jajaneiro2012

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jornal Directora HÁLIA COSTA SANTOS - Editora JOANA MARGARIDA CARVALHO - MENSAL - Nº 5492 - ANO 112 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA abrantes de JANEIRO/FEVEREIRO2012 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected] GRATUITO RPP Solar, o princípio do fim? Depois de ter terminado o prazo dado pela autarquia para que a RPP Solar reiniciasse as obras, nada foi feito. Dia 6 de Fevereiro a Câmara deverá declarar a caducidade da licença de construção, pondo um ponto final no mega projecto que pretendia criar 1.800 postos de trabalho.página 8 ECONOMIA A23 já cobra portagens há mais de um mês A23 já cobra portagens há mais de um mês. A vida dos utentes mudou. Fomos ouvir experiências de quem passa naquela via e agora paga uma factura elevada para continuar a levar a sua vida por diante. página 4 SOCIEDADE Automobilismo História e tradição História e tradição na região na região páginas 7 a 16 Foto: Arquivo Municipal Eduardo Campos - arquivo icnográfico ESTA JORNAL NESTA EDIÇÃO Suplemento do Curso de Comunicação Social.

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Page 1: JAJANEIRO2012

jornalDirectora HÁLIA COSTA SANTOS - Editora JOANA MARGARIDA CARVALHO - MENSAL - Nº 5492 - ANO 112 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

abrantesde

JANEIRO/FEVEREIRO2012· Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected] GRATUITO

RPP Solar, o princípio do fim?Depois de ter terminado o prazo dado pela autarquia para que a RPP Solar reiniciasse as obras, nada foi feito. Dia 6 de Fevereiro a Câmara deverá declarar a caducidade da licença de construção, pondo um ponto final no mega projecto que pretendia criar 1.800 postos de trabalho.página 8

ECONOMIA

A23 já cobra portagens há mais de um mês A23 já cobra portagens há mais de um mês. A vida dos utentes mudou. Fomos ouvir experiências de quem passa naquela via e agora paga uma factura elevada para continuar a levar a sua vida por diante. página 4

SOCIEDADE

AutomobilismoHistória e tradição História e tradição na regiãona região páginas 7 a 16

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ESTA JORNALNESTA EDIÇÃO

Suplemento do Curso de Comunicação Social.

Page 2: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO20122 ABERTURA

O que é que representa para si o dia de São Valentim?

Ângela Sá Tramagal, Auxiliar Administrativa

Não ligo muito a este tipo de

datas calendarizadas. Acho que

quando se tem que demonstrar

alguma coisa e neste caso, de-

monstração de amor, não o de-

vemos fazer só no dia dos na-

morados, mas sim em qualquer

altura do ano. Isso é que é real-

mente importante. Devemos di-

zer “Amo-te” todos os dias.

Mudança tranquila

UMA POVOAÇÃO Povoação (Aço-

res)

UM CAFÉ Majestic (Porto)

PRATO PREFERIDO Arroz de Lam-

preia

UM RECANTO PARA DESCOBRIR

Praia Fluvial de Fernandaires (Caste-

lo do Bode)

UM DISCO “Letter From Home” – de

Pat Metheny

UM FILME “Gato Preto, Gato Branco”

– Uma comédia, verdadeiramente hi-

lariante, realizada por Emir Kusturica

UMA VIAGEM Viagem a Trás-os-

Montes

UMA FIGURA DA HISTÓRIA? Wins-

ton Churchill – Era um homem da cul-

tura, apaixonado pela arte, nomeada-

mente literatura e pintura, e um polí-

tico que procurou a paz, defendendo

a ideia que os países europeus deve-

riam ter impedido a Alemanha de re-

compor as suas forças armadas antes

da guerra, de modo a evitá-la. Ante-

pôs o “bem comum” em detrimento

do seu cargo de primeiro-ministro.

UM MOMENTO MARCANTE? O

nascimento do primeiro fi lho – Por-

que se passa a ser pai.

UM PROVÉRBIO A palavra é de pra-

ta e o silêncio de ouro.

UM SONHO Dar a volta ao mundo

num veleiro

UMA PROPOSTA PARA UM DIA DIFERENTE NA REGIÃOUma grande parte dos abrantinos já

olharam, mas nunca “observaram”, o

centro histórico da magnífi ca Cida-

de de Abrantes. Dar um passeio pe-

las belas ruas tortuosas vendo os por-

menores das janelas, das portas, dos

recortes dos telhados e das texturas

das calçadas, parece-me interessan-

te. Para terminar, um churrasco em

família em S. Lourenço.

FICHA TÉCNICA

DirectoraHália Costa Santos

EditoraJoana Margarida Carvalho

(CP.9319)[email protected]

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,

Apartado 652204-909 Abrantes

Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179

E-mail: [email protected]

RedacçãoJerónimo Belo Jorge

(CP.1907)[email protected]

Alves JanaAndré Lopes

PublicidadeMiguel Ângelo

962 108 785 [email protected]

SecretariadoIsabel Colaço

Design gráfico António Vieira

ImpressãoImprejornal, S.A.

Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

Editora e proprietáriaMedia On

Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65

2204-909 Abrantes

GERÊNCIAFrancisco Santos,

Ângela Gil

Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Gabriela Alves

[email protected]

Sistemas InformaçãoHugo Monteiro

[email protected]

Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04

Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 505 500 094

Sócios com mais de 10% de capital

Sojormedia

jornal abrantesde

FOTO DO MÊS EDITORIAL

INQUÉRITO

SUGESTÕES

Num momento em que vivemos

absorvidos em tanta informação,

massifi cada e globalizada, faz cada

vez mais sentido apostar na imprensa

regional. A generalização da televisão

por cabo e o acesso à informação digital

marcaram as últimas décadas, mas

implicam um afastamento das pessoas

em relação às comunidades locais e

regionais. Em muitas circunstâncias,

os blogues localizados no espaço

têm vindo a desenvolver um papel

importante, mas não cumprem a

missão de serviço público própria

dos órgãos de comunicação social.

É neste contexto que o JA encontra a

sua razão de ser. Tem vindo a ser assim e

assim continuará. Por isso, este número

marca uma mudança em termos de

direcção, mas é uma mudança tranquila.

Primeiro, porque se mantêm todos os

jornalistas e colaboradores; depois,

porque a missão do JA continua a ser

servir a comunidade, não entrando em

lutas que sirvam interesses particulares.

Por isso, o JA criou um espaço em que

os leitores estarão muito presentes.

Lança-se, a partir deste número, um

desafi o a quem recebe este jornal: que

nos contem as suas estórias. Este é um

claro sinal de que o JA se preocupa

com as pessoas, dando-lhes conta do

que se passa na região, mas também

partilhando os seus casos, experiências,

difi culdades e alegrias. E assim faremos

o nosso caminho, naturalmente

abertos a críticas e sugestões.

HÁLIA COSTA SANTOS

Bruno BalasLimeiras, Serralheiro

Habitualmente vou jantar fora

com a minha namorada. Não acho

que as ementas sejam mais caras

nesse dia, ou que haja um apro-

veitamento da data nesse sentido.

Não temos o hábito de trocar pren-

das, para não gastar dinheiro, mas

gosto de oferecer umas rosas. As

fl ores são sempre mais caras nes-

sa data.

Gualberto DiasRossio ao Sul do Tejo, Operário Fabril

Não tenho nada contra esta data,

apesar de não a comemorar. Há

um aproveitamento comercial des-

te dia, mas é normal. No entanto,

os nossos ordenados não chegam

para prendas ou jantar fora. Se o

Presidente da República não ganha

para os gastos, o que diremos nós?

Não há condições.

Jorge Fernando Almeida Ferreira da Costa, professor (Director da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu)

As placas de sinalização servem para indicar as direcções a quem não conhece uma localidade. Em Abrantes, há placas sinalizadoras que indicam a direcção do Castelo, mas não pelo caminho mais directo.

IDADE 46 anos

RESIDÊNCIA Rua Dr. Correia

Semedo – Abrantes

PROFISSÃO Professor

(Director da Escola Secun-

dária Dr. Solano de Abreu)

Page 3: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO2012 ENTREVISTA 3

PEDRO COSTA E ANA BARRAL

“Ser arquitecto não é apenas fazer projectos, é resolver e olhar os problemas de uma determinada forma”JOANA MARGARIDA CARVALHO

O Núcleo de Arquitectos de Abrantes foi promovido a Delega-ção. Hoje reúne um conjunto de novas competências e valências disponíveis para os arquitectos da região. Estivemos à conversa com dois dos arquitectos fundadores que vêem o trabalho desenvolvi-do dos últimos seis anos a dar fru-tos.

Qual é a história do núcleo dos arquitectos de Abrantes?

Pedro Costa - Foi num congresso

nacional de arquitectura em Gui-

marães que alguns dos arquitectos

da região se juntaram e considera-

ram que fazia todo sentido existir

um núcleo em Abrantes, que de-

senvolvesse trabalho e servisse o

Médio Tejo. O núcleo fundou-se no

mês de Janeiro de 2005. Desde en-

tão, está integrado na Ordem dos

Arquitectos Secção Regional Sul,

uma entidade que controla e gere

o nosso trabalho e dos outros nú-

cleos espalhados desde Coimbra

até ao sul do país. Nós existimos

para trabalhar esta área localmen-

te.

Qual tem sido o trabalho de-senvolvido?

Ana Barral - O núcleo tem como

pretensão divulgar o trabalho de

arquitectura que é feito por cá,

mas também desenvolver algu-

mas iniciativas lúdicas, culturais e

que se destinam não só aos pro-

fi ssionais desta área como a toda a

população. Temos organizado ex-

posições com alguns arquitectos

de referência nacional e interna-

cional. Aqui em Abrantes já este-

ve o arquitecto Siza Vieira, Carrilho

da Graça, Gonçalo Byrne, Anton

Garcia Abril, entre outros. Este últi-

mo, um profi ssional espanhol que

recebeu o prémio internacional da

arquitectura. Foram senhores im-

portantes que estiveram em expo-

sições organizadas com palestras e

workshops.

Pedro Costa - Projectos de arqui-

tectura não fazemos no seio do nú-

cleo, a nossa actividade centra-se

na divulgação, apoio e na quali-

fi cação da área. Recomendamos

concursos para obras e agimos

juntos dos actores necessários,

desde a construção civil, licencia-

mento, planeamento, factores po-

líticos, etc. Temos ainda a publica-

ção Papel de Parede, que tem tido

uma aceitação fantástica junto do

público e é divulgada pelo país.

Promovemos formações sobre os

mais variados temas a arquitectos

e a outros profi ssionais interessa-

dos e fazemos visitas a obras, a últi-

ma foi a Óbidos.

È curioso que tal como no fute-

bol onde nós somos reconhecidos

pela qualidade, na arquitectura o

mesmo acontece. Somos um país

pequeno, mas com já dois prémios

Pritzker, o reconhecimento mais

importante que se pode receber.

Como tem corrido o trabalho com os jovens interessados nes-ta área?

Ana Barral - Temos tentado nas

nossas iniciativas trazer a comu-

nidade escolar, não só os jovens

da área da arquitectura, mas ou-

tros. Na última visita que fi zemos

às obras do Parque Escolar, às es-

colas de primeiro ciclo, levámos

connosco alguns alunos da facul-

dade de arquitectura. Temos bas-

tantes visitas de alunos, autocarros

que vêm de várias partes do país,

e que vêm para visitar as nossas

exposições e participar nas confe-

rências. A entrada no mercado de

trabalho nesta área não está fácil,

na verdade temos mais de vinte

mil arquitectos inscritos na ordem,

num país tão pequeno, é realmen-

te necessário dar oportunidade a

estes profi ssionais, se não for cá, lá

fora. Hoje cada vez mais temos de

nos convencer que as profi ssões

são complexas e que temos de ser

pró activos com projectos pensa-

dos para Portugal, mas também

para outras partes no mundo.

Pedro Costa - Também, temos de

considerar que um arquitecto pode

exercer outras funções e não só ac-

tividade “pura” da arquitectura. Por

exemplo, tenho um amigo que

tem uma empresa de publicidade

e todos os profi ssionais da casa são

arquitectos, porque os arquitectos

têm uma maneira particular de ver

e resolver os problemas. Ser arqui-

tecto não é apenas fazer projectos,

é olhar os problemas de uma de-

terminada forma. Hoje os jovens

devem-se associarem ao núcleo, é

uma mais-valia de forma a estarem

informados e a poderem vivenciar

os nossos eventos.

O núcleo de Abrantes foi pro-movido a Delegação, quais são as vossas novas competências?

Pedro Costa - A Ordem dos Ar-

quitectos Secção Regional Sul de-

cidiu terminar com todos os nú-

cleos da sua área de responsabili-

dade. Os núcleos passam apenas a

serem uma entidade espontânea

que pode continuar a ser formada

pelos arquitectos de determinada

região para promoverem iniciati-

vas. É algo que não tem continui-

dade, por exemplo, forma-se um

núcleo para se fazer uma conferên-

cia, quando esta termina o núcleo

também termina. Nós juntamen-

te com Castelo Branco, Faro, Ma-

deira e Açores fomos promovidos

a Delegação, pelo trabalho inte-

ressante que temos desenvolvido.

Agora as nossas responsabilidades

são maiores no âmbito do apoio

ao profi ssional e aos estagiários. A

sede vai começar a estar aberta ao

público diariamente, com uma se-

cretária responsável. Vamos come-

çar a ter acesso a alguma papela-

da, declarações necessárias, que

hoje os arquitectos só têm acesso

em Lisboa e vão começar a ter cá

e vamos continuar com todo o tra-

balho de formação e divulgação

da arquitectura. A Delegação vai

ser gerida por uma direcção e por

todos os membros associados, que

são cerca de 110, todos eles ins-

critos na ordem nacional. Foi com

alegria que recebemos esta notícia

no passado dia 12 de Janeiro, é um

reconhecimento do mérito que te-

mos e do trabalho executado.

Qual é o valor da arquitectura na região?

Ana Barral - Em termos de equi-

pamentos públicos a nossa re-

gião tem um grande número de

obras feitas de valor e realiza-

das por arquitectos de referên-

cia. Em Abrantes temos obras de

Aires Mateus, vamos ter o Mu-

seu Ibérico com a responsabilida-

de de Carrilho da Graça, as esco-

las de primeiro ciclo que estão a

ser construídas são da autoria do

arquitecto Manuel Mateus. Numa

época mais antiga, temos em

Abrantes uma serie de edifícios de

Raul Lino, Rui Atouguia foi o res-

ponsável do cine teatro São Pedro,

o hotel da cidade é de Manuel La-

cerra, a Barragem de Belver e as

casas envolventes são da autoria

de Cassiano Branco.

Pedro Costa - Como as pesso-

as não têm noção do valor des-

tes edifícios nós temos colocado

placas junto dos equipamentos

para que possam reconhecer o

valor em questão, mas ainda não

há uma grande sensibilidade e co-

nhecimento dos mesmos. Ainda

gostava que as pessoas que pas-

sam pela região tivessem o conhe-

cimento do valor e da qualidade

dos edifícios que estão espalha-

dos pelo Médio Tejo.

Page 4: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO20124 ACTUALIDADE

HÁLIA COSTA SANTOS

A A23 era uma mais-valia para quem vive nesta constelação de concelhos, desde Torres Novas até Mação. Agora, para ir trabalhar, gasta-se mais tempo e mais di-nheiro. Entre a resignação e a in-dignação, surgem estórias de gen-te que todos os dias entra e sai da A23 para não ouvir o ‘bip’ do iden-tifi cador da Via Verde.

Joana tem apenas dois anos e, por

isso, não faz ideia das voltas que a

mãe dá, todos os dias úteis, para ir

pô-la ao infantário e, depois, seguir

para o local de trabalho. E por ser

muito pequena, Joana não imagina

o dinheiro que a mãe, Sandra Café,

gasta por mês nestas deslocações,

que atingem os dois mil quilóme-

tros. Este é um exemplo de uma fa-

mília que vive em Tomar, mas que

tem um dia-a-dia que se divide por

mais duas cidades da região: En-

troncamento e Abrantes. Se a ro-

tina diária já era pesada, com as

portagens na A23 tornou-se ainda

mais difícil.

Sandra Café já fez as contas ao

tempo e ao dinheiro. Quando não

havia portagens na A23 nem na

A13, fazia dois trajectos de 49 qui-

lómetros, em 45 minutos cada, gas-

tando cerca de oito euros por dia

em gasóleo. Se não contar com as

isenções, desde que os pórticos es-

tão instalados, no mesmo percur-

so gastaria mais oito euros por dia

(6,20 na A23 e 1,60 euros na A13).

Tudo junto, no fi nal do mês seriam

mais de 350 euros, quase metade

do seu vencimento líquido. Não

será pois, de estranhar, que esta

funcionária pública ande a fugir

aos pórticos, como tantas outras

pessoas na região.

Para não pagar portagens, Sandra

Café vai pela estrada da Atalaia, fu-

gindo à A13. Segue em direcção

ao Entroncamento Sul e atravessa

boa parte da cidade para deixar a

pequena Joana no infantário. Re-

torna em direcção à A23 e faz ape-

nas uma parte do percurso que fa-

zia quando esta estrada ainda era

uma SCUT. Para fugir ao pórtico

de Montalvo, sai em Constância e

circula na estrada nacional até re-

gressar à A23, mais à frente. Pas-

sa mais meia hora na estrada por

dia do que passava antes e, ao fi m

do mês, gasta mais 20 euros de

gasóleo. Mas feitas as contas, fu-

gindo aos pórticos poupa cerca de

150 euros por mês.

“É cansativo”, reconhece Sandra

Café. Desde que soube que as por-

tagens na A23 iriam ser uma reali-

dade fi cou logo preocupada. Sabia

que ia ter “um aumento na despe-

sa, mas não tinha a noção de que

seria tanto”. Vive em Tomar porque

é aí que o marido trabalha. Para

além disso, tinham lá um terreno

e pareceu-lhes lógico aproveitá-

lo para construir a casa de família.

Quando a pequena Joana chegou

à idade de ir para o infantário, o En-

troncamento foi a melhor solução

porque aí tem a avó, que dá apoio

nas situações mais complicadas. E

tudo estava pensado, sem contar

com as portagens.

Agora, Sandra Café coloca uma hi-

pótese que nunca tinha colocado:

pôr a Joana num infantário em To-

mar para evitar uma boa parte do

percurso diário. Isto porque a des-

pesa com as deslocações começa

a ser um peso demasiado grande

no orçamento. O marido de Sandra

também é funcionário público e,

por isso, estão a “contribuir para o

défi ce em triplicado”: cada um le-

vou um corte, mesmo que peque-

no, nos subsídios de férias e de Na-

tal e, para além disso, ainda contri-

buem com as portagens.

Também a fugir aos pórticos anda

Sara Ferreira, colega de trabalho de

Sandra Café, na secretaria da ESTA,

em Abrantes. Aliás, ao fi m do dia

saem sempre juntas, em direcção

ao Entroncamento, onde vive Sara.

Entram na A23 no sítio de sempre,

em Abrantes Oeste, mas saem em

Montalvo, para regressar à A23

mais à frente. Sara achou mal a in-

trodução de pórticos, mas não se

importou muito porque só apanha

um e até consegue desviar-se dele

sem grandes complicações. “A es-

trada tem algumas curvas, mas até

não é má.” O pior mesmo é a inten-

sidade de carros e camiões que fa-

zem o mesmo percurso. Nota-se

na estrada, mas a maior diferença

é sobretudo no centro do Entron-

camento. “Noto que há mais movi-

mento”, sobretudo ao fi m da tarde.

Ir buscar dois fi lhos em duas pon-

tas opostas da cidade acaba por

ser complicado.

Nem Sara nem Sandra pensaram

em associar-se aos movimentos de

contestação das portagens na A23.

Em conversa sobre o assunto, con-

cluem que “não há nada a fazer”.

Também o marido de Sara é fun-

cionário público e parece que já to-

dos interiorizaram a necessidade

de contribuir para resolver a situa-

ção do país. No ar fi ca a esperança

de que o sacrifício, que agora estão

a fazer, venha a dar resultados.

O mesmo circuito para fugir aos

pórticos entre o Entroncamento e

Abrantes é feito todos os dias por

Anselmo Bento. Só que, neste caso,

o destino é a Câmara do Sardoal e,

por isso, este funcionário munici-

pal tem ainda mais uma dor de ca-

beça diária: passar por dentro de

Abrantes para fugir a mais um pór-

tico. Antes, quando circulava pela

A23, fazia o percurso calma e co-

modamente. Saía às 8h10 de casa.

Agora, tem que sair meia hora mais

cedo e faz a mais cerca de 12 quiló-

metros por dia, o que implica um

pouco mais de combustível.

Anselmo Bento assinou a petição

que correu na internet contra o pa-

gamento da A23. “Ainda se falou

numa providência cautelar, mas

parece que não deu em nada”, re-

corda. Embora saiba que a comis-

são de utentes continua a traba-

lhar, já não tem esperança de que

a situação volte atrás. E é com algu-

ma tristeza que verifi ca que houve

pouca reacção por parte das popu-

lações. “Nós, portugueses, quere-

mos uma barra de chocolate, mas

se nos derem um rebuçado já nos

calamos.” Neste caso, o rebuçado

será a discriminação positiva duran-

te seis meses. “Ficamos contentes,

EM FOCO

O dia-a-dia de quem anda a fugir aos

• Joana com a mãe Sandra Café

• Pérsio Basso

Page 5: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO2012 ACTUALIDADE 5

pórticos da A23

Em cada mês, a partir desta edição, o Jornal de Abrantes lança o desafi o aos seus

leitores no sentido de darem contributos sobre um tema previamente escolhi-

do. Em cada edição lançaremos o tema da edição seguinte e aguardaremos as

vossas estórias. Queremos falar sobre assuntos que afectam muita gente, com

casos concretos, com discurso directo. Queremos dar voz aos leitores. Na pró-

xima edição, o tema será o acesso (ou a falta dele) à saúde. Ficamos à espera!

Contacto: 241 360 170 - E-mail: [email protected]

pagamos e depois esquecemos.”

Para Anselmo Bento, é importan-

te analisar esta questão não só em

termos dos prejuízos fi nanceiros

de cada cidadão. “Não dinamiza a

região e em termos empresariais

é uma catástrofe!” Por outro lado, a

quantidade de veículos que diaria-

mente passaram a circular por es-

tradas nacionais pode dar origem

a aumentos de acidentes e de ví-

timas. Ultrapassagens perigosas e

motos com pouca cilindrada são as

principais ameaças. Anselmo Bento

tem esta situação sempre presen-

te, até porque já apanhou “três ou

quatro sustos na zona de Montalvo”.

Num outro ponto da A23 circula-

va diariamente Pérsio Basso. Vive

em Torres Novas, trabalha em Vila

Nova da Barquinha e optou por

fugir aos pórticos apenas no fi nal

do dia de trabalho. De manhã se-

gue pela A23 e à tarde vai pelo En-

troncamento. São mais sete minu-

tos de viagem, mas deixa de pa-

gar 1,10 euros. Para este técnico

de Comunicação, “não é assim tão

mau”. Apanha um semáforo e mais

algum trânsito, mas nada que se

possa considerar um transtorno. “É

tudo uma questão de adaptação.”

Pérsio Basso concorda com o pa-

gamento de portagens em estra-

das como a A23, mas não com “va-

lores desta ordem”. Contas feitas,

paga-se quase o dobro por quiló-

metro do que se paga, por exem-

plo, na A1, quando “devia ser pre-

cisamente o contrário”. Aliás, esta

opinião é partilhada por Raquel

Ferreira, que vive em Abrantes e

trabalha em Mação. Também mu-

dou o percurso para ir trabalhar,

porque até tem duas alternativas:

“Pelas Mouriscas, a estrada é boa,

mas tem curvas; pela Ortiga, a es-

trada está pior, mas é mais larga.”

Feito o balanço fi nal, sabe que tem

que sair cerca de dez minutos mais

cedo. Quando já sai em cima da

hora, então vai pela A23, usando as

isenções da discriminação positiva.

Até Junho. • Sara Ferreira, colega de trabalho de Sandra Café

Page 6: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO20126 SAÚDE

Estancar um passivo de 160 mi-lhões de euros, dos quais 60 mi-lhões são de dívida a fornecedores externos do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), é um dos ob-jectivos do programa de reorgani-zação apresentado pelo novo Con-selho de Administração (CS), lidera-do por Joaquim Esperancinha.

A média anual de crescimento do

passivo deste organismo tem sido

da ordem dos 25 milhões de euros e

esta situação tem de mudar. Para o

fazer, o CA do CHMT e a direcção clí-

nica apresentaram, recentemente,

um conjunto de medidas já aprova-

das pela Administração Regional de

Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.

Os cortes no CHMT começaram

no cargos directivos. O CA passou

de 19 para dez elementos e os di-

rectores de serviço de 41 para 19.

Por outro lado, concentração de

serviços foi a defi nição para as alte-

rações que começaram a ser efectu-

adas a 23 de Janeiro e vão culminar

a 1 de Março (ver quadro). Na práti-

ca, trata-se de concentrar valências

em cada um dos Hospitais, fazen-

do com que os habiantes da região

recorram a cada um deles em fun-

ção das especialidades. A título de

exemplo, a Pediatria já está concen-

trada em Torres Novas, a Otorrinola-

ringologia fi ca em Tomar e a Orto-

pedia em Abrantes.

Neste âmbito, Paulo Vasco, direc-

tor clínico do CHMT secundou o

presidente do CA na apresentação

das medidas que visam a concen-

tração de serviços, como pediatria,

otorrinolaringologia, ortopedia e ci-

rurgia. Já no que diz respeito à ur-

gência, “um dos principais sorvedo-

res de dinheiro no CHMT”, Joaquim

Esperancinha realçou que esta ad-

ministração apenas aplicou as deci-

sões tomadas em 2008 e publicadas

nesse ano em Diário da República: a

criação de urgência básica com am-

bulância de suporte imediato de

vida em Tomar e Torres Novas e a

criação da urgência medico-cirurgi-

ca em Abrantes.

A este nível, Nuno Catorze, direc-

tor de urgência do CHMT, foi claro

na defi nição dos serviços prestados.

Tomar e Torres Novas fi cam com

consultas 24 horas por dia, que fun-

cionam como as chamadas consul-

tas de recurso. Quer isto dizer, por

exemplo, que se um habitante de

Torres Novas tiver tosse pode ir ao

hospital da área de residência, mas

se tiver uma perna partida deverá

deslocar-se a Abrantes.

Quando questionado sobre o es-

vaziamento do hospital de Tomar

de vários serviços, Joaquim Espe-

rancinha refutou essa ideia, dizen-

do que o que está em causa é um

hospital com corredores de 30 qui-

lómetros entre si. Não quer falar em

hospitais desta ou daquela cidade,

mas antes num centro hospitalar

com três unidades. E adiantou mais:

se este plano não estancar o défi ce,

que é o seu principal objectivo, nem

quer pensar no que possa acontecer.

Já no que diz respeito aos profi s-

sionais, Joaquim Esperancinha não

falou em cortes, embora no futu-

ro não seja uma questão posta de

lado. Mas este responsável realçou

que alguns profi ssionais vão ser re-

direccionados nas suas funções face

ao quadro de alterações em curso.

Entre várias reacções, que se ve-

rifi caram na região, a Comissão de

Utentes da Saúde do Médio Tejo

defendeu o adiamento das medi-

das por 15 dias para poder auscul-

tar as populações.

Já o presidente da Câmara de Tor-

res Novas, e também da Comunida-

de Intermunicipal do Médio Tejo,

admitiu concordar com algumas

das medidas mas revelou igual-

mente discordar de outras. António

Rodrigues fez questão de referir que

tem de haver alterações no CHMT e

que, na sua opinião, o mais impor-

tante é que as três unidades hospi-

talares continuem a funcionar.

Em Tomar a reacção foi mais ra-

dical, tendo a autarquia aprovado

uma moção em que pede a suspen-

são imediata da reorganização apre-

sentada. Mesmo assim, também o

presidente da autarquia, Carlos Car-

rão, admitiu a necessidade de alte-

rações no Centro Hospitalar.

Já Maria do Céu Albuquerque,

presidente da Câmara de Abrantes,

reajiu através de um comunicado

muito simples em que realça a im-

portância da reorganização, defen-

dendo que a mesma deve ser tecni-

camente bem sustentada.

Independentemente das reac-

ções, Joaquim Esperancinha deixou

bem claro que o Conselho de Ad-

ministração do CHMT está disponí-

vel para ouvir alternativas. Mas esta

abertura não invalida uma certeza:

este plano é para implementar.

Jerónimo Belo Jorge

Calendarização do programa de reorganização

23 Janeiro Concentração Pediatria em Torres Novas

26 Janeiro Concentração Otorrinolaringologia em Tomar

30 Janeiro Concentração Ortopedia em Abrantes

30 Janeiro Transferência de Cirurgia geral de Torres Novas para Tomar

30 Janeiro Transferência do Bloco Operatório de Torres Novas para Tomar

14 Fevereiro Concentração de Medicina Interna em Abrantes e Torres Novas

01 Março Urgência Básica com viatura pré hospitalar em Torres Novas e

Tomar e urgência Médico-Cirúrgica em Abrantes.

Hospitais do Médio Tejo reorganizados

A detecção de violência doméstica no HospitalO Hospital de Abrantes é o

único no país a ter um serviço

de detecção e recolha de pro-

vas de actos de violência, no-

meadamente violência con-

tra a mulher. Este serviço ar-

ticula-se, depois, com outras

estruturas existentes no con-

celho e com o Ministério Pú-

blico para as acções em con-

formidade.

A violência contra a mulher

é uma realidade que, muitas

vezes, está encapotada pela

sociedade, pelas próprias ví-

timas e por medo de repre-

sálias dos agressores. Pieda-

de Pinto, enfermeira, natural

de Abrantes, trabalha nes-

ta área no Hospital. “Há 20

anos que trabalho no Hospi-

tal e que me lembro de ver

casos de violência sobre as

mulheres”, explica a técni-

ca de saúde, adiantando que

ao longo dos anos o Hospi-

tal foi dando, e melhoran-

do, a resposta a estes casos.

Desde 2009 que o Hospital

faz a colheita e preservação de

provas a qualquer vítima que

entre na unidade. Esta área

abrange todo o tipo de víti-

mas e não apenas os casos de

vítimas de violência domésti-

ca. Quando entra uma vítima

“fazemos a recolha de provas

médico-legais”. A enfermeira

Piedade Pinto explica que po-

dem ser “facas, balas, roupa

ou o registo das lesões”. Tam-

bém na violência doméstica,

que é um crime público, a Lei

obriga estes técnicos a colher

as provas que podem ser ne-

cessárias para o uso em pro-

cessos judiciais. Não queren-

do comparar o seu trabalho

ao dos “CSI da televisão”, Pie-

dade Pinto diz que acaba por

ser parecido.

Mais complicados são os ca-

sos, conta a enfermeira, de si-

tuações em que as mulheres

entram no Hospital com o re-

gisto de queda, mas que aca-

bam por confi ar nos técnicos

e confessam terem sido alvo

de agressões. E há ainda ou-

tros em que os agressores es-

tão na sala de espera. A téc-

nica contou um caso, que já

tem uns anos, de uma mu-

lher que chegou à urgência

a dizer que queria dormir no

Hospital. Só às quatro da ma-

nhã é que confessou o imbró-

glio da sua vida, tendo revela-

do que o companheiro nunca

lhe tinha batido. Mas às vezes

a violência psicológica pode

ser mais violenta.

Piedade Pinto revelou que

desde que na autarquia exis-

te o Gabinete de Apoio à Ví-

tima, esta estrutura tem indi-

cado às vítimas o caminho a

seguir e, no geral, elas têm-no

seguido. O trabalho em rede

permite que os diferentes

parceiros a actuar nesta área

estejam articulados e que

possam encaminhar as víti-

mas para as respostas mais

adequadas.

A técnica salienta que o tra-

balho a ser feito não pode

ser apenas com as vítimas.

Os agressores também deve-

riam ter apoio psicológico ou

psiquiátrico.

Já sobre as queixas, mesmo

que se detecte na urgência

hospitalar uma vítima de vio-

lência doméstica, o proces-

so só pode avançar se a víti-

ma concordar. Um técnico de

saúde não pode ultrapassar a

vontade das vítimas. Mas, nos

dias de hoje, fazer uma quei-

xa pode ser muito simples.

Através do portal do Ministé-

rio da Justiça, as queixas po-

dem ser anónimas, “basta as-

sinalar violência doméstica e

colocar a morada”. Depois, “os

serviços fazem o resto”.

A violência contra os ho-

mens, em que as agressoras

são mulheres também existe,

embora seja numa percenta-

gem muito baixa.

Preocupante é a violência

no namoro. Piedade Pinto

revela que aqui não se trata

ainda de violência física, mas

aquela que é mais difícil de

despistar: a psicológica. As

proibições de vestir esta ou

aquela peça de roupa ou o

uso do telemóvel começam

a fazer parte deste tipo de

comportamentos violentos

entre a juventude.

Seja como for, tanto a en-

fermeira Piedade Pinto como

as outras pessoas que cola-

boram na rede concelhia de

combate à violência alertam

para a necessidade de os ca-

sos serem transmitidos às

autoridades, no sentido de

evitar que estas situações

continuem a acontecer e a

manchar a sociedade.

JBJ

Page 7: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO2012 ACTUALIDADE 7

Paredes meias com o Convento da Es-perança, espartilhada entre quatro cantos vazios, um biombo pálido que esconde uma marquesa e algumas ca-deiras, salienta-se a secretária onde um conjunto disperso de papéis se distribui.

A luz sombria espreita envergonha-

da pela janela fazendo realçar o co-

lorido das caixas de medicamentos

meticulosamente ordenadas em pra-

teleiras como se de uma farmácia se

tratasse… É assim o nº 90 da Rua Ac-

tor Taborda, em Abrantes, onde se si-

tua o Banco de Medicamentos de

Abrantes.

O conceito de Banco de Medica-

mentos surgiu em Milão, Itália, em De-

zembro de 2000, no decurso de umas

Jornadas Médicas. Foi, assim, feita a

primeira recolha de medicamentos.

Desde então, iniciativas deste género

realizam-se todos os anos, um pouco

por todo o lado.

A missão do Banco dos Medicamen-

tos é estabelecer acções para anga-

riar medicamentos que já não sejam

necessários e que ainda possam ser

aproveitados por pessoas que, com-

provadamente, tenham baixos rendi-

mentos.

A linha de acção do programa é mi-

nimizar despesas das famílias caren-

tes, educar e consciencializar a po-

pulação sobre o risco da guarda de

medicamentos em desuso ou da sua

colocação em locais inadequados. Ao

mesmo tempo, pretende-se sensibili-

zar as pessoas para o valor destes me-

dicamentos que de outra forma pode-

rão ser aproveitados por outros com

menor poder de compra.

Em Abrantes, o Banco está em fun-

cionamento desde 2009. O apoio é as-

segurado por cinco enfermeiros, em

regime de voluntariado. O projecto

insere-se num plano muito mais am-

plo do apoio social prestado pela Pa-

róquia. O Cónego José da Graça é o

responsável pela iniciativa.

A enfermeira Conceição Santos, de-

solada, descreve as limitações do ser-

viço: “As necessidades ultrapassam lar-

gamente as possibilidades do Banco e

muito nos entristece não poder aju-

dar mais.” O momento também não é

o melhor, até porque “estamos numa

altura difícil e as pessoas poderão re-

trair-se mais em participar”. Mas, por

outro lado, também podem ser mais

solidárias, espera esta voluntária.

A ideia de base deste serviço soli-

dário é clara: “Se não sabe o que fa-

zer com os os medicamentos, o Ban-

co sabe, destina-os a quem não tem

condições fi nanceiras para adquiri-los

em farmácias, já que alguns são muito

caros. Caso possua um medicamento

nessas condições não o deixe numa

gaveta, até perder a validade e ser dei-

tado fora”.

Em Abrantes também se prevê que

o recurso ao Banco de Medicamen-

tos, criado há cerca de dos anos pelo

cónego José Graça, aumente conside-

ravelmente este ano. “A tendência é

para aumentar”, até porque “as recei-

tas não sobem e as despesas aumen-

tam”, lembra o Cónego, demonstrando

preocupação com o aparecimento de

mais casos de “pobreza envergonhada”.

Quanto à forma como tudo se pro-

ceso, o Cónego José da Graça explica

que os medicamentos só são entre-

gues “perante apresentação de receita

médica”. Se o medicamento solicitado

existir no Banco, o doente leva-o. “Caso

contrário, a paróquia procura dar uma

resposta comprando-os numa far-

mácia.” A ideia é que quem necessi-

ta possa obter os medicamentes que

lhe foram receitados. Ao longo do úl-

timo ano foram recolhidos cerca de 5

mil euros em medicamentos em con-

dições de serem tomados. “É uma po-

pulação muito medicada e com refor-

mas baixas”.

Hermelinda Dias, 37 anos, desem-

pregada, com dois fi lhos menores, é

uma utente assídua do Banco dos Me-

dicamentos devido aos problemas

que tem tido na sua vida. Por isso não

hesita em dizer que “estas iniciativas

são uma bênção”. Com esta ajuda con-

segue “poupar muito dinheiro que de

outra forma faria falta para outras coi-

sas, como a renda da casa e da educa-

ção dos fi lhos”.

Estes são apenas exemplos que nos

últimos anos têm surgido um pou-

co por todo o país para impedir que a

saúde daqueles que enfrentam maio-

res difi culdades económicas seja rele-

gada para segundo plano.

Francisco Rocha Aluno da ESTA

Pela sua saúde, não deite fora os medicamentos

São 11 peças de escultura

portuguesa contemporânea,

de grande dimensão, que

vão dar outra vida ao Parque

Ribeirinho. A instalação das

obras, concebidas por escul-

tores conceituados, estava

prevista para o passado mês

de Setembro, mas um atraso

nos fundos comunitários le-

vou a um adiamento. O pro-

jecto é ambicioso e está avan-

çar em outras frentes, como

garante o vereador Fernando

Freire: “Este é um projecto que

se chama Mercado das Artes e

que, para além da instalação

das peças, tem outros objec-

tivos, entre os quais a regene-

ração urbana da vila, uma in-

tervenção nos percursos ri-

beirinhos, um novo posto de

turismo, uma intervenção no

edifício Paços do Concelho,

dotando-o de uma galeria de

exposições (que está pratica-

mente pronta a ser inaugura-

da), uma residência para ar-

tistas e um ateliê para criação

plástica, previsto para antiga

Casa da Hidráulica. Estas duas

últimas intervenções também

estão com um atraso, devi-

do às transferências dos fun-

dos comunitários. Temos de

ir dando um passo de cada

vez, mediante a condição que

o país se encontra. Quanto às

esculturas, já lançámos o con-

curso em Diário da República

para sustentação do solo, de

forma a criarmos as infra-es-

truturas ideais para receber as

peças. Algumas das peças já

estão na nossa posse e penso

que, para fi nais da Primavera,

estamos em condições de co-

locar algumas esculturas no

parque.”

O Mercado das Artes é um

projecto que está a ser desen-

volvido entre a autarquia de

Barquinha e a Fundação EDP

e representa um investimento

superior a 2 milhões de euros.

Joana Margarida Carvalho

Foi no início deste ano lec-

tivo que a nova Escola de

1º ciclo de Vila Nova da Bar-

quinha entrou em funciona-

mento. Inicialmente, estava

previsto que o Centro Inte-

grado de Educação em Ciên-

cias (CIEC), que se encontra

dentro do mesmo comple-

xo, também iniciasse fun-

ções, mas tal não aconteceu.

Segundo o vereador na Câ-

mara Municipal, Fernando

Freire, a autarquia aguarda fi -

nanciamento comunitário

para terminar a obra. “O equi-

pamento está atrasado na sua

execução. Estamos a receber

ainda alguns equipamentos

para instalar dentro do Centro.

Tudo aponta para que no fi -

nal do segundo período este-

jamos em condições de abrir

portas, mas é um dado me-

ramente indicativo, não fi nal”.

Com um atraso de oito meses,

este novo Centro tem como

objectivo promover o estudo

de conteúdos experimentais

inseridos em práticas locais.

Por exemplo, como pode ser

realizada uma travessia de bar-

co no rio Tejo, como é feita uma

ponte romana, como funciona

o pára-quedismo, como se ele-

va um balão de ar quente, en-

tre outras práticas a realizar.

O CIEC é destinado aos alu-

nos do concelho, bem como a

toda a comunidade em geral,

e representa um investimento

de 3,5 milhões de euros.

Obras aguardam por fundos comunitários

Esculturas estão previstas para o fi nal da Primavera

VILA NOVA DA BARQUINHA

Parque Ribeirinho, Vila Nova da Barquinha

• Parque Ribeirinho, Vila Nova da Barquinha

Page 8: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO20128 REGIONAL

A Câmara de Abrantes ainda não decidiu se declara a caducidade da licença de construção da fábri-ca de painéis fotovoltaicos. O prazo concedido ao empresário Alexan-dre Alves, para retomar as obras no complexo, terminou a 18 de Janeiro.

O assunto foi levado pela própria

presidente da Câmara Municipal de

Abrantes, Maria do Cé Albuquerque,

à reunião do dia 23. A autarca reve-

lou ao restante executivo que as

obras não foram retomadas e que o

empresário havia enviado uma car-

ta à autarquia a solicitar contenção

nas decisões porque alegadamente

estará a negociar com uma entida-

de bancária estrangeira o fi nancia-

mento do projecto. De acordo com

o que o Jornal de Abrantes conse-

guiu apurar, o empresário terá ane-

xado à carta enviada à autarquia um

documento da entidade bancária.

Ora, sem deliberações formais, o

assunto vai ser discutido na reunião

do executivo de dia 6 de Fevereiro,

porque a autarca informou que tinha

solicitado pareceres jurídicos aos

serviços da Câmara e aos consulto-

res externos. O objectivo, segundo

Maria do Céu Albuquerque, é o exe-

cutivo ter o processo completamen-

te instruído para poder deliberar so-

bre um projecto que, a ser implan-

tado, seria muito importante para

Abrantes e para a região. A autarca

salientou que mesmo que não fos-

sem criados os 1.800 postos de tra-

balho, prometidos inicialmente, só

os 300 desta primeira fase já era um

número muito bom para a região.

O que estará em causa é simples-

mente a caducidade, ou não, da li-

cença de construção. Se caducar, a

RPP solar não poderá mexer nos ter-

renos adquiridos à autarquia abran-

tina a preço simbólico. Se este for o

desfecho, a oposição, PSD e Inde-

pendentes, já disseram querer saber

como é que a Câmara acautelou os

seus interesses na propriedade dos

terrenos, ou seja, se há reversão dos

terrenos e de que forma. É que a au-

tarquia adquiriu a propriedade por

um milhão de euros e vendeu ao

empresário a preço simbólico. Há

mesmo juristas que admitem que

este poderá ser um processo jurí-

dico longo, já que no terreno existe

obra construída.

Recorde-se que esta decisão da

autarquia vai ser tomada depois do

empresário ter solicitado um prazo

adicional para não ter a licença ca-

ducada, tendo para o efeito apre-

sentado um conjunto de documen-

tação, onde incluiu uma garantia de

500 milhões de euros, emanada por

um banco suíço. O facto é que du-

rante o ano 2011 nada aconteceu

no terreno onde já deveria estar a

funcionar a primeira nave de pro-

dução de painéis fotovoltaicos.

Recorde-se que o projecto RPP

Solar previa a construção de um

complexo industrial integrado que,

quando totalmente implementado,

iria tratar a matéria prima até à pro-

dução fi nal dos painéis fotovoltai-

cos. No arranque das obras, o em-

presário anunciava um investimen-

to de mil milhões de euros, a criação

de 1.800 postos de trabalho e a cria-

ção de um centro de investigação

em energias renováveis com acor-

dos e parcerias com várias universi-

dades nacionais e internacionais. O

certo é que a primeira nave da fábri-

ca nunca chegou a estar construída

e o empresário vê-se a braços com

vários processos de penhora dos

terrenos por dívidas a fornecedores.

Há uma semana o empresário dis-

se ao jornal O Ribatejo que a crise ti-

nha prejudicado os fi nanciamentos

do projecto na banca nacional mas

que iria retomar as obras até ao dia

24 de Janeiro. O que acabou tam-

bém por não acontecer.

Jerónimo Belo Jorge

RPP Solar, talvez o princípio do fi m

Tagus aprova projectos que criam 53 postos de trabalho

A TAGUS, Associação para

o Desenvolvimento Integra-

do do Ribatejo Interior, apro-

vou, no início de Janeiro, 47

das 71 candidaturas apre-

sentadas para projectos a

implementar em Abrantes,

Constância e Sardoal. Este

foi o segundo concurso a

fundos da Abordagem LEA-

DER, do Programa Nacional

de Desenvolvimento Rural

(ProDeR), ou seja, projectos

para implementar no meio

rural.

As duas acções que tive-

ram projectos aprovados fo-

ram a “Diversifi cação da acti-

vidade económica e criação

de emprego” e a “Promoção

da qualidade de vida das

populações”. Este conjunto

de projectos representa um

investimento total de cinco

milhões de euros, o que re-

presenta um apoio por par-

te do ProDer de cerca de três

milhões. Por outro lado, o

concurso aprovou 28 novos

projectos para Abrantes, 11

para Constância e oito para

Sardoal. Pedro Saraiva, técni-

co coordenador da Tagus, re-

velou que estes 47 projectos

aprovados agora vão permi-

tir a criação de 53 novos pos-

tos de trabalho, o que é um

excelente contributo num

cenário de crise, austeridade

e aumento do desemprego.

O Órgão de Gestão deu pa-

recer favorável a 57 pedidos

de apoio, no entanto, não

teve dotação fi nanceira para

apoiar dez deles. Estes pas-

sam automaticamente para

o concurso seguinte, que

deverá abrir ainda este ano.

Pedro Saraiva destacou a ac-

ção diversifi cação da activi-

dade económica e criação

de emprego, que juntou 22

projectos aprovados, con-

templando 32 postos de tra-

balho num investimento de

2,9 milhões de euros.

Já a acção promoção da

qualidade de vida das popu-

lações somou 25 pedidos de

apoio com dotação fi nan-

ceira, criando 21 empregos

num investimento de mais

de dois milhões de euros.

Pedro Saraiva destacou a

importância destes peque-

nos projectos para o forta-

lecimento da economia do

mundo rural. A criação de

postos de trabalho e o de-

senvolvimento de algumas

actividades permitem igual-

mente fortalecer as econo-

mias de pequenas aldeias.

A entrega dos contratos de

fi nanciamento está marcada

para dia 6 de Fevereiro.

Um Conselho Municipal de

Freguesias foi criado no Sar-

doal. O objectivo da organi-

zação é evitar a extinção das

freguesias de Santiago de

Montalegre e de Valhascos,

uma medida prevista no Do-

cumento Verde para a Refor-

ma da Administração Local.

Esta organização propõe

em alternativa para que

ambas as freguesias se pos-

sam manter enquanto ór-

gãos autárquicos, uma parti-

lha de bens e recursos gerais.

Assim, o Conselho tem como

objectivo ser um mecanismo

de rentabilização dos encar-

gos e das despesas das locali-

dades, cumprindo os objecti-

vos do Documento Verde.

Desde o último mês de No-

vembro, quando foi criado

pela Câmara Municipal e ago-

ra composto pelo vice-pre-

sidente Miguel Borges e por

dois representantes da As-

sembleia, Câmara e Junta de

Freguesia, que o grupo de tra-

balho tem realizado reuniões

semanais e plenários, conse-

guindo uma opinião gene-

ralizada dos sardoalenses.

O Conselho está centrado

em estabelecer uma afi rma-

ção territorial e considera

que a extinção das duas fre-

guesias vai levar a uma maior

desertifi cação e perda de va-

lores das políticas de proxi-

midade.

As conclusões do grupo de

trabalho vão ser enviadas

em breve ao Governo e a ou-

tros órgãos da Administração

Central e Local.

Sardoalenses queremmanter as quatro freguesias

Foto

: Arq

uiv

o

Page 9: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

9ESPECIAL AUTOMOBILISMO

MEMÓRIAS DE UM DESPORTO QUE MARCOU UMA EPÓCA

A década de 80 foi a época de

ouro do desporto automóvel

em Abrantes. A primeira pro-

va internacional de autocross

aqui se realizou, numa pista

que deixa saudades. O pri-

meiro desenho da pista foi

feito por um tractor que der-

rubou as oliveiras encontra-

das no caminho. As imagens

e as histórias foram recente-

mente relembradas numa

exposição que esteve pa-

tente no Arquivo Municipal.

O JA recupera a informação,

acrescenta outros episódios

de alguns dos principais pro-

tagonistas e faz a ponte para

o que se faz na actualidade,

em termos de desporto au-

tomóvel.

Fotos: Arquivo Municipal Eduardo Campos - arquivo icnográfi co

Page 10: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO201210 ESPECIAL AUTOMOBILISMO

É o carro do Zé Bioucas, com ele ao volante, que aparece no cartaz do Remember Vizela, em Junho do ano passado. Festejava-se os 44 anos do 1º Rali de Automóveis Antigos às Caldas de Vizela.

José Bioucas não participou nes-

sa primeira edição, mas não perdeu

as seguintes. Ele era um assíduo fre-

quentador da modalidade.

É lembrado por cá sobretudo

como ex-presidente da Câmara de

Abrantes ou professor, mas não é

disso que aqui se trata. Praticou fu-

tebol e rugby, foi forcado amador

com Manuel dos Santos, mas é o

desporto automóvel que lhe traz as

melhores recordações desportivas.

O seu pai tinha uma ofi cina de au-

tomóveis. Não admira, por isso, que

aos 18 anos, em 1947, tire a carta de

condução e logo comece a “brincar”

às perícias. “Nesse tempo não se

falava por cá em ralis. O que havia

era gincanas e provas de perícia. Eu

adorava as perícias.”

Por volta de 1960, compra um

Austin Cooper S, que estava já arru-

mado debaixo de uma oliveira, e aí

começa o interesse pelos automó-

veis antigos. Hoje possui uma série

deles, quatro dos quais a andar, e

motas também.

Como praticante e militante da

causa, podemos dizê-lo, foi convi-

dado para a formação do que é hoje

o Clube Português de Automóveis

Antigos, onde é o sócio nº 29.

Não esquece o Rali dos Templários,

que passava por Abrantes quando

ele era presidente da Câmara. Vinha

da Amadora, passava por Tomar e

voltava para a Amadora, uma inicia-

tiva de promoção turística. A uma

média de 30 km por hora. “O que

conta é a regularidade, não é a ve-

locidade.” E para os observadores é

o desfi le das relíquias automóveis. É

sempre um sucesso.

O mais alto que subiu no pódio

foi um primeiro prémio absoluto,

em 1993, no Rali de Tróia. “Ganhei o

primeiro lugar absoluto por três se-

gundos. Nesse ano ganhei tudo o

que podia ganhar, também o 1º lu-

gar nos carros de 1930 e o 1º Ford.”

E ainda o prémio especial de os tro-

féus lhe serem entregues pela en-

tão Miss Portugal. Nada mau. Tal-

vez por isso mesmo tenha sido a

sua última entrada em competição.

Ou talvez não. “As provas hoje fi cam

muito caras. Naquele tempo, fazia-

se uma prova de um fi m de semana

por quinze contos (75€), hoje custa

aí uns 300 (1.500€). É já uma prova

para ricos.”

Guarda com zelo os troféus, as

chapas com o número do carro na

prova e as fotos que documentam

as emoções de tantas provas. Mas

guarda ainda melhor a memória de

outros troféus. “A amizade e o con-

vívio, os fi ns de semana bem passa-

dos, isso é que foi o mais importan-

te”, diz como quem saboreia uma

recordação. Agora, já não vai a pro-

vas, só a convívios. Como aquele de

Vizela, no ano passado.

Alves Jana

JOSÉ BIOUCAS

A paixão dos automóveis antigos

• José Bioucas em prova, no Singer

Page 11: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO2012 ESPECIAL AUTOMOBILISMO 11

O Desporto Automóvel em

Abrantes foi o tema de uma expo-

sição que esteve patente ao pú-

blico no Arquivo Municipal Edu-

ardo Campos, até 31 de Janeiro.

Entre 1979 e 2000, o desporto au-

tomóvel colocou Abrantes ao mais

alto nível, nos calendários de provas

nacionais e internacionais. Na expo-

sição estava patente a acta de fun-

dação da secção de motorismo do

Sporting Clube de Abrantes, entre

outros documentos importantes.

A exposição apresentou também

o percurso de dezenas de pilotos,

naturais ou residentes no conce-

lho, através de uma apresentação

multimédia e alguns dos troféus

das centenas de provas realizadas

em Abrantes ou outros eventos de

índole nível nacional e internacio-

nal, destacando-se o autocross, o

Rally Cidade de Abrantes (campe-

onato nacional) e várias etapas do

Rally de Portugal (calendário inter-

nacional).

São muitos os pilotos de Abrantes

que estiveram representados nesta

exposição: António Gabriel Almei-

da e Oliveira, António Luís Nazaré

Santos Ferreira, António Marques

Alexandre, António Pedro Santi-

nho Mendes, Augusto Oliveira Pi-

res, Carlos Alberto Ruivo Sousa Mar-

ques, Fernando Guilherme Lopes

Bicho, Fernando Jorge Pires Vítor,

Fernando Jorge S. Rodrigues, Fer-

nando José Castanho Soares Fer-

nandes, Fernando Manuel Duarte

Santos, Francisco Manuel Ruivo

Ferreira Romãozinho, Ismael Prates

Margarido, Jorge Manuel Martins

Dias Mariano, José Manuel Calado

Mendes, José Manuel Canavilhas

São Bento, José Manuel Nazaré, Luís

António Martins Batista, Luiz Go-

mez Fernandez, Martinho Carrei-

ra Jorge, Ricardo Padre Santo, Vitor

Hugo Calado Mendes e Virgílio José

Lopes Vieira.

A propósito desta exposição, Fran-

cisco Lopes, director de departa-

mento da Câmara Municipal de

Abrantes, destacou a colaboração

dos pilotos, a extinta secção de mo-

torismo do Sporting de Abrantes e

ao próprio clube.

De referir que para a concretização

desta exposição, o Arquivo Munici-

pal juntou uma colecção de fotogra-

fi a de todos os pilotos de Abrantes.

Esta colecção retrata as carreiras

dos pilotos e constitui um fundo de

memória que fi ca disponível para

a comunidade. Refi ra-se que o Ar-

quivo Municipal havia digitalizado,

até meados de Novembro, 2.842

fotografi as dos pilotos de Abrantes

em provas. Na altura faltavam ain-

da digitalizar mais algumas cente-

nas. A esta recolha junta-se todo o

espólio gráfi co da Secção de Mo-

torismo do Sporting de Abrantes.

JBJ

A década de 80 foi a época de ouro do desporto automóvel em Abrantes. Impulsionada pelos mui-tos pilotos nos autocross, ralis e pe-rícia, mas também pelos “carolas” da secção de motorismo do Sporting de Abrantes.

A pista de autocross de Vale de

Roubam, local onde actualmente

está construída a cidade desporti-

va de Abrantes, juntava centenas

de fãs da modalidade, quando os

carros derrapavam na pista de terra

batida. E ao lado do roncar dos mo-

tores, a população aplaudia.

Na década de 90 começa a cair

o entusiasmo quer pelo autocross

quer pelos ralis. Depois a autar-

quia decide construir o estádio no

local da pista de autocross e, aí, foi

mesmo o ponto fi nal na modalida-

de que, então, já estava moribunda.

Tudo começou em 1970, quan-

do, integrado nas jornadas cultu-

rais, um grupo de amigos resolve

organizar um rali. Uma espécie de

rali turístico. Este grupo de abranti-

nos fi ca com o bichinho dos auto-

móveis e no fi nal da década de 70

mostra vontade de arrancar com a

modalidade em Abrantes. Foram à

Federação Portuguesa de Automo-

bilismo (FPA) e fi caram a saber que

tinham de ser associados através

de um clube para poderem dispor

do alvará de organizadores de pro-

vas. António Maia recordou ao JA

o processo. Fizeram a proposta ao

Sporting de Abrantes para a criação

de uma secção de motorismo. De-

pois das burocracias, já na posse do

alvará de organizadores, iniciam-se

com o pop cross. Antes tinham des-

locado um grupo ao Rali de Caste-

lo Branco, um dos mais famosos da

época, para formação dos dirigen-

tes, entre director de prova, comis-

sários, etc.

Com o “motor” em funcionamen-

to, faltava um circuito. António Maia

recorda que foi ele, com um tractor,

emprestado por Santinho Mendes,

que num terreno da Câmara e em

dois hectares de um privado, fez o

desenho do circuito: “Entrei por ali

com o tractor e comecei a derru-

bar oliveiras. Fez-se o circuito ini-

cial. Depois foi melhorado com o

apoio da autarquia e de empresas

privadas”.

O ex-dirigente da secção de mo-

torismo recorda as primeiras activi-

dades para angariar dinheiro para

pôr em marcha as provas de auto-

cross. “Fizemos um torneio de tiro

aos pratos, no Pego, uma prova de

perícia, no Rossio, e na pista uma

prova de motocross”.

Os anos 80 foram os anos de ouro

do automobilismo em Abrantes. A

pista de Vale de Roubam recebeu

até a primeira prova internacional

de autocross. Paralelamente, a sec-

ção organizava o Rali Cidade de

Abrantes, prova que pontuava para

o campeonato nacional de inicia-

dos.

Na década de 90, começa a decair

o autocross. A falta de apoios leva

os “carolas” da secção de motoris-

mo a deixar o circuito e a concen-

trar-se apenas no rali. Depois, surge

a proposta da Câmara de Abrantes

no sentido de se construir o está-

dio no local do circuito. Foi a ma-

chadada fi nal no vale de Roubam.

António Maia recorda que o clube

pagava 750 contos pelo aluguer

dos dois hectares de terreno priva-

do onde estava uma parte da pista.

Já no fi nal da década de 90, tam-

bém o Rali Cidade de Abrantes es-

tava na iminência de não se re-

alizar por falta de apoios. Peran-

te esse facto, o Rali Cidade de

Abrantes realizou-se em Pombal,

apoiado pela autarquia local. Com

esta curiosidade, terminou a acti-

vidade da secção de motorismo

do Sporting de Abrantes em 2001.

António Maia explica, no entanto,

que o alvará de organizador de pro-

vas só foi cancelado o ano passado,

por o custo passou de 80 para mais

de 300 euros. Com alguma mágoa,

acrescenta que Abrantes organizou

das melhores provas de autocross.

Era uma marca. Tudo acabou.

Para reavivar as memórias, fi cou a

exposição que mostrou um pouco

aquilo que foi o desporto automó-

vel em Abrantes.

Jerónimo Belo Jorge

Os carolas dos carros até a pista construíram

O desporto automóvel em Abrantes

• Francisco Romãozinho em prova

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Page 12: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO201212 ESPECIAL AUTOMOBILISMO

A aventura começou em 1984, quando o Clube Automóvel de Ma-ção foi fundado por três amigos, que conseguiram a construção de uma pista destinada à modalidade do Autocross.

Hoje, António Durão, um dos fun-

dadores e presidente do clube, re-

corda esses tempos com saudade.

“A nossa primeira grande missão

foi construir aquela pista. Naque-

le ano tinha defl agrado um incên-

dio e o terreno fi cou completamen-

te devastado, não podia servir para

mais nada, apenas para o nosso ob-

jectivo comum, a pista! O projecto

foi apresentado à Câmara Munici-

pal e à Federação Nacional e obte-

ve um feedback bastante positivo.

O passo seguinte foi seguir com a

obra. Ao fi m de uns anos começá-

mos com a realização de provas de

Autocross inseridas em campeona-

tos nacionais.”

Com uma pista completamente

nova, Mação começou, nos anos

80, a receber pilotos de todo o país

e até de Espanha. “Pela nossa pista

já passaram pilotos de referência,

já tivemos a correr aqui o campeão

nacional de Kartcross, Alexandre

Durão, que por acaso é meu fi lho.

Naturais de Mação, já tivemos a

correr cerca de oito pilotos, o que é

signifi cativo. Indica que há aqui um

gostar especial por tudo isto.” – re-

corda António Durão.

O presidente do Clube Automó-

vel de Mação explica que, actual-

mente, tal como o país, este des-

porto enfrenta uma crise. “Já che-

gámos a reunir cerca de 90 pilotos

em diferentes categorias a compe-

tir. No ano passado, exemplo da cri-

se que se faz sentir, fi zemos ape-

nas um campeonato, só com os

Kartcross. Mas estamos confi antes

para este ano. Vamos ter uma novi-

dade, vamos realizar uma prova de

camiões. Nunca foi realizado aqui

nada do género e pensamos que

vai atrair um público vasto, como

também vamos realizar o Campe-

onato Nacional de Off road que vai

juntar os pilotos do Rallycross e dos

Autocross, tudo agendado para dia

28 e 29 de Abril.”

Para participar nestas provas de

todo o terreno não é apenas neces-

sário gostar, conforme explica An-

tónio Durão. “A Federação estipu-

lou recentemente que a partir dos

13 anos já se pode participar nas

provas, com uma autorização pré-

via dos pais. As viaturas são mui-

to dispendiosas, não só a compra

das próprias mas também os equi-

pamentos necessários. É essencial

uma licença e a acima de tudo ter

gosto e jeito para conduzir (risos).”

Para organizar as provas anuais, o

Clube Automóvel de Mação conta

com o apoio da Câmara Municipal

e de outros clubes. No dia da inicia-

tiva é necessário ter uma série de

intervenientes presentes para que

a prova posa prosseguir. “Nas pro-

vas temos sempre uma entidade

que regula, os chamados comissá-

rios desportivos, como também os

comissários técnicos e a Federação

Nacional. É uma organização pe-

sada, mas é com gosto que temos

levado esta tradição ao longo dos

anos”.

Joana Margarida Carvalho

Autocross é em Mação

Vive para recuperar a tra-

dição do automobilismo

na região. Já com algumas

iniciativas feitas nestes úl-

timos quatro anos, o Clu-

be Aventura e Motorizado

do Pego vai organizar a pri-

meira Mini Baja no dia 5 de

Fevereiro.

Esta prova já conta com

cerca de 30 inscrições, que

ainda se encontram aber-

tas. Vários pilotos oriundos

de norte a sul do país vão

correr pela freguesia do

Pego. Segundo o presiden-

te do clube, Rui Gonçalves,

o objectivo da prova é tra-

zer novamente para o con-

celho de Abrantes o espíri-

to do desporto automóvel.

“Foi a pedido de vários pi-

lotos de referência da nos-

sa região, como por exem-

plo o piloto Santinho Men-

des, que o clube decidiu

organizar esta Mini Baja. Va-

mos ter veículos de todo o

terreno a correr em cami-

nhos rurais em pura adre-

nalina. É um facto que este

é um desporto um pouco

dispendioso, nem sempre é

fácil conseguir patrocínios

para este tipo de provas,

mas não podemos baixar

os braços, pois esta é uma

região que vive com inten-

sidade o automobilismo e

onde vale a pena recuperar

a tradição”.

O Clube Aventura e Moto-

rizado do Pego não se tem

dedicado apenas às provas

de todo terreno, mas tam-

bém a outro tipo de inicia-

tivas, por exemplo passeios

pedestres e provas de BTT.

O passeio de clássicos foi

uma iniciativa que acon-

teceu na região o ano pas-

sado, em parceira com o

Kartódromo de Abrantes.

Rui Gonçalves adianta que

este passeio deve voltar ao

concelho no mês de Março.

Com o lema “viver bem,

em harmonia com a natu-

reza”, este clube está traba-

lhar ter novos sócios que

apreciem o automobilis-

mo e que possam dar o seu

contributo nas actividades a

desenvolver. Para além des-

ta procura de novos aman-

tes, o clube tem trabalha-

do em parceria com outras

associações do país. “Te-

mos procurado outros clu-

bes que nos possam mui-

tas vezes ensinar e auxiliar

nas actividades, como tam-

bém temos contado com o

apoio da Junta de Freguesia

do Pego e da Câmara Muni-

cipal de Abrantes”, fi nalizou

Rui Gonçalves.

JMC

Pego recebe a primeira Mini Baja

• 3 horas de TT Resistência, uma organização do Clube Aventura e Motorizado do Pego

Page 13: JAJANEIRO2012

Museu e ESTA são projectos centrais para Abrantes

O Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA) de Abrantes vai ser construído, mas por fases. Em entrevista, a presidente da Câmara, Maria do Céu Albuquerque, explica “que o museu tem uma importância estratégica do ponto de vista da afir-mação das potencialidades de Abrantes, numa área emer-gente como é o turismo”. A parte do MIAA correspondente ao Convento de São Domingos vai avançar já. Para isso, a ESTA liberta as salas e laboratórios que aí tem, mudando para o Ed-ifício Milho e para o Tecnopólo. A autarca garante que a ESTA e o MIAA são projectos centrais para o desenvolvimento local. Por isso, e apesar das críticas, continua a defendê-los.

FEVEREIRO DE 2012EDIÇÃO Nº 26WWW.ESTA.IPT.PT F PÁGINA 05

F PÁGINA 06

Festa dos Tabuleiros de Tomarpode candidatar-se a distinção da Unesco

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES

A música que acompanha um desejo de Saramago

Catequese tem que ter novas dinâmicas

NOISERV é o nome artístico de David Santos, o mú-sico que compôs a música do documentário “José e Pilar”, sobre Saramago e a mulher. As imagens do casal, captadas por Miguel Gonçalves Mendes, foram a principal inspiração para o trabalho do músico. Noiserv fala sobre música que acompanha o documentário onde “Saramago diz claramente que ‘queria mais tempo para escrever’ e toda a gente percebe que ele sente que isso não está a acontecer”.

Fazer o projecto de candidatura da Festa dos Tabuleiros a Patri-mónio Imaterial da Humanidade é uma hipótese que está em cima da mesa. Em entrevista, o mor-domo da Festa, João Victal, diz que não é preciso inventar nada, basta aproveitar o que já existe. A essência dos festejos e o carácter de continuidade são duas armas fortes para uma possível candi-datura que, a concretizar-se com sucesso, trará para a região uma importante distinção da Unesco.

F PÁGINA 04

COMO É A CATEQUESE dos dias de hoje? Na Sertã, loca-lidade que tem como principal atracção turística uma igreja, párocos e catequistas procuram res-postas para esta questão. E encontram de tudo: crianças e jovens que vão à catequese com “gos-to”, que vão porque são “obrigados”, ou que vão porque o pai, mãe ou catequista pedem. A solução para atrair jovens para a Igreja passa por mudar as dinâmicas da catequese. “Não podemos ter cate-queses mortas para crianças vivas.”

F PÁGINA 03

Page 14: JAJANEIRO2012

02 ESTA JORNALFEVEREIRO 2012Abertura

NO ANO ACADÉMICO em que o curso de Comunicação Social passa a ter um novo Plano Curricular, cada vez mais virado para as necessidades do mercado de trabalho, o ESTA-Jornal volta a circular, agora com trabalhos jornalísticos dos alunos dos primeiros anos. Esta é a prova de que a prática se constrói desde cedo. Com muitas dúvidas iniciais, com algumas certezas no final, es-tas entrevistas e reportagens são apenas uma pequena parte do trabalho desenvolvido ao longo do semestre. Na impossibilidade de os publicarmos todos em papel, outros terão visibilidade no www.estajornal.com . Num momento em que os jovens se escondem, cada vez mais, atrás dos ecrãs dos computadores (ma-nifestando, em alguns casos, difi-culdade em contactar as pessoas directamente), o desafio de produ-zir uma reportagem no terreno ou

EDITOR AL

HÁLIA COSTA SANTOSESTA D ABRANTES

Ir para o terreno, falar com as pessoas

de conduzir uma entrevista, cara--a-cara, faz todo o sentido. Esta é a forma que temos de contrariar o ‘jornalismo sentado’. Mesmo que se aceitem muitas formas de reco-lher informação através do com-putador ou do telefone, o sentido de ir para o terreno tem que ser estimulado, sobretudo num jor-nal laboratório, como é o caso do ESTAJornal.Ensinar a fazer Jornalismo na ESTA inclui, ainda, um pouco do sonho que envolvia a profissão há umas décadas atrás: dar notícias para fazer o mundo girar, com sentido de justiça. Queremos, pois, que os jovens que aqui se formam sejam capazes de fazer a diferença no meio difícil da Comunicação So-cial. Certamente que lhes damos, cada vez mais, ferramentas tec-nológicas e multimédia. Mas não podemos esquecer que o Jornalis-mo se faz de pessoas e das estórias que protagonizam ou que contam. E, para isso, o contacto directo é fundamental.

A ONDALUX contratou os serviços da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, cujo Gabinete de Comu-nicação e Divulgação desenvolveu um Plano de Acções de Comunica-ção e Marketing para promover a marca abrantina e os seus produ-tos e serviços.O Plano de Comunicação, a ser implementado pela ESTA, inclui o desenvolvimento de um website, eventos de Relações Públicas, As-

FILIPA GONZAGAESTA D ABRANTES

Alunos da ESTA concretizam projectos empresariais

sessoria de Imprensa, Publicidade e Marketing de base de dados.Trata-se de um projecto realizado através da Oficina de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento do Instituto Politécnico de Tomar. A OTIC é a entidade mediadora que promove e desenvolve relações entre o meio académi-co e empresas, através do financiamento comparticipado pelo IAPMEI.E s t e p r o j e c t o vem demonstrar

as competências aplicadas que a ESTA pode oferecer aos agen-tes económicos, e a contribuição para o desenvolvimento da região. Recorde-se que ESTA já contribuiu para o desenvolvimento e imple-mentação de acções de comunica-ção aquando das comemorações

do 25º aniversário da BOSCH Travões, e do

Plano de Comuni-cação e Marketing para a empresa abrantina EMPEV.

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BO

E SE DE REPENTE, do nada, alguém lhe dissesse que o tempo que perde em frente a um computador em jogos, aplicações, redes sociais ou em na-vegações aleatórias lhe poderia ser útil para combater a crise ou até para fazer crescer o seu negócio? Que se pode registar gratuita-mente num website e começar a trabalhar ou a contratar alguém que trabalhe por si, por preços mínimos, em pequenos contratos diários ou semanais?

A subcontratação de alguém, on-line, para fazer, à distância, de-terminados serviços, é cada vez mais frequente. Trata-se da ter-ceirização. Por preços bastante acessíveis e com resultados acima da média em termos de qualidade e tempo, o negócio organiza-se com a forma de um leilão: quem precisa descreve o que pretende e os trabalhadores interessados oferecem-se para executar, por um determinado valor.

A proliferação de websites deste género tem sido notória nos úl-timos anos, mas o pioneiro foi a australiana GetAFreelancer.com.au, agora simplificado para Fre-elancer.com. Ao ESTAJornal, o responsável pela empresa, Matt Barrie, explicou que “a terceiri-zação online é a próxima grande ‘coisa’ da sociedade moderna, e já está a acontecer a cada minuto que passa”.

Para este especialista, “é cada vez mais fácil para alguém, com acesso à internet e com alguns conhecimentos básicos de infor-mática, aprender a trabalhar com programas de desenho gráfico, instrumentos de tradução, cria-ção de websites, e muito, muito mais”. Tudo isto acontece à dis-tância de um clique em tutoriais e

FERNANDO ANDRÉ SILVA ESTA D ABRANTES

É possível ganhar dinheiro… online

muitas horas a praticar com o que se aprende. Esta autoformação po-derá levar a que os rendimentos do trabalhador tripliquem, sem precisar de sair de casa.

Como é que tudo isto se processa? Matt Barrie explica: “Se alguém precisa de um novo design para o seu website, de um logótipo para a sua empresa, de uma tradução de um livro que escreveu, de tudo o que estiver ao alcance de um com-putador, basta registar-se na nossa plataforma, gratuitamente, e afi-xar o seu projecto, descrevendo o que pretende e estipulando um orçamento que varia entre 21€ e 1.550€.” Depois é só esperar que apareçam os trabalhadores quali-ficados, que numa espécie de leilão online, colocam o seu portefólio e o preço que lhe irão cobrar pela totalidade do projecto.

Com uma página de internet que funciona como mediador entre quem procura um serviço e quem se oferece para o prestar, Matt Bar-rie espera, ainda este mês, con-tar com 3 milhões de utilizadores registados, entre quem contrata e quem trabalha, com uma média de trabalho por cada dois minutos. Através desta página da internet já foram distribuídos 6.5 milhões de euros a trabalhadores espalhados por todo o mundo. “É uma opor-tunidade de uma vida para muita gente, e só é pena que não se sai-ba ainda muito sobre este tipo de prestação de serviços.”

Joaquim Mendonça é um habitual “empregador” na plataforma de Barrie. Já utilizou este serviço por mais de 100 vezes. “Tomei conhe-cimento deste tipo de plataformas quando iniciei a minha empresa de Marketing. Tenho uma carteira de clientes vasta que me encomen-dam tarefas diariamente, desde o aumento de tráfego no seu we-bsite, a uma maior exposição no

sistema de busca do Google, ou até mesmo de gente que quer traduzir um website de apostas ou um livro de auto-ajuda.” Este empresário reconhece que o Freelancer.com tem sido fundamental para o seu sucesso. “Contrato um freelancer e espero que ele cumpra o meu pro-jecto, enquanto eu angario novos clientes com novos projectos. No final, todos ficamos satisfeitos.”

Com mais de dois anos de expe-riência como freelancer, Carlos Campos especializou-se em tra-duções Inglês/Português e na es-crita de artigos publicitários. Só durante o ano de 2010 ganhou mais de 10.000€. Sobre o seu trabalho, tem “mais de 1000 testemunhos, sendo que 95% deles são favorá-veis”. Por isso, continua a ser con-tratado. Quanto aos pagamentos, Carlos Campos explica que, “por vezes, existem alguns empregado-res que tentam fugir ao pagamen-to”. E acrescenta: “Só o mercado brasileiro é que nos tem salvo.”

Neste mundo de negócios em que os intervenientes não se conhecem pessoalmente, também há expe-riências menos positivas. Manuel descobriu este site, lendo um ar-tigo de um inglês que falava dos diversos tipos de trabalho online existentes. Entrou neste mundo, mas já foi enganado por um clien-te russo. Mesmo assim, encontra vantagens: “Esta forma de traba-lho tem sido um hobby para mim, mas agora passa a servir para tapar o buraco que os governantes cava-ram no meu ordenado.” Para além da concorrência dos trabalhado-res de países como a Índia, Manuel teme que, por causa das crescen-tes dificuldades económicas, cada vez mais portugueses entrem neste tipo de mercado.

O baixo preço é sempre um pro-blema para os trabalhadores desta plataforma, mas com este funcio-namento, quem oferecer o custo menor parte sempre com priori-dade para a aceitação da sua can-didatura. Para além disso, quantos mais testemunhos positivos tiver de antigos empregadores, mais credibilidade e mais procura pas-sará a ter o trabalhador.

Ficha TÉCNICADIRECTORA: Hália Costa Santos

EDITORA EXECUTIVA:Raquel Botelho

REVISÃO DE TEXTO:Sandra Barata

REDACTORES:Ana Gomes, Ana Rita Matias, Cátia Filipe,

Fernando André Silva, Filipa Gonzaga, João Santos, Leonor Dias, Micael Reis, Mónica Quinas

PROJECTO GRÁFICO: José Gregório Luís

PAGINAÇÃO: Elisabete Febra

Tiragem: 15000 exemplares

A ESCOLA Superior de Tecnologia de Abrantes será responsável pela Comunicação e Marketing da Sin-gleCode Innovation. A Singlecode Innovation confiou à ESTA o desen-volvimento e implementação de um Plano de Acções de Comunicação, a ser concretizado por alunos de Co-municação Empresarial, para lan-çar e promover a marca e os seus produtos e serviços. A SingleCode Innovation é uma start-up no sec-tor das redes e sistemas integrados de gestão e tecnologias de informa-ção. Com sede em Abrantes, conta com o reconhecimento da SAP para a promoção e implementação de

soluções para PMEs no interior do país.O Plano de Comunicação inclui o investimento em campanhas de Search Advertising, marketing vi-ral nas redes sociais, organização de conferências, relações de impren-sa e marketing de base de dados. Este projecto vem, mais uma vez, demonstrar as competências apli-cadas que a ESTA pode oferecer aos agentes económicos, constituindo ainda uma excelente oportunidade de aprendizagem prática para os alunos, que vão experimentar as várias fases operacionais na imple-mentação de um projecto real de Comunicação e Marketing.

ESTA promove Comunicação da Singlecode Innovation

Page 15: JAJANEIRO2012

Destaque03WWW.ESTAJORNAL.PT

“A Festa dos Tabuleiros tem condições para ser Património Imaterial da Humanidade”

JOÃO VICTAL, 50 anos, solteiro e sem filhos, é funcionário da Câmara de Tomar. Foi eleito mordomo da Festa dos Tabuleiros a 6 de Abril de 2010, após uma expressiva ma-nifestação popular uma vez que se perfilavam outras candidaturas. Antes já tinha sido o mordomo da Festa de 2007, que apresentou um saldo superior a cem mil euros de lucro.

O que significa a Festa dos Tabu-leiros?A nível tradicional vem da continu-ação de uma tradição de há muitos séculos atrás, ninguém consegue precisar quando começou, já vem do tempo da deusa Ceres, do tempo das colheitas antes do Cristianismo e era a Festa em honra dessa deusa. Depois com a Rainha Santa Isabel estas festas pagãs cristianizaram--se e esta festa das colheitas pas-sou a ser celebrada na altura do Pentecostes e acabou por ser uma festa dedicada ao Espírito Santo e também à Rainha Santa Isabel. A festa acaba por ter a envolvência de todo o concelho. Quanto a mim, a Festa dos Tabuleiros em Tomar é quase tudo.Que tipo de pessoas participam no desfile dos Tabuleiros?Qualquer tipo de pessoa pode participar desde que seja de To-mar ou que esteja ligado a Tomar. Hoje em dia há muita gente que já não mora em Tomar, mas que os pais são de Tomar e gostavam de estar presentes. Depois basta ins-crever-se na Junta de Freguesia e, de acordo com a disponibilidade em termos de tabuleiros, qualquer pessoa pode participar. Felizmente nos últimos anos tem-se notado uma grande adesão dos mais jo-

vens. Antigamente a faixa etária encontrava-se na casa dos 30 ou 40 e agora anda na casa dos 20 anos.Como vê o empenho e dedicação de todos os tomarenses que ajudam na preparação da festa e o que sente ao ver depois o resultado do esforço desses voluntários?Realmente é extraordinário! Este ano foi um bocado mais compli-cado por esta situação de crise e, entretanto, pelo problema do tor-nado em Dezembro, que foi mais

um problema. Acabei por só ter uma hipótese: falar com o Presi-dente da Câmara, com as chamadas “forças vivas” do concelho, alguns presidentes de Junta e com a po-pulação. Todos decidiram avançar e fazer o que podíamos. Com tudo isto as pessoas entusiasmaram-se ainda mais. Chegou a um ponto em que isto já estava a avançar mais do que eu conseguia acompanhar e tivemos de acalmar (risos). Isto é uma festa de entrega e é uma felici-

FILIPA GONZAGAESTA D ABRANTES

L João Victal “A Festa dos Tabuleiros em Tomar é quase tudo”

dade enorme chegar ao fim da festa e ver como as coisas correram bem e, principalmente, por vermos que a Festa está viva e está jovem.Apesar dos contratempos, o balan-ço da Festa é positivo?As contas ainda não foram apre-sentadas, mas pensamos que está tudo em ordem por isso é um ba-lanço extremamente positivo.Como reagiu e o que sentiu ao ver que a televisão que este ano fez a cobertura do Cortejo dos Tabu-leiros não tinha transmitido em directo uma das partes mais im-portantes e mais bonitas que é o levante dos Tabuleiros na Praça da República?A estação de televisão só nos con-tactou na quarta-feira antes do Cortejo, portanto já na semana da Festa. Como não havia despesas nem para a Comissão da Festa nem para a Câmara, nós adoptámos o programa e fizemos o que pude-mos. Em relação ao levantar dos Tabuleiros, a situação deveu-se a algum desconhecimento porque no momento em que estava quase para ser o levantar dos Tabuleiros eles passaram a emissão de Tomar para a régie em Lisboa, para trans-mitir a publicidade. Quando eles se aperceberam já não podiam cortar a publicidade e quando passaram a emissão novamente para Tomar os Tabuleiros estavam a acabar de ser postos às cabeças das moças. Foi a justificação que me deram. Foi um desfasamento de segun-dos, mas realmente não gostei que não tivesse sido transmitida a parte mais solene. Muita gente cá de Tomar estava à espera de ver esse momento na televisão. Como não podiam vir à Praça, assistiam ao levantar dos Tabuleiros e depois vinham à rua.O que é ser o mordomo da Festa?Para já nunca pensei que viesse a

ser Mordomo, mas as pessoas en-tenderam que poderia fazer alguma coisa na Festa e realmente é uma honra. Mas eu vejo este cargo mais como uma transmissão de respon-sabilidades. O interessante é que este é um lugar que antigamente era ocupado por pessoas com mais idade e, felizmente comigo, pas-sou para uma idade um pouco mais nova. Isso ajudou a colocar muita gente nova na Comissão. Foi um prazer fazer a Festa durante dois anos. Acredito que na próxima eventualmente será outro Mordo-mo, mas faço questão de, sempre que quiserem, eu estar na festa e dar o meu apoio.E daqui a quatro anos haverá Festa dos Tabuleiros?Gostaria de dizer que em 2015 ha-verá Festa mas neste momento não sei, mas eu acho que irá haver. Se não levarmos 700 tabuleiros, leva-mos 400, 300, levamos 100, o que é preciso é manter. Foi o que se falou recentemente num encontro com a UNESCO a propósito do Patrimó-nio Imaterial. Estamos com vonta-de de nos candidatar e os próprios representantes da UNESCO disse-ram que chegámos a um ponto em que estas crises justificam formas de adaptação das Festas. Acha possível a Festa dos Tabu-leiros ser considerada Património Imaterial da Humanidade?Eu acho que tem todas as condições para o ser porque temos a essência e a continuidade que eles exigem, agora tem de se trabalhar nisso. Se formos considerados Património Imaterial é por aquilo que somos agora e não por aquilo que vamos alterar. Podemos adaptar, mas não estragar.Essa candidatura é uma realidade ou um projecto?Para já é um projecto que terá de ser trabalhado. Claro que será mui-to trabalhoso, mas é possível com empenho.Então para já é um desejo?Sim, é um desejo, mas para já o maior desejo é que a Festa conti-nue, que a tenhamos daqui a qua-tro anos com o mesmo entusiasmo e com a mesma alegria. Porque a Festa é muito nossa e mais im-portante que isto, só o Convento. Porque nós não precisamos de in-ventar, só temos de aproveitar o que temos.

“Envolve”, a associação que estreita laços

A “ENVOLVE”, associação sediada no Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes, pro-cura englobar todos os agentes da comunidade em torno de um só ob-jectivo: unificar as camadas jovens às mais velhas, transformando-as num só público através da promoção da cultura e da supressão de neces-sidades locais.

Apesar de estar ligada a Abrantes, a associação “Envolve” foi incubada a aproximadamente 1600 quilóme-tros de distância, nos Açores. Con-cebida através de trocas de ideias entre amigos sobre a importância e a privilegiada posição geográfica da cidade de Abrantes, retalhada pelo

MÓNICA QUINASESTA D ABRANTES

rio Tejo, a “Envolve” nasce numa primeira instância através da expe-riência “Musicamp”. Trata-se de um festival realizado no Cine-Teatro S. Pedro, que trouxe à cidade abrantina vários músicos estrangeiros, oriun-dos dos Estados Unidos da Améri-ca, África do Sul, Berlim e Londres. Nuno Kunga, presidente da Associa-ção, conta que “foi uma importante alavanca para a implementação do projecto” e permitiu que os promo-tores da iniciativa compreendessem “a relevância das nossas margens e a fantástica paisagem que Abrantes oferece como um pano de fundo”.

Após o contacto com aqueles mú-sicos, os fundadores da “Envol-ve” procuraram catalisadores que Abrantes poderia oferecer. O espaço

onde agora se encontra a associação era frequentado por jovens pouco motivados para a promoção social e sem qualquer participação activa na comunidade. A “Envolve” percebeu o potencial destes jovens e procurou aproximá-los da comunidade ros-siense, promovendo valores como o companheirismo e o voluntariado. O objectivo é valorizar o potencial hu-mano de todos, “combatendo assim, o preconceito.”

Nuno Kuga explica o processo de criação da associação “Envolve”: “Os apoios apareceram através de parcerias com os alunos da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, do Curso de Vídeo e Cinema Do-cumental, da Associação Palha de Abrantes, da Associação “Os Patos”,

do programa social da Câmara Mu-nicipal de Abrantes e, obviamente, de toda a componente do merca-do local que, apesar da crise, está sempre pronta para colaborar. Toda esta experiência é simbiótica. Todos aprendemos uns com os outros.”

Nuno Kunga defende que o projecto ainda se encontra na fase “bebé”. “Há que aprofundar e estreitar laços com a comunidade e cimentá-los.” Para tal, a associação oferece um espaço de trabalho com acompa-nhamento escolar, aulas de inglês para adultos e crianças, formação de informática, atelier de pintura, espaços concebidos para exposições e sessões e cinema que abranja to-das as camadas, desde as crianças até aos mais velhos.

Para breve a associação pretende estruturar um projecto de cinema e multimédia, em colaboração com os estudantes do ensino superior, permitindo assim estágios curricula-res, e um Banco de Necessidades, de forma a combater a pobreza enver-gonhada, aproximando-se de gentes envoltas na solidão ou com dificul-dades motoras. Como explica Nuno Kunga, os elementos da associação estão preocupados, também, em combater o isolamento: “Só através do contacto e da proximidade com a população, a “Envolve” conseguirá chegar de facto a quem mais ne-cessita. Hoje pela comunidade ao Sul do Tejo, amanhã, por ambas as margens, como um só.”

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04 ESTA JORNALFEVEREIRO 2012

Catequese XXI

SER PESCADORES DE HOMENS - foi desta a maneira que S. Lucas retratou Jesus Cristo na sua missão de en-contrar pessoas que seguissem as suas pisadas. Mas será que hoje em dia a expressão “Pescadores de Homens” ainda se aplica? Que catequese têm hoje os nossos jovens? Qual a relação dos jovens do século XXI com a catequese? Daniel Almeida, pároco da paróquia da Sertã, vê a catequese como “um grande campo de missão”. E acrescenta que não pode ser o simples decorar de orações, como era no passado. Tem que conduzir à vivência dos valores cristãos. “Enquanto não con-seguirmos interiorizar esta ideia, a nossa catequese será sempre coxa. Caindo na tentação de “formar-mos” cristãos do faz de conta, com a “colecção” dos sacramentos completa, mas com uma vivência desses sacramentos quase nula.” Um dos seus pontos mais fortes do turismo da Sertã é a Igreja Matriz da Paróquia de S. Pedro da Sertã. Com 232 catequistas, a paróquia da Sertã é com-posta por 579 catequizandos, entre crianças e ado-lescentes. O silêncio da Rua 5 de Outubro, onde se situa o Cento Paroquial da Sertã, é abafado ao final de todas as tardes com a euforia dos miúdos e jovens que ali têm catequese. Quinta-feira, 17 de Novembro 18h30, uma quinta--feira como todas as outras para Miguel Serra, de oito anos, que está no 3ºano escolar e de catequese. Miguel é o típico catequizando que, como todos os outros da sua idade, ainda não se apercebe muito bem do verdadeiro significado da Igreja e muito me-nos da catequese. Mas já tem opinião: “A catequese é onde aprendemos quem foi Jesus e o que ele fez”. Está na catequese porque quer e garante que é im-portante porque “antes de vir para a catequese não acreditava em Jesus”. Mas será que todos os jovens se interessam pela ca-tequese? “Alguns sim outros não. Aqueles que desde pequenos têm uma vivência cristã interessam-se; aqueles que não têm chegam a uma determinada altura e abandonam a catequese completamente”, explica Ana Sofia, de 24 anos, que já deu catequese durante três anos. “Muitas crianças vão à catequese porque os pais as obrigam, muitos pais têm os filhos na catequese porque é tradição”. Já Luciana afirma que “a partir do 7ºano começam a ter outros inte-resses, como os namoros que os afastam bastante da catequese”. Daniel Almeida reconhece a diversi-dade: “Temos de tudo, catequizandos interessados, outros saturados com um infindável dia de aulas às costas, outros que pensam que a catequese tem de ser sempre uma brincadeira, ou que numa sessão de catequese não há regras.”Maria José é mãe de dois filhos. Um de 18 anos que já terminou a catequese com a confirmação do sa-cramento do crisma, que agora é catequista, e outro filho, de 10 anos, no 5ºano. Para ela, a catequese é importante porque “transmite aos nossos filhos valores como a solidariedade, a comunhão com os outros, o respeito entre muitos outros”. Já não é notícia que a Igreja cristã está com falta de padres e a Diocese de Portalegre e Castelo Branco, na qual se insere a Paróquia da Sertã, em tempo de crise económica, está também a passar por uma crise de vocações. A catequista Luciana acredita que “o problema da crise de vocações está no celibato”. O padre José António, que esteve 12 anos à frente da Paróquia da Sertã e que neste momento se encontra em Madrid a prosseguir os seus estudos na área da catequese, confirma que “os padres na Diocese têm uma média de idade bastante alta” e que a situação é complexa. “Penso que o que falta à Igreja não são muitos padres, são de facto vocações de consagra-ção, a começar pelo próprio baptismo.” Tal como na catequese, na celebração da eucaristia há de tudo: aqueles que vão com “gosto”, aque-les que simplesmente vão porque são “obrigados”, outros vão porque o pai, mãe ou catequista pedem. Mas também há aqueles que vão e estão de “corpo e alma”. “Aqueles que compreenderam isto, cele-bram com gosto e alegria”, certifica Daniel Almeida. Para Luciana, a solução para atrair jovens para a Igreja passa por mudar as dinâmicas da catequese. “Não podemos ter catequeses mortas para crianças vivas.”

JOÃO SANTOSESTA D ABRANTES

O poeta que dá nome à Biblioteca Municipal de Abrantes

“Falavam de Botto como se fosse um Deus”

A VOZ DE ANTÓNIO BOTTO, nascido em Abrantes, “é a voz de um grande poeta e de uma grande sensibili-dade virada para a condição hu-mana”. É desta forma que Josiah Blackmore, professor que, no Ca-nadá, estuda a obra de António Botto, se refere à obra do poeta. Descobriu-a quando folheava li-vros na biblioteca da Universidade de Toronto. Ficou logo espantado com o “erotismo honesto e franco de Botto”. A conversa sobre António Botto aconteceu recentemente na Bi-blioteca Municipal de Abrantes, que tem o seu nome. Apesar de a generalidade dos abrantinos saber o nome da Biblioteca, dificilmen-te se encontra alguém que saiba quem foi António Botto. Era um homem irreverente e perverso, de forte personalida-de, e uma constante expressão perturbadoramente maliciosa ocultada por um chapéu de abas largas. Nasceu a 17 de Agosto de 1897 em Concavada, Abrantes. Em 1908, toda a família se mu-dou para o bairro de Alfama em Lisboa, onde cresceu no ambiente popular usual desse bairro, o qual muito influenciou a sua obra. Não teve uma educação formal muito apurada, mas por ter trabalhado em livrarias, conheceu muitas das personalidades literárias da época. Fernando Pessoa foi um dos seus grandes amigos pessoais.Funcionário público, desde 1924, em 1942 Botto foi despedido por fazer e recitar poemas durante o expediente, mas também por di-rigir galanteios a um colega. Sem sustento, começou a escrever ar-tigos, colunas e crítica literária em jornais, assim como publicou

L Biblioteca O nome de Botto foi escolhido por ser “a nossa grande referência em termos culturais e literários”

Destaque

ANA GOMESESTA D ABRANTES

alguns livros. Artur Marques conta que o Livros das Crianças, de Bot-to, teve muito sucesso e, após ter sido traduzido para a língua ingle-sa, “passou a fazer parte da leitura escolar da Irlanda”. Homossexual assumido, Botto fala dos seus amores nos poemas de Canções. Blackmore explica que o poeta abrantino fazia “a sua cele-bração do corpo masculino”, com um “tom melancólico que prepara o sentido da existência e da vida nos seus poemas”. Esta é a mais popular e polémica obra da vida de Botto, contestada pelos meios re-ligiosos. O segundo volume desta obra foi apreendido em 1922.Segundo Artur Marques, “Botto conquistou um lugar muito im-portante na literatura portugue-sa, ele era alguém que Fernando Pessoa venerava e isto diz muito daquilo que é a qualidade e sensi-bilidade do poeta”. Para além de ser versátil era, também, alguém que fazia trabalhos por encomen-da. O responsável pela Biblioteca de Abrantes revela, por exemplo, que a canção que começa com a expressão “a 13 de Maio, na Cova da Iria” é da autoria de Botto.Contraiu sífilis terciária e a sua saú-de desvanecia-se a cada momento, mas ele recusava tratar-se. “Era um poeta extremamente rigoroso e perfeccionista no seu trabalho, tão perfeccionista que de alguma forma estragou o trabalho que fez, pois nesta fase tentou reescrever e melhorar os seus poemas, o que o levou a um certo desvario”, con-tinua Artur Marques.A sua poesia começou a empalide-cer e ele passou a ser alvo de per-seguições homófobas e de gozo ao entrar em cafés e livrarias. Farto de viver em Portugal, emigrou para o Brasil. Morreu a 4 de Março de 1959 atropelado por um carro do

Governo, ao atravessar a Aveni-da de Copacabana. O seu espólio foi enviado do Brasil pela viúva e doado à Biblioteca Nacional Por-tuguesa. Dele fazem parte obras como, Cantigas de Saudade, Can-ções, Motivos de Beleza, Dandis-mo, A Vida Que te Dei, Os Contos de António Botto, Alfama, entre muitos outros.E por que razão a Biblioteca de Abrantes decidiu homenagear An-tónio Botto, alguém quase desco-nhecido? Artur Marques explica que o seu nome foi escolhido por ser “a nossa grande referência em termos culturais e literários e por estar muito ligado ao concelho de Abrantes, por ter nascido cá”. Se-gundo um estudante brasileiro de Doutoramento, cuja tese se funda no poeta português, também no “Brasil existe pouquíssimo inte-resse e divulgação sobre o autor”. Em contrapartida, o professor Josiah levou até aos seus alunos canadianos os poemas de Botto e desde logo foram aceites e recebi-dos com entusiasmo, fazendo par-te do plano curricular do curso de estudos portugueses em Toronto. A grandeza de António Botto é su-blinhada por Artur Marques: “O trabalho do poeta esteve na igno-rância durante muito tempo por questões relativas aos direitos de autor. Tem sido lançado aos bo-cadinhos. É um ícone da cultura portuguesa que merecia ser estu-dado… Não se imagina o número de pessoas famosíssimas e escritores, muitos deles conhecidos como os maiores escritores da língua portu-guesa, que falavam de Botto como se fosse um Deus… É estranho para nós, mas ele privava com eles, era amigo deles, e muitos destes pediam-lhe conselhos, inclusiva-mente Fernando Pessoa.”

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05WWW.ESTAJORNAL.PT

“É nossa intenção continuar a investir em Abrantes”

Qual a importância do MIAA para uma cidade como Abrantes? O museu tem uma importância estratégica do ponto de vista da afirmação das potencialidades de Abrantes numa área emergente como é o turismo. Nomeadamen-te, o turismo cultural, associando aquilo que é o património material e imaterial do nosso concelho. É para nós fundamental olhar-mos para este projecto como um projecto estruturante para o de-senvolvimento local e regional (porque entendemos que é um complemento de uma rota de cultura, de turismo cultural que se estende desde Sintra, Batalha, Alcobaça, Tomar, Fátima e Abran-tes), capaz de trazer mais pessoas para poderem visitar a nossa ci-dade. Este museu tem esta dupla par-ticularidade, não só de trazer tu-ristas específicos que vêm ao en-contro da arte e da cultura, mas também de trazer um conjunto de investigadores capazes de fazer o estudo das colecções que estamos aqui a propor, enquanto acervo. Hoje esse trabalho já está a ser feito, nomeadamente por histo-riadores e investigadores não só portugueses, mas espalhados até um pouco por todo o mundo. Por-tanto, este é para nós um projecto central do desenvolvimento local apostado na cultura e no turismo, como factor diferenciador em re-lação a um conjunto de outros municípios que estão neste terri-tório e complementam esta nossa intervenção. Qual o balanço que faz das ante-visões que têm vindo a ser feitas? Vamos dando a conhecer toda a colecção paulatinamente, fazen-do uma selecção por grupos e por temáticas de peças. Por outro lado, trazemos a público o estudo que os especialistas fazem des-sas peças, capaz de desmitificar e de criar interesse nos cidadãos, não só abrantinos, mas em toda a comunidade regional, nacional e também internacional. Inclusiva-mente, tanto as antevisões como as jornadas têm tido participação de muitos turistas e de muitos in-vestigadores estrangeiros, como brasileiros e italianos. Por exem-plo, na última edição da jornada estivemos em parceria com uma fundação italiana que aqui apre-sentou a sua experiência acerca de museologia, de colecções como as que estamos aqui a fazer. Para nós é um motivo de grande satisfação apercebermo-nos do interesse in-ternacional que este projecto já vai despertando.A construção do MIAA será fase-ada. Qual a explicação para esta mudança de planos?Nós vivemos dos piores períodos desde o 25 Abril, ou mesmo de an-tes, em matéria de austeridade. Ao nível de município de Abrantes,

MICAEL REISESTA D ABRANTES

EntrevistaNUMA ALTURA EM QUE PORTUGAL ATRAVESSA A PIOR CRISE dos últimos trinta anos, a presidente da Câmara Municipal de Abrantes anuncia que o projecto do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes (MIAA) não reúne condições para ser construído numa só fase sem apoios a fundo perdido. Por isso, a obra vai ser faseada. Maria do Céu Albuquerque acredita que, tal como a ESTA, o MIAA é um projecto central para o desenvolvimento local.

temos uma situação de relativo conforto em relação à situação económica e financeira, mas não queremos e não podemos abraçar todos os projectos que temos em carteira sem a garantia de uma parte destes projectos serem fi-nanciados por fundos comunitá-rios a fundo perdido. A Câmara está na disposição de financiar a componente nacional desde de outros projectos que complemen-tam a estratégia de desenvolvi-mento do nosso município. No en-tanto, entendemos que devemos equacionar todos os cenários. Ob-viamente que a nossa intenção é construir o Museu como um todo. Caso não haja condições, nomea-damente se não houver a garantia de financiamento para todo o pro-jecto nesta primeira fase, a curto prazo podemos avançar com as candidaturas a financiamento no âmbito da regeneração urbana. Queremos avançar já com a parte correspondente ao Convento de São Domingos. Depois avança-se com a construção da nova torre no sentido de complementar este projecto. Só o vamos fasear no caso de não haver garantia do fi-nanciamento. Considera que o faseamento da construção do MIAA pode ser vis-to como um recuo político?Não, de maneira nenhuma. Não há recuo político, há sim novas con-dições. Quando tomámos posse e quando nos propusemos a conti-nuar com este projecto, as condi-ções eram outras. As condições de financiamento também eram dife-rentes e por isso entendemos que devíamos colocar este projecto na agenda, no sentido de trazer va-lor para o nosso concelho. É nossa intenção continuar a investir em Abrantes, continuar a fazer inves-timento estruturado para garantir o desenvolvimento sustentado do nosso concelho. Portanto, não há um recuo político. Antes pelo contrário. Há sim a percepção de um conjunto de realidades que são hoje diferentes e que importa fazer uma reflexão e medição que é possível fazer, atendendo à con-juntura actual do país, da Europa, e do mundo. A importância do MIAA reside no espólio e no projecto de arquitec-tura. Foi ponderada a hipótese de fazer o museu num outro espaço, que não implicasse uma obra de arquitectura com custos avulta-dos? Qualquer obra que viesse a ser fei-ta para acolher esta colecção teria custos muito semelhantes. Nós não estamos a falar de um peque-no Museu, nós estamos a falar de um Museu a nível internacional. Não estamos a falar de um Museu de cidade. O projecto, indepen-dentemente de ser este ou outro, iria atirar para valores muito se-melhantes. É evidente que equa-cionámos todas as hipóteses para a colocação deste Museu, mas tam-bém entendemos que precisamos

de trazer uma nova dinâmica para o centro histórico da nossa cidade. E esta dinâmica passa por trazer pessoas que vivam em Abrantes, que habitem o centro histórico, porque serão o motivo para o de-senvolvimento do comércio local e para a instalação de mais serviços. Também queremos uma aposta no turismo cultural, científico e desportivo. Para isso temos que ter uma oferta qualificada que seja capaz de atrair pessoas e que es-sas pessoas também possam ficar

em Abrantes a almoçar, a jantar, a dormir, a fazer as suas compras. E que isso seja um motor de de-senvolvimento da nossa economia local. Portanto, claramente que a instalação do Museu no centro histórico é um investimento com este retorno que está projectado, que está a ser tratado no sentido de ser uma realidade efectiva para o nosso concelho e para a nossa região. A construção do museu tem cau-sado polémica e controvérsia não

só entre os abrantinos como tam-bém em todo o distrito de Santa-rém e região limítrofe. Algumas destas pessoas chegam até a ridi-cularizar este projecto…Eu não faço comentários so-bre aquilo que eu não conheço e prefiro não conhecer. Qualquer obra com esta dimensão é sempre polémica. Por exemplo, o Cen-tro George Pompidou, em Paris, não foi polémico? Foi e ainda hoje continua a ser polémico. O Gug-genheim, em Bilbao, foi polémico ou não foi polémico? Quem é que se iria lembrar de instalar no norte de Espanha um museu com aque-las características? É evidente que qualquer obra com esta dimensão tem também este cariz. Aquilo que para nós importa é que para além da riqueza que estas colecções tra-zem a este desenvolvimento deste Museu Ibérico de Arqueologia e Arte, também o próprio projec-to de arquitectura seja por si um factor de atracção para públicos. Foram feitos estudos sobre as eventuais vantagens em termos de turismo e de economia local que o MIAA possa trazer para Abrantes?Com certeza que sim, que há tra-balhos já feitos sobre essa maté-rias. Andamos a trabalhar nisto há alguns anos. Estamos a desen-volver um estudo económico para poder conduzir a sustentabilidade deste projecto. Nunca ninguém faz um Museu porque fez um estudo de viabilidade económica. Todos sabemos que o impacto que estes equipamentos têm no território é um impacto a médio/longo prazo. Perante a polémica da obra e a ne-cessidade de a fasear, como é que explicaria ao munícipe comum a importância de continuar a apos-tar no MIAA e naquilo que ele sig-nifica para a cidade de Abrantes? Aquilo que nós queremos é fazer apostas consolidadas, no que diz respeito ao Museu e à Escola Su-perior de Tecnologia de Abrantes. A nossa aposta é claramente, em primeiro lugar, criar condições para termos uma Escola de refe-rência nacional, capaz de trazer mais alunos, mais professores, mais trabalhos de investigação para Abrantes e, ao mesmo tempo, criar condições para este grande equipamento cultural que é tam-bém um promotor de economia local. Não havendo capacidade para dois projectos com esta en-vergadura ao mesmo tempo, ob-viamente que temos de fasear um deles. O faseamento calhou sobre este Museu em detrimento do que entendemos que é a nossa obri-gação: garantir a continuidade da ESTA. E para além de garantir a sua continuidade, criar condições para que possa crescer e dar con-tinuidade ao excelente trabalho que tem vindo a fazer ao longo destes mais de dez anos. Para que a ESTA possa ser uma referência também ao nível nacional e pro-mover Abrantes, aumentando a competitividade do nosso tecido económico e social.

L Mª do Céu Albuquerque “Andamos a trabalhar nisto há muito tempo”

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FOTOGRAFIA Direitos reservados

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06 ESTA JORNALFEVEREIRO 2012

DAVID SANTOS, mais conhecido por Noiserv, é a cara que está por trás da banda sonora do filme/docu-mentário José e Pilar. Este tra-balho era, até à hora de fecho da edição, candidato a nomeado em três categorias nos Óscares: Me-lhor Filme Estrangeiro, Melhor Banda Sonora e Melhor Docu-mentário. Mais informações em http://oscar.go.com/. Nos jardins da Gulbenkian, local frequentado pelo músico, Noiserv responde a questões relacionadas com o seu projecto a solo e a sua presença no filme/documentário.

Em que género musical inseres o projecto Noiserv?Eu acho que qualquer projecto novo que vá aparecer, será sempre um conjunto de todos os géneros que o autor ouviu desde pequeno. Acho que há um pouco aquela ideia de que tudo aquilo que não é rock, blues ou jazz é posto no género alternativo. Portanto, se calhar o Noiserv também irá para esse gé-nero, não porque seja alternativo a outra coisa, mas porque não se enquadra naquele género de rock pré-definido que existe há mais tempo. O projecto é o que idealizaste ou tem vindo a sofrer alterações?Eu não sou uma pessoa de grandes conceitos à partida: nunca idealizei o que ia acontecer passados cinco ou seis anos. Na altura, no início da carreira, o meu objectivo foi apenas conseguir fazer música da forma que eu sentisse que fazia da melhor maneira possível e que fosse a mú-sica que melhor descreveria a for-ma como eu vejo o mundo e como vejo todas as coisas. Há seis anos atrás quis gravar uma maquete de voz e guitarra, não sei para quê, e tentar que as pessoas ouvissem e gostassem. Depois disso fiz um disco. A partir desse disco consegui ter muito mais concertos e então fiz um outro disco. O objectivo foi sempre o mesmo: tendo em conta as minhas ‘’capacidades’’, fazer o melhor possível. Tenho conseguido ser fiel a essa obrigação. De resto, as coisas vão sempre mudando. Não fazia ideia que ficasse assim, mas fico feliz por ter chegado aqui.Os teus espectáculos não contam apenas com música, têm também imagem associada. De onde surgiu este conceito?O conceito surgiu um pouco na sequência do conceito que eu ti-nha definido para o primeiro disco. Em vez de fazer uma capa de dis-cos normais, quis fazer um género de um pequeno livro em que cada música teria um desenho. O disco, à partida, não seria daqueles discos com fotografias abstractas ou com a fotografia do próprio músico. Ao ter criado no disco esse conceito um pouco paralelo a uma outra realidade que seria essa realidade desenhada, feita pela minha pri-ma (Diana Mascarenhas), quando

ANA RITA MATIASESTA D ABRANTES

‘’O tempo está a acabar e tens tanta coisa para dizer’’

L Noiserv “Se não fossem as minhas músicas, a tristeza ou a melancolia que estão no filme não seriam as mesmas”

fiz o concerto de apresentação, pensei que poderia ser engraçado conseguir ao vivo, de alguma for-ma, conjugar esse mundo paralelo que se tinha criado no disco, criar também em concerto. Ao início era apenas uma tela ao alto ao meu lado, eu não estava incorporado nos desenhos. Depois comecei a achar que fazia sentido eu estar in-corporado nos desenhos e então as coisas foram evoluindo até aos dias de hoje. A ideia foi sempre conse-guir manter o conceito que tinha sido criado para o primeiro disco e conseguir transpô-lo também para os concertos. Em relação ao filme/documentário José e Pilar, em que ambiente es-creveste o tema ‘’Palco do Tempo’’ que faz parte do trailer e qual foi a tua inspiração?Ao contrário de um disco, que fazes só para ti, quando tens como base um filme, a inspiração terá que ser obrigatoriamente as imagens do filme. Neste caso, a pessoa em questão que seria o Saramago. Em relação ao tema ‘’Palco do Tem-po’’, a letra foi escrita segundo

o que o filme me tinha parecido nas primeiras vezes em que o vi e segundo aquilo que também co-nhecia do José Saramago. A grande inspiração terá sido as imagens que já tinham sido filmadas pelo reali-zador Miguel Gonçalves Mendes. Em relação à letra do tema ‘’Palco do Tempo’’, também ela feita com base no que eu via sobre a vida do Saramago, sobre o que o filme re-tratava. Como é ver a tua música no cine-ma?É sempre esquisito porque estando a ver um filme com a nossa músi-ca, parece que nem conseguimos ver bem o filme. Quando fizeste alguma parte do filme, relativa-mente à parte da música, tu não te consegues distanciar do facto de teres sido tu a fazê-la. Vais es-tar sempre a ver o filme e a achar ‘’aquilo podia estar mais baixo, aquilo podia estar mais alto’’. Em relação ao filme, tento basear-me um pouco mais na ideia que as ou-tras pessoas me dão porque elas, sim, conseguem ver o filme como um todo. As boas críticas que te-

nho tido fazem-me acreditar que a minha música funciona bem em cinema. Eu também gosto de ver, mas acho sempre que podia estar melhor. Como seria o documentário ‘’José e Pilar’’ sem a música ‘’Palco do Tempo’’?Eu acho que a música teve uma importância muito grande por-que o trailer acaba por ser aquilo que as pessoas vêem e que as deixa, ou não, curiosas para ver o filme. Acho que o sentimento de curio-sidade consegue levar as pessoas a ter mais interesse em ver o filme. Se não fossem as minhas músicas, a tristeza ou a melancolia que estão no filme não seriam as mesmas, te-riam de ter arranjado outra forma de conseguir fazer isso. Claramen-te não seria igual, seria diferente. Não sei se seria melhor ou se seria pior. Em relação à música ‘’Palco do Tempo’’, a letra foi feita em re-lação ao Saramago, mas quando fiz a própria música, já sabia que era para o trailer, logo já queria que a música criasse o género de senti-mentos que está a criar.

O que gostarias que José Saramago te dissesse no fim do documentário sobre a tua música?Se José Saramago conseguisse ter a tal ‘’opinião imparcial’’ e me dissesse, tanto a mim como ao re-alizador do filme, ‘’tudo isto me pareceu um todo perfeito’’. Não precisaria de falar especificamente em relação à minha música. Se ele o dissesse, eu iria perceber que teria sentido uma grande conexão entre a música e o filme e então aí faria sentido o género de música que eu fiz. Se me dissesse alguma coisa em particular a mim, se me dissesse que a música que eu tinha escrito conseguia retratar de uma forma perfeita o que tinha sido a vida dele ou o que tinha sido a sua ur-gência em viver estes últimos anos de vida, teria sido bom também. Qualquer coisa que fosse dita por Saramago que destacasse o facto de ele achar que o meu trabalho estava bem feito e que estava em sintonia com tudo o resto, era o melhor que eu podia ouvir.Houve alguma parte específica no filme que tivesses gostado mais, tenha ou não a presença da tua música?Eu acho que enquanto músico ou enquanto pessoa que gosta desta área das artes, o filme é muito im-portante porque demonstra o que estava a acontecer ao Saramago, que era morrer antes do tempo em que ele queria morrer. Hoje em dia há muitos velhotes que quando es-tão a morrer já estão de tal forma ‘’deteriorados’’ que muitos dizem que ‘’querem é morrer e que estão fartos de estar aqui’’. Mesmo sem ser numa ideia muito suicida, mas numa coisa em que a vida parece que já está tão degradada que nada mais faz sentido. O Saramago era um bocadinho ao contrário, ele sentia que estava a ficar velho, mas que ainda tinha muito para escre-ver, muito para dizer e que ia mor-rer sem conseguir dizer tudo o que queria. Eu acho que isso é uma das maiores lições que se pode dar por-que sentes que, de alguma forma, o tempo está a acabar e que tens tanta coisa para dizer, tens que fa-zer cada vez mais e mais coisas para conseguir, antes de desaparecer, lançar o máximo de coisas ‘’cá para fora’’. No discurso final, Saramago diz claramente que ‘’queria mais tempo para escrever’’ e toda a gen-te percebe que ele sente que isso não está a acontecer.Depois de fazeres parte da banda sonora de um filme candidato a nomeado para os Óscares, esperas um futuro diferente para o projecto Noiserv?Se o filme chegar aos cincos nome-ados, não sei se terá alguma ligação directa, mas claramente se o filme e a parte da banda sonora forem admirados por muitas pessoas po-derão surgir muito mais convites a partir daí. Em termos de orgulho próprio saber que um filme do qual se faz parte chegou aos Óscares pa-rece surreal sendo ‘’nós’’ um país tão pequenino.

Entrevista

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FOTOGRAFIA NUNO OLIVEIRA

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Entrevista 07WWW.ESTAJORNAL.PT

The Kaviar, o novo sabor do Rock HUMBERTO FELÍCIO dá voz à banda The Kaviar. Uma banda natural de Abrantes que aos poucos começa a ver o nome espalhado por todo o país. Com um novo álbum edi-tado, “Beluga”, o vocalista fala da experiência que a banda tem vivi-do até agora neste novo mundo da música. Está feito o convite para o público saborear um pouco desta arte que é o Rock and Roll, servida por lusitanos que têm em Abrantes a sua zona de conforto.

Como surgiu a ideia de formarem uma banda?Surgiu da maneira mais natural que pode existir, como surge com a maioria das bandas: amigos de longa data que parti-lhavam música entre eles e que tinham um sonho de um dia fazer a própria música, de se juntarem e colocar em prática as ideias que tinham para construir uma banda. O primeiro objectivo era fazer uma banda de Rock and Roll. Já todos tinham tido outras experiências com outros projectos, se calhar não foram tão levados a sério ou não funcionaram tão bem como os Kaviar vieram a funcionar. Surgiude uma forma muito espontânea, sem grandes ilusões inicialmente.E porquê o nome The Kaviar? Exactamente pelo primeiro ob-jectivo que era criar uma banda de Rock and Roll. Uma banda de Rock and Roll envolve um universo de excessos. Todos nós sabemos o que é que as grandes bandas de Rock and Roll nos transmitem e as notícias que nós vemos sobre elas. Achámos que Kaviar era a palavra que descrevia da maneira mais correcta esse universo cheio de excessos, sempre com grandes ‘andamentos’, e escândalos e tudo mais.Relativamente a Abrantes, já que são uma banda de cá e sendo esta uma cidade pequena, acreditavas que seriam capazes de ir mais além na música como estão a ir agora?Sim. Essa ideia que passa de que, por estarmos numa cidade do in-terior e não em Lisboa, é mais di-fícil... Nunca achei que fosse, nem eu nem o resto da banda porque os Kaviar sempre foram uma banda que nunca esteve muito presa a um sítio. Aconteceu ficarmos aqui em Abrantes porque é uma zona de conforto para a maioria da banda. Temos cá casa, família, amigos e é muito mais fácil de mobilizar as pessoas aqui, seprecisarmos de ajuda. Hoje em dia, não há barreiras porque temos cada vez mais meios para chegar às pessoas e até acho que viver em Abrantes tem muito mais vanta-gens para nós. Nós não temos nem metade das di-

CÁTIA FILIPEESTA D ABRANTES

ficuldades que tem uma banda na capital; nós não temos que pagar para ter um espaço para ensaiar. Aqui facilmente alguém tem uma garagem, uma arrecadação ou uma casa velha que já não utiliza onde podemos ir ensaiar. É o nosso caso. Ensaiamos num sítio que não está a ser utilizado a não ser por nós.Em Lisboa, eu conheço “n” de bandas que trabalham em salas de ensaio alugadas e têm horas defi-nidas para estar lá a ensaiar. Nós não temos. Podemos estar horas a fio que ninguém nos vai lá chatear. Primeiro porque são muito poucas as pessoas que sabem onde é que nós ensaiamos, é um sítio extre-mamente restrito. O objectivo é estarmos isolados e não sermos in-terrompidos para podermos estar à vontade.E em relação à vossa passagem pelo Optimus Alive. Ao ganha-rem o Optimus Alive Act tiveram oportunidade para mostrar a vossa música a outro público. Qual foi a sensação de poderem pisar um palco destes?Até chegar ao Optimus Alive foi um percurso enorme. Nós chegámos ao Optimus Alive pouco tempo depois de termos o primeiro disco pronto. Já tínhamos feito, antes do Optimus Alive, a Aula Magna, onde estivemos a fazer a primeira parte dos A Silent Film, não teve grande visibilidade, porque calhou no dia 12 de Maio quando estava cá o Papa, mas foi um concerto muito bom, teve muita gente, mas não foi o concerto que tenha dado grande destaque como deu o Optimus Ali-ve. Claro que o Optimus Alive é um dos maiores festivais do nosso país e da Europa. Nós termos sido os vencedores da primeira edição deu-nos muita vi-sibilidade, ajudou-nos a preparar o lançamento do disco porque por termos ganho o concurso e irmos tocar ao Optimus Alive, editámos primeiro um EP pela Optimus Discos o que serviu como cartão de apresentação. Logo após essa visibilidade toda foi importante tocar muito durante o ano passado e notarmos que havia a procura do nosso concerto. Isso facilitou-nos muitas coisas, facilitou-nos ter-mos um nome já falado. Quando contactávamos alguém, fosse para a distribuição do disco, ou fosse para fazer uma apresentação numa sala já havia outro à vontade para quem nos estava a receber porque já tinham ouvido falar qualquer coisa de nós e isso facilita sempre. De facto, o Optimus Alive foi o que desbloqueou todo esse processo, ajudou-nos a passar à frente uma série de barreiras que existiam. Para aqueles que não conhecem a vossa música o que é que tens a dizer sobre ela? Neste momento a música que te-mos disponível para todos ouvi-rem é o nosso disco de estreia, são

dez músicas com diferentes lin-guagens de Rock and Roll. Umas que têm mais Rock and Roll clás-sico, outras que têm um Rock mais alternativo onde nós experimentá-mos também estéticas diferentes daquelas que são o cliché, mas o nosso primeiro objectivo era exac-tamente esse, era fazer uma banda de Rock and Roll e portanto o disco tinha que sair muito Rock e saiu e nós preocupámo-nos imenso com a intensidade que conseguiríamos dar ao disco quando o tocássemos ao vivo e isso foi conseguido. Temos dois guitarristas, um te-clista, um baixista, um baterista e conseguimos dar uma intensidade enorme e portanto eu descrevo a música dos Kaviar como sendo uma música que tem intensida-de, que tem algum músculo em algumas partes, mas que depois também conseguimos criar am-bientes com mais pormenores, mais sensíveis. Neste momento é isso. O futuro provavelmente não vai ser assim porque temos obvia-mente mais objectivos e mais so-nhos para realizar na música. Esta foi a primeira experiência a gravar um disco inteiro. Passámos mui-to mais tempo no estúdio do que pensávamos que íamos passar, mas

isso foi fundamental para receber-mos e aprendermos uma quanti-dade enorme de pormenores que nem fazíamos ideia que eram tão importantes, mas é um disco de Rock, resumindo. Falando no Disco, andaram por várias lojas FNAC a promovê-lo. Como foi vivida por vocês? Foram bem recebidos? Fomos muito bem recebidos. É muito curioso conhecer em tão pouco tempo uma quantidade razoável de diferentes realidades. Ir tocar à FNAC de Braga não é a mesma coisa que ir tocar à FNAC de Almada, são públicos diferen-tes no mesmo país e não são tantos quilómetros a separar estas duas cidades. A reacção das pessoas também é bastante engraçada por-que se nuns sítios dizem que temos música a soar a AC/DC há outros sítios que nos dizem que temos música a soar a outras coisas e, portanto, foi conhecer diferentes realidades e diferentes comunida-des de pessoas que gostam de mú-sica e que interpretam os Kaviar de diferentes maneiras e nós não tínhamos noção que isso acontecia dessa forma e é engraçado.As FNAC são sítios muito acolhe-dores, são pequeninos auditórios

num espaço onde as pessoas an-dam distraídas e é especialmente engraçado perceber a reacção das pessoas. Quando nós começamos a tocar é um barulho infernal dentro de uma loja FNAC e é muito giro ver as pessoas todas virem esprei-tar e depois percebermos quais as que ficam até ao fim. Algumas até chegam a falar connosco a dizer o que é que acharam. É uma manei-ra diferente de abordar o público, fizemos uma mini tour pelas FNAC e havemos de fazer mais. Para aqueles que não conhecem os Kaviar, como vocalista, que men-sagem é que gostarias de passar?Há de facto muitas coisas na nos-sa música, quem gosta de Rock e quem gosta de Rock and Roll e de Rock Alternativo, tem uma grande facilidade em identificar-se com a música que nós fazemos. Quem gosta de um bom concerto de Rock and Roll, com uma intensidade brutal ao vivo, vai gostar do nosso concerto e é aí que nós achamos que conquistamos mais pessoas porque ali é real, está a acontecer naquele preciso momento, e nós temos conquistado muitas pessoas por aí. Venham ver um concerto. Procurem-nos.

L Humberto Felício “Quem gosta de Rock and Roll tem facilidade em indentificar-se com a música que fazemos”

Page 20: JAJANEIRO2012

Última08 ESTA JORNALFEVEREIRO 2012

A NOITE congelava os ossos e o reló-gio da Igreja de São João de Baptista alertava que já passava meia hora da uma da manhã. Os espíritos dos jo-vens sentados na praça da Repúbli-ca, em Tomar, não desmoronavam. Cigarro na mão, café na outra, con-versavam alegremente sobre a se-mana de cada um. Não tardou muito até três figuras se verem ao longe, carregando algo na mão. A reacção foi instantânea, Ricardo Godinho, de 22 anos, estudante de Engenharia Informática, levantou a cabeça. “Oh ´nês!”, gritou para o fim da praça. Os outros acompanharam num coro que se espalhava. “OH ´NÊS!”´Nês, ou Inês Gonçalves, é descrita pelos amigos como uma rapariga de 21 anos que estuda Educação Mu-sical, alegre, sempre de sorriso na cara, com a resposta pronta na pon-ta da língua. Os pedidos de música começaram logo. Inês, mostrando os dentes brilhantes, responde: “Primeiro preciso de aquecer.” Manda vir uma ginja, bebe-a num golo só. Este parece ser o sinal para a festa começar.

Tudo Isto é FadoRuas de Tomar, à noite, com uma vida diferente

LEONOR DIASESTA D ABRANTES

que existe infiltrado nestas noites um movimento “das pessoas que vivem, somos todos juntos aqui”.“É melhor do que estar à frente da televisão,” explica Melanie. “É melhor estar aqui, cantar com es-tas pessoas, este fado, esta música que é só nossa, do que sentada no sofá com o gato ao colo a ver a no-vela da noite. É muito mais cultu-ral, aprende-se”. Bebe um golo de

vinho do Porto e explica que este, mais do que servir como instru-mento para aquecer, já representa a amizade do grupo.Os instrumentos rodam de pes-soa em pessoa. Inês aproveita para beber algo e dá espaço a Gabriela, que assume o papel de fadista por alguns minutos. Senta-se perto de Nelson, a descansar e a conversar com algumas das pessoas acabadas

de chegar. Ambos do Norte, con-tam como os amigos de faculdade os trouxeram até Tomar para co-nhecer a cidade e alguns dos fes-tejos. Inês e Nelson exprimem a desilusão que existe entre o grupo quando se apercebem que os jovens de hoje não têm um amor à cultura e à música portuguesa. “A música de intervenção está esquecida, e é ac-tual, o país está da maneira como está. Cada vez mais é o espelho da nossa sociedade, e nem por isso é dado valor à música.”Inês olha as pessoas que entretanto param para admirar o espectáculo. Confessa ser estranho ver pessoas a gostarem tanto, pois é uma coisa que todos fazem por gosto e não por reconhecimento. Mesmo assim, acha muito bom quando as pessoas reconhecem o talento de todos. A festa continua, horas a fio, e o frio parece cada vez menos intenso. Numa altura em que o Fado é eleito Património Imaterial da Humani-dade, estes estudantes desejam que os mais jovens sejam selectivos na música que ouvem, que apreciem a música portuguesa e que não te-nham medo de sair à rua para fa-zerem o que mais gostam. “Sê tu mesmo,” riem-se.Inês anuncia a última música, pois o sol começa a nascer, e está na hora de retornar a casa. O silên-cio que todos partilham com me-lancolia ajuda a que a voz de Inês, transmissora da dor e da saudade portuguesa, flutue pelos cantos da praça. “Tudo isto é fado”.

O grupo levanta-se da esplanada e caminha para as arcadas da Câ-mara Municipal. André Oliveira prepara o violino; Nelson Cunha, a guitarra Portuguesa. Seguem-se os jambés de Sara e Ricardo. Os outros rodeiam para ouvir o espectáculo.A música começa, os sorrisos de quem já está habituado às noites aqui passadas transparecem. Inês começa a cantar. A voz dela chega ao fim da praça e pára gente para admirar. Arrepios correm pela co-luna de cada um. Os olhos que a focam não parecem fazer grande diferença. Inês continua, “Lisboa cheira aos cafés do Rossio”.É nesta altura que Melanie Pita, pu-xando os cabelos encaracolados e negros para detrás da orelha, apre-senta-se: 18 anos, nascida e cria-da em Tomar, agora estudante de Estudos Portugueses e Lusófonos na Universidade de Coimbra. Con-corda explicar os acontecimentos da noite. De forma poética, adian-ta que as noites de fado, passadas em Tomar, servem para aquecer as pessoas, apaziguar a alma, dar esperança e vida, mudar o sistema contribuindo para a luta diária de todos. Continua, ainda, dizendo

L Movimento “É melhor do que estar em frente à televisão”

Page 21: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO2012 ESPECIAL AUTOMOBILISMO 13

António Alexandre, mais conheci-do como Alex, é um dos campeões nacionais de perícia automóvel. No seu longo percurso na modalidade, conta com vários títulos nacionais. Quanto a vitórias em provas, é de se perder o número.

2011 foi ano de juntar mais um

título à lista, o de campeão inter-

continental de perícia automóvel.

António Alexandre ganhou as três

provas realizadas nos Açores e é,

nesta altura, o único português a

ter este título, ao qual juntou a taça

de Portugal da modalidade.

António Alexandre começou mui-

to jovem no mundo dos automó-

veis. O pai tinha dois carros e, quan-

do saía com um, António Alexandre

e o irmão saíam com o outro, mes-

mo sem carta nem idade para con-

duzir. Esta paixão pelos automóveis

não tem explicação, mas a verdade

é que os dois irmãos estão ligados

ao negócio dos automóveis.

Já no que diz respeito às perícias,

Alex começou muito jovem a fazer

peões à volta dos pinos. “Comecei

em Castelo Branco aos 18 anos, ga-

nhei a classe e isto é um bichinho

que entra e não sai”, revela ou pilo-

to. Depois das primeiras provas co-

meçou a encarar a perícia mais a

sério. Comprou um mini e, desde

então, os minis têm sido os carros

de eleição para as provas, embora

tenha uma ou outra participação

com outros carros.

Os super-minis, como lhe chama

Alex, porque “as pessoas não fazem

a mínima ideia do que é colocar

200 cavalos numa carroçaria de um

mini que pesa 380 quilos e que faz

de 0 a 100 km 3,4 segundos. Nem o

Maseratti que tenho ali faz este re-

gisto”.

António Alexandre ainda andou

nos ralis. Revelou gostar de ralis

pelo prazer de fazer as curvas “de

lado” nos carros com tracção tra-

seira, como o Ford Escort que con-

duziu. O problema dos ralis é a

logística que é necessária. Diz o pi-

loto que os carros partem-se mais

e que são necessários carros de

apoio e mecânicos. Para além disso,

como piloto, ter de estar em forma,

sendo necessário treinar. Outra das

modalidades em que participou foi

o autocross, no início da década de

80 “quando lá andavam todos os

pilotos”. Era simples, arranjava-se

um carro e “íamos correr”. Hoje é di-

ferente. Para andar lá na frente “te-

mos de arranjar um carro que pode

custar 70 a 100 mil euros”.

Já na perícia, António Alexandre

diz que o que dá a paixão é a adre-

nalina. As provas são todas iguais.

Peões, peões duplos e triplos. Não

há muito para treinar. “O carro está

ali, chego à prova faço dois peões,

calibro a pressão dos pneus conso-

ante o tipo de piso e é fazer a pro-

va”, conta o piloto, dizendo que a

mínima desconcentração é fatal.

Muitas vezes a primeira passagem

dá o melhor tempo, outras vezes é

na última. Os peões têm de ser fei-

tos encostados aos pinos. Já a saí-

da dos peões tem de ser no tempo

certo porque uma saída errada cus-

ta tempo. Alex conta que a perícia

é das poucas competições que tem

cronómetro ao milésimo de segun-

do e adianta que já fez uma prova

em que fi cou em primeiro com ou-

tro piloto com o mesmo tempo, ao

milésimo. E treinos? Nada disso. An-

tónio Alexandre diz que não treina.

“O carro está no atrelado, sai para

prova. Volta ao atrelado esse não ti-

ver problemas mecânicos só volta a

sair na próxima prova”.

Quanto às despesas, António Ale-

xandre não adianta muito. Diz ter

a sorte dos patrocinadores de pre-

pararem o carro. Depois, as vitórias

nas várias provas que faz, cerca de

40 por ano, pagam o resto das des-

pesas.

Neste momento o piloto tem cin-

co minis de competição e mais um

de colecção.

Para 2012, espera com o seu mini

melhorado entrar para ganhar to-

das as provas. “Se os outros pilotos

deixarem”.

Jerónimo Belo Jorge

A perícia é adrenalina pura

Era um grupo de amigos,

amantes do desporto automó-

vel, que se juntou para correr

nos campeonatos nacionais de

motos por volta de 1999, 2000.

Chamava-se Team 35 Sport e

era constituído por 35 pessoas

naturais da região.

A encabeçar o projecto es-

tava Walter Loureiro, que con-

tou ao JA como tudo aconte-

ceu. “Tudo começou na épo-

ca em que o piloto Santinho

Mendes era o único que tinha

meios para correr. Nós tínha-

mos a paixão mas a parte mo-

netária não existia, contudo a

vontade era muita e foi graças

a este factor que levámos Mar-

co Bandarra, natural de Alfer-

rarde, a correr por todo o país.

A ideia de formar uma organi-

zação, nasceu em 2000, mas só

em 2003 é que conseguimos

fundar o grupo. O objectivo era

que existisse uma organização

coesa que trabalhasse em prol

do desporto motorizado.”

Walter Loureiro continua: “Fo-

mos capazes de comprar uma

moto 4, que na altura já nos

custou perto de 7800 euros e

percorremos o país nos cam-

peonatos de todo o terreno,

na categoria Quad´s 2T. Para

conseguirmos alguma recei-

ta íamos organizando iniciati-

vas, desde bailes nas aldeias,

passeios todo o terreno, jan-

tares convívio, rally papers em

Abrantes, entre outras formas

que encontrávamos para con-

seguir algum dinheiro. As coi-

sas correram bem durante um

ano. Em 2003 fomos a todo o

lado! Era uma aventura, mo-

mentos de pura adrenalina e

tensão, mas tínhamos um pro-

blema: a moto. Esta era nova

e tinha sempre alguns proble-

mas técnicos, daí nunca termos

conseguido alcançar nenhuma

vitória. No entanto, a experiên-

cia fi cou e todos nós a recorda-

mos com grande nostalgia.”

A equipa Team 35 Sport é

hoje recordada por um grupo

de amigos que vivenciava as

motos com um espírito muito

particular. Marco Bandarra, o

piloto da equipa, alcançou al-

guns resultados signifi cativos

antes e depois da formação do

grupo, nomeadamente na pro-

va Alvega 200, em 1995, onde

fi cou em primeiro lugar, e em

1994 no Raid Portalegre 500,

onde alcançou o quatro lugar.

“O Marco era de facto exce-

lente, entre todo o grupo era

o que mais se destacava e daí

ter sido o escolhido. Hoje ele

já não se encontra entre nós,

mas foi um piloto que deixou

a marca de Abrantes em mui-

tos campeonatos. Também o

Team 35 Sport se perdeu no

tempo, mas deixou todo um

projecto de participação em

campeonatos que pode repre-

sentar um modelo para muitos

clubes e associações ou equi-

pas organizadas.”

JMC

Team 35 Sport, uma equipa de referência

• Marco Bandarra piloto que representava o Team 35

Page 22: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO201214 ESPECIAL AUTOMOBILISMO

São veículos que têm como único objectivo poluir menos. Um veículo híbrido é um automóvel que possui dois motores: um motor de com-bustão, normalmente a gasolina; e um motor eléctrico, que permite reduzir os níveis de consumo e as emissões de CO2 para atmosfera.

Estes dois motores podem traba-

lhar simultaneamente, mas o veí-

culo também pode funcionar ape-

nas com o motor eléctrico. A Toyota

foi a marca pioneira destes veículos

ecológicos em 1996, altura em que

colocou no mercado mundial o seu

primeiro híbrido, o PRIUS. Hoje to-

das as marcas de referência no

mundo automóvel já possuem car-

ros híbridos e a sociedade tem ade-

rido, a pouco e pouco, a estes veí-

culos. Luís Delgado, comercial da

marca Toyota, em Tomar, garante

que “os híbridos são o futuro” por-

que “não há motores mais ecológi-

cos do que estes”. Este representan-

te da marca japonesa explica que

se trata de “carros que podem emi-

tir 89 gramas de CO2 para atmosfe-

ra, enquanto um automóvel a die-

sel pode vir a emitir 120 gramas por

quilómetro”, o que é “uma diferença

considerável”.

Luís Delgado explica que “a mar-

ca Toyota tem feito campanhas de

sensibilização em países mais pro-

blemáticos ao nível de poluição

para que haja uma maior adesão a

estes carros”. E os resultados estão à

vista, em diferentes países: “Os paí-

ses asiáticos e os Estados Unidos da

América são exemplos de uma for-

te adesão. Hoje é raro ver-se uma

série ou um fi lme onde não este-

ja presente um híbrido, tornou-se

um carro da fama dos famosos de

Hollywood. Na Europa, sobretudo

na Inglaterra, França e na Suíça, co-

meçam a ver-se imensos híbridos

nos centros urbanos. Em Espanha o

Governo está a dar um apoio espe-

cial aos taxistas para que comprem

estes carros ecológicos, o que é fan-

tástico”.

Em Portugal, os híbridos têm sido

uma aposta clara sobretudo no

seio familiar. As famílias começam

a entender aos poucos as vanta-

gens destes veículos. Segundo Jor-

ge Graça, outro comercial da mar-

ca Toyota, o Estado português tem

sido uma preciosa infl uência na

aquisição dos mesmos. “Os híbridos

não pagam tantos impostos como

pagam as viaturas convencionais,

os selos são mais económicos uma

vez que as emissões de CO2 são

mais reduzidas, o que torna o selo

mais barato.” Por outro lado, as fa-

mílias portugueses começam a de-

monstrar “consciência ambiental”, o

que as leva a adquirir este tipo de

veículos. “Em Abrantes, Torres No-

vas, Entroncamento e Tomar já se

começam a ver muitos”.

E no desporto automóvel?

Ao que apurámos junto destes

dois comerciais, os híbridos come-

çam a marcar presença no automo-

bilismo. “A Toyota está a preparar

um híbrido que vai correr, ao que

tudo indica, já este ano nas 24 ho-

ras de Leman, uma prova de refe-

rência do desporto automóvel. Vai

ser a primeira vez que uma mar-

ca vai apostar neste tipo de tecno-

logia. Um carro somente eléctrico

esteve este ano presente, pela pri-

meira vez no Dakar, o que repre-

sentou uma evolução. É bom saber

que neste tipo de automóveis des-

tinados a debitar potência e, logo,

muito poluentes, começa a surgir

uma sensibilidade para os híbridos

e para os eléctricos. Em 1996 nin-

guém pensava que esta nova di-

nâmica surgisse nos grandes cen-

tros urbanos, no desporto e nas fa-

mílias… O futuro passa sem dúvida

por aqui.”- fi nalizou Luís Delgado.

Joana Margarida Carvalho

“Os automóveis híbridos são o futuro”

• Luís Delgado e Jorge Graça são os vendedores da Toyota

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jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO2012 ESPECIAL AUTOMOBILISMO 15

“Eu não fui um homem dedicado ao desporto automóvel a 100%. Eu brinquei ao desporto automó-vel, como uma intenção: promover a marca”.

Martinho Jorge, dono da Mercar,

em Abrantes, tem um percurso di-

ferente da generalidade dos pilotos

que nas décadas de 70 e 80 acele-

ravam pelo país fora. Ainda como

vendedor da Renault, pensou em

entrar no mundo das corridas sim-

plesmente para se tornar conheci-

do. Quase 40 anos depois de ter ini-

ciado esta estratégia de promoção,

o “Martinho da Renault” conseguiu

o que queria: “Hoje toda a gente

sabe quem eu sou!”

Um ano antes do 25 de Abril che-

gou a Abrantes e não conhecia nin-

guém. Nessa altura já se faziam pro-

vas de autocross e imaginou que

uma boa forma de se promover se-

ria participar nessas provas, com

carros que tivessem o logotipo da

Renault e o seu próprio nome. Os

tempos eram muito diferentes e as

exigências em termos de mecânica

e de segurança não eram muitas: “As

preparações eram feitas em casa,

nas garagens de cada um.” Como é

que isso era feito? “Por mecânicos

amigos e por grupos de malta que

gostava de desporto automóvel. Era

uma forma de matar o tempo. Esta-

mos a falar em dois, três anos de-

pois do 25 de Abril. Era tudo muito

rudimentar, era tudo caseiro. Mon-

tava-se e desmontava-se um motor

numa noite para correr no outro dia.”

Martinho Jorge conta que esse

tipo de participação nas corridas

durou uma série de anos.

“Corríamos o país inteiro. Juntos,

íamos de Abrantes uns 11 carros.”

Apesar de não ser um homem total-

mete ligado às corridas, ainda parti-

cipou em várias provas. O objectivo

não era ganhar corridas, por isso diz

que nunca teve grandes classifi ca-

ções. Apenas um primeiro prémio,

mas já nem se recorda muito bem

onde foi, e alguns segundos e ter-

ceiros lugares.

Os tempos eram outros e tanto os

mecânicos como os outros vende-

dores participavam com gosto. “To-

dos os nossos mecânicos participa-

vam, sem haver dinheiros à cabeça.”

Martinho Jorge recorda vários co-

legas que partilharam com ele ex-

periências no mundo do desporto

automóvel, mas alguns em particu-

lar: “Naquela altura tinha um mecâ-

nico que era o meu grande amigo

Pancho, que era um homem sem-

pre bem-disposto, que trabalhava a

qualquer hora do dia e da noite. De-

pois tive um aprendiz de mecânico,

que era o Jorge, que me acompa-

nhou muito. Também fi z umas pro-

vas de velocidade, com o Canavi-

lhas e o Ricardo Padre Santo.” O car-

ro com que Martinho Jorge corria

era um Renault 5 vermelho, o seu

carro do dia-a-dia.

Quando as provas eram longe de

Abrantes, as mulheres juntavam-se

e iam ter com as equipas. “Comía-

mos aqui ou acolá, às vezes o pilo-

to conseguia uns fundos e pagava

o almoço.” O dono da Mercar conta

que isso durou uma série de anos,

até se profi ssionalizar o autocross.

“A partir da altura em que começou

a haver pneus especiais e viaturas

vindas de França, muito prepara-

das, eu e muitos como eu afastámo-

nos. Não havia cabimento, deixou

se ser um convívio.”

Recentemente, a convite de um

amigo, Martinho Jorge participou

nas 24 Horas de Fronteira. Foi com

uma 4L. “Dá para fazer as tais prepa-

rações caseiras. Ali não vamos para

ganhar, vamos para resistir 24 ho-

ras. Foi muito giro e fi quei altamen-

te satisfeito por ter participado.”

Mas agora o objectivo é só mesmo

o convívio, porque já não precisa

de se dar a conhecer: “Agora sou o

Martinho da Renault, ninguém me

conhece como Martinho Jorge.” Ob-

jectivo cumprido.

HCS

Aos 10 anos de idade con-

qusitou a taça de Portugal de

Kart na categoria de cadetes.

António Mendes, fi lho de Vi-

tor Mendes e neto de Santi-

nho Mendes é uma esperan-

ça no automobilismo. Ago-

ra com 11 anos de

idade o António

Mendes prepa-

ra-se para partici-

par no Campeona-

to Nacional Kart, ca-

tegoria juvenil, num

carro com chassis

CRJ e com motor

Iemme. Vai susbti-

tuir o campeão na-

cional da equipa, em

2011, que subiu de categoria.

De referir que, nesta moda-

lidade, Abrantes dipõe de

uma pista de karting em Ros-

sio ao Sul do Tejo.

É um espaço privado onde

podem acontecer provas,

aluguer para grupos ou alu-

gueres individuais. Por ou-

tro lado, o Kartódromo de

Abrantes promove também

outro tipo de eventos na área

dos automóveis como condu-

ção desportiva ou defensiva.

Aos 10 anos já tem uma Taça de Portugal de Kart

Participar nas corridas para promover a marca e o nome

e idade con-

e Portugal de

a de cadetes.

s, fi lho dede V VVii-

eto de SSanantit -

ma espereranan-

bilismo. AAgogo--

de

io

a-

ci-

ona-

rt, ca-

num

assis

otor

bti-

• António Mendes

• Martinho Jorge da Mercar

Page 24: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO201216 ESPECIAL AUTOMOBILISMO

“Nasci em Lisboa por acidente, vivi em Castelo Branco e foi no ano de 1962 que tudo começou. Os meus amigos eram amantes do automo-bilismo e eu decidi experimentar

A primeira corrida que fi z foi o Rali

de São Martinho. A minha presta-

ção superou todas as expectativas,

corri num Mini Cooper, fi quei bem

colocado, em oitavo ou nono lu-

gar. Percebi que tinha vocação para

os automóveis. Nesta altura, estava

a tirar o curso de arquitectura em

Castelo Branco e não o conclui pois,

como eu costumo dizer, não se con-

segue fazer bem mais de três coisas

ao mesmo tempo. Eu já andava a fa-

zer cinco ou seis (risos): a tropa, o

curso, os ralis, a agricultura, casei e

comecei a trabalhar. Tive de optar e

centrei-me no ramo automóvel. As-

sumi o cargo de director na Critoën,

fui mais tarde administrador na Siva

e há cerca de dez anos fi quei o pre-

sidente da Fiat em Portugal. Para

além destes cargos que assumi, te-

nho hoje uma concessão de auto-

móveis em Castelo Branco que ven-

de automóveis da marca Fiat. Fui

piloto mas agora sou um empreen-

dedor permanente e sem remédio,

pois aos 68 anos não consigo parar

de fazer novas coisas.

Como piloto a carreira fui crescen-

do rapidamente, fui fazendo cada

vez mais provas nacionais e inter-

nacionais. Tive o meu melhor ano

em 1969, num Critoën DS, ganhei

a volta a Portugal e o Rali Interna-

cional TAP. No Campeonato Nacio-

nal de Velocidade também atingi o

pódio em primeiro lugar no BMW

2002. Nas provas internacionais

ganhei o Rali das Rias Baixas, em

Vigo. Não ganhei por um triz o Rali

de Marrocos, dei uma bela camba-

lhota no Rali dos Alpes Austríacos

e em África por pouco não venci o

Rali Internacional do BNU. Em Mo-

çambique apanhei um valente sus-

to: fi z um looping completo, ia com

o carro em constante derrapagem,

de seguida fi z a manobra de emer-

gência e o carro saiu da estrada, sal-

tou tudo, as portas, as janelas, enfi m

Eu fi quei bem, mas não sei como. A

última prova que fi z foi as 24 horas

de Fronteira, no Alentejo em 2001,

onde desisti nos últimos 40 minu-

tos.

Aqui na região participei numa sé-

rie de provas, sempre em compe-

tição com o meu amigo Santinho

Mendes. Participámos na Primei-

ra Maratona de Portalegre, no Au-

tocross de Abrantes e explorei aqui

também uma outra faceta minha,

de organizador de provas. Fui eu

que introduzi em Portugal as pro-

vas de Pop cross e em Abrantes,

a meu pedido, foi feita uma pis-

ta. Hoje essa tradição em Abrantes

morreu, é uma pena que haja pes-

soas interessadas em trabalhar e

nada se faz .

Sempre fui um apaixonado por

esta zona. Tenho uma residência

em Alvega, onde faço agricultura,

sou o presidente da Associação de

Regantes da localidade e tenho pre-

visto um projecto de turismo rural

para esta zona. A intenção é cons-

truir 12 casas de campo e um per-

curso junto ao rio Tejo para jipes,

velocípedes, cavalos entre outros

meios. Concorri já com os dois pro-

jectos que foram aprovados e um

com fi nanciamento no GAL (Gru-

po de Acção Local) Tagus e na Câ-

mara Municipal de Abrantes. Estou

a aguardar o fi nanciamento bancá-

rio para arrancar com este projecto,

que vai representar uma mais-valia

turística para a região, e ainda estou

avaliar a hipótese de construir uma

nova pista. Era algo que queria real-

mente concretizar”.

Recolha por: Joana Margarida Carvalho

40 ANOS DE DESPORTO AUTOMÓVEL

Francisco Romãozinho, o mestre do automobilismo

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Page 25: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO2012 REGIONAL 17

“É preciso estar de olho vivo”À hora marcada – 21h12 – Frei Ben-to Domingues, um homem católico que estuda as questões teológicas e se preocupa com as questões so-ciais, iniciou a sua conversa com os abrantinos.

Era uma sexta-feira fria de Janeiro e

a sala estava cheia, com gente de to-

das as idades. Ninguém arredou pé

enquanto o orador falava da crise e

dos seus efeitos. Para concluir, entre

outras ideias, que “a excitação do de-

sejo é o principal problema da crise”.

Frei Bento Domingues falou du-

rante cerca de duas horas, em pé,

dirigindo-se a quem o quis ouvir,

olhando as pessoas nos olhos, inte-

ragindo com elas. Com o seu livro

“Falidos” na mão, contou anedotas,

recordou passagens da Bíblia, citou

fi lósofos e falou de histórias da vida

das pessoas. Com aparente ligeire-

za, abordou coisas sérias. Criticou

os bancos e a publicidade por te-

rem promovido a tal “excitação do

desejo” através do constante apelo

“comprem, comprem, comprem”;

criticou a comunicação social por

distorcer a realidade.

“Há uma veneração da banca,

uma reverência ao dinheiro”, diz

Frei Bento Domingues. E depois,

quando a crise se tornou evidente,

veio “uma Trindade chamada Troi-

ka”. E o que é que se tem feito? “Cor-

taram umas coisas muitíssimo bem

porque havia muito desperdícios”,

mas também emagreceram os que

já estavam magros.

“As coisas não estão repartidas” -

garante Frei Bento Domingues. Su-

blinha que em Portugal o valor da

solidariedade tem sido “uma coisa

fabulosa”, mas receia que as pes-

soas deixem de ter condições para

partilhar. Por isso, sugere que, num

tempo de crise, os cidadãos exijam,

localmente, justiça social. “Devem

contribuir e exigir responsabilida-

des a quem as tem.”

Agora, Frei Bento Domingues de-

fende que é preciso renegociar a

dívida porque “é impossível pagar

tudo de repente”. E quando lhe di-

zem que “cada português deve não

sei quanto”, reage: “Eu não devo

nada!” Para este homem religioso,

“a grande crise é andarmos nesta

lei do pêndulo: agora mandas tu;

agora mando eu; agora vai para a

direita; agora vai para a esquerda”.

E “nunca se vai em frente”.

Frei Bento Domingues foi o se-

gundo convidado das Conferências

do Liceu, uma iniciativa do Agrupa-

mento de Escolas Dr. Manuel Fer-

nandes e da Associação Cultural

Palha de Abrantes. As sessões são

apresentadas e conduzidas por alu-

nos. Desta vez, fi cou no ar um con-

selho que é importante para to-

dos, mas que faz sobretudo sentido

para os mais novos: “Não é preciso

estar de pé atrás, mas é preciso es-

tar de olho vivo.” O próximo convi-

dado será Fernando Catroga.

H.C.S.

FREI BENTO DOMINGUES, SEGUNDO CONVIDADO DAS CONFERÊNCIAS DO LICEU

O Instituto Politécnico de

Tomar (IPT) tem já quatro

docentes com o título de es-

pecialista. Este é um novo

grau da carreira docente,

que resulta de um processo

recente nas instituições de

ensino superior politécnico

e que valoriza a experiência

profi ssional dos professores

ligados ao mercado do tra-

balho. Até ao momento, os

docentes que obtiveram o

título fi zeram-no em áreas

tão diversifi cadas como os

Audiovisuais e Produção dos

Media, a Engenharia Mecâni-

ca - Tecnologias Energéticas

e Fluídos, a Concepção Grá-

fi ca/ Design Gráfi co e a Elec-

tricidade e Energia.

O título de especialista é

atribuído nas áreas em que

a instituição ministra a for-

mação, mediante aprovação

em provas públicas, a rea-

lizar pelos candidatos, nos

termos e condições defi ni-

das na lei e no regulamen-

to da instituição. As provas

podem ser requeridas numa

das áreas defi nidas na Clas-

sifi cação Nacional das Áre-

as de Educação e Forma-

ção previstas na Portaria n.º

256/2005, de 16 de março,

ou noutra área, desde que,

em ambos os casos, corres-

pondam a áreas de forma-

ção ministradas no IPT ou no

consórcio de que este faça

parte. Contudo, a instituição

pode, ainda, atribuir o títu-

lo de especialista, no âmbi-

to de consórcios com outros

institutos politécnicos de

que faça parte, desde que

três desses institutos minis-

trem formação na área do tí-

tulo, assim como nas condi-

ções e termos que estiverem

fi xados pelo consórcio.

As provas públicas são

constituídas pela apreciação

e discussão do currículo pro-

fi ssional, pela apresentação

e discussão de um trabalho

de natureza profi ssional no

âmbito da área em que con-

correm, preferencialmente,

sobre um trabalho ou obra

do currículo profi ssional. Po-

dem solicitar a realização das

provas, apresentando um

requerimento, os docentes

que, cumulativamente, pos-

suam formação inicial supe-

rior, um mínimo de 10 anos

de experiência profi ssional

no âmbito da área em que

prestam provas e um currí-

culo profi ssional de qualida-

de e relevância comprovada

para o exercício da profi ssão

na área em causa. O título de

especialista é titulado por

certifi cado emitido pelo IPT,

referindo obrigatoriamente,

as restantes instituições que

conferem o título.

O título de especialista sur-

ge como um instrumento

para valorizar o papel dos

institutos politécnicos, que,

para além de um ensino de

vocação, essencialmente,

profi ssionalizante, passa-

riam também a poder reco-

nhecer currículos profi ssio-

nais relevantes.

Título de especialista já é uma realidade no IPT

Page 26: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO2012

Henrique Prudêncio e

Pedro Almeida são dois jo-

vens alunos da licenciatura

em Vídeo e Cinema Docu-

mental, na Escola Superior

de Tecnologia de Abrantes

(ESTA). Ambos frequentam o

segundo ano e nutrem a pai-

xão pelo cinema. Mas os as-

pectos que têm em comum

não se fi cam por aqui. Os dois

estudantes venceram dois

concursos de cinema en-

quanto estudantes da ESTA.

Henrique Prudêncio ga-

nhou o seu primeiro prémio

enquanto frequentava o en-

sino secundário e o prémio

foram cinco livros. No fi nal

do ano passado, o estudan-

te de 20 anos concorreu ao

Concurso de Vídeo Fundação

INATEL e viu a sua curta-me-

tragem premiada na cate-

goria “Jovem Realizador”. A

curta-metragem premiada

é a fi cção “Adeus Amor”, “re-

alizada com o propósito de

participar no concurso”, mas

desta vez o “prémio foi mo-

netário” e teve outro sabor,

explica Henrique ao Jornal

de Abrantes. “Estava inde-

ciso no curso superior que

queria enveredar e foi este

fi lme que me fez regressar

ao cinema”, porque antes

de ingressar na ESTA, Hen-

rique tinha frequentado o

curso de teatro na escola de

Teatro de Cascais. Neste fi l-

me premiado juntou o que

aprendeu no curso de tea-

tro e além de realizar e pro-

duzir também é actor. A aju-

dar na produção de “Adeus

Amor” esteve uma amiga e

Pedro Almeida, igualmente

aluno da ESTA no curso de

Vídeo e Cinema Documental.

Pedro Almeida também foi

premiado com o seu fi lme

“Um Dia Como Outros”, ten-

do ganho o prémio de me-

lhor documentário no con-

curso “One Minute Movie Fes� val” que decorreu em

Braga em Dezembro de 2011.

Ao contrário de Henrique

Prudêncio, esta curta-me-

tragem nasceu em contex-

to académico e foi retocado

tendo em conta os requi-

sitos do festival, entre eles

o fi lme a concurso não po-

dia exceder os 60 segundos.

Em 2009 Henrique Prudên-

cio criou a empresa “Produ-

ções Sem Nome” com a qual

Pedro Almeida também co-

labora. “Juntei uma equipa

de pessoas e já temos vários

planos para o futuro. Breve-

mente vamos começar a dis-

ponibilizar na internet a sec-

ção de documentários”, re-

fere o estudante de Paço de

Arcos. O salto para Abrantes

foi grande e trouxe mudan-

ças, mas Henrique não se ar-

repende: “Sabe-me bem esta

calma de Abrantes”. E rema-

ta dizendo que a ESTA “tem

bom material disponível e

bons professores”.

André Lopes

18 CULTURA

A Igreja Matriz de SardoalLUGARES COM HISTÓRIA

TERESA APARÍCIO

A TVI, no dia 11 de Dezembro, transmi-tiu, da Igreja Matriz do Sardoal, a Eucaris-tia Dominical e assim, muitas pessoas, por esse país fora, puderam fi car a conhecer um pouco este magnífi co templo da nos-sa região, que merece uma visita atenta e demorada.

Embora não se saiba ao certo a data da

sua construção, o arco em ogiva do por-

tal principal e de duas portas laterais, bem

como uma pequena rosácea já sem vitrais,

se é que alguma vez os teve, remetem a

sua construção para o gótico fi nal, por-

tanto para fi nais do século XIV ou princí-

pios do século XV. Sabe-se que uma carta

do bispo da Guarda, datada de 1456, refe-

re que os fregueses eram obrigados a fa-

zer obras de vulto na sua igreja, que já se

encontrava bastante danifi cada, depre-

endendo-se daqui que, na altura, já não

era uma construção recente. Depois des-

te muitos outros restauros e modifi cações

se sucederam ao longo dos anos. A torre

em agulha só lhe foi acrescentada no sé-

culo XVII, fi cando a ocupar parte do lado

esquerdo da fachada.

O interior está dividido em três naves,

com cobertura de madeira. A capela-mor

ostenta um belo retábulo de talha dou-

rada e as suas paredes laterais estão to-

talmente revestidas com dois interessan-

tes painéis de azulejos, do início do sécu-

lo XVIII, representando, o do lado direito, S.

Tiago combatendo os Mouros e o do lado

esquerdo a Aparição da Virgem aos Cava-

leiros de S. Tiago. Sobre o arco que dá en-

trada a esta capela, encontra-se uma bela

imagem de Cristo crucifi cado e do lado es-

querdo do mesmo arco, numa pequena

mísula, está uma Virgem da Piedade, com

o Filho morto no regaço, escultura ainda

com traços góticos, por certo a imagem

mais antiga desta igreja.

Mas as peças mais famosas não só deste

templo, mas até da vila do Sardoal, são as

pinturas chamadas do chamado Mestre do

Sardoal. Foram trazidas a público pelo Dr.

João Couto, nos fi nais da década de trin-

ta do século XX. Numa altura em que visi-

tou o Sardoal, a convite do Dr. David Serras

Pereira, foi encontrá-las na Casa da Irman-

dade do Santíssimo, situada por baixo da

capela-mor da igreja. Situou-as no tempo

como sendo do início do século XVI, es-

tando integradas nos chamados “Primiti-

vos Portugueses” e como sendo parentes

próximas de outras obras suas conhecidas,

como a Assunção da Virgem, do Museu

Machado de Castro de Coimbra.

Nestas tábuas, que muito provavelmente

pertenceram a um antigo retábulo, estão

representados: o busto de Cristo, o busto

de S. Pedro, o busto de S. Paulo, a Virgem

da Anunciação, o Anjo Gabriel, S. João

Baptista e o que foi durante muito tem-

po considerado S. João Evangelista, mas

que o padre Francisco Valente defende,

com fundamentos sólidos, ser S. Mateus,

precisamente um dos oragos desta igreja.

Sabe-se hoje que foram feitas nas ofi cinas

de Vicente Gil e Manuel Vicente, pintores

da Coimbra Manuelina e na sua execução

revela-se uma qualidade diferenciada, sa-

lientando-se pela positiva, a tábua que re-

presenta o busto de Cristo, com um traba-

lho superior a qualquer das outras.

Depois da sua descoberta, já saíram vá-

rias vezes do Sardoal, para participarem

em exposições importantes – em 1940 na

Exposição do Mundo Português, em 1971

na Exposição de Pintura dos Mestres do

Sardoal e Abrantes, na Fundação Calouste

Gulbenkian e em 2003 numa exposição

em Coimbra, Capital Nacional da Cultura.

Hoje, podemos admirá-las na capela do

Sagrado Coração de Jesus, ao nosso lado

esquerdo, quando se entra na igreja.

Bibliografi a:

Gonçalves, Luís Manuel, “Sardoal do Passado ao

Presente”, edição da C.M. Sardoal, 1992

Valente, Francisco, “A Sétima Tábua do Políptico do

Sardoal – Nova leitura”, Revista Zahara nº 4.

Alunos da ESTA aliam fascínio pelo cinema aos prémios alcançados

A I Edição do INDEX - Festi-

val de Cinema e Experimen-

tação, a realizar nos dias 30

e 31 de Março e 1 de Abril

no CineTeatro São Pedro,

em Abrantes, será o primei-

ro evento organizado pela

VASTAPLATEIA – Associa-

ção Cultural Pela Arte Expe-

rimental. Com um progra-

ma dedicado aos fi lmes na-

cionais experimentais mais

recentes na competição na-

cional, o evento aposta tam-

bém nos videoclips musicais

experimentais e curtas de

animação, com retrospecti-

vas, workshops, exposições,

concertos e instalações.

O principal objectivo do Fes-

tival é não só cultivar uma

cultura experimental qua-

se inexistente em Portugal,

como também sensibilizar

a educação universitária a

apostar mais neste ramo ci-

nematográfi co.

Dentro deste panorama,

serão reforçadas as vanguar-

das que surgiram recente-

mente na arte, nomeada-

mente na música portugue-

sa. Com isto, a abertura do

Festival (dia 30 de Março)

será dedicada ao espectácu-

lo musical, voltado para um

género mais experimentalis-

ta. Mais informação está dis-

ponível em http://indexfesti-

val.vastaplateia.pt/

Festival de Cinema e Experimentação em Abrantes

• Henrique Prudêncio o jovem premiado

Page 27: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO2012 SAÚDE 19

Alimentação (culinária) saudável:É tudo uma questão de planeamento

Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Publica do ACES do Zêzere

Decidir que pratos preparar para

o pequeno-almoço, almoço e jan-

tar durante sete dias seguidos pode

ser difícil. Afi nal de contas envol-

ve ter em consideração o que cada

membro da família gosta e não gos-

ta (barrigas satisfeitas signifi ca zero

desperdício de alimentos, para não

falar em esforço desnecessário!),

uma boa e adequada nutrição (a es-

tratégia mais simples é incluir vege-

tais nos pratos principais e ter uma

boa variedade de antioxidantes -

frutas frescas à mão) e as habilida-

des de cozinheiro(a) de cada um.

Este último item é fundamental.

Jogue com as suas forças e com as

oportunidades!

Nos dias úteis (dias de trabalho),

cozinhe pratos que pode prepa-

rar mesmo com os olhos fechados.

Guarde as receitas mais complexas

para o fi m-de-semana.

Depois de elaborar a ementa pode

passar para as próximas etapas de

fazer uma lista de compras, planear

receitas que envolvem preparações

mais difíceis, e mesmo considerar o

que fazer com sobras.

Pode parecer difícil, mas com a

prática, vai descobrir que fazer a

elaboração prévia de uma ementa

pode muitas vezes salvar o dia.

Experimente elaborar uma emen-

ta de quatro semanas para a sua fa-

mília e veja como funciona. Quan-

do esgotar estas quatro semanas

de pratos e ideias, tente criar ou-

tra ementa mas desta vez com o

envolvimento de toda a família.

Planear com antecedência e bem

as suas refeições – é o nosso expe-

rimentado e testado conselho para

uma alimentação (culinária) saudá-

vel e sem problemas todos os dias.

Para fi nalizar uma sugestão para a

ementa de quatro semanas: Creme de Ervilhas com Coentros.

Ingredientes (4 Pessoas)200 g de ervilhas em grão (podem

ser congeladas)

1 cenoura

1 batata pequena

2 dentes de alho

1 raminho de coentros

1 colher de sopa de azeite

sal

Modo de preparaçãoLave e raspe a cenoura, lave e des-

casque a batata e os alhos e corte

tudo em bocados. Lave e prepare

os coentros.

Numa panela com a água neces-

sária, leve a cozer a cenoura, a bata-

ta e os alhos juntamente com as er-

vilhas e os coentros.

Junte uma pitadinha de sal.

Depois de cozidos, tempere com

o azeite e reduza tudo a puré com

a varinha.

Se necessário, pode-se passar o

creme por um passador de rede,

para reter as casquinhas da ervilha.

João Paulo PalrilhaCoordenador do PNSE da USP do

ACES do Médio Tejo II – Zêzere

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SAÚDE É ...

Page 28: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO201220 CULTURA

A Biblioteca Municipal de Abrantes tem em exposição 26

quadros de pintura de Massimo Esposito que podem ser vis-

tos até 10 de Fevereiro de 2012. “Massimo Esposito, pintor ita-

liano, 25 anos em Portugal” é composto por várias obras con-

cebidas à base de óleo sobre tela com aplicações variadas que

representam os “25 anos em Portugal” do pintor. Encontra-se

também exposto o projecto “Wings of Freedom”, onde Mas-

simo Esposito refl ecte sobre “a liberdade e os problemas que

afectam a humanidade”, com obras feitas a partir de óleo so-

bre cortiça.

O pintor nasceu em Itália em 1957, mas desde 1986 que tem

residência em Portugal, tendo realizado a sua primeira exposi-

ção em Benavente no ano de 1987. Desde então o pintor tem

mostrado o seu trabalho por várias localidades do país e até já

expôs na Índia e no Brasil. A exposição em Abrantes pretende

comemorar os 25 anos do pintor em Portugal.

Abrantes Até 31 de Janeiro – Exposição “O Desporto Automóvel em

Abrantes” – Arquivo Municipal Eduardo Campos

Até 31 de Janeiro – Feira de Artesanato Urbano – Mercado

Criativo

Até 10 de Fevereiro – Exposição “Massimo Esposito: Pintor Ita-

liano, 25 anos em Portugal” – Biblioteca António Botto

Até 15 Maio – Exposição “O Azulejo em Abrantes – Um per-

curso de 5 séculos” – Museu D. Lopo de Almeida, Castelo de

Abrantes

28 de Janeiro a 24 Fevereiro – Exposição “José D´Alexandre,

Cardoso & Rocha – Companheiros de Viagem” - Galeria Muni-

cipal de Arte

28 de Janeiro a 29 de Fevereiro – Exposição “Fantasmagor Ias

Continuam”, de Tozé Cardoso – São Lourenço

2 de Fevereiro – Encontro com a escritora Palmira Martins – Bi-

blioteca António Botto, 10h30 e 14h

3 de Fevereiro – Concerto com Mafalda Arnauth, apresentação

de “Fados de vários Portos” - Cine-teatro São Pedro, 21h30

4 de Fevereiro – Teatro “As Bruxinhas e a Flauta Mágica”, pelo

Grupo Palha de Abrantes - Cine-teatro São Pedro, 15h 8 de Fevereiro – Encontro com a escritora Paula Araújo – Bi-

blioteca António Botto, 10h30

14 de Fevereiro – “A menina Dança?” música com F&M – Cine-

teatro São Pedro, 15h

Cinema Espalhafi tas, Cine-teatro São Pedro, às 21h30:

1 de Fevereiro – A solidão dos Números Primos

4 de Fevereiro – Um Gato sem Nome e Outros Filmes

8 de Fevereiro – Melancolia

15 de Fevereiro – Crazy Horse”

Barquinha Até 31 de Janeiro – Mostra bibliográfi ca sobre António Lobo

Antunes – Biblioteca Municipal 31 de Janeiro e 7, 14 e 28 de Fevereiro – Workshop de Ilus-

tração Infantil pelo formador João Nunes – Casa da Hidráulica,

19h às 22h - Gratuito

4 de Fevereiro – Palestra “Arte Rupestre na Bacia Hidrográfi ca

do Médio Tejo”, com Fernando Augusto Coimbra – Centro Cul-

tural, às 17h

4 a 11 de Fevereiro – Exposição “Arte Rupestre do Pinhal Inte-

rior”, painéis fotográfi cos – Centro Cultural, das 9h às 12h30 e

das 14h às 17h30

Constância Até 31 de Janeiro – Mostra Bio-bibliográfi ca de Tomas Trans-

tromer – Biblioteca Alexandre O´Neill

Até 5 de Fevereiro – Exposição colectiva de Aguarela – Posto

de Turismo, das 9h às 18h

1 a 28 de Fevereiro – Mostra Bio-bibliográfi ca de Lesley Pearse

- Biblioteca Alexandre O´Neill

11 de Fevereiro a 4 de Março – Exposição “Um Olhar obre

Constância”, fotografi a de Paulo Sousa – Posto de Turismo

24 de Fevereiro – Grupo de Leitura sobre Carlos Ruiz Zafón - Bi-

blioteca Alexandre O´Neill, 21h

DVDteca à Sexta – Biblioteca Alexandre O´Neill, às 15h:

3 de Fevereiro – A Lenda de Despereaux

10 de Fevereiro – P. S. Amo-te

17 de Fevereiro – Diário de Sofi a

Mação Até 3 de Fevereiro – Exposição sobre António Lino Neto - Átrio

do Edifício dos Paços do Concelho

5 de Fevereiro – Comemorações do 150 aniversário da Filar-

mónica União Maçaense

Sardoal Cinema – Centro Cultural, 16h e 21h30:

28 de Janeiro – A Saga Twilight – Amanhecer

4 de Fevereiro – Missão Impossível – Operação Fantasma

18 de Fevereiro – Ano Novo, Vida Nova

AGENDA DO MÊS

Mafalda Arnauth encontra-se com o fado em Abrantes

Mação dá a conhecer António Lino Neto

O fado de Mafalda Arnauth vai ouvir-se em Abrantes

num concerto inserido na digressão “O mar fala de ti - His-

tória de um encontro”. O Cine-teatro recebe a fadista no

dia 3 de Fevereiro, pelas 21h30.

Para este concerto Mafalda Arnauth tem como convi-

dados o músico argentino Ramón Maschio e o pianista

Hélder Godinho, que acrescentam à voz da fadista a gui-

tarra clássica e o som profundo do piano.

Com um repertório que passa pelos temas criados em

conjunto, temas com histórias especiais que pretendem

partilhar com o público, temas de outros autores que ser-

viram de inspiração às suas próprias obras, “O mar fala de

ti – História de um encontro” será um momento “inesque-

cível na vida de todos os que nele participarem, porque é

de vida real, partilhada e celebrada, que se trata”.

Mafalda Arnauth é um dos nomes incontornáveis do

chamado “Novo Fado”. O seu percurso na música já inclui

seis álbuns e várias participações em projectos estrangei-

ros e portugueses. Depois desta série de concertos por

auditórios nacionais, a fadista dedicar-se-á à preparação

de um novo álbum, ainda sem data de lançamento.

O Município de Mação homena-

geia António Lino Neto numa ex-

posição até dia 3 de Fevereiro. An-

tónio Lino Neto foi um homem que

se destacou na política, no ensino e

na Igreja, durante a 1ª metade do

século XX. Natural de Mação, Antó-

nio Lino Neto foi professor catedrá-

tico, deputado, presidente da Câ-

mara dos Deputados e director do

jornal “A União”. A exposição pode ser vista do edifício dos Pa-

ços do Concelho, de Segunda a Sexta-feira, das 9h às 12h30 e

das 14h às 17h30.

Massimo Esposito celebra 25 anos em Portugal

O Grupo Cultural Palha

de Abrantes organiza em

Constância uma exposi-

ção colectiva de Aguare-

la. O Posto de Turismo da

vila é o local onde pode

ver expostos trabalhos

de Maria da Luz Marcos,

Maria Isabel Dias, Gabriel

Margarido, Fernanda

Andrade e António Trin-

dade. Uma exposição

disponível até 5 de Feve-

reiro, nos dias úteis das

9h às 18h e ao fi m-de-

semana das 10h às 13h e

das 14h às 18h. Também no Posto de Turismo de Constância,

de 11 de Fevereiro a 4 de Março, Paulo Sousa apresenta uma

exposição fotográfi ca “Um Olhar sobre Constância”. A inaugu-

ração desta mostra é no dia 11 de Fevereiro, às 16h.

Posto de Turismo de Constância expõe aguarela e fotografi a

ABRANTES: Ed. S. Domingos - Rua de S. Domingos – 336 – 2º A – Apart. 37Tel. 241 372 831/2/3 – Fax 241 362 645 - 2200-397 ABRANTES

LISBOA: Rua Braamcamp – 52 – 9º EsqºTel. 213 860 963 – 213 862 922 - Fax 213 863 923 - 1250-051 LISBOA

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• Paulo Sousa

Page 29: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO2012 CULTURA 21

O Centro Cultural Gil

Vicente, em Sardoal, vai ter

em cada mês duas sessões

de cinema no primeiro tri-

mestre do ano. Do cartaz

fazem parte fi lmes de vá-

rios géneros e para todas

as idades. Em Janeiro o fi l-

me “A Saga Twilight - Ama-

nhecer”, será exibido dia 28

de Janeiro. No mês seguin-

te serão exibidos “Missão

Impossível – Operação Fan-

tasma”, dia 4 de Fevereiro e

“Ano Novo, Vida Nova – Em

Contagem Decrescente”,

dia 18 de Fevereiro. O fi l-

me infantil “O Gato das Bo-

tas” será exibido a 11 de Março e “Moneyball” a 17 do mes-

mo mês. Por fi lme haverá duas sessões, uma às 16 horas e

outra às 21h30, excepção feita ao fi lme “O Gato das Botas”

que terá apenas uma exibição às 16 horas.

O Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha tem patente

de 4 a 11 de Fevereiro uma exposição documental de “Arte

Rupestre do Pinhal Interior”. Esta mostra, composta por 22

painéis fotográfi cos, pretende divulgar a arte rupestre sob

a forma de gravuras cravadas na rocha, assim como apelar

para a problemática da conservação desta arte e a neces-

sidade de a proteger.

No dia da abertura da exposição, 4 de Fevereiro, haverá

uma palestra subordinada ao tema “Arte Rupestre na Ba-

cia Hidrográfi ca do Médio Tejo”, com Fernando Augusto

Coimbra. No Centro Cultural a exposição está aberta das

9h às 12h30 e das 14h às 17h30 e a palestra acontece às

17 horas.

Barquinha mostra a “Arte Rupestre Do Pinhal Interior”

Sessões de cinema no Centro Cultural de Sardoal Anabela Maia - locutora

na Rádio Antena LivreAnabela Salgueiro Maia está na An-

tena Livre de alma e coração todas as

madrugadas. Porque gosta de músi-

ca, porque lhe foi feito o convite e por-

que, segundo contou ao JA, “as músi-

cas, quando são ouvidas à noite, têm

uma intensidade maior, por isso par-

tilhá-las com os ouvintes, a essa hora,

é um prazer redobrado”. Anabela Maia

nasceu em Tramagal onde, na adoles-

cência, pela mão de amigos, visitou a

rádio local pela primeira vez, fi cando

fascinada com as máquinas, gravado-

res, microfones e também com a agi-

tação que se vivia naquele local. Du-

rante dias só pensava em tudo aqui-

lo: “Não conseguia parar de pensar em

mais nada, até que pedi para fazer um

teste de voz, gostaram e acabei por fi -

car a colaborar. Na altura, aquela que

é agora a Tágide chamava-se ainda Rá-

dio Tramagalense e fi quei a ler as notí-

cias, que na altura eram feitas de for-

ma muito arcaica. Comprávamos os

jornais, recortávamos as notícias mais

importantes e íamos lê-las ao microfo-

ne, sempre dois a dois”. Depois de al-

guns anos, a locutora das madrugadas

Antena Livre fez da rádio a sua profi s-

são, seguindo entretanto outros rumos

profi ssionais ligados à área da contabi-

lidade.

A viver na cidade de Abrantes des-

de 1997, a sua natural apetência pelo

ser humano e para tratar dos outros

levou-a a fazer o curso de Serviço So-

cial, que está mesmo a terminar. Em si-

multâneo, já começou um novo curso

de Psicologia. Quanto à rádio, Anabela

Maia adianta: “Enquanto a minha vida

pessoal e profi ssional o permitir, nun-

ca deixarei a rádio. Faz parte de mim e

é bom estar a fazer emissão de madru-

gada e ter o feedback de muitos ou-

vintes que me ouvem não só na região

centro do país em 89.7 fm ou online,

além fronteiras em www.antenalivre.

pt. Já neste mês de Dezembro, um ou-

vinte do Pego, que está emigrado, es-

creveu no facebook da rádio dizendo

que me ouvia todos os dias e que era

uma forma de se sentir ligado à terra.

Isto é o melhor que se tem quando se

faz rádio”.

AS CARAS DA RÁDIO

Emissão com Anabela Maia: Das 00h30 às 04h00

Page 30: JAJANEIRO2012

jornaldeabrantes

JANEIRO/FEVEREIRO201222 PUBLICIDADE

CARTÓRIO NOTARIALDE DEOLINDA CARVALHO SATURNINO PASCOAL

RIO MAIOR

- Certifi co narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura de hoje, iniciada a folhas onze do livro de notas vinte e oito – H deste Cartório, ACÁCIO DA CONCEIÇÃO MACHADO, NIF 126 759 901, natural da freguesia de Souto do concelho de Abrantes, e mulher MARIA IDALINA LOPES DUARTE MACHADO, NIF 117 206 482, natural da freguesia de São João da Ribeira do concelho de Rio Maior, casados no regime de comunhão de adquiridos, residentes na Travessa João Alves, n.º 5, 5.º Esq. Ajuda, Lisboa, DECLARARAM:- Que, ele é dono e legitimo possuidor, com exclusão de outrem, dos seguintes imóveis, todos situados na freguesia de Fontes do concelho de Abrantes:- UM – prédio rústico composto por pinhal, sito em Vale Formoso, com área de nove-centos e vinte metros quadrados, a confrontar do norte com Agostinho Silva e caminho, sul com ribeira, nascente com João Nascimento Jesus Pedro e do poente com Arlindo Pimenta Mendes, inscrito na matriz predial respectiva sob o artigo 90 da Secção AF,com o valor patrimonial IMT de €30,12;- DOIS – prédio rústico composto por horta, pessegueiros e mato, sito em Horta da Ribeira, com a área de duzentos e quarenta metros quadrados, a confrontar do norte com Manuel António Júnior e caminho, sul com Francisco Vicente Silva, nascente com Adelino Pedro Alfaiate e do poente com Joaquim Rosa Mendes, inscrito na matriz predial respectiva sob o artigo 152 da Secção AG, com o valor patrimonial IMT de €30,12;- TRÊS – prédio rústico composto por pinhal, sito em Portelinha, com a área de mil cento e vinte metros quadrados, a confrontar do norte com Adelino Alves, sul e poente com Manuel Soares Machado Júnior e do nascente com Martinho Mendes, inscrito na matriz predial respectiva sob o artigo 3 da Secção AF, com o valor patrimonial IMT de €84,19;- QUATRO – prédio rústico composto por fi gueiras, olival, cultura arvense e oliveiras, sito em Vale, com a área de seiscentos e quarenta metros quadrados, a confrontar do norte com Adelino Pedro Alfaiate, sul com Manuel António Júnior, nascente com estrada e do poente com José Pedro Alves, inscrito na matriz predial respectiva sob o artigo 176da Secção AG, com o valor patrimonial IMT de €48,04; - e- CINCO – prédio rústico composto por mato, sobreiros, cultura arvense e oliveiras, sito em Barroco do Rodrigo, com a área de dois mil e duzentos metros quadrados, a confrontar do norte com Jaime Maria André, sul com Emília da Conceição Machado, nascente com José Maria Alves e caminho e do poente com António Mendes, inscrito na matriz predial respectiva sob o artigo 285 da Secção AH, com o valor patrimonial IMTde €37,50.- Todos estes prédios, aos quais atribui valor igual ao indicado do valor patrimonial, no global de duzentos e vinte e nove euros e noventa e sete cêntimos, se encontram omissos na Conservatória do Registo Predial de Abrantes; - e- Os mesmos vieram à posse dele, no anterior estado de solteiro, por doação meramente verbal que lhe foi feita, cerca do ano de mil novecentos e cinquenta e oito, por seus pais Maria Rosa da Conceição e João Machado, cujo óbito, por lapso, quanto aos bens das verbas um a quatro, motivou a alteração administrativa da titularidade da inscrição matricial para João Machado _ Cabeça de Casal da Herança de; sendo que os doadores, por sua vez, haviam adquirido todos os sobreditos bens por partilha meramente verbal efectuada por acordo com todos os demais interessados por óbito do pai dele, Manuel Alfaiate, casado com Emília Pires, todos presentemente falecidos, casados que foram no regime de comunhão geral, com residência habitual em Fontes, Abrantes.- Que, assim, desde aquela data, possui os prédios, há mais de vinte anos, em nome próprio, usufruindo dos mesmos e como tal suportando os respectivos encargos da sua conservação e defesa, cultivando-os, colhendo os seus frutos, pagando os respectivos impostos e contribuições, posse que sempre foi exercida por ele de forma a considerar tais bens como seus, sem interrupção, intromissão ou oposição de quem quer que fosse, à vista de toda a gente do lugar e de outros circunvizinhos, sempre na convicção de exercer um direito próprio sobre coisa própria. Esta posse, assim exercida, deve-se reputar de pública, pacífi ca e contínua. Por tal motivo e muito embora não possa exibir o respectivo título de aquisição, o certo é que adquiriu os mencionados bens para seu património, por usucapião, que o justifi cante invoca, por não lhe ser possível provar pelos meios extrajudiciais normais.Rio Maior, 27 de Dezembro de 2011

A NotáriaDeolinda Carvalho Saturninoo Pascoal

(em jornal de Abrantes, edição 5492 de Janeiro de 2012)

CABEÇA DAS MÓS – SARDOAL

Delmira de JesusN. 10-10-1928 - F. 18-12-2011

AGRADECIMENTOSeu fi lho, esposa e netos, agradecem a todos os que aju-daram em vida esta ente querida, nomeadamente os seus familiares, Santa Casa da Misericórdia de Sardoal, IPO de Coimbra, bem como a todos os que a acompanharam até à sua última morada.

ABRANTES

Amândio dos Santos Charneca

N. 03-09-1940 F. 20-12-2011

AGRADECIMENTO

Sua família vem por este meio agradecer a todas as pessoas que se dignaram a acompanhar o seu ente querido à sua última morada no cemitério dos Cabacinhos em Abrantes ou que de qualquer outra forma lhe manifestaram o seu pesar.

ABRANÇALHA DE BAIXO – ABRANTES

António Rodrigues ChaleiraN.12-04-1928 - F. 10-12-2011

AGRADECIMENTOSeus fi lhos, noras, genro, netos e restantes familiares, não lhes sendo possível fazê-lo pessoalmente, como era seu desejo, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que lhes manifestaram solidariedade nos momentos dolorosos que viveram e a todas as pessoas que acompanharam o seu ente querido até à sua última morada.A todos um muito obrigado.Estarás sempre nos nossos corações e obrigada pelo que nos ensinastes, fi cas na nossa memória com muita saudade e o teu lugar será inesquecível.Descansa em paz.

ABRANTES

José António dos SantosN. 01-05-2011 - F. 26-12-2011

AGRADECIMENTOA família de José António dos Santos agradece o carinho de todas os presentes na última despedida.Que a simplicidade e simpatia do nosso José seja um exemplo.Obrigado por tudo

MUNICÍPIO DE SARDOALCâmara Municipal

AVISO2.º Aditamento ao Alvará de Loteamento n.º 5/2001

(Decreto-lei nº 555/99, de 16 de Dezembro, na atual redação)

Nos termos e em cumprimento do disposto no nº 7 do artigo 27º do Decreto-Lei nº 555/99 de 16 de Dezembro, na atual redação, é emitido o 2º aditamento ao alvará de loteamento nº 5/2001, sem obras de urbanização, o qual incidiu sob o prédio sito em Sardoal, descrito na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, sob o nº 03326, a favor de Fernando Constantino Moleirinho, ao qual o presente aditamento fi ca anexo.A alteração de especifi cação do alvará que origina o aditamento, foi aprovada em deliberação camarária de 3/11/2011, e verifi ca-se na sequência do reque-rimento apresentado por Sociedade de Construções Vermelho, Lda, proprie-tário do Lote nº 3 o qual se encontra registado na Conservatória do Registo Predial sob o nº 3412, respeitando o disposto no Plano Diretor Municipal e apresenta, de acordo com a planta em anexo, as seguintes características.

LOTE N.º 3:Alteração do polígono de implantação��Condicionamentos: Não Têm.��

Cedências: Não há lugar a novas cedências de terrenos à Câmara Municipal para integração no domínio público.

Paços do Concelho de Sardoal, 5 de Janeiro de 2012

O Vereador*(em regime de tempo inteiro)Joaquim Gonçalves Serras

* no uso da competência delegada

NOTARIADO PORTUGUÊSCARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES

A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE

- Certifi co para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte de Dezembro de dois mil e onze, exarada de folhas vinte e oito a folhas trinta, do Livro de Notas para Escrituras Diversas NOVENTA E CINCO – A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTI-FICAÇÃO na qual o Senhor JOSÉ GUILHERME LUCAS, casado com Maria Arlete Martins Caseiro Lucas, no regime da comunhão geral de bens, natural da freguesia de Aldeia do Mato, do concelho de Abrantes, residente na Avenida Estados Unidos da América, número 138, terceiro andar direito, em Lisboa, que outorgou por si e como procurador de sua mulher MARIA ARLETE MARTINS CASEIRO LUCAS, natural da freguesia de Mouronho, do concelho de Tábua, com ele residente, DECLAROU que, com exclusão de outrém, ele e a sua representada são donos e legítimos possuidores do seguinte prédio:- Prédio Rústico, sito em Serrada, na freguesia de Aldeia do Mato, do Concelho de Abrantes, composto de horta, com a área de quinhentos e vinte metros quadrados, a confrontar de Norte com Herdeiros de Alexandrina Maria, de Sul com Abílio Vicente Nazaré, de Nascente com Alberto Caseiro Gomes e de Poente com Maria do Rosário Lucas,omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 69 da Secção AB.- Que o prédio ora justifi cado está inscrito na matriz em nome dele justifi cante marido e que o prédio ora justifi cado veio à sua posse, ainda no estado de solteiro, por doação meramente verbal que lhe fez CLARISSE DO ROSÁRIO HENRIQUES, já falecida, residente que foi em Aldeia do Mato, Abrantes, no ano de mil novecentos e cinquenta e quatro, logo há mais de cinquenta e cinco anos.- Que, desde a referida data ele justifi cante e posteriormente ele e a sua representada, vêm exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades do prédio, amanhando-o, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, pacifi camente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verifi cando-se assim todos os requisitos legais para que a aquisição do citado imóvel seja por usucapião.- Está conforme ao original e certifi co que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve.Abrantes, 20 de Dezembro de 2011

A NotáriaSónia Maria Alcaravela Onofre

(em jornal de Abrantes, edição 5492 de Janeiro de 2012)

Conservatória dos Registos Civil, Predial e Comercial

e Cartório Notarial do Sardoal- CERTIFICO, narrativamente para efeitos de publicação, que no dia vinte e oito de Dezembro de dois mil e onze, foi lavrada uma escritura de Justifi cação, exarada de folhas trinta e uma a folhas trinta e três, do Livro de Notas para escrituras diversas número Cem traço D, na qual as senhoras, LAURA ALVES DO ROSÁRIO, NIF 118.372.017; e MARIA SALOMÉ ALVES DO ROSÁRIO LUCAS¸NIF 149.495.285; ambas solteiras, maiores, naturais da freguesia de Souto, concelho de Abrantes e residen-tes na Rua António Pedro, 42, 1.º Esq., 1000-039 Lisboa, vêm justifi car, que são donas e legítimas possuidoras na proporção de METADE, cada uma, do prédio rústico sito em Vale Sobral, freguesia e concelho de Sardoal, composto por pinhal, com área de oito mil duzentos e oitenta metros quadrados, aconfrontar do norte e poente com Nuno Miguel Carmo Gaspar, Sul com Gilberto Dias Gomes, Nascente com Caminho Publico, NÃO DESCRITO na Conservatória do Registo Predial de Sar-doal e inscrito na matriz em nome delas justifi cantes, sob o artigo 64 da secção B.- Que, adquiriram o mencionado prédio por Doação Verbal feita no Ano de Mil novecentos e setenta e oito, feita por Florêncio Joaquim e Elisa Joaquina, casados que foram sob o regime da comunhão geral, residentes que foram na Matagosa, Abrantes, sem que fi cassem a dispor de titulo formal que lhes permita o respectivo registo na Conservatória do Registo Predial;- Que, esta posse em nome próprio, de boa fé, pública, pacífi ca, contínua e do consenso que o prédio lhes pertence em comum, desde o dito ano de mil novecentos e setenta e oito, conduziu à aquisição do direito de propriedade do identifi cado prédio por USUCAPIÃO, o que invocam, justifi cando o direito de proprie-dade, para efeitos de primeira inscrição no registo predial, dado que não têm documentos que lhes permita fazer a prova da aquisição pelos meios extrajudiciais normais.- Está conforme o seu original, na parte respectiva.Sardoal, 28 de Dezembro de 2011

A conservadora, a exercer funções de notárioNélia Carla Henriques Ferreira

(em Jornal de Abrantes, edição 5492 de Janeiro de 2012)

Faleceu no passado dia 9 de Janeiro de 2012, aos 86 anos, o Dr. Teófi lo de Jesus Fernandes, médico, residente em Abrantes desde 1978. Nasceu em Goa, foi bolseiro investigador da Or-ganização Mundial de Saúde na década de 50 tendo exercido medicina em Lisboa, Goa, Ti-mor, Moçambique e na região de Cardigos. Fixou-se em Abrantes onde exerceu nos postos médico de São Miguel, Rio de Moinhos, Chainça e no Lar da Santa Casa. Faleceu na Amadora onde resi-dia nos últimos meses com o seu fi lho. Eterna saudade dos seus fi lhos e demais família.

Dr. Teófi lo de Jesus Fernandes

Page 31: JAJANEIRO2012

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL

EDITAL N.º 01/2012MIGUEL JORGE ANDRADE PITA MORA ALVES

PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL

FAZ PÚBLICO que, para efeitos do art.º 91º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redacção dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro, se publicam as deliberações da Assembleia Municipal, tomadas em sessão ordinária, realizada no dia 28 de Dezembro de 2011:

- Projeto de Regulamento do Cartão Municipal do Idoso; (Deliberado por unanimidade aprovar);

- Mapa de Pessoal da Autarquia para 2012; (Deliberado por maioria aprovar, com 13 votos a favor e seis abstenções);

- Documentos Previsionais – Ano 2012; (Deliberado por maioria aprovar, com 13 votos a favor e seis votos contra);

E para constar se lavrou o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares públicos de estilo.

Paços do Município de Sardoal, 02 de janeiro de 2012

O Presidente da Assembleia MunicipalMiguel Jorge Andrade Pita Mora Alves

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