trabalho_conjunÇÃo
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE LETRAS
Análise sobre a abordagem do tema “conjunção” nas gramáticas brasileiras
Trabalho apresentado à disciplina de Leitura e Produção de Textos II (LET 103), sob a supervisão da profª Drª. Cristiane Cataldi, por Aline Moraes de Carvalho, Cleide Aparecida Martins da Silva, Isadora Fernandes Soares e Samira Baião Pereira e Mucci.
VIÇOSA, MINAS GERAIS
MARÇO DE 2013
Sumário1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................2
2 AS GRAMÁTICAS....................................................................................................................................4
2.1 Moderna gramática portuguesa – Evanildo Bechara...........................................................................4
2.2 Novíssima gramática da língua portuguesa - Domingos Paschoal Cegalla.........................................8
2.3 Nova gramática do português contemporâneo - Celso Cunha...........................................................12
2.4 Gramática normativa da língua portuguesa – Rocha Lima...............................................................18
3 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS GRAMÁTICAS....................................................................22
3.1 Conjunção.........................................................................................................................................22
3.2 Conjunção coordenativa...................................................................................................................23
3.3 Conjunção subordinativa..................................................................................................................26
3.4 Outros tópicos sobre conjunções......................................................................................................32
4 CONJUNÇÃO? – COM A PALAVRA OS ALUNOS DE LETRAS.......................................................33
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................................34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................................35
ANEXO............................................................................................................................................................36
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1 INTRODUÇÃO
A realidade do estudo e ensino da língua portuguesa no Brasil nos mostra que os alunos de
ensino fundamental, médio e superior têm certa aversão às gramáticas, tal fato pode ser entendido
pela complexidade dos textos e da metalinguagem utilizada nelas.
Diante desse contexto, propõe-se neste trabalho, através de um exercício prático, verificar
desde que perspectiva diferentes gramáticos abordam um mesmo tema, neste caso, conjunções.
Optou-se então por realizar uma análise comparativa entre quatro gramáticas da língua portuguesa, a
saber: Moderna Gramática Portuguesa de Evanildo Bechara, Novíssima gramática da língua
portuguesa de Domingos Paschoal Cegalla, Nova gramática do português contemporâneo de Celso
Cunha e Gramática Normativa da língua portuguesa de Carlos Henrique da Rocha Lima.
Este exercício prático se justifica então, pela oportunidade de obter um espaço para colocar
em prática e interiorizar a teoria apresentada durante as aulas da disciplina Leitura e Produção de
Textos II. Além disso, tal exercício, ao permitir a realização de uma leitura crítica e comparativa de
diferentes gramáticas que abordam o mesmo assunto, possibilita a evolução do senso e do olhar
crítico que cada um dos futuros profissionais da língua portuguesa devem ter na escolha dos
materiais a serem utilizados em ensino, pesquisa e extensão no campo da linguagem.
Este estudo está organizado em cinco partes. Na introdução, são apresentados a problemática,
seu objetivo, sua justificativa, bem como o contexto no qual se envolve este exercício. Em seguida, a
seção constituída pela exposição das gramáticas a serem analisadas, aborda as definições das classes
de conjunções e os respectivos exemplos, bem como a disposição dos dados. Na terceira seção, é
apresentado o confronto entre tais gramáticas, no qual é feita análise comparativa da estrutura
apresentada por cada uma, bem como o conteúdo e linguagem utilizados. Na quarta parte é
apresentada uma síntese de entrevistas realizadas com alunos do curso de letras sobre seu
conhecimento sobre as conjunções. Por fim, apontam-se as considerações acerca deste trabalho.
Espera-se que o presente exercício possa trazer contribuições para a vida acadêmica e para a
aquisição de conhecimento dos responsáveis pela sua elaboração, bem como para a evolução do
olhar crítico que cada um deles deve ter ao utilizar materiais para ensino e pesquisa da língua
portuguesa e de sua norma culta.
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2 AS GRAMÁTICAS
2.1 Moderna gramática portuguesa – Evanildo Bechara
O gramático Evanildo Bechara em sua Moderna Gramática Portuguesa inicia a unidade
sobre conjunção com o tópico “Conector e transpositor” no qual define conjunção como unidade que
tem por objetivo reunir orações num mesmo enunciado, havendo dois tipos de conjunção, a
coordenada e a subordinada.
Dentro do mesmo tópico o autor ainda traz as definições de conjunções coordenadas e
subordinadas, seguidas por diversos exemplos. A primeira pode ser entendida como unidade que
reúne orações pertencentes a um mesmo nível sintático, podendo aparecer em enunciados separados -
por serem independentes-, bem como conectar duas unidades menores que a oração que tenham o
mesmo valor funcional, como dois substantivos, por exemplo. Já a segunda, tem por objetivo mostrar
que a oração que poderia ser sozinha se insere num enunciado complexo no qual ela perde a
característica de enunciado independente, de oração, e passa a exercer a função de “palavra”. Assim,
a conjunção subordinada seria um transpositor de um enunciado, mudando-o de nível dentro das
camadas de estruturação gramatical.
Após breve explicação sobre os dois tipos de conjunções, o autor inicia novo tópico
“Conectores ou conjunções coordenativas” no qual primeiramente indica que elas são de três tipos –
aditivas, alternativas e adversativas -, abrindo um tópico para cada uma delas. Dentro de tais tópicos,
o gramático indica em que situação essas conjunções são utilizadas, define quais são elas, apresenta
exemplos diversos e ainda traz observações pertinentes sobre o assunto, como se vê a seguir:
1. Conjunções aditivas – “apenas indica que as unidades que une (palavras, grupos de palavras
ou orações) estão marcadas por uma relação de adição.” Há dois conectores aditivos: e (para
adição das unidades positivas) e nem (para as unidades negativas). Quatro exemplos
extraídos do “Marquês de Maricá” são dados, entre eles: “O velho teme o futuro e se abriga
no passado” e “Não emprestes o vosso nem o alheio, não tereis cuidado nem receio”.
Bechara ainda comenta alguns pormenores destas conjunções, como o fato de em
determinadas situações assumirem sentido de causa, consequência, oposição, entre outros.
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2. Conjunções alternativas – “enlaçam as unidades coordenadas matizando-as de um valor
alternativo, quer para exprimir a incompatibilidade dos conceitos envolvidos, quer para
exprimir a equivalência deles.” Diz que a conjunção alternativa por excelência é ou, sozinha
ou duplicada junto a cada unidade. Apresenta apenas um exemplo, também extraído do
“Marquês de Maricá”: “Quando a cólera ou o amor nos visita, a razão se despede”.
São apresentados ainda alguns advérbios que tem a mesma função, como já, bem, ora
(repetidos ou não) e formas verbais imobilizadas, como quer...quer, seja...seja. Porém nenhum
exemplo é dado.
3. Conjunções adversativas – “enlaçam unidades apontando uma oposição entre elas. As
adversativas por excelência são mas, porém (acentuam oposição) e senão (marca
incompatibilidade). Apenas um exemplo é dado: “Acabou-se o tempo das ressurreições, mas
continua o das insurreições” – Marquês de Maricá.
O autor, ainda dentro das conjunções coordenativas, traz um tópico intitulado “Unidades
adverbiais que não são conjunções coordenativas” no qual explica que a tradição gramatical inclui
entre as conjunções coordenativas certos advérbios, que estabelecem relações interoracionais ou
intertextuais. Esses advérbios estariam incluídos nas chamadas conjunções explicativas (pois,
porquanto, etc), conclusivas (pois [posposto], logo, portanto, então, assim, por conseguinte, etc) e
adversativas (contudo, entretanto, todavia). Bechara não dá exemplo do uso destes advérbios. O
autor explica que há muito, vários gramáticos não incluem essas palavras no grupo das conjunções,
pois apesar de marcarem relações textuais, os advérbios não desempenham o papel conector das
conjunções coordenativas. E para melhor elucidar tal afirmativa, o autor contrasta e comenta
diversos exemplos.
Em seguida, o autor apresenta o tópico “Transpositores ou conjunções subordinativas” no
qual primeiramente relembra o que seriam tais conjunções, explicando mais claramente a ideia de
que a oração passaria a exercer função de palavras, ou seja, a oração que apresenta uma conjunção
torna-se subordinada e passa a exercer a função de objeto direto ou de substantivo.
Dentro do mesmo tema, ou autor apresenta outro tópico intitulado “Que e locuções: as
chamadas locuções conjuntivas” no qual explica ao leitor que quando a oração tem função de
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complemento relativo, objeto indireto ou complemento nominal, a conjunção vem precedida de
preposição, como na frase “Estavam precisando de que os ajudassem”.
Após essa explicação, o autor lista as principais conjunções e locuções conjuntivas, indicando
quando são usadas, quais seriam elas e seus respectivos exemplos:
1. Causais – “quando iniciam oração que exprime a causa, o motivo, a razão do pensamento da
oração principal: que (= porque), porque, como, visto que, visto como, já que, uma vez que e
desde que. São apresentados três exemplos, dentre eles “Como ia de olhos fechados, não via
o caminho”
2. Comparativas – quando iniciam oração que exprime o outro termo da comparação, podendo
esta ser assimilativa ou quantitativa.
As assimilativas seriam como, qual, assim, tal e assim como. Já as quantitativas, divididas
em igualdade (tão/tanto...como/quanto), superioridade (mais...que/do que) e inferioridade
(menos...que/do que). Neste tópico é dado pelo menos um exemplo para cada um dos tipos
de comparativas.
3. Concessivas – “iniciam oração que exprime que um obstáculo – real ou suposto – não
impedirá ou modificará a declaração da oração principal: ainda que, embora, posto que, se
bem que, apesar de que, etc.” Apenas um exemplo é dado: “Ainda que perdoemos aos maus,
a ordem moral não lhes perdoa, e castiga a nossa indulgencia.” – Marquês de Maricá.
4. Condicionais (e hipotéticas) – quando iniciam oração que em geral exprime:
a) Uma condição necessária para que e realize ou se deixe de realizar o que se
declara na oração principal;
b) Um fato – real ou suposto – em contradição com o que se exprime na
principal.
De acordo com Bechara, estas conjunções são utilizadas frequentemente nas argumentações:
se, caso, sem que, uma vez que, desde que, dado que, contanto que, etc. Dois exemplos são
apresentados, dentre eles “Se as viagens simplesmente instruíssem os homens, os marinheiros seriam
os mais instruídos” – Marquês de Maricá.
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5. Conformativas – “iniciam oração que exprime um fato em conformidade com outro
expresso na oração principal: como, conforme, segundo, consoante”. Dois exemplos são
expostos, sendo um deles “Fez os exercícios conforme o professor determinou”.
6. Consecutivas – iniciam oração que exprime o efeito ou consequência do fato expresso na
oração principal. A unidade consecutiva é que, que se prende a uma expressão de natureza
intensiva como tal, tanto, tão, tamanho.
7. Finais – iniciam oração que exprime a intenção, o objetivo, a finalidade da declaração
expressa na oração principal: para que, a fim de que, que (para que), porque (para que).
Apresenta apenas o seguinte exemplo: “Levamos ao Japão o nosso nome, para que outros
mais felizes implantassem naquela terra singular os primeiros rudimentos da civilização
ocidental.”.
8. Modais – “iniciam oração que exprime o modo pelo qual se executou o fato expresso na
oração principal: sem que.” Apenas um exemplo é apresentado: “Fez o trabalho sem que
cometesse erros graves”. O autor traz breve observação explicando que a Nomenclatura
Gramatical Brasileira não considera conjunções modais, e sim orações modais.
9. Proporcionais – “iniciam oração que exprime um fato que ocorre, aumenta ou diminui na
mesma proporção daquilo que se declara na oração principal: à medida que, à proporção
que, ao passo que, (tanto mais)...quanto mais, (tanto mais)...quanto menos, (tanto
menos)...quanto mais, (tanto mais)...menos, etc.” São apresentados dois exemplos, entre
eles: “O anão quanto mais alto sobe, mais pequeno se afigura” – Marquês de Maricá.
10. Temporais – “iniciam oração que exprime o tempo de realização do fato expresso na oração
principal.” Tal definição é seguida de uma lista com as principais conjunções e “locuções
temporais” e apenas um exemplo para cada um dos tipos de tempo:
a) Tempo anterior – antes que, primeiro que;
b) Tempo posterior – depois que, quando;
c) Tempo posterior imediato – logo que, tanto que, assim que, desde que, eis que,
(eis) senão quando, eis senão que;
d) Tempo frequentativo (repetitivo) – quando; todas as vezes que; (de) cada vez;
sempre que;
e) Tempo concomitante – enquanto, (no entanto) que;
f) Tempo terminal – até que.
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O gramático ainda traz dois tópicos, um intitulado “Que excessivo” e o outro “Conjunções e
expressões enfáticas”, nos quais trata do uso desnecessário que se faz do que, e no seguinte, as
conjunções coordenativas que aparecem enfatizadas.
2.2 Novíssima gramática da língua portuguesa - Domingos Paschoal Cegalla
Cegalla, ao abordar a classe gramatical “conjunções”, começa o assunto com exemplos da
utilização destas em frases:
Tristeza e alegria não moram juntas.
Saímos de casa quando amanhecia.
Em seguida o autor explica a função das conjunções e e quando nas frases anteriores: a
palavra e da primeira frase liga duas palavras da mesma oração. A palavra quando está ligando
orações. Essas palavras são chamadas conjunções. Posteriormente Cegalla conceitua conjunção: “é
uma palavra invariável que liga orações ou palavras da mesma oração”.
O autor explica que a conjunção que liga as orações sem fazer com que uma dependa da outra
é chamada conjunção coordenativa. E as conjunções que ligam duas orações, e faz com que uma
dependa da outra é chamada conjunção subordinativa.
O gramático divide as conjunções coordenativas em cinco classes: aditivas, adversativas,
alternativas, conclusivas e explicativas. Em seguida define e exemplifica cada uma das classes:
1. Aditivas: são as conjunções que trazem ideia de adição, são elas: e, nem, mas, também, mas
ainda, senão também, como também, bem como.
Os livros não só instruem, mas também divertem.
2. Adversativas: Conjunções que exprimem oposição, contraste, ressalva, compensação: mas,
porém, todavia, contudo, entretanto, senão, ao passo que, antes, no entanto, não obstante,
apesar disso, em todo caso.
Eu sou pobre, ao passo que ele é rico.
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3. Alternativas: conjunções que exprimem alternância: ou, ou...ou, ora...ora, já...já,
quer...quer.
“Já chora, já se ri, já se enfurece.” (Luís de Camões)
4. Conclusivas: são conjunções que iniciam uma conclusão: logo, portanto, por conseguinte,
pois (posposto ao verbo), por isso.
As árvores balançam, logo está ventando.
5. Explicativas: precedem uma explicação, um motivo: que, porque, porquanto, pois
(anteposto ao verbo).
Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas.
Com relação à classe das conjunções explicativas, Cegalla faz uma observação, ressaltando que a
conjunção e pode apresentar-se com sentido adversativo. “Sofrem duras privações e [= mas] não se
queixam”. Ele também exemplifica o caso: “Quis dizer mais alguma coisa e não pôde.” (Jorge
Amado).
O autor divide as conjunções subordinativas em dez classes, são elas: causais, comparativas,
concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, finais, proporcionais, temporais e
integrantes. O autor define cada classe e exemplifica.
1. Causais: são conjunções que introduzem orações que exprimem causa: porque, que, pois,
como, porquanto, visto que, visto como, já que, uma vez que, desde que.
Desde que é impossível, não insistirei.
2. Comparativas: este tipo de conjunção introduzem orações que representam o segundo
elemento de uma comparação: como, (tal) qual, tal e qual, assim como, (tal) como, (tão ou
tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que, (tanto) quanto, que nem, feito
(como, do mesmo modo que), o mesmo que (como).
Os governantes realizam menos do que prometem.
3. Concessivas: “Iniciam orações que exprimem um fato que se concede, que se admite, em
oposição ao outro”, são elas: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda
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quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por menos que, se bem
que, em que (pese), nem que, dado que, sem que (embora não).
Beba, nem que seja um pouco.
4. Condicionais: conjunções que iniciam orações que exprimem condição ou hipótese, são elas:
se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que (se não), a não ser que, a menos que,
dado que.
Ficaremos sentidos, se você não vier.
5. Conformativas: as conjunções conformativas indicam conformidade de um fato com outro:
como, conforme, segundo, consoante.
As coisas não são conforme dizem.
6. Consecutivas: Iniciam orações que exprimem consequência: que (precedidos de tal, tão,
tanto, tamanho) de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que, sem que, que
(não).
Minha mãe tremia tanto que mal podia escrever.
7. Finais: Iniciam orações que exprimem finalidade: para que, a fim de que, que (para que).
Afastou-se depressa, para que não o víssemos.
8. Proporcionais: conjunções que iniciam orações que exprimem proporcionalidade: à
proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais...(tanto mais, tanto menos),
quanto menos (tanto mais), quanto mais (mais), (tanto) quanto.
À proporção que subíamos, o ar ia ficando mais leve.
Na classe das proporcionais Cegalla faz uma observação, ressaltando que são incorretas as
locuções proporcionais à medida em que, na medida que e na medida em que. A forma correta é à
medida que, e traz uma frase para exemplificar: “À medida que os anos passam, as minhas
possibilidades diminuem” (Maria José de Queirós).
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Posteriormente Cegalla ressalta que existe sim a expressão “medida em que” na qual o
“que” funciona como pronome relativo, não forma locução conjuntiva como em “à medida que”, o
autor exemplifica o uso correto da expressão “na media em que”:
“A rigor, tal cordialidade não existe na medida em que é apregoada.” (Viana Moog)
9. Temporais: conjunções responsáveis por introduzem orações que exprimem tempo: quando,
enquanto, logo que, mal (logo que), sempre que, assim que, desde que, antes que, depois que, até
que, agora que, ao mesmo tempo que, toda vez que.
Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra.
10. Integrantes: este tipo de conjunção introduz orações que funcionam como substantivos: que,
se.
Verifique se o muro é sólido. [verificar a solidez do muro.]
O autor explica que nas frases “Sairás sem que te vejam” e “Morreu sem que ninguém o
chorasse”, a conjunção sem que é conjunção subordinativa modal e ressalta que a NGB, porém, não
consigna esse tipo de conjunção.
Após abordar as conjunções coordenativas e subordinativas Cegalla traz um tópico
explicando as locuções conjuntivas e definindo-as. É importante ressaltar que ele dá ênfase na
conjunção que. De acordo com este as conjunções conjuntivas são: no entanto, visto que, desde que,
se bem que, por mais que, ainda quando, à medida que, logo que, a fim de que, ao mesmo tempo
que, etc. O autor ainda faz uma observação, de acordo com este, a locução correta é ao mesmo
tempo que e não ao mesmo tempo em que.
O autor traz um tópico especial para a conjunção que. Segundo Cegalla a conjunção que é
classificada de acordo com o sentido que apresenta no contexto, em seguida ele traz as
classificações, exemplificando cada uma:
Aditiva: e – “Esfrega que esfrega, mas a nódoa não sai”.
Explicativa: pois, porque - “Apressemo-nos, que chove”.
Integrante: Nesta classe o autor traz apenas o exemplo “Diga-lhe que não irei”.
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Consecutiva: Novamente Cegalla traz apenas exemplos: “Tanto se esforçou que
conseguiu vencer”.
Comparativa: do que, como - “A Luz é mais veloz que o som”.
Concessiva: embora, ainda que - “Beba, pouco que seja”.
Temporal: depois que, logo que – “Chegados que fomos, dirigimo-nos ao hotel”.
Final: para que - “Vendo-me à janela, fez sinal que descesse”.
Causal: por que, visto que - “Velho que sou apenas conheço as flores do meu tempo”
(Vivaldo Coaraci).
Cegalla também ressalta que “a locução conjuntiva sem que pode ser, conforme a frase”,
citando quais são e exemplificando:
Concessiva: sem que = embora não – “Nós lhe dávamos roupa e comida, sem que ele
pedisse”.
Condicional: sem que = se não, caso não – “Ninguém será bom cientista, sem que
estude muito”.
Consecutiva: sem que = que não - “Não vão a uma festa sem que voltem cansados”.
Modal: sem que = de modo que não - “Sairás sem que te vejam”.
2.3 Nova gramática do português contemporâneo - Celso Cunha
A gramática de Celso Cunha dá início ao tema conjunções com o subtítulo “Conjunção
Coordenativa e Subordinativa”, em primeiro lugar traz o conceito de conjunção, dizendo que “são os
vocábulos gramaticais que servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da
mesma oração”, em seguida ele se refere as conjunções coordenativas, conceituando como “as
conjunções que relacionam termos ou orações de idêntica função gramatical” e exemplificando.
Posteriormente, Cunha conceitua as subordinativas, como “conjunções que ligam duas orações, uma
das quais determina ou completa o sentido da outra” também trazendo exemplos para melhor
explicar.
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Em segundo lugar, Celso Cunha traz a diferença entre as conjunções coordenativas e
subordinativas quando se comparam construções de orações a construção de nomes, exemplifica com
as frases “Estudar e trabalhar” e “Estudar ou trabalhar”, explicando em seguida que “a coordenativa
não se altera com a mudança de construção, pois liga elementos independentes , estabelecendo
relação de adição (e) e igualdade ou alternância (ou)”. Já no segundo exemplo “Depois que tiveres
estudado, podes trabalhar” e “Após o estudo, o trabalho”, pode percebe-se a dependência entre os
elementos.
Ao entrar no tópico das conjunções coordenativas, Celso cunha não as conceitua novamente,
apenas as enumera e divide-as em:
1. Aditivas: servem para ligar simplesmente dois termos ou duas orações de idêntica função.
São as conjunções e, nem [= e não]”.
O autor dá dois exemplos, dentre eles: “Leonor voltou-se e desfaleceu”.
2. Adversativas: ligam dois termos ou duas orações de igual função, acrescentando-lhes,
porém, uma ideia de contraste: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto.
Exemplifica com duas frases, sendo uma delas: “Apetece cantar, mas ninguém canta”.
3. Alternativas: ligam dois textos ou orações de sentido distinto, indicando que, ao cumprir-se
um fato, o outro não se cumpre. São as conjunções ou (repetida ou não) e, quando repetidas,
ora, quer, seja, nem, etc.
Têm-se dois exemplos, sendo um deles a frase: “Ora lia, ora fingia ler para impressionar os
demais passageiros”.
4. Conclusivas: servem para ligar à anterior a uma oração que exprime conclusão,
consequência, são elas: logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, assim, etc.
O autor traz dois exemplos, sendo um deles a frase: “Nas duas frases a experiência é a
mesma. Na primeira não instrui, logo prejudica”.
5. Explicativas: ligam duas orações, a segunda das quais justifica a ideia contida na primeira.
São as conjunções que, porque, pois, porquanto.
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Exemplifica com duas frases, dentre elas: “Dorme cá, pois quero lhe mostrar as minhas
fazendas”.
Ainda no tópico das conjunções coordenativas, Celso Cunha traz um subtítulo chamado
“Posição das conjunções coordenativas”, enumera as informações, sendo:
1. O autor informa o local onde as conjunções aparacem na oração, sendo que “apenas mas
aparece obrigatoriamente no começo da oração; porém, todavia, contudo, entretanto, no
entanto podem vir no inicio da oração ou após um dos seus termos”. Em seguida o autor traz
enunciados para exemplificar e explicar que porém poderia estar depois de tinha como
também no final da frase. Seguem os exemplos:
“É noite, mas toda a noite se pesca”
“A igreja também era velha, porém não tinha o mesmo prestígio”
2. Cunha entra em detalhe sobre a oração pois, quando conjunção conclusiva, afirmando que ela
vem sempre proposta a um termo da oração que a pertence, dá exemplos, sendo um deles a
frase:
“Era, pois, um homem de grande caráter e foi, pois, também um grande estilista”.
3. E aqui o autor fala sobre as conjunções conclusivas logo, portanto e por conseguinte, que
podem variar de posição, conforme o ritmo, a entonação, a harmonia da frase. Não
exemplifica.
Ainda dentro do tópico sobre as conjunções coordenativas, um segundo subtítulo chamado
Valores particulares, esses valores se referem às conjunções e e mas, sendo que essas são
exemplificadas com frases a cada valor que elas possuem, sendo esses :
a) Adversativo;
b) Indicar conclusão ou causa;
c) Expressar finalidade;
d) Ter valor consecutivo;
e) Introduzir uma explicação enfática;
f) Aproximar-se do valor da interjeição;
g) Facilitar a passagem de uma ideia à outra, mesmo que não relacionadas.
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Para a conjunção e. E:
a) Restrição;
b) Retificação;
c) Atenuação ou compensação;
d) Adição.
Para a conjunção, mas, sendo que essa também pode ser utilizada para mudar a sequência de
um assunto, assim como, porém.
Finalmente o autor entra no tópico das conjunções subordinativas, não a conceitua
novamente, por já tê-lo feito, apenas as classificam em: em causais, concessivas, condicionais, finais,
proporcionais, temporais, comparativas, consecutivas, e integrantes. Entra em questões como o fato
das causais, concessivas, condicionais, finais, proporcionais, temporais, comparativas e consecutivas
iniciarem orações adverbiais. E as integrantes introduzirem orações substantivas. O autor segue a
explicação sem deixar de explicitar que a Nomenclatura Gramatical Brasileira inclui as conjunções
conformativas e proporcionais, que a Nomenclatura Gramatical Portuguesa não distingue das
comparativas.
Antes de entrar nas subdivisões, enumerando, classificando, citando e exemplificando cada
classe das conjunções subordinativas, o autor traz uma observação que diz que as comparativas
introduzem orações subordinativas adverbiais, mas vêm geralmente correlacionadas com um termo
de outra oração. Segue então com a classificação:
1. Causais: são as que iniciam uma oração subordinada denotadora de causa: porque, pois,
porquanto, como, [=porque], pois que, por isso que, já que, uma vez que, visto que, visto
como, que, etc.
Dá três exemplos, sendo um deles: “Como as pernas trôpegas, exigiam repouso, descia raro à
cidade”.
2. Concessivas: são, para o autor, as que iniciam uma oração subordinada em que se admite um
fato contrário à ação principal, mas capaz de impedi-la: embora, conquanto, ainda que,
mesmo que, posto que, bem que, se bem que, por mais que, por menos que, nem que, que,
etc.
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Traz três frases para exemplificar, entre elas: “Nem que a matasse, confessava”.
3. Condicionais: são as conjunções que iniciam uma oração subordinada em que se indica uma
hipótese ou uma condição necessária para que seja realizado ou não o fato principal: se, caso,
contanto que, salvo se, sem que [=se não], dado que, desde que, a menos que, a não ser
que, etc.
Dá dois exemplos, sendo um deles: “Se aquele entrasse, também os outros poderiam tentar...”
4. Finais: são as conjunções que iniciam uma oração subordinada que indica a finalidade da
oração principal: para que, a fim de que, porque [=para que].
Traz dois exemplos, sendo um deles: “Não bastava a sua boa vontade para que tudo se
arranjasse”.
5. Temporais: conjunções que iniciam uma oração subordinada indicadora de circunstância de
tempo: quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que,
todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que [=desde que], etc.
O autor traz quatro frases para melhor exemplificar, sendo uma delas: “Tio Cosme vivia com
minha mãe, desde que ela enviuvou”.
6. Consecutivas: iniciam uma oração na qual se indica a consequência do que foi declarado na
anterior: que (combinada com uma das palavras tal, tanto, tão ou tamanho, presentes ou
latentes na oração anterior), de forma que, de maneira que, de modo que, de sorte que, etc.
Traz quatro exemplos, sendo que um deles é: “Foi tão ágil e rápida a saída que Jandira achou
graça”.
7. Comparativas: são as conjunções que iniciam uma oração que encerra o segundo membro de
uma comparação, de um confronto: que, do que (depois de mais, menos, maior, menos,
melhor e pior), qual (depois de tal), quanto (depois de tanto), como, assim como, bem
como, como se, que nem:
Sendo um dos quatro exemplos: “Mais do que as palavras, falavam os fatos.”
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8. Integrantes: conjunções que servem para introduzir uma oração que funciona como sujeito,
objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de uma outra
oração. São as conjunções: que e se.
O autor dá um exemplo do uso dessas conjunções e depois explica que se usa a conjunção
que quando o verbo exprime certeza (dá três exemplos) e que se usa a conjunção se quando há
dúvida ou interrogação indireta.
Em seguida, Celso Cunha divide, em um subtítulo, as conjunções conformativas e
proporcionais, ou seja, as separa das demais classes, pois como já foi dito anteriormente a N.G.B.
distingue ainda as conjunções conformativas e proporcionais entre as conjunções subordinativas.
Para ele, as conformativas servem para iniciar uma oração subordinada em que se exprime a
conformidade de um pensamento com o da sua oração principal. São as conjunções: conforme, como
[=conforme], segundo, consoante, etc. O autor traz três frases para exemplificar, sendo uma delas:
“Como ia dizendo, o seu raciocínio não está certo”. Têm-se ainda as proporcionais que servem para
iniciar uma oração subordinada em que se menciona um fato realizado ou para realizar-se
simultaneamente com o da oração principal. São muitas as conjunções: à medida que, ao passo que,
a proporção que, enquanto, quanto mais... mais, quanto mais... tanto mais, etc. O autor segue
exemplificando com três frases, sendo uma delas: “Quanto mais se distingue, mais se funde”.
Seguindo a gramática de Celso Cunha, encontra-se um subtítulo dentro da classificação das
subordinativas, é a chamada polissemia conjuncional, onde o autor nos mostra que algumas
conjunções subordinativas podem pertencer a mais de uma classe, como por exemplo, que, como,
porque, se, etc. Afirmando que seu valor dependerá do contexto, levando em consideração ainda a
questão das possíveis ambiguidades.
Há ainda um último subtítulo, chamado Locução conjuntiva, onde o autor Celso Cunha
explica que as conjunções formadas de partícula que antecedida de advérbios, de preposição e de
particípios são chamadas de locuções conjuntivas, como desde que, antes que, já que, até que, etc.
16
2.4 Gramática normativa da língua portuguesa – Rocha Lima
Em um primeiro momento Rocha Lima traz uma definição sintética de conjunção, juntamente
com esta definição ele conceitua os tipos de conjunção, sem nomeá-las. De acordo com autor
conjunções são palavras que relacionam entre si dois elementos de mesma natureza, ou seja,
substantivo + substantivo, adjetivo + adjetivo, advérbio + advérbio, oração + oração, etc. Ou podem
relacionar entre si duas orações de natureza diversa, das quais a que começa pela conjunção completa
a outra. Em um segundo momento o autor traz as duas classificações das conjunções: coordenativas e
subordinativas, ao citá-las ele apenas faz referência à definição anterior.
Posteriormente Rocha Lima divide cada tipo de conjunção (coordenativa e subordinativa) em
suas respectivas classes. De acordo com este as conjunções coordenativas se distribuem em cinco
classes: aditivas adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.
O autor define cada classe de conjunção:
1- Aditivas: conjunções que relacionam pensamentos similares são elas: e que une duas
afirmações e nem que une duas negações (o nem é equivalente a e não).
Após a definição Rocha Lima exemplifica as duas situações: “O médico veio e telefonou
mais tarde” e “O médico não veio, nem telefonou”.
2- Adversativas: São conjunções que relacionam pensamentos contrastantes, de acordo com
autor a conjunção adversativa por excelência é mas, havendo outras palavras com força
adversativa, são elas: porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. Segundo ele estas
conjunções acentuam não propriamente um contraste de ideias, mas uma concessão
atenuada. Em seguida dá exemplos do uso das conjunções adversativas.
Gosto de navio, mas prefiro avião;
Ele falou bem; todavia, não foi como eu esperava.
O autor ressalta que a conjunção mas se usa apenas no começo de oração. “As demais
conjunções adversativas podem figurar ou no rosto da oração ou depois de um dos termos da
oração”. O autor exemplifica estes dois últimos casos, (referentes ao uso das demais conjunções)
enfatizando a diferença de pontuação.
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Gosto de navio, porém prefiro avião.
Gosto de navio; prefiro, porém, avião.
3- Alternativas: Conjunções que relacionam pensamento que se excluem, ou que pode
repetir-se o não, antes de todos os elementos coordenados. Também indicam alternação:
ora...ora; quer...quer; já...já; seja...seja.
O autor não dá exemplos deste tipo de conjunção.
4- Conclusivas: estes tipos de conjunções relacionam pensamentos considerando, que o
segundo encerra a conclusão do enunciado no primeiro. São conjunções conclusivas:
logo, pois, portanto, consequentemente, por conseguinte, etc.
Após a definição o autor cita exemplos do uso da conjunção.
Teu carro já está velho; logo, não pode subir serra.
Rocha Lima faz uma ressalva sobre a conjunção conclusiva pois, ressaltando que esta não se
emprega no começo da oração, mas depois de um de seus termos. Para exemplificar ele faz menção
ao exemplo anterior:
Foste injusto com teu amigo; deves, pois, desculpar-te.
5- Explicativas: conjunções que relacionam pensamentos em sequencia justificativo, sendo
que a segunda frase explica a razão de ser da primeira. São elas: que, pois, porque,
porquanto.
Após a definição Rocha Lima cita um exemplo referente a este tipo de conjunção.
Espere um pouco, porque ele não demora.
Posteriormente, Rocha Lima cita todas as conjunções subordinativas: causais, concessivas,
condicionais, conformativas, comparativas, consecutivas, finais, proporcionais, temporais,
integrantes.
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Rocha Lima divide as conjunções subordinativas em dez classes, sem conceituar estas
classes, como ocorre nas conjunções coordenativas. Ele apenas cita as conjunções presentes em cada
classe e exemplifica os casos.
1- Causais: que, porque, porquanto, como, já que, desde que, pois que, visto como, uma
vez que, etc.
Ele foi-se embora, [porque não podia pagar a pensão].
2- Concessivas: embora, conquanto, ainda que, posto que, se bem que, etc.
Comprarei o livro, [embora o ache caríssimo].
3- Condicionais: se, caso, contanto que, sem que, uma vez que, dado que, desde que, etc.
Irei a casa, [se puder.]
4- Conformativas: como, conforme, consoante, segundo, etc.
[Como disse Rui Barbosa], “a pátria não é ninguém: são todos”.
5- Comparativas: que, do que (relacionada a mais, menos, maior, menor, melhor, pior);
qual (relacionada a tal); como (relacionada a tal, tanto, tão), como se, etc.
Nada é tão importante [como a verdade.]
6- Consecutivas: que (relacionado com tal, tão, tanto, tamanho); de modo que, de maneira
que, de sorte que, de forma que:
Quase ninguém frequenta teatro; [de sorte que os artistas estão em crise].
7- Finais: para que, a fim de que, porque, que, etc.
Ele mentiu [para que o deixassem sair].
8- Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
[À medida que remávamos], eu lhe ia contando a história da minha vida.
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9- Temporais: apenas, mal, quando, até que, assim que, antes que, depois que, logo que,
tanto que, etc.
[Apenas a vi,] marejaram-me as lágrimas.
10- Integrantes: que, (para afirmação certa) e se (para incerta).
Percebi [que alguém entrou na sala.]
Não vi [se os alunos já chegaram.]
Rocha Lima ainda faz uma observação no final do capítulo sobre conjunção coordenativa,
nesta, ele ressalta sua função: “além de ligarem orações, relacionam quaisquer termos da mesma
natureza gramatical”. Ele também faz uma ressalva afirmando que nem todas as conjunções
coordenativas se prestam a este ofício, isto ocorre especialmente com as aditivas, adversativas e as
alternativas. Em seguida o autor exemplifica como ocorre a relação destes termos de mesma natureza
gramatical.
João e Maria foram à floresta. (substantivos + substantivos)
Dois e dois são quatro. (numeral + numeral)
Falou pouco, mas bem. (advérbio + advérbio)
Chuva ou sol não impedirão a festa. (substantivo + substantivo)
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3 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS GRAMÁTICAS
Neste trabalho nos concentraremos na comparação da estrutura de cada gramática, como cada
um irá se organizar o texto, apresentar e abordar o tema, bem como o que há de comum e diferente
em cada um. Não nos ateremos assim à análise profunda de definições.
Este confronto será dividido em quatro partes. Na primeira serão comparadas as definições de
conjunção, seguida pela definição de conjunção coordenativa. Neste item, serão contrastadas as
classes definidas por cada autor, o número de conjunções apresentadas e os exemplos utilizados. A
classificação das conjunções subordinativas será analisada no mesmo formato das coordenativas. E
por fim, serão apresentadas algumas observações e tópicos especiais expostos pelos gramáticos.
3.1 Conjunção
Todos os autores, cada um à sua maneira, definem conjunções como palavras que ligam
orações ou palavras numa mesma oração. Bechara define conjunção como unidade conectora e
transpositora que tem por missão reunir orações num mesmo enunciado podendo elas serem
coordenadas e subordinadas. O autor explica a diferença entre elas e exemplifica, permite que o
leitor construa raciocínio sobre o assunto antes de entrar em detalhes. Já Cegalla, ao contrario, inicia
o tópico conjunções com exemplos e os analisa, para então definir conjunções como “uma palavra
invariável que liga orações ou palavras da mesma oração” e explica através dos exemplos dados a
diferença entre as conjunções coordenativas e subordinativas oferecendo ao leitor uma definição
simples e objetiva.
Assim como Bechara, Celso Cunha e Rocha Lima também iniciam seus textos com a
definição de conjunção, seguida por exemplos e pela especificação do que seriam as conjunções
coordenativas e subordinativas. Para Celso Cunha, conjunções “são os vocábulos gramaticais que
servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da mesma oração”. Já para Rocha
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Lima, são palavras que relacionam entre si dois elementos de mesma natureza, ou seja, substantivo +
substantivo, adjetivo + adjetivo, advérbio + advérbio, oração + oração, etc. Ou podem relacionar
entre si duas orações de naturezas diversas, das quais a que começa pela conjunção completa a outra.
3.2 Conjunção coordenativa
Os autores apresentaram a definição de conjunção coordenativa na introdução de seus textos,
portanto não houve necessidade de apresentá-la novamente neste tópico. Todos os gramáticos
iniciaram esta parte indicando a existência de diferentes classes de coordenativas. Para Cegalla,
Celso Cunha e Rocha Lima, elas seriam cinco: aditivas, alternativas adversativas, conclusivas e
explicativas. Contudo, para Bechara, apenas três: aditivas, alternativas e adversativas. O autor
justifica sua classificação em um tópico intitulado “Unidades adverbiais que não são conjunções
coordenativas” no qual trata de advérbios como pois, portanto e entretanto, que estariam dentro das
conjunções explicativas, conclusivas e adversativas. O motivo desta classificação pôde ser conferido
no item 2.1 do presente trabalho.
Sobre o conceito das conjunções alternativas, Bechara e Cegalla trabalham com a ideia de
adição e apresentam quatro exemplos de tais conjunções em frases, enquanto Celso Cunha e Rocha
Lima com a ideia de que tais conjunções ligam, unem, relacionam termos/orações similares. Estes
apresentam apenas dois exemplos práticos. Em relação ao número de conjunções apresentadas,
Cegalla é o que especifica mais este item trazendo sete conjunções diferentes, enquanto os demais
apresentaram apenas duas (e e nem).
Em relação às alternativas, temos definições mais sintéticas como as de Cegalla “exprimem
alternativa, alternância” e de Rocha Lima “relacionam pensamentos que se excluem”, e outras mais
complexas, como a de Bechara “exprimem incompatibilidade dos conceitos envolvidos ou a
equivalência entre eles” e a de Celso Cunha “ligam dois textos ou orações de sentido distinto,
indicando que, ao cumprir-se um fato, o outro não se cumpre”. No que tange a quantidade de
conjunções apresentadas, Bechara apresenta seis, Celso Cunha e Rocha Lima apresentam cinco cada
um, e Cegalla apenas quatro. Já a quantidade de exemplos é bem diversificada: Bechara apenas um,
Cegalla cinco, Celso Cunha dois, e Rocha Lima não apresenta nenhum.
22
Nas adversativas há um consenso em relação à ideia de oposição, contraste. Todos os autores
apresentam seis conjunções, com exceção de Cegalla que apresenta doze. Já o número de exemplos é
bem diferente. Bechara apresenta apenas um, Cegalla nove, Celso Cunha dois e Rocha Lima quatro.
Como dito anteriormente, Bechara não apresenta a classe das conclusivas nem das
explicativas. Enquanto isso, os demais gramáticos estudados neste trabalho definem as conclusivas
como palavras que exprimem a ideia de conclusão. Cegalla e Rocha Lima apresentam cinco
conjunções conclusivas, e Celso Cunha seis. Já em relação ao número de exemplos, tanto Celso
Cunha como Rocha Lima apresentam dois, e Cegalla três.
Por fim, apresentam-se as explicativas. Os três gramáticos as definem como relacionando
uma explicação ou justificativa. Todos eles apresentam quatro conjunções, sendo que Cegalla e
Celso Cunha apresentam dois exemplos e Rocha Lima apenas um.
Assim, podemos dizer que apesar de algumas diferenças entre as gramáticas, todas
apresentaram basicamente o mesmo conteúdo, com pequenas diferenças no número de conjunções e
de exemplos, em alguns casos na complexidade das definições, e no caso de Bechara, na
discordância de classificação. Abaixo é possível visualizar as diferenças através de uma tabela com a
síntese da classificação das conjunções coordenativas.
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BECHARA CEGALLA CELSO CUNHA ROCHA LIMAADITIVAS - relação de adição entre as unidades que
unem;- e (unidades positivas);- nem (unidades negativas);- dá quatro exemplos (Marques de Marica);- OBS: a conjunção e também tem sentido de causa, consequência, oposição, etc.
- ideia de adição, acrescentamento;- e, nem, mas também, mas ainda, senão também, como também, bem como;- dá quatro exemplos.
- ligar simplesmente dois termos ou duas orações de idêntica função;- e, nem- dá dois exemplos.
- relacionam pensamentos similares- e (une duas afirmações)- nem (une duas negações)- dá dois exemplos.
ALTERNATIVAS - exprimem a incompatibilidade dos conceitos envolvidos ou a equivalência entre eles;- ou (sozinha ou duplicada);- advérbios já, bem, ora (repetidos ou não);- formas verbais quer...quer, seja...seja;- dá apenas um exemplo (Marques de Maricá).
- exprimem alternativa, alternância;- ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer, etc.;- dá cinco exemplos;
- ligam dois textos ou orações de sentido distinto, indicando que, ao cumprir-se um fato, o outro não se cumpre;- ou (sozinho ou repetido);- ora, quer, seja, nem, etc. (repetidas);- dá dois exemplos.
- relacionam pensamento que se excluem;- ou, ora...ora; quer...quer; já...já; seja...seja;- não dá exemplos.
ADVERSATIVAS - Apontam oposição;- mas, porém (acentuam oposição) e senão (marca incompatibilidade);- dá apenas um exemplo (Marques de Marica).
- exprimem oposição, contraste, ressalva, compensação;- mas, porem, todavia, contudo, entretanto, senão, ao passo que, antes (=pelo contrario), no entanto, não obstante, apesar disso, em todo caso; - dá nove exemplos.
- ligam dois termos ou duas orações de igual função, acrescentando-lhes, porém, uma ideia de contraste;- mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto;- dá dois exemplos.
- relacionam pensamentos contrastantes, acentuam não propriamente um contraste de ideias, mas uma concessão atenuada;- mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto;- dá quatro exemplos;OBS: explica sobre a posição das conjunções na frase.
CONCLUSIVAS - iniciam uma conclusão;- logo, portanto, por conseguinte, pois, por isso;- dá três exemplos.
- servem para ligar à anterior a uma oração que exprime conclusão, consequência; - logo, pois, portanto, por isso, por conseguinte, assim, etc.;- dá dois exemplos
- Relacionam pensamentos tais, que o segundo encerra a conclusão do enunciado no primeiro;- logo, pois, consequentemente, portanto, por conseguinte, etc.;- dá dois exemplos;
EXPLICATIVAS - precedem uma explicação, um motivo;- que, porque, porquanto, pois;- dá dois exemplos.
- ligam duas orações, a segunda das quais justifica a ideia contida na primeira;- que, porque, pois, porquanto;- dá dois exemplos.
- relacionam pensamentos em sequência justificativa, sendo que a segunda frase explica a razão de ser da primeira;- que, pois, porque, porquanto;- dá um exemplo.
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3.3 Conjunção subordinativa
Os gramáticos trouxeram no início de seus textos, junto com a definição de conjunção,
a de conjunção subordinativa. No tópico específico sobre conjunções subordinativas, Bechara
relembra o que elas seriam, explicando com mais clareza a sua função dentro da frase (vide
item 2.1). Assim como Bechara, Cegalla também explica novamente o conceito de conjunções
subordinativas, classificando-as e ressaltando que apenas as integrantes não indicam
circunstância. Por outro lado, Celso Cunha e Rocha Lima não retomam o conceito de
subordinativas, eles apenas citam suas classificações.
Em relação à classificação e disposição das conjunções subordinativas, encontrou-se
divergência entre os gramáticos, como pode ser visto na tabela abaixo. Todos os autores
apresentam dez classes, com exceção de Celso Cunha, que traz as conformativas e
proporcionais em tópico separado (vide item 2.3). Bechara, por outro lado, inclui as modais
em sua classificação e não apresenta conjunções integrantes. Um ponto importante a se notar
é que todos os autores trouxeram a definição de cada uma das conjunções subordinativas, com
exceção de Rocha Lima que apresenta direto quais seriam as conjunções, seguidas por
exemplos. Em relação à disposição e ordem das classes, podemos dizer que elas não estão
dispostas por importância, não influenciando assim o entendimento sobre conjunções, ou seja,
não é fato relevante. Apesar disso, notou-se que Bechara e Cegalla mantiveram praticamente a
mesma ordem, diferente de Celso Cunha e Rocha Lima.
BECHARA CEGALLA CELSO CUNHA ROCHA LIMA
1 causais causais causais causais
2 comparativas comparativas concessivas concessivas
3 concessivas concessivas condicionais condicionais
4 condicionais condicionais finais conformativas
5 conformativas conformativas temporais comparativas
6 consecutivas consecutivas consecutivas consecutivas
7 finais finais comparativas finais
8 modais proporcionais integrantes proporcionais
9 proporcionais temporais temporais
10 temporais integrantes integrantes
Para a comparação, seguiremos a disposição feita por Bechara. Apesar destas
diferenças, todas as gramáticas iniciaram no item conjunção causais, há um consenso de que
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elas introduzem orações que exprimem causa. O número de conjunções neste grupo variou de
8 a 9, e o de exemplos, 2 a 3.
As comparativas foram descritas, de forma geral, como aquelas que introduzem
orações que representam o segundo elemento de uma comparação. Bechara especifica um
pouco mais, dizendo que elas podem ser assimilativas ou quantitativas. O autor apresenta
treze conjunções neste grupo, e XX exemplos. Já Cegalla e Rocha Lima apresentam 12
conjunções cada um, porém, enquanto Cegalla expõe nove exemplos, Rocha Lima apresenta
apenas três. Celso Cunha por sua vez apresenta nove conjunções e quatro exemplos.
Nas concessivas, encontram-se as ideias de obstáculo, concessão e contrariedade, no
qual Bechara e Rocha Lima apresentam cinco conjunções diferentes cada um, enquanto
Cegalla e Celso Cunha apresentam dezesseis e onze, respectivamente. O número de exemplos
também é bem distinto, Bechara com apenas um, Cegalla com oito, Celso Cunha com três e
Rocha Lima com dois.
Para os autores, as conjunções condicionais estão ligadas à ideia de condição ou
hipótese. Dois autores apresentam sete conjunções e dois exemplos, Bechara e Rocha Lima.
Já Cegalla e Celso Cunha apresentam nove conjunções, o primeiro com quatro exemplos e o
segundo com apenas dois.
Sobre as conformativas, os gramáticos mostram que elas indicam conformidade de um
fato com outro. Cada um dos autores apresentou quatro conjunções seguidas por exemplos,
com exceção de Celso Cunha que apresentou três exemplos. É importante lembrar que este
último trouxe as conformativas em um tópico especial separado das demais conjunções
subordinativas.
A variação encontrada nas consecutivas foi grande. Enquanto Celso Cunha e Rocha
Lima apresentaram oito conjunções, com quatro e dois exemplos cada, Cegalla apresenta dez
conjunções e cinco exemplos, e Bechara apenas quatro, sem exemplos. Contudo, o conceito
foi unânime, o de que elas iniciam orações que exprimem consequência.
Nas conjunções finais, aquelas que iniciam oração que expressam intenção, finalidade,
houve um equilíbrio entre o número de conjunções e de exemplos apresentados por cada
autor, de 4 a 3 e de 1 a 3, respectivamente.
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Sobre as conjunções proporcionais, Cegalla diz que elas iniciam orações que
exprimem proporcionalidade. Os demais gramáticos compartilham do mesmo pensamento,
porém, Bechara apresenta uma definição um pouco mais detalhada e complexa enquanto a de
Celso Cunha é bem sintética. Isto deve ter se dado pelo fato de ele não inclui-las nas
conjunções subordinativas, e sim trazê-las em um tópico especial junto com as conformativas.
No que tange as conjunções temporais, o autor mais completo é Bechara, uma vez que
delimita cada tipo de conjunção, apresentando dezoito delas e seis exemplos. Cegalla e Celso
Cunha mantem basicamente o mesmo nível, com treze conjunções cada, seguidas por sete e
quatro exemplos respectivamente. Por outro lado, Rocha Lima apresenta nove conjunções e
apenas dois exemplos.
Segundo Cegalla, conjunção integrante é aquela que introduz orações que funcionam
como substantivos, uma visão bem simplista. Já Celso Cunha traz uma definição mais
completa, na qual a conjunção introduz uma oração que funciona como sujeito, objeto direto,
objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de uma outra oração. O primeiro
traz duas conjunções e dois exemplos, assim como Rocha Lima. Já o segundo duas
conjunções e três exemplos.
Bechara, não considera as conjunções integrantes. Contudo, é o único que abre espaço
para as modais, aquela que exprime o modo pelo qual se executou o fato expresso na oração
principal, apresentando uma conjunção - sem que - e um exemplo de seu uso. O gramático
ainda comenta que a NGB não considera as conjunções modais, mas sim orações modais.
Sobre esta questão, Cegalla – apesar de não abrir um tópico para modais - também diz que
esta conjunção é modal, mas enfatiza que a NGB não a classifica assim. Apesar de tudo dito
anteriormente neste parágrafo, a conjunção sem que encontra-se também no grupo das
condicionais em todos as gramáticas estudadas neste trabalho, mas nenhum comentário é feito
a esse respeito.
Para melhor visualização do que foi exposto acima, apresenta-se uma tabela com a
síntese da classificação das conjunções subordinativas.
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BECHARA CEGALLA CELSO CUNHA ROCHA LIMACAUSAIS - quando iniciam oração que exprime a
causa, o motivo, a razão do pensamento da oração principal;- que (= porque), porque, como, visto que, visto como, já que, uma vez que e desde que;- dá três exemplos.
- são conjunções que introduzem orações que exprimem causa;- porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como, já que, uma vez que, desde que;- dá três exemplos.
- são as que iniciam uma oração subordinada denotadora de causa;- porque, pois, porquanto, como, [=porque] pois que, por isso que, já que, uma vez que, visto que, visto como, que, etc.;- dá três exemplos.
- não conceitua;- que, porque, porquanto, como, já que, desde que, pois que, visto como, uma vez que, etc.;- dá dois exemplos.
COMPARATIVAS - quando iniciam oração que exprime o outro termo da comparação, podendo esta ser assimilativa ou quantitativa.- assimilativas: como, qual, assim, tal e assim como;- quantitativas: tão/tanto... como/quanto (igualdade), (mais... que/do que (superioridade) e menos... que/do que (inferioridade);- dá XXX exemplos.
- introduz orações que representam o segundo elemento de uma comparação;- como, (tal) qual, tal e qual, assim como, (tal) como, (tão ou tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que, (tanto) quanto, que nem, feito (como, do mesmo modo que), o mesmo que (como);- dá nove exemplos.
- iniciam uma oração que encerra o segundo membro de uma comparação, de um confronto;- que, do que, qual, quanto, como, assim como, bem como, como se, que nem;- dá quatro exemplos.
- não conceitua;- que, do que (relacionada a mais, menos, maior, menor, melhor, pior), qual (relacionada a tal), como (relacionada a tal, tanto, tão), como se, etc.;- dá três exemplos.
CONCESSIVAS - iniciam oração que exprime que um obstáculo – real ou suposto – não impedirá ou modificará a declaração da oração principal;- ainda que, embora, posto que, se bem que, apesar de que, etc.;- dá apenas um exemplo.
- iniciam orações que exprimem um fato que se concede, que se admite, em oposição ao outro;- embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por menos que, se bem que, em que (pese), nem que, dado que, sem que (embora não);- dá oito exemplos.
- as que iniciam uma oração subordinada em que se admite um fato contrário à ação principal, mas capaz de impedi-la;- embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, por mais que, por menos que, nem que, que, etc.;- dá três exemplos.
- não conceitua;- embora, conquanto, ainda que, posto que, se bem que, etc.;- dá dois exemplos.
CONDICIONAIS - quando iniciam oração que em geral exprime:a) Uma condição necessária para que e realize ou se deixe de realizar o que se declara na oração principal;b) Um fato – real ou suposto – em contradição com o que se exprime na
- iniciam orações que exprimem condição ou hipótese;- se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que (se não), a não ser que, a menos que, dado que;- dá quatro exemplos.
- iniciam uma oração subordinada em que se indica uma hipótese ou uma condição necessária para que seja realizado ou não o fato principal;- se, caso, contanto que, salvo se, sem que [=se não], dado que,
- não conceitua;- se, caso, contanto que, sem que, uma vez que, dado que, desde que, etc. - dá dois exemplos.
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principal.- se, caso, sem que, uma vez que, desde que, dado que, contanto que, etc.;- dá dois exemplos.
desde que, a menos que, a não ser que, etc.;- dá dois exemplos.
CONFORMATIVAS - iniciam oração que exprime um fato em conformidade com outro expresso na oração principal;- como, conforme, segundo, consoante;- dá dois exemplos.
- indicam conformidade de um fato com outro;- como, conforme, segundo, consoante;- dá dois exemplos.
- iniciar uma oração subordinada em que se exprime a conformidade de um pensamento com o da sua oração principal; - conforme, como [=conforme], segundo, consoante, etc.;- dá três exemplos;OBS.: estão separadas das outras conjunções, em um tópico especial.
- não conceitua;- como, conforme, consoante, segundo, etc. - dá dois exemplos.
CONSECUTIVAS - iniciam oração que exprime o efeito ou consequência do fato expresso na oração principal. A unidade consecutiva é que, que se prende a uma expressão de natureza intensiva;- tal, tanto, tão, tamanho;- não apresenta exemplos.
- iniciam orações que exprimem consequência;- que (precedidos de tal, tão, tanto, tamanho), de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que, sem que, que (não);- dá cinco exemplos.
- iniciam uma oração na qual se indica a consequência do que foi declarado na anterior;- que (combinada com uma das palavras tal, tanto, tão ou tamanho, presentes ou latentes na oração anterior), de forma que, de maneira que, de modo que, de sorte que, etc.;- dá quatro exemplos.
- não conceitua;- que (relacionado com tal, tão, tanto, tamanho), de modo que, de maneira que, de sorte que, de forma que;- dá dois exemplos.
FINAIS - iniciam oração que exprime a intenção, o objetivo, a finalidade da declaração expressa na oração principal;- para que, a fim de que, que (para que), porque (para que);- dá apenas um exemplo.
- iniciam orações que exprimem finalidade;- para que, a fim de que, que (para que);- dá três exemplos.
- iniciam uma oração subordinada que indica a finalidade da oração principal;- para que, a fim de que, porque [=para que];- dá dois exemplos
- não conceitua;- para que, a fim de que, porque, que, etc.;- dá dois exemplos.
PROPORCIONAIS - iniciam oração que exprime um fato que ocorre, aumenta ou diminui na mesma proporção daquilo que se declara na oração principal;- à medida que, à proporção que, ao passo que, (tanto mais)...quanto mais, (tanto mais)...quanto menos, (tanto menos) ...quanto mais, (tanto
- iniciam orações que exprimem proporcionalidade;- à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais... (tanto mais, tanto menos), quanto menos (tanto mais), quanto mais (mais), (tanto) quanto;- dá quatro exemplos
- servem para iniciar uma oração subordinada em que se menciona um fato realizado ou para realizar-se simultaneamente com o da oração principal;- à medida que, ao passo que, a proporção que, enquanto, quanto mais... mais, quanto mais... tanto
- não conceitua;- à medida que, ao passo que, à proporção, que, etc.- dá dois exemplos.
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mais)...menos, etc.;- dá dois exemplos.
mais, etc. - dá três exemplos.OBS.: estão separadas das outras conjunções, em um tópico especial.
TEMPORAIS - iniciam oração que exprime o tempo de realização do fato expresso na oração principal;- anterior: antes que, primeiro que;- posterior: depois que, quando;- posterior imediato: logo que, tanto que, assim que, desde que, eis que, (eis) senão quando, eis senão que;-frequentativo (repetitivo): quando; todas as vezes que; (de) cada vez; sempre que;- concomitante: enquanto, (no entanto) que;-terminal: até que.- dá seis exemplos.
- responsáveis por introduzir orações que exprimem tempo;- quando, enquanto, logo que, mal (logo que), sempre que, assim que, desde que, antes que, depois que, até que, agora que, ao mesmo tempo que, toda vez que;- dá sete exemplos.
- iniciam uma oração subordinada indicadora de circunstância de tempo;- quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que [=desde que], etc.- dá quatro exemplos.
- não conceitua;- apenas, mal, quando, até que, assim que, antes que, depois que, logo que, tanto que, etc.;- dá dois exemplos.
INTEGRANTES - não traz as conjunções integrantes. - introduz orações que funcionam como substantivos;- que, se;- dá dois exemplos.
- servem para introduzir uma oração que funciona como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de uma outra oração;- que e se;- dá três exemplos.
- não conceitua;- que (para afirmação certa) e se (para incerteza);- dá dois exemplos.
MODAIS - iniciam oração que exprime o modo pelo qual se executou o fato expresso na oração principal;- sem que;- dá apenas um exemplo.OBS: o sem que também aparece nas condicionais.
Cita que o sem que é modal, mas explica que a NGB não a classifica assim
- não classifica sem que como modal, esta conjunção está nas condicionais.
- não classifica sem que como modal, esta conjunção está nas condicionais.
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3.4 Outros tópicos sobre conjunções
Ainda dentro de seus textos, Bechara, Cegalla e Celso Cunha trazem tópicos especiais
sobre as locuções conjuntivas, com ênfase na conjunção que. Sobre esta mesma conjunção,
Bechara traz outros dois tópicos, um intitulado “Que excessivo” e o outro “Conjunções e
expressões enfáticas”, nos quais trata do uso desnecessário que se faz do que, e no seguinte, as
conjunções coordenativas que aparecem enfatizadas.
Celso Cunha ainda traz dois tópicos interessantes, um intitulado “Posição das
conjunções coordenativas” e o outro, “Polissemia conjuncional”, no qual o autor nos mostra
que algumas conjunções subordinativas podem pertencer a mais de uma classe.
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4 CONJUNÇÃO? – COM A PALAVRA OS ALUNOS DE LETRAS
A partir de depoimentos dos alunos do curso de Letras/UFV, verificou-se que, em sua
grande maioria, estes estudantes estão relativamente satisfeitos com o que sabem sobre
conjunção. Contudo, deixam claro que sempre que necessário recorrem à gramática para
esclarecer dúvidas e se sentirem mais seguros quanto ao uso das mesmas.
Os estudantes entrevistados tiveram o primeiro contato com conjunções no ensino
médio, alguns não comentaram como foi a experiência do aprendizado. Já uma aluna explica
em detalhes como foi a sua jornada para empreender um pouco mais sobre o tema:
“Tive contato na escola, porém de modo muito superficial e com metodologia de “decoreba”, o que fez com que eu passasse a vida inteira sem entender o que era. Na universidade precisei correr atrás e descobrir sozinho, afinal as árvores sintagmáticas gerativistas me forçaram a isso. A necessidade de dar aula de português também foi fator crucial para que eu procurasse sozinho descobrir o que era”.
Sobre a função das conjunções, o consenso é que elas servem para ligar orações. Um dos alunos ainda comenta a carga argumentativa que elas podem trazer para o discurso. Sendo os exemplos mais citados entre eles os das aditivas e adversativas, as consideradas mais simples.
Assim, aparentemente, os estudantes não consideram as conjunções tão difíceis, apesar de serem muitas. E como disse uma aluna, que até apresenta um esquema de subordinativas, o próprio nome da conjunção já explica seu significado:
“... as subordinadas podem ser o que didaticamente chamo de “FIP-6C”: Final, Integrante, Proporcional, Comparativa, Condicional, Conformativa, Consecutiva, Causal e Concessiva. Os próprios nomes das descrições já dizem o papel que exercem, bastando que prestemos atenção ao ‘rótulo’ para que entendamos a função”.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como futuros profissionais da língua portuguesa, conscientes de que o estudo do
português também é feito através da gramática, devemos nos preocupar com qualidade das
gramáticas utilizadas pelos alunos e professores em qualquer nível de ensino. Não obstante,
devemos desenvolver um olhar crítico a cerca do conteúdo e da abordagem de cada gramática,
utilizando a que melhor se encaixar em nosso contexto de ensino.
É importante levar em conta que o estudo através da gramática sempre foi considerado
difícil, devido principalmente à sua metalinguagem, que em muitos momentos dificulta a
leitura. Contudo, não há como ser diferente, uma vez que a gramática fala da língua e tais
termos são necessários. Nesse viés, podemos então pelo menos apresentar opções de materiais
com linguagem descomplicada ou pelo menos com exemplos mais próximos à realidade do
aluno, principalmente o de ensino médio, como o fez o gramático Cegalla.
Assim, se tivéssemos que escolher uma gramática para o uso nas escolas, ela seria a de
Cegalla, uma vez que este apresenta linguagem um pouco menos complicada, grande número
de conjunções em cada uma das classes, bem como de exemplos. Lembrando ainda que aluno
tem o auxilio do professor, o fato deste autor não se aprofundar muito nas definições pode ser
minimizado, já que o professor está a postos para suprir quaisquer falhas.
Por outro lado, é preciso igualmente considerar que uma gramática é também um livro
importante para estudantes de letras, escritores e demais profissionais que utilizam de textos
escritos, e principalmente da argumentação, como jornalistas e advogados, pois é nele que se
apoiam no momento da escrita. Considerando assim, que ela é um livro permanente para
consulta, indicaríamos a gramática de Evanildo Bechara, uma vez que é considerada por
profissionais da área como a mais completa atualmente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37.ed. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 2009.
- CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48.ed.rev. Companhia Editora Nacional: São Paulo, 2010.
- CELSO CUNHA, Nova gramática do português contemporâneo. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
- ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática Normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 2002.
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ANEXO
Perguntas feitas aos alunos
1- O que você entende por conjunção e qual é sua função no discurso?
2- Quando foi seu primeiro contato com o estudo das conjunções? Na escola ou já na faculdade?
3- Você se lembra de alguma subdivisão das conjunções? Pode explicá-la (s)?
4- Você se sente seguro quanto as regras das conjunções ou ainda precisa recorrer a gramática?
Transcrição das entrevistas
Entrevistado 1:
1- “Conjunções são palavras que servem pra juntar duas orações que completam uma ideia principal.”
2- “Na escola, oitava série, eu acho.”
3- “Me lembro de algumas: aditiva, adversativa, explicativa...”
4- “As regras das conjunções não são muito complicadas, mas é sempre bom ter uma gramática em mãos para esclarecer dúvidas e evitar possíveis erros.”
Entrevistado 2:
1- “Conjunção é um termo da frase/oração que tem a função de conectar as ideias de um texto para que esse fique coerente.”
2- “Acredito que tenha sido no ensino médio”
3- “Vish, tem várias. Um bom exemplo é a quantidade de orações coordenadas sindéticas que existe, pois a classificação delas é de acordo com a conjunção. Ex: conjunção aditiva "e". Exemplo fodástico - risos.”
4- “Eu lembro de bastante coisa, mas olho a gramática as vezes só para ter certeza...”
Entrevistado 3:36
1- “Conjunção é a classe de palavras que servem para “unir” orações . Elas auxiliam para que o discurso seja mais coeso e mantenha certa linearidade, continuidade, dentro do texto.”
2- “Tive contato na escola, porém de modo muito superficial e com metodologia de “decoreba”, o que fez com que eu passasse a vida inteira sem entender o que era. Na universidade precisei correr atrás e descobrir sozinho, afinal as árvores sintagmáticas gerativistas me forçaram a isso. A necessidade de dar aula de português também foi fator crucial para que eu procurasse sozinho descobrir o que era.”
3- “Não sei se lembro todas, mas de tanto “martelar” isso (e outras coisas chatas da gramática), lembro que elas se subdividem mais ou menos entre: as coordenadas (que unem diretamente as orações [do mesmo nível de sintaxe]), podem ser explicativas, aditivas, conclusivas ou adversativas; as subordinadas podem ser o que didaticamente chamo de “FIP-6C”: Final, Integrante, Proporcional, Comparativa, Condicional, Conformativa, Consecutiva, Causal e Concessiva. Os próprios nomes das descrições já dizem o papel que exercem, bastando que prestemos atenção ao “rotulo” para que entendamos a função. Costumamos usar o termo “conjunção” com frequência, porém utilizamos mais frequentemente as “locuções conjuntivas” que, mais uma vez ,como o nome diz, trata-se de uma locução (que nada mais é que duas palavras que juntas formam uma conjunção [afim de, apesar de, etc). Os itens “conectores” de orações que só utilizam uma palavra, são chamados de “conjunções principais” – ex: porque, todavia, entretanto... “Decoradamente” me recordo disso, mas sempre deixo escapar alguma coisa”.
4- “Apesar de eu achar esse tanto de descrição um tanto quanto desnecessário, acredito que sei bem conceituar sobre o assunto (pelo menos superficialmente acho que sei do que se trata).”
Entrevistado 4:
1- “Entendo que conjunção é a palavra que liga orações, penso que ela tem alto valor argumentativo e é essencial para o discurso.”
2- “No ensino médio, eu acho, mas não me lembro exatamente a série.”
3- ‘Me lembro de algumas, como as aditivas que traz a ideia de adição com a conjunção e, e da adversativas, com a conjunção mas.”
4- “Me sinto seguro em certos aspectos, em outros preciso recorrer a gramática, principalmente quando escrevo textos formais, artigos, etc.”
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