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Copyright © 2012 desta edição, Casa da PalavraCopyright © 2012 Daniela Chindler

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.2.1998.É proibida a reprodução total ou parcial sem a expressa anuência da editora.

Este livro foi revisado segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009.

Direção editorial Ana Cecilia Impellizieri Martins • Martha Ribas

Coordenação editorial Renata Nakano

Assistente de projeto Juliana Teixeira

Coordenação de conteúdo Sapoti Projetos Culturais

Redação Claudia Pimentel • Graciane Cunha • Gustavo Gavião • Pedro Henrique Silva • Thiago Jatobá

Capa e projeto gráfico Raquel Matsushita

Diagramação Juliana Freitas | Entrelinha Design

Ilustração Biblioteca de Alexandria | Mariana Massarani • Biblioteca Nacional | Bruna Assis Brasil • Biblioteca Internacional da Juventude | Andrés Sandoval • Biblioteca de Basra | Elma • Biblioteca do Mindlin | Mario Bag • Biblioburro | Juliana Bollini • Biblioteca-Parque da Rocinha | Ciça Fittipaldi

Revisão Mariana Oliveira • Camila Werner

Projeto marketing cultural Jacqueline Menaei | Mais Arte

Administração de projeto Gustavo Lacerda

CASA DA PALAVRA PRODUÇÃO EDITORIALAv. Calógeras, 6, sala 1.001Rio de Janeiro, RJ – 20030-07021. 2222-3167 | 21. 2224-7461 [email protected]

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJB477 Bibliotecas do mundo : caderno do professor / [Claudia Pimentel... et al.]. - 1.ed. - Rio de Janeiro : Casa da Palavra, 2012. il. Complemento do livro Bibliotecas do mundo. ISBN 978-85-7734-308-9 1. Bibliotecas 2. Bibliotecas e educação 3. Bibliotecas escolares 4. Cultura. I. Pimentel, Claudia.

12-7571. CDD: 027.8 CDU: 027.817.10.12. 25.10.12 039956

PATROCíNIO REALIzAÇÃO

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i lustrações

Mariana Massarani

Bruna assis Brasil

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Mario Bag

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Ciça Fittipaldi

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Apresentação

Biblioteca de Alexandria

Biblioteca Nacional

Biblioteca Internacional da Juventude

Biblioteca de Basra

Biblioteca do Mindlin

Biblioburro

Biblioteca-Parque da Rocinha

• sumário

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• apresentação

Depois de ler sobre essas sete bibliotecas de lugares e tempos tão diferentes, é hora de pensar em como trabalhar diversos temas correlatos a essas histórias junto aos alunos. Nossa proposta é apro-fundar um pouco mais conhecimentos relacionados ao mundo do livro e da leitura.

Para isso, dividimos o caderno do professor em sete partes, uma para cada biblioteca. Em cada uma das seções, elegemos um assunto cen-tral e aprofundamos o contexto sociocultural da história contada no livro, para ajudar a situar os acontecimentos relacionados aos temas.

Na parte da Biblioteca-Parque da Rocinha, o tema principal é o das novas tecnologias a serviço da formação literária. Já o capítulo sobre a Biblioteca do Mindlin trata da formação e do acesso às coleções parti-culares. No dedicado à Biblioteca de Basra, tratamos da preocupação em preservar a tradição e a memória de um povo. As relações entre a cultura e o poder, no momento da chegada da família real ao Brasil, são o mote da seção sobre a Biblioteca Nacional. A história da Biblio-teca Internacional da Juventude, em Munique, traz um gancho para abordar o respeito às diferenças por meio da diversidade dos acervos. A Biblioburro, da Colômbia, apresenta um belo exemplo do uso da li-teratura na formação da cidadania. A Biblioteca de Alexandria, por sua vez, nos lembra as muitas maneiras de se contar a História.

Ao longo deste Caderno do professor, apresentamos também mui-tas curiosidades e dicas de livros, filmes e pesquisas. Por fim, propuse-mos atividades práticas e lúdicas para ajudar você a fixar os conteú-dos e deixar seus alunos ainda mais envolvidos com o universo destas fascinantes bibliotecas.

Bom trabalho e mãos à obra!

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Biblioteca de alexandria

Em Alexandria, assim como em todo o Mundo Antigo, só existiam duas maneiras de manter vivo determinado fato: ou se contava ou se escrevia. E se um desses documentos escritos sumisse, o que era fei-to? Como não existia a imprensa, essa máquina de fazer cópias, aquela história escrita ali se perdia. Existiam os copistas, profissionais dedica-dos a copiar documentos importantes, para que houvesse mais de um exemplar disponível. Mas o número de cópias era reduzido. Por isso, não fica difícil entender por que motivo tão poucos registros, em rolos de papiro, pergaminhos ou códices, sobreviveram ao tempo.

Quando contamos uma história, é quase inevitável conduzirmos os fatos de acordo com nossas intenções. Já naquela época, havia cronistas dedicados ao relato dos acontecimentos, mas não havia a preocupação de contar a história como ela realmente tinha acontecido. Quando Júlio César narra suas memórias, por exemplo, omite ser o autor de um dos incêndios que destruiu a Biblioteca de Alexandria, não fazendo questão nenhuma de ser reconhecido por isso. O que se sabe hoje sobre Alexan-dria foi o que sobrou dos relatos dos vencedores. E o imperador romano Otaviano, que lutou contra o Egito e venceu Cleópatra, não gostava nem um pouco da rainha egípcia e por isso registrou para a posteridade o re-trato de uma mulher provavelmente diferente do que ela era na vida real.

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Você já deve ter ouvido que um determinado personagem ou acontecimento é um mito. Mas o que é um mito? É uma história de caráter simbólico, relacionada a alguém ou alguma cultura. Os mi-tos procuram explicar a realidade, os fenômenos naturais, a origem do mundo e o surgimento do homem pelas mãos dos deuses, semi-deuses e heróis. A trajetória de Cleópatra tem essa característica. De um lado, temos a imagem da rainha associada a deusa Ísis, cultuada como modelo de mulher, protetora da natureza, da magia e de seu povo. Essa é a versão que a própria Cleópatra elaborou para si. Na ver-são mítica dos romanos, era dissimulada e usava a suposta beleza e sensualidade para destruir seus oponentes. O que hoje os estudiosos acreditam é que Cleópatra VII era uma grande estadista, que chegou a ser a mulher mais poderosa do mundo Antigo.

1 Não era só Alexandria que tinha monumentos interessantes como sua grande biblioteca ou seu imenso farol. Em Esparta, uma das cidades da Grécia, muitas pessoas iam ver o suposto ovo de onde Helena de Troia, a rainha dos espartanos, havia nascido. O mito contava que Leda, a mãe de Helena, tinha sido seduzida por um cisne que, na verdade, era Zeus, pai dos deuses e dos homens.

2 Você seria capaz de viver sem marcar o tempo? O calendário romano era uma verdadeira bagunça e confundia até seus governantes, que de repente descobriam que o ano acabaria com cerca de três semanas a menos que o anterior. Depois de passar uma temporada em Alexandria, Júlio César pediu a astrônomos egípcios para desenvolverem um calendário mais preciso que o vigente, dando a esse novo sistema de contagem o nome de calendário juliano.

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4 Leia Cleópatra, uma biografia, escrito pela jornalista americana Satacy Schiff. Veja os filmes Cleópatra (1963), estrelado por Elizabeth Taylor, e Ágora (2009), que mostra Hipátia e suas atividades em Alexandria.

3 O Egito foi o celeiro de Roma. A terra era muito produtiva em virtude dos períodos de cheia, que depositavam o Kemet ou “Terra Negra” deixando o solo fértil nas baixas do rio. A época da seca possibilitava assim o plantio e as fartas colheitas. O historiador grego Heródoto dizia que o Egito era uma “dádiva do Nilo”, isso porque a região só poderia se manter como grande produtora de alimentos por conta de seu rio. Os romanos tinham um poderoso exército e não pensavam duas vezes antes de entrar em conflitos. Mas os faraós do Egito, para continuarem soberanos sobre seus povos, trocavam os alimentos produzidos pela garantia da proteção romana.

LI N HA OU ESPI RAL DO TEMPO?

Na escola, a organização daquilo que é ensinado se faz pela divisão em disciplinas: Matemática, Português, Biologia, Geografia etc. Dessa maneira, os alunos aprendem uma coisa de cada vez, embora saibamos que o Português, por exemplo, é essencial para o entendimento das ou-tras matérias e que a Matemática e a Física estão intimamente ligadas.

No ensino de História, a chamada “linha do tempo” organiza os fa-tos em ordem crescente de datas, auxiliando a compreensão e ajudan-do a fixar os conteúdos.

Os fatos aparecem assim, organizados em blocos, como se fossem os únicos episódios de um determinado ano. Contudo, será que não aconteceu mais nada no restante do mundo quando Alexandre, O Grande, conquistou o Egito em 331 a.C. ou no momento em que Felipe II da Macedônia anexou a Grécia ao seu império em 338 a.C.?

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Olhando para a linha do tempo, vemos uma sucessão de acon-tecimentos que envolvem os diferentes povos daquela época. São gregos, egípcios e romanos, que se relacionam por meio da cultura, interesses econômicos (fornecimento de cereais), embates políticos (guerras, acordos, territórios anexados), relações sociais (casamen-tos) e de outras maneiras.

Como fazemos com as disciplinas escolares, também é preciso estruturar uma organização para que possamos estudar a História. Imagine se tudo que se passou no mundo durante uma década fos-se escrito ou ensinado de uma só vez?

509 a.C. Início da República

em Roma.

146 a.C. Roma

conquista a Grécia.

338 - 146 a.C. Período conhecido como

helenístico, de expansão e difusão da cultura grega em

todos os territórios.

800-500 a.C. Na Grécia, temos o

aparecimento do alfabeto fonético além de progresso econômico com a expansão

do comércio.

Atenas, Corinto, Esparta e Tebas são as principais cidades-estados da Grécia.

Filipe II da Macedônia derrota os gregos e anexa a Grécia ao Império Macedônico, que compreendia os territórios persase gregos.

Alexandre, o Grande, filho e herdeiro de Filipe II, conquista o Egito e funda um pequeno "vilarejo" que leva o nome de Alexandria.

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ATIvI DADE

o papel usado que você jogaria fora pode virar uma nova folha, lim-pinha, para escrever ou desenhar. Basta juntar folhas de papel usadas (não podem estar sujas com comida, nem serem papel higiênico), picar em pedacinhos e deixar de molho na água por 24 horas. depois, despeje o conteúdo no liquidificador. para cada xícara de papel amolecido, acres-cente um litro de água e duas colheres de sopa de cola branca. então bata até ficar homogêneo. em seguida, despeje em um recipiente fundo e maior que o formato de uma folha a4. use uma moldura com tela, que pode ser grudada com tachinhas para que fique esticadinha. Mergulhe a tela na mistura, retire, escorra e imprense com um pano ou toalha se-cos. retire da moldura, deixe secar e pronto!

44 a.C. Júlio César é assassinado

pelos senadores romanos.

O Egito torna-se uma província do Império Romano após a derrota de Cleópatra por Otaviano, que derrotou os outros dois homens com quem governava e se tornou imperador.

Nasce Hipátia em Alexandria. A matemática e filósofa torna--se uma figura atuante na Biblioteca de Alexandria, até sua morte, em 415 d.C.

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O líder militar romano Júlio César toma a cidade e põe fim à guerra dinástica entre Cleópatra e o seu irmão, Ptolomeu XIII, dando vitória à rainha, que se alia aos romanos.

Sobe ao poder Cleópatra, a última descendente do período áureo do governo dos Ptolomeus.

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Biblioteca Nacional

Quando pensamos em um rei muito poderoso, o que costumamos associar a seu poder? Pode ser o número de súditos que ele tem em seu reino. Outros diriam que o poder de um rei se mede pelo tamanho de suas terras e palácios, quase sempre com muito luxo e suntuosi-dade. Um grande exército também pode tornar alguém muito pode-roso, já que o rei precisa se proteger de outros ambiciosos monarcas interessados em retirar dele tanto domínio.

O que pouca gente diria é que o poder de um soberano também pode ser medido por sua cultura. Sim, a cultura também pode repre-sentar poder, uma vez que ela também influencia a conduta de uma pessoa ou grupo. Há a cultura artística de muitos reis na História, que tocavam instrumentos musicais, como D. Pedro I, autor da composição do Hino da Independência. Mas a cultura que se pode converter em po-der ultrapassa os aspectos artísticos, econômicos e sociais. Ela oferece maior consciência sobre os sistemas de poder que gerem a sociedade. Quando se conhece esses sistemas, há uma visão maior sobre o con-texto. Essa visão permite que os valores e os conhecimentos da socie-dade sejam articulados de modo consciente.

Os livros, tradicionais guardiões do saber, são importantíssimos para a difusão da cultura. A Biblioteca Nacional, por exemplo, chegou aqui

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1 Nas antigas bibliotecas portuguesas do palácio de Mafra e da Universidade de Coimbra, os livros tinham um grande aliado no combate a insetos: o morcego. O apetite voraz desse pequeno animal garante, até hoje, que traças sejam eliminadas de forma natural.

2 A Biblioteca Nacional está associada a dois momentos importantes nas transformações da cidade do Rio de Janeiro. O primeiro é a chegada da família real, em 1808. O segundo, quase 100 anos depois, é o governo do prefeito carioca Pereira Passos, em 1904. Esse período ficou conhecido como o “bota abaixo”, apelido dado por causa das inúmeras demolições que ele promoveu. Muitas ruas estreitas do passado deram lugar a largas avenidas, como a Avenida Central, hoje chamada de Avenida Rio Branco. Nela encontram-se três palácios: o Museu Nacional de Belas Artes, o Theatro Municipal e o majestoso prédio da Biblioteca Nacional, que inclui todo o acervo vindo de Portugal na época da transferência da família real para o Brasil.

apenas após a vinda da família real. A Imprensa Régia também. Desse modo controlava-se o acesso ao conhecimento. Por exemplo, Portugal ficava bem longe do Brasil e morria de medo de que a sua colônia fosse invadida pelos franceses, holandeses e espanhóis. Ao evitar a difusão de informações sobre ela, evitava também olhos cobiçosos para estas terras. Quem escreve pinta. Quem pinta pode desenhar mapas. Quem tem mapas pode descobrir o caminho, as rotas. Por isso, antes da vin-da da família imperial para o Brasil, os religiosos eram praticamente os únicos que possuíam livros. Outros tinham autorização para obter exemplares ligados as suas profissões.

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Inauguração da Academia Real de História, em Lisboa, instituição formada para o desenvolvimento da literatura no país.

Destruição da antiga biblioteca portuguesa nos incêndios após o terremoto de Lisboa. No reinado de D. José, uma nova coleção começa a ser formada.

Elevação do Brasil a vice-reino, tendo o Rio de Janeiro como a nova capital.

Transferência da corte de Lisboa para o Rio de Janeiro.

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Criação da Imprensa Régia e publicação do primeiro periódico: a Gazeta do Rio de Janeiro.

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Criada a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, que futuramente seria transformada em Academia Imperial de Belas Artes.

Retorno da família real a Portugal.

Reconhecimento, por parte de Portugal, da Independência do Brasil. O valor de 800 contos de réis é pago à antiga metrópole como indenização pela Real Biblioteca.

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Embarque da primeira remessa de livros da Real Biblioteca para o Rio de Janeiro.

• • •

Montagem da Real Biblioteca no andar superior do Hospital da Ordem Terceira do Carmo.

Desembarque no porto do Rio do segundo lote da Real Biblioteca, juntamente com Luiz Joaquim dos Santos Marrocos, o futuro bibliotecário da Real Biblioteca.

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Abertura da Real Biblioteca ao público.

Transferência da Real Biblioteca para a Rua do Passeio, local onde funciona atualmente a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Inauguração do novo prédio da Biblioteca Nacional, situado no fim da Avenida Central.

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A cidade do Rio de Janeiro havia experimentado grandes mudan-ças desde que se tornara capital, em 1763. Mas nada se compara ao movimento causado pela instalação da corte no Largo do Paço, quando a situação política na Europa exigiu a mudança da família real para o Brasil. Além de criar um alvoroço na comunidade ainda marcada pelo ritmo colonial, D. João realizou algumas ações: fundou o Banco do Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro, o Jardim Botânico, a Biblioteca Real, entre outras medidas. Se a vida era quase resumida aos festejos e cerimônias religiosas, a presença da Corte gerou uma transformação no cotidiano.

A música e as artes em geral receberam grande atenção do prín-cipe regente: a antiga igreja dos carmelitas se tornou a Capela Real, local de extraordinário desenvolvimento musical. Além disso, D. João contratou os pintores nativos para decorar as festas oficiais, compor retratos e obras para o acervo real. José Leandro de Carvalho foi o

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ATIvI DADES

toda realeza que se preze tem o seu brasão... mas você sabe o que é isso?! os brasões são um conjunto de figuras que representam famílias no-bres, cidades, corporações, estados e, mais raramente, indivíduos por meio de escudos e outros desenhos. Júlio César governou roma usando como símbolos de sua família a borboleta e o caranguejo.

proponha a seus alunos que elaborem seus própios brasões. distribua revistas diversas e tesouras para que eles escolham imagens que te-nham alguma relação com seus sobrenomes ou seus históricos, e mon-tem uma composição numa folha de papel a4. se necessário, mostre alguns exemplos de brasões retirados da internet ou compare com os escudos de futebol, por exemplo.

que mais se destacou, responsável pela composição das pinturas re-ligiosas da nova Capela Real. Importante mencionar que os artistas franceses foram convidados a abrir uma academia aos moldes das principais da Europa.

Com a arte em crescimento, a abertura da Biblioteca e a impren-sa liberada, o Rio de Janeiro no tempo de D. João VI parecia almejar o estatuto de capital europeia. Com a abertura dos portos, a moda também desembarcou por aqui, mas com roupas pouco apropriadas ao clima tropical. Mas quem se importava? A novidade valia mais que o conforto. A cultura, dinâmica por natureza, se transformava ao rit-mo das festas galantes, da sensação de prosperidade e das pomposas cerimônias civis, capazes de encher os olhos de qualquer um.

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Biblioteca Internacional da Juventude

Muitos motivos podem gerar uma guerra, mas na maioria das ve-zes ela parte do estranhamento em relação ao outro. E não precisamos pensar só nas grandes guerras, mas também nos pequenos conflitos cotidianos, presentes até mesmo na escola. Pensando nisso, Jella Lep-man, ao criar a Biblioteca Internacional da Juventude, no conturbado cenário do pós-guerra, priorizou um acervo diverso e pluralizado cultu-ralmente, para que aqueles jovens pudessem conhecer outras culturas e crescer em um ambiente tolerante.

Muitas vezes, ao lermos um conto nos lembramos de já ter escuta-do algo parecido antes. As histórias repetem-se em culturas distintas. Você já pensou sobre quantas versões existem da Cinderela? A versão chinesa, datada de aproximadamente 860 a.C., parece ter sido a pri-meira de todas. Outro exemplo é a história de Zé Burraldo, um matuto inocente, atrapalhado e pouco inteligente, muito conhecida no Brasil. Na Rússia, tão distante daqui, encontramos o mesmo personagem, só que adaptado à paisagem local.

Assim são as narrativas. Quem conta um conto aumenta um pon-to. E como de grão em grão a galinha enche o papo, vai se formando a colcha de retalhos da cultura global. Pensando nessa grande trama, podemos imaginar o acervo montado por Jella Lepman, com mais de

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500 mil livros em 120 idiomas, como um imenso tecido. A tantas letras se soma o poder da narrativa visual, tão presente nos livros infantis. Imagens também contam muito, mais do que podemos imaginar.

Que tal refletirmos sobre nossa própria diversidade cultural? Pense no tamanho do Brasil e na mistura dos povos. Uma biblioteca apenas com histórias brasileiras já seria uma trama multicolorida. Cada região possui seus próprios mitos. Do rio Amazonas vem o boto cor-de-rosa; do Sul, o Negrinho do Pastoreio; nas águas do São Francisco se banha a Mãe d’água... será que a experiência muda ao ouvir um mesmo conto na voz de um escritor mineiro ou de um paulista? Será que existem te-mas universais? Com certeza muitos sentimentos são comuns às pes-soas, estejam elas em Tóquio ou em Belém. Mas o cenário muda o jeito de contar e também a nossa forma de ouvir e ler se modificam.

1 Os Irmãos Grimm tiveram um papel importante na história da Alemanha. Inseridos em um contexto de resistência às invasões napoleônicas, e em uma Alemanha que ainda não era um país, mas um território dividido em principados com costumes e dialetos diferentes, os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm foram pesquisar narrativas populares da tradição oral em diversas províncias. Eles pediam para que pessoas contassem histórias e registravam essas memórias. Publicada em dois volumes, em 1812 e 1815, a coletânea Contos da infância e do lar trazia anedotas, lendas, fábulas e narrativas diversas. E, lógico, também estavam lá os contos de fadas que deixaram os Irmãos Grimm tão famosos, como Cinderela, Branca de Neve e Rapunzel.

2 Um prêmio importante da literatura infantil chama-se Hans Christian Andersen, e não é à toa. O autor de O patinho feio, A roupa nova do imperador, A pequena sereia e O soldadinho de chumbo nasceu na Dinamarca em 1805. Na data do seu nascimento, em 2 de abril, é comemorado o Dia Internacional do Livro Infantojuvenil.

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3 A primeira escritora fora do eixo Estados Unidos-Europa a ser agraciada com a medalha Hans Christian Andersen foi a brasileira Lygia Bojunga, em 1982. Em 2004, ela recebeu também o Astrid Lindgren Memorial Award (ALMA), maior premiação internacional até hoje conferida à literatura para crianças e jovens. Com o dinheiro desse prêmio, ela fundou a Casa Lygia Bojunga, destinada a desenvolver e apoiar projetos ligados ao livro.

4 A segunda medalha do Prêmio Hans Christian Andersen veio alguns anos depois para Ana Maria Machado, em 2000. A escritora tem mais de uma centena de obras publicadas, é membro da Academia Brasileira de Letras e já ganhou incontáveis prêmios por seu trabalho.

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proponha aos alunos que se tornem coletores de histórias, assim como fizeram os irmãos grimm. o trabalho pode ser sugerido à turma com base nos seguintes questionamentos: você conhece todas as histórias do seu bairro e da sua cidade? e as da cidade vizinha?

o trabalho consiste em investigar histórias na própria família, com o vi-zinho ou no bairro. vale uma receita de família, uma lenda da cidade, um acontecimento histórico e o que mais surgir. os textos deverão ser reunidos e, juntos, formarão uma publicação que ajudará a contar um pouco da memória daquela região.

PLU RALI DADE CU LTU RAL EM BUSCA DA PAZ

Quando Adolf Hitler, líder de extrema-direita, subiu ao poder na Alemanha pelo Partido Nacional Socialista (ou Nazista), ele defendia a necessidade de se construir um novo país. Esse país, porém, seria erguido pelos e para os alemães.

Hitler afirmava que só era alemã a população que ele e o partido definiram como raça ariana: brancos, altos, louros, saudáveis e da re-ligião da maioria da população, os cristãos. Judeus, ciganos, homos-sexuais e pessoas com deficiência foram primeiro marginalizadas, e depois reunidas em campos de concentração enormes, onde sofriam maus-tratos e até extermínio.

Alguns países do restante do mundo se uniram aos nazistas. Ou-tros se uniram para lutar contra eles, e então tivemos a Segunda Grande Guerra. As tropas de Hitler foram vencidas, ele acabou mor-rendo, mas a experiência deixou imensas marcas. Para a juventude que cresceu assistindo à guerra dentro da Europa, isso significou uma infância ouvindo bombardeios, assistindo a destruição e aprendendo as palavras que pregavam a raiva contra amigos e vizinhos.

Foi diante dessa realidade que a fundadora da Biblioteca Interna-cional da Juventude pensou seu projeto. A fantasia seria uma resposta à cruel realidade, e disseminar a pluralidade cultural das histórias era contrário à ideia de superioridade de um grupo naquele momento.

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Biblioteca de Basra

Já pensou em viajar num tapete mágico ou ter um gênio da lâmpada para atender aos seus desejos? Essas ideias pertencem a narrativas que atravessaram séculos e viajaram pelo mundo levando as maravilhas de As mil e uma noites ao imaginário de muitos leitores, contadores de his-tórias e crianças. Tem gente que acha que os cenários de histórias como a do Aladim ou a do Ali Babá e os quarenta ladrões, com castelos colori-dos, oásis e camelos, são só fantasia, mas na verdade pertencem a uma região do planeta considerada o berço da civilização: a Mesopotâmia.

Quando viajantes chegavam através das areias quentes dos desertos a essa região, situado entre os rios Tigre e Eufrates, sentiam-se num pa-raíso. Ao avistarem cidades cheias de árvores, frutas, água abundante e pessoas felizes, ficavam encantados. De volta para casa, essas paisagens ambientavam suas histórias e despertavam a imaginação dos ouvintes.

A primeira língua escrita foi criada na Mesopotâmia, assim como a primeira biblioteca, erguida em Nínive, a cidade mais importante da As-síria (atual Iraque), pelo rei Assurbanipal II, por volta do século 7 a.C. Nela, foram armazenadas milhares de tábuas (feitas de argila) escritas com caracteres cuneiformes, a mais antiga forma de escrita que se conhe-ce e que é feita com auxílio de objetos em formato de cunha. Tábuas cuneiformes podiam ser cozidas em fornos para prover um registro per-

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manente; ou as tábuas podiam ser reaproveitadas se não fosse preciso manter os registros por longo tempo. Infelizmente muitas se quebraram e hoje são raridades. As placas encontradas por arqueólogos se preserva-ram porque foram cozidas durante os ataques incendiários de exércitos inimigos, contra os edifícios nos quais as tabuletas eram mantidas.

O livro impresso em papel de hoje não quebra como as tábuas, mas o risco de incêndios, bombas e insetos foi multiplicado. Ainda bem que sempre teve gente cuidando para que nem tudo ficasse perdido, guar-dando com cuidado os livros nas bibliotecas. Só assim as histórias do Oriente Médio puderam chegar até nós, para sonharmos com espelhos mágicos, odaliscas e cavernas cheias de tesouros incríveis.

Colecionar livros e abrir bibliotecas são ideias muito boas, mas a melhor forma de fazer com que as histórias circulem e continuem vivas na imagi-nação das pessoas é ler, ouvir e contá-las. Por isso, em muitas culturas, as pessoas mais velhas são consideradas verdadeiras bibliotecas: guardam na sua memória muitas histórias vividas, lidas, escutadas e imaginadas.

1 As primeiras escritas pareciam desenhos. No começo, os pesquisadores não entendiam seus significados. No caso dos hieróglifos, por exemplo, quando encontraram a Pedra de Roseta, ficou mais fácil. Trata-se de uma pedra que fica em pé, como um totem. Nessa pedra, um mesmo texto estava escrito em três línguas diferentes, sendo que uma delas era o grego. Como essa língua era mais conhecida, ficou fácil decifrar o que estava escrito nos hieróglifos.

2 Você sabia que uma personagem ficou muito famosa por contar histórias todas as noites durante mais de três anos para um poderoso e cruel rei, califa de Bagdá? Era Sherazade. Essas histórias foram reunidas e são conhecidas como as histórias de As mil e uma noites. No início, eram contadas oralmente, até que foram escritas em livros longos para adultos. Depois de um tempo, diversas histórias foram adaptadas para as crianças, e algumas até viraram desenho animado, como a de Aladim e a lâmpada maravilhosa.

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3 No Rio de Janeiro, o pedreiro Evandro dos Santos resolveu colecionar livros e acabou formando um acervo de quase 50 mil volumes. O famoso arquiteto Oscar Niemeyer achou a ideia desse homem tão bacana que criou um prédio moderno para abrigar seus livros, e todo mundo pode frequentá-la, no bairro Vila da Penha, no subúrbio carioca. É a biblioteca comunitária Tobias Barreto de Meneses, que tem auditório, salas de leitura e cursos de idiomas.

ARMAS QU E DESTRÓEM CU LTU RAS

A história da Biblioteca de Basra contada no Bibliotecas do mundo aconteceu quando os Estados Unidos e a Inglaterra iniciaram uma guerra em 2003 contra o Iraque, sob alegação de que esse país esta-va criando armas de destruição em massa. Ao tentar acabar com as tais armas, terminaram destruindo muitos prédios históricos. Palácios foram saqueados e bibliotecas destruídas. As bombas lançadas sobre o Iraque acertavam pessoas, prejudicavam o fornecimento de energia elétrica e de água, o que gerava incêndios, fome e morte. Muitos acre-ditam que os inimigos queriam mesmo era o petróleo que existe em abundância na região atacada, afinal nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada. Em meio a essa barbaridade, a Biblioteca de Bas-ra acabou incendiada.

Para a reconstrução do Iraque, foi preciso encontrar ajuda e solida-riedade de pessoas que faziam o que podiam para salvar livros, relí-quias e objetos de valor que retratam a cultura da região. Alguns paí-ses perceberam que a guerra estava pondo em risco parte da história da humanidade e também se solidarizaram. Mesmo assim, muitas riquezas foram destruídas.

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por meio das histórias, pode-se conhecer melhor uma cultura, valori-zar suas tradições e descobrir formas de viver diferentes. peça a sua turma para iniciar uma pesquisa na internet, em mapas e no globo terrestre para saber exatamente onde fica a Mesopotâmia, ou me-lhor, o iraque. desvende os mistérios desse cenário e descubra outras aventuras além das de Simbá, o marujo, de Aladim e a lâmpada ma-ravilhosa e de Ali babá e os quarenta ladrões.

no livro Mil e uma noites, a princesa sherazade, filha de um dos con-selheiros do rei Xeriar, da pérsia, casa-se com ele. o rei, porém, é co-nhecido por matar suas esposas na noite de núpcias. a estratégia da filha do conselheiro para não morrer foi contar histórias populares do oriente Médio ao rei toda noite, interrompendo a narração no desfecho da história, e dizendo ao marido que só contaria o resto de-pois. o califa voltava na noite seguinte e pedia que ela terminasse. a princesa contava o fim de uma história e começava outra. todas as noites, ela fazia a mesma coisa. experimente fazer como sherazade e combine um horário para ler, ouvir e contar histórias para sua turma e deixe o melhor para outro dia, provocando a curiosidade, o suspen-se e o hábito da leitura diária.

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Biblioteca do Mindlin

As aventuras de Mindlin em busca de livros raros se parecem um pouco com as de outros apaixonados por coleções. Quem já fez um ál-bum de figurinhas sabe disso. Quando quase todas as páginas estão completas, depois de abrir inúmeros saquinhos com figurinhas repeti-das, as raridades começam a ser cada vez mais cobiçadas. Na hora do recreio, meninos e meninas disputam em jogos e brincadeiras as tão almejadas “peças” que lhes transformarão no invejável possuidor de um álbum completo. Muitas vezes é preciso disfarçar o interesse, fazer de conta que não se quer a tal figurinha difícil, pois o desejo exposto pode aumentar as dificuldades de conseguir a raridade.

Walter Benjamin, um colecionador de brinquedos e de livros infan-tis, afirmava lá no começo do século passado que um bom colecionador deve conservar a alegria da criança que descobre o mundo. Às vezes, um livro herdado por alguém da família, uma ilustração antiga guarda-da na memória ou mesmo uma leitura feita em voz alta para um adul-to interessado deixam uma semente plantada do que será uma futura coleção de livros infantis. Na sua terra, a Alemanha, os livros infantis co-meçaram a ser produzidos na época do Iluminismo, quando os estudio-sos passaram a dar importância à educação das crianças como forma de torná-las mais humanas, bondosas e bem-educadas. As cartilhas e

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os abecedários ilustrados, aqueles em que as letras que começam as palavras ganham ilustrações, são considerados os primeiros livros in-fantis. Logo depois vieram os livros de contos de fadas e de aventuras, sempre muito bem ilustrados. Para Walter Benjamin, é possível enten-der os valores de cada época por meio das coleções de livros infantis.

Essa ideia de encontrar os valores de cada época por trás dos obje-tos de uma coleção fica bem clara com brinquedos: os primeiros eram de madeira e de pano porque foram feitos com os restos das oficinas, como as dos marceneiros ou das costureiras.

Às vezes, as coleções particulares são pequenas: uma boneca her-dada da avó, um carrinho guardado para o primeiro filho. Outras ve-zes, as coleções são enormes, como a de Rubens Borba de Moraes, que preferiu colecionar livros que tivessem relação com o Brasil, das his-tórias escritas pelos antigos navegadores sobre as terras descobertas pelos espanhóis e portugueses, como as aventuras de Hans Staden (que quase foi devorado pelos índios tupinambás), até as primeiras edições de literatura brasileira.

Tanto os livros sobre o Brasil como os primeiros impressos brasilei-ros compõem uma vasta coleção que acaba por contar a história do nosso país.

1 A casa do colecionador Rui Barbosa foi escolhida pelo tama-nho da sala: precisava ser grande o suficiente para abrigar sua coleção. Ainda hoje é possível ir até o Museu Casa de Rui Bar-bosa e conhecer essa sala, ou melhor, sua biblioteca. Na época de Rui, ainda não havia luz elétrica, e ele acordava com dores de cabeça porque ficava lendo à luz de vela até tarde. Prezava tanto sua coleção que comprava sempre dois livros iguais: um para emprestar e outro para guardar. Pelo jeito, seus amigos também se apegavam bastante aos livros dele...

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3 O clima do Brasil é muito úmido, o que não é nada bom para os livros, que podem mofar. Outra praga são as traças, que adoram comê-los. Já se tentou de tudo para evitar essas calamidades, até passar querosene nos livros. Tudo bem, o cheiro do querosene afasta os insetos, mas também afasta os leitores, que não querem sentir seu cheiro nem ficar com as mãos oleosas. O melhor jeito de conservar um livro é... lê-lo. Com o livro em mãos, um pano seco e uma escova para tirar o pó, o leitor dá vida ao objeto não só porque se emociona ao ler, mas também porque cuida dele.

DO PRIvADO AO PÚ BLICO

Desde a criação dos primeiros espaços públicos, as bibliotecas e os mu-seus são os lugares onde muita gente tem o primeiro contato com am-bientes culturais. Nas últimas décadas, essas instituições tem se multipli-cado em número e porte. Existem diversos tipos de coleção: de objetos de arte, de plantas, de automóveis etc. Mas por que colecionar coisas?

As razões são muitas. Muita gente junta latas, cartões de telefone e rótulos. Outros, guardam livros, objetos de arte ou joias. Não existe um fator determinante, mas o ato de colecionar coisas parece ser uma neces-sidade que não precisa mesmo de razão. Basta a vontade de ter e manter aqueles objetos, independentemente de quanto dinheiro custaram.

Muita gente compra livros de vez em quando, por necessidade pro-fissional ou para se divertir, por exemplo. Com isso, pode acumular muitos exemplares ao longo de uma vida. E como os livros são também um símbolo de riqueza (no caso, riqueza cultural), essas bibliotecas que

2 Tem gente que gosta de fazer anotações nas páginas dos livros enquanto está lendo . Alguns colecionadores adoram encontrar esses livros quando as anotações são de pessoas importantes, o que acaba tornando o livro ainda mais valioso.

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a expressão ex-libris vem do latim, e quer dizer “do livro”. ela indica o dono ou a biblioteca a que o livro pertence. normalmente vem colada na folha de rosto ou na contracapa do livro, com um brasão, um logotipo ou um desenho, seguido da expressão ex-libris e o nome do proprietário. pode ter também um lema ou uma citação. uma atividade interessante é propor aos seus alunos a criação de ex-libris tanto para a biblioteca da escola como para os livros pessoais.

antes eram restritas a um só dono e a quem ele quisesse convidar a conhecê-la, passam a ser acessíveis a todas as pessoas por meio das bibliotecas públicas. As civilizações, desde a Antiguidade, criaram mo-dos de expor seus objetos, fossem essas exibições realizadas dentro de templos ou de palácios, tendo fins mágicos ou não. A verdade é que o homem foi desenvolvendo modos de exibir sua produção de uma for-ma organizada com a intenção de melhorar a consulta e tornar mais rápida e eficaz a pesquisa, neste caso, dos livros.

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Biblioburro

O imaginário popular criou muitos heróis, desde a Antiguidade até as superproduções de Hollywood. Outros heróis se criam sozi-nhos, sem uniforme nem espada, mas com livros. Assim podemos dizer de Luis Soriano, um nobre professor que saiu pela Colômbia com seus dois burros, como um Dom Quixote moderno, levando aos distantes povoados objetos de sonhar, máquinas de aventura e co-nhecimento. E para ser herói não é preciso um superpoder? O nosso personagem também tem. Ele descobriu uma forma mágica de en-curtar distâncias: o conhecimento.

Enquanto se discute o fim dos livros de papel, com o advento dos livros digitais, é bom lembrar que muitos lugares ainda não possuem luz, asfalto e água encanada, estando bem distantes dessa suposta revolução digital. Como pensar então em um processo dinamizador da informação? Luis Soriano pensou em uma tecnologia bastante disseminada: os livros. Com eles, busca distribuir melhor o conhe-cimento e assim fazer com que as pessoas descubram novas pers-pectivas diante da realidade em que estão inseridas, e para além de indivíduos, se descubram cidadãos. Para um processo mais democrá-tico de distribuição de livros e conhecimento, precisamos de muitos burrinhos Alfas e Betos espalhados por aí. Um livro é objeto de intera-

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ção com o mundo, é por meio do poder transformador da leitura que podemos conhecer nossa sociedade e nosso papel dentro dela. E en-tão aprendemos a questionar e transformar nosso país, nosso bairro, nossa casa e nós mesmos. José Soriano criou uma biblioteca em cima de dois animais. Nós também podemos aproveitar qualquer espaço disponível para criar nossa própria biblioteca. Um cantinho qualquer pode se transformar num espaço de conhecimento.

1 Antes de ser colonizada pelos espanhóis, a Colômbia, assim como o Brasil, era habitada por nações indígenas e ganhou desses povos grandes contribuições para sua tradição oral. Além disso, pesquisando um pouquinho podemos perceber que lá, assim como aqui, eles gostam muito de histórias com animais fantásticos. Vem da Colômbia a lenda do Homem-Jacaré, muito parecida com a nossa do Boto cor-de-rosa. Para conhecer um pouco mais dessas e outras lendas da América Latina, vale conferir o livro Contos de animais fantásticos, de Neide T. Maia Gonzalez.

2 A capital da Colômbia, Bogotá, foi em 2007 a primeira cidade latino--americana a ser nomeada pela Unesco como Capital Mundial do Livro. O feito se deu graças aos esforços do governo e das empresas do país em construir uma sólida e inovadora rede de bibliotecas públicas.

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4 Ideia semelhante a de José Soriano teve um empresário no Distrito Federal. Luiz Amorim, que aprendeu a ler com 16 anos e sofreu com a dificuldade ao acesso a informação, resolveu criar um projeto que transforma pontos de ônibus em minibibliotecas. Sem nenhuma burocracia, enquanto espera o transporte, a pessoa escolhe um livro, anota seu nome e devolve quando terminar de ler. Por dia, são cerca de 800 empréstimos em 16 pontos espalhados pela cidade. Fica mais fácil aguentar o trânsito assim.

H ISTÓRIA, I NCLUSÃO SOCIAL E LEITU RA

Gerações antes da nossa, os camponeses não tinham direito à terra, nem podiam falar o que pensavam. Nos tempos coloniais, os grandes lotes de terra eram doados às pessoas importantes, que tinham liga-ções com o governo. Esses espaços vastíssimos – que passavam de 100 mil campos de futebol – eram cultivados pelos senhores, que também ditavam suas leis e faziam o que queriam. Aqueles mesmos senhores, ricos e poderosos, deixaram isso aos seus herdeiros. Ao longo dos anos, poucos foram os governantes que ousaram tentar resolver os proble-mas das zonas rurais, e nenhum deles saiu vitorioso.

Então, qual a semelhança entre o Brasil e a Colômbia, onde surgiu o Biblioburro? Na verdade, muita. Ambos os países foram colônias da península ibérica, nos dois lugares houve concentração de terras e ex-

3 Gabriel García Márquez é o principal nome da literatura colombiana e ganhador do Nobel de Literatura. O autor, mais conhecido por seus livros para adultos, ganhou aqui no Brasil uma pequena coleção de seis volumes que reúnem contos extraídos da obra do autor para o público infantojuvenil. Vale tentar desvendar o grande mistério do conto “Um senhor muito velho com asas enormes”, onde um homem decrépito e com asas cai do céu no meio de um povoado e vira atração na cidade.

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clusão social. Além disso, a Colômbia tem problemas bem singulares. Quase a metade do seu território é composto por Floresta Amazônica, o que dificulta o acesso e isola os povoados, semelhante à situação dos estados do Norte do Brasil. Algumas dessas áreas são ou ficam próximas a zonas dominadas por um grupo guerrilheiro conhecido como FARC, o que complica a possibilidade de integrar estes povoa-dos. As crianças desses locais são muito marcadas pela imagem da violência. Nesse cenário, ações como a de Luis Soriano, que estimulam o pensamento criativo e crítico dos jovens, são essenciais na recupe-ração do enorme potencial das culturas locais e da integração por meio da literatura.

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é muito comum que os professores indiquem a leitura de livros para os alunos e a própria escola também ofereça a eles possibilidades na sua biblioteca. Mas e se os alunos sugerissem aquilo que gostam de ler? a ideia é que cada um deles traga um livro que tenha lido e gostado. vale qualquer tipo de publicação. Junto do livro, o aluno vai escrever um “bi-lhete literário”, que explicará em poucas linhas o porquê de ter gostado tanto daqueles textos. os livros devem ser levados à escola e colocados numa caixa (que pode levar um nome, como os burrinhos alfa e Beto), sem que os outros alunos vejam. ao final, cada aluno retorna à caixa e retira um livro que não seja aquele que emprestou. será dado um prazo para a leitura e, no fim, todos retornarão com os livros e dirão se concor-dam ou não com o bilhete escrito, explicando o motivo.

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Biblioteca-Parque da Rocinha

Quando pensa em biblioteca, quase todo mundo lembra de um lu-gar cheio de livros e de silêncio. Mas nem sempre foi assim. Na Biblio-teca de Alexandria, por exemplo, desenrolar os livros já fazia muito barulho. É que os livros eram papiros enrolados, e abri-los dava muito trabalho. Ler em voz alta naquela época era comum. O encontro para ouvir a leitura acabava virando motivo para se conversar e discutir as os textos lidos, o que fazia da biblioteca um espaço muito animado e nada silencioso.

A leitura em voz alta continua viva. Recentemente, de Bogotá, na Colômbia, veio a proposta de bibliote-

cas como lugar de encontro e de convivência com a cultura e a infor-mação. Aqui no Brasil, essa proposta se concretizou com as Bibliotecas--Parque. Primeiro inauguraram a de Manguinhos, depois a da Rocinha e a de Niterói. Em breve, haverá outra no Complexo do Alemão.

A informação parece comida: podemos fazer boas refeições sau-dáveis, ou comer qualquer porcaria não nutritiva que só faz engordar.

Quase todo mundo tem acesso a informações simplificadas ou até deformadas pela mídia. Fatos diá rios, casos curiosos, crônicas e fofo-cas circulam de boca em boca, e dessas informações rápidas surgem opiniões, desejos, projetos. Então, é bom prestar muita atenção e ir

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em busca de informações mais consistentes. Ampliar as informações que circulam na sociedade é uma forma de alimentar o imaginário de forma saudável, evitando que as pessoas acabem “desnutridas” e sem massa crítica. Pensando nisso, as bibliotecas modernas, que chegam a diferentes locais, são centros de informação onde todo cidadão tem acesso a diferentes mídias e também a livros. Afinal, se é importante alimentar o imaginário para nutrir as opiniões, nada melhor do que a literatura para tornar o debate mais apetitoso.

A Biblioteca-Parque da Rocinha é um espaço cultural e de convi-vência, que oferece à população salas de estudo e leitura, espaços para reuniões, serviços para portadores de necessidades especiais. Ela está num prédio de cinco andares, onde há uma DVDteca, um cineteatro, uma sala multiuso para cursos, estúdio de gravação e edição audiovisual, setor de internet comunitária (com 48 compu-tadores e 12 notebooks), cozinha-escola e café-literário. Pode-se en-contrar até 15 mil livros e 2 mil DVDs. O modelo da Biblioteca-Parque é de um espaço múltiplo que trabalha todas as artes: música, cine-ma, teatro, literatura, gastronomia etc.

Já pensou num lugar em que você possa preparar uma receita gostosa e, por exemplo, enquanto o cheiro de bolo de chocolate in-vade a sala, você fica lendo ou ouvindo uma história? É claro que num espaço assim é possível fazer muitas amizades e trocar muitas ideias. É essa a ideia da Biblioteca-Parque da Rocinha: um espaço apetitoso em todos os sentidos, onde se possa encontrar outras pes-soas, conversar e ler.

1 Como nas bibliotecas antigas, onde os livros eram escritos à mão, as bibliotecas modernas podem ter uma pessoa que saiba escrever para ser o escriba das histórias inventadas pelas crianças.

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2 Na Grécia Antiga, as pessoas se reuniam nas praças para debater os mais variados assuntos. Alguns filósofos importantes nem se preocupavam em escrever, pois as conversas nos lugares públicos lhes tomavam muito tempo. Valia a palavra falada. Atualmente, as redes sociais na internet desempenham um papel fundamental no incentivo ao debate. Acontece que, para participar dos debates na internet, não basta ler, é preciso também escrever. Hoje, pensar e dialogar por meio da palavra escrita é cada vez mais importante, mas conversar ainda ajuda muito a pensar e a formar opiniões.

ESPAÇO DE CONvIvÊNCIA CU LTU RAL

PAC, pac, pac. Parece até que estão batendo na porta. É quase isso. PAC é a sigla do Programa de Aceleramento do Crescimento, cujo um dos objetivos é urbanizar áreas onde moram muitas pessoas em casas feitas de madeira, papelão, plástico ou até de tijolos. O governo resol-veu ajudar essas pessoas, construindo ruas, prédios, bibliotecas, tudo para melhorar suas vidas. Como melhorar a vida não é só ter água en-canada e luz elétrica, o programa de crescimento passa pela urbaniza-ção e também pelo acesso à informação, espaços de lazer e de cultura.

Com a internet, podemos saber o que está acontecendo em qual-quer parte do mundo. Mas ela veio para acabar com os livros e outras formas de acesso à informação? Muitos acham que não.

Para programas como o PAC, informação local tem a ver com a ca-pacidade de estar ao alcance de todos os cidadãos, onde quer que eles estejam. Mas é preciso bater na porta de cada um, “pac, pac, pac”, levando convites atraentes: “hoje vai passar um filme lá na biblioteca, vamos? Aproveita e pega um livro emprestado para ler em casa.”

A Biblioteca-Parque da Rocinha é um espaço de lazer cultural – tem teatro e até aulas de culinária. É antes de tudo um ponto de encon-tro. As crianças vão lá se encontrar, ter espaço para circular, conver-sar. Como na sala criada especialmente para crianças há apenas dois computadores com joguinhos, enquanto elas esperam para jogar, po-dem pegar um livro, pedir para a bibliotecária contar uma história e ir se acostumando com os espaços dos livros e das novas tecnologias.

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você já ouviu alguém contar ou ler uma história que já conhecia da te-levisão ou de um dvd? você percebeu alguma diferença? Comparar as versões de uma mesma história, observando o que é igual e o que é dife-rente quando ela está num livro ou num vídeo pode ser bem divertido.

Quem conhece a expressão “caiu na boca do povo”? Já parou para pen-sar que uma notícia pode não dizer toda a verdade? Que tal promover um debate franco sobre um assunto que todo mundo está comentan-do? ouvir diferentes opiniões pode gerar a curiosidade e a vontade de ficar mais informado. Quase sempre o tema de uma notícia tem a ver com uma música, uma poesia ou até um romance. depois de ler, ou-vir, assistir e debater, que tal reescrever a tal notícia de forma mais criativa? as formas de circular os textos escritos variam de acordo com o acesso às ferramentas de comunicação: podem compor um blog, ir parar nas redes sociais da internet, serem lidos em voz alta, colados em cartazes ou comporem um livro escrito a muitas mãos. vale qualquer tema: é importante não ter preconceitos.

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Page 40: mundo - cultura.rj.gov.br · Hipátia em Alexandria. A matemática e filósofa torna--se uma figura atuante na Biblioteca de Alexandria, até sua morte, em 415 d.C

Este livro foi composto com fontes das famílias The Mix, The Sans e The Serif, e impresso na Pancrom Indústria Gráfica em novembro de 2012.

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