se tem que demonstrar
alguma coisa e neste caso, de-
monstração de amor, não o de-
vemos fazer só no dia dos na-
morados, mas sim em qualquer
altura do ano. Isso é que é real-
mente importante. Devemos di-
zer “Amo-te” todos os dias.
Mudança tranquila
UMA POVOAÇÃO Povoação (Aço-
res)
UM CAFÉ Majestic (Porto)
PRATO PREFERIDO Arroz de Lam-
preia
UM RECANTO PARA DESCOBRIR
Praia Fluvial de Fernandaires (Caste-
lo do Bode)
UM DISCO “Letter From Home” – de
Pat Metheny
UM FILME “Gato Preto, Gato Branco”
– Uma comédia, verdadeiramente hi-
lariante, realizada por Emir Kusturica
UMA VIAGEM Viagem a Trás-os-
Montes
UMA FIGURA DA HISTÓRIA? Wins-
ton Churchill – Era um homem da cul-
tura, apaixonado pela arte, nomeada-
mente literatura e pintura, e um polí-
tico que procurou a paz, defendendo
a ideia que os países europeus deve-
riam ter impedido a Alemanha de re-
compor as suas forças armadas antes
da guerra, de modo a evitá-la. Ante-
pôs o “bem comum” em detrimento
do seu cargo de primeiro-ministro.
UM MOMENTO MARCANTE? O
nascimento do primeiro fi lho – Por-
que se passa a ser pai.
UM PROVÉRBIO A palavra é de pra-
ta e o silêncio de ouro.
UM SONHO Dar a volta ao mundo
num veleiro
UMA PROPOSTA PARA UM DIA DIFERENTE NA REGIÃOUma grande parte dos abrantinos já
olharam, mas nunca “observaram”, o
centro histórico da magnífi ca Cida-
de de Abrantes. Dar um passeio pe-
las belas ruas tortuosas vendo os por-
menores das janelas, das portas, dos
recortes dos telhados e das texturas
das calçadas, parece-me interessan-
te. Para terminar, um churrasco em
família em S. Lourenço.
FICHA TÉCNICA
DirectoraHália Costa Santos
EditoraJoana Margarida Carvalho
(CP.9319)[email protected]
Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,
Apartado 652204-909 Abrantes
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RedacçãoJerónimo Belo Jorge
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Alves JanaAndré Lopes
PublicidadeMiguel Ângelo
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SecretariadoIsabel Colaço
Design gráfico António Vieira
ImpressãoImprejornal, S.A.
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Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65
2204-909 Abrantes
GERÊNCIAFrancisco Santos,
Ângela Gil
Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Gabriela Alves
Sistemas InformaçãoHugo Monteiro
Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04
Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 505 500 094
Sócios com mais de 10% de capital
Sojormedia
jornal abrantesde
FOTO DO MÊS EDITORIAL
INQUÉRITO
SUGESTÕES
Num momento em que vivemos
absorvidos em tanta informação,
massifi cada e globalizada, faz cada
vez mais sentido apostar na imprensa
regional. A generalização da televisão
por cabo e o acesso à informação digital
marcaram as últimas décadas, mas
implicam um afastamento das pessoas
em relação às comunidades locais e
regionais. Em muitas circunstâncias,
os blogues localizados no espaço
têm vindo a desenvolver um papel
importante, mas não cumprem a
missão de serviço público própria
dos órgãos de comunicação social.
É neste contexto que o JA encontra a
sua razão de ser. Tem vindo a ser assim e
assim continuará. Por isso, este número
marca uma mudança em termos de
direcção, mas é uma mudança tranquila.
Primeiro, porque se mantêm todos os
jornalistas e colaboradores; depois,
porque a missão do JA continua a ser
servir a comunidade, não entrando em
lutas que sirvam interesses particulares.
Por isso, o JA criou um espaço em que
os leitores estarão muito presentes.
Lança-se, a partir deste número, um
desafi o a quem recebe este jornal: que
nos contem as suas estórias. Este é um
claro sinal de que o JA se preocupa
com as pessoas, dando-lhes conta do
que se passa na região, mas também
partilhando os seus casos, experiências,
difi culdades e alegrias. E assim faremos
o nosso caminho, naturalmente
abertos a críticas e sugestões.
HÁLIA COSTA SANTOS
Bruno BalasLimeiras, Serralheiro
Habitualmente vou jantar fora
com a minha namorada. Não acho
que as ementas sejam mais caras
nesse dia, ou que haja um apro-
veitamento da data nesse sentido.
Não temos o hábito de trocar pren-
das, para não gastar dinheiro, mas
gosto de oferecer umas rosas. As
fl ores são sempre mais caras nes-
sa data.
Gualberto DiasRossio ao Sul do Tejo, Operário Fabril
Não tenho nada contra esta data,
apesar de não a comemorar. Há
um aproveitamento comercial des-
te dia, mas é normal. No entanto,
os nossos ordenados não chegam
para prendas ou jantar fora. Se o
Presidente da República não ganha
para os gastos, o que diremos nós?
Não há condições.
Jorge Fernando Almeida Ferreira da Costa, professor (Director da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu)
As placas de sinalização servem para indicar as direcções a quem não conhece uma localidade. Em Abrantes, há placas sinalizadoras que indicam a direcção do Castelo, mas não pelo caminho mais directo.
IDADE 46 anos
RESIDÊNCIA Rua Dr. Correia
Semedo – Abrantes
PROFISSÃO Professor
(Director da Escola Secun-
dária Dr. Solano de Abreu)
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JANEIRO/FEVEREIRO2012 ENTREVISTA 3
PEDRO COSTA E ANA BARRAL
“Ser arquitecto não é apenas fazer projectos, é resolver e olhar os problemas de uma determinada forma”JOANA MARGARIDA CARVALHO
O Núcleo de Arquitectos de Abrantes foi promovido a Delega-ção. Hoje reúne um conjunto de novas competências e valências disponíveis para os arquitectos da região. Estivemos à conversa com dois dos arquitectos fundadores que vêem o trabalho desenvolvi-do dos últimos seis anos a dar fru-tos.
Qual é a história do núcleo dos arquitectos de Abrantes?
Pedro Costa - Foi num congresso
nacional de arquitectura em Gui-
marães que alguns dos arquitectos
da região se juntaram e considera-
ram que fazia todo sentido existir
um núcleo em Abrantes, que de-
senvolvesse trabalho e servisse o
Médio Tejo. O núcleo fundou-se no
mês de Janeiro de 2005. Desde en-
tão, está integrado na Ordem dos
Arquitectos Secção Regional Sul,
uma entidade que controla e gere
o nosso trabalho e dos outros nú-
cleos espalhados desde Coimbra
até ao sul do país. Nós existimos
para trabalhar esta área localmen-
te.
Qual tem sido o trabalho de-senvolvido?
Ana Barral - O núcleo tem como
pretensão divulgar o trabalho de
arquitectura que é feito por cá,
mas também desenvolver algu-
mas iniciativas lúdicas, culturais e
que se destinam não só aos pro-
fi ssionais desta área como a toda a
população. Temos organizado ex-
posições com alguns arquitectos
de referência nacional e interna-
cional. Aqui em Abrantes já este-
ve o arquitecto Siza Vieira, Carrilho
da Graça, Gonçalo Byrne, Anton
Garcia Abril, entre outros. Este últi-
mo, um profi ssional espanhol que
recebeu o prémio internacional da
arquitectura. Foram senhores im-
portantes que estiveram em expo-
sições organizadas com palestras e
workshops.
Pedro Costa - Projectos de arqui-
tectura não fazemos no seio do nú-
cleo, a nossa actividade centra-se
na divulgação, apoio e na quali-
fi cação da área. Recomendamos
concursos para obras e agimos
juntos dos actores necessários,
desde a construção civil, licencia-
mento, planeamento, factores po-
líticos, etc. Temos ainda a publica-
ção Papel de Parede, que tem tido
uma aceitação fantástica junto do
público e é divulgada pelo país.
Promovemos formações sobre os
mais variados temas a arquitectos
e a outros profi ssionais interessa-
dos e fazemos visitas a obras, a últi-
ma foi a Óbidos.
È curioso que tal como no fute-
bol onde nós somos reconhecidos
pela qualidade, na arquitectura o
mesmo acontece. Somos um país
pequeno, mas com já dois prémios
Pritzker, o reconhecimento mais
importante que se pode receber.
Como tem corrido o trabalho com os jovens interessados nes-ta área?
Ana Barral - Temos tentado nas
nossas iniciativas trazer a comu-
nidade escolar, não só os jovens
da área da arquitectura, mas ou-
tros. Na última visita que fi zemos
às obras do Parque Escolar, às es-
colas de primeiro ciclo, levámos
connosco alguns alunos da facul-
dade de arquitectura. Temos bas-
tantes visitas de alunos, autocarros
que vêm de várias partes do país,
e que vêm para visitar as nossas
exposições e participar nas confe-
rências. A entrada no mercado de
trabalho nesta área não está fácil,
na verdade temos mais de vinte
mil arquitectos inscritos na ordem,
num país tão pequeno, é realmen-
te necessário dar oportunidade a
estes profi ssionais, se não for cá, lá
fora. Hoje cada vez mais temos de
nos convencer que as profi ssões
são complexas e que temos de ser
pró activos com projectos pensa-
dos para Portugal, mas também
para outras partes no mundo.
Pedro Costa - Também, temos de
considerar que um arquitecto pode
exercer outras funções e não só ac-
tividade “pura” da arquitectura. Por
exemplo, tenho um amigo que
tem uma empresa de publicidade
e todos os profi ssionais da casa são
arquitectos, porque os arquitectos
têm uma maneira particular de ver
e resolver os problemas. Ser arqui-
tecto não é apenas fazer projectos,
é olhar os problemas de uma de-
terminada forma. Hoje os jovens
devem-se associarem ao núcleo, é
uma mais-valia de forma a estarem
informados e a poderem vivenciar
os nossos eventos.
O núcleo de Abrantes foi pro-movido a Delegação, quais são as vossas novas competências?
Pedro Costa - A Ordem dos Ar-
quitectos Secção Regional Sul de-
cidiu terminar com todos os nú-
cleos da sua área de responsabili-
dade. Os núcleos passam apenas a
serem uma entidade espontânea
que pode continuar a ser formada
pelos arquitectos de determinada
região para promoverem iniciati-
vas. É algo que não tem continui-
dade, por exemplo, forma-se um
núcleo para se fazer uma conferên-
cia, quando esta termina o núcleo
também termina. Nós juntamen-
te com Castelo Branco, Faro, Ma-
deira e Açores fomos promovidos
a Delegação, pelo trabalho inte-
ressante que temos desenvolvido.
Agora as nossas responsabilidades
são maiores no âmbito do apoio
ao profi ssional e aos estagiários. A
sede vai começar a estar aberta ao
público diariamente, com uma se-
cretária responsável. Vamos come-
çar a ter acesso a alguma papela-
da, declarações necessárias, que
hoje os arquitectos só têm acesso
em Lisboa e vão começar a ter cá
e vamos continuar com todo o tra-
balho de formação e divulgação
da arquitectura. A Delegação vai
ser gerida por uma direcção e por
todos os membros associados, que
são cerca de 110, todos eles ins-
critos na ordem nacional. Foi com
alegria que recebemos esta notícia
no passado dia 12 de Janeiro, é um
reconhecimento do mérito que te-
mos e do trabalho executado.
Qual é o valor da arquitectura na região?
Ana Barral - Em termos de equi-
pamentos públicos a nossa re-
gião tem um grande número de
obras feitas de valor e realiza-
das por arquitectos de referên-
cia. Em Abrantes temos obras de
Aires Mateus, vamos ter o Mu-
seu Ibérico com a responsabilida-
de de Carrilho da Graça, as esco-
las de primeiro ciclo que estão a
ser construídas são da autoria do
arquitecto Manuel Mateus. Numa
época mais antiga, temos em
Abrantes uma serie de edifícios de
Raul Lino, Rui Atouguia foi o res-
ponsável do cine teatro São Pedro,
o hotel da cidade é de Manuel La-
cerra, a Barragem de Belver e as
casas envolventes são da autoria
de Cassiano Branco.
Pedro Costa - Como as pesso-
as não têm noção do valor des-
tes edifícios nós temos colocado
placas junto dos equipamentos
para que possam reconhecer o
valor em questão, mas ainda não
há uma grande sensibilidade e co-
nhecimento dos mesmos. Ainda
gostava que as pessoas que pas-
sam pela região tivessem o conhe-
cimento do valor e da qualidade
dos edifícios que estão espalha-
dos pelo Médio Tejo.
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jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO20124 ACTUALIDADE
HÁLIA COSTA SANTOS
A A23 era uma mais-valia para quem vive nesta constelação de concelhos, desde Torres Novas até Mação. Agora, para ir trabalhar, gasta-se mais tempo e mais di-nheiro. Entre a resignação e a in-dignação, surgem estórias de gen-te que todos os dias entra e sai da A23 para não ouvir o ‘bip’ do iden-tifi cador da Via Verde.
Joana tem apenas dois anos e, por
isso, não faz ideia das voltas que a
mãe dá, todos os dias úteis, para ir
pô-la ao infantário e, depois, seguir
para o local de trabalho. E por ser
muito pequena, Joana não imagina
o dinheiro que a mãe, Sandra Café,
gasta por mês nestas deslocações,
que atingem os dois mil quilóme-
tros. Este é um exemplo de uma fa-
mília que vive em Tomar, mas que
tem um dia-a-dia que se divide por
mais duas cidades da região: En-
troncamento e Abrantes. Se a ro-
tina diária já era pesada, com as
portagens na A23 tornou-se ainda
mais difícil.
Sandra Café já fez as contas ao
tempo e ao dinheiro. Quando não
havia portagens na A23 nem na
A13, fazia dois trajectos de 49 qui-
lómetros, em 45 minutos cada, gas-
tando cerca de oito euros por dia
em gasóleo. Se não contar com as
isenções, desde que os pórticos es-
tão instalados, no mesmo percur-
so gastaria mais oito euros por dia
(6,20 na A23 e 1,60 euros na A13).
Tudo junto, no fi nal do mês seriam
mais de 350 euros, quase metade
do seu vencimento líquido. Não
será pois, de estranhar, que esta
funcionária pública ande a fugir
aos pórticos, como tantas outras
pessoas na região.
Para não pagar portagens, Sandra
Café vai pela estrada da Atalaia, fu-
gindo à A13. Segue em direcção
ao Entroncamento Sul e atravessa
boa parte da cidade para deixar a
pequena Joana no infantário. Re-
torna em direcção à A23 e faz ape-
nas uma parte do percurso que fa-
zia quando esta estrada ainda era
uma SCUT. Para fugir ao pórtico
de Montalvo, sai em Constância e
circula na estrada nacional até re-
gressar à A23, mais à frente. Pas-
sa mais meia hora na estrada por
dia do que passava antes e, ao fi m
do mês, gasta mais 20 euros de
gasóleo. Mas feitas as contas, fu-
gindo aos pórticos poupa cerca de
150 euros por mês.
“É cansativo”, reconhece Sandra
Café. Desde que soube que as por-
tagens na A23 iriam ser uma reali-
dade fi cou logo preocupada. Sabia
que ia ter “um aumento na despe-
sa, mas não tinha a noção de que
seria tanto”. Vive em Tomar porque
é aí que o marido trabalha. Para
além disso, tinham lá um terreno
e pareceu-lhes lógico aproveitá-
lo para construir a casa de família.
Quando a pequena Joana chegou
à idade de ir para o infantário, o En-
troncamento foi a melhor solução
porque aí tem a avó, que dá apoio
nas situações mais complicadas. E
tudo estava pensado, sem contar
com as portagens.
Agora, Sandra Café coloca uma hi-
pótese que nunca tinha colocado:
pôr a Joana num infantário em To-
mar para evitar uma boa parte do
percurso diário. Isto porque a des-
pesa com as deslocações começa
a ser um peso demasiado grande
no orçamento. O marido de Sandra
também é funcionário público e,
por isso, estão a “contribuir para o
défi ce em triplicado”: cada um le-
vou um corte, mesmo que peque-
no, nos subsídios de férias e de Na-
tal e, para além disso, ainda contri-
buem com as portagens.
Também a fugir aos pórticos anda
Sara Ferreira, colega de trabalho de
Sandra Café, na secretaria da ESTA,
em Abrantes. Aliás, ao fi m do dia
saem sempre juntas, em direcção
ao Entroncamento, onde vive Sara.
Entram na A23 no sítio de sempre,
em Abrantes Oeste, mas saem em
Montalvo, para regressar à A23
mais à frente. Sara achou mal a in-
trodução de pórticos, mas não se
importou muito porque só apanha
um e até consegue desviar-se dele
sem grandes complicações. “A es-
trada tem algumas curvas, mas até
não é má.” O pior mesmo é a inten-
sidade de carros e camiões que fa-
zem o mesmo percurso. Nota-se
na estrada, mas a maior diferença
é sobretudo no centro do Entron-
camento. “Noto que há mais movi-
mento”, sobretudo ao fi m da tarde.
Ir buscar dois fi lhos em duas pon-
tas opostas da cidade acaba por
ser complicado.
Nem Sara nem Sandra pensaram
em associar-se aos movimentos de
contestação das portagens na A23.
Em conversa sobre o assunto, con-
cluem que “não há nada a fazer”.
Também o marido de Sara é fun-
cionário público e parece que já to-
dos interiorizaram a necessidade
de contribuir para resolver a situa-
ção do país. No ar fi ca a esperança
de que o sacrifício, que agora estão
a fazer, venha a dar resultados.
O mesmo circuito para fugir aos
pórticos entre o Entroncamento e
Abrantes é feito todos os dias por
Anselmo Bento. Só que, neste caso,
o destino é a Câmara do Sardoal e,
por isso, este funcionário munici-
pal tem ainda mais uma dor de ca-
beça diária: passar por dentro de
Abrantes para fugir a mais um pór-
tico. Antes, quando circulava pela
A23, fazia o percurso calma e co-
modamente. Saía às 8h10 de casa.
Agora, tem que sair meia hora mais
cedo e faz a mais cerca de 12 quiló-
metros por dia, o que implica um
pouco mais de combustível.
Anselmo Bento assinou a petição
que correu na internet contra o pa-
gamento da A23. “Ainda se falou
numa providência cautelar, mas
parece que não deu em nada”, re-
corda. Embora saiba que a comis-
são de utentes continua a traba-
lhar, já não tem esperança de que
a situação volte atrás. E é com algu-
ma tristeza que verifi ca que houve
pouca reacção por parte das popu-
lações. “Nós, portugueses, quere-
mos uma barra de chocolate, mas
se nos derem um rebuçado já nos
calamos.” Neste caso, o rebuçado
será a discriminação positiva duran-
te seis meses. “Ficamos contentes,
EM FOCO
O dia-a-dia de quem anda a fugir aos
• Joana com a mãe Sandra Café
• Pérsio Basso
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jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO2012 ACTUALIDADE 5
pórticos da A23
Em cada mês, a partir desta edição, o Jornal de Abrantes lança o desafi o aos seus
leitores no sentido de darem contributos sobre um tema previamente escolhi-
do. Em cada edição lançaremos o tema da edição seguinte e aguardaremos as
vossas estórias. Queremos falar sobre assuntos que afectam muita gente, com
casos concretos, com discurso directo. Queremos dar voz aos leitores. Na pró-
xima edição, o tema será o acesso (ou a falta dele) à saúde. Ficamos à espera!
Contacto: 241 360 170 - E-mail: [email protected]
pagamos e depois esquecemos.”
Para Anselmo Bento, é importan-
te analisar esta questão não só em
termos dos prejuízos fi nanceiros
de cada cidadão. “Não dinamiza a
região e em termos empresariais
é uma catástrofe!” Por outro lado, a
quantidade de veículos que diaria-
mente passaram a circular por es-
tradas nacionais pode dar origem
a aumentos de acidentes e de ví-
timas. Ultrapassagens perigosas e
motos com pouca cilindrada são as
principais ameaças. Anselmo Bento
tem esta situação sempre presen-
te, até porque já apanhou “três ou
quatro sustos na zona de Montalvo”.
Num outro ponto da A23 circula-
va diariamente Pérsio Basso. Vive
em Torres Novas, trabalha em Vila
Nova da Barquinha e optou por
fugir aos pórticos apenas no fi nal
do dia de trabalho. De manhã se-
gue pela A23 e à tarde vai pelo En-
troncamento. São mais sete minu-
tos de viagem, mas deixa de pa-
gar 1,10 euros. Para este técnico
de Comunicação, “não é assim tão
mau”. Apanha um semáforo e mais
algum trânsito, mas nada que se
possa considerar um transtorno. “É
tudo uma questão de adaptação.”
Pérsio Basso concorda com o pa-
gamento de portagens em estra-
das como a A23, mas não com “va-
lores desta ordem”. Contas feitas,
paga-se quase o dobro por quiló-
metro do que se paga, por exem-
plo, na A1, quando “devia ser pre-
cisamente o contrário”. Aliás, esta
opinião é partilhada por Raquel
Ferreira, que vive em Abrantes e
trabalha em Mação. Também mu-
dou o percurso para ir trabalhar,
porque até tem duas alternativas:
“Pelas Mouriscas, a estrada é boa,
mas tem curvas; pela Ortiga, a es-
trada está pior, mas é mais larga.”
Feito o balanço fi nal, sabe que tem
que sair cerca de dez minutos mais
cedo. Quando já sai em cima da
hora, então vai pela A23, usando as
isenções da discriminação positiva.
Até Junho. • Sara Ferreira, colega de trabalho de Sandra Café
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JANEIRO/FEVEREIRO20126 SAÚDE
Estancar um passivo de 160 mi-lhões de euros, dos quais 60 mi-lhões são de dívida a fornecedores externos do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), é um dos ob-jectivos do programa de reorgani-zação apresentado pelo novo Con-selho de Administração (CS), lidera-do por Joaquim Esperancinha.
A média anual de crescimento do
passivo deste organismo tem sido
da ordem dos 25 milhões de euros e
esta situação tem de mudar. Para o
fazer, o CA do CHMT e a direcção clí-
nica apresentaram, recentemente,
um conjunto de medidas já aprova-
das pela Administração Regional de
Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
Os cortes no CHMT começaram
no cargos directivos. O CA passou
de 19 para dez elementos e os di-
rectores de serviço de 41 para 19.
Por outro lado, concentração de
serviços foi a defi nição para as alte-
rações que começaram a ser efectu-
adas a 23 de Janeiro e vão culminar
a 1 de Março (ver quadro). Na práti-
ca, trata-se de concentrar valências
em cada um dos Hospitais, fazen-
do com que os habiantes da região
recorram a cada um deles em fun-
ção das especialidades. A título de
exemplo, a Pediatria já está concen-
trada em Torres Novas, a Otorrinola-
ringologia fi ca em Tomar e a Orto-
pedia em Abrantes.
Neste âmbito, Paulo Vasco, direc-
tor clínico do CHMT secundou o
presidente do CA na apresentação
das medidas que visam a concen-
tração de serviços, como pediatria,
otorrinolaringologia, ortopedia e ci-
rurgia. Já no que diz respeito à ur-
gência, “um dos principais sorvedo-
res de dinheiro no CHMT”, Joaquim
Esperancinha realçou que esta ad-
ministração apenas aplicou as deci-
sões tomadas em 2008 e publicadas
nesse ano em Diário da República: a
criação de urgência básica com am-
bulância de suporte imediato de
vida em Tomar e Torres Novas e a
criação da urgência medico-cirurgi-
ca em Abrantes.
A este nível, Nuno Catorze, direc-
tor de urgência do CHMT, foi claro
na defi nição dos serviços prestados.
Tomar e Torres Novas fi cam com
consultas 24 horas por dia, que fun-
cionam como as chamadas consul-
tas de recurso. Quer isto dizer, por
exemplo, que se um habitante de
Torres Novas tiver tosse pode ir ao
hospital da área de residência, mas
se tiver uma perna partida deverá
deslocar-se a Abrantes.
Quando questionado sobre o es-
vaziamento do hospital de Tomar
de vários serviços, Joaquim Espe-
rancinha refutou essa ideia, dizen-
do que o que está em causa é um
hospital com corredores de 30 qui-
lómetros entre si. Não quer falar em
hospitais desta ou daquela cidade,
mas antes num centro hospitalar
com três unidades. E adiantou mais:
se este plano não estancar o défi ce,
que é o seu principal objectivo, nem
quer pensar no que possa acontecer.
Já no que diz respeito aos profi s-
sionais, Joaquim Esperancinha não
falou em cortes, embora no futu-
ro não seja uma questão posta de
lado. Mas este responsável realçou
que alguns profi ssionais vão ser re-
direccionados nas suas funções face
ao quadro de alterações em curso.
Entre várias reacções, que se ve-
rifi caram na região, a Comissão de
Utentes da Saúde do Médio Tejo
defendeu o adiamento das medi-
das por 15 dias para poder auscul-
tar as populações.
Já o presidente da Câmara de Tor-
res Novas, e também da Comunida-
de Intermunicipal do Médio Tejo,
admitiu concordar com algumas
das medidas mas revelou igual-
mente discordar de outras. António
Rodrigues fez questão de referir que
tem de haver alterações no CHMT e
que, na sua opinião, o mais impor-
tante é que as três unidades hospi-
talares continuem a funcionar.
Em Tomar a reacção foi mais ra-
dical, tendo a autarquia aprovado
uma moção em que pede a suspen-
são imediata da reorganização apre-
sentada. Mesmo assim, também o
presidente da autarquia, Carlos Car-
rão, admitiu a necessidade de alte-
rações no Centro Hospitalar.
Já Maria do Céu Albuquerque,
presidente da Câmara de Abrantes,
reajiu através de um comunicado
muito simples em que realça a im-
portância da reorganização, defen-
dendo que a mesma deve ser tecni-
camente bem sustentada.
Independentemente das reac-
ções, Joaquim Esperancinha deixou
bem claro que o Conselho de Ad-
ministração do CHMT está disponí-
vel para ouvir alternativas. Mas esta
abertura não invalida uma certeza:
este plano é para implementar.
Jerónimo Belo Jorge
Calendarização do programa de reorganização
23 Janeiro Concentração Pediatria em Torres Novas
26 Janeiro Concentração Otorrinolaringologia em Tomar
30 Janeiro Concentração Ortopedia em Abrantes
30 Janeiro Transferência de Cirurgia geral de Torres Novas para Tomar
30 Janeiro Transferência do Bloco Operatório de Torres Novas para Tomar
14 Fevereiro Concentração de Medicina Interna em Abrantes e Torres Novas
01 Março Urgência Básica com viatura pré hospitalar em Torres Novas e
Tomar e urgência Médico-Cirúrgica em Abrantes.
Hospitais do Médio Tejo reorganizados
A detecção de violência doméstica no HospitalO Hospital de Abrantes é o
único no país a ter um serviço
de detecção e recolha de pro-
vas de actos de violência, no-
meadamente violência con-
tra a mulher. Este serviço ar-
ticula-se, depois, com outras
estruturas existentes no con-
celho e com o Ministério Pú-
blico para as acções em con-
formidade.
A violência contra a mulher
é uma realidade que, muitas
vezes, está encapotada pela
sociedade, pelas próprias ví-
timas e por medo de repre-
sálias dos agressores. Pieda-
de Pinto, enfermeira, natural
de Abrantes, trabalha nes-
ta área no Hospital. “Há 20
anos que trabalho no Hospi-
tal e que me lembro de ver
casos de violência sobre as
mulheres”, explica a técni-
ca de saúde, adiantando que
ao longo dos anos o Hospi-
tal foi dando, e melhoran-
do, a resposta a estes casos.
Desde 2009 que o Hospital
faz a colheita e preservação de
provas a qualquer vítima que
entre na unidade. Esta área
abrange todo o tipo de víti-
mas e não apenas os casos de
vítimas de violência domésti-
ca. Quando entra uma vítima
“fazemos a recolha de provas
médico-legais”. A enfermeira
Piedade Pinto explica que po-
dem ser “facas, balas, roupa
ou o registo das lesões”. Tam-
bém na violência doméstica,
que é um crime público, a Lei
obriga estes técnicos a colher
as provas que podem ser ne-
cessárias para o uso em pro-
cessos judiciais. Não queren-
do comparar o seu trabalho
ao dos “CSI da televisão”, Pie-
dade Pinto diz que acaba por
ser parecido.
Mais complicados são os ca-
sos, conta a enfermeira, de si-
tuações em que as mulheres
entram no Hospital com o re-
gisto de queda, mas que aca-
bam por confi ar nos técnicos
e confessam terem sido alvo
de agressões. E há ainda ou-
tros em que os agressores es-
tão na sala de espera. A téc-
nica contou um caso, que já
tem uns anos, de uma mu-
lher que chegou à urgência
a dizer que queria dormir no
Hospital. Só às quatro da ma-
nhã é que confessou o imbró-
glio da sua vida, tendo revela-
do que o companheiro nunca
lhe tinha batido. Mas às vezes
a violência psicológica pode
ser mais violenta.
Piedade Pinto revelou que
desde que na autarquia exis-
te o Gabinete de Apoio à Ví-
tima, esta estrutura tem indi-
cado às vítimas o caminho a
seguir e, no geral, elas têm-no
seguido. O trabalho em rede
permite que os diferentes
parceiros a actuar nesta área
estejam articulados e que
possam encaminhar as víti-
mas para as respostas mais
adequadas.
A técnica salienta que o tra-
balho a ser feito não pode
ser apenas com as vítimas.
Os agressores também deve-
riam ter apoio psicológico ou
psiquiátrico.
Já sobre as queixas, mesmo
que se detecte na urgência
hospitalar uma vítima de vio-
lência doméstica, o proces-
so só pode avançar se a víti-
ma concordar. Um técnico de
saúde não pode ultrapassar a
vontade das vítimas. Mas, nos
dias de hoje, fazer uma quei-
xa pode ser muito simples.
Através do portal do Ministé-
rio da Justiça, as queixas po-
dem ser anónimas, “basta as-
sinalar violência doméstica e
colocar a morada”. Depois, “os
serviços fazem o resto”.
A violência contra os ho-
mens, em que as agressoras
são mulheres também existe,
embora seja numa percenta-
gem muito baixa.
Preocupante é a violência
no namoro. Piedade Pinto
revela que aqui não se trata
ainda de violência física, mas
aquela que é mais difícil de
despistar: a psicológica. As
proibições de vestir esta ou
aquela peça de roupa ou o
uso do telemóvel começam
a fazer parte deste tipo de
comportamentos violentos
entre a juventude.
Seja como for, tanto a en-
fermeira Piedade Pinto como
as outras pessoas que cola-
boram na rede concelhia de
combate à violência alertam
para a necessidade de os ca-
sos serem transmitidos às
autoridades, no sentido de
evitar que estas situações
continuem a acontecer e a
manchar a sociedade.
JBJ
![Page 7: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/7.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO2012 ACTUALIDADE 7
Paredes meias com o Convento da Es-perança, espartilhada entre quatro cantos vazios, um biombo pálido que esconde uma marquesa e algumas ca-deiras, salienta-se a secretária onde um conjunto disperso de papéis se distribui.
A luz sombria espreita envergonha-
da pela janela fazendo realçar o co-
lorido das caixas de medicamentos
meticulosamente ordenadas em pra-
teleiras como se de uma farmácia se
tratasse… É assim o nº 90 da Rua Ac-
tor Taborda, em Abrantes, onde se si-
tua o Banco de Medicamentos de
Abrantes.
O conceito de Banco de Medica-
mentos surgiu em Milão, Itália, em De-
zembro de 2000, no decurso de umas
Jornadas Médicas. Foi, assim, feita a
primeira recolha de medicamentos.
Desde então, iniciativas deste género
realizam-se todos os anos, um pouco
por todo o lado.
A missão do Banco dos Medicamen-
tos é estabelecer acções para anga-
riar medicamentos que já não sejam
necessários e que ainda possam ser
aproveitados por pessoas que, com-
provadamente, tenham baixos rendi-
mentos.
A linha de acção do programa é mi-
nimizar despesas das famílias caren-
tes, educar e consciencializar a po-
pulação sobre o risco da guarda de
medicamentos em desuso ou da sua
colocação em locais inadequados. Ao
mesmo tempo, pretende-se sensibili-
zar as pessoas para o valor destes me-
dicamentos que de outra forma pode-
rão ser aproveitados por outros com
menor poder de compra.
Em Abrantes, o Banco está em fun-
cionamento desde 2009. O apoio é as-
segurado por cinco enfermeiros, em
regime de voluntariado. O projecto
insere-se num plano muito mais am-
plo do apoio social prestado pela Pa-
róquia. O Cónego José da Graça é o
responsável pela iniciativa.
A enfermeira Conceição Santos, de-
solada, descreve as limitações do ser-
viço: “As necessidades ultrapassam lar-
gamente as possibilidades do Banco e
muito nos entristece não poder aju-
dar mais.” O momento também não é
o melhor, até porque “estamos numa
altura difícil e as pessoas poderão re-
trair-se mais em participar”. Mas, por
outro lado, também podem ser mais
solidárias, espera esta voluntária.
A ideia de base deste serviço soli-
dário é clara: “Se não sabe o que fa-
zer com os os medicamentos, o Ban-
co sabe, destina-os a quem não tem
condições fi nanceiras para adquiri-los
em farmácias, já que alguns são muito
caros. Caso possua um medicamento
nessas condições não o deixe numa
gaveta, até perder a validade e ser dei-
tado fora”.
Em Abrantes também se prevê que
o recurso ao Banco de Medicamen-
tos, criado há cerca de dos anos pelo
cónego José Graça, aumente conside-
ravelmente este ano. “A tendência é
para aumentar”, até porque “as recei-
tas não sobem e as despesas aumen-
tam”, lembra o Cónego, demonstrando
preocupação com o aparecimento de
mais casos de “pobreza envergonhada”.
Quanto à forma como tudo se pro-
ceso, o Cónego José da Graça explica
que os medicamentos só são entre-
gues “perante apresentação de receita
médica”. Se o medicamento solicitado
existir no Banco, o doente leva-o. “Caso
contrário, a paróquia procura dar uma
resposta comprando-os numa far-
mácia.” A ideia é que quem necessi-
ta possa obter os medicamentes que
lhe foram receitados. Ao longo do úl-
timo ano foram recolhidos cerca de 5
mil euros em medicamentos em con-
dições de serem tomados. “É uma po-
pulação muito medicada e com refor-
mas baixas”.
Hermelinda Dias, 37 anos, desem-
pregada, com dois fi lhos menores, é
uma utente assídua do Banco dos Me-
dicamentos devido aos problemas
que tem tido na sua vida. Por isso não
hesita em dizer que “estas iniciativas
são uma bênção”. Com esta ajuda con-
segue “poupar muito dinheiro que de
outra forma faria falta para outras coi-
sas, como a renda da casa e da educa-
ção dos fi lhos”.
Estes são apenas exemplos que nos
últimos anos têm surgido um pou-
co por todo o país para impedir que a
saúde daqueles que enfrentam maio-
res difi culdades económicas seja rele-
gada para segundo plano.
Francisco Rocha Aluno da ESTA
Pela sua saúde, não deite fora os medicamentos
São 11 peças de escultura
portuguesa contemporânea,
de grande dimensão, que
vão dar outra vida ao Parque
Ribeirinho. A instalação das
obras, concebidas por escul-
tores conceituados, estava
prevista para o passado mês
de Setembro, mas um atraso
nos fundos comunitários le-
vou a um adiamento. O pro-
jecto é ambicioso e está avan-
çar em outras frentes, como
garante o vereador Fernando
Freire: “Este é um projecto que
se chama Mercado das Artes e
que, para além da instalação
das peças, tem outros objec-
tivos, entre os quais a regene-
ração urbana da vila, uma in-
tervenção nos percursos ri-
beirinhos, um novo posto de
turismo, uma intervenção no
edifício Paços do Concelho,
dotando-o de uma galeria de
exposições (que está pratica-
mente pronta a ser inaugura-
da), uma residência para ar-
tistas e um ateliê para criação
plástica, previsto para antiga
Casa da Hidráulica. Estas duas
últimas intervenções também
estão com um atraso, devi-
do às transferências dos fun-
dos comunitários. Temos de
ir dando um passo de cada
vez, mediante a condição que
o país se encontra. Quanto às
esculturas, já lançámos o con-
curso em Diário da República
para sustentação do solo, de
forma a criarmos as infra-es-
truturas ideais para receber as
peças. Algumas das peças já
estão na nossa posse e penso
que, para fi nais da Primavera,
estamos em condições de co-
locar algumas esculturas no
parque.”
O Mercado das Artes é um
projecto que está a ser desen-
volvido entre a autarquia de
Barquinha e a Fundação EDP
e representa um investimento
superior a 2 milhões de euros.
Joana Margarida Carvalho
Foi no início deste ano lec-
tivo que a nova Escola de
1º ciclo de Vila Nova da Bar-
quinha entrou em funciona-
mento. Inicialmente, estava
previsto que o Centro Inte-
grado de Educação em Ciên-
cias (CIEC), que se encontra
dentro do mesmo comple-
xo, também iniciasse fun-
ções, mas tal não aconteceu.
Segundo o vereador na Câ-
mara Municipal, Fernando
Freire, a autarquia aguarda fi -
nanciamento comunitário
para terminar a obra. “O equi-
pamento está atrasado na sua
execução. Estamos a receber
ainda alguns equipamentos
para instalar dentro do Centro.
Tudo aponta para que no fi -
nal do segundo período este-
jamos em condições de abrir
portas, mas é um dado me-
ramente indicativo, não fi nal”.
Com um atraso de oito meses,
este novo Centro tem como
objectivo promover o estudo
de conteúdos experimentais
inseridos em práticas locais.
Por exemplo, como pode ser
realizada uma travessia de bar-
co no rio Tejo, como é feita uma
ponte romana, como funciona
o pára-quedismo, como se ele-
va um balão de ar quente, en-
tre outras práticas a realizar.
O CIEC é destinado aos alu-
nos do concelho, bem como a
toda a comunidade em geral,
e representa um investimento
de 3,5 milhões de euros.
Obras aguardam por fundos comunitários
Esculturas estão previstas para o fi nal da Primavera
VILA NOVA DA BARQUINHA
Parque Ribeirinho, Vila Nova da Barquinha
• Parque Ribeirinho, Vila Nova da Barquinha
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jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO20128 REGIONAL
A Câmara de Abrantes ainda não decidiu se declara a caducidade da licença de construção da fábri-ca de painéis fotovoltaicos. O prazo concedido ao empresário Alexan-dre Alves, para retomar as obras no complexo, terminou a 18 de Janeiro.
O assunto foi levado pela própria
presidente da Câmara Municipal de
Abrantes, Maria do Cé Albuquerque,
à reunião do dia 23. A autarca reve-
lou ao restante executivo que as
obras não foram retomadas e que o
empresário havia enviado uma car-
ta à autarquia a solicitar contenção
nas decisões porque alegadamente
estará a negociar com uma entida-
de bancária estrangeira o fi nancia-
mento do projecto. De acordo com
o que o Jornal de Abrantes conse-
guiu apurar, o empresário terá ane-
xado à carta enviada à autarquia um
documento da entidade bancária.
Ora, sem deliberações formais, o
assunto vai ser discutido na reunião
do executivo de dia 6 de Fevereiro,
porque a autarca informou que tinha
solicitado pareceres jurídicos aos
serviços da Câmara e aos consulto-
res externos. O objectivo, segundo
Maria do Céu Albuquerque, é o exe-
cutivo ter o processo completamen-
te instruído para poder deliberar so-
bre um projecto que, a ser implan-
tado, seria muito importante para
Abrantes e para a região. A autarca
salientou que mesmo que não fos-
sem criados os 1.800 postos de tra-
balho, prometidos inicialmente, só
os 300 desta primeira fase já era um
número muito bom para a região.
O que estará em causa é simples-
mente a caducidade, ou não, da li-
cença de construção. Se caducar, a
RPP solar não poderá mexer nos ter-
renos adquiridos à autarquia abran-
tina a preço simbólico. Se este for o
desfecho, a oposição, PSD e Inde-
pendentes, já disseram querer saber
como é que a Câmara acautelou os
seus interesses na propriedade dos
terrenos, ou seja, se há reversão dos
terrenos e de que forma. É que a au-
tarquia adquiriu a propriedade por
um milhão de euros e vendeu ao
empresário a preço simbólico. Há
mesmo juristas que admitem que
este poderá ser um processo jurí-
dico longo, já que no terreno existe
obra construída.
Recorde-se que esta decisão da
autarquia vai ser tomada depois do
empresário ter solicitado um prazo
adicional para não ter a licença ca-
ducada, tendo para o efeito apre-
sentado um conjunto de documen-
tação, onde incluiu uma garantia de
500 milhões de euros, emanada por
um banco suíço. O facto é que du-
rante o ano 2011 nada aconteceu
no terreno onde já deveria estar a
funcionar a primeira nave de pro-
dução de painéis fotovoltaicos.
Recorde-se que o projecto RPP
Solar previa a construção de um
complexo industrial integrado que,
quando totalmente implementado,
iria tratar a matéria prima até à pro-
dução fi nal dos painéis fotovoltai-
cos. No arranque das obras, o em-
presário anunciava um investimen-
to de mil milhões de euros, a criação
de 1.800 postos de trabalho e a cria-
ção de um centro de investigação
em energias renováveis com acor-
dos e parcerias com várias universi-
dades nacionais e internacionais. O
certo é que a primeira nave da fábri-
ca nunca chegou a estar construída
e o empresário vê-se a braços com
vários processos de penhora dos
terrenos por dívidas a fornecedores.
Há uma semana o empresário dis-
se ao jornal O Ribatejo que a crise ti-
nha prejudicado os fi nanciamentos
do projecto na banca nacional mas
que iria retomar as obras até ao dia
24 de Janeiro. O que acabou tam-
bém por não acontecer.
Jerónimo Belo Jorge
RPP Solar, talvez o princípio do fi m
Tagus aprova projectos que criam 53 postos de trabalho
A TAGUS, Associação para
o Desenvolvimento Integra-
do do Ribatejo Interior, apro-
vou, no início de Janeiro, 47
das 71 candidaturas apre-
sentadas para projectos a
implementar em Abrantes,
Constância e Sardoal. Este
foi o segundo concurso a
fundos da Abordagem LEA-
DER, do Programa Nacional
de Desenvolvimento Rural
(ProDeR), ou seja, projectos
para implementar no meio
rural.
As duas acções que tive-
ram projectos aprovados fo-
ram a “Diversifi cação da acti-
vidade económica e criação
de emprego” e a “Promoção
da qualidade de vida das
populações”. Este conjunto
de projectos representa um
investimento total de cinco
milhões de euros, o que re-
presenta um apoio por par-
te do ProDer de cerca de três
milhões. Por outro lado, o
concurso aprovou 28 novos
projectos para Abrantes, 11
para Constância e oito para
Sardoal. Pedro Saraiva, técni-
co coordenador da Tagus, re-
velou que estes 47 projectos
aprovados agora vão permi-
tir a criação de 53 novos pos-
tos de trabalho, o que é um
excelente contributo num
cenário de crise, austeridade
e aumento do desemprego.
O Órgão de Gestão deu pa-
recer favorável a 57 pedidos
de apoio, no entanto, não
teve dotação fi nanceira para
apoiar dez deles. Estes pas-
sam automaticamente para
o concurso seguinte, que
deverá abrir ainda este ano.
Pedro Saraiva destacou a ac-
ção diversifi cação da activi-
dade económica e criação
de emprego, que juntou 22
projectos aprovados, con-
templando 32 postos de tra-
balho num investimento de
2,9 milhões de euros.
Já a acção promoção da
qualidade de vida das popu-
lações somou 25 pedidos de
apoio com dotação fi nan-
ceira, criando 21 empregos
num investimento de mais
de dois milhões de euros.
Pedro Saraiva destacou a
importância destes peque-
nos projectos para o forta-
lecimento da economia do
mundo rural. A criação de
postos de trabalho e o de-
senvolvimento de algumas
actividades permitem igual-
mente fortalecer as econo-
mias de pequenas aldeias.
A entrega dos contratos de
fi nanciamento está marcada
para dia 6 de Fevereiro.
Um Conselho Municipal de
Freguesias foi criado no Sar-
doal. O objectivo da organi-
zação é evitar a extinção das
freguesias de Santiago de
Montalegre e de Valhascos,
uma medida prevista no Do-
cumento Verde para a Refor-
ma da Administração Local.
Esta organização propõe
em alternativa para que
ambas as freguesias se pos-
sam manter enquanto ór-
gãos autárquicos, uma parti-
lha de bens e recursos gerais.
Assim, o Conselho tem como
objectivo ser um mecanismo
de rentabilização dos encar-
gos e das despesas das locali-
dades, cumprindo os objecti-
vos do Documento Verde.
Desde o último mês de No-
vembro, quando foi criado
pela Câmara Municipal e ago-
ra composto pelo vice-pre-
sidente Miguel Borges e por
dois representantes da As-
sembleia, Câmara e Junta de
Freguesia, que o grupo de tra-
balho tem realizado reuniões
semanais e plenários, conse-
guindo uma opinião gene-
ralizada dos sardoalenses.
O Conselho está centrado
em estabelecer uma afi rma-
ção territorial e considera
que a extinção das duas fre-
guesias vai levar a uma maior
desertifi cação e perda de va-
lores das políticas de proxi-
midade.
As conclusões do grupo de
trabalho vão ser enviadas
em breve ao Governo e a ou-
tros órgãos da Administração
Central e Local.
Sardoalenses queremmanter as quatro freguesias
Foto
: Arq
uiv
o
![Page 9: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/9.jpg)
jornaldeabrantes
9ESPECIAL AUTOMOBILISMO
MEMÓRIAS DE UM DESPORTO QUE MARCOU UMA EPÓCA
A década de 80 foi a época de
ouro do desporto automóvel
em Abrantes. A primeira pro-
va internacional de autocross
aqui se realizou, numa pista
que deixa saudades. O pri-
meiro desenho da pista foi
feito por um tractor que der-
rubou as oliveiras encontra-
das no caminho. As imagens
e as histórias foram recente-
mente relembradas numa
exposição que esteve pa-
tente no Arquivo Municipal.
O JA recupera a informação,
acrescenta outros episódios
de alguns dos principais pro-
tagonistas e faz a ponte para
o que se faz na actualidade,
em termos de desporto au-
tomóvel.
Fotos: Arquivo Municipal Eduardo Campos - arquivo icnográfi co
![Page 10: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/10.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO201210 ESPECIAL AUTOMOBILISMO
É o carro do Zé Bioucas, com ele ao volante, que aparece no cartaz do Remember Vizela, em Junho do ano passado. Festejava-se os 44 anos do 1º Rali de Automóveis Antigos às Caldas de Vizela.
José Bioucas não participou nes-
sa primeira edição, mas não perdeu
as seguintes. Ele era um assíduo fre-
quentador da modalidade.
É lembrado por cá sobretudo
como ex-presidente da Câmara de
Abrantes ou professor, mas não é
disso que aqui se trata. Praticou fu-
tebol e rugby, foi forcado amador
com Manuel dos Santos, mas é o
desporto automóvel que lhe traz as
melhores recordações desportivas.
O seu pai tinha uma ofi cina de au-
tomóveis. Não admira, por isso, que
aos 18 anos, em 1947, tire a carta de
condução e logo comece a “brincar”
às perícias. “Nesse tempo não se
falava por cá em ralis. O que havia
era gincanas e provas de perícia. Eu
adorava as perícias.”
Por volta de 1960, compra um
Austin Cooper S, que estava já arru-
mado debaixo de uma oliveira, e aí
começa o interesse pelos automó-
veis antigos. Hoje possui uma série
deles, quatro dos quais a andar, e
motas também.
Como praticante e militante da
causa, podemos dizê-lo, foi convi-
dado para a formação do que é hoje
o Clube Português de Automóveis
Antigos, onde é o sócio nº 29.
Não esquece o Rali dos Templários,
que passava por Abrantes quando
ele era presidente da Câmara. Vinha
da Amadora, passava por Tomar e
voltava para a Amadora, uma inicia-
tiva de promoção turística. A uma
média de 30 km por hora. “O que
conta é a regularidade, não é a ve-
locidade.” E para os observadores é
o desfi le das relíquias automóveis. É
sempre um sucesso.
O mais alto que subiu no pódio
foi um primeiro prémio absoluto,
em 1993, no Rali de Tróia. “Ganhei o
primeiro lugar absoluto por três se-
gundos. Nesse ano ganhei tudo o
que podia ganhar, também o 1º lu-
gar nos carros de 1930 e o 1º Ford.”
E ainda o prémio especial de os tro-
féus lhe serem entregues pela en-
tão Miss Portugal. Nada mau. Tal-
vez por isso mesmo tenha sido a
sua última entrada em competição.
Ou talvez não. “As provas hoje fi cam
muito caras. Naquele tempo, fazia-
se uma prova de um fi m de semana
por quinze contos (75€), hoje custa
aí uns 300 (1.500€). É já uma prova
para ricos.”
Guarda com zelo os troféus, as
chapas com o número do carro na
prova e as fotos que documentam
as emoções de tantas provas. Mas
guarda ainda melhor a memória de
outros troféus. “A amizade e o con-
vívio, os fi ns de semana bem passa-
dos, isso é que foi o mais importan-
te”, diz como quem saboreia uma
recordação. Agora, já não vai a pro-
vas, só a convívios. Como aquele de
Vizela, no ano passado.
Alves Jana
JOSÉ BIOUCAS
A paixão dos automóveis antigos
• José Bioucas em prova, no Singer
![Page 11: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/11.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO2012 ESPECIAL AUTOMOBILISMO 11
O Desporto Automóvel em
Abrantes foi o tema de uma expo-
sição que esteve patente ao pú-
blico no Arquivo Municipal Edu-
ardo Campos, até 31 de Janeiro.
Entre 1979 e 2000, o desporto au-
tomóvel colocou Abrantes ao mais
alto nível, nos calendários de provas
nacionais e internacionais. Na expo-
sição estava patente a acta de fun-
dação da secção de motorismo do
Sporting Clube de Abrantes, entre
outros documentos importantes.
A exposição apresentou também
o percurso de dezenas de pilotos,
naturais ou residentes no conce-
lho, através de uma apresentação
multimédia e alguns dos troféus
das centenas de provas realizadas
em Abrantes ou outros eventos de
índole nível nacional e internacio-
nal, destacando-se o autocross, o
Rally Cidade de Abrantes (campe-
onato nacional) e várias etapas do
Rally de Portugal (calendário inter-
nacional).
São muitos os pilotos de Abrantes
que estiveram representados nesta
exposição: António Gabriel Almei-
da e Oliveira, António Luís Nazaré
Santos Ferreira, António Marques
Alexandre, António Pedro Santi-
nho Mendes, Augusto Oliveira Pi-
res, Carlos Alberto Ruivo Sousa Mar-
ques, Fernando Guilherme Lopes
Bicho, Fernando Jorge Pires Vítor,
Fernando Jorge S. Rodrigues, Fer-
nando José Castanho Soares Fer-
nandes, Fernando Manuel Duarte
Santos, Francisco Manuel Ruivo
Ferreira Romãozinho, Ismael Prates
Margarido, Jorge Manuel Martins
Dias Mariano, José Manuel Calado
Mendes, José Manuel Canavilhas
São Bento, José Manuel Nazaré, Luís
António Martins Batista, Luiz Go-
mez Fernandez, Martinho Carrei-
ra Jorge, Ricardo Padre Santo, Vitor
Hugo Calado Mendes e Virgílio José
Lopes Vieira.
A propósito desta exposição, Fran-
cisco Lopes, director de departa-
mento da Câmara Municipal de
Abrantes, destacou a colaboração
dos pilotos, a extinta secção de mo-
torismo do Sporting de Abrantes e
ao próprio clube.
De referir que para a concretização
desta exposição, o Arquivo Munici-
pal juntou uma colecção de fotogra-
fi a de todos os pilotos de Abrantes.
Esta colecção retrata as carreiras
dos pilotos e constitui um fundo de
memória que fi ca disponível para
a comunidade. Refi ra-se que o Ar-
quivo Municipal havia digitalizado,
até meados de Novembro, 2.842
fotografi as dos pilotos de Abrantes
em provas. Na altura faltavam ain-
da digitalizar mais algumas cente-
nas. A esta recolha junta-se todo o
espólio gráfi co da Secção de Mo-
torismo do Sporting de Abrantes.
JBJ
A década de 80 foi a época de ouro do desporto automóvel em Abrantes. Impulsionada pelos mui-tos pilotos nos autocross, ralis e pe-rícia, mas também pelos “carolas” da secção de motorismo do Sporting de Abrantes.
A pista de autocross de Vale de
Roubam, local onde actualmente
está construída a cidade desporti-
va de Abrantes, juntava centenas
de fãs da modalidade, quando os
carros derrapavam na pista de terra
batida. E ao lado do roncar dos mo-
tores, a população aplaudia.
Na década de 90 começa a cair
o entusiasmo quer pelo autocross
quer pelos ralis. Depois a autar-
quia decide construir o estádio no
local da pista de autocross e, aí, foi
mesmo o ponto fi nal na modalida-
de que, então, já estava moribunda.
Tudo começou em 1970, quan-
do, integrado nas jornadas cultu-
rais, um grupo de amigos resolve
organizar um rali. Uma espécie de
rali turístico. Este grupo de abranti-
nos fi ca com o bichinho dos auto-
móveis e no fi nal da década de 70
mostra vontade de arrancar com a
modalidade em Abrantes. Foram à
Federação Portuguesa de Automo-
bilismo (FPA) e fi caram a saber que
tinham de ser associados através
de um clube para poderem dispor
do alvará de organizadores de pro-
vas. António Maia recordou ao JA
o processo. Fizeram a proposta ao
Sporting de Abrantes para a criação
de uma secção de motorismo. De-
pois das burocracias, já na posse do
alvará de organizadores, iniciam-se
com o pop cross. Antes tinham des-
locado um grupo ao Rali de Caste-
lo Branco, um dos mais famosos da
época, para formação dos dirigen-
tes, entre director de prova, comis-
sários, etc.
Com o “motor” em funcionamen-
to, faltava um circuito. António Maia
recorda que foi ele, com um tractor,
emprestado por Santinho Mendes,
que num terreno da Câmara e em
dois hectares de um privado, fez o
desenho do circuito: “Entrei por ali
com o tractor e comecei a derru-
bar oliveiras. Fez-se o circuito ini-
cial. Depois foi melhorado com o
apoio da autarquia e de empresas
privadas”.
O ex-dirigente da secção de mo-
torismo recorda as primeiras activi-
dades para angariar dinheiro para
pôr em marcha as provas de auto-
cross. “Fizemos um torneio de tiro
aos pratos, no Pego, uma prova de
perícia, no Rossio, e na pista uma
prova de motocross”.
Os anos 80 foram os anos de ouro
do automobilismo em Abrantes. A
pista de Vale de Roubam recebeu
até a primeira prova internacional
de autocross. Paralelamente, a sec-
ção organizava o Rali Cidade de
Abrantes, prova que pontuava para
o campeonato nacional de inicia-
dos.
Na década de 90, começa a decair
o autocross. A falta de apoios leva
os “carolas” da secção de motoris-
mo a deixar o circuito e a concen-
trar-se apenas no rali. Depois, surge
a proposta da Câmara de Abrantes
no sentido de se construir o está-
dio no local do circuito. Foi a ma-
chadada fi nal no vale de Roubam.
António Maia recorda que o clube
pagava 750 contos pelo aluguer
dos dois hectares de terreno priva-
do onde estava uma parte da pista.
Já no fi nal da década de 90, tam-
bém o Rali Cidade de Abrantes es-
tava na iminência de não se re-
alizar por falta de apoios. Peran-
te esse facto, o Rali Cidade de
Abrantes realizou-se em Pombal,
apoiado pela autarquia local. Com
esta curiosidade, terminou a acti-
vidade da secção de motorismo
do Sporting de Abrantes em 2001.
António Maia explica, no entanto,
que o alvará de organizador de pro-
vas só foi cancelado o ano passado,
por o custo passou de 80 para mais
de 300 euros. Com alguma mágoa,
acrescenta que Abrantes organizou
das melhores provas de autocross.
Era uma marca. Tudo acabou.
Para reavivar as memórias, fi cou a
exposição que mostrou um pouco
aquilo que foi o desporto automó-
vel em Abrantes.
Jerónimo Belo Jorge
Os carolas dos carros até a pista construíram
O desporto automóvel em Abrantes
• Francisco Romãozinho em prova
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jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO201212 ESPECIAL AUTOMOBILISMO
A aventura começou em 1984, quando o Clube Automóvel de Ma-ção foi fundado por três amigos, que conseguiram a construção de uma pista destinada à modalidade do Autocross.
Hoje, António Durão, um dos fun-
dadores e presidente do clube, re-
corda esses tempos com saudade.
“A nossa primeira grande missão
foi construir aquela pista. Naque-
le ano tinha defl agrado um incên-
dio e o terreno fi cou completamen-
te devastado, não podia servir para
mais nada, apenas para o nosso ob-
jectivo comum, a pista! O projecto
foi apresentado à Câmara Munici-
pal e à Federação Nacional e obte-
ve um feedback bastante positivo.
O passo seguinte foi seguir com a
obra. Ao fi m de uns anos começá-
mos com a realização de provas de
Autocross inseridas em campeona-
tos nacionais.”
Com uma pista completamente
nova, Mação começou, nos anos
80, a receber pilotos de todo o país
e até de Espanha. “Pela nossa pista
já passaram pilotos de referência,
já tivemos a correr aqui o campeão
nacional de Kartcross, Alexandre
Durão, que por acaso é meu fi lho.
Naturais de Mação, já tivemos a
correr cerca de oito pilotos, o que é
signifi cativo. Indica que há aqui um
gostar especial por tudo isto.” – re-
corda António Durão.
O presidente do Clube Automó-
vel de Mação explica que, actual-
mente, tal como o país, este des-
porto enfrenta uma crise. “Já che-
gámos a reunir cerca de 90 pilotos
em diferentes categorias a compe-
tir. No ano passado, exemplo da cri-
se que se faz sentir, fi zemos ape-
nas um campeonato, só com os
Kartcross. Mas estamos confi antes
para este ano. Vamos ter uma novi-
dade, vamos realizar uma prova de
camiões. Nunca foi realizado aqui
nada do género e pensamos que
vai atrair um público vasto, como
também vamos realizar o Campe-
onato Nacional de Off road que vai
juntar os pilotos do Rallycross e dos
Autocross, tudo agendado para dia
28 e 29 de Abril.”
Para participar nestas provas de
todo o terreno não é apenas neces-
sário gostar, conforme explica An-
tónio Durão. “A Federação estipu-
lou recentemente que a partir dos
13 anos já se pode participar nas
provas, com uma autorização pré-
via dos pais. As viaturas são mui-
to dispendiosas, não só a compra
das próprias mas também os equi-
pamentos necessários. É essencial
uma licença e a acima de tudo ter
gosto e jeito para conduzir (risos).”
Para organizar as provas anuais, o
Clube Automóvel de Mação conta
com o apoio da Câmara Municipal
e de outros clubes. No dia da inicia-
tiva é necessário ter uma série de
intervenientes presentes para que
a prova posa prosseguir. “Nas pro-
vas temos sempre uma entidade
que regula, os chamados comissá-
rios desportivos, como também os
comissários técnicos e a Federação
Nacional. É uma organização pe-
sada, mas é com gosto que temos
levado esta tradição ao longo dos
anos”.
Joana Margarida Carvalho
Autocross é em Mação
Vive para recuperar a tra-
dição do automobilismo
na região. Já com algumas
iniciativas feitas nestes úl-
timos quatro anos, o Clu-
be Aventura e Motorizado
do Pego vai organizar a pri-
meira Mini Baja no dia 5 de
Fevereiro.
Esta prova já conta com
cerca de 30 inscrições, que
ainda se encontram aber-
tas. Vários pilotos oriundos
de norte a sul do país vão
correr pela freguesia do
Pego. Segundo o presiden-
te do clube, Rui Gonçalves,
o objectivo da prova é tra-
zer novamente para o con-
celho de Abrantes o espíri-
to do desporto automóvel.
“Foi a pedido de vários pi-
lotos de referência da nos-
sa região, como por exem-
plo o piloto Santinho Men-
des, que o clube decidiu
organizar esta Mini Baja. Va-
mos ter veículos de todo o
terreno a correr em cami-
nhos rurais em pura adre-
nalina. É um facto que este
é um desporto um pouco
dispendioso, nem sempre é
fácil conseguir patrocínios
para este tipo de provas,
mas não podemos baixar
os braços, pois esta é uma
região que vive com inten-
sidade o automobilismo e
onde vale a pena recuperar
a tradição”.
O Clube Aventura e Moto-
rizado do Pego não se tem
dedicado apenas às provas
de todo terreno, mas tam-
bém a outro tipo de inicia-
tivas, por exemplo passeios
pedestres e provas de BTT.
O passeio de clássicos foi
uma iniciativa que acon-
teceu na região o ano pas-
sado, em parceira com o
Kartódromo de Abrantes.
Rui Gonçalves adianta que
este passeio deve voltar ao
concelho no mês de Março.
Com o lema “viver bem,
em harmonia com a natu-
reza”, este clube está traba-
lhar ter novos sócios que
apreciem o automobilis-
mo e que possam dar o seu
contributo nas actividades a
desenvolver. Para além des-
ta procura de novos aman-
tes, o clube tem trabalha-
do em parceria com outras
associações do país. “Te-
mos procurado outros clu-
bes que nos possam mui-
tas vezes ensinar e auxiliar
nas actividades, como tam-
bém temos contado com o
apoio da Junta de Freguesia
do Pego e da Câmara Muni-
cipal de Abrantes”, fi nalizou
Rui Gonçalves.
JMC
Pego recebe a primeira Mini Baja
• 3 horas de TT Resistência, uma organização do Clube Aventura e Motorizado do Pego
![Page 13: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/13.jpg)
Museu e ESTA são projectos centrais para Abrantes
O Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA) de Abrantes vai ser construído, mas por fases. Em entrevista, a presidente da Câmara, Maria do Céu Albuquerque, explica “que o museu tem uma importância estratégica do ponto de vista da afir-mação das potencialidades de Abrantes, numa área emer-gente como é o turismo”. A parte do MIAA correspondente ao Convento de São Domingos vai avançar já. Para isso, a ESTA liberta as salas e laboratórios que aí tem, mudando para o Ed-ifício Milho e para o Tecnopólo. A autarca garante que a ESTA e o MIAA são projectos centrais para o desenvolvimento local. Por isso, e apesar das críticas, continua a defendê-los.
FEVEREIRO DE 2012EDIÇÃO Nº 26WWW.ESTA.IPT.PT F PÁGINA 05
F PÁGINA 06
Festa dos Tabuleiros de Tomarpode candidatar-se a distinção da Unesco
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES
A música que acompanha um desejo de Saramago
Catequese tem que ter novas dinâmicas
NOISERV é o nome artístico de David Santos, o mú-sico que compôs a música do documentário “José e Pilar”, sobre Saramago e a mulher. As imagens do casal, captadas por Miguel Gonçalves Mendes, foram a principal inspiração para o trabalho do músico. Noiserv fala sobre música que acompanha o documentário onde “Saramago diz claramente que ‘queria mais tempo para escrever’ e toda a gente percebe que ele sente que isso não está a acontecer”.
Fazer o projecto de candidatura da Festa dos Tabuleiros a Patri-mónio Imaterial da Humanidade é uma hipótese que está em cima da mesa. Em entrevista, o mor-domo da Festa, João Victal, diz que não é preciso inventar nada, basta aproveitar o que já existe. A essência dos festejos e o carácter de continuidade são duas armas fortes para uma possível candi-datura que, a concretizar-se com sucesso, trará para a região uma importante distinção da Unesco.
F PÁGINA 04
COMO É A CATEQUESE dos dias de hoje? Na Sertã, loca-lidade que tem como principal atracção turística uma igreja, párocos e catequistas procuram res-postas para esta questão. E encontram de tudo: crianças e jovens que vão à catequese com “gos-to”, que vão porque são “obrigados”, ou que vão porque o pai, mãe ou catequista pedem. A solução para atrair jovens para a Igreja passa por mudar as dinâmicas da catequese. “Não podemos ter cate-queses mortas para crianças vivas.”
F PÁGINA 03
![Page 14: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/14.jpg)
02 ESTA JORNALFEVEREIRO 2012Abertura
NO ANO ACADÉMICO em que o curso de Comunicação Social passa a ter um novo Plano Curricular, cada vez mais virado para as necessidades do mercado de trabalho, o ESTA-Jornal volta a circular, agora com trabalhos jornalísticos dos alunos dos primeiros anos. Esta é a prova de que a prática se constrói desde cedo. Com muitas dúvidas iniciais, com algumas certezas no final, es-tas entrevistas e reportagens são apenas uma pequena parte do trabalho desenvolvido ao longo do semestre. Na impossibilidade de os publicarmos todos em papel, outros terão visibilidade no www.estajornal.com . Num momento em que os jovens se escondem, cada vez mais, atrás dos ecrãs dos computadores (ma-nifestando, em alguns casos, difi-culdade em contactar as pessoas directamente), o desafio de produ-zir uma reportagem no terreno ou
EDITOR AL
HÁLIA COSTA SANTOSESTA D ABRANTES
Ir para o terreno, falar com as pessoas
de conduzir uma entrevista, cara--a-cara, faz todo o sentido. Esta é a forma que temos de contrariar o ‘jornalismo sentado’. Mesmo que se aceitem muitas formas de reco-lher informação através do com-putador ou do telefone, o sentido de ir para o terreno tem que ser estimulado, sobretudo num jor-nal laboratório, como é o caso do ESTAJornal.Ensinar a fazer Jornalismo na ESTA inclui, ainda, um pouco do sonho que envolvia a profissão há umas décadas atrás: dar notícias para fazer o mundo girar, com sentido de justiça. Queremos, pois, que os jovens que aqui se formam sejam capazes de fazer a diferença no meio difícil da Comunicação So-cial. Certamente que lhes damos, cada vez mais, ferramentas tec-nológicas e multimédia. Mas não podemos esquecer que o Jornalis-mo se faz de pessoas e das estórias que protagonizam ou que contam. E, para isso, o contacto directo é fundamental.
A ONDALUX contratou os serviços da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, cujo Gabinete de Comu-nicação e Divulgação desenvolveu um Plano de Acções de Comunica-ção e Marketing para promover a marca abrantina e os seus produ-tos e serviços.O Plano de Comunicação, a ser implementado pela ESTA, inclui o desenvolvimento de um website, eventos de Relações Públicas, As-
FILIPA GONZAGAESTA D ABRANTES
Alunos da ESTA concretizam projectos empresariais
sessoria de Imprensa, Publicidade e Marketing de base de dados.Trata-se de um projecto realizado através da Oficina de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento do Instituto Politécnico de Tomar. A OTIC é a entidade mediadora que promove e desenvolve relações entre o meio académi-co e empresas, através do financiamento comparticipado pelo IAPMEI.E s t e p r o j e c t o vem demonstrar
as competências aplicadas que a ESTA pode oferecer aos agen-tes económicos, e a contribuição para o desenvolvimento da região. Recorde-se que ESTA já contribuiu para o desenvolvimento e imple-mentação de acções de comunica-ção aquando das comemorações
do 25º aniversário da BOSCH Travões, e do
Plano de Comuni-cação e Marketing para a empresa abrantina EMPEV.
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E SE DE REPENTE, do nada, alguém lhe dissesse que o tempo que perde em frente a um computador em jogos, aplicações, redes sociais ou em na-vegações aleatórias lhe poderia ser útil para combater a crise ou até para fazer crescer o seu negócio? Que se pode registar gratuita-mente num website e começar a trabalhar ou a contratar alguém que trabalhe por si, por preços mínimos, em pequenos contratos diários ou semanais?
A subcontratação de alguém, on-line, para fazer, à distância, de-terminados serviços, é cada vez mais frequente. Trata-se da ter-ceirização. Por preços bastante acessíveis e com resultados acima da média em termos de qualidade e tempo, o negócio organiza-se com a forma de um leilão: quem precisa descreve o que pretende e os trabalhadores interessados oferecem-se para executar, por um determinado valor.
A proliferação de websites deste género tem sido notória nos úl-timos anos, mas o pioneiro foi a australiana GetAFreelancer.com.au, agora simplificado para Fre-elancer.com. Ao ESTAJornal, o responsável pela empresa, Matt Barrie, explicou que “a terceiri-zação online é a próxima grande ‘coisa’ da sociedade moderna, e já está a acontecer a cada minuto que passa”.
Para este especialista, “é cada vez mais fácil para alguém, com acesso à internet e com alguns conhecimentos básicos de infor-mática, aprender a trabalhar com programas de desenho gráfico, instrumentos de tradução, cria-ção de websites, e muito, muito mais”. Tudo isto acontece à dis-tância de um clique em tutoriais e
FERNANDO ANDRÉ SILVA ESTA D ABRANTES
É possível ganhar dinheiro… online
muitas horas a praticar com o que se aprende. Esta autoformação po-derá levar a que os rendimentos do trabalhador tripliquem, sem precisar de sair de casa.
Como é que tudo isto se processa? Matt Barrie explica: “Se alguém precisa de um novo design para o seu website, de um logótipo para a sua empresa, de uma tradução de um livro que escreveu, de tudo o que estiver ao alcance de um com-putador, basta registar-se na nossa plataforma, gratuitamente, e afi-xar o seu projecto, descrevendo o que pretende e estipulando um orçamento que varia entre 21€ e 1.550€.” Depois é só esperar que apareçam os trabalhadores quali-ficados, que numa espécie de leilão online, colocam o seu portefólio e o preço que lhe irão cobrar pela totalidade do projecto.
Com uma página de internet que funciona como mediador entre quem procura um serviço e quem se oferece para o prestar, Matt Bar-rie espera, ainda este mês, con-tar com 3 milhões de utilizadores registados, entre quem contrata e quem trabalha, com uma média de trabalho por cada dois minutos. Através desta página da internet já foram distribuídos 6.5 milhões de euros a trabalhadores espalhados por todo o mundo. “É uma opor-tunidade de uma vida para muita gente, e só é pena que não se sai-ba ainda muito sobre este tipo de prestação de serviços.”
Joaquim Mendonça é um habitual “empregador” na plataforma de Barrie. Já utilizou este serviço por mais de 100 vezes. “Tomei conhe-cimento deste tipo de plataformas quando iniciei a minha empresa de Marketing. Tenho uma carteira de clientes vasta que me encomen-dam tarefas diariamente, desde o aumento de tráfego no seu we-bsite, a uma maior exposição no
sistema de busca do Google, ou até mesmo de gente que quer traduzir um website de apostas ou um livro de auto-ajuda.” Este empresário reconhece que o Freelancer.com tem sido fundamental para o seu sucesso. “Contrato um freelancer e espero que ele cumpra o meu pro-jecto, enquanto eu angario novos clientes com novos projectos. No final, todos ficamos satisfeitos.”
Com mais de dois anos de expe-riência como freelancer, Carlos Campos especializou-se em tra-duções Inglês/Português e na es-crita de artigos publicitários. Só durante o ano de 2010 ganhou mais de 10.000€. Sobre o seu trabalho, tem “mais de 1000 testemunhos, sendo que 95% deles são favorá-veis”. Por isso, continua a ser con-tratado. Quanto aos pagamentos, Carlos Campos explica que, “por vezes, existem alguns empregado-res que tentam fugir ao pagamen-to”. E acrescenta: “Só o mercado brasileiro é que nos tem salvo.”
Neste mundo de negócios em que os intervenientes não se conhecem pessoalmente, também há expe-riências menos positivas. Manuel descobriu este site, lendo um ar-tigo de um inglês que falava dos diversos tipos de trabalho online existentes. Entrou neste mundo, mas já foi enganado por um clien-te russo. Mesmo assim, encontra vantagens: “Esta forma de traba-lho tem sido um hobby para mim, mas agora passa a servir para tapar o buraco que os governantes cava-ram no meu ordenado.” Para além da concorrência dos trabalhado-res de países como a Índia, Manuel teme que, por causa das crescen-tes dificuldades económicas, cada vez mais portugueses entrem neste tipo de mercado.
O baixo preço é sempre um pro-blema para os trabalhadores desta plataforma, mas com este funcio-namento, quem oferecer o custo menor parte sempre com priori-dade para a aceitação da sua can-didatura. Para além disso, quantos mais testemunhos positivos tiver de antigos empregadores, mais credibilidade e mais procura pas-sará a ter o trabalhador.
Ficha TÉCNICADIRECTORA: Hália Costa Santos
EDITORA EXECUTIVA:Raquel Botelho
REVISÃO DE TEXTO:Sandra Barata
REDACTORES:Ana Gomes, Ana Rita Matias, Cátia Filipe,
Fernando André Silva, Filipa Gonzaga, João Santos, Leonor Dias, Micael Reis, Mónica Quinas
PROJECTO GRÁFICO: José Gregório Luís
PAGINAÇÃO: Elisabete Febra
Tiragem: 15000 exemplares
A ESCOLA Superior de Tecnologia de Abrantes será responsável pela Comunicação e Marketing da Sin-gleCode Innovation. A Singlecode Innovation confiou à ESTA o desen-volvimento e implementação de um Plano de Acções de Comunicação, a ser concretizado por alunos de Co-municação Empresarial, para lan-çar e promover a marca e os seus produtos e serviços. A SingleCode Innovation é uma start-up no sec-tor das redes e sistemas integrados de gestão e tecnologias de informa-ção. Com sede em Abrantes, conta com o reconhecimento da SAP para a promoção e implementação de
soluções para PMEs no interior do país.O Plano de Comunicação inclui o investimento em campanhas de Search Advertising, marketing vi-ral nas redes sociais, organização de conferências, relações de impren-sa e marketing de base de dados. Este projecto vem, mais uma vez, demonstrar as competências apli-cadas que a ESTA pode oferecer aos agentes económicos, constituindo ainda uma excelente oportunidade de aprendizagem prática para os alunos, que vão experimentar as várias fases operacionais na imple-mentação de um projecto real de Comunicação e Marketing.
ESTA promove Comunicação da Singlecode Innovation
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Destaque03WWW.ESTAJORNAL.PT
“A Festa dos Tabuleiros tem condições para ser Património Imaterial da Humanidade”
JOÃO VICTAL, 50 anos, solteiro e sem filhos, é funcionário da Câmara de Tomar. Foi eleito mordomo da Festa dos Tabuleiros a 6 de Abril de 2010, após uma expressiva ma-nifestação popular uma vez que se perfilavam outras candidaturas. Antes já tinha sido o mordomo da Festa de 2007, que apresentou um saldo superior a cem mil euros de lucro.
O que significa a Festa dos Tabu-leiros?A nível tradicional vem da continu-ação de uma tradição de há muitos séculos atrás, ninguém consegue precisar quando começou, já vem do tempo da deusa Ceres, do tempo das colheitas antes do Cristianismo e era a Festa em honra dessa deusa. Depois com a Rainha Santa Isabel estas festas pagãs cristianizaram--se e esta festa das colheitas pas-sou a ser celebrada na altura do Pentecostes e acabou por ser uma festa dedicada ao Espírito Santo e também à Rainha Santa Isabel. A festa acaba por ter a envolvência de todo o concelho. Quanto a mim, a Festa dos Tabuleiros em Tomar é quase tudo.Que tipo de pessoas participam no desfile dos Tabuleiros?Qualquer tipo de pessoa pode participar desde que seja de To-mar ou que esteja ligado a Tomar. Hoje em dia há muita gente que já não mora em Tomar, mas que os pais são de Tomar e gostavam de estar presentes. Depois basta ins-crever-se na Junta de Freguesia e, de acordo com a disponibilidade em termos de tabuleiros, qualquer pessoa pode participar. Felizmente nos últimos anos tem-se notado uma grande adesão dos mais jo-
vens. Antigamente a faixa etária encontrava-se na casa dos 30 ou 40 e agora anda na casa dos 20 anos.Como vê o empenho e dedicação de todos os tomarenses que ajudam na preparação da festa e o que sente ao ver depois o resultado do esforço desses voluntários?Realmente é extraordinário! Este ano foi um bocado mais compli-cado por esta situação de crise e, entretanto, pelo problema do tor-nado em Dezembro, que foi mais
um problema. Acabei por só ter uma hipótese: falar com o Presi-dente da Câmara, com as chamadas “forças vivas” do concelho, alguns presidentes de Junta e com a po-pulação. Todos decidiram avançar e fazer o que podíamos. Com tudo isto as pessoas entusiasmaram-se ainda mais. Chegou a um ponto em que isto já estava a avançar mais do que eu conseguia acompanhar e tivemos de acalmar (risos). Isto é uma festa de entrega e é uma felici-
FILIPA GONZAGAESTA D ABRANTES
L João Victal “A Festa dos Tabuleiros em Tomar é quase tudo”
dade enorme chegar ao fim da festa e ver como as coisas correram bem e, principalmente, por vermos que a Festa está viva e está jovem.Apesar dos contratempos, o balan-ço da Festa é positivo?As contas ainda não foram apre-sentadas, mas pensamos que está tudo em ordem por isso é um ba-lanço extremamente positivo.Como reagiu e o que sentiu ao ver que a televisão que este ano fez a cobertura do Cortejo dos Tabu-leiros não tinha transmitido em directo uma das partes mais im-portantes e mais bonitas que é o levante dos Tabuleiros na Praça da República?A estação de televisão só nos con-tactou na quarta-feira antes do Cortejo, portanto já na semana da Festa. Como não havia despesas nem para a Comissão da Festa nem para a Câmara, nós adoptámos o programa e fizemos o que pude-mos. Em relação ao levantar dos Tabuleiros, a situação deveu-se a algum desconhecimento porque no momento em que estava quase para ser o levantar dos Tabuleiros eles passaram a emissão de Tomar para a régie em Lisboa, para trans-mitir a publicidade. Quando eles se aperceberam já não podiam cortar a publicidade e quando passaram a emissão novamente para Tomar os Tabuleiros estavam a acabar de ser postos às cabeças das moças. Foi a justificação que me deram. Foi um desfasamento de segun-dos, mas realmente não gostei que não tivesse sido transmitida a parte mais solene. Muita gente cá de Tomar estava à espera de ver esse momento na televisão. Como não podiam vir à Praça, assistiam ao levantar dos Tabuleiros e depois vinham à rua.O que é ser o mordomo da Festa?Para já nunca pensei que viesse a
ser Mordomo, mas as pessoas en-tenderam que poderia fazer alguma coisa na Festa e realmente é uma honra. Mas eu vejo este cargo mais como uma transmissão de respon-sabilidades. O interessante é que este é um lugar que antigamente era ocupado por pessoas com mais idade e, felizmente comigo, pas-sou para uma idade um pouco mais nova. Isso ajudou a colocar muita gente nova na Comissão. Foi um prazer fazer a Festa durante dois anos. Acredito que na próxima eventualmente será outro Mordo-mo, mas faço questão de, sempre que quiserem, eu estar na festa e dar o meu apoio.E daqui a quatro anos haverá Festa dos Tabuleiros?Gostaria de dizer que em 2015 ha-verá Festa mas neste momento não sei, mas eu acho que irá haver. Se não levarmos 700 tabuleiros, leva-mos 400, 300, levamos 100, o que é preciso é manter. Foi o que se falou recentemente num encontro com a UNESCO a propósito do Patrimó-nio Imaterial. Estamos com vonta-de de nos candidatar e os próprios representantes da UNESCO disse-ram que chegámos a um ponto em que estas crises justificam formas de adaptação das Festas. Acha possível a Festa dos Tabu-leiros ser considerada Património Imaterial da Humanidade?Eu acho que tem todas as condições para o ser porque temos a essência e a continuidade que eles exigem, agora tem de se trabalhar nisso. Se formos considerados Património Imaterial é por aquilo que somos agora e não por aquilo que vamos alterar. Podemos adaptar, mas não estragar.Essa candidatura é uma realidade ou um projecto?Para já é um projecto que terá de ser trabalhado. Claro que será mui-to trabalhoso, mas é possível com empenho.Então para já é um desejo?Sim, é um desejo, mas para já o maior desejo é que a Festa conti-nue, que a tenhamos daqui a qua-tro anos com o mesmo entusiasmo e com a mesma alegria. Porque a Festa é muito nossa e mais im-portante que isto, só o Convento. Porque nós não precisamos de in-ventar, só temos de aproveitar o que temos.
“Envolve”, a associação que estreita laços
A “ENVOLVE”, associação sediada no Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes, pro-cura englobar todos os agentes da comunidade em torno de um só ob-jectivo: unificar as camadas jovens às mais velhas, transformando-as num só público através da promoção da cultura e da supressão de neces-sidades locais.
Apesar de estar ligada a Abrantes, a associação “Envolve” foi incubada a aproximadamente 1600 quilóme-tros de distância, nos Açores. Con-cebida através de trocas de ideias entre amigos sobre a importância e a privilegiada posição geográfica da cidade de Abrantes, retalhada pelo
MÓNICA QUINASESTA D ABRANTES
rio Tejo, a “Envolve” nasce numa primeira instância através da expe-riência “Musicamp”. Trata-se de um festival realizado no Cine-Teatro S. Pedro, que trouxe à cidade abrantina vários músicos estrangeiros, oriun-dos dos Estados Unidos da Améri-ca, África do Sul, Berlim e Londres. Nuno Kunga, presidente da Associa-ção, conta que “foi uma importante alavanca para a implementação do projecto” e permitiu que os promo-tores da iniciativa compreendessem “a relevância das nossas margens e a fantástica paisagem que Abrantes oferece como um pano de fundo”.
Após o contacto com aqueles mú-sicos, os fundadores da “Envol-ve” procuraram catalisadores que Abrantes poderia oferecer. O espaço
onde agora se encontra a associação era frequentado por jovens pouco motivados para a promoção social e sem qualquer participação activa na comunidade. A “Envolve” percebeu o potencial destes jovens e procurou aproximá-los da comunidade ros-siense, promovendo valores como o companheirismo e o voluntariado. O objectivo é valorizar o potencial hu-mano de todos, “combatendo assim, o preconceito.”
Nuno Kuga explica o processo de criação da associação “Envolve”: “Os apoios apareceram através de parcerias com os alunos da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, do Curso de Vídeo e Cinema Do-cumental, da Associação Palha de Abrantes, da Associação “Os Patos”,
do programa social da Câmara Mu-nicipal de Abrantes e, obviamente, de toda a componente do merca-do local que, apesar da crise, está sempre pronta para colaborar. Toda esta experiência é simbiótica. Todos aprendemos uns com os outros.”
Nuno Kunga defende que o projecto ainda se encontra na fase “bebé”. “Há que aprofundar e estreitar laços com a comunidade e cimentá-los.” Para tal, a associação oferece um espaço de trabalho com acompa-nhamento escolar, aulas de inglês para adultos e crianças, formação de informática, atelier de pintura, espaços concebidos para exposições e sessões e cinema que abranja to-das as camadas, desde as crianças até aos mais velhos.
Para breve a associação pretende estruturar um projecto de cinema e multimédia, em colaboração com os estudantes do ensino superior, permitindo assim estágios curricula-res, e um Banco de Necessidades, de forma a combater a pobreza enver-gonhada, aproximando-se de gentes envoltas na solidão ou com dificul-dades motoras. Como explica Nuno Kunga, os elementos da associação estão preocupados, também, em combater o isolamento: “Só através do contacto e da proximidade com a população, a “Envolve” conseguirá chegar de facto a quem mais ne-cessita. Hoje pela comunidade ao Sul do Tejo, amanhã, por ambas as margens, como um só.”
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04 ESTA JORNALFEVEREIRO 2012
Catequese XXI
SER PESCADORES DE HOMENS - foi desta a maneira que S. Lucas retratou Jesus Cristo na sua missão de en-contrar pessoas que seguissem as suas pisadas. Mas será que hoje em dia a expressão “Pescadores de Homens” ainda se aplica? Que catequese têm hoje os nossos jovens? Qual a relação dos jovens do século XXI com a catequese? Daniel Almeida, pároco da paróquia da Sertã, vê a catequese como “um grande campo de missão”. E acrescenta que não pode ser o simples decorar de orações, como era no passado. Tem que conduzir à vivência dos valores cristãos. “Enquanto não con-seguirmos interiorizar esta ideia, a nossa catequese será sempre coxa. Caindo na tentação de “formar-mos” cristãos do faz de conta, com a “colecção” dos sacramentos completa, mas com uma vivência desses sacramentos quase nula.” Um dos seus pontos mais fortes do turismo da Sertã é a Igreja Matriz da Paróquia de S. Pedro da Sertã. Com 232 catequistas, a paróquia da Sertã é com-posta por 579 catequizandos, entre crianças e ado-lescentes. O silêncio da Rua 5 de Outubro, onde se situa o Cento Paroquial da Sertã, é abafado ao final de todas as tardes com a euforia dos miúdos e jovens que ali têm catequese. Quinta-feira, 17 de Novembro 18h30, uma quinta--feira como todas as outras para Miguel Serra, de oito anos, que está no 3ºano escolar e de catequese. Miguel é o típico catequizando que, como todos os outros da sua idade, ainda não se apercebe muito bem do verdadeiro significado da Igreja e muito me-nos da catequese. Mas já tem opinião: “A catequese é onde aprendemos quem foi Jesus e o que ele fez”. Está na catequese porque quer e garante que é im-portante porque “antes de vir para a catequese não acreditava em Jesus”. Mas será que todos os jovens se interessam pela ca-tequese? “Alguns sim outros não. Aqueles que desde pequenos têm uma vivência cristã interessam-se; aqueles que não têm chegam a uma determinada altura e abandonam a catequese completamente”, explica Ana Sofia, de 24 anos, que já deu catequese durante três anos. “Muitas crianças vão à catequese porque os pais as obrigam, muitos pais têm os filhos na catequese porque é tradição”. Já Luciana afirma que “a partir do 7ºano começam a ter outros inte-resses, como os namoros que os afastam bastante da catequese”. Daniel Almeida reconhece a diversi-dade: “Temos de tudo, catequizandos interessados, outros saturados com um infindável dia de aulas às costas, outros que pensam que a catequese tem de ser sempre uma brincadeira, ou que numa sessão de catequese não há regras.”Maria José é mãe de dois filhos. Um de 18 anos que já terminou a catequese com a confirmação do sa-cramento do crisma, que agora é catequista, e outro filho, de 10 anos, no 5ºano. Para ela, a catequese é importante porque “transmite aos nossos filhos valores como a solidariedade, a comunhão com os outros, o respeito entre muitos outros”. Já não é notícia que a Igreja cristã está com falta de padres e a Diocese de Portalegre e Castelo Branco, na qual se insere a Paróquia da Sertã, em tempo de crise económica, está também a passar por uma crise de vocações. A catequista Luciana acredita que “o problema da crise de vocações está no celibato”. O padre José António, que esteve 12 anos à frente da Paróquia da Sertã e que neste momento se encontra em Madrid a prosseguir os seus estudos na área da catequese, confirma que “os padres na Diocese têm uma média de idade bastante alta” e que a situação é complexa. “Penso que o que falta à Igreja não são muitos padres, são de facto vocações de consagra-ção, a começar pelo próprio baptismo.” Tal como na catequese, na celebração da eucaristia há de tudo: aqueles que vão com “gosto”, aque-les que simplesmente vão porque são “obrigados”, outros vão porque o pai, mãe ou catequista pedem. Mas também há aqueles que vão e estão de “corpo e alma”. “Aqueles que compreenderam isto, cele-bram com gosto e alegria”, certifica Daniel Almeida. Para Luciana, a solução para atrair jovens para a Igreja passa por mudar as dinâmicas da catequese. “Não podemos ter catequeses mortas para crianças vivas.”
JOÃO SANTOSESTA D ABRANTES
O poeta que dá nome à Biblioteca Municipal de Abrantes
“Falavam de Botto como se fosse um Deus”
A VOZ DE ANTÓNIO BOTTO, nascido em Abrantes, “é a voz de um grande poeta e de uma grande sensibili-dade virada para a condição hu-mana”. É desta forma que Josiah Blackmore, professor que, no Ca-nadá, estuda a obra de António Botto, se refere à obra do poeta. Descobriu-a quando folheava li-vros na biblioteca da Universidade de Toronto. Ficou logo espantado com o “erotismo honesto e franco de Botto”. A conversa sobre António Botto aconteceu recentemente na Bi-blioteca Municipal de Abrantes, que tem o seu nome. Apesar de a generalidade dos abrantinos saber o nome da Biblioteca, dificilmen-te se encontra alguém que saiba quem foi António Botto. Era um homem irreverente e perverso, de forte personalida-de, e uma constante expressão perturbadoramente maliciosa ocultada por um chapéu de abas largas. Nasceu a 17 de Agosto de 1897 em Concavada, Abrantes. Em 1908, toda a família se mu-dou para o bairro de Alfama em Lisboa, onde cresceu no ambiente popular usual desse bairro, o qual muito influenciou a sua obra. Não teve uma educação formal muito apurada, mas por ter trabalhado em livrarias, conheceu muitas das personalidades literárias da época. Fernando Pessoa foi um dos seus grandes amigos pessoais.Funcionário público, desde 1924, em 1942 Botto foi despedido por fazer e recitar poemas durante o expediente, mas também por di-rigir galanteios a um colega. Sem sustento, começou a escrever ar-tigos, colunas e crítica literária em jornais, assim como publicou
L Biblioteca O nome de Botto foi escolhido por ser “a nossa grande referência em termos culturais e literários”
Destaque
ANA GOMESESTA D ABRANTES
alguns livros. Artur Marques conta que o Livros das Crianças, de Bot-to, teve muito sucesso e, após ter sido traduzido para a língua ingle-sa, “passou a fazer parte da leitura escolar da Irlanda”. Homossexual assumido, Botto fala dos seus amores nos poemas de Canções. Blackmore explica que o poeta abrantino fazia “a sua cele-bração do corpo masculino”, com um “tom melancólico que prepara o sentido da existência e da vida nos seus poemas”. Esta é a mais popular e polémica obra da vida de Botto, contestada pelos meios re-ligiosos. O segundo volume desta obra foi apreendido em 1922.Segundo Artur Marques, “Botto conquistou um lugar muito im-portante na literatura portugue-sa, ele era alguém que Fernando Pessoa venerava e isto diz muito daquilo que é a qualidade e sensi-bilidade do poeta”. Para além de ser versátil era, também, alguém que fazia trabalhos por encomen-da. O responsável pela Biblioteca de Abrantes revela, por exemplo, que a canção que começa com a expressão “a 13 de Maio, na Cova da Iria” é da autoria de Botto.Contraiu sífilis terciária e a sua saú-de desvanecia-se a cada momento, mas ele recusava tratar-se. “Era um poeta extremamente rigoroso e perfeccionista no seu trabalho, tão perfeccionista que de alguma forma estragou o trabalho que fez, pois nesta fase tentou reescrever e melhorar os seus poemas, o que o levou a um certo desvario”, con-tinua Artur Marques.A sua poesia começou a empalide-cer e ele passou a ser alvo de per-seguições homófobas e de gozo ao entrar em cafés e livrarias. Farto de viver em Portugal, emigrou para o Brasil. Morreu a 4 de Março de 1959 atropelado por um carro do
Governo, ao atravessar a Aveni-da de Copacabana. O seu espólio foi enviado do Brasil pela viúva e doado à Biblioteca Nacional Por-tuguesa. Dele fazem parte obras como, Cantigas de Saudade, Can-ções, Motivos de Beleza, Dandis-mo, A Vida Que te Dei, Os Contos de António Botto, Alfama, entre muitos outros.E por que razão a Biblioteca de Abrantes decidiu homenagear An-tónio Botto, alguém quase desco-nhecido? Artur Marques explica que o seu nome foi escolhido por ser “a nossa grande referência em termos culturais e literários e por estar muito ligado ao concelho de Abrantes, por ter nascido cá”. Se-gundo um estudante brasileiro de Doutoramento, cuja tese se funda no poeta português, também no “Brasil existe pouquíssimo inte-resse e divulgação sobre o autor”. Em contrapartida, o professor Josiah levou até aos seus alunos canadianos os poemas de Botto e desde logo foram aceites e recebi-dos com entusiasmo, fazendo par-te do plano curricular do curso de estudos portugueses em Toronto. A grandeza de António Botto é su-blinhada por Artur Marques: “O trabalho do poeta esteve na igno-rância durante muito tempo por questões relativas aos direitos de autor. Tem sido lançado aos bo-cadinhos. É um ícone da cultura portuguesa que merecia ser estu-dado… Não se imagina o número de pessoas famosíssimas e escritores, muitos deles conhecidos como os maiores escritores da língua portu-guesa, que falavam de Botto como se fosse um Deus… É estranho para nós, mas ele privava com eles, era amigo deles, e muitos destes pediam-lhe conselhos, inclusiva-mente Fernando Pessoa.”
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05WWW.ESTAJORNAL.PT
“É nossa intenção continuar a investir em Abrantes”
Qual a importância do MIAA para uma cidade como Abrantes? O museu tem uma importância estratégica do ponto de vista da afirmação das potencialidades de Abrantes numa área emergente como é o turismo. Nomeadamen-te, o turismo cultural, associando aquilo que é o património material e imaterial do nosso concelho. É para nós fundamental olhar-mos para este projecto como um projecto estruturante para o de-senvolvimento local e regional (porque entendemos que é um complemento de uma rota de cultura, de turismo cultural que se estende desde Sintra, Batalha, Alcobaça, Tomar, Fátima e Abran-tes), capaz de trazer mais pessoas para poderem visitar a nossa ci-dade. Este museu tem esta dupla par-ticularidade, não só de trazer tu-ristas específicos que vêm ao en-contro da arte e da cultura, mas também de trazer um conjunto de investigadores capazes de fazer o estudo das colecções que estamos aqui a propor, enquanto acervo. Hoje esse trabalho já está a ser feito, nomeadamente por histo-riadores e investigadores não só portugueses, mas espalhados até um pouco por todo o mundo. Por-tanto, este é para nós um projecto central do desenvolvimento local apostado na cultura e no turismo, como factor diferenciador em re-lação a um conjunto de outros municípios que estão neste terri-tório e complementam esta nossa intervenção. Qual o balanço que faz das ante-visões que têm vindo a ser feitas? Vamos dando a conhecer toda a colecção paulatinamente, fazen-do uma selecção por grupos e por temáticas de peças. Por outro lado, trazemos a público o estudo que os especialistas fazem des-sas peças, capaz de desmitificar e de criar interesse nos cidadãos, não só abrantinos, mas em toda a comunidade regional, nacional e também internacional. Inclusiva-mente, tanto as antevisões como as jornadas têm tido participação de muitos turistas e de muitos in-vestigadores estrangeiros, como brasileiros e italianos. Por exem-plo, na última edição da jornada estivemos em parceria com uma fundação italiana que aqui apre-sentou a sua experiência acerca de museologia, de colecções como as que estamos aqui a fazer. Para nós é um motivo de grande satisfação apercebermo-nos do interesse in-ternacional que este projecto já vai despertando.A construção do MIAA será fase-ada. Qual a explicação para esta mudança de planos?Nós vivemos dos piores períodos desde o 25 Abril, ou mesmo de an-tes, em matéria de austeridade. Ao nível de município de Abrantes,
MICAEL REISESTA D ABRANTES
EntrevistaNUMA ALTURA EM QUE PORTUGAL ATRAVESSA A PIOR CRISE dos últimos trinta anos, a presidente da Câmara Municipal de Abrantes anuncia que o projecto do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes (MIAA) não reúne condições para ser construído numa só fase sem apoios a fundo perdido. Por isso, a obra vai ser faseada. Maria do Céu Albuquerque acredita que, tal como a ESTA, o MIAA é um projecto central para o desenvolvimento local.
temos uma situação de relativo conforto em relação à situação económica e financeira, mas não queremos e não podemos abraçar todos os projectos que temos em carteira sem a garantia de uma parte destes projectos serem fi-nanciados por fundos comunitá-rios a fundo perdido. A Câmara está na disposição de financiar a componente nacional desde de outros projectos que complemen-tam a estratégia de desenvolvi-mento do nosso município. No en-tanto, entendemos que devemos equacionar todos os cenários. Ob-viamente que a nossa intenção é construir o Museu como um todo. Caso não haja condições, nomea-damente se não houver a garantia de financiamento para todo o pro-jecto nesta primeira fase, a curto prazo podemos avançar com as candidaturas a financiamento no âmbito da regeneração urbana. Queremos avançar já com a parte correspondente ao Convento de São Domingos. Depois avança-se com a construção da nova torre no sentido de complementar este projecto. Só o vamos fasear no caso de não haver garantia do fi-nanciamento. Considera que o faseamento da construção do MIAA pode ser vis-to como um recuo político?Não, de maneira nenhuma. Não há recuo político, há sim novas con-dições. Quando tomámos posse e quando nos propusemos a conti-nuar com este projecto, as condi-ções eram outras. As condições de financiamento também eram dife-rentes e por isso entendemos que devíamos colocar este projecto na agenda, no sentido de trazer va-lor para o nosso concelho. É nossa intenção continuar a investir em Abrantes, continuar a fazer inves-timento estruturado para garantir o desenvolvimento sustentado do nosso concelho. Portanto, não há um recuo político. Antes pelo contrário. Há sim a percepção de um conjunto de realidades que são hoje diferentes e que importa fazer uma reflexão e medição que é possível fazer, atendendo à con-juntura actual do país, da Europa, e do mundo. A importância do MIAA reside no espólio e no projecto de arquitec-tura. Foi ponderada a hipótese de fazer o museu num outro espaço, que não implicasse uma obra de arquitectura com custos avulta-dos? Qualquer obra que viesse a ser fei-ta para acolher esta colecção teria custos muito semelhantes. Nós não estamos a falar de um peque-no Museu, nós estamos a falar de um Museu a nível internacional. Não estamos a falar de um Museu de cidade. O projecto, indepen-dentemente de ser este ou outro, iria atirar para valores muito se-melhantes. É evidente que equa-cionámos todas as hipóteses para a colocação deste Museu, mas tam-bém entendemos que precisamos
de trazer uma nova dinâmica para o centro histórico da nossa cidade. E esta dinâmica passa por trazer pessoas que vivam em Abrantes, que habitem o centro histórico, porque serão o motivo para o de-senvolvimento do comércio local e para a instalação de mais serviços. Também queremos uma aposta no turismo cultural, científico e desportivo. Para isso temos que ter uma oferta qualificada que seja capaz de atrair pessoas e que es-sas pessoas também possam ficar
em Abrantes a almoçar, a jantar, a dormir, a fazer as suas compras. E que isso seja um motor de de-senvolvimento da nossa economia local. Portanto, claramente que a instalação do Museu no centro histórico é um investimento com este retorno que está projectado, que está a ser tratado no sentido de ser uma realidade efectiva para o nosso concelho e para a nossa região. A construção do museu tem cau-sado polémica e controvérsia não
só entre os abrantinos como tam-bém em todo o distrito de Santa-rém e região limítrofe. Algumas destas pessoas chegam até a ridi-cularizar este projecto…Eu não faço comentários so-bre aquilo que eu não conheço e prefiro não conhecer. Qualquer obra com esta dimensão é sempre polémica. Por exemplo, o Cen-tro George Pompidou, em Paris, não foi polémico? Foi e ainda hoje continua a ser polémico. O Gug-genheim, em Bilbao, foi polémico ou não foi polémico? Quem é que se iria lembrar de instalar no norte de Espanha um museu com aque-las características? É evidente que qualquer obra com esta dimensão tem também este cariz. Aquilo que para nós importa é que para além da riqueza que estas colecções tra-zem a este desenvolvimento deste Museu Ibérico de Arqueologia e Arte, também o próprio projec-to de arquitectura seja por si um factor de atracção para públicos. Foram feitos estudos sobre as eventuais vantagens em termos de turismo e de economia local que o MIAA possa trazer para Abrantes?Com certeza que sim, que há tra-balhos já feitos sobre essa maté-rias. Andamos a trabalhar nisto há alguns anos. Estamos a desen-volver um estudo económico para poder conduzir a sustentabilidade deste projecto. Nunca ninguém faz um Museu porque fez um estudo de viabilidade económica. Todos sabemos que o impacto que estes equipamentos têm no território é um impacto a médio/longo prazo. Perante a polémica da obra e a ne-cessidade de a fasear, como é que explicaria ao munícipe comum a importância de continuar a apos-tar no MIAA e naquilo que ele sig-nifica para a cidade de Abrantes? Aquilo que nós queremos é fazer apostas consolidadas, no que diz respeito ao Museu e à Escola Su-perior de Tecnologia de Abrantes. A nossa aposta é claramente, em primeiro lugar, criar condições para termos uma Escola de refe-rência nacional, capaz de trazer mais alunos, mais professores, mais trabalhos de investigação para Abrantes e, ao mesmo tempo, criar condições para este grande equipamento cultural que é tam-bém um promotor de economia local. Não havendo capacidade para dois projectos com esta en-vergadura ao mesmo tempo, ob-viamente que temos de fasear um deles. O faseamento calhou sobre este Museu em detrimento do que entendemos que é a nossa obri-gação: garantir a continuidade da ESTA. E para além de garantir a sua continuidade, criar condições para que possa crescer e dar con-tinuidade ao excelente trabalho que tem vindo a fazer ao longo destes mais de dez anos. Para que a ESTA possa ser uma referência também ao nível nacional e pro-mover Abrantes, aumentando a competitividade do nosso tecido económico e social.
L Mª do Céu Albuquerque “Andamos a trabalhar nisto há muito tempo”
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06 ESTA JORNALFEVEREIRO 2012
DAVID SANTOS, mais conhecido por Noiserv, é a cara que está por trás da banda sonora do filme/docu-mentário José e Pilar. Este tra-balho era, até à hora de fecho da edição, candidato a nomeado em três categorias nos Óscares: Me-lhor Filme Estrangeiro, Melhor Banda Sonora e Melhor Docu-mentário. Mais informações em http://oscar.go.com/. Nos jardins da Gulbenkian, local frequentado pelo músico, Noiserv responde a questões relacionadas com o seu projecto a solo e a sua presença no filme/documentário.
Em que género musical inseres o projecto Noiserv?Eu acho que qualquer projecto novo que vá aparecer, será sempre um conjunto de todos os géneros que o autor ouviu desde pequeno. Acho que há um pouco aquela ideia de que tudo aquilo que não é rock, blues ou jazz é posto no género alternativo. Portanto, se calhar o Noiserv também irá para esse gé-nero, não porque seja alternativo a outra coisa, mas porque não se enquadra naquele género de rock pré-definido que existe há mais tempo. O projecto é o que idealizaste ou tem vindo a sofrer alterações?Eu não sou uma pessoa de grandes conceitos à partida: nunca idealizei o que ia acontecer passados cinco ou seis anos. Na altura, no início da carreira, o meu objectivo foi apenas conseguir fazer música da forma que eu sentisse que fazia da melhor maneira possível e que fosse a mú-sica que melhor descreveria a for-ma como eu vejo o mundo e como vejo todas as coisas. Há seis anos atrás quis gravar uma maquete de voz e guitarra, não sei para quê, e tentar que as pessoas ouvissem e gostassem. Depois disso fiz um disco. A partir desse disco consegui ter muito mais concertos e então fiz um outro disco. O objectivo foi sempre o mesmo: tendo em conta as minhas ‘’capacidades’’, fazer o melhor possível. Tenho conseguido ser fiel a essa obrigação. De resto, as coisas vão sempre mudando. Não fazia ideia que ficasse assim, mas fico feliz por ter chegado aqui.Os teus espectáculos não contam apenas com música, têm também imagem associada. De onde surgiu este conceito?O conceito surgiu um pouco na sequência do conceito que eu ti-nha definido para o primeiro disco. Em vez de fazer uma capa de dis-cos normais, quis fazer um género de um pequeno livro em que cada música teria um desenho. O disco, à partida, não seria daqueles discos com fotografias abstractas ou com a fotografia do próprio músico. Ao ter criado no disco esse conceito um pouco paralelo a uma outra realidade que seria essa realidade desenhada, feita pela minha pri-ma (Diana Mascarenhas), quando
ANA RITA MATIASESTA D ABRANTES
‘’O tempo está a acabar e tens tanta coisa para dizer’’
L Noiserv “Se não fossem as minhas músicas, a tristeza ou a melancolia que estão no filme não seriam as mesmas”
fiz o concerto de apresentação, pensei que poderia ser engraçado conseguir ao vivo, de alguma for-ma, conjugar esse mundo paralelo que se tinha criado no disco, criar também em concerto. Ao início era apenas uma tela ao alto ao meu lado, eu não estava incorporado nos desenhos. Depois comecei a achar que fazia sentido eu estar in-corporado nos desenhos e então as coisas foram evoluindo até aos dias de hoje. A ideia foi sempre conse-guir manter o conceito que tinha sido criado para o primeiro disco e conseguir transpô-lo também para os concertos. Em relação ao filme/documentário José e Pilar, em que ambiente es-creveste o tema ‘’Palco do Tempo’’ que faz parte do trailer e qual foi a tua inspiração?Ao contrário de um disco, que fazes só para ti, quando tens como base um filme, a inspiração terá que ser obrigatoriamente as imagens do filme. Neste caso, a pessoa em questão que seria o Saramago. Em relação ao tema ‘’Palco do Tem-po’’, a letra foi escrita segundo
o que o filme me tinha parecido nas primeiras vezes em que o vi e segundo aquilo que também co-nhecia do José Saramago. A grande inspiração terá sido as imagens que já tinham sido filmadas pelo reali-zador Miguel Gonçalves Mendes. Em relação à letra do tema ‘’Palco do Tempo’’, também ela feita com base no que eu via sobre a vida do Saramago, sobre o que o filme re-tratava. Como é ver a tua música no cine-ma?É sempre esquisito porque estando a ver um filme com a nossa músi-ca, parece que nem conseguimos ver bem o filme. Quando fizeste alguma parte do filme, relativa-mente à parte da música, tu não te consegues distanciar do facto de teres sido tu a fazê-la. Vais es-tar sempre a ver o filme e a achar ‘’aquilo podia estar mais baixo, aquilo podia estar mais alto’’. Em relação ao filme, tento basear-me um pouco mais na ideia que as ou-tras pessoas me dão porque elas, sim, conseguem ver o filme como um todo. As boas críticas que te-
nho tido fazem-me acreditar que a minha música funciona bem em cinema. Eu também gosto de ver, mas acho sempre que podia estar melhor. Como seria o documentário ‘’José e Pilar’’ sem a música ‘’Palco do Tempo’’?Eu acho que a música teve uma importância muito grande por-que o trailer acaba por ser aquilo que as pessoas vêem e que as deixa, ou não, curiosas para ver o filme. Acho que o sentimento de curio-sidade consegue levar as pessoas a ter mais interesse em ver o filme. Se não fossem as minhas músicas, a tristeza ou a melancolia que estão no filme não seriam as mesmas, te-riam de ter arranjado outra forma de conseguir fazer isso. Claramen-te não seria igual, seria diferente. Não sei se seria melhor ou se seria pior. Em relação à música ‘’Palco do Tempo’’, a letra foi feita em re-lação ao Saramago, mas quando fiz a própria música, já sabia que era para o trailer, logo já queria que a música criasse o género de senti-mentos que está a criar.
O que gostarias que José Saramago te dissesse no fim do documentário sobre a tua música?Se José Saramago conseguisse ter a tal ‘’opinião imparcial’’ e me dissesse, tanto a mim como ao re-alizador do filme, ‘’tudo isto me pareceu um todo perfeito’’. Não precisaria de falar especificamente em relação à minha música. Se ele o dissesse, eu iria perceber que teria sentido uma grande conexão entre a música e o filme e então aí faria sentido o género de música que eu fiz. Se me dissesse alguma coisa em particular a mim, se me dissesse que a música que eu tinha escrito conseguia retratar de uma forma perfeita o que tinha sido a vida dele ou o que tinha sido a sua ur-gência em viver estes últimos anos de vida, teria sido bom também. Qualquer coisa que fosse dita por Saramago que destacasse o facto de ele achar que o meu trabalho estava bem feito e que estava em sintonia com tudo o resto, era o melhor que eu podia ouvir.Houve alguma parte específica no filme que tivesses gostado mais, tenha ou não a presença da tua música?Eu acho que enquanto músico ou enquanto pessoa que gosta desta área das artes, o filme é muito im-portante porque demonstra o que estava a acontecer ao Saramago, que era morrer antes do tempo em que ele queria morrer. Hoje em dia há muitos velhotes que quando es-tão a morrer já estão de tal forma ‘’deteriorados’’ que muitos dizem que ‘’querem é morrer e que estão fartos de estar aqui’’. Mesmo sem ser numa ideia muito suicida, mas numa coisa em que a vida parece que já está tão degradada que nada mais faz sentido. O Saramago era um bocadinho ao contrário, ele sentia que estava a ficar velho, mas que ainda tinha muito para escre-ver, muito para dizer e que ia mor-rer sem conseguir dizer tudo o que queria. Eu acho que isso é uma das maiores lições que se pode dar por-que sentes que, de alguma forma, o tempo está a acabar e que tens tanta coisa para dizer, tens que fa-zer cada vez mais e mais coisas para conseguir, antes de desaparecer, lançar o máximo de coisas ‘’cá para fora’’. No discurso final, Saramago diz claramente que ‘’queria mais tempo para escrever’’ e toda a gen-te percebe que ele sente que isso não está a acontecer.Depois de fazeres parte da banda sonora de um filme candidato a nomeado para os Óscares, esperas um futuro diferente para o projecto Noiserv?Se o filme chegar aos cincos nome-ados, não sei se terá alguma ligação directa, mas claramente se o filme e a parte da banda sonora forem admirados por muitas pessoas po-derão surgir muito mais convites a partir daí. Em termos de orgulho próprio saber que um filme do qual se faz parte chegou aos Óscares pa-rece surreal sendo ‘’nós’’ um país tão pequenino.
Entrevista
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FOTOGRAFIA NUNO OLIVEIRA
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Entrevista 07WWW.ESTAJORNAL.PT
The Kaviar, o novo sabor do Rock HUMBERTO FELÍCIO dá voz à banda The Kaviar. Uma banda natural de Abrantes que aos poucos começa a ver o nome espalhado por todo o país. Com um novo álbum edi-tado, “Beluga”, o vocalista fala da experiência que a banda tem vivi-do até agora neste novo mundo da música. Está feito o convite para o público saborear um pouco desta arte que é o Rock and Roll, servida por lusitanos que têm em Abrantes a sua zona de conforto.
Como surgiu a ideia de formarem uma banda?Surgiu da maneira mais natural que pode existir, como surge com a maioria das bandas: amigos de longa data que parti-lhavam música entre eles e que tinham um sonho de um dia fazer a própria música, de se juntarem e colocar em prática as ideias que tinham para construir uma banda. O primeiro objectivo era fazer uma banda de Rock and Roll. Já todos tinham tido outras experiências com outros projectos, se calhar não foram tão levados a sério ou não funcionaram tão bem como os Kaviar vieram a funcionar. Surgiude uma forma muito espontânea, sem grandes ilusões inicialmente.E porquê o nome The Kaviar? Exactamente pelo primeiro ob-jectivo que era criar uma banda de Rock and Roll. Uma banda de Rock and Roll envolve um universo de excessos. Todos nós sabemos o que é que as grandes bandas de Rock and Roll nos transmitem e as notícias que nós vemos sobre elas. Achámos que Kaviar era a palavra que descrevia da maneira mais correcta esse universo cheio de excessos, sempre com grandes ‘andamentos’, e escândalos e tudo mais.Relativamente a Abrantes, já que são uma banda de cá e sendo esta uma cidade pequena, acreditavas que seriam capazes de ir mais além na música como estão a ir agora?Sim. Essa ideia que passa de que, por estarmos numa cidade do in-terior e não em Lisboa, é mais di-fícil... Nunca achei que fosse, nem eu nem o resto da banda porque os Kaviar sempre foram uma banda que nunca esteve muito presa a um sítio. Aconteceu ficarmos aqui em Abrantes porque é uma zona de conforto para a maioria da banda. Temos cá casa, família, amigos e é muito mais fácil de mobilizar as pessoas aqui, seprecisarmos de ajuda. Hoje em dia, não há barreiras porque temos cada vez mais meios para chegar às pessoas e até acho que viver em Abrantes tem muito mais vanta-gens para nós. Nós não temos nem metade das di-
CÁTIA FILIPEESTA D ABRANTES
ficuldades que tem uma banda na capital; nós não temos que pagar para ter um espaço para ensaiar. Aqui facilmente alguém tem uma garagem, uma arrecadação ou uma casa velha que já não utiliza onde podemos ir ensaiar. É o nosso caso. Ensaiamos num sítio que não está a ser utilizado a não ser por nós.Em Lisboa, eu conheço “n” de bandas que trabalham em salas de ensaio alugadas e têm horas defi-nidas para estar lá a ensaiar. Nós não temos. Podemos estar horas a fio que ninguém nos vai lá chatear. Primeiro porque são muito poucas as pessoas que sabem onde é que nós ensaiamos, é um sítio extre-mamente restrito. O objectivo é estarmos isolados e não sermos in-terrompidos para podermos estar à vontade.E em relação à vossa passagem pelo Optimus Alive. Ao ganha-rem o Optimus Alive Act tiveram oportunidade para mostrar a vossa música a outro público. Qual foi a sensação de poderem pisar um palco destes?Até chegar ao Optimus Alive foi um percurso enorme. Nós chegámos ao Optimus Alive pouco tempo depois de termos o primeiro disco pronto. Já tínhamos feito, antes do Optimus Alive, a Aula Magna, onde estivemos a fazer a primeira parte dos A Silent Film, não teve grande visibilidade, porque calhou no dia 12 de Maio quando estava cá o Papa, mas foi um concerto muito bom, teve muita gente, mas não foi o concerto que tenha dado grande destaque como deu o Optimus Ali-ve. Claro que o Optimus Alive é um dos maiores festivais do nosso país e da Europa. Nós termos sido os vencedores da primeira edição deu-nos muita vi-sibilidade, ajudou-nos a preparar o lançamento do disco porque por termos ganho o concurso e irmos tocar ao Optimus Alive, editámos primeiro um EP pela Optimus Discos o que serviu como cartão de apresentação. Logo após essa visibilidade toda foi importante tocar muito durante o ano passado e notarmos que havia a procura do nosso concerto. Isso facilitou-nos muitas coisas, facilitou-nos ter-mos um nome já falado. Quando contactávamos alguém, fosse para a distribuição do disco, ou fosse para fazer uma apresentação numa sala já havia outro à vontade para quem nos estava a receber porque já tinham ouvido falar qualquer coisa de nós e isso facilita sempre. De facto, o Optimus Alive foi o que desbloqueou todo esse processo, ajudou-nos a passar à frente uma série de barreiras que existiam. Para aqueles que não conhecem a vossa música o que é que tens a dizer sobre ela? Neste momento a música que te-mos disponível para todos ouvi-rem é o nosso disco de estreia, são
dez músicas com diferentes lin-guagens de Rock and Roll. Umas que têm mais Rock and Roll clás-sico, outras que têm um Rock mais alternativo onde nós experimentá-mos também estéticas diferentes daquelas que são o cliché, mas o nosso primeiro objectivo era exac-tamente esse, era fazer uma banda de Rock and Roll e portanto o disco tinha que sair muito Rock e saiu e nós preocupámo-nos imenso com a intensidade que conseguiríamos dar ao disco quando o tocássemos ao vivo e isso foi conseguido. Temos dois guitarristas, um te-clista, um baixista, um baterista e conseguimos dar uma intensidade enorme e portanto eu descrevo a música dos Kaviar como sendo uma música que tem intensida-de, que tem algum músculo em algumas partes, mas que depois também conseguimos criar am-bientes com mais pormenores, mais sensíveis. Neste momento é isso. O futuro provavelmente não vai ser assim porque temos obvia-mente mais objectivos e mais so-nhos para realizar na música. Esta foi a primeira experiência a gravar um disco inteiro. Passámos mui-to mais tempo no estúdio do que pensávamos que íamos passar, mas
isso foi fundamental para receber-mos e aprendermos uma quanti-dade enorme de pormenores que nem fazíamos ideia que eram tão importantes, mas é um disco de Rock, resumindo. Falando no Disco, andaram por várias lojas FNAC a promovê-lo. Como foi vivida por vocês? Foram bem recebidos? Fomos muito bem recebidos. É muito curioso conhecer em tão pouco tempo uma quantidade razoável de diferentes realidades. Ir tocar à FNAC de Braga não é a mesma coisa que ir tocar à FNAC de Almada, são públicos diferen-tes no mesmo país e não são tantos quilómetros a separar estas duas cidades. A reacção das pessoas também é bastante engraçada por-que se nuns sítios dizem que temos música a soar a AC/DC há outros sítios que nos dizem que temos música a soar a outras coisas e, portanto, foi conhecer diferentes realidades e diferentes comunida-des de pessoas que gostam de mú-sica e que interpretam os Kaviar de diferentes maneiras e nós não tínhamos noção que isso acontecia dessa forma e é engraçado.As FNAC são sítios muito acolhe-dores, são pequeninos auditórios
num espaço onde as pessoas an-dam distraídas e é especialmente engraçado perceber a reacção das pessoas. Quando nós começamos a tocar é um barulho infernal dentro de uma loja FNAC e é muito giro ver as pessoas todas virem esprei-tar e depois percebermos quais as que ficam até ao fim. Algumas até chegam a falar connosco a dizer o que é que acharam. É uma manei-ra diferente de abordar o público, fizemos uma mini tour pelas FNAC e havemos de fazer mais. Para aqueles que não conhecem os Kaviar, como vocalista, que men-sagem é que gostarias de passar?Há de facto muitas coisas na nos-sa música, quem gosta de Rock e quem gosta de Rock and Roll e de Rock Alternativo, tem uma grande facilidade em identificar-se com a música que nós fazemos. Quem gosta de um bom concerto de Rock and Roll, com uma intensidade brutal ao vivo, vai gostar do nosso concerto e é aí que nós achamos que conquistamos mais pessoas porque ali é real, está a acontecer naquele preciso momento, e nós temos conquistado muitas pessoas por aí. Venham ver um concerto. Procurem-nos.
L Humberto Felício “Quem gosta de Rock and Roll tem facilidade em indentificar-se com a música que fazemos”
![Page 20: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/20.jpg)
Última08 ESTA JORNALFEVEREIRO 2012
A NOITE congelava os ossos e o reló-gio da Igreja de São João de Baptista alertava que já passava meia hora da uma da manhã. Os espíritos dos jo-vens sentados na praça da Repúbli-ca, em Tomar, não desmoronavam. Cigarro na mão, café na outra, con-versavam alegremente sobre a se-mana de cada um. Não tardou muito até três figuras se verem ao longe, carregando algo na mão. A reacção foi instantânea, Ricardo Godinho, de 22 anos, estudante de Engenharia Informática, levantou a cabeça. “Oh ´nês!”, gritou para o fim da praça. Os outros acompanharam num coro que se espalhava. “OH ´NÊS!”´Nês, ou Inês Gonçalves, é descrita pelos amigos como uma rapariga de 21 anos que estuda Educação Mu-sical, alegre, sempre de sorriso na cara, com a resposta pronta na pon-ta da língua. Os pedidos de música começaram logo. Inês, mostrando os dentes brilhantes, responde: “Primeiro preciso de aquecer.” Manda vir uma ginja, bebe-a num golo só. Este parece ser o sinal para a festa começar.
Tudo Isto é FadoRuas de Tomar, à noite, com uma vida diferente
LEONOR DIASESTA D ABRANTES
que existe infiltrado nestas noites um movimento “das pessoas que vivem, somos todos juntos aqui”.“É melhor do que estar à frente da televisão,” explica Melanie. “É melhor estar aqui, cantar com es-tas pessoas, este fado, esta música que é só nossa, do que sentada no sofá com o gato ao colo a ver a no-vela da noite. É muito mais cultu-ral, aprende-se”. Bebe um golo de
vinho do Porto e explica que este, mais do que servir como instru-mento para aquecer, já representa a amizade do grupo.Os instrumentos rodam de pes-soa em pessoa. Inês aproveita para beber algo e dá espaço a Gabriela, que assume o papel de fadista por alguns minutos. Senta-se perto de Nelson, a descansar e a conversar com algumas das pessoas acabadas
de chegar. Ambos do Norte, con-tam como os amigos de faculdade os trouxeram até Tomar para co-nhecer a cidade e alguns dos fes-tejos. Inês e Nelson exprimem a desilusão que existe entre o grupo quando se apercebem que os jovens de hoje não têm um amor à cultura e à música portuguesa. “A música de intervenção está esquecida, e é ac-tual, o país está da maneira como está. Cada vez mais é o espelho da nossa sociedade, e nem por isso é dado valor à música.”Inês olha as pessoas que entretanto param para admirar o espectáculo. Confessa ser estranho ver pessoas a gostarem tanto, pois é uma coisa que todos fazem por gosto e não por reconhecimento. Mesmo assim, acha muito bom quando as pessoas reconhecem o talento de todos. A festa continua, horas a fio, e o frio parece cada vez menos intenso. Numa altura em que o Fado é eleito Património Imaterial da Humani-dade, estes estudantes desejam que os mais jovens sejam selectivos na música que ouvem, que apreciem a música portuguesa e que não te-nham medo de sair à rua para fa-zerem o que mais gostam. “Sê tu mesmo,” riem-se.Inês anuncia a última música, pois o sol começa a nascer, e está na hora de retornar a casa. O silên-cio que todos partilham com me-lancolia ajuda a que a voz de Inês, transmissora da dor e da saudade portuguesa, flutue pelos cantos da praça. “Tudo isto é fado”.
O grupo levanta-se da esplanada e caminha para as arcadas da Câ-mara Municipal. André Oliveira prepara o violino; Nelson Cunha, a guitarra Portuguesa. Seguem-se os jambés de Sara e Ricardo. Os outros rodeiam para ouvir o espectáculo.A música começa, os sorrisos de quem já está habituado às noites aqui passadas transparecem. Inês começa a cantar. A voz dela chega ao fim da praça e pára gente para admirar. Arrepios correm pela co-luna de cada um. Os olhos que a focam não parecem fazer grande diferença. Inês continua, “Lisboa cheira aos cafés do Rossio”.É nesta altura que Melanie Pita, pu-xando os cabelos encaracolados e negros para detrás da orelha, apre-senta-se: 18 anos, nascida e cria-da em Tomar, agora estudante de Estudos Portugueses e Lusófonos na Universidade de Coimbra. Con-corda explicar os acontecimentos da noite. De forma poética, adian-ta que as noites de fado, passadas em Tomar, servem para aquecer as pessoas, apaziguar a alma, dar esperança e vida, mudar o sistema contribuindo para a luta diária de todos. Continua, ainda, dizendo
L Movimento “É melhor do que estar em frente à televisão”
![Page 21: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/21.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO2012 ESPECIAL AUTOMOBILISMO 13
António Alexandre, mais conheci-do como Alex, é um dos campeões nacionais de perícia automóvel. No seu longo percurso na modalidade, conta com vários títulos nacionais. Quanto a vitórias em provas, é de se perder o número.
2011 foi ano de juntar mais um
título à lista, o de campeão inter-
continental de perícia automóvel.
António Alexandre ganhou as três
provas realizadas nos Açores e é,
nesta altura, o único português a
ter este título, ao qual juntou a taça
de Portugal da modalidade.
António Alexandre começou mui-
to jovem no mundo dos automó-
veis. O pai tinha dois carros e, quan-
do saía com um, António Alexandre
e o irmão saíam com o outro, mes-
mo sem carta nem idade para con-
duzir. Esta paixão pelos automóveis
não tem explicação, mas a verdade
é que os dois irmãos estão ligados
ao negócio dos automóveis.
Já no que diz respeito às perícias,
Alex começou muito jovem a fazer
peões à volta dos pinos. “Comecei
em Castelo Branco aos 18 anos, ga-
nhei a classe e isto é um bichinho
que entra e não sai”, revela ou pilo-
to. Depois das primeiras provas co-
meçou a encarar a perícia mais a
sério. Comprou um mini e, desde
então, os minis têm sido os carros
de eleição para as provas, embora
tenha uma ou outra participação
com outros carros.
Os super-minis, como lhe chama
Alex, porque “as pessoas não fazem
a mínima ideia do que é colocar
200 cavalos numa carroçaria de um
mini que pesa 380 quilos e que faz
de 0 a 100 km 3,4 segundos. Nem o
Maseratti que tenho ali faz este re-
gisto”.
António Alexandre ainda andou
nos ralis. Revelou gostar de ralis
pelo prazer de fazer as curvas “de
lado” nos carros com tracção tra-
seira, como o Ford Escort que con-
duziu. O problema dos ralis é a
logística que é necessária. Diz o pi-
loto que os carros partem-se mais
e que são necessários carros de
apoio e mecânicos. Para além disso,
como piloto, ter de estar em forma,
sendo necessário treinar. Outra das
modalidades em que participou foi
o autocross, no início da década de
80 “quando lá andavam todos os
pilotos”. Era simples, arranjava-se
um carro e “íamos correr”. Hoje é di-
ferente. Para andar lá na frente “te-
mos de arranjar um carro que pode
custar 70 a 100 mil euros”.
Já na perícia, António Alexandre
diz que o que dá a paixão é a adre-
nalina. As provas são todas iguais.
Peões, peões duplos e triplos. Não
há muito para treinar. “O carro está
ali, chego à prova faço dois peões,
calibro a pressão dos pneus conso-
ante o tipo de piso e é fazer a pro-
va”, conta o piloto, dizendo que a
mínima desconcentração é fatal.
Muitas vezes a primeira passagem
dá o melhor tempo, outras vezes é
na última. Os peões têm de ser fei-
tos encostados aos pinos. Já a saí-
da dos peões tem de ser no tempo
certo porque uma saída errada cus-
ta tempo. Alex conta que a perícia
é das poucas competições que tem
cronómetro ao milésimo de segun-
do e adianta que já fez uma prova
em que fi cou em primeiro com ou-
tro piloto com o mesmo tempo, ao
milésimo. E treinos? Nada disso. An-
tónio Alexandre diz que não treina.
“O carro está no atrelado, sai para
prova. Volta ao atrelado esse não ti-
ver problemas mecânicos só volta a
sair na próxima prova”.
Quanto às despesas, António Ale-
xandre não adianta muito. Diz ter
a sorte dos patrocinadores de pre-
pararem o carro. Depois, as vitórias
nas várias provas que faz, cerca de
40 por ano, pagam o resto das des-
pesas.
Neste momento o piloto tem cin-
co minis de competição e mais um
de colecção.
Para 2012, espera com o seu mini
melhorado entrar para ganhar to-
das as provas. “Se os outros pilotos
deixarem”.
Jerónimo Belo Jorge
A perícia é adrenalina pura
Era um grupo de amigos,
amantes do desporto automó-
vel, que se juntou para correr
nos campeonatos nacionais de
motos por volta de 1999, 2000.
Chamava-se Team 35 Sport e
era constituído por 35 pessoas
naturais da região.
A encabeçar o projecto es-
tava Walter Loureiro, que con-
tou ao JA como tudo aconte-
ceu. “Tudo começou na épo-
ca em que o piloto Santinho
Mendes era o único que tinha
meios para correr. Nós tínha-
mos a paixão mas a parte mo-
netária não existia, contudo a
vontade era muita e foi graças
a este factor que levámos Mar-
co Bandarra, natural de Alfer-
rarde, a correr por todo o país.
A ideia de formar uma organi-
zação, nasceu em 2000, mas só
em 2003 é que conseguimos
fundar o grupo. O objectivo era
que existisse uma organização
coesa que trabalhasse em prol
do desporto motorizado.”
Walter Loureiro continua: “Fo-
mos capazes de comprar uma
moto 4, que na altura já nos
custou perto de 7800 euros e
percorremos o país nos cam-
peonatos de todo o terreno,
na categoria Quad´s 2T. Para
conseguirmos alguma recei-
ta íamos organizando iniciati-
vas, desde bailes nas aldeias,
passeios todo o terreno, jan-
tares convívio, rally papers em
Abrantes, entre outras formas
que encontrávamos para con-
seguir algum dinheiro. As coi-
sas correram bem durante um
ano. Em 2003 fomos a todo o
lado! Era uma aventura, mo-
mentos de pura adrenalina e
tensão, mas tínhamos um pro-
blema: a moto. Esta era nova
e tinha sempre alguns proble-
mas técnicos, daí nunca termos
conseguido alcançar nenhuma
vitória. No entanto, a experiên-
cia fi cou e todos nós a recorda-
mos com grande nostalgia.”
A equipa Team 35 Sport é
hoje recordada por um grupo
de amigos que vivenciava as
motos com um espírito muito
particular. Marco Bandarra, o
piloto da equipa, alcançou al-
guns resultados signifi cativos
antes e depois da formação do
grupo, nomeadamente na pro-
va Alvega 200, em 1995, onde
fi cou em primeiro lugar, e em
1994 no Raid Portalegre 500,
onde alcançou o quatro lugar.
“O Marco era de facto exce-
lente, entre todo o grupo era
o que mais se destacava e daí
ter sido o escolhido. Hoje ele
já não se encontra entre nós,
mas foi um piloto que deixou
a marca de Abrantes em mui-
tos campeonatos. Também o
Team 35 Sport se perdeu no
tempo, mas deixou todo um
projecto de participação em
campeonatos que pode repre-
sentar um modelo para muitos
clubes e associações ou equi-
pas organizadas.”
JMC
Team 35 Sport, uma equipa de referência
• Marco Bandarra piloto que representava o Team 35
![Page 22: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/22.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO201214 ESPECIAL AUTOMOBILISMO
São veículos que têm como único objectivo poluir menos. Um veículo híbrido é um automóvel que possui dois motores: um motor de com-bustão, normalmente a gasolina; e um motor eléctrico, que permite reduzir os níveis de consumo e as emissões de CO2 para atmosfera.
Estes dois motores podem traba-
lhar simultaneamente, mas o veí-
culo também pode funcionar ape-
nas com o motor eléctrico. A Toyota
foi a marca pioneira destes veículos
ecológicos em 1996, altura em que
colocou no mercado mundial o seu
primeiro híbrido, o PRIUS. Hoje to-
das as marcas de referência no
mundo automóvel já possuem car-
ros híbridos e a sociedade tem ade-
rido, a pouco e pouco, a estes veí-
culos. Luís Delgado, comercial da
marca Toyota, em Tomar, garante
que “os híbridos são o futuro” por-
que “não há motores mais ecológi-
cos do que estes”. Este representan-
te da marca japonesa explica que
se trata de “carros que podem emi-
tir 89 gramas de CO2 para atmosfe-
ra, enquanto um automóvel a die-
sel pode vir a emitir 120 gramas por
quilómetro”, o que é “uma diferença
considerável”.
Luís Delgado explica que “a mar-
ca Toyota tem feito campanhas de
sensibilização em países mais pro-
blemáticos ao nível de poluição
para que haja uma maior adesão a
estes carros”. E os resultados estão à
vista, em diferentes países: “Os paí-
ses asiáticos e os Estados Unidos da
América são exemplos de uma for-
te adesão. Hoje é raro ver-se uma
série ou um fi lme onde não este-
ja presente um híbrido, tornou-se
um carro da fama dos famosos de
Hollywood. Na Europa, sobretudo
na Inglaterra, França e na Suíça, co-
meçam a ver-se imensos híbridos
nos centros urbanos. Em Espanha o
Governo está a dar um apoio espe-
cial aos taxistas para que comprem
estes carros ecológicos, o que é fan-
tástico”.
Em Portugal, os híbridos têm sido
uma aposta clara sobretudo no
seio familiar. As famílias começam
a entender aos poucos as vanta-
gens destes veículos. Segundo Jor-
ge Graça, outro comercial da mar-
ca Toyota, o Estado português tem
sido uma preciosa infl uência na
aquisição dos mesmos. “Os híbridos
não pagam tantos impostos como
pagam as viaturas convencionais,
os selos são mais económicos uma
vez que as emissões de CO2 são
mais reduzidas, o que torna o selo
mais barato.” Por outro lado, as fa-
mílias portugueses começam a de-
monstrar “consciência ambiental”, o
que as leva a adquirir este tipo de
veículos. “Em Abrantes, Torres No-
vas, Entroncamento e Tomar já se
começam a ver muitos”.
E no desporto automóvel?
Ao que apurámos junto destes
dois comerciais, os híbridos come-
çam a marcar presença no automo-
bilismo. “A Toyota está a preparar
um híbrido que vai correr, ao que
tudo indica, já este ano nas 24 ho-
ras de Leman, uma prova de refe-
rência do desporto automóvel. Vai
ser a primeira vez que uma mar-
ca vai apostar neste tipo de tecno-
logia. Um carro somente eléctrico
esteve este ano presente, pela pri-
meira vez no Dakar, o que repre-
sentou uma evolução. É bom saber
que neste tipo de automóveis des-
tinados a debitar potência e, logo,
muito poluentes, começa a surgir
uma sensibilidade para os híbridos
e para os eléctricos. Em 1996 nin-
guém pensava que esta nova di-
nâmica surgisse nos grandes cen-
tros urbanos, no desporto e nas fa-
mílias… O futuro passa sem dúvida
por aqui.”- fi nalizou Luís Delgado.
Joana Margarida Carvalho
“Os automóveis híbridos são o futuro”
• Luís Delgado e Jorge Graça são os vendedores da Toyota
![Page 23: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/23.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO2012 ESPECIAL AUTOMOBILISMO 15
“Eu não fui um homem dedicado ao desporto automóvel a 100%. Eu brinquei ao desporto automó-vel, como uma intenção: promover a marca”.
Martinho Jorge, dono da Mercar,
em Abrantes, tem um percurso di-
ferente da generalidade dos pilotos
que nas décadas de 70 e 80 acele-
ravam pelo país fora. Ainda como
vendedor da Renault, pensou em
entrar no mundo das corridas sim-
plesmente para se tornar conheci-
do. Quase 40 anos depois de ter ini-
ciado esta estratégia de promoção,
o “Martinho da Renault” conseguiu
o que queria: “Hoje toda a gente
sabe quem eu sou!”
Um ano antes do 25 de Abril che-
gou a Abrantes e não conhecia nin-
guém. Nessa altura já se faziam pro-
vas de autocross e imaginou que
uma boa forma de se promover se-
ria participar nessas provas, com
carros que tivessem o logotipo da
Renault e o seu próprio nome. Os
tempos eram muito diferentes e as
exigências em termos de mecânica
e de segurança não eram muitas: “As
preparações eram feitas em casa,
nas garagens de cada um.” Como é
que isso era feito? “Por mecânicos
amigos e por grupos de malta que
gostava de desporto automóvel. Era
uma forma de matar o tempo. Esta-
mos a falar em dois, três anos de-
pois do 25 de Abril. Era tudo muito
rudimentar, era tudo caseiro. Mon-
tava-se e desmontava-se um motor
numa noite para correr no outro dia.”
Martinho Jorge conta que esse
tipo de participação nas corridas
durou uma série de anos.
“Corríamos o país inteiro. Juntos,
íamos de Abrantes uns 11 carros.”
Apesar de não ser um homem total-
mete ligado às corridas, ainda parti-
cipou em várias provas. O objectivo
não era ganhar corridas, por isso diz
que nunca teve grandes classifi ca-
ções. Apenas um primeiro prémio,
mas já nem se recorda muito bem
onde foi, e alguns segundos e ter-
ceiros lugares.
Os tempos eram outros e tanto os
mecânicos como os outros vende-
dores participavam com gosto. “To-
dos os nossos mecânicos participa-
vam, sem haver dinheiros à cabeça.”
Martinho Jorge recorda vários co-
legas que partilharam com ele ex-
periências no mundo do desporto
automóvel, mas alguns em particu-
lar: “Naquela altura tinha um mecâ-
nico que era o meu grande amigo
Pancho, que era um homem sem-
pre bem-disposto, que trabalhava a
qualquer hora do dia e da noite. De-
pois tive um aprendiz de mecânico,
que era o Jorge, que me acompa-
nhou muito. Também fi z umas pro-
vas de velocidade, com o Canavi-
lhas e o Ricardo Padre Santo.” O car-
ro com que Martinho Jorge corria
era um Renault 5 vermelho, o seu
carro do dia-a-dia.
Quando as provas eram longe de
Abrantes, as mulheres juntavam-se
e iam ter com as equipas. “Comía-
mos aqui ou acolá, às vezes o pilo-
to conseguia uns fundos e pagava
o almoço.” O dono da Mercar conta
que isso durou uma série de anos,
até se profi ssionalizar o autocross.
“A partir da altura em que começou
a haver pneus especiais e viaturas
vindas de França, muito prepara-
das, eu e muitos como eu afastámo-
nos. Não havia cabimento, deixou
se ser um convívio.”
Recentemente, a convite de um
amigo, Martinho Jorge participou
nas 24 Horas de Fronteira. Foi com
uma 4L. “Dá para fazer as tais prepa-
rações caseiras. Ali não vamos para
ganhar, vamos para resistir 24 ho-
ras. Foi muito giro e fi quei altamen-
te satisfeito por ter participado.”
Mas agora o objectivo é só mesmo
o convívio, porque já não precisa
de se dar a conhecer: “Agora sou o
Martinho da Renault, ninguém me
conhece como Martinho Jorge.” Ob-
jectivo cumprido.
HCS
Aos 10 anos de idade con-
qusitou a taça de Portugal de
Kart na categoria de cadetes.
António Mendes, fi lho de Vi-
tor Mendes e neto de Santi-
nho Mendes é uma esperan-
ça no automobilismo. Ago-
ra com 11 anos de
idade o António
Mendes prepa-
ra-se para partici-
par no Campeona-
to Nacional Kart, ca-
tegoria juvenil, num
carro com chassis
CRJ e com motor
Iemme. Vai susbti-
tuir o campeão na-
cional da equipa, em
2011, que subiu de categoria.
De referir que, nesta moda-
lidade, Abrantes dipõe de
uma pista de karting em Ros-
sio ao Sul do Tejo.
É um espaço privado onde
podem acontecer provas,
aluguer para grupos ou alu-
gueres individuais. Por ou-
tro lado, o Kartódromo de
Abrantes promove também
outro tipo de eventos na área
dos automóveis como condu-
ção desportiva ou defensiva.
Aos 10 anos já tem uma Taça de Portugal de Kart
Participar nas corridas para promover a marca e o nome
e idade con-
e Portugal de
a de cadetes.
s, fi lho dede V VVii-
eto de SSanantit -
ma espereranan-
bilismo. AAgogo--
de
io
a-
ci-
ona-
rt, ca-
num
assis
otor
bti-
• António Mendes
• Martinho Jorge da Mercar
![Page 24: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/24.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO201216 ESPECIAL AUTOMOBILISMO
“Nasci em Lisboa por acidente, vivi em Castelo Branco e foi no ano de 1962 que tudo começou. Os meus amigos eram amantes do automo-bilismo e eu decidi experimentar
A primeira corrida que fi z foi o Rali
de São Martinho. A minha presta-
ção superou todas as expectativas,
corri num Mini Cooper, fi quei bem
colocado, em oitavo ou nono lu-
gar. Percebi que tinha vocação para
os automóveis. Nesta altura, estava
a tirar o curso de arquitectura em
Castelo Branco e não o conclui pois,
como eu costumo dizer, não se con-
segue fazer bem mais de três coisas
ao mesmo tempo. Eu já andava a fa-
zer cinco ou seis (risos): a tropa, o
curso, os ralis, a agricultura, casei e
comecei a trabalhar. Tive de optar e
centrei-me no ramo automóvel. As-
sumi o cargo de director na Critoën,
fui mais tarde administrador na Siva
e há cerca de dez anos fi quei o pre-
sidente da Fiat em Portugal. Para
além destes cargos que assumi, te-
nho hoje uma concessão de auto-
móveis em Castelo Branco que ven-
de automóveis da marca Fiat. Fui
piloto mas agora sou um empreen-
dedor permanente e sem remédio,
pois aos 68 anos não consigo parar
de fazer novas coisas.
Como piloto a carreira fui crescen-
do rapidamente, fui fazendo cada
vez mais provas nacionais e inter-
nacionais. Tive o meu melhor ano
em 1969, num Critoën DS, ganhei
a volta a Portugal e o Rali Interna-
cional TAP. No Campeonato Nacio-
nal de Velocidade também atingi o
pódio em primeiro lugar no BMW
2002. Nas provas internacionais
ganhei o Rali das Rias Baixas, em
Vigo. Não ganhei por um triz o Rali
de Marrocos, dei uma bela camba-
lhota no Rali dos Alpes Austríacos
e em África por pouco não venci o
Rali Internacional do BNU. Em Mo-
çambique apanhei um valente sus-
to: fi z um looping completo, ia com
o carro em constante derrapagem,
de seguida fi z a manobra de emer-
gência e o carro saiu da estrada, sal-
tou tudo, as portas, as janelas, enfi m
Eu fi quei bem, mas não sei como. A
última prova que fi z foi as 24 horas
de Fronteira, no Alentejo em 2001,
onde desisti nos últimos 40 minu-
tos.
Aqui na região participei numa sé-
rie de provas, sempre em compe-
tição com o meu amigo Santinho
Mendes. Participámos na Primei-
ra Maratona de Portalegre, no Au-
tocross de Abrantes e explorei aqui
também uma outra faceta minha,
de organizador de provas. Fui eu
que introduzi em Portugal as pro-
vas de Pop cross e em Abrantes,
a meu pedido, foi feita uma pis-
ta. Hoje essa tradição em Abrantes
morreu, é uma pena que haja pes-
soas interessadas em trabalhar e
nada se faz .
Sempre fui um apaixonado por
esta zona. Tenho uma residência
em Alvega, onde faço agricultura,
sou o presidente da Associação de
Regantes da localidade e tenho pre-
visto um projecto de turismo rural
para esta zona. A intenção é cons-
truir 12 casas de campo e um per-
curso junto ao rio Tejo para jipes,
velocípedes, cavalos entre outros
meios. Concorri já com os dois pro-
jectos que foram aprovados e um
com fi nanciamento no GAL (Gru-
po de Acção Local) Tagus e na Câ-
mara Municipal de Abrantes. Estou
a aguardar o fi nanciamento bancá-
rio para arrancar com este projecto,
que vai representar uma mais-valia
turística para a região, e ainda estou
avaliar a hipótese de construir uma
nova pista. Era algo que queria real-
mente concretizar”.
Recolha por: Joana Margarida Carvalho
40 ANOS DE DESPORTO AUTOMÓVEL
Francisco Romãozinho, o mestre do automobilismo
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jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO2012 REGIONAL 17
“É preciso estar de olho vivo”À hora marcada – 21h12 – Frei Ben-to Domingues, um homem católico que estuda as questões teológicas e se preocupa com as questões so-ciais, iniciou a sua conversa com os abrantinos.
Era uma sexta-feira fria de Janeiro e
a sala estava cheia, com gente de to-
das as idades. Ninguém arredou pé
enquanto o orador falava da crise e
dos seus efeitos. Para concluir, entre
outras ideias, que “a excitação do de-
sejo é o principal problema da crise”.
Frei Bento Domingues falou du-
rante cerca de duas horas, em pé,
dirigindo-se a quem o quis ouvir,
olhando as pessoas nos olhos, inte-
ragindo com elas. Com o seu livro
“Falidos” na mão, contou anedotas,
recordou passagens da Bíblia, citou
fi lósofos e falou de histórias da vida
das pessoas. Com aparente ligeire-
za, abordou coisas sérias. Criticou
os bancos e a publicidade por te-
rem promovido a tal “excitação do
desejo” através do constante apelo
“comprem, comprem, comprem”;
criticou a comunicação social por
distorcer a realidade.
“Há uma veneração da banca,
uma reverência ao dinheiro”, diz
Frei Bento Domingues. E depois,
quando a crise se tornou evidente,
veio “uma Trindade chamada Troi-
ka”. E o que é que se tem feito? “Cor-
taram umas coisas muitíssimo bem
porque havia muito desperdícios”,
mas também emagreceram os que
já estavam magros.
“As coisas não estão repartidas” -
garante Frei Bento Domingues. Su-
blinha que em Portugal o valor da
solidariedade tem sido “uma coisa
fabulosa”, mas receia que as pes-
soas deixem de ter condições para
partilhar. Por isso, sugere que, num
tempo de crise, os cidadãos exijam,
localmente, justiça social. “Devem
contribuir e exigir responsabilida-
des a quem as tem.”
Agora, Frei Bento Domingues de-
fende que é preciso renegociar a
dívida porque “é impossível pagar
tudo de repente”. E quando lhe di-
zem que “cada português deve não
sei quanto”, reage: “Eu não devo
nada!” Para este homem religioso,
“a grande crise é andarmos nesta
lei do pêndulo: agora mandas tu;
agora mando eu; agora vai para a
direita; agora vai para a esquerda”.
E “nunca se vai em frente”.
Frei Bento Domingues foi o se-
gundo convidado das Conferências
do Liceu, uma iniciativa do Agrupa-
mento de Escolas Dr. Manuel Fer-
nandes e da Associação Cultural
Palha de Abrantes. As sessões são
apresentadas e conduzidas por alu-
nos. Desta vez, fi cou no ar um con-
selho que é importante para to-
dos, mas que faz sobretudo sentido
para os mais novos: “Não é preciso
estar de pé atrás, mas é preciso es-
tar de olho vivo.” O próximo convi-
dado será Fernando Catroga.
H.C.S.
FREI BENTO DOMINGUES, SEGUNDO CONVIDADO DAS CONFERÊNCIAS DO LICEU
O Instituto Politécnico de
Tomar (IPT) tem já quatro
docentes com o título de es-
pecialista. Este é um novo
grau da carreira docente,
que resulta de um processo
recente nas instituições de
ensino superior politécnico
e que valoriza a experiência
profi ssional dos professores
ligados ao mercado do tra-
balho. Até ao momento, os
docentes que obtiveram o
título fi zeram-no em áreas
tão diversifi cadas como os
Audiovisuais e Produção dos
Media, a Engenharia Mecâni-
ca - Tecnologias Energéticas
e Fluídos, a Concepção Grá-
fi ca/ Design Gráfi co e a Elec-
tricidade e Energia.
O título de especialista é
atribuído nas áreas em que
a instituição ministra a for-
mação, mediante aprovação
em provas públicas, a rea-
lizar pelos candidatos, nos
termos e condições defi ni-
das na lei e no regulamen-
to da instituição. As provas
podem ser requeridas numa
das áreas defi nidas na Clas-
sifi cação Nacional das Áre-
as de Educação e Forma-
ção previstas na Portaria n.º
256/2005, de 16 de março,
ou noutra área, desde que,
em ambos os casos, corres-
pondam a áreas de forma-
ção ministradas no IPT ou no
consórcio de que este faça
parte. Contudo, a instituição
pode, ainda, atribuir o títu-
lo de especialista, no âmbi-
to de consórcios com outros
institutos politécnicos de
que faça parte, desde que
três desses institutos minis-
trem formação na área do tí-
tulo, assim como nas condi-
ções e termos que estiverem
fi xados pelo consórcio.
As provas públicas são
constituídas pela apreciação
e discussão do currículo pro-
fi ssional, pela apresentação
e discussão de um trabalho
de natureza profi ssional no
âmbito da área em que con-
correm, preferencialmente,
sobre um trabalho ou obra
do currículo profi ssional. Po-
dem solicitar a realização das
provas, apresentando um
requerimento, os docentes
que, cumulativamente, pos-
suam formação inicial supe-
rior, um mínimo de 10 anos
de experiência profi ssional
no âmbito da área em que
prestam provas e um currí-
culo profi ssional de qualida-
de e relevância comprovada
para o exercício da profi ssão
na área em causa. O título de
especialista é titulado por
certifi cado emitido pelo IPT,
referindo obrigatoriamente,
as restantes instituições que
conferem o título.
O título de especialista sur-
ge como um instrumento
para valorizar o papel dos
institutos politécnicos, que,
para além de um ensino de
vocação, essencialmente,
profi ssionalizante, passa-
riam também a poder reco-
nhecer currículos profi ssio-
nais relevantes.
Título de especialista já é uma realidade no IPT
![Page 26: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/26.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO2012
Henrique Prudêncio e
Pedro Almeida são dois jo-
vens alunos da licenciatura
em Vídeo e Cinema Docu-
mental, na Escola Superior
de Tecnologia de Abrantes
(ESTA). Ambos frequentam o
segundo ano e nutrem a pai-
xão pelo cinema. Mas os as-
pectos que têm em comum
não se fi cam por aqui. Os dois
estudantes venceram dois
concursos de cinema en-
quanto estudantes da ESTA.
Henrique Prudêncio ga-
nhou o seu primeiro prémio
enquanto frequentava o en-
sino secundário e o prémio
foram cinco livros. No fi nal
do ano passado, o estudan-
te de 20 anos concorreu ao
Concurso de Vídeo Fundação
INATEL e viu a sua curta-me-
tragem premiada na cate-
goria “Jovem Realizador”. A
curta-metragem premiada
é a fi cção “Adeus Amor”, “re-
alizada com o propósito de
participar no concurso”, mas
desta vez o “prémio foi mo-
netário” e teve outro sabor,
explica Henrique ao Jornal
de Abrantes. “Estava inde-
ciso no curso superior que
queria enveredar e foi este
fi lme que me fez regressar
ao cinema”, porque antes
de ingressar na ESTA, Hen-
rique tinha frequentado o
curso de teatro na escola de
Teatro de Cascais. Neste fi l-
me premiado juntou o que
aprendeu no curso de tea-
tro e além de realizar e pro-
duzir também é actor. A aju-
dar na produção de “Adeus
Amor” esteve uma amiga e
Pedro Almeida, igualmente
aluno da ESTA no curso de
Vídeo e Cinema Documental.
Pedro Almeida também foi
premiado com o seu fi lme
“Um Dia Como Outros”, ten-
do ganho o prémio de me-
lhor documentário no con-
curso “One Minute Movie Fes� val” que decorreu em
Braga em Dezembro de 2011.
Ao contrário de Henrique
Prudêncio, esta curta-me-
tragem nasceu em contex-
to académico e foi retocado
tendo em conta os requi-
sitos do festival, entre eles
o fi lme a concurso não po-
dia exceder os 60 segundos.
Em 2009 Henrique Prudên-
cio criou a empresa “Produ-
ções Sem Nome” com a qual
Pedro Almeida também co-
labora. “Juntei uma equipa
de pessoas e já temos vários
planos para o futuro. Breve-
mente vamos começar a dis-
ponibilizar na internet a sec-
ção de documentários”, re-
fere o estudante de Paço de
Arcos. O salto para Abrantes
foi grande e trouxe mudan-
ças, mas Henrique não se ar-
repende: “Sabe-me bem esta
calma de Abrantes”. E rema-
ta dizendo que a ESTA “tem
bom material disponível e
bons professores”.
André Lopes
18 CULTURA
A Igreja Matriz de SardoalLUGARES COM HISTÓRIA
TERESA APARÍCIO
A TVI, no dia 11 de Dezembro, transmi-tiu, da Igreja Matriz do Sardoal, a Eucaris-tia Dominical e assim, muitas pessoas, por esse país fora, puderam fi car a conhecer um pouco este magnífi co templo da nos-sa região, que merece uma visita atenta e demorada.
Embora não se saiba ao certo a data da
sua construção, o arco em ogiva do por-
tal principal e de duas portas laterais, bem
como uma pequena rosácea já sem vitrais,
se é que alguma vez os teve, remetem a
sua construção para o gótico fi nal, por-
tanto para fi nais do século XIV ou princí-
pios do século XV. Sabe-se que uma carta
do bispo da Guarda, datada de 1456, refe-
re que os fregueses eram obrigados a fa-
zer obras de vulto na sua igreja, que já se
encontrava bastante danifi cada, depre-
endendo-se daqui que, na altura, já não
era uma construção recente. Depois des-
te muitos outros restauros e modifi cações
se sucederam ao longo dos anos. A torre
em agulha só lhe foi acrescentada no sé-
culo XVII, fi cando a ocupar parte do lado
esquerdo da fachada.
O interior está dividido em três naves,
com cobertura de madeira. A capela-mor
ostenta um belo retábulo de talha dou-
rada e as suas paredes laterais estão to-
talmente revestidas com dois interessan-
tes painéis de azulejos, do início do sécu-
lo XVIII, representando, o do lado direito, S.
Tiago combatendo os Mouros e o do lado
esquerdo a Aparição da Virgem aos Cava-
leiros de S. Tiago. Sobre o arco que dá en-
trada a esta capela, encontra-se uma bela
imagem de Cristo crucifi cado e do lado es-
querdo do mesmo arco, numa pequena
mísula, está uma Virgem da Piedade, com
o Filho morto no regaço, escultura ainda
com traços góticos, por certo a imagem
mais antiga desta igreja.
Mas as peças mais famosas não só deste
templo, mas até da vila do Sardoal, são as
pinturas chamadas do chamado Mestre do
Sardoal. Foram trazidas a público pelo Dr.
João Couto, nos fi nais da década de trin-
ta do século XX. Numa altura em que visi-
tou o Sardoal, a convite do Dr. David Serras
Pereira, foi encontrá-las na Casa da Irman-
dade do Santíssimo, situada por baixo da
capela-mor da igreja. Situou-as no tempo
como sendo do início do século XVI, es-
tando integradas nos chamados “Primiti-
vos Portugueses” e como sendo parentes
próximas de outras obras suas conhecidas,
como a Assunção da Virgem, do Museu
Machado de Castro de Coimbra.
Nestas tábuas, que muito provavelmente
pertenceram a um antigo retábulo, estão
representados: o busto de Cristo, o busto
de S. Pedro, o busto de S. Paulo, a Virgem
da Anunciação, o Anjo Gabriel, S. João
Baptista e o que foi durante muito tem-
po considerado S. João Evangelista, mas
que o padre Francisco Valente defende,
com fundamentos sólidos, ser S. Mateus,
precisamente um dos oragos desta igreja.
Sabe-se hoje que foram feitas nas ofi cinas
de Vicente Gil e Manuel Vicente, pintores
da Coimbra Manuelina e na sua execução
revela-se uma qualidade diferenciada, sa-
lientando-se pela positiva, a tábua que re-
presenta o busto de Cristo, com um traba-
lho superior a qualquer das outras.
Depois da sua descoberta, já saíram vá-
rias vezes do Sardoal, para participarem
em exposições importantes – em 1940 na
Exposição do Mundo Português, em 1971
na Exposição de Pintura dos Mestres do
Sardoal e Abrantes, na Fundação Calouste
Gulbenkian e em 2003 numa exposição
em Coimbra, Capital Nacional da Cultura.
Hoje, podemos admirá-las na capela do
Sagrado Coração de Jesus, ao nosso lado
esquerdo, quando se entra na igreja.
Bibliografi a:
Gonçalves, Luís Manuel, “Sardoal do Passado ao
Presente”, edição da C.M. Sardoal, 1992
Valente, Francisco, “A Sétima Tábua do Políptico do
Sardoal – Nova leitura”, Revista Zahara nº 4.
Alunos da ESTA aliam fascínio pelo cinema aos prémios alcançados
A I Edição do INDEX - Festi-
val de Cinema e Experimen-
tação, a realizar nos dias 30
e 31 de Março e 1 de Abril
no CineTeatro São Pedro,
em Abrantes, será o primei-
ro evento organizado pela
VASTAPLATEIA – Associa-
ção Cultural Pela Arte Expe-
rimental. Com um progra-
ma dedicado aos fi lmes na-
cionais experimentais mais
recentes na competição na-
cional, o evento aposta tam-
bém nos videoclips musicais
experimentais e curtas de
animação, com retrospecti-
vas, workshops, exposições,
concertos e instalações.
O principal objectivo do Fes-
tival é não só cultivar uma
cultura experimental qua-
se inexistente em Portugal,
como também sensibilizar
a educação universitária a
apostar mais neste ramo ci-
nematográfi co.
Dentro deste panorama,
serão reforçadas as vanguar-
das que surgiram recente-
mente na arte, nomeada-
mente na música portugue-
sa. Com isto, a abertura do
Festival (dia 30 de Março)
será dedicada ao espectácu-
lo musical, voltado para um
género mais experimentalis-
ta. Mais informação está dis-
ponível em http://indexfesti-
val.vastaplateia.pt/
Festival de Cinema e Experimentação em Abrantes
• Henrique Prudêncio o jovem premiado
![Page 27: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/27.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO2012 SAÚDE 19
Alimentação (culinária) saudável:É tudo uma questão de planeamento
Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Publica do ACES do Zêzere
Decidir que pratos preparar para
o pequeno-almoço, almoço e jan-
tar durante sete dias seguidos pode
ser difícil. Afi nal de contas envol-
ve ter em consideração o que cada
membro da família gosta e não gos-
ta (barrigas satisfeitas signifi ca zero
desperdício de alimentos, para não
falar em esforço desnecessário!),
uma boa e adequada nutrição (a es-
tratégia mais simples é incluir vege-
tais nos pratos principais e ter uma
boa variedade de antioxidantes -
frutas frescas à mão) e as habilida-
des de cozinheiro(a) de cada um.
Este último item é fundamental.
Jogue com as suas forças e com as
oportunidades!
Nos dias úteis (dias de trabalho),
cozinhe pratos que pode prepa-
rar mesmo com os olhos fechados.
Guarde as receitas mais complexas
para o fi m-de-semana.
Depois de elaborar a ementa pode
passar para as próximas etapas de
fazer uma lista de compras, planear
receitas que envolvem preparações
mais difíceis, e mesmo considerar o
que fazer com sobras.
Pode parecer difícil, mas com a
prática, vai descobrir que fazer a
elaboração prévia de uma ementa
pode muitas vezes salvar o dia.
Experimente elaborar uma emen-
ta de quatro semanas para a sua fa-
mília e veja como funciona. Quan-
do esgotar estas quatro semanas
de pratos e ideias, tente criar ou-
tra ementa mas desta vez com o
envolvimento de toda a família.
Planear com antecedência e bem
as suas refeições – é o nosso expe-
rimentado e testado conselho para
uma alimentação (culinária) saudá-
vel e sem problemas todos os dias.
Para fi nalizar uma sugestão para a
ementa de quatro semanas: Creme de Ervilhas com Coentros.
Ingredientes (4 Pessoas)200 g de ervilhas em grão (podem
ser congeladas)
1 cenoura
1 batata pequena
2 dentes de alho
1 raminho de coentros
1 colher de sopa de azeite
sal
Modo de preparaçãoLave e raspe a cenoura, lave e des-
casque a batata e os alhos e corte
tudo em bocados. Lave e prepare
os coentros.
Numa panela com a água neces-
sária, leve a cozer a cenoura, a bata-
ta e os alhos juntamente com as er-
vilhas e os coentros.
Junte uma pitadinha de sal.
Depois de cozidos, tempere com
o azeite e reduza tudo a puré com
a varinha.
Se necessário, pode-se passar o
creme por um passador de rede,
para reter as casquinhas da ervilha.
João Paulo PalrilhaCoordenador do PNSE da USP do
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![Page 28: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/28.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO201220 CULTURA
A Biblioteca Municipal de Abrantes tem em exposição 26
quadros de pintura de Massimo Esposito que podem ser vis-
tos até 10 de Fevereiro de 2012. “Massimo Esposito, pintor ita-
liano, 25 anos em Portugal” é composto por várias obras con-
cebidas à base de óleo sobre tela com aplicações variadas que
representam os “25 anos em Portugal” do pintor. Encontra-se
também exposto o projecto “Wings of Freedom”, onde Mas-
simo Esposito refl ecte sobre “a liberdade e os problemas que
afectam a humanidade”, com obras feitas a partir de óleo so-
bre cortiça.
O pintor nasceu em Itália em 1957, mas desde 1986 que tem
residência em Portugal, tendo realizado a sua primeira exposi-
ção em Benavente no ano de 1987. Desde então o pintor tem
mostrado o seu trabalho por várias localidades do país e até já
expôs na Índia e no Brasil. A exposição em Abrantes pretende
comemorar os 25 anos do pintor em Portugal.
Abrantes Até 31 de Janeiro – Exposição “O Desporto Automóvel em
Abrantes” – Arquivo Municipal Eduardo Campos
Até 31 de Janeiro – Feira de Artesanato Urbano – Mercado
Criativo
Até 10 de Fevereiro – Exposição “Massimo Esposito: Pintor Ita-
liano, 25 anos em Portugal” – Biblioteca António Botto
Até 15 Maio – Exposição “O Azulejo em Abrantes – Um per-
curso de 5 séculos” – Museu D. Lopo de Almeida, Castelo de
Abrantes
28 de Janeiro a 24 Fevereiro – Exposição “José D´Alexandre,
Cardoso & Rocha – Companheiros de Viagem” - Galeria Muni-
cipal de Arte
28 de Janeiro a 29 de Fevereiro – Exposição “Fantasmagor Ias
Continuam”, de Tozé Cardoso – São Lourenço
2 de Fevereiro – Encontro com a escritora Palmira Martins – Bi-
blioteca António Botto, 10h30 e 14h
3 de Fevereiro – Concerto com Mafalda Arnauth, apresentação
de “Fados de vários Portos” - Cine-teatro São Pedro, 21h30
4 de Fevereiro – Teatro “As Bruxinhas e a Flauta Mágica”, pelo
Grupo Palha de Abrantes - Cine-teatro São Pedro, 15h 8 de Fevereiro – Encontro com a escritora Paula Araújo – Bi-
blioteca António Botto, 10h30
14 de Fevereiro – “A menina Dança?” música com F&M – Cine-
teatro São Pedro, 15h
Cinema Espalhafi tas, Cine-teatro São Pedro, às 21h30:
1 de Fevereiro – A solidão dos Números Primos
4 de Fevereiro – Um Gato sem Nome e Outros Filmes
8 de Fevereiro – Melancolia
15 de Fevereiro – Crazy Horse”
Barquinha Até 31 de Janeiro – Mostra bibliográfi ca sobre António Lobo
Antunes – Biblioteca Municipal 31 de Janeiro e 7, 14 e 28 de Fevereiro – Workshop de Ilus-
tração Infantil pelo formador João Nunes – Casa da Hidráulica,
19h às 22h - Gratuito
4 de Fevereiro – Palestra “Arte Rupestre na Bacia Hidrográfi ca
do Médio Tejo”, com Fernando Augusto Coimbra – Centro Cul-
tural, às 17h
4 a 11 de Fevereiro – Exposição “Arte Rupestre do Pinhal Inte-
rior”, painéis fotográfi cos – Centro Cultural, das 9h às 12h30 e
das 14h às 17h30
Constância Até 31 de Janeiro – Mostra Bio-bibliográfi ca de Tomas Trans-
tromer – Biblioteca Alexandre O´Neill
Até 5 de Fevereiro – Exposição colectiva de Aguarela – Posto
de Turismo, das 9h às 18h
1 a 28 de Fevereiro – Mostra Bio-bibliográfi ca de Lesley Pearse
- Biblioteca Alexandre O´Neill
11 de Fevereiro a 4 de Março – Exposição “Um Olhar obre
Constância”, fotografi a de Paulo Sousa – Posto de Turismo
24 de Fevereiro – Grupo de Leitura sobre Carlos Ruiz Zafón - Bi-
blioteca Alexandre O´Neill, 21h
DVDteca à Sexta – Biblioteca Alexandre O´Neill, às 15h:
3 de Fevereiro – A Lenda de Despereaux
10 de Fevereiro – P. S. Amo-te
17 de Fevereiro – Diário de Sofi a
Mação Até 3 de Fevereiro – Exposição sobre António Lino Neto - Átrio
do Edifício dos Paços do Concelho
5 de Fevereiro – Comemorações do 150 aniversário da Filar-
mónica União Maçaense
Sardoal Cinema – Centro Cultural, 16h e 21h30:
28 de Janeiro – A Saga Twilight – Amanhecer
4 de Fevereiro – Missão Impossível – Operação Fantasma
18 de Fevereiro – Ano Novo, Vida Nova
AGENDA DO MÊS
Mafalda Arnauth encontra-se com o fado em Abrantes
Mação dá a conhecer António Lino Neto
O fado de Mafalda Arnauth vai ouvir-se em Abrantes
num concerto inserido na digressão “O mar fala de ti - His-
tória de um encontro”. O Cine-teatro recebe a fadista no
dia 3 de Fevereiro, pelas 21h30.
Para este concerto Mafalda Arnauth tem como convi-
dados o músico argentino Ramón Maschio e o pianista
Hélder Godinho, que acrescentam à voz da fadista a gui-
tarra clássica e o som profundo do piano.
Com um repertório que passa pelos temas criados em
conjunto, temas com histórias especiais que pretendem
partilhar com o público, temas de outros autores que ser-
viram de inspiração às suas próprias obras, “O mar fala de
ti – História de um encontro” será um momento “inesque-
cível na vida de todos os que nele participarem, porque é
de vida real, partilhada e celebrada, que se trata”.
Mafalda Arnauth é um dos nomes incontornáveis do
chamado “Novo Fado”. O seu percurso na música já inclui
seis álbuns e várias participações em projectos estrangei-
ros e portugueses. Depois desta série de concertos por
auditórios nacionais, a fadista dedicar-se-á à preparação
de um novo álbum, ainda sem data de lançamento.
O Município de Mação homena-
geia António Lino Neto numa ex-
posição até dia 3 de Fevereiro. An-
tónio Lino Neto foi um homem que
se destacou na política, no ensino e
na Igreja, durante a 1ª metade do
século XX. Natural de Mação, Antó-
nio Lino Neto foi professor catedrá-
tico, deputado, presidente da Câ-
mara dos Deputados e director do
jornal “A União”. A exposição pode ser vista do edifício dos Pa-
ços do Concelho, de Segunda a Sexta-feira, das 9h às 12h30 e
das 14h às 17h30.
Massimo Esposito celebra 25 anos em Portugal
O Grupo Cultural Palha
de Abrantes organiza em
Constância uma exposi-
ção colectiva de Aguare-
la. O Posto de Turismo da
vila é o local onde pode
ver expostos trabalhos
de Maria da Luz Marcos,
Maria Isabel Dias, Gabriel
Margarido, Fernanda
Andrade e António Trin-
dade. Uma exposição
disponível até 5 de Feve-
reiro, nos dias úteis das
9h às 18h e ao fi m-de-
semana das 10h às 13h e
das 14h às 18h. Também no Posto de Turismo de Constância,
de 11 de Fevereiro a 4 de Março, Paulo Sousa apresenta uma
exposição fotográfi ca “Um Olhar sobre Constância”. A inaugu-
ração desta mostra é no dia 11 de Fevereiro, às 16h.
Posto de Turismo de Constância expõe aguarela e fotografi a
ABRANTES: Ed. S. Domingos - Rua de S. Domingos – 336 – 2º A – Apart. 37Tel. 241 372 831/2/3 – Fax 241 362 645 - 2200-397 ABRANTES
LISBOA: Rua Braamcamp – 52 – 9º EsqºTel. 213 860 963 – 213 862 922 - Fax 213 863 923 - 1250-051 LISBOA
E.Mail: [email protected]
Eurico Heitor Consciência
João Roboredo Consciência
Teresa Roboredo Consciência
Rui Roboredo Consciência
ADVOGADOS
• Paulo Sousa
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jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO2012 CULTURA 21
O Centro Cultural Gil
Vicente, em Sardoal, vai ter
em cada mês duas sessões
de cinema no primeiro tri-
mestre do ano. Do cartaz
fazem parte fi lmes de vá-
rios géneros e para todas
as idades. Em Janeiro o fi l-
me “A Saga Twilight - Ama-
nhecer”, será exibido dia 28
de Janeiro. No mês seguin-
te serão exibidos “Missão
Impossível – Operação Fan-
tasma”, dia 4 de Fevereiro e
“Ano Novo, Vida Nova – Em
Contagem Decrescente”,
dia 18 de Fevereiro. O fi l-
me infantil “O Gato das Bo-
tas” será exibido a 11 de Março e “Moneyball” a 17 do mes-
mo mês. Por fi lme haverá duas sessões, uma às 16 horas e
outra às 21h30, excepção feita ao fi lme “O Gato das Botas”
que terá apenas uma exibição às 16 horas.
O Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha tem patente
de 4 a 11 de Fevereiro uma exposição documental de “Arte
Rupestre do Pinhal Interior”. Esta mostra, composta por 22
painéis fotográfi cos, pretende divulgar a arte rupestre sob
a forma de gravuras cravadas na rocha, assim como apelar
para a problemática da conservação desta arte e a neces-
sidade de a proteger.
No dia da abertura da exposição, 4 de Fevereiro, haverá
uma palestra subordinada ao tema “Arte Rupestre na Ba-
cia Hidrográfi ca do Médio Tejo”, com Fernando Augusto
Coimbra. No Centro Cultural a exposição está aberta das
9h às 12h30 e das 14h às 17h30 e a palestra acontece às
17 horas.
Barquinha mostra a “Arte Rupestre Do Pinhal Interior”
Sessões de cinema no Centro Cultural de Sardoal Anabela Maia - locutora
na Rádio Antena LivreAnabela Salgueiro Maia está na An-
tena Livre de alma e coração todas as
madrugadas. Porque gosta de músi-
ca, porque lhe foi feito o convite e por-
que, segundo contou ao JA, “as músi-
cas, quando são ouvidas à noite, têm
uma intensidade maior, por isso par-
tilhá-las com os ouvintes, a essa hora,
é um prazer redobrado”. Anabela Maia
nasceu em Tramagal onde, na adoles-
cência, pela mão de amigos, visitou a
rádio local pela primeira vez, fi cando
fascinada com as máquinas, gravado-
res, microfones e também com a agi-
tação que se vivia naquele local. Du-
rante dias só pensava em tudo aqui-
lo: “Não conseguia parar de pensar em
mais nada, até que pedi para fazer um
teste de voz, gostaram e acabei por fi -
car a colaborar. Na altura, aquela que
é agora a Tágide chamava-se ainda Rá-
dio Tramagalense e fi quei a ler as notí-
cias, que na altura eram feitas de for-
ma muito arcaica. Comprávamos os
jornais, recortávamos as notícias mais
importantes e íamos lê-las ao microfo-
ne, sempre dois a dois”. Depois de al-
guns anos, a locutora das madrugadas
Antena Livre fez da rádio a sua profi s-
são, seguindo entretanto outros rumos
profi ssionais ligados à área da contabi-
lidade.
A viver na cidade de Abrantes des-
de 1997, a sua natural apetência pelo
ser humano e para tratar dos outros
levou-a a fazer o curso de Serviço So-
cial, que está mesmo a terminar. Em si-
multâneo, já começou um novo curso
de Psicologia. Quanto à rádio, Anabela
Maia adianta: “Enquanto a minha vida
pessoal e profi ssional o permitir, nun-
ca deixarei a rádio. Faz parte de mim e
é bom estar a fazer emissão de madru-
gada e ter o feedback de muitos ou-
vintes que me ouvem não só na região
centro do país em 89.7 fm ou online,
além fronteiras em www.antenalivre.
pt. Já neste mês de Dezembro, um ou-
vinte do Pego, que está emigrado, es-
creveu no facebook da rádio dizendo
que me ouvia todos os dias e que era
uma forma de se sentir ligado à terra.
Isto é o melhor que se tem quando se
faz rádio”.
AS CARAS DA RÁDIO
Emissão com Anabela Maia: Das 00h30 às 04h00
![Page 30: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/30.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO201222 PUBLICIDADE
CARTÓRIO NOTARIALDE DEOLINDA CARVALHO SATURNINO PASCOAL
RIO MAIOR
- Certifi co narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura de hoje, iniciada a folhas onze do livro de notas vinte e oito – H deste Cartório, ACÁCIO DA CONCEIÇÃO MACHADO, NIF 126 759 901, natural da freguesia de Souto do concelho de Abrantes, e mulher MARIA IDALINA LOPES DUARTE MACHADO, NIF 117 206 482, natural da freguesia de São João da Ribeira do concelho de Rio Maior, casados no regime de comunhão de adquiridos, residentes na Travessa João Alves, n.º 5, 5.º Esq. Ajuda, Lisboa, DECLARARAM:- Que, ele é dono e legitimo possuidor, com exclusão de outrem, dos seguintes imóveis, todos situados na freguesia de Fontes do concelho de Abrantes:- UM – prédio rústico composto por pinhal, sito em Vale Formoso, com área de nove-centos e vinte metros quadrados, a confrontar do norte com Agostinho Silva e caminho, sul com ribeira, nascente com João Nascimento Jesus Pedro e do poente com Arlindo Pimenta Mendes, inscrito na matriz predial respectiva sob o artigo 90 da Secção AF,com o valor patrimonial IMT de €30,12;- DOIS – prédio rústico composto por horta, pessegueiros e mato, sito em Horta da Ribeira, com a área de duzentos e quarenta metros quadrados, a confrontar do norte com Manuel António Júnior e caminho, sul com Francisco Vicente Silva, nascente com Adelino Pedro Alfaiate e do poente com Joaquim Rosa Mendes, inscrito na matriz predial respectiva sob o artigo 152 da Secção AG, com o valor patrimonial IMT de €30,12;- TRÊS – prédio rústico composto por pinhal, sito em Portelinha, com a área de mil cento e vinte metros quadrados, a confrontar do norte com Adelino Alves, sul e poente com Manuel Soares Machado Júnior e do nascente com Martinho Mendes, inscrito na matriz predial respectiva sob o artigo 3 da Secção AF, com o valor patrimonial IMT de €84,19;- QUATRO – prédio rústico composto por fi gueiras, olival, cultura arvense e oliveiras, sito em Vale, com a área de seiscentos e quarenta metros quadrados, a confrontar do norte com Adelino Pedro Alfaiate, sul com Manuel António Júnior, nascente com estrada e do poente com José Pedro Alves, inscrito na matriz predial respectiva sob o artigo 176da Secção AG, com o valor patrimonial IMT de €48,04; - e- CINCO – prédio rústico composto por mato, sobreiros, cultura arvense e oliveiras, sito em Barroco do Rodrigo, com a área de dois mil e duzentos metros quadrados, a confrontar do norte com Jaime Maria André, sul com Emília da Conceição Machado, nascente com José Maria Alves e caminho e do poente com António Mendes, inscrito na matriz predial respectiva sob o artigo 285 da Secção AH, com o valor patrimonial IMTde €37,50.- Todos estes prédios, aos quais atribui valor igual ao indicado do valor patrimonial, no global de duzentos e vinte e nove euros e noventa e sete cêntimos, se encontram omissos na Conservatória do Registo Predial de Abrantes; - e- Os mesmos vieram à posse dele, no anterior estado de solteiro, por doação meramente verbal que lhe foi feita, cerca do ano de mil novecentos e cinquenta e oito, por seus pais Maria Rosa da Conceição e João Machado, cujo óbito, por lapso, quanto aos bens das verbas um a quatro, motivou a alteração administrativa da titularidade da inscrição matricial para João Machado _ Cabeça de Casal da Herança de; sendo que os doadores, por sua vez, haviam adquirido todos os sobreditos bens por partilha meramente verbal efectuada por acordo com todos os demais interessados por óbito do pai dele, Manuel Alfaiate, casado com Emília Pires, todos presentemente falecidos, casados que foram no regime de comunhão geral, com residência habitual em Fontes, Abrantes.- Que, assim, desde aquela data, possui os prédios, há mais de vinte anos, em nome próprio, usufruindo dos mesmos e como tal suportando os respectivos encargos da sua conservação e defesa, cultivando-os, colhendo os seus frutos, pagando os respectivos impostos e contribuições, posse que sempre foi exercida por ele de forma a considerar tais bens como seus, sem interrupção, intromissão ou oposição de quem quer que fosse, à vista de toda a gente do lugar e de outros circunvizinhos, sempre na convicção de exercer um direito próprio sobre coisa própria. Esta posse, assim exercida, deve-se reputar de pública, pacífi ca e contínua. Por tal motivo e muito embora não possa exibir o respectivo título de aquisição, o certo é que adquiriu os mencionados bens para seu património, por usucapião, que o justifi cante invoca, por não lhe ser possível provar pelos meios extrajudiciais normais.Rio Maior, 27 de Dezembro de 2011
A NotáriaDeolinda Carvalho Saturninoo Pascoal
(em jornal de Abrantes, edição 5492 de Janeiro de 2012)
CABEÇA DAS MÓS – SARDOAL
Delmira de JesusN. 10-10-1928 - F. 18-12-2011
AGRADECIMENTOSeu fi lho, esposa e netos, agradecem a todos os que aju-daram em vida esta ente querida, nomeadamente os seus familiares, Santa Casa da Misericórdia de Sardoal, IPO de Coimbra, bem como a todos os que a acompanharam até à sua última morada.
ABRANTES
Amândio dos Santos Charneca
N. 03-09-1940 F. 20-12-2011
AGRADECIMENTO
Sua família vem por este meio agradecer a todas as pessoas que se dignaram a acompanhar o seu ente querido à sua última morada no cemitério dos Cabacinhos em Abrantes ou que de qualquer outra forma lhe manifestaram o seu pesar.
ABRANÇALHA DE BAIXO – ABRANTES
António Rodrigues ChaleiraN.12-04-1928 - F. 10-12-2011
AGRADECIMENTOSeus fi lhos, noras, genro, netos e restantes familiares, não lhes sendo possível fazê-lo pessoalmente, como era seu desejo, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que lhes manifestaram solidariedade nos momentos dolorosos que viveram e a todas as pessoas que acompanharam o seu ente querido até à sua última morada.A todos um muito obrigado.Estarás sempre nos nossos corações e obrigada pelo que nos ensinastes, fi cas na nossa memória com muita saudade e o teu lugar será inesquecível.Descansa em paz.
ABRANTES
José António dos SantosN. 01-05-2011 - F. 26-12-2011
AGRADECIMENTOA família de José António dos Santos agradece o carinho de todas os presentes na última despedida.Que a simplicidade e simpatia do nosso José seja um exemplo.Obrigado por tudo
MUNICÍPIO DE SARDOALCâmara Municipal
AVISO2.º Aditamento ao Alvará de Loteamento n.º 5/2001
(Decreto-lei nº 555/99, de 16 de Dezembro, na atual redação)
Nos termos e em cumprimento do disposto no nº 7 do artigo 27º do Decreto-Lei nº 555/99 de 16 de Dezembro, na atual redação, é emitido o 2º aditamento ao alvará de loteamento nº 5/2001, sem obras de urbanização, o qual incidiu sob o prédio sito em Sardoal, descrito na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, sob o nº 03326, a favor de Fernando Constantino Moleirinho, ao qual o presente aditamento fi ca anexo.A alteração de especifi cação do alvará que origina o aditamento, foi aprovada em deliberação camarária de 3/11/2011, e verifi ca-se na sequência do reque-rimento apresentado por Sociedade de Construções Vermelho, Lda, proprie-tário do Lote nº 3 o qual se encontra registado na Conservatória do Registo Predial sob o nº 3412, respeitando o disposto no Plano Diretor Municipal e apresenta, de acordo com a planta em anexo, as seguintes características.
LOTE N.º 3:Alteração do polígono de implantação��Condicionamentos: Não Têm.��
Cedências: Não há lugar a novas cedências de terrenos à Câmara Municipal para integração no domínio público.
Paços do Concelho de Sardoal, 5 de Janeiro de 2012
O Vereador*(em regime de tempo inteiro)Joaquim Gonçalves Serras
* no uso da competência delegada
NOTARIADO PORTUGUÊSCARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES
A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE
- Certifi co para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte de Dezembro de dois mil e onze, exarada de folhas vinte e oito a folhas trinta, do Livro de Notas para Escrituras Diversas NOVENTA E CINCO – A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTI-FICAÇÃO na qual o Senhor JOSÉ GUILHERME LUCAS, casado com Maria Arlete Martins Caseiro Lucas, no regime da comunhão geral de bens, natural da freguesia de Aldeia do Mato, do concelho de Abrantes, residente na Avenida Estados Unidos da América, número 138, terceiro andar direito, em Lisboa, que outorgou por si e como procurador de sua mulher MARIA ARLETE MARTINS CASEIRO LUCAS, natural da freguesia de Mouronho, do concelho de Tábua, com ele residente, DECLAROU que, com exclusão de outrém, ele e a sua representada são donos e legítimos possuidores do seguinte prédio:- Prédio Rústico, sito em Serrada, na freguesia de Aldeia do Mato, do Concelho de Abrantes, composto de horta, com a área de quinhentos e vinte metros quadrados, a confrontar de Norte com Herdeiros de Alexandrina Maria, de Sul com Abílio Vicente Nazaré, de Nascente com Alberto Caseiro Gomes e de Poente com Maria do Rosário Lucas,omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 69 da Secção AB.- Que o prédio ora justifi cado está inscrito na matriz em nome dele justifi cante marido e que o prédio ora justifi cado veio à sua posse, ainda no estado de solteiro, por doação meramente verbal que lhe fez CLARISSE DO ROSÁRIO HENRIQUES, já falecida, residente que foi em Aldeia do Mato, Abrantes, no ano de mil novecentos e cinquenta e quatro, logo há mais de cinquenta e cinco anos.- Que, desde a referida data ele justifi cante e posteriormente ele e a sua representada, vêm exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades do prédio, amanhando-o, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, pacifi camente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verifi cando-se assim todos os requisitos legais para que a aquisição do citado imóvel seja por usucapião.- Está conforme ao original e certifi co que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve.Abrantes, 20 de Dezembro de 2011
A NotáriaSónia Maria Alcaravela Onofre
(em jornal de Abrantes, edição 5492 de Janeiro de 2012)
Conservatória dos Registos Civil, Predial e Comercial
e Cartório Notarial do Sardoal- CERTIFICO, narrativamente para efeitos de publicação, que no dia vinte e oito de Dezembro de dois mil e onze, foi lavrada uma escritura de Justifi cação, exarada de folhas trinta e uma a folhas trinta e três, do Livro de Notas para escrituras diversas número Cem traço D, na qual as senhoras, LAURA ALVES DO ROSÁRIO, NIF 118.372.017; e MARIA SALOMÉ ALVES DO ROSÁRIO LUCAS¸NIF 149.495.285; ambas solteiras, maiores, naturais da freguesia de Souto, concelho de Abrantes e residen-tes na Rua António Pedro, 42, 1.º Esq., 1000-039 Lisboa, vêm justifi car, que são donas e legítimas possuidoras na proporção de METADE, cada uma, do prédio rústico sito em Vale Sobral, freguesia e concelho de Sardoal, composto por pinhal, com área de oito mil duzentos e oitenta metros quadrados, aconfrontar do norte e poente com Nuno Miguel Carmo Gaspar, Sul com Gilberto Dias Gomes, Nascente com Caminho Publico, NÃO DESCRITO na Conservatória do Registo Predial de Sar-doal e inscrito na matriz em nome delas justifi cantes, sob o artigo 64 da secção B.- Que, adquiriram o mencionado prédio por Doação Verbal feita no Ano de Mil novecentos e setenta e oito, feita por Florêncio Joaquim e Elisa Joaquina, casados que foram sob o regime da comunhão geral, residentes que foram na Matagosa, Abrantes, sem que fi cassem a dispor de titulo formal que lhes permita o respectivo registo na Conservatória do Registo Predial;- Que, esta posse em nome próprio, de boa fé, pública, pacífi ca, contínua e do consenso que o prédio lhes pertence em comum, desde o dito ano de mil novecentos e setenta e oito, conduziu à aquisição do direito de propriedade do identifi cado prédio por USUCAPIÃO, o que invocam, justifi cando o direito de proprie-dade, para efeitos de primeira inscrição no registo predial, dado que não têm documentos que lhes permita fazer a prova da aquisição pelos meios extrajudiciais normais.- Está conforme o seu original, na parte respectiva.Sardoal, 28 de Dezembro de 2011
A conservadora, a exercer funções de notárioNélia Carla Henriques Ferreira
(em Jornal de Abrantes, edição 5492 de Janeiro de 2012)
Faleceu no passado dia 9 de Janeiro de 2012, aos 86 anos, o Dr. Teófi lo de Jesus Fernandes, médico, residente em Abrantes desde 1978. Nasceu em Goa, foi bolseiro investigador da Or-ganização Mundial de Saúde na década de 50 tendo exercido medicina em Lisboa, Goa, Ti-mor, Moçambique e na região de Cardigos. Fixou-se em Abrantes onde exerceu nos postos médico de São Miguel, Rio de Moinhos, Chainça e no Lar da Santa Casa. Faleceu na Amadora onde resi-dia nos últimos meses com o seu fi lho. Eterna saudade dos seus fi lhos e demais família.
Dr. Teófi lo de Jesus Fernandes
![Page 31: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/31.jpg)
jornaldeabrantes
JANEIRO/FEVEREIRO2012 PUBLICIDADE 23
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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL
EDITAL N.º 01/2012MIGUEL JORGE ANDRADE PITA MORA ALVES
PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL
FAZ PÚBLICO que, para efeitos do art.º 91º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redacção dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro, se publicam as deliberações da Assembleia Municipal, tomadas em sessão ordinária, realizada no dia 28 de Dezembro de 2011:
- Projeto de Regulamento do Cartão Municipal do Idoso; (Deliberado por unanimidade aprovar);
- Mapa de Pessoal da Autarquia para 2012; (Deliberado por maioria aprovar, com 13 votos a favor e seis abstenções);
- Documentos Previsionais – Ano 2012; (Deliberado por maioria aprovar, com 13 votos a favor e seis votos contra);
E para constar se lavrou o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares públicos de estilo.
Paços do Município de Sardoal, 02 de janeiro de 2012
O Presidente da Assembleia MunicipalMiguel Jorge Andrade Pita Mora Alves
![Page 32: JAJANEIRO2012](https://reader034.vdocuments.pub/reader034/viewer/2022042511/568c4a981a28ab491698d01a/html5/thumbnails/32.jpg)