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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JAQUELINE GUIMARÃES ZEFERINO RAFAELA DA SILVA ALBINO A EFETIVIDADE DO LASER ARSENIETO DE GÁLIO E ALUMÍNIO NO TRATAMENTO DE FISSURAS MAMÁRIAS Tubarão 2010

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

JAQUELINE GUIMARÃES ZEFERINO

RAFAELA DA SILVA ALBINO

A EFETIVIDADE DO LASER ARSENIETO DE GÁLIO E ALUMÍNIO NO

TRATAMENTO DE FISSURAS MAMÁRIAS

Tubarão

2010

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JAQUELINE GUIMARÃES ZEFERINO

RAFAELA DA SILVA ALBINO

A EFETIVIDADE DO LASER ARSENIETO DE GÁLIO E ALUMÍNIO NO

TRATAMENTO DE FISSURAS MAMÁRIAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Fisioterapia da Universidade do

Sul de Santa Catarina, como requisito para

obtenção do título de bacharel em Fisioterapia.

Orientador: Prof Msc. Ralph Fernando Rosas

Tubarão

2010

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JAQUELINE GUIMARÃES ZEFERINO

RAFAELA DA SILVA ALBINO

A EFETIVIDADE DO LASER ARSENIETO DE GÁLIO E ALUMÍNIO NO

TRATAMENTO DE FISSURAS MAMÁRIAS

Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado

adequado à obtenção do título de Bacharel em

Fisioterapia e aprovado em sua forma final pelo Curso

de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa

Catarina.

Tubarão, 18 de novembro de 2010.

____________________________________________

Prof. Orientador Ralph Fernando Rosas, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

____________________________________________

Prof Juliana Dal-Bó, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

____________________________________________

Prof Fabiana Durante de Medeiros, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

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Dedicamos esse trabalho aos nossos pais,

Manoel e Maria Bernadete e Antônio e Dirce

que permaneceram ao nosso lado acreditando e

apoiando os nossos sonhos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta

jornada e me deu forças para chegar até aqui.

Aos meus pais e, Manoel P. Zeferino e Maria Bernadete G. Zeferino, que me

deram a vida e me ensinaram a viver, responsáveis por me tornar quem sou. Agradeço

também a minha irmã, Jadna, pela paciência com que aturou a mim e a minha papelada e a

bagunça de livros e todos os outros materiais que foram se acumulando durante o curso.

Mana, obrigado por toda a tua cooperação.

A minha companheira e colega de pesquisa, Rafaela, só nós sabemos o que

passamos pra chegar até aqui. Juntas até o fim!

Ao mestre e amigo, Ralph Fernando Rosas. Dentro de um ambiente onde várias

pessoas pareciam ser e acabaram não sendo,você foi. Preocupado até com pequenos

problemas pessoais, pelos quais passei durante esse período de trabalho. Espero um dia

conseguir chegar ao seu nível.

E, a todos que sempre torceram por mim, muito obrigada!

Por Jaqueline Guimarães Zeferino

Agradeço primeiramente a Deus, pois me deu força e coragem para realizar este

trabalho de conclusão de curso.

Agradeço aos meus pais, Antônio e Dirce, que muitas vezes me ajudaram,

entenderam e apoiaram. Agradeço,principalmente, porque me deram a oportunidade de

crescer e sempre me incentivaram a chegar até o fim.

Agradeço meu avô Oscar que acompanhou parte desta jornada, porém não está

mais junto de nós, eu sei que ele está olhando por mim, aonde quer que esteja.

Agradeço meu namorado Diego que por muitas vezes me apoiou e sempre me

entendeu, principalmente, nesta última etapa.

Agradeço à professora Inês Almansa Vinadé por ter nos orientado na fase inicial

do projeto.

Ao orientador professor Ralph Fernando Rosas, meu muito obrigado. Obrigado

por ter aceitado nos orientar e por ter acreditado no projeto, não nos deixando desamparada.

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Em algumas vezes nos orientou sem se preocupar com a hora, sendo uma peça fundamental

para a realização desse projeto.

Agradeço minha amiga e companheira, Jaqueline, valeu pelo companheirismo e

por me animar quando tudo parecia estar perdido. Amiga, só nós sabemos o que passamos por

ter chego até aqui.

Agradeço ao professor Rodrigo da Rosa Iop pela paciência e colaboração na

questão metodológica do presente estudo.

Por fim, agradeço aqueles que nos auxiliaram de forma direta ou indiretamente

para que conseguíssemos realizar este trabalho.

Por Rafaela da Silva Albino

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É melhor tentar e falhar, que se preocupar e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda

que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar,

que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em

conformidade viver (Martin Luther King)

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RESUMO

As fissuras mamárias, dentre todas as intercorrências mamárias, constituem a de maior

incidência e caracterizam-se por lesões tipo fendas nos mamilos, no período da lactação

puerperal, ultrapassando as dimensões do físico e interferindo nos significados atribuídos à

amamentação pelas mulheres que o vivenciam. A aplicação da laserterapia de baixa potência

como tecnologia terapêutica na área de fisioterapia tem apresentado um crescimento

significativo, exercendo um importante efeito sobre o processo ulcerativo, resultando na

redução do tempo de cicatrização. Essa resposta torna possível um retorno mais rápido do

indivíduo às suas atividades de rotina. Esta pesquisa teve como objetivo analisar a efetividade

da laserterapia no tratamento de fissuras mamárias de puérperas. A amostra foi composta por

3 mulheres, devidamente diagnosticadas com fissuras mamárias no período pós-parto

imediato, com idade entre 22 e 28 anos. Foram realizadas três aplicações do laser de baixa

potência, sendo que na avaliação e reavaliação foram realizados os seguintes testes: aplicação

da escala visual analógica, mensuração do tamanho da fissura mamária com a fita métrica; e

na reavaliação foram entregue as escalas de satisfação ao tratamento. Os dados foram

analisados através do teste de Wilcoxon e da análise descritiva simples. O resultado do teste

de Wilcoxon mostrou que não houve diferença estatística significativa entre a dor e o tamanho

das fissuras; em relação ao tratamento, as pacientes mostraram-se satisfeitas. Ao término da

pesquisa concluiu-se que o efeito da laserterapia não foi significativo, requerendo novos

estudos com um tratamento contínuo e com maior amostragem.

Palavras-Chave: Fissura mamária. Dor. Terapia a laser de baixa intensidade.

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ABSTRACT

Nipple fissures, are most prevalent and is characterized by injury type nipple cracks in

puerperal lactation period, exceeding the dimensions of physical and interfering in the

meanings attributed to breastfeeding by women who experience it. The application of low

level laser therapy as a technology in the field of physical therapy has shown significant

growth, exerting an important effect on the ulcerative process, resulting in reduced healing

time. This response makes possible a more rapid return of the individual to their routine

activities. This study aimed to examine the effectiveness of laser therapy in the treatment of

breast fissures of post-partum. The sample included three women, duly diagnosed with breast

fissures in the immediate postpartum period, aged between 22 and 28 years. They performed

three applications of low power laser, and the assessment and reassessment were performed

the following tests: application of visual analogue scale, measuring the size of the crack with

breast the tape, and were delivered to the reassessment of the scales satisfaction with

treatment. The data were analyzed using the Wilcoxon test and the simple descriptive

analysis. The result of Wilcoxon test showed no statistically significant difference between

pain and the size of the cracks, in relation to treatment, the patients were satisfied. At the end

of the study concluded that the effect of laser therapy was not significant, requiring further

studies with a larger sample with contínuous treatment.

Key Words: Nipple fissure. Pain. Laser therapy low intensity.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Estrutura elementar interna da mama feminina ...................................................... 17

Figura 2 – Tipos de mamilos .................................................................................................... 19

Figura 3 – Esquema de reflexo da expulsão do leite ................................................................ 21

Figura 4 – Ato da sucção (pega adequada) ............................................................................... 25

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Avaliação da dor na avaliação e reavaliação através da EVA .............................. 43

Gráfico 2 – Avaliação do tamanho das fissuras mamárias na avaliação e reavaliação após

aplicação do laser...................................................................................................................... 45

Gráfico 3 – Avaliação da satisfação quanto ao tratamento na reavaliação .............................. 48

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LISTA DE ABREVIATURAS

AsGa: Arsenieto de Gálio

AsGaAl: Arsenieto de Gálio Alumínio

CEP: Comitê de Ética e Pesquisa

Cm: Centímetros

EVA: Escala Visual Abalógica

FIL: Fator Inibidor na Lactação

HeNe: Hélio e Neônio

HIV: Vírus da Imunodeficiência Humana

HTLV1: Human T lymphotropic Virus Type 1

HNSC; Hospital Nossa Senhora da Conceição

HZ: Hertz

IMC; Índice de Massa Corporal

J/cm2: Joule por centímetros quadrados

Laser: Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation)

M: Metros

Nm: Namômetros

S: Segundos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14

2 REVISÃO DA ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MAMA ............................................ 16

2.1 VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO DA MAMA ....................................................... 17

2.2 TIPOS DE BICOS MAMILARES ..................................................................................... 19

2.3 O DESENVOLVIMENTO DA MAMA DURANTE A GRAVIDEZ ............................... 19

2.3.1 Controle do volume do leite .......................................................................................... 21

2.3.1.1 Prolactina ...................................................................................................................... 21

2.3.1.2 Oxitocina ...................................................................................................................... 22

2.3.1.3 Fator Inibidor da Lactação (FIL) .................................................................................. 22

2.4 AMAMENTAÇÃO ............................................................................................................ 23

2.4.1 Posição da mãe e do bebê .............................................................................................. 23

2.4.2 Posição das mãos ........................................................................................................... 24

2.4.3 A pega adequada ............................................................................................................ 25

2.4.4 Vantagens do leite materno para o bebê e para a mãe .............................................. 26

2.4.5 Contra-indicações e restrições à amamentação .......................................................... 26

2.5 FISSURAS MAMÁRIAS .................................................................................................. 27

2.5.1 Prevenção ...................................................................................................................... 29

2.5.2 Tratamento .................................................................................................................... 30

2.6 LASERTERAPIA ............................................................................................................... 31

2.6.1 Bases físicas da radiação laser ...................................................................................... 32

2.6.2 Tipos de laser .................................................................................................................. 33

2.6.2.1 Laser de Hélio-Neônio (He-Ne) ................................................................................... 33

2.6.2.2 Laser Arsenieto de Gálio (AsGa) ................................................................................. 34

2.6.3 Mecanismos de ação e efeitos da radiação laser ......................................................... 35

2.6.4 Dosimetria ...................................................................................................................... 36

2.6.5 Contra-indicações .......................................................................................................... 37

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................................. 38

3.1 POPULAÇÃO/AMOSTRA ............................................................................................... 38

3.2 INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA COLETAS DE DADOS ................................. 39

3.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ......................................................... 40

3.4 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE DADOS ........................................................ 41

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3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA .............................................................................. 41

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS .......................................................................... 42

4.1 DOR .................................................................................................................................... 43

4.2 TAMANHO DAS FISSURAS ........................................................................................... 45

4.3 SATISFAÇÃO DAS PACIENTES AO TRATAMENTO ................................................. 47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 50

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 51

APÊNDICES ........................................................................................................................... 56

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE ............................ 57

APÊNDICE B – Instrumento de coleta de dados – questionário ....................................... 59

APÊNDICE C – Escala de satisfação do Tratamento ......................................................... 60

ANEXOS ................................................................................................................................. 61

ANEXO A – Escala Visual Analógica da dor –EVA ........................................................... 62

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1 INTRODUÇÃO

O aleitamento materno é importante nos primeiros seis meses de vida do bebê e

traz muitos benefícios não só para o bebê como também para mãe. Os principais benefícios

para o bebê são fortalecimento do sistema imunológico e nutrição. Para a mãe são: redução

rápida de peso após o parto, melhor recuperação do tamanho normal do útero, diminuição do

risco de doenças, como diabetes e câncer1.

A fisioterapia aplicada à ginecologia tem como objetivos a atuação com

orientações e tratamento nas diferentes disfunções relacionadas à gestação e ao puerpério a

fim de diminuir os efeitos das alterações fisiológicas2. Dentre as disfunções encontra-se o

trauma mamilar ou fissura mamilar no processo de amamentação durante o puerpério.

As fissuras mamilares são um dos principais traumas encontrados no período

puerperal. Sessenta por cento das puérperas reclamaram de fissuras mamilares em parto

normal2. Estas causam extremo desconforto, frustração e dor, além de que as mães

abandonam o ato de amamentar precocemente, e normalmente, isso ocorre pelo mau

posicionamento da criança durante a mamada e a pega inadequada1.

Estas fissuras trazem consequências não só para mãe, mas também para o bebê. A

principal conseqüência para a mãe é que o leite não é retido com eficácia, o que poderá levar a

curto médio prazo à diminuição da sua produção e para o bebê é que não consegue obter o

leite suficiente para se nutrir, o que contribui para o seu baixo desenvolvimento. Dentre as

várias técnicas terapêuticas aplicadas em fisioterapia obstétrica, podemos destacar a

laserterapia, com o objetivo de melhorar a cicatrização dos tecidos lesados e diminuir a dor.

A radiação do laser trata-se de uma luz com características especiais,

especialmente, quanto à coerência e monocromaticidade, que a distingue a luz normal ou de

uma lâmpada e infravermelho3.

O laser é utilizado na fisioterapia, principalmente, na Europa há pelo menos trinta

anos. A energia aplicada ao paciente nada mais é que uma simples luz, sendo o sistema

tecnológico de produzi-lo diferente do habitual. Assim a luz gerada possui diferenças com a

luz produzida por outros métodos, o que lhe diferencia e dá propriedades marcantes3.

Há vários estudos que comprovam a eficácia da laserterapia em cicatrizes. Diante

de novos estudos, foram utilizados como técnica terapêutica a laserterapia e concluiu-se que

todas as pacientes que receberam este procedimento referiram à diminuição da dor local,

dando melhores condições de mobilidade, seja para amamentar, seja para deambulação. O

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procedimento de laserterapia é um recurso de importante repercussão terapêutica no

atendimento à mulher, sendo assim este trabalho possui como problema da pesquisa, a

seguinte questão: qual a efetividade da laserterapia no tratamento de fissuras mamárias?

Assim, podemos proporcionar uma rápida cicatrização, um melhor bem-estar

tanto para mãe quanto para o bebê e ainda, evitar que as mães abandonem o ato de

amamentar.

Diante do exposto, a presente pesquisa teve como objetivo geral: analisar a

efetividade da laserterapia no tratamento de fissuras mamárias de puérperas do Hospital

Nossa Senhora da Conceição/HNSC – SC.

Para isso foram desenvolvidos os seguintes objetivos específicos: analisar o

quadro álgico antes e após o tratamento; descrever a variação se houver do comprimento da

fissura; descrever a satisfação das puérperas em relação ao tratamento.

Esta pesquisa é do tipo exploratória, quase-experimental. O trabalho está dividido

em cinco capítulos, sendo que no primeiro encontra-se a introdução, justificando o porquê da

escolha deste tema; o segundo capítulo descreve uma revisão de literatura sobre o aleitamento

materno e fissuras mamárias; o terceiro mostra o delineamento da pesquisa, apresentando a

metodologia utilizada neste trabalho; no quarto capítulo são apresentados a análise e

discussão dos resultados, e o quinto capítulo são as considerações finais da pesquisa realizada.

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2 REVISÃO DA ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MAMA

As mamas são estruturas anexas à pele especializadas na produção de leite.

Existem em ambos os sexos, mas são rudimentares nos homens. Nas mulheres desenvolvem-

se e diferenciam-se na puberdade, atingindo o seu maior desenvolvimento na gravidez e na

lactação. Composto pelas células produtoras de leite, sessenta e três por cento do total, o

tecido glandular está na sua maioria localizado a cerca de três cm da base do mamilo. O

tecido adiposo distribui-se imediatamente abaixo da pele (tecido adiposo subcutâneo), no

interior da glândula mamária (intraglandular) e atrás do tecido glandular (retro-mamário) à

frente do músculo peitoral. O tecido subcutâneo na base do mamilo é mínimo. Situadas entre

as camadas superficiais e profundas da pele, as mamas estendem-se entre a segunda e a sexta

costela e do esterno à linha axilar média8.

Quanto à sua forma podem ser hemisféricas, cônicas, piriformes, cilíndricas ou

discóides. São ligeiramente assimétricas e estão separadas pelo sulco intermamário e

limitadas inferiormente pelo sulco inframamário (que, de acordo com a idade ou estado

funcional, pode apresentar-se mais ou menos profundo)23

.

Os alvéolos mamários, unidades ultraestruturais da glândula mamária, são

constituídos por células secretoras rodeadas por tecido mioepitelial. Estão organizados em

sete a dez lobos que se dividem em lóbulos e estão separados por septos fibrosos (ligamentos

de Cooper) que se estendem da faixa profunda à pele. O tecido conjuntivo interlobular contém

depósitos de adipócitos. Cada um dos seus ductos excretores termina de forma independente

no mamilo. Por serem revestidos por uma camada de células mioepiteliais, os ductos são

igualmente sensíveis à ação da oxitocina, reagindo com movimentos peristálticos23

.

O mamilo ou papila mamária é constituído por fibras musculares lisas, é

proeminente, cilíndrico e circundado por uma zona mais escura de tamanho variável e pele

pigmentada que pode apresentar alguns pêlos, chamada aréola. Contém também fibras

musculares involuntárias, cuja contração (por ação da oxitocina) provoca a ereção do mamilo.

(Figura 1)23

.

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17

Figura 1 - Estrutura elementar interna da mama feminina

Fonte: Junqueira, Carneiro45

.

A aréola é a região em volta do mamilo, pigmentada, onde existem as glândulas

mamárias rudimentares ou glândulas de Montgomery, que hipertrofiam na gravidez. Na

região do mamilo e da aréola existem fibras musculares lisas e uma grande quantidade de

terminações nervosas sensitivas, estimuladas durante a lactação15

.

É uma área circular, de tamanho variado, tendo em média três a seis cm de

diâmetro, pigmentada, com superfície irregular e folículos pilosos ao seu redor. Esta região

contém glândulas sebáceas, sudoríparas e areolares. Estas são conhecidas como glândulas de

Montgomery, e apresentam uma estrutura intermediária entre o tecido glandular mamário

verdadeiro e as glândulas sudoríparas. Na mulher de cor clara a aréola apresenta-se com uma

pigmentação rósea, enquanto na mulher negra é mais escura. Durante a gestação a aréola

aumenta de tamanho, torna-se mais escura e geralmente nunca volta à sua cor de origem15

.

A aréola contém glândulas mamárias modificadas (glândulas areolares), com

características próprias, que durante a gravidez e lactação formam tubérculos (de

Montgomery). Essas glândulas fabricam secreção oleosa e anti-séptica, que fornece proteção

lubrificante para o mamilo e para a aréola durante a sucção1.

2.1 VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO DA MAMA

A glândula mamária é extremamente vascularizada por ramos perfurantes da

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artéria torácica interna (artéria mamária interna), das intercostais e por ramos da artéria exilar,

os quais formam uma rede anastomótica14

.

A artéria torácica interna envia um ou mais ramos para a mama; estes originam-se

no 2º, no 3º ou no 4º espaço intercostal, perfuram um ou mais espaços e chegam à mama por

sua extremidade súperomedial. Entre estas artérias, uma é mais desenvolvida e denomina-se

artéria principal medial. A maior parte dessas artérias tem trajeto superficial e forma uma rede

supramamária, de onde partem arteríolas para a pele e, principalmente, ramos glandulares que

se distribuem pelos septos conjuntivos entre os lobos, terminando numa rede capilar que

rodeia os ácinos14

.

A drenagem linfática da mama é realizada , principalmente, para linfonodos da

região axilar, bem como para os torácicos internos, peitorais e abdominais e para a mama

contralateral. As vênulas, oriundas dessa rede de capilar tem trajeto semelhante ao das

artérias, chegando também à superfície da mama para formar uma rede subcutânea. Estas

veias encontram-se amplamente anastomosadas e o desenvolvimento dessas anastomoses

pode constituir uma suplência entre o sistema da veia cava superior e o da veia cava inferior1.

Acessoriamente, da face posterior da mama emergem veias profundas que atravessam os

músculos peitorais e terminam diretamente nas veias intercostais e no sistema da veia ázigo14

.

Os vasos linfáticos da mama têm duas origens: cutânea e glandular. Os ductos

linfáticos que drenam a pele convergem para a face cutânea profunda da aréola, formando o

plexo subareolar. Os vasos linfáticos glandulares originam-se na periferia de cada lóbulo e

têm direção perpendicular ao plano profundo, ou seja, vão da papila à face profunda ou vice-

versa; dirigem-se para o plexo subareolar superficial ou para o plexo retromamário. Esses dois

plexos apresentam grande número de anastomoses entre si14

.

A inervação da superfície cutânea da mama é realizada pelos seis primeiros

nervos intercostais, pelo ramo supraclavicular do plexo cervical superficial e ramos torácicos

do plexo braquial. O mamilo é inervado pelo quarto nervo intercostal. A glândula mamária

recebe inervação do quarto, quinto e sexto nervos intercostais, somando com fibras simpáticas

que acompanham a mamária externa. É encontrada, em especial, na base do mamilo, onde os

lábios do lactente produzem maior estímulo à sucção. No parênquima da glândula, poucos

receptores são encontrados. A rica inervação sensorial das mamas sobre todo o mamilo e

aréola é de grande importância funcional, já que a sucção desencadeia uma série de

mecanismos nervosos e neuro-humorais que trazem como consequência a liberação do leite e

a manutenção da diferenciação glandular essencial para que se continue a lactação6.

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2.2 TIPOS DE BICOS MAMILARES

Os mamilos podem apresentar quatro tipos (Figura 2):

a) Mamilo semiprotuso: apresenta-se pouco saliente como se estivesse incorporado à

região areolar. Este é um mamilo sujeito a traumas, porém permite a amamentação

com sucesso, desde que exercícios de exteriorização, sejam iniciados durante o pré-

natal24

.

b) Mamilo plano: situa-se no mesmo nível da aréola. Este é um mamilo sujeito a traumas,

porém permite a amamentação com sucesso, desde que exercícios de exteriorização,

sejam iniciados durante o pré-natal24

.

c) Mamilo normal ou protuso: é extremamente elástico, de fácil apreensão, apresenta-se

saliente e em planos diferentes da região areolar. Quando estimulado fica saliente e

bem posicionado24

.

d) Mamilo invertido: caracteriza-se pela inversão total de tecido epitelial, podendo

ocasionar o desaparecimento completo do mamilo. Nunca fica saliente e exige

exercícios de exteriorização durante a gestação para aplanar-se durante a sucção do

bebê24

.

Figura 2 – Tipos de mamilos: a) mamilo semiprotuso; b) mamilo

plano; c) mamilo normal ou protuso; d) mamilo invertido.

Fonte: Vinha8.

2.3 O DESENVOLVIMENTO DA MAMA DURANTE A GRAVIDEZ

Durante a gravidez, a aréola aumenta de tamanho por ação sinérgica de vários

A B C D

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hormônios, principalmente estrógenos, progesterona, prolactina e lactogênio humano e

escurece. Uma das ações desses hormônios é o desenvolvimento de alvéolos nas extremidades

dos ductos interlobulares terminais. Quatro a seis células mioepiteliais de forma estrelada

envolvem cada alvéolo, que tem funções extremamente importantes. Na lactação, o leite é

produzido pelas células dos alvéolos e se acumula no lúmen destes e dentro dos ductos

galactóforos23

.

O leite é composto, principalmente, de lipídios, proteínas do leite e lactose

(açúcar do leite). Estes componentes são sintetizados pelos retículos endoplasmáticos lisos

(que sintetizam lipídios) e rugosos (que sintetizam principalmente proteínas). Após o período

de lactação o grau de pigmentação vai diminuindo embora não retorne em absoluto à cor

original. Ocorre uma significativa neoformação de ácinos, responsável pelo aumento de

volume da glândula mamária. O tecido conjuntivo em redor das unidades secretoras é

invadido por plasmócitos, linfócitos e eosinófilos. No estágio final da gestação, o

desenvolvimento da mama é evidente e a secreção do colostro identificada pela maioria das

grávidas (lactogênese I)17

. .

Após o parto, entre 24 e 48 horas, ocorre a descida do leite. Nesse período, devido

às alterações hormonais que ocorrem no organismo materno, as mamas aumentam, ficam

mais pesadas, tornam-se ligeiramente mais quentes do que as outras partes do corpo e, podem

apresentar veias salientes11

.

Quando o bebê mama, ele estimula as terminações nervosas do mamilo que geram

impulsos. Esses vão até a hipófise e provocam a parte anterior dessa glândula a liberar, na

corrente sanguínea, um hormônio chamado prolactina. A prolactina no sangue chega aos

alvéolos e ativa suas células secretoras de leite. Essas células, utilizando as substâncias

nutritivas presentes no sangue materno, produzem o leite11

.

É importante lembrar que o leite é produzido nas duas mamas ao mesmo tempo.

Por isso, a necessidade de amamentar o bebê, por certo tempo, em uma mama e, depois,

oferecer a outra mama e amamentá-lo até o momento em que ele se sinta satisfeito11

.

Quando as terminações nervosas dos mamilos são estimuladas pela sucção do

bebê, outro hormônio, chamado oxitocina, também é produzido. Liberado da parte posterior

da hipófise cai na corrente sanguínea da mulher e faz com que os alvéolos se contraiam e

expulsem o leite acumulado no lúmem (região do alvéolo onde fica armazenado o leite

produzido) para o sistema de canais até chegar aos depósitos de leite sob a aréola. Esse

hormônio atua no ato da mamada (Figura 3)11

.

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21

Figura 3– Esquema de reflexo da expulsão do leite ou ejeção

Láctea.

Fonte: Vinha8.

2.3.1 Controle do volume do leite

Os principais hormônios que regulam a produção de leite são então a prolactina, a

oxitocina e o FIL (fator inibidor da lactação). Tanto a prolactina como a oxitocina são

segregadas na hipófise, em resposta à estimulação do mamilo. A primeira atua sobre as

células secretoras da mama, estimulando a secreção de leite, ao passo que a segunda atua

sobre as células mioepiteliais, provocando a sua contração e a ejeção de leite23

.

2.3.1.1 Prolactina

O nível de prolactina aumenta de forma notável durante a gravidez, embora a ação

dos progestagêneos e estrogênios condicionem uma produção de leite quase nula. Durante o

processo de amamentação, o nível basal de prolactina manter-se-á sempre elevado e

aumentará ainda mais a cada vez que o bebê mamar. Cerca de 3 horas após a mamada, o nível

de prolactina atinge o seu pico para ir baixando gradualmente. Se o bebê voltar a mamar antes

de a hormonal alcançar o seu nível basal, o novo pico de prolactina irá alcançar valores ainda

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22

mais altos23

.

Por esta razão, dar de mamar frequentemente, ainda que de forma breve, estimula

mais a produção de leite do que mamadas prolongadas. No período noturno, tanto os níveis

basais como os picos de prolactina apresentam valores mais elevados, justificando a

relevância das mamadas noturnas para a manutenção da amamentação. Após alguns meses de

amamentação, tanto o nível basal como os picos de prolactina são mais baixos, apesar de a

quantidade de leite produzido ser maior. Ao que parece, a produção de leite dependerá mais

de um controle local que da produção de prolactina23

.

2.3.1.2 Oxitocina

A oxitocina é segregada por picos de alguns minutos. O reflexo de oxitocina, ou

reflexo de ejeção do leite, pode ser desencadeado de forma espontânea, não sendo

imprescindível à estimulação física da mama. Por vezes, um estímulo condicionado como

ouvir o bebê chorar, olhar para o bebê ou pensar em dar de mamar é suficiente. Muitas

mulheres referem este reflexo como “uma sensação de formigueiro” ou “pressão” na mama

enquanto é visível o gotejar do leite. Algumas não conhecem esta sensação, ainda que

amamentem sem dificuldades23

.

A insegurança ou o medo pode inibir temporariamente o reflexo de ejeção do leite

e dificultar a amamentação, através de dois mecanismos: com a inibição direta do reflexo de

oxitocina e a libertação de um antagonista, a adrenalina. Parece tratar-se de um mecanismo de

cariz adaptativo típico dos mamíferos: com a adrenalina da fêmea em fuga, a inibir o reflexo

de ejeção do leite protegendo, instintivamente, a cria. No entanto, a secreção de prolactina e a

consequente produção de leite não é influenciada pelo efeito temporário da adrenalina; logo

que volte a estar tranquila, o leite voltará a fluir. Também para as mulheres, preocupações,

como o medo de não ter leite suficiente, podem inibir a oxitocina e dificultar a lactação23

.

2.3.1.3 Fator Inibidor da Lactação (FIL)

Tanto a oxitocina como a prolactina são transportadas no sangue e afluem

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simultaneamente a ambas as mamas. No entanto, ocasionalmente observa-se que as mães que

amamentam os seus filhos de uma única mama enquanto a outra permanece inativa. Fato que

fica a dever-se a um eficiente mecanismo de retro-controlo, de ação local e independente em

cada uma das mamas23

.

Durante muito tempo acreditou-se que este controle local estava relacionado com

a pressão do leite não extraído que comprimia os vasos sanguíneos, dificultando a passagem

das hormonais e dos nutrientes necessários para a produção de leite. Hoje, o FIL é conhecido

como o fator local responsável pelo controlo autócrino da glândula mamária. O FIL é um

peptídeo identificado no leite humano e no de outros mamíferos. Quando o bebê mama extrai

o inibidor e desencadeia a produção de mais leite. Se, pelo contrário, não mamar ou mamar

pouco, o inibidor permanece na mama e frena a produção23

.

2.4 AMAMENTAÇÃO

A amamentação é o momento de contato afetivo mais íntimo na relação mãe-

filho8. Considera-se como a segunda etapa da gestação, e só então, o bebê começará a

evidenciar alguns sinais de independência do organismo materno. Somente dessa forma o

desenvolvimento físico e afetivo do bebê terá uma sequência natural4.

Na década de 80, os profissionais da área da saúde aprenderam sobre a

amamentação. Alguns pontos são importantes para que o aleitamento seje bem-sucedido:

posição da mãe, do bebê, das mãos e a pega adequada8.

2.4.1 Posição da mãe e do bebê

A postura da mãe proporciona ou não o conforto do bebê durante a mamada.

Numa postura adequada, na posição sentada, a mãe deve estar com as costas apoiadas e os

ombros e pés relaxados. A tensão nessas partes do corpo acarreta cansaço e desconforto para

mãe, prejudicando o ato de amamentar4.

Na posição deitada é importante para a mãe descansar enquanto está

amamentando. Em alguns casos, serve para manter a boa pega. Deve-se então elevar a cabeça

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do bebê a fim de evitar que o leite escorra para o ouvido quando ele engole, provocando uma

infecção., As mães podem utilizar travesseiros e almofadas para garantir um melhor conforto

na posição que ela achar melhor4

.

Ao posicionar o bebê deve-se observar:

a) O rosto do bebê deve estar de frente para o peito.

b) O bebê é que vai até o peito e não ao contrário.

c) O corpo do bebê deve-se se encostar ao abdome da mãe.

d) A cabeça, ombro e o bumbum devem estar na mesma direção.

e) Apoiar o bumbum é fundamental para manter a pega adequada. Podendo ser

realizado, com a mão da mãe, do pai, com travesseiro ou almofada.

f) Quando o bebê cresce a amamentação já estará estabelecida, então ele poderá mamar

numa posição mais relaxada8

.

2.4.2 Posição das mãos

Poucas mamas necessitam de apoio para amamentar se mãe e bebês estiverem

bem posicionados. Culturalmente, colocar os dedos em forma de “tesoura” é um

procedimento bastante comum, pois as mães ficam preocupadas achando que o peito vai

sufocar o bebê8

.

Quando a mama é hipertrófica ou muito flácida, utilizam-se os dedos em forma de

“C”, onde estes são colocados na parede do tórax, embaixo da mama. O dedo indicador

formará um suporte na base do peito e o polegar poderá ser usado como suave suporte acima,

sem pressionar4

.

Outra posição que ajuda a manter a pega adequada é a “posição da mão de

bailarina”, que consiste em apoiar o maxilar do bebê com os dedos indicador e polegar da

mãe, enquanto os outros três apóiam a mama, ajudando a manter a pega da aréola durante

toda a mamada, principalmente, em situações especiais (bebê com síndrome de Down,

laringotraqueomalácia, fendas labiopalatais e outros)4

.

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25

2.4.3 A pega adequada

A pega adequada é um passo importante para o início da amamentação e deve ser

observada desde o nascimento4.

Para que a sucção eficiente aconteça, o recém-nascido deve apresentar reflexo de

busca, quando a língua assume uma posição mais anteriorizada entre os rodetes gengivais e

envolve a região mamilo-areolar em forma de concha; o selamento labial ocorre e, com

rápidos movimentos ondulatórios proporcionados pela língua, se estabelece uma pressão

negativa intra-oral, através da oclusão língua/palato junto com os movimentos da mandíbula,

extraindo o leite da mama. Ao atingir o palato mole, o leite deflagra o reflexo de deglutição4

.

O bebê suga, deglute e respira no tempo de uma sucção por segundo num padrão

coordenado na sequência de 1:1:1 no início da mamada, alterando este padrão ao final desta

para duas sucções por segundo4.

Quando o bebê abre pouco a boca, mantendo as bochechas tensas, a aréola não

penetra o suficiente para que seja sugada, permanecendo abaixo da boca do bebê, o mamilo

fica achatado. Logo, quando o bebê retira sua boca são sinais de que a pega não está

adequada, podendo trazer consequências como: dor e fissura nos mamilos, baixa extração de

leite (Figura 4)4

.

Figura 4 – Ato de sucção (pega correta)

Fonte: Vinha8.

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2.4.4 Vantagens do leite materno para o bebê e para a mãe

O leite materno contém todos os nutrientes que seu bebê necessita, nas

quantidades certas. Contém inúmeros anticorpos e outros fatores de proteção que ajudam a

combater infecções. Sabe-se que os bebês amamentados ao seio têm menos chance de contrair

infecções respiratórias e de ouvido, gastrenterite, diabetes, doença de Crohn, doenças auto-

imunes, obesidade, entre outros problemas, sendo de fácil digestão e provoca menos

problemas digestivos, diarréia e constipação. Toda criança nasce com o sistema imune

imaturo, o intestino desprovido de bífidobactérias, o estômago com a função de excluir os

agentes infecciosos ainda insuficientes e suscetíveis às infecções. A natureza desenvolveu

mecanismos de proteção adaptativa, e dentre eles estão o colostro e o leite humano, que

possuem vários agentes protetores15

.

O colostro humano também possui glóbulos brancos derivados do sangue materno

e que têm capacidade de proteger a criança contra a ação de bactérias. Além disso, o leite

humano está relacionado a uma menor incidência de processos alérgicos, como eczema

atópico, alergia alimentar e respiratória15

.

O leite humano representa, portanto, um verdadeiro “suplemento” imunológico

durante o período de imaturidade do recém-nascido e da criança nos primeiros meses de

vida15

.

A amamentação para a mãe acelera o processo do retorno do útero ao tamanho

normal (involução uterina) e pode ajudá-la a perder o peso que você adquiriu na gravidez. A

amamentação corrobora para reduzir o risco de câncer de mama para a mulher15

.

2.4.5 Contra-indicações e restrições à amamentação

Em algumas situações, recomenda-se a interrupção temporária da amamentação

como em mães com tuberculose ativa em tratamento há menos de 15 dias, hanseníase

virchowiana não-tratada ou com tratamento inferior a três meses com sulfona ou três semanas

com rifampicina, lesão de pele na mama causada por herpes simples, herpes zoster ou bacilo

de Hansen, doença de Chagas e varicela. Nesses casos, deve-se estimular a produção de leite

com ordenhas regulares e frequentes, até que a mãe possa amamentar o filho8

.

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27

São poucas as contra-indicações formais à amamentação: mães soropositivas para

HIV e HTLV1 e em uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação

(antineoplásicos, radiofármacos e drogas de abuso)8

.

2.5 FISSURAS MAMÁRIAS

A amamentação é um processo comportamental aprendido com as gestações

anteriores, que requer orientações e estímulos às gestantes, puérperas, lactantes e familiares de

seu convívio. As razões alegadas pelas mães para o desmame ou a introdução de outros

alimentos podem ser agrupados por área de responsabilidade, destacando-se: deficiências

orgânicas (“ingurgitamento, mamilos doloridos”); responsabilidade do bebê (“chora muito,

não aceita, não dorme”); responsabilidade materna (“anticoncepção, trabalho, nervosismo”) e

influência de terceiros (“familiares, profissionais”)26

.

Dentre essa gama de fatores, destaca-se as deficiências orgânicas citadas como

uma das principais dificuldades enfrentadas pela genitora e determinante na decisão de se

continuar, ou não, com a amamentação. Tais intercorrências têm início especialmente nos

primeiros dias, aproximadamente entre o primeiro e o décimo quinto dia após o parto, quando

o processo de amamentação e o ritmo das mamadas se apresentam ainda instáveis26

.

As fissuras mamárias, dentre todas as intercorrências mamárias, constituem a de

maior incidência e caracteriza-se por lesões tipo fendas nos mamilos, no período da lactação

puerperal, ultrapassando as dimensões do físico e interferindo nos significados atribuídos à

amamentação pelas mulheres que o vivenciam. A principal causa deste problema é a pega

incorreta, ou seja, o modo errado do bebê pegar o bico do peito e o mau posicionamento da

criança durante a mamada. É importante salientar que a amamentação não deve provocar dor

nem lesar os mamilos15

.

Acontece quando o mamilo apresenta, na sua estrutura anatômica, uma solução de

continuidade, tipo fenda, com comprometimento da epiderme ou da derme, localizando-se na

junção mamilo-areolar e/ou na superfície do mamilo; geralmente este tipo de lesão ocorre em

mamilo protuso. Outras causas incluem mamilos curtos/planos ou invertidos, disfunções orais

na criança, freio de língua excessivamente curto, sucção não-nutritiva prolongada, não-

interrupção da sucção da criança antes de retirá-la do peito, uso de cremes e óleos que causam

reações alérgicas nos mamilos, uso de protetores de mamilo (intermediários) e exposição

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28

prolongada a forros úmidos29

. O mito de que mulheres de pele clara são mais vulneráveis a

traumas mamilares do que mulheres com pele escura nunca se confirmou1.

Os traumas mamilares incluem eritema, edema, fissuras, bolhas, "marcas"

brancas, amarelas ou escuras e equimoses30

, causando muita dor quando o bebê abocanha o

peito para mamar, desconforto, frustração e pode levar ao desmame precoce4.

A dor mamilar é a segunda causa mais comum de desmame precoce nos Estados

Unidos da América do Norte, além dos fatores psicológicos, o medo de não conseguir

amamentar, as dores nas costas levando as mães à interrupção do aleitamento materno e

desencadeando a necessidade de oferecer leite artificial, afetando o estabelecimento do

vínculo afetivo entre mãe e filho29

.

Os mamilos dolorosos são muito comuns no período puerperal, iniciando nos

primeiros dias com um discreto desconforto e evoluindo para dor moderada a intensa no

quinto dia após o parto, sendo esta uma experiência vivida por 96% das mulheres que

amamentam no período pós-parto, porém, não se deve considerá-la um evento normal31

.

Quanto à fissura, podemos classificá-la em:

a) Fissura pequena: quando não excede três mm e provoca pouca dor no inicio da sucção,

sendo que, após as primeiras sugadas, a mãe refere desaparecimento da dor à sucção33

;

b) Fissura média: quando não excede seis mm e a mãe refere demora no alívio da dor33

;

c) Fissura grande: quando excede seis mm; geralmente com formato curvo; a mãe queixa

de dor intensa à sucção, a qual permanece durante toda mamada, podendo haver

sangramentos33

.

d) Mamilo com erosão: o mamilo apresenta desgastes do relevo, ou remoção de toda sua

epiderme e derme, ocasionando dor intensa durante o período de amamentação. Esta

lesão é própria de mamilo invertido e pseudo-invertido. Esse trauma ocorre devido à

sensibilidade da pele do mamilo, que se apresenta úmida com característica da mucosa.

Com a sucção ocorre a retração do mamilo. A movimentação do mamilo em atrito com

a gengiva do recém-nascido provoca este trauma33

.

e) Mamilo com dilaceração: o mamilo apresenta-se “rasgado” na região areolar, este

trauma pode ocorrer em qualquer tipo de mamilo e é causado pro grande pressão

negativa exercida pela “bomba de leite”33

.

f) Mamilo com vesículas: nesse tipo de trauma o recém-nascido desenvolve, durante a

mamada, a sucção não suficiente, provocada por uma zona de pressão negativa

intrabucal, sem que haja reflexo de deglutição. Esta lesão é caracterizada pela presença

de vesículas inteiras ou rompida, devido à diminuição da circulação local, com

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consequente fragilidade capilar, com presença de exsudato. Tem como sintoma, ardor

durante toda a mamada, piorando no final e logo após a amamentação33

.

O uso de bombas para a retirada de leite pode ser um fator de risco para o

aparecimento de fissuras e levar, ainda, à obtenção de pequena quantidade de leite materno e

retardo no reflexo de ejeção quando uso prolongado. Outro fator de risco é a introdução de

complementos em chucas e mamadeiras, o que pode ser prejudicial, levar a infecções, reduzir

o tempo de sucção da mama, interferir na amamentação sobre livre demanda e alterar a

dinâmica oral. A melhor maneira para suplementação do leite da própria mãe (retirado por

ordenha) ou de substitutos do leite materno é a técnica do copinho11

.

Devemos evitar esta situação fazendo com que o bebê abra bem a boca e

abocanhe boa parte da aréola. O lábio do bebê deve estar virado para fora. Se o peito estiver

muito cheio, deve-se fazer o esvaziamento do leite em excesso até que a aréola fique bem

macia. Na hora de interromper a mamada, a mãe deve primeiro colocar o seu dedo mínimo no

canto da boca do bebê, a fim de que ele passe a sugar o dedo e não o mamilo, e só então

retirar o bebê do peito. Assim não machucará o mamilo15

.

Se surgirem fissuras, devemos inicialmente fazer com que o bebê faça uma boa

pega. Após a mamada, aplicar o leite de peito sobre os mamilos, deixando-os secar ao ar livre.

Se possível colocar, por baixo do sutiã, uma concha mamária ou um coador de chá sem o cabo

para proteger os mamilos nos intervalos das mamadas; isto ajuda a cicatrização15

.

2.5.1 Prevenção

Dor para amamentar é uma importante causa de desmame e, por isso, sua

prevenção é primordial, o que pode ser conseguido com as seguintes medidas23

:

a) amamentar com técnica correta;

b) manter os mamilos secos, expondo-os ao ar livre ou à luz solar e trocar com

frequência os forros utilizados quando há vazamento de leite;

c) não usar produtos que retiram a proteção natural do mamilo, como sabões,

álcool ou qualquer produto secante;

d) amamentar em livre demanda – a criança que é colocada no peito assim que

dá sinais de que quer mamar vai ao peito com menos fome, com menos

chance de sugar com força excessiva;

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e) ordenhar manualmente a aréola antes da mamada se ela estiver ingurgitada, o

que aumenta sua flexibilidade, permitindo uma pega adequada;

f) se for preciso interromper a mamada, introduzir o dedo indicador ou mínimo

pela comissura labial da boca do bebê, de maneira que a sucção seja

interrompida antes de a criança ser retirada do seio;

g) evitar o uso de protetores (intermediários) de mamilo.

2.5.2 Tratamento

Uma vez instalados, os traumas mamilares são extremamente dolorosos e com

frequência são a porta de entrada para bactérias. Por isso, além de corrigir o problema que

está causando a dor mamilar (na maioria das vezes, má pega), faz-se necessário intervir para

aliviar a dor e promover a cicatrização das lesões o mais rápido possível23

.

Em primeiro lugar, deve-se orientar as seguintes medidas de conforto, que visam

minimizar o estímulo aos receptores da dor localizados na derme do mamilo e da aréola23

:

a) iniciar a mamada pela mama menos afetada;

b) ordenhar um pouco de leite antes da mamada, o suficiente para desencadear o reflexo

de ejeção de leite, evitando, dessa maneira, que a criança tenha que sugar muito forte

no ínicio da mamada para desencadear o reflexo;

c) alternar diferentes posições de mamadas, reduzindo a pressão nos pontos dolorosos

ou tecidos danificados;

d) usar "protetores de seios" (alternativamente, pode-se utilizar um coador de plástico

pequeno, sem o cabo) entre as mamadas, eliminando a fricção da área traumatizada

com a roupa (esse dispositivo, no entanto, favorece a drenagem espontânea de leite, o

que torna o tecido mais vulnerável a macerações; por isso, essa recomendação deve

ser avaliada em cada caso, pesando-se os riscos e os benefícios);

e) analgésicos sistêmicos via oral, se necessário.

É importante ressaltar que limitar a duração das mamadas não tem efeito na

prevenção ou no tratamento do trauma mamilar4. Existem duas categorias de tratamento para

acelerar a cicatrização dos traumas mamilares: tratamento seco e tratamento úmido8. O

tratamento seco de fissuras mamilares (banho de luz, banho de sol, secador de cabelo),

bastante popular nas últimas décadas, não tem sido mais recomendado porque se acredita que

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a cicatrização de feridas é mais eficiente se as camadas internas da epiderme (expostas pela

lesão) se mantiverem úmidas. Por isso, atualmente tem-se recomendado o tratamento úmido

das fissuras (uso do próprio leite materno, cremes e óleos apropriados), com o objetivo de

formar uma camada protetora que evite a desidratação das camadas mais profundas da

epiderme23

.

2.6 LASERTERAPIA

O termo Laser constitui-se de uma sigla (Light Amplification by Stimulated

Emission of Radiation), ou seja, Amplificação de Luz por Emissão Estimulada de Radiação.

Sendo assim, a radiação laser é constituída por ondas eletromagnéticas, visíveis

ou não de acordo com o comprimento de onda das mesmas. A amplificação é a alta

concentração de energia que aporta ,consequentemente, do grande número de fótons dos quais

é constituída. A emissão estimulada constitui-se na emissão de luz a partir da estimulação da

matéria através do fornecimento de energia aos átomos10

.

O laser passou a ser utilizado no Brasil a partir da segunda metade da década de

1980, o que foi bastante tardio em comparação a outros países, principalmente, a Europa e

Estados Unidos. Este pode ser classificado em dois grupos: o laser cirúrgico de alta potência

(HILT – Higth-Intensity-Laser Treatment) e laser não cirúrgico de baixa potência (LILT -

Low-Intensity-Laser Treatment)20

.

.A laserterapia de baixa intensidade é uma denominação genérica que define a

aplicação terapêutica de lasers e diodos superluminosos monocromáticos, de intensidade

relativamente baixa, no tratamento de afecções e lesões, constituindo uma modalidade

atérmica21

. E esta é frequentemente denominada bioestimulação por laser, particularmente nos

Estados Unidos14

.

A terapia com laser de baixa intensidade provoca mudanças de caráter

metabólico, energético e funcional porque favorece o aumento da resistência e vitalidade

celular, levando-as a sua normalidade funcional com rapidez16

.

A aplicação da laserterapia de baixa potência como tecnologia terapêutica na área

de fisioterapia tem apresentado um crescimento significativo. As propriedades curativas da

radiação a laser, aliadas à segurança do tratamento, parecem ser os principais responsáveis por

esse crescimento, o que justifica o aumento do interesse dos pesquisadores da área biomédica

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32

para investigar os mecanismos de ação e os efeitos terapêuticos dos lasers de baixa potência14

.

2.6.1 Bases físicas da radiação laser

Para que se possa ter a compreensão sobre como utilizar o laser na clínica de

fisioterapia, cabe destacar alguns aspectos teóricos que possibilitam um melhor emprego deste

recurso.

A Onda é uma perturbação, transmitido através do vácuo ou de um meio gasoso,

líquido ou sólido. Estas são representadas por16

:

a) Ciclo: é a menor porção não repetitiva da onda.

b) Período: tempo gasto para efetuar um ciclo. É representado pela letra “T” e medido

em segundos (s).

c) Comprimento da onda: é a distância percorrida pela onda em um período. É

representado pela letra “” (lambda) e medido em metros (m).

d) Frequência: é o numero de ciclos realizados em um segundo. É representada pela

letra “f” e sua unidade é o Hertz (Hz), onde: 1Hz = 1 ciclo/segundo.

De acordo com o meio de propagação, as ondas podem ser classificadas como:

a) Ondas mecânicas: necessitam de matéria para se propagar.

b) Ondas não-mecânicas: não necessitam de matéria para se propagar16

.

As ondas ainda podem ser classificadas de acordo com a direção da perturbação e

propagação em: ondas transversais e longitudinais16

.

Nas transversais, a perturbação é perpendicular à direção da propagação. E nas

longitudinais, a perturbação é paralela à direção de propagação9

.

Dependendo da duração, as ondas podem ser classificadas em:

a) Pulso;

b) Trem de ondas;

c) Sucessão contínua de ondas.

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33

2.6.2 Tipos de laser

São dois tipos de laser utilizados basicamente na fisioterapia:

a) Laser de Hélio-Neônio (He-Ne);

b) Laser Arsenieto de Gálio (AsGa).

2.6.2.1 Laser de Hélio-Neônio (He-Ne)

É obtido a partir da estimulação de uma variedade de gases (hélio e neônio na

proporção de 9:1) e possibilita uma radiação visível, com comprimento de onda de 632, 8 nm,

o que confere ao mesmo a cor vermelha9

.

A obtenção deste laser se dá a partir da variedade de gases. A aplicação de uma

corrente elétrica contínua nos gases faz com que elétrons das moléculas de hélio saltem para

órbita mais distante de seu núcleo, fazendo com que ocorra choques ente átomos de hélio e

neônio, o que transfere energia para os átomos de neônio, a partir desta energia, os elétrons do

átomo de neônio saltam para órbitas mais distantes de seu núcleo. Para retornarem às suas

órbitas, precisam perder a energia recebida, através da emissão de fótons9

.

A emissão deste laser é contínua.

Suas características básicas são:

a) Regime de emissão: contínuo.

b) Comprimento de onda: 632, 8 nm.

c) Cor: vermelha.

Pode ser utilizado tanto em lesões superficiais como em lesões profundas e,

apresenta potencial terapêutico mais destacado em lesões superficiais, como por exemplo:

lesões dermatologicas, estéticas ou em processo de cicatrização9

.

Podendo ser de três tipos:

a) Aplicação por pontos: consiste na irradiação de um determinado ponto sobre o

corpo do paciente, que se distancia um centímetro do outro9

.

b) Aplicação por zona: consiste na aplicação, de uma só vez, de uma área maior que

um ponto9

.

c) Aplicação por varredura: consiste na aplicação onde se movimenta a caneta

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34

aplicadora, fazendo com que o ponto iluminado “varra” toda uma região9

.

Estudos relatam que o laser HeNe de baixa intensidade poderia ajudar na

cicatrização de lesões causadas mecanicamente. Desde então, foi mostrado que este laser

possui diversos efeitos em tecidos vivos, conhecidos como bioestimulação por laser3.

A irradiação com laser HeNe aceleraria o processo cicatricial, com rede de fibras

colágenas melhor elaborada e maior deposição de colágeno, acompanhada de reepitelização e

neovascularização mais precoces3.

Em situações de deficiência cicatricial, como acontece quando existe isquemia,

diabetes e mesmo úlceras de pressão, a irradiação com laser de baixa intensidade poderia ser

uma alternativa de recuperação3.

2.6.2.2 Laser Arsenieto de Gálio (AsGa)

É uma radiação obtida a partir da estimulação de um diodo semi-condutor,

formado por cristais de arsenieto de gálio, e por isso também é chamado de laser semi-

condutor ou laser diódico9

.

Suas características básicas são: pulsado, caneta 904 nm, cor infravermelha

(invisível).

Apresenta potencial terapêutico destacando em lesões profundas, do tipo articular,

muscular, mas apresenta potencial para atuar em lesões superficiais. Sua forma de aplicação

deve ser em pontos9

.

O laser composto por Arsenieto de Gálio e Alumínio (AsGaAl) tem demonstrado

intensos efeitos sobre tecidos biológicos. No processo de cicatrização, acelera a reparação

tecidual pela diminuição do edema, melhoria no tecido de granulação e estimulação da

proliferação de fibroblastos com deposição organizada de colágeno19

, possui esta

característica graças à sua baixa potência, a carga fotônica é insuficiente para produzir efeito

térmico21

.

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35

2.6.3 Mecanismos de ação e efeitos da radiação laser

Para que a radiação laser produza algum efeito sobre o corpo humano é necessário

que ela seja absorvida pelo mesmo, ou seja, é necessário que ocorra uma interação dessa

radiação com as estruturas moleculares e celulares do corpo humano9

.

A região a ser aplicada, a forma de aplicação e até mesmo as diferenças

individuais interferem, significativamente, no aproveitamento da radiação laser3.

A absorção da radiação pelos diferentes tecidos dependerá do laser utilizado, uma

vez que cada tecido absorve diferentes comprimentos de onda3

.

A radiação laser de baixa potência proporciona os seguintes efeitos terapêuticos:

a) Efeito analgésico: o caráter antiinflamatório da radiação laser por si só proporciona

43 redução da dor9

.

b) Efeito antiinflamatório: A radiação laser de baixa potência justifica-se por

interferência na síntese de prostaglandina. Como elas desempenham um importante

papel em toda instalação do processo inflamatório, a sua inibição determina uma

sensível redução nas alterações proporcionadas pela inflamação; estimulação da

microcirculação, garantindo um eficiente aporte de elementos nutricionais e

defensivos para a região lesada, favorecendo a sua resolução9

.

c) Efeito antiedematoso: Estímulo à microcirculação, proporciona melhores condições

para a resolução da congestão causada pelo extravasamento de plasma que forma o

edema, ação fibrinolítica proporciona resolução efetiva do isolamento causado pela

coagulação do plasma, que determina o edema duro9

.

d) Efeito cicatrizante: como a radiação laser eleva os níveis de produção de ATP, ela

contribui para o aumento na velocidade de divisão celular. Com o estímulo à

microcirculação ocorre aumento do aporte de elementos nutricionais e pela formação

de novos vasos a partir dos já existentes torna- se acelerada, gerando como

consequências melhores condições para uma cicatrização rápida e esteticamente

superior9

.

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36

2.6.4 Dosimetria

Há ainda muitas dúvidas em relação à dosimetria dos lasers utilizados em

fisioterapia, mas devem ser levados em consideração os itens que seguem10

.

O comprimento de onda: (o laser infravermelho é recomendado para estruturas

músculo-esqueléticas mais profundas e o laser vermelho visível para superficiais, como

feridas, úlceras e condições de pele) e área de aplicação (lesões pequenas devem ser tratadas

diretamente sobre a parte afetada para feridas e áreas largas, a parte é dividida em quadrados

de centímetros e cada área é estimulada separadamente ou pode ser usada uma técnica de

varredura, na qual o laser é movido continuamente sobre a superfície da ferida)10

.

Na laserterapia a densidade energética é utilizada como forma de dosar a

quantidade de radiação que se administrará a um paciente. Assim, temos que nos preocupar

em saber qual é a quantidade de energia que será aplicada em certa área, isto é, a densidade

energética medida em joules/cm3

.

Quanto maior a potência, menor é o tempo necessário para aplicar certa

quantidade de energia numa certa área. Quando houver variação na área a ser aplicada: quanto

maior a área a ser irradiada, maior será o tempo necessário para aplicar certa densidade

energética10

.

Esquema orientativo para critérios de doses8:

a) Efeito analgésico: 2 a 4 J/ cm².

b) Efeito antiinflamatório: 1 a 3 J/ cm².

c) Efeito cicatrizante: 3 a 6 J/ cm².

d) Efeito circulatório: 1 a 3 J/cm².

Deve-se evitar terapias de tempo total superior a 40 ou 45 minutos, porque há

provável decréscimo da efetividade da radiação em virtude da diminuição do contraste

luminoso10

.

Para evitar a somação de estímulos e a redução da efetividade, devem-se intercalar

as aplicações do laser em pelo menos 24 horas. É provável que até a quinta ou sexta aplicação

os resultados sejam percebidos. O número máximo de sessões terapêuticas com laser de baixa

potência pode chegar a 15, 20 ou mais10

.

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37

2.6.5 Contra-indicações

A radiação laser de baixa potência não pode ser considerada um recurso

inofensivo. Entre as contra-indicações da radiação laser estão:

a) Irradiação sobre massas neoplásicas ou pacientes portadores de neoplasias16

.

b) Irradiação direta sobre a retina16

.

c) Irradiação sobre focos de infecção bacteriana, principalmente aguda, sem devido

tratamento, isto é, acompanhamento de antibioticoterápico16

.

d) Irradiação em gestantes16

.

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38

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O seguinte capítulo apresenta os aspectos metodológicos do estudo, os quais se

referem respectivamente ao tipo de pesquisa, caracterização do sujeito da pesquisa,

instrumentos e procedimentos que serão utilizados na coleta de dados e procedimento para sua

análise e interpretação.

Para a definição do tipo de pesquisa, leva-se em critério três características de

classificação: à abordagem, nível e procedimento.

Quanto à abordagem, a pesquisa é classificada como quantitativa, devido ao fato

de que foram mensurados os valores de dor e tamanho das fissuras mamárias antes e após as

aplicações do laser e também a satisfação das pacientes em relação ao tratamento, na

reavaliação utilizando-se instrumentos de medidas12

.

Quanto ao nível, a pesquisa é classificada como exploratória, pois a mesma tem

como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais

explícito ou a constituir hipóteses. Seu planejamento é bastante flexível, de modo que

possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado13

.

Quanto ao procedimento, a pesquisa é classificada como quase-experimental, pois

não apresenta grupo controle, não havendo assim comparação com as respostas obtidas12

.

3.1 POPULAÇÃO/AMOSTRA

A pesquisa foi realizada com uma população de todas as mulheres que estavam

internadas no setor de alojamento conjunto do Hospital Nossa Senhora da Conceição –

HNSC, nos meses de setembro a outubro de 2010

A amostra foi composta pelas mulheres que obedeceram aos seguintes critérios

abaixo descritos.

Como critérios de inclusão: foram permitidos somente mulheres caucasianas;

primíparas (1º parto); de 20 a 30 anos de idade; que apresentam as duas mamas com fissuras

mamárias, no período pós-parto imediato (1° ao 10° dia).

Como critérios de exclusão: não foram permitidos partos prematuros; mulheres

com câncer em qualquer localização; marcapasso; tratamento com esteróides e fármacos

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fotossensibilizantes; mulheres que fazem uso de hidratantes ou cremes nas mamas e que

estavam realizando outros tipos de tratamentos terapêuticos no pós-parto; mulheres fumantes;

diabéticas; com IMC=3, processo infeccioso; gestação gemelar. As mulheres que não

realizaram a reavaliação foram cortadas.

Atendidos os critérios descritos participaram da amostra 10 pacientes, sendo que o

presente estudo obteve uma perda de amostragem de 7 pacientes, devido à desistência de

algumas participantes e a falta de colaboração da equipe do setor, totalizando então uma

amostra de 3 pacientes

3.2 INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA COLETAS DE DADOS

Questionário: é um instrumento para recolher informações referentes ás pacientes,

servindo como uma triagem para verificar se as mesmas se encaixavam nos critérios de

inclusão e exclusão da pesquisa (APÊNDICE B).

Fita métrica: é um instrumento utilizado para medir distância, a mesma foi

utilizada para medir o comprimento da fissura antes e após as três aplicações do laser a fim de

verificar se houve ou não diminuição do comprimento da fissura.

Escala Visual Analógica (EVA): consiste numa linha reta de 10cm, que auxilia na

aferição da intensidade da dor das pacientes, seu começo representa dor suportável e seu final

dor insuportável e foi aplicada antes e após cada aplicação do laser (ANEXO A).

Laser AsGaAl: é um dispositivo que produz radiação eletromagnética com

características muito especiais. Nesta pesquisa utilizou-se o laser AsGaAl, caneta 670nm.

Equipamentos de proteção: foram utilizados óculos, luvas, tocas e máscaras

descartáveis a fim de proteger o seu utilizador contra um ou vários riscos simultâneos.

Termo de consentimento: consta que as pacientes aceitaram a realização do

tratamento fisioterapêutico, estando cientes dos procedimentos, benefícios decorrentes do

tratamento (APÊNDICE A).

Escala de satisfação: foi aplicada para averiguar a satisfação das pacientes em

relação ao tratamento. É uma escala Likert e apresenta as possibilidades de resposta: muito

satisfatório, satisfatório, sem opinião, insatisfatório, muito insatisfatório. (APÊNDICE C).

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3.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Primeiramente, foi realizado o contato com o Hospital, explicando os objetivos

pelo qual o trabalho estava sendo realizado. Após isso, as participantes foram selecionadas de

acordo com a internação no setor alojamento conjunto do Hospital Nossa Senhora da

Conceição.

Em seguida realizou-se uma reunião com as participantes, explicando e orientando

sobre o atendimento, o que seria feito e utilizado, quais os benefícios do tratamento. Na

sequência, as puérperas conscientemente assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido, iniciando assim o tratamento fisioterapêutico.

Foi realizado um questionário, contendo os dados pessoais: história da doença

atual, relatando se o parto foi cesáreo ou normal; a gestação a termo, termo, pós-termo; as

doenças associadas; história da doença pregressa (nº de gestações, nº de cesáreas, nº parto

normal, nº abortos) e medicamentos. Este questionário foi utilizado para realizar a triagem das

participantes.

Os atendimentos foram realizados no período de setembro e outubro de 2010,

sendo que cada paciente teve um atendimento de 25 minutos em média. O atendimento foi

dividido em avaliação, aplicação do laser e reavaliação.

Foi realizado a medição do tamanho das fissuras com a fita métrica. A postura da

paciente adotada para realizar a medição foi deitada, maca paralela ao chão (sem nenhuma

inclinação).

A dor foi mensurada antes e após o tratamento através da EVA, que consiste em

uma escala que gradua a dor de 0cm a 10cm, sendo 0 dor suportável e 10 dor insuportável.

O aparelho de laser utilizado foi o Laserpulse AsGaAl o qual emite uma radiação

com comprimento de onda de 670 nm, com densidade de energia de 6J/cm2.

O método utilizado para a aplicação do laser foi de forma pontual no modo de

contato com a pele, aplicado em toda extensão das fissuras mámarias. A densidade de energia

foi de 6J/cm2 em cada ponto, com tempo de aplicação de dois minutos. A primeira aplicação

iniciou-se logo após o pós-parto imediato, a segunda pós seis horas e a terceira após doze

horas do pós-parto imediato. As pacientes e pesquisadoras utilizaram óculos de proteção e

luvas descartáveis durante a aplicação do laser.

A reavaliação foi feita depois de doze horas da última aplicação, sendo esta

realizada nos mesmos parâmetros da avaliação. Em seguida foi aplicado o questionário de

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41

satisfação das pacientes.

3.4 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE DADOS

Foi utilizado o teste de Wilcoxon com significância de 5% (α=0,05) para verificar

se houve diferença entre as médias de dor na avaliação e reavaliação. Foi utilizado o software

PAST®

Os dados de medição do tamanho da fissura foram analisados conforme seus

valores iniciais e finais, em centímetros. Foi utilizado o software PAST®

As escalas de satisfação foram analisadas através de estatística descritiva, as

mesmas anexadas em uma planilha do Microsoft Excel e em documentos do Microsoft Word,

com o uso de gráficos e planilhas.

3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

A pesquisa teve início logo após a aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê

de Ética em pesquisa (CEP), com o código 10.011.4.08.III.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Os dados que serão analisados neste capítulo foram colhidos pelas pesquisadoras

de uma amostra composta por três pacientes puérperas com fissuras mamárias, com idade

média de 25 anos, sendo a mínima 20 anos e a máxima 30 anos, com desvio padrão de 3 anos.

Caso 1

Paciente T.S., solteira, 22 anos, causasiana, primípera, residente do município de

Tubarão, parturiente a termo, sendo internada no HNSC/Tubarão-SC no dia 23 de setembro

de 2010, admitida no setor alojamento conjunto. Relatou como queixa principal muita dor nos

mamilos, classificando-a na escala visual analógica como 10. Paciente não teve complicações

durante o parto, e não fez uso de hidratante no local, deixa a região úmida com o próprio leite.

Relatou ainda que deixou de amamentar por causa das dores na região. No exame físico,

paciente apresentava-se calma, corada, colaborativa com o tratamento proposto, apresentou

fissura no mamilo de 2 cm. Após isto, iniciaram-se as aplicações do lasser.

Caso 2

Paciente V.S.J., casada, 25 anos, causasiana, primípera, residente do município de

Jaguaruna, parturiente a termo, sendo internada no HNSC/Tubarão-SC no dia 23 de setembro

de 2010, admitida no setor alojamento conjunto. Relatou como queixa principal dor quando

amamentava, classificando-a na escala visual analógica como 08. Paciente teve complicações

durante a gestação, e diz não fazer uso de hidratante e nem pomada no local, e que amamenta

chorando, no entanto não deixou de amamentar por ter pena do bebê. No exame físico,

paciente apresentava-se calma, corada, colaborativa, apresentou fissuras no mamilo de 2 cm.

Após isto, iniciaram-se as aplicações do laser.

Caso 3

Paciente M.O.J., casada, 28 anos, caucasiana, primípera, residente do município

de Tubarão, parturiente a termo, internada no dia 25 de setembro de 2010 no HNSC em

Tubarão, admitida no alojamento conjunto. Relatou como queixa principal dor na

amamentação e por isso não estava amamentando, classificando-a na escala visual analógica

como 7. Relata que não teve complicações durante a gestação e nem durante o parto. No

exame físico, apresentou-se calma, corada, disposta a realizar o tratamento, apresentou fissura

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43

no mamilo de 1,5 cm. Após isto, iniciaram-se as aplicações do laser.

4.1 DOR

O gráfico 1 mostra os valores referentes à dor na avaliação e reavaliação,

mensurada através da EVA. A paciente 1 quantificou sua dor como 10 cm na avaliação e na

reavaliação como 5 cm; a paciente 2 quantificou como sendo 8 cm na avaliação e 4 cm na

reavaliação e; a paciente 3 quantificou como 7 cm na avaliação e 3 cm na reavaliação.

Percebe-se uma diminuição da dor comparada na avaliação e reavaliação. Porém, o teste de

Wilcoxon mostrou que não houve diferença estatística em relação à dor (p=0,1).

Caracterização da amostra quanto à EVA

108 7

5 4 3

0

5

10

15

1 2 3

Pacientes

EV

A

(cen

tím

etro

s)

Avaliação

Reavaliação

Gráfico 1 - Avaliação da dor na avaliação e reavaliação através da EVA

Fonte: Pesquisa realizada pelos autores, 2010.

Estudos relatam que a dor mamilar é a segunda causa mais comum de desmame

precoce nos Estados Unidos da América do Norte, além dos fatores psicológicos, o medo de

não conseguir amamentar, as dores nas costas levam às mães à interrupção do aleitamento

materno, desencadeando a necessidade de oferecer leite artificial, afetando o estabelecimento

do vínculo afetivo entre mãe e filho. Sendo muito comum no período puerperal, iniciando nos

primeiros dias com um discreto desconforto e evoluindo para dor moderada a intensa no

quinto dia após o parto. Embora seja experiência vivida por 96% das mulheres que

amamentam no período pós-parto, não deve ser considerada um evento normal29

.

Outros estudos relatam que a dor pode causar alterações fisiológicas, no entanto

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são inúmeros os fatores que desencadeiam este processo doloroso advindo das alterações

mamilares. Estas podem ocorrer devido ao erro de pega, ao ingurgitamento mamário, bem

como os tipos de mamilos29

.

Neste estudo, a dor foi avaliada de forma subjetiva através da EVA, sendo que as

pacientes quantificavam sua dor de 0 cm a 10 cm. Segundo a literatura, as EVAs são a

representação gráfica sobre uma linha contendo no início a pontuação “ausência de dor” e no

outro extremo a pontuação “dor insuportável ou maior dor imaginária”. Essas escalas foram

adaptadas em sintonia com os pacientes, visando à melhor compreensão e linguagem. Foram

acrescidas de números (escalas numéricas), faces de dor, sendo usadas na pediatria escalas de

copos e até relacionadas com escalas verbais, sempre objetivando melhor comunicação com o

paciente43

.

A percepção da dor não é meramente o resultado do tecido lesado, e sim, um

mecanismo complexo, dependente de vários fatores, pois a dor é um sintoma individual e

subjetivo que só pode ser compartilhado frente ao relato de quem a sente e salienta que a

redução dos níveis de dor obtido mediante a aplicação do laser de baixa potência é devida à

liberação de serotonina e opioides endógenos. Neste estudo, verificou-se que não houve

diferença significativa entre a diminuição da intensidade da dor após a aplicação do laser de

baixa potência29

.

Os resultados deste estudo divergem com estudos semelhantes em que se analisou

o efeito de laser de baixa potência no alívio da dor decorrente de alterações mamilares

ocorridas no período de amamentação, mostrando que o laser de baixa potência foi eficaz no

alívio da dor mamilar provocada por fissuras e escoriações levando até ao desmame precoce,

o que não é recomendável para a saúde do recém-nascido33

.

Estudos que mostram a redução da dor em pacientes com câncer portadores de

mucosite oral e outros com aftas também, verifica-se a capacidade do laser de baixa potência

acelerar o processo de cicatrização dessas lesões. A ação do laser de baixa potência para o

controle da dor, especificamente, no presente estudo se deu por meio da bioestimulação,

acelerando o processo metabólico celular e favorecendo o potencial regenerativo dos tecidos

biológicos, resultando no efeito analgésico42

.

Um estudo experimental, duplamente encoberto, realizado com indivíduos

portadores de dor lombar crônica, comparando a acupuntura tradicional realizada com agulhas

e a realizada com o laser de baixa potência, não obtiveram diferença estatisticamente

significativa na melhora da dor. No entanto, quando compararam às médias dos grupos laser

acupuntura e placebo, obtiveram, respectivamente, 9% e 6% de redução no nível de dor maior

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45

no grupo laser acupuntura29

.

Nos estudos com dor aguda, onde foram utilizados os lasers infravermelhos,

pode-se observar uma ação mais efetiva na redução da dor, principalmente, quando utilizado

no modo pulsado34

.

4.2 TAMANHO DAS FISSURAS

O gráfico 2 demonstra os valores referentes à diminuição do tamanho da fissura

na avaliação e reavaliação, mensurada através da fita métrica. A paciente 1 apresentou 2cm na

avaliação e 1,5 na reavaliação diminuindo portanto, 0,5cm (75%). A paciente 2 apresentou

2cm na avaliação e 1,3cm na reavaliação, sendo assim, diminuindo 0,7cm (85%). Já a

paciente 3 apresentou na avaliação 1,5cm e na reavaliação 1,0cm, diminuindo 0,5 (67%).

Porém, o teste de Wilcoxon mostrou que não houve diferença estatística em relação ao

tamanho da fissura (p=0,1).

Caracterização da amostra quanto ao tamanho das

fissuras mamárias

2 2

1,51,51,3

1

0

0,5

1

1,5

2

2,5

1 2 3

Pacientes

Cen

tím

etro

s

Avaliação

Reavaliação

Gráfico 2 – Avaliação do tamanho das fissuras mamárias na avaliação e reavaliação após

a aplicação do laser

Fonte: Pesquisa realizada pelos autores, 2010.

A aplicação do laser neste estudo iniciou-se no pós-parto imediato, pois estudos

de outros autores evidenciam melhores resultados do laser quando o mesmo se dá no início do

processo de prevenção. A aplicação do laser de baixa potência é indicada nas primeiras 24

horas pós-injúria, pois, é nessa fase que se observa maior influência de elementos defensivos

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e um elevado número de mitoses das células do estrato germinativo na área lesada. Tudo isso

provocará a retirada precoce de detritos tissulares da lesão, favorecendo a formação do tecido

de granulação nas sessões seguintes à irradiação e, em consequência, a aceleração do processo

de cicatrização, como se evidenciam nos resultados macroscópicos relatos por outros

autores33

.

Após a primeira aplicação, realizaram-se mais duas sessões, a segunda, 6 horas

pós-parto, a terceira, 12 horas pós-parto, sendo que a reavaliação foi feita 12 horas após a

última aplicação. A razão de o protocolo ter sido delineado dessa forma foi devido ao

tratamento se tornar factível, pois a aplicação foi realizada no período de internação das

pacientes. As pacientes sem nenhuma intercorrência clínica, pós-parto, tiveram alta após 24

horas.

A aplicação do laser na área médica teve um crescimento significativo nas últimas

décadas sendo utilizada para fins cirúrgicos e terapêuticos, dentre as inúmeras descobertas

notáveis em todas as áreas do conhecimento, o laser tem ocupado posição de destaque35

.

Vários autores relataram o uso do laser de baixa potência, a fim de comprovar sua

eficiência, em diferentes tipos de lesões, com diferentes comprimentos de ondas e diferentes

doses tanto em animais quanto em humanos34

.

No presente estudo, utilizou-se o laser de baixa potência, pois, pesquisas mostram

a utilização do laser de baixa frequência como recurso terapêutico pode acelerar a

cicatrização da ferida e minimizar os prejuízos secundários à sua presença42

.

Estudos relatam que a fisioterapia utiliza o laser como forma de tratamento, que

estimula a microcirculação, ocorrendo aumento do aporte de elementos nutricionais e pela

formação de novos vasos a partir dos já existentes, torna- se acelerada, gerando como

conseqüências melhores condições para uma cicatrização rápida40

.

O efeito do laser no processo cicatricial está relacionado positivamente com a

produção e orientação de colágeno, aumentando assim a resistência do tecido neoformado45

.

O tratamento laser é recomendado para feridas indolentes e úlceras tróficas para

promover uma cicatrização mais rápida. Considera-se que a radiação visível de baixa

intensidade tenha efeito na aceleração ou estimulação da proliferação celular16.

Um estudo relata que a primeira aplicação do laser de baixa intensidade

experimentada em humanos aconteceu durante o final da década de 60 e início dos anos 70 no

tratamento de vários tipos de úlceras crônica, quando foram utilizadas fontes He-Ne e doses

de até 6 J/cm², foi baseado na obtenção de êxito nestes primeiros estudos, em termos de

velocidades mais rápidas de cicatrização e de redução da dor. Assim, a modalidade tornou-se

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47

rapidamente popular nesta aplicação16

.

Outras pesquisas analisaram o efeito do laser de baixa potência na cicatrização de

úlceras venosas e de pressão e concluiu que os casos apresentassem melhora significativa dos

processos de reparo tecidual, tendo em um deles ocorrido total cicatrização da úlcera41

.

O laser AsGaAl com comprimento de onda de 670nm, foi escolhido devido a

vários estudos demonstrarem sua eficácia no processo de cicatrização de tecidos. O laser

AsGaAl também apresenta vantagens por ser portátil, seguro e de fácil manuseio33

.

Em um estudo, utilizou-se o laser de baixa potência As-Ga-Al na prevenção de

fissuras mamárias em parturientes, mostrou que o mesmo foi capaz de prevenir fissuras

mamárias em parturientes, submetidas ao parto cesáreo, sendo que tal fato apresentou

significância estatística. As pacientes submetidas ao parto normal e irradiadas com laser não

apresentaram fissuras mamárias, porém os resultados não apresentaram grau de significância

estatística, dado este que pode ser revertido, o que corrobora com este estudo33,

mostrando

que o laser reduziu o tamanho das fissuras mamárias, porém não mostrou significância

estatística.

Pesquisas mostram que o laser age de forma efetiva para o processo de

cicatrização das mamas fissuradas, assim como o infravermelho, quando não houver

processos inflamatórios, contribuindo na diminuição dos processos álgicos locais33

.

No presente estudo, as pacientes relataram que com o laser as fissuras mamárias

estavam respondendo bem ao tratamento. Em um estudo sobre o uso de laserterapia na prática

clínica, constataram que cerca de 50% dos que responderam ao estudo, sentiam que as lesões

dos tecidos moles e a cicatrização de feridas, incluindo queimaduras respondiam

,particularmente bem, ao tratamento16

.

4.3 SATISFAÇÃO DAS PACIENTES AO TRATAMENTO

O gráfico 3 demonstra os índices de satisfação em relação ao tratamento, realizado

na reavaliação. A escala utilizada baseou-se na escala Likert. As pacientes mostraram-se

satisfeitas com o tratamento, pois duas pacientes (67%) relataram que o tratamento foi muito

satisfatório e uma paciente (33%) relatou ser satisfatório.

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Caracterização da amostra quanto à satisfação ao

tratamento

67%

33%

Muito satisfatório

Satisfatório

Gráfico 3 – Avaliação da satisfação quanto ao tratamento na reavaliação

Fonte: Pesquisa realizada pelos autores, 2010.

Estudos definem satisfação no âmbito da saúde como as reações do receptor dos

cuidados de saúde – o paciente – aos aspectos do serviço recebido. Assim, a satisfação está

sempre relacionada às expectativas do paciente, ou seja, pode mudar quando as expectativas

do paciente ou seus padrões comparativos mudam, mesmo quando o objeto de comparação,

no caso, o serviço de saúde recebido permaneça constante35

.

No presente estudo, as pacientes ficaram satisfeitas em receber o tratamento e

ação que o mesmo causava, diminuindo assim, os desconfortos relacionados à amamentação.

Pesquisas verificaram que a satisfação do paciente está diretamente relacionada aos elementos

que se referem à interação do paciente com seu terapeuta. Assim, fatores como tempo

adequado gasto na terapia, terapeutas que demonstram habilidades bem desenvolvidas de

comunicação, explicações claras sobre o tratamento a ser seguido seriam mais importantes

para a satisfação do paciente do que a localização da clínica, a disponibilidade de

estacionamento no local, ou a qualidade do equipamento disponível37

. Outras pesquisas

verificaram, ainda, que o item “sensação de segurança” também deve ser levado em conta38

.

Em um estudo posterior, que a satisfação do paciente esteja relacionada ao

grau com que o fisioterapeuta responde às perguntas do paciente, fornece informações e se

mostra respeitoso, revelando mais uma vez a importância da interação entre o terapeuta e o

paciente36

.

A fisioterapia apresenta uma série de características que influenciam a satisfação

do paciente: a interação com o paciente sempre leva mais tempo do que uma consulta médica;

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a terapia envolve maior contato físico; geralmente exige a participação ativa do paciente e a

terapia pode causar dor e ser encarada como uma ameaça física35

.

Sendo assim, a satisfação das pacientes com os resultados obtidos demonstra que

a laserterapia auxiliou na recuperação das fissuras mamárias, mostrando ser uma área

fundamentada em resultados.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer da pesquisa algumas limitações impediram que o mesmo fosse eficaz

como a da demora no retorno da autorização do hospital (comitê de ética), demora no retorno

da autorização do CEP (Unisul), a não colaboração da equipe do setor alojamento conjunto e

desistência de pacientes.

Após o término do presente estudo, pode-se constatar que se faz necessário um

estudo com maior amostragem, pois com poucas mulheres foi constatada uma variação

considerável na dor e no tamanho das fissuras mamárias, porém sem diferença estatística,

requerendo assim, novos estudos. Em relação à satisfação ao tratamento, as pacientes

mostraram-se satisfeitas.

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39 Demir, H. Balay, H. Kirnap, M. A comparative study of the effects of electrical stimulation

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45 Junqueira, LC. Carneiro, J. Histologia Básica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA - CURSO DE

FISIOTERAPIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Você está sendo convidado a participar, como voluntário, da pesquisa “A efetividade do

laser Arseneto de Gálio e Alumínio (AsGaAl) no tratamento de fissuras mamárias”.

Após ser esclarecido sobre as informações, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine

este termo, que está sendo enviado em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador

responsável. Em caso de recusa você não será penalizado de forma alguma.

Pesquisadores Responsáveis

Profª orientador: Ralph Fernando Rosas- e-mail: [email protected]

Rafaela da Silva Albino – 0XX(48) 88320965/ e-mail: [email protected]

Jaqueline Guimarães Zeferino – 0XX(48) 91650919/ e-mail: [email protected]

A presente pesquisa busca analisar a efetividade da laserterapia no tratamento de fissuras

mamárias em puérperas do Hospital Nossa Senhora da Conceição- HNSC.

A pesquisa irá proporcionar uma rápida cicatrização, um melhor bem-estar tanto para mãe

quanto para o bebê e ainda, evitar que as mães abandonem o ato de amamentar.

.

O objetivo geral da pesquisa é analisar a efetividade da laserterapia no tratamento de

fissuras mamárias de puérperas.

Para a realização da pesquisa será necessário, primeiramente, que você leia e assine este

termo, concordando em participar do estudo. Depois, você deve preencher o questionário (em

anexo) e devolvê-lo com a cópia assinada deste termo de consentimento ao entrevistador.

Ao aceitar participar deste estudo, você não será submetido a nenhum procedimento de risco

ou desconforto. Você também não receberá nenhum valor em dinheiro, assim como não terá

nenhuma despesa, sendo o mesmo de caráter totalmente gratuito.

Durante a aplicação do questionário, você poderá contar com o auxílio dos responsáveis pelo

projeto, para esclarecimentos sobre a pesquisa.

Você tem assegurado o direito de recusar-se a responder qualquer pergunta sem dar maiores

explicações ou justificativas aos pesquisadores. A qualquer momento você pode recusar-se a

participar ou retirar seu consentimento, sem qualquer custo ou penalização.

O questionário deverá ser respondido de forma individual e seu nome não será mencionado

em nenhum momento, sendo mantido sigilo completo dos dados obtidos com a pesquisa,

garantindo sua privacidade.

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CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO

Eu, ______________________________________________, RG _____________________,

abaixo assinado, concordo em participar do estudo proposto, na qualidade de sujeito. Fui

devidamente informado e esclarecido pelos pesquisadores responsáveis sobre a pesquisa, os

procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de

minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer

momento, sem que isto leve a qualquer custo ou penalidade.

Local e data _______________________________________________________________

Nome e Assinatura__________________________________________________________

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APÊNDICE B – Instrumento de coleta de dados – questionário

Questionário aplicado as puérperas do HNSC – Tubarão – SC

IDADE:________________

RAÇA: ________________

Nº GESTAÇÕES:______ Gestação Gemelar ( )

Nº PARTOS_______

CRITÉRIOS DE PARTICIPAÇÃO DA PESQUISA

SIM NÃO

Possui rachaduras ( ) ( )

Apresenta dor ( ) ( )

Faz uso de cremes ( ) ( )

Outros tipos de tratamentos ( ) ( )

Terapêuticos

Parto prematuro ( ) ( )

Câncer ( ) ( )

Disfunções tireoidianas ( ) ( )

Tratamentos com fármacos ( ) ( )

fotossensibilizantes e esteróides

Fumante ( ) ( )

Diabética ( ) ( )

IMC=3 ( ) ( )

Processo infeccioso ( ) ( )

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APÊNDICE C – Escala de satisfação do Tratamento

1) Muito satisfatório.

2) Satisfatório.

3) Sem opinião.

4) Insatisfatório.

5) Muito insatisfatório.

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ANEXOS

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ANEXO A – Escala Visual Analógica da dor –EVA

Sem dor Dor insuportável

Fonte: Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL