relaÇÃo da postura adotada durante o trabalho com...
TRANSCRIPT
RODRIGO COSTA BALBINO
RELAÇÃO DA POSTURA ADOTADA DURANTE O TRABALHO COM OS
DESCONFORTOS POSTURAIS EM COSTUREIRAS
Tubarão, 2006
RODRIGO COSTA BALBINO
RELAÇÃO DA POSTURA ADOTADA DURANTE O TRABALHO COM OS
DESCONFORTOS POSTURAIS EM COSTUREIRAS
Monografia apresentada ao curso de Fisioterapia como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina
Orientador temático: Júlio César de Oliveira Araújo
Tubarão, 2006
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, a minha esposa
e a minha tia Maria que me deram forças para que
eu não desistisse nunca, pois as grandes conquistas
vêm acompanhadas de grandes pessoas. Amo
muito vocês.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a DEUS, pois esteve sempre
presente comigo, iluminando meu caminho,
fazendo com que eu chegasse até aqui.
Aos meus pais, Janildo e Salete e a minha tia
Maria razão de muita luta por esta conquista,
pelo amor sempre recebido, pela confiança
depositada e por sempre estarem juntos
comigo incentivando para que eu nunca
desistisse...
Ao meu grande amor Jucilene, pois diante de
alguns fracassos, foi quem me apoiou, confiou
e acreditou que eu seria capaz...
As amizades conquistadas, e aos colegas de
faculdade, que contribuíram para meu
crescimento pessoal, uns criticando outros
apoiando...
Aos meus professores pela paciência, pois tudo
que disseram e que fizeram por mim, guardarei
como uma grande lição para a minha vida.
Ao meu orientador Júlio César de Oliveira
Araújo, pelo dialogo, pela paciência, pelos
puxões de orelha e pela ajuda na elaboração e
montagem desta pesquisa.
“Quando tomamos a consciência de que alguém venceu, logo pensamos no seu estado de sorte. No entanto, se olharmos com atenção, veremos que ali houve sacrifícios, métodos, determinação, perseverança e vontade forte de vencer.” Asdrúbal Guedes
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Coluna Vertebral ............................................................................. 17
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Postura ao sentar na cadeira ......................................................... 27
Gráfico 2 - Correção da postura durante a realização das atividades do
trabalho ..........................................................................................
28
Gráfico 3 - Ambiente de trabalho quanto à iluminação e temperatura ............ 29
Gráfico 4 - Prática de exercício físico .............................................................. 30
Gráfico 5 - Correlação da falta de prática de exercícios físicos com os
desconfortos posturais ...................................................................
32
RESUMO
Em escritórios e malharias, a posição que é mais adotada por um longo período de tempo é a sentada. Devido ao longo período na mesma posição, os trabalhadores adotam hábitos posturais inadequados buscando uma adaptação entre seu corpo e a máquina, desenvolvendo assim desconfortos posturais. O objetivo geral desta pesquisa foi analisar a postura da amostra na posição sentada durante a rotina de trabalho. E os objetivos específicos visam caracterizar o ambiente de trabalho quanto à luminosidade e sensação térmica e correlacionar a falta de prática de exercícios físicos com as regiões corporais mais acometidas por desconfortos posturais. A amostra foi composta por 30 costureiras. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário e a escala de desconforto postural para diferentes partes do corpo. Os resultados constataram-se que em relação a postura sentada, a metade das costureiras (50%) classificaram sua postura como inadequada, por elas permanecerem na mesma postura por um determinado período, podendo ocasionar assim algum tipo de desconforto. Em relação à luminosidade e sensação térmica, 60% relataram que seu ambiente de trabalho era aceitável, mas provocando desconforto. Foi observado que das 30 costureiras, 21 delas não praticavam nenhum tipo de exercício físico. E quanto à relação à falta de prática de exercícios físicos a estas 21 costureiras, observou-se que a coluna lombar, cervical, ombros, cabeça e pernas foram as regiões corporais de maior desconforto e os joelhos, tornozelos, coluna torácica, quadril e punhos as menos acometidas. Palavras-chaves: desconforto postural, costureiras e postura sentada.
ABSTRACT
In offices and hosiery shops, the position that more is adopted by a long period of time is the seated one. Had to the long period in the same position, the workers adopt inadequate positions habits searching an adaptation between its body and the machine, thus developing positions discomforts. The general objective of this research was to analyze the position of the sample in the position seated during the work routine. E the specific objectives aim at to characterize the environment of work how much to the luminosity and thermal sensation and to correlate the practical lack of of physical exercises with the corporal regions more attacks for positions discomforts. The sample was composed for 30 dressmakers. For the collection of data a questionnaire was used and the scale of postural discomfort for different parts of the body. The results had been evidenced that in relation the seated position, the half of the dressmakers (50%) had classified its position as inadequate, for them to remain in the same position for one determined period, being able to cause some type of discomfort thus. In relation to the luminosity and thermal sensation, 60% had told that its environment of work was acceptable, but provoking discomfort. It was observed that of the 30 dressmakers, 21 of them did not practise no type of physical exercise. E how much to the relation to the practical lack of of physical exercises to these 21 dressmakers, the lumbar column was observed that, cervical, shoulders, head and legs had been the corporal regions of bigger discomfort and the knees, ankles, torácica column, hip and fists the little attacks. Word-keys: postural discomfort, dressmakers and seated position.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................
12
2 FATORES QUE INFLUENCIAM A PRESENÇA DE DESCONFORTO POSTURAL EM COSTUREIRAS ....................................................................
15
2.1 Ergonomia .................................................................................................. 15
2.2 Postura ....................................................................................................... 17
2.2.1 Postura Sentada ...................................................................................... 20
2.3 Desconforto postural .................................................................................. 23
2.4 Qualidade de vida no trabalho ................................................................... 25
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ................................................................ 26
3.1 Tipo de pesquisa ...................................................................................... 26
3.2 População\Amostra .................................................................................. 26
3.3 Instrumentos utilizados para a coleta de dados ................................... 27
3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados ...................................... 28
12
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ............................................ 30
4.1 Classificação da postura ao sentar na cadeira ........................................ 30
4.2 Correção da postura durante a realização das atividades do trabalho ......
4.3 O ambiente de trabalho quanto à iluminação, temperatura e mobiliário
utilizado ............................................................................................................
31
32
4.4 Distribuição da amostra quanto à prática de exercício físico .....................
4.5 Relação da prática de exercícios físicos com os desconfortos
posturais...........................................................................................................
33
34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................
36
REFERÊNCIAS ................................................................................................
38
APÊNDICES .................................................................................................... 42
Apêndice – Questionário ................................................................................. 43
ANEXOS .......................................................................................................... 46
Anexo A - Termo de Consentimento ............................................................... 48
Anexo B – Escala de desconforto postural ..................................................... 50
13
1 INTRODUÇÃO
A ergonomia tornou-se uma ciência, adquirindo bases cada vez mais
modernas para benefícios do trabalhador e da produtividade. Pois, sabe-se que o
homem desde a invenção da roda, ou talvez ainda antes, tem estado à procura de
tornar o trabalho mais prático e eficiente, sem causar danos à saúde. Portanto, a
procura por efeitos positivos desta relação é tão antigo quanto o homem.
Na área da saúde, a fisioterapia esta ampliando cada vez mais seu
campo de trabalho, estando também presente nas empresas trabalhando na
saúde ocupacional. Podendo atuar de forma corretiva, através de condutas
ambulatórias e de maneira preventiva. Em escritórios e malharias, por exemplo, a
posição que é adotada por um longo período de tempo é a sentada. Por causa
desse longo período na mesma posição, os trabalhadores adotam hábitos
posturais inadequados buscando uma adaptação entre seu corpo e a máquina,
desenvolvendo assim os desconfortos posturais.
Em virtude desses desconfortos posturais é que fisioterapia vem
atuando cada vez mais na ergonomia, diminuindo esses desconfortos, prevenindo
e melhorando os desequilíbrios posturais. Buscando o bem-estar físico e
psicológico, para que se estabeleça uma melhor qualidade de vida do trabalhador
13
e sua produção.
O rendimento do trabalhador depende do equilíbrio entre o bem estar
físico e mental. É importante lembrar as horas que as costureiras passam
sentadas em seu ambiente de trabalho sem pausas regulares, e isto de certa
forma gera uma sobrecarga física e emocional, que lhes causam tensão, fadiga e
consequentemente desconforto postural. A sensação de peso nos ombros, fadiga,
dor, redução da força e da capacidade funcional, formigamento, perda de controle
dos movimentos devido ao uso excessivo ou inadequado das estruturas osteo-
musculares, são sinais de alerta e com isso não executam suas atividades como
poderiam e, muitas vezes, precisam ser afastadas, causando prejuízo para saúde
das costureiras e da empresa. Por isso, a falta de um programa preventivo,
conscientização e orientações quanto à postura, podem ser um dos fatores
agravantes.
O presente estudo dirige-se as algumas costureiras de facções da
cidade de Tubarão que atuam na posição sentada, pois elas permanecem quase
que todo seu tempo de trabalho na mesma postura, tendo uma grande
probabilidade de desenvolver desconforto postural.
Com base nesse contexto, a pesquisa objetiva em geral analisar a
postura da amostra na posição sentada durante a rotina de trabalho. E os
objetivos específicos visam caracterizar o ambiente de trabalho quanto à
luminosidade e sensação térmica sob o olhar das costureiras e relacionar a falta
de prática de exercícios físicos com as regiões corporais mais acometidas por
desconfortos posturais.
O estudo é dividido em três capítulos. No primeiro será abordada uma
revisão de literatura definindo ergonomia, postura, postura sentada, desconforto
14
postural e qualidade de vida no trabalho. Após, é feito delineamento da pesquisa,
caracterizando-a como descritiva e comprometendo uma amostra de 30
costureiras, pois estas satisfizeram os critérios de inclusão da pesquisa, sendo
investigados através dos instrumentos: questionários e escala do desconforto. No
capitulo seguinte, são discutidas as análises e interpretações dos dados de
maneira quantitativa, e por fim, o último capítulo traz as considerações finais do
pesquisador em relação ao estudo.
15
2 FATORES QUE INFLUENCIAM A PRESENÇA DE DESCONFORTO
POSTURAL EM COSTUREIRAS
2.1 Ergonomia
A ergonomia segundo Grandjean (1998), vem do grego: ergon = trabalho
e nomos = legislação, normas. Com essa composição podemos chamá-la de ciência
do trabalho.
Conforme Iida (2000), a ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho
ao homem. O trabalho aqui tem uma acepção bastante ampla, abrangendo não
apenas aquelas máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais,
mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e seu
trabalho.
A ergonomia objetiva modificar os sistemas de trabalho para adequar a
atividade nele existente às características, habilidades e limitações das pessoas com
vistas ao seu desempenho eficiente, confortável e seguro (ABERGO, 2000)
Para Barreto, Nunes e Baechtold (1999), a ergonomia tem sido aplicada
em projeto de máquinas, equipamentos, produtos, sistemas e tarefas, com o objetivo
de melhorar a segurança, saúde, conforto eficiência dos trabalhadores.
A ergonomia passa conhecimentos para o bom posicionamento do corpo
16
no local de trabalho, preocupando-se com as condições gerais. As finalidades da
ergonomia segundo Dul e Weerdmeester (1998) estudam vários aspectos: posturas
e os movimentos corporais (sentado, em pé), fatores ambientais (ruídos,
iluminação). A conjunção adequada desses fatores permite projetar ambientes
seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida
cotidiana.
Segundo Monteiro e Butagri (1998), a ergonomia contribui para uma
melhor qualidade do desenvolvimento do trabalho, enfatizando três vias:
aperfeiçoamento homem-máquina, organização do trabalho e melhoria das
condições de trabalho. Analisando assim a questão das posturas corporais no
trabalho e a aplicação de forças.
Segundo Maciel (1994), pode surgir inúmeros problemas decorrentes da
realização de determinadas tarefas ou atos no ambiente de trabalho, que depende
da atividade que esta sendo realizada e do tempo que seu organismo esta se
submetendo a executá-la.
Um enfoque ergonômico dos postos de trabalho é importante porque
tendem como resultado final, a reduzir as exigências biomecânicas, conforme Iida
(2000, p. 98):
O posto de trabalho deve adaptar o trabalhador corretamente ao seu local de trabalho para que o mesmo execute suas tarefas com conforto, eficiência e segurança, sem que haja problemas quanto à postura e esforço físico na concentração de tensões e outras perturbações que venham a acarretar dores e, conseqüentemente ausências no trabalho desde que bem adequados para execução das atividades, os ambientes de trabalhos não trazem grandes prejuízos aos trabalhadores (IIDA 2000, p. 98).
Em qualquer situação de trabalho onde existe o homem, a ergonomia
encontra campo para aplicar seus conhecimentos, colhido nas diversas disciplinas
17
que apóiam e fornecem o embasamento que permite sua intervenção com a
finalidade de modificar a situação de trabalho a favor do homem (SOUZA, 1994).
Para Iida (2000), isto pode ser conseguido com as mudanças de posturas,
melhorando o posicionamento das peças e ferramentas ou providenciando apoio
para as partes do corpo com o objetivo de reduzir as contrações estáticas dos
músculos. Também devem ser concedidas pausas de curta duração, mas com
freqüência, para permitir o relaxamento muscular e alívio da fadiga.
2.2 Postura
Postura é uma posição ou atitude do corpo para uma atividade especifica,
ou uma maneira característica de alguém sustentar seu corpo. As posturas são
usadas para realizar atividades com menor quantidade de energia. Postura e
movimento são intimamente associados. O movimento começa a partir de uma
postura e pode terminar em uma outra postura (KISNER & COLBY, 1998).
Segundo Kendall, Mccreary e Provance (2001), a postura é um estado
compósito do conjunto das posições das articulações do corpo em um determinado
momento, uma boa postura representa o alinhamento das articulações, exigindo
pequeno esforço da musculatura e dos ligamentos envolvidos nas posições.
Referindo-se a postura corporal Vieira, Bruno e Souza (apud MORAES,
2002), dizem existir duas correntes distintas sobre o assunto, no qual uma refere-se
a postura ideal, ou padrão, do ponto de vista biomecânico, havendo um alinhamento
vertical de diferentes seguimentos corporais (cabeça, tronco e pelve) estando peso
corporal concentrado principalmente sobre estruturas ósseas, exercendo um mínimo
18
de esforços e tensão nos músculos e ligamentos; e a outra corrente, afirma que a
postura é uma questão individual, estando relacionada ao comportamento do
individuo, sendo a manutenção da postura dinâmica um desequilíbrio
permanentemente compensado.
O sistema postural é um sistema todo estruturado, tendo como funções
complementares de lutar contra a gravidade e manter a postura ereta; opor-se as
forças externas; situar-nos no espaço-tempo estruturado que nos envolve; guiar e
reforçar o movimento; equilibrar-nos durante o movimento entre outros (BRICOT,
2001).
Com o fato de o corpo humano adaptar-se ao ambiente no qual esta
inserido, portanto, também ocorrendo quando esta realizando suas atividades de
trabalho, Couto (apud Vieira, 2000, p. 162) cita que:
[...] a pesquisa da posição básica que o trabalhador assume em sua atividade profissional é importante para destacar a participação de componentes estáticos e dinâmicos na mesma. Certos grupos musculares implicados na manutenção da postura fixam o tronco e as articulações, executando esforço estático. Outros grupos musculares envolvidos na manutenção das extremidades realizam esforço dinâmico. Portanto, nas mais variadas atividades profissionais, os indivíduos, em geral, executam dois tipos básicos de esforço ou de trabalho: o estático e o dinâmico.
Segundo Grandjean (1998), na atividade dinâmica, o trabalho pode ser
expresso como produto do encurtamento dos músculos e da força envolvida. No
trabalho estático, o músculo não alonga seu comprimento e permanece em estado
de alta tensão, produzindo força durante longo período.
A presença de posturas estáticas, mantidas ao custo de contrações
isométricas, ocasiona uma compressão de vasos sanguíneos, diminuindo a
circulação global, o retorno venoso e a pré-carga, o que por sua vez provoca o
19
aumento da freqüência cardíaca. Assim, acelera-se a probabilidade de atingir a
fadiga, pois o metabolismo local encontra-se fora do ritmo ideal, não efetuando as
trocas e não suprindo as necessidades fisiológicas pelos grupos musculares em
ação (DELIBERATO, 2002).
Acrescenta Grandjean (1998), que o trabalho muscular estático,
comparado com o trabalho dinâmico, leva a um consumo maior de energia;
freqüências cardíacas maiores e períodos de restabelecimentos mais longos.
É fundamental que para se tenha uma boa manutenção da postura um
alinhamento adequado da coluna vertebral, pois esta, segundo Dangelo e Fattini
(2000) constitui o eixo ósseo do corpo, oferecendo a resistência de um pilar de
sustentação, mas também com flexibilidade necessária à movimentação do tronco, e
que, para realizar estas funções a coluna apresenta três características: constitui-se
de trinta e três peças esqueléticas colocadas umas sobre as outras
longitudinalmente, estendendo-se da nuca, tórax, abdômen e pelve. Dividindo-se em
sete vértebras cervicais, doze torácicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro
coccígeas. Entre as vértebras da coluna existem os discos intervertebrais, que se
constituem em duas partes: uma periférica, o anel fibroso e outra central, o núcleo
pulposo, sendo este uma substancia gelatinosa composta por 88% de água, que
atua como distribuidor de pressão em sentido horizontal sobre o anel. (KAPANDJI,
2000).
20
Figura 1: Coluna Vertebral Fonte: Sobotta, Putz e Pabst (1995)
2.2.1 Postura Sentada
A postura sentada possibilita menor gasto de energia e menor carga
21
sobre os membros inferiores, porém aumenta a pressão sobre os discos
intervertebrais quando a permanência nesta postura for por longo período. A postura
sentada permite melhor controle dos movimentos, pelo fato de que o esforço de
equilíbrio é reduzido. Sendo a posição mais freqüentemente adotada pela maioria
das pessoas nas atividades que exigem maior precisão como atividades
profissionais, domésticas e de lazer (IIDA 2000).
No entanto, Hamil e Knutzen (1999), ao estudarem a distribuição do peso
da posição sentada, relatam que o ser humano apóia cerca de 75% de todo peso de
seu tronco sobre a tuberosidade isquiática, cóccix e trocânteres, cuja área não
passa de 26 cm². Apontando assim a compressão altíssima exercida sobre esta
área, o que leva mudanças de posição para aliviar a pressão, facilitando a circulação
sanguínea.
Buscando amenizar este fato, Iida (1998), sugere um estofamento pouco
espesso, colocando sobre uma base rígida, que não se afunde com o peso do
corpo, para ajudar a distribuir a pressão e proporcionar maior estabilidade ao corpo
contribuindo para a redução do desconforto e da fadiga.
O Ministério do Trabalho (2006), adiciona dizendo, que além do assento
estofado, a cadeira deve ser de altura ajustável, de modo que se possa ser
facilmente adaptada ao individuo que a use, permitindo que se sente com ambos os
pés descansando sobre o chão ou sobre um apoio. E de encosto e apoio para os
braços.
Quando se adota uma determinada postura de trabalho por um tempo
prolongado, leva-se a uma continua tensão dos músculos, gerando distúrbios
metabólicos e circulatórios. Por esse motivo, recomenda-se para quem trabalha
sentado, levantar-se 15 minutos a cada uma hora de atividade. Tendo a finalidade
22
de garantir a recuperação física de um processo de fadiga muscular orgânica e
micro traumas de estruturas como tendões, bainha e bolsas sinoviais. Reduzindo
assim a incidência das disfunções e aumentando, portanto a produtividade do
trabalhador (COUTO, 1996). O mesmo autor complementa que, as pausas são
importantes a fim de evitar a sobrecarga músculo esquelética e a fadiga mental,
geralmente expressa através de irritabilidade, dificuldade para memorização,
raciocínio e leitura.
Segundo Grandjean (1998), as jornadas de trabalho superiores a 8 ou 9
horas diárias são improdutivas. Trabalhadores que são obrigados a trabalhar, além
disso, costumam reduzir o seu ritmo durante a jornada normal, acumulando reservas
de energia para suportar as horas-extras.
O Ministério do Trabalho (2006) classifica as vantagens e desvantagens
de se trabalhar na posição sentada:
Vantagens
o Baixa solicitação da musculatura dos membros inferiores, reduzindo a
sensação de desconforto e cansaço;
o Possibilidade de evitar posturas forçadas do corpo;
o Baixo consumo de energia;
o Facilitação da circulação sanguínea pelos membros inferiores.
Desvantagens
o Pequena atividade física;
o Adoção de posturas desfavoráveis;
o Estase sanguínea nos membros inferiores agrava-se quando há
compressão da face posterior das coxas e panturrilhas, se estas
estiverem contra a cadeira.
23
2.3 Desconforto postural
Todo individuo que realiza suas atividades de forma inadequada, em
relação atividade e corpo, está sujeito a desencadear desconfortos posturais, devido
à má adaptação do ambiente e a sua rotina de trabalho (VERDERI, 2001) .
Segundo Moraes (2002), os indivíduos que adotam frequentemente uma
mesma postura durante a jornada de trabalho podem gerar alterações significativas
no alinhamento corporal, alem de apresentarem dor ou desconforto na musculatura
mais utilizada, o individuo acaba adquirindo vícios posturais, além de outros
problemas oriundos do trabalho. Quando se adota uma postura inadequada por um
longo período, sendo esta repetida por semanas, meses ou anos, o corpo responde
em forma de dor, e este fator provavelmente contribui para a desarmonia no
trabalho.
Blandimiller,(1999), descreve desconforto como a sensação de que uma
parte do corpo esta pesada ou inclinada, tensa (dura, contraída), formigamento, ou
levemente dolorida, sendo que o individuo pode vir a sentir outras sensações
desagradáveis.
A postura incorreta no trabalho é aquela que causa dor e incapacidade,
que são oriundas de desenhos ruins dos equipamentos, das máquinas, dos moveis
como também do mau uso que os indivíduos fazem de seu próprio corpo (VERDERI,
2001).
Geralmente, as posturas são adotadas em decorrência de uma atividade
a ser realizada, tendo o corpo que se adaptar a tarefa e ao ambiente. As posturas e
movimentos realizados de forma prolongada podem causar distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho (DUL; WEERDMEESTER, 1998).
24
Para evitar estes distúrbios, a Sociedade Brasileira de Fisioterapia do
Trabalho (2005) vem a descrever um serviço fisioterapêutico atualizado, visando
promover uma melhor saúde física, mental e social do funcionário, através da
identificação, prevenção, motivação, gerenciamento e trabalho do trabalhador, assim
contribuindo para o equilíbrio: trabalhadores saudáveis x empresas produtivas.
Iida (1998), realizou uma pesquisa relacionando posturas com
desconfortos posturas, e classificou as posturas quanto ao ambiente em que elas
trabalham:
I. Grau 1 - Atividade onde a postura é normal, dispensando cuidados especiais
exceto em casos excepcionais;
II. Grau 2 - Atividade onde a postura merece atenção em uma próxima analise;
III. Grau 3 - Atividade onde a postura merece atenção em curto prazo;
IV. Grau 4 - Atividade onde a postura merece atenção imediata.
Segundo Barreira (1989), também foram detectadas algumas situações
de trabalho que se constituem em fatores de risco para a coluna vertebral quanto a
manutenção da postura por períodos prolongados de tempo, ocasionando:
Atividade muscular constante ou sustentada podendo provocar o aparecimento de
processos irritativos e, em maior grau, de processos inflamatórios nas estruturas
osteo-musculares com sintomatologia, entre outras, de dor:
Compressão constante de vasos sanguíneos e outras estruturas, ocasionando
diminuição do aporte sanguíneo em menor ou maior grau, que pode resultar em,
no mínimo, sensação de formigamento, desconforto ou dor;
Pressão intra-discal mantida, podendo ocorrer ruptura das estruturas do disco
intervertebral, iniciando o processo de herniação, que pode ser agravado a
medida que o anel fibroso e o ligamento longo forem rompidos, podendo
25
comprimir raízes nervosas.
2.4 Qualidade de vida no trabalho
A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), preocupa-se com os aspectos
internos da organização, desenho do cargo e condições físicas do ambiente de
trabalho, neste contexto o homem é apenas considerado um ser produtivo, deixando
de lado o ser humano total, que interage não só com o ambiente organizacional,
mas também com o ambiente externo que abrange a família, os amigos e as
atividades de laser (GUIMARÃES, 1998).
A satisfação tem uma relação muito clara e intensa com aspectos da vida
e do comportamento dos trabalhadores, acredita-se que outros fatores possam estar
relacionados com a satisfação do trabalho, como por exemplo, o laser, o grau de
exercício físico, o nível de consciência corporal e estilo de vida (LITEGUI, 1990).
Pollock e Wilmore (1993), afirmam que o exercício físico através dos
movimentos corporais, há muito tempo é reconhecido como promotor da saúde e
que, atualmente é muito bem aceita a idéia de que o exercício físico interfere
positivamente no bem-estar físico e mental do homem, influenciando também na
satisfação pessoal.
Para Diniz (2002), o exercício oferece benefícios psicológicos porque
purifica a mente e o corpo através de uma forma natural de expressão,
proporcionando uma válvula de escape para agressividade, depressão, além de ser
uma distração sadia para compensar as preocupações do dia-a-dia.
26
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Neste capitulo foi abordado o tipo de pesquisa que foi realizado neste
trabalho, os instrumentos e procedimentos que foram utilizados para a coleta de
dados, para posterior interpretação dos mesmos.
3.1 Tipo de pesquisa
A pesquisa é do tipo descritiva. Segundo RUDIO (2001, p.56), a pesquisa
descritiva tem o objetivo de observação e a descrição de fenômenos procurando de
alguma forma descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. As pesquisas descritivas
relacionam duas ou mais variáveis sem manipulá-las. A exemplo desta pesquisa, as
variáveis são: postura adotada e desconforto postural.
3.2 População/ Amostra
A população deste estudo foram costureiras de seis empresas de facção
da cidade de Tubarão/SC, totalizando 41 costureiras Como critérios de inclusão na
27
amostra, foram estabelecidos os seguintes fatores:
Trabalhar como costureira;
Tempo mínimo de 5 anos na função de costureira;
Assinar o termo de consentimento.
E como critério de exclusão na amostra:
Trabalhar em mais de um posto de trabalho;
Durante a jornada de trabalho, não adotam predominantemente a postura
sentada;
A amostra estudada foi composta de 30 costureiras que estavam de acordo com
os critérios de inclusão e exclusão.
3.3 Instrumentos utilizados para a coleta de dados
Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram:
Entrevista com um questionário constituído de questões fechadas,
previamente testado quanto a validade e clareza, foi desenvolvido especialmente
para este estudo com o objetivo de verificar as condições dos postos de trabalho, a
presença de desconforto postural, hábitos e qualidade de vida do trabalhador. Sendo
formulado exclusivamente ao objetivo da pesquisa.
Escala do Desconforto para diferentes partes do corpo (MORAES, 2002),
consiste em graduar o nível de desconforto manifestado sob a forma de dor em cada
parte do corpo, numa escala representada por cores, sendo:
o A cor verde representa nenhuma dor;
o A cor amarela representa dor suportável que se caracteriza como um
28
leve desconforto consegue-se trabalhar mesmo sentindo-a.
o A cor alaranjada representa uma dor intensa que obriga o trabalhador
por alguns instantes parar o trabalho, manter-se em repouso para
aliviar a dor possibilitando depois continuar o trabalho.
o A cor vermelha representa uma dor insuportável que caracteriza a
incapacidade de continuar o trabalho obrigando-o a parar.
3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados
Inicialmente, foi feito contato com os proprietários das facções para
explicação a respeito da realização da pesquisa, citando aos mesmos os objetivos
gerais e específicos.
Em seguida, realizou-se uma visita ao local de trabalho para esclarecer às
costureiras o objetivo deste projeto, explicado sobre o questionário e a escala do
desconforto. Em seguida, para inclusão da amostra, as costureiras assinaram um
termo de consentimento.
Após as mesmas assinarem de que estão de acordo com os termos de
inclusão e exclusão, foi feito agendamento no local de trabalho com as costureiras
da amostra para responderem o questionário e a escala do desconforto, sendo os
mesmos aplicados pelo pesquisador.
Para elaboração do gráfico V, primeiramente foram separados somente
as escalas de desconforto das costureiras que não praticavam exercício físico, em
seguida foram contadas todas as regiões de desconforto tanto no lado direito como
29
no esquerdo, onde foi encontrado um número “x” de regiões e desse número
elaborou-se o gráfico na planilha Excel 2003.
30
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÂO DOS DADOS
A análise e interpretação dos dados foram obtidos através dos
instrumentos designados para a pesquisa, sendo estes referidos por uma amostra
que compreendeu trinta costureiras de facções da cidade de Tubarão/SC.
4.1 Classificação da postura ao sentar na cadeira
17%
33%
50%
0% Adequada, não causandodesconfortoAdequada, causando algum tipode desconfortoInadequada, causando namaioria das vezes desconfortoInadequada, sempre causandodesconforto
Gráfico 1: Postura ao sentar na cadeira
31
No gráfico I, pode-se observar que das 30 costureiras, cinco delas
classificaram sua postura adequada, não causando desconforto (17% das
amostras), dez classificaram como adequada, causando algum tipo de desconforto
(33% das amostras), quinze como inadequadas, causando na maioria das vezes
desconforto.
Queiroz (2004) realizou um estudo, analisando as costureiras na posição
sentada e observou-se que a postura ao sentar na cadeira era mantida na maioria
das vezes com uma protusão da cabeça e ombros, flexão da cervical, lombar e
cotovelos e abdução de quadril.
Ao comparar os dados obtidos a pesquisa de Queiroz (2004) conclui-se
que, uma postura inadequada, por um determinado período, pode ocasionar algum
tipo de desconforto pelas costureiras permanecerem na maioria das vezes na
mesma postura.
4.2 Correção da postura durante a realização das atividades do trabalho
43%
50%
7%
Sim Às vezesNão
Gráfico 2: Correção da postura durante a realização das atividades do trabalho
32
No gráfico II, pode-se verificar que 43% da amostra corrigem sua postura
na realização das atividades do trabalho, 50% da amostra, corrigem às vezes e 7%
não corrigem.
De acordo com Moraes (2002), indivíduos que adotam uma mesma
posição corporal durante uma longa jornada de trabalho, podem gerar alterações
significativas no alinhamento do corpo, podendo apresentar dor ou desconforto na
musculatura mais solicitada, o individuo que não faz alternância de postura acaba
adquirindo posturas viciosas além de outros problemas relacionados ao trabalho.
No caso das costureiras que permanecem predominantemente todo o
período de trabalho na posição sentada, observou-se que a maioria delas quase não
corrige sua postura, sendo que nenhuma das costureiras recebeu algum tipo de
orientação para adotar posturas adequadas, podendo causar fadiga muscular e
consequentemente dores pelo corpo, o que reduz o desempenho de suas
atividades.
4.3 Ambiente de trabalho quanto à iluminação e temperatura
46
18
20
0
5
10
15
20
25
30
Alternativas
Qua
ntid
ade
Ambiente confortável
Ambiente razoavelmenteconfortávelAmbiente aceitável, mas provocadesconfortosAmbiente desconfortável
Ambiente extremamentedesconfortável
Gráfico 3: Ambiente de trabalho quanto à iluminação e temperatura
33
No gráfico III, pode-se observar que das trinta costureiras, quatro
destacaram seu ambiente de trabalho como confortável (13% da amostra), seis
como razoavelmente confortável (20% da amostra), dezoito como aceitável, mas
provocando desconforto (60% da amostra), dois apenas como desconfortável (7%
da amostra) e nenhuma como extremamente desconfortável.
De acordo Iida (1998), a falta de iluminação e a temperatura inadequada
no ambiente de trabalho interferem diretamente no desempenho do trabalho
humano, causando desconforto, aumentam o risco de acidentes e provoca danos
consideráveis a saúde.
A maioria da amostra relatou que o ambiente de trabalho não é adequado
quanto à temperatura e iluminação, provocando desconforto durante as atividades
desempenhadas durante a jornada de trabalho.
4.4 Distribuição da amostra quanto à prática de exercício físico
21
2
6
10
5
10
15
20
25
30
Alternativas
Cost
urei
ras
Não pratica nenhum tipo deexercício físico1 vez por semana
2 à 3 vezes por semana
4 vezes ou mais por semana
Gráfico 4: Prática de exercício físico
34
No gráfico IV, observa-se que das 30 costureiras entrevistadas, 21 não
praticam nenhum tipo de exercício físico (70% das amostras), 2 praticam uma vez
por semana (7% das amostras), 6 delas praticam exercício físico de duas à três
vezes por semana (20% das amostras) e apenas 1 pratica de quatro vezes ou mais
por semana.
Para Barbanti ( 1994 ) o termo exercício físico refere-se a uma seqüência
planejada de movimentos repetidos sistematicamente com o objetivo de elevar o
rendimento. O exercício físico constitui uma exigência básica para o
desenvolvimento adequado do corpo. A falta dele tende a produzir uma flacidez dos
músculos, o acúmulo excessivo de gorduras, a eliminação insuficiente dos produtos
de excreção do organismo e ainda uma lentidão do processo digestivo.
Visto que a maioria das costureiras não pratica nenhum tipo de exercício
físico. A falta do mesmo pode trazer conseqüências negativas para a saúde, levando
em conta, as mudanças nas condições de vida e do trabalho. Sendo assim essencial
a vida de qualquer indivíduo.
4.5 Relação da falta de prática de exercícios físicos com as regiões corporais
mais acometidas por desconfortos posturais
O gráfico V mostra a incidência das regiões de desconforto postural das
21 costureiras que não praticam exercícios físicos. No total dessa amostra foram
apontadas 110 regiões de desconforto, sendo que a coluna lombar foi a região mais
acometida, sendo apontado por 17%; 13%, desconforto na coluna cervical e ombros;
12% na cabeça; 10% nas pernas; 9%, desconforto no punho; 8% no quadril; 7% na
coluna torácica; 6% nos joelhos e 5 %, desconforto no tornozelo.
35
12%
13%
13%
7%17%8%
9%
6%
10% 5%
Cabeça Coluna Cervical Ombros Coluna Torácica Coluna LombarQuadril Punho Joelho Perna Tornozelo
Gráfico 5: Relação da falta de prática de exercícios físicos com os desconfortos posturais
Queiroz (2004), ao realizar uma pesquisa sobre a postura sentada em
costureiras com relação ao posto de trabalho verificou percentuais significativos de
desconforto, sendo a região lombar mais acometida. Em segundo lugar a região
cervical e em terceiro as dores de cabeça.
Segundo Guimarães (1998) destaca a importância da realização de
exercícios físicos na vida do trabalhador, proporcionando benefícios à saúde, não só
em relação ao corpo, mas também para um bem-estar psicológico, promovendo
assim uma melhor qualidade de vida.
Comparando os dados obtidos na pesquisa de Queiroz (2004) com os
resultados da pesquisa realizada, foi observado que houve uma semelhança em
relação às regiões de maior desconforto, onde as mesmas não praticam nenhum
tipo de exercícios físicos. Sendo que, esses exercícios beneficiam a vida do
trabalhador e conseqüentemente a produtividade da empresa.
36
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que a utilização de posturas errôneas durante o trabalho pode
trazer conseqüências desfavoráveis para a saúde do trabalhador, tanto física como
psicológica, alterando seu desempenho e principalmente a qualidade de vida no
trabalho, pois o desconforto manifesta-se em forma de dor, limitando as capacidades
mais funcionais dos trabalhadores nas realizações de suas tarefas.
Após analisar os dados, obtidos através do questionário e da escala do
desconforto, a postura ao sentar na cadeira foi determinada por 83% da amostra
relataram sentir algum tipo de desconforto. Na correção da postura durante a
realização das atividades do trabalho, verificou-se que somente 50% às vezes
corrigem. Em relação a prática de exercícios físicos, a maioria não praticava nenhum
tipo de exercício, cerca de 70% da amostra.
Observou-se que as costureiras que não praticavam exercícios físicos, 21
costureiras de uma amostra de 30, apresentaram desconforto postural, onde as
áreas de maior incidência foram a coluna lombar, ombros, coluna cervical, cabeça e
pernas e as áreas de menor incidência foram os braços, punho, coluna torácica,
joelhos e tornozelo. Caracterizou-se o ambiente de trabalho quanto ao risco de
desconfortos posturais como ambiente aceitável, mas provocando desconforto.
37
Portanto, orientações sobre posturas adequadas a serem adotadas no
posto de trabalho são fundamentais. Neste caso faz-se necessário disponibilizar
orientações quanto à adoção de posturas auto corretivas e exercícios
compensatórios para serem realizados durante o trabalho. Estas orientações são
fundamentais as costureiras, pois o grande número de movimentos repetitivos são
realizados em uma postura corporal que exige permanência prolongada na posição
sentada.
Paralelo às orientações de adoção de posturas auto corretivas e
realização de exercícios compensatórios durante a jornada de trabalho, é preciso
que se faça uma conscientização na prática de exercícios físicos às costureiras com
o intuito de minimizar ou previnir o aparecimento de desconforto postural. A fim de
promover o aumento da produtividade e da qualidade de vida do trabalhador.
38
REFERÊNCIAS BARBANTI, V.J. Dicionário de Educação Física e do Esporte. São Paulo. Editora: Manole Ltda, 1994.
BARREIRA, T. H. Um enfoque ergonômico para as posturas no trabalho. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. São Paulo. V. 67, n 17, 1989.
BARRETO, S. J.; NUNES C. R. O.; BAECHTOLD, A. P. Ergomotricidade: uma pesquisa para humanização do trabalhador. Dynamis, Blumenau, v 7, n 6, jan/mar. 1999.
BIENFAIT, M. Os Desequilíbrios Estáticos: fisiologia, patologia e tratamento fisioterápico. Tradução de Ângela Santos. 3.ed. São Paulo: Summus, 1995.
BRANDIMILLER, P. A. O corpo no trabalho: guia de conforto e saúde para quem trabalha em microcomputadores. São Paulo: SENAC, 1999.
BRASIL. Ministério do trabalho e emprego. Manual de aplicação da norma regulamentadora nº 17. 2. ed. Brasília: Ministério do trabalho e emprego, 2002.
BRICOT, B. Posturologia. 2. ed. São Paulo: Ícone, 2001.
CIZESKI, T. M. M. Desconforto postural em profissionais de informática do setor público. Dissertação de Mestrado UDESC/CEFID, 2000.
39
COUTO, H. A. Ergonomia aplicada no trabalho: manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: Ergo, 1996.
DÂNGELO; J. G; FATTINI, C. A. Anatomia Humana, Sistêmica e Segmentar. São Paulo: Atheneu, 2000.
DELIBERATO, Paulo C. P. Fisioterapia Preventiva: fundamentos e aplicações. Barueri: Manole, 2002.
DUL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgar Blucher, 1998.
GRANDJEAN, Etienne. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 1998.
GUIMARÃES, V. N. Qualidade de vida no trabalho e introdução de inovações tecnológicas: estudo comparativo de casos na industria mecânica de Santa Catarina. Revista de Ciências da Administração. Florianópolis, ano I, 1998.
HAMIL, J; Knutzen, K. M. Bases Biomecânicas do Movimento Humano. São Paulo: Monole, 1999.
HOWLEY, E; FRONTES, B. D. Manual do instrutor de condicionamento físico para a saúde. Porto Alegre: Artes Médicas Sul 2000.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blücher, 1998.
____. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blücher, 2000.
KAPANDJI, A. I. Fisiologia Articular: esquemas comandados de mecânica humana. 5. ed. São Paulo: Panamericana, 2000.
40
KENDALL, F. P.; MCCREARY, E. K.; PROVANCE, P. G. Músculos, provas e funções. 4. ed. São Paulo: Manole, 2001.
KISNER, Carolyn; COLBY, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos: fundamentos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Manole, 1998.
LITEGUI, J. Determinantes de la satisfacion laboral em empleados de la administracion foral de navarra. Universidad Complutense de Madrid, 1990.
MACIEL, R. H. Ergonomia e lesões por esforços repetitivos (LER). Revista da Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes. Brasília, jan./fev. 1994.
MINISTÉRIO do Trabalho e Emprego. Ergonomia: indicação de postura a ser adotada na concepção de postos de trabalho. Disponível em <http:// www.mte.gov.br>. Acesso em 5 de abril de 2006.
MORAES, F. L. S. Os princípios das cadeias musculares na avaliação dos desconfortos corporais e constrangimentos posturais em motoristas de transporte coletivo. Dissertação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis 2002.
MONTEIRO, A. L.; BERTAGNI, R. F. de Souza. Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais: conceito, processos de conhecimento e de execução e sua questões polemicas. São Paulo: Saraiva, 1998.
POLLOCK, M; WILMORE, J. Exercícios na Saúde e na doença. Rio de Janeiro: MEDSI, 1993.
QUEIROZ, M .F. F. Compreendendo o trabalho da costureira: um enfoque para a postura sentada. Monografia, UFSC, 2004.
RUDIO, F.V. Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica. 29.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.
41
SOBOTTA, J.; PUTZ, R; PABST, R. Atlas de anatomia humana. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. 2 v.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE FISIOTERAPIA DO TRABALHO. Disponível em: <http:// www.sobraft.com.br> Acessado em 10 de outubro de 2005.
SOUZA, R. J. Ergonomia no projeto de trabalho em organizações. Dissertação de Mestrado. UFSC/SC. Florianópolis, 1994.
VERDERI, E. Programa de Educação Postural. São Paulo: Phorte, 2001.
VIEIRA, D. A. Aspectos ergonômicos da rotina de trabalho dos carteiros relacionados ao desconforto corporal e problemas posturais. Monografia. Florianópolis: UDESC, 2000.
42
APÊNDICE
Questionário
43
QUESTIONÁRIO I. DADOS PESSOAIS Data:____/_____/_____
1.1. Nome :______________________ Idade: _______ anos 1.2. Estado Civil: ( ) Solteira ( ) Casada ( ) Viúva ( ) Divorciada ( ) Separada ( ) Outras 1.3. Tempo no Cargo : _________________
II. CONDIÇÕES DE TRABALHO 2.1. Como você considera seu ambiente de trabalho quanto a iluminação e temperatura? ( ) Ambiente confortável ( ) Ambiente razoavelmente confortável ( ) Ambiente aceitável, mas provoca desconfortos (dor, cansaço, formigamento das pernas, outros) ( ) Ambiente desconfortável ( ) Ambiente extremamente desconfortável 2.2. Forma de trabalho que você utiliza? ( ) Sem intervalos, durante a jornada de trabalho ( ) Com intervalos, durante a jornada de trabalho 2.3. Sobre o vestuário utilizado. ( ) Confortável ( ) Desconfortável 2.4. Exerce outra profissão além do trabalho de costureira? ( ) Sim. ( ) Não
44
2.5. Considera importante que se adote um programa para prevenção contra doenças relacionadas ao trabalho? ( ) Sim ( ) Não 2.6. Você já recebeu algum tipo de orientação, para adotar posturas adequadas na realização das atividades? ( ) Sim ( ) Não 2.7. Durante a realização das atividades do trabalho, você procura corrigir sua postura? ( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Não 2.8. Dentre as atividades que você realiza no seu trabalho, como você classifica: - No uso maquina de costura: ( ) Atividade confortável ( ) Atividade razoavelmente confortável ( ) Atividade aceitável, mas provoca desconfortos posturais ( ) Inadequada, sempre causando desconforto 2.9. Ao sentar na cadeira, sua postura é:
( ) Adequada, não causando desconforto ( ) Adequada, causando algum tipo de desconforto ( ) Inadequada, causando na maioria das vezes desconforto ( ) Inadequada, sempre causando desconforto 2.10. Em relação a sua postura, ela é sempre a mesma? ( ) Sim ( ) Não, troco de postura.
III. CONDIÇOES DE SAUDE 3.1. Ao final de dia de trabalho, como você se sente? ( ) Nem um pouco cansada ( ) Um pouco cansada ( ) Cansada ( ) Exausta
45
3.2. Você sente dores durante o trabalho? ( ) Não tenho dores ( ) Sim, já no inicio do trabalho ( ) Sim, durante o trabalho ( ) Sim no final do trabalho ( ) Sempre sinto dores 3.3. Em relação as dores nas costas:
( ) Não sente dores ( ) Sente dor em todas as regiões das costas ( ) Sente dor na região superior das costas (cervical, pescoço) ( ) Sente dor na região media das costas (torácica) ( ) Sente dor na região baixa das costas (lombar) 3.4. Você já esteve afastado do trabalho em virtude de problemas médicos relacionados ao trabalho? ( ) Sim ( ) Não 3.5. Se a resposta for Sim (quantos dias): ( ) De 1 à 9 dias ( ) De 10 à 19 dias ( ) De 20 à 29 dias ( ) Por mais de 30 dias 3.6. Pratica algum tipo de exercício físico? ( ) Não pratica nenhum tipo de atividade ( ) 1 vez por semana ( ) 2 à 3 vezes por semana ( ) 4 vezes ou mais por semana
46
ANEXOS
47
Anexo A
Terma de Consentimento
48
Tubarão, _________de ____________________ de 2006
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu, ____________________________________________, portadora de RG
____________________ autorizo por meio deste documento a publicação das
informações (questionários), conforme explicações que foram fornecidas pelo
acadêmico do Curso de Fisioterapia, Rodrigo Costa Balbino, com fins puramente
didáticos para a confecção do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Sendo
verdade o referido, isento o aluno acima citado de quaisquer problemas por
exposição dos dados colhidos, desde que sejam exclusivamente para fins didáticos.
___________________________________________ Assinatura do funcionário
49
Anexo B
Escala de desconforto postural
50
(MORAES, 2002)