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  • A E C O N O M I AP O L T I C A D O

    GOVERNO

    Lula

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  • Luiz Filgueiras e Reinaldo GonalvesDireitos adquiridos pela Contraponto Editora Ltda. para esta edio.Vedada, nos termos da lei, a reproduo total ou parcial deste livro sem autorizao da editora.

    CONTRAPONTO EDITORA LTDA.

    Caixa Postal 56066 Cep 22292-970Rio de Janeiro, RJ BrasilTel / fax: (21) 2544 0206 / 2215 6148e-mail: [email protected]: www.contrapontoeditora.com.br

    Tiragem: 2000 exemplares

    Edio e reviso:Csar BenjaminProjeto grfico:Trao DesignImpresso: Prol Grfica

    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTE

    SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS,RJ.

    F512eFilgueiras, Luiz Antonio MattosA economia poltica do governo Lula / Luiz Filgueiras, Reinaldo

    Gonalves. - Rio de Janeiro : Contraponto, 2007.

    AnexosInclui bibliografiaISBN 978-85-85910-91-4

    1. Brasil - Poltica econmica. 2. Brasil - Poltica e governo - 2003-. I. Gon-alves, Reinaldo, 1951-. II.Ttulo.

    07-3849. CDD 338.0981CDU 338.1(81)

    09.10.07 10.10.07 003861

    a_LULA_intr_cap1e2 rev:Layout 1 31/10/07 5:05 PM Page 2

  • L U I Z F I L G U E I R A S I R E I N A L D O G O N A L V E S

    A E C O N O M I AP O L T I C A D O

    GOVERNO

    Lula

    a_LULA_intr_cap1e2 rev:Layout 1 31/10/07 5:05 PM Page 3

  • Para Graa eVitor

    Para Mariangela e Marcelo

    a_LULA_intr_cap1e2 rev:Layout 1 31/10/07 5:05 PM Page 5

  • Sumrio

    Sobre os autores 11

    Lista de grficos, quadros e tabelas 13

    Introduo 17

    CAPTULO 1

    Contexto internacional 33

    1. Ciclo internacional favorvel 35

    1.1 Esfera produtivo-real 36

    1.2 Esfera comercial 41

    1.3 Esfera monetrio-financeira 43

    1.4 Esfera tecnolgica 46

    2. Vulnerabilidade externa 47

    2.1 Vulnerabilidade externa comparada 48

    2.2 Governo Lula versus Governo Cardoso 54

    3. Oportunidade perdida 57

    CAPTULO 2

    Insero internacional e vulnerabilidade externa 61

    1. Vulnerabilidade externa conjuntural e anomalias 64

    2. Exportaes e dependncia externa 73

    3. Especializao retrgrada 78

    4. Retrocesso industrial 83

    5. Vulnerabilidade externa estrutural 88

    a_LULA_intr_cap1e2 rev:Layout 1 31/10/07 5:05 PM Page 7

  • 3. Poltica e dinmica macroeconmica 95

    1. Continuidade domodelo 97

    2. Desempenhomacroeconmico 101

    2.1 Contas externas e inflao 101

    2.2 Finanas pblicas 105

    2.3 Renda, investimento e emprego 108

    3. Modelo e ajuste macroeconmico 110

    4. Liberalizao e retrocesso 113

    4. Desempenho em perspectiva histrica 117

    1. Crescimento da renda 119

    2. Hiato de crescimento 121

    3. Acumulao de capital 125

    4. Inflao 127

    5. Fragilidade financeira 130

    6. Vulnerabilidade externa 132

    7. Desempenho geral 134

    5. Pobreza e poltica social 141

    1. Concepo hegemnica 143

    2. Contra-reforma liberal 149

    3. Universalizao versus focalizao 153

    4. Ajuste fiscal e poltica social 157

    5. Bolsa Famlia 162

    6. Flexibilizao e precarizao do trabalho 170

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  • 6. Classes sociais, Estado e bloco de poder 175

    1. Bloco de poder dominante 177

    2. Transformismo e cooptao 182

    3. Patrimonialismo e balcanizao 188

    7. Crescimento, acumulao e perspectivas 197

    1. Programa de Acelerao do Crescimento (PAC) 198

    2. Distribuio de riqueza e renda 2077

    3. Perspectivas para os jovens 215

    4. Cenrios macroeconmicos 220

    5. Perspectivas 223

    Anexos

    I. ndice de Vulnerabilidade Externa Comparada 233

    II. ndice de Desempenho Presidencial 235

    III. Anlise de Componentes Principais 243

    IV. Conceitos e definies 249

    Bibliografia 253

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  • a_LULA_intr_cap1e2 rev:Layout 1 31/10/07 5:05 PM Page 10

  • Sobre os autores

    Luiz FilgueirasProfessor associado da Faculdade de Cincias Econmicas da Universidade Fe-deral da Bahia (UFBA) desde 1980,ministrando as disciplinas de Economia Bra-sileira, Economia doTrabalho e Histria do Pensamento Econmico, entre ou-tras. Foi diretor dessa Faculdade no perodo 2000-2004.

    Doutor em Economia pelo Instituto de Economia da Unicamp (1994);mes-tre em Economia pela UFBA (1983) e bacharel em Economia por essa mesmainstituio (1978).Em 2006, realizou ps-doutorado no Centro de Economia daUniversidade Paris XIII sob a direo do professor Pierre Salama.

    Autor do livro Histria do Plano Real (Boitempo, 2000, 2003 e 2006) e de di-versos captulos de livros, dezenas de artigos publicados em revistas especializa-das e jornais nas reas de Economia Brasileira, Poltica Econmica e EconomiadoTrabalho.

    Membro do grupo de trabalho sobre Setores Dominantes na Amrica Latinado Conselho Latino-Americano de Cincias Sociais (Clacso). Recebeu o Pri-meiro Prmio Baiano de Economia Rmulo de Almeida Conselho Regionalde Economia, 5 Regio (1986) e o Prmio Banco do Estado da Bahia (Baneb)de Apoio aTeses, na categoria de professor pesquisador (1998).

    Reinaldo GonalvesProfessor titular de Economia Internacional do Instituto de Economia da Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 1993; diretor da SociedadeBrasileira de Economia Poltica (1998-2002); diretor daAssociao Nacional dosCursos de Graduao em Economia (2000-2002); conselheiro titular,ConselhoFederal de Economia (2001-2003); vice-presidente do Conselho Regional deEconomia,RJ (1997-1999); e presidente do Instituto de Economistas do Rio deJaneiro (1995-1996).

    A economia poltica do governo Lula 11

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  • Livre-docente em Economia Internacional (UFRJ, 1991); Ph.D. em Econo-mia pela University of Reading (Inglaterra, 1986); mestre em Economia pelaEPGE-FGV (1976); mestre em Engenharia da Produo pela Coppe-UFRJ(1974); e bacharel em Economia (UFRJ, 1973).

    Foi professor visitante (Directeur d'Etudes), da cole des Hautes tudes enSciences Sociales,Maison des Sciences de lHomme, Paris, 1996; professor visi-tante da Universidade de Paris XIII, 1990; economista das Naes Unidas (Unc-tad, Genebra, 1983-1987).

    Autor de mais de trs centenas de trabalhos publicados em 21 pases: Europa(Alemanha, Espanha, Frana, Inglaterra, Itlia, Sucia, Sua, Portugal e Iugosl-via); sia (Japo, Coria do Sul e ndia); frica (CaboVerde);Amrica do Nor-te (Estados Unidos e Mxico);Caribe (Cuba); eAmrica do Sul (Argentina,Bra-sil, Chile, Uruguai eVenezuela).

    Entre os seus principais trabalhos no Brasil destacam-se os livros Empresastransnacionais e internacionalizao da produo (Vozes, 1992); abre-alas: a nova in-sero do Brasil na economia mundial (Relume-Dumar, 1994);Globalizao e des-nacionalizao (Paz e Terra, 1999); O Brasil e o comrcio internacional (Contexto,2000),Vago descarrilhado (Record, 2002);O n econmico (Record, 2003);A he-rana e a ruptura (Garamond, 2003);Comrcio e investimento externo (Fase, 2004); eEconomia poltica internacional (Elsevier, 2005).

    co-autor de outros livros, como:A nova economia internacional. Uma perspec-tiva brasileira (Campus, 1998);O Brasil endividado (Perseu Abramo, 2000); A ar-madilha da dvida (Perseu Abramo, 2002); e Economia internacional.Teoria e expe-rincia brasileira (Elsevier, 2004).

    Seus trabalhos receberam os seguintes prmios: Prmio Fundao Universi-tria Jos Bonifcio em 1991; Prmio Jabuti 2001 (Cmara Brasileira do Livro);Trofu Cultura Econmica em 2004 (Caixa Econmica-Jornal do ComrcioRS);Trofu Cultura Econmica em 2005; e Personalidade Econmica do Ano(Conselho Federal de Economia) em 2004.

    12 Luiz Filgueiras | Reinaldo Gonalves

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  • Tabelas, quadros e grficos

    TabelasTabela 1.1 Indicadores de vulnerabilidade externa, Brasil e mundo: 1995-2006.

    Tabela 1.2 ndices de vulnerabilidade externa comparada, Brasil: 1995-2006.

    Tabela 1.3 Vulnerabilidade externa do Brasil, Indicadores: governo Lula versus

    governo Cardoso.

    Tabela 1.4 Os pases com osmaiores spreads nos ttulos nomercado internacional:

    2002-2007.

    Tabela 2.1 Indicadores de vulnerabilidade externa conjuntural: 1994-2006.

    Tabela 2.2 Transaes correntes: 1995-2006.

    Tabela 2.3 Servios e rendas, valores acumulados: 1995/2006.

    Tabela 2.4 Ingresso de Investimento Externo Direto (IED): 1990-2006.

    Tabela 2.5 Fluxos lquidos de capitais: 1995-2006.

    Tabela 2.6 Balana comercial: 1995-2006.

    Tabela 2.7 Contribuio ao crescimento do PIB (%).

    Tabela 2.8 Evoluo das exportaes por fator agregado: 1999-2006.

    Tabela 2.9 Padro das exportaes por fator agregado: 1995-2006 (%).

    Tabela 2.10 Padro das exportaes por tipo de produto: 1995-2006 (%).

    Tabela 2.11 Padro das exportaes segundo grupos de produtos: 1999-2006.

    Tabela 2.12 Padro das exportaes segundo intensidade tecnolgica dos produtos:

    1999-2006.

    Tabela 2.13 Participao dos vinte principais produtos de exportao (%).

    Tabela 3.1 Transaes correntes do balano de pagamentos: 2003-2006.

    Tabela 3.2 Transaes correntes do balano de pagamentos, valores acumulados:

    1995-2006.

    Tabela 3.3 Metas e taxas de inflao: 2003-2006.

    Tabela 3.4 Dvida lquida do setor pblico, anos selecionados: 1994-2006.

    Tabela 3.5 Finanas pblicas, valores acumulados: 1995-2006.

    Tabela 3.6 Renda, investimento e emprego: 2003-2006.

    Tabela 3.7 Renda, investimento e emprego: governo Lula versus governo Cardoso.

    Tabela 3.8 Perda de eficncia sistmica do Brasil: 2003-2007.

    A economia poltica do governo Lula 13

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  • Tabela 4.1 Variveis macroeconmicas segundo omandato presidencial: 1890-2006.

    Tabela 4.2 ndice de desempenho presidencial.

    Tabela 4.3 ndice de desempenho presidencial segundo a ordem de classificao.

    Tabela 4.4 Desempenho do governo Lula: sntese das variveis e dos ndices.

    Tabela 4.5 Desempenho do governo Lula: sntese das posies segundo

    o ndice de desempenho presidencial e a anlise de componentes principais.

    Tabela 5.1 Execuo do Oramento da Unio, 2000-2006.

    Tabela 5.2 Execuo do Oramento (social) da Unio, 2000-2006.

    Tabela 6.1 Financiamento das campanhas eleitorais para a Presidncia da Repblica,

    segundo o setor econmico: 2002 e 2006.

    Tabela 7.1 Investimentos em infra-estrutura no PAC, acumulado: 2007-2010

    Tabela 7.2 Indicadoresmacroeconmicos previstos no PAC: 2007-2010

    Tabela 7.3 Subestimativa de investimentos em logstica e transportes no PAC.

    Tabela 7.4 Massa salarial, regiesmetropolitanas, 2003-2006.

    Tabela 7.5 Mais jovens fora da escola.

    Tabela 7.6 Mortes e homicdios de jovens: recordesmundiais.

    Tabela 7.7 Maior desemprego dos jovens.

    Tabela 7.8 Maior consumo de drogas e lcool pelos jovens.

    Tabela 7.9 Jovens brasileiros emigram cada vezmais.

    Tabela 7.10 Jovens pessimistas com o futuro.

    Tabela 7.11 Cenrios macroeconmicos: 2007-2010.

    QuadrosQuadro 1.1 Vulnerabilidade externa: conceitos.

    Quadro 1.2 Principais concluses: captulo 1.

    Quadro 2.1 Doena holandesa.

    Quadro 2.2 Principais concluses: captulo 2.

    Quadro 3.1 Modelo liberal perifrico.

    Quadro 3.2 Principais concluses: captulo 3.

    Quadro 4.1 Lula: melhor do que JK ou quase to ruim quanto Collor?

    Quadro 4.2 Principais concluses: captulo 4.

    14 Luiz Filgueiras | Reinaldo Gonalves

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  • Quadro 5.1 Polticas sociais de Estado.

    Quadro 5.2 Importncia da aposentadoria rural.

    Quadro 5.3 Universalizao versus focalizao.

    Quadro 5.4 Prouni.

    Quadro 5.5 Conceitos inapropriados de ricos.

    Quadro 5.6 Polticas focalizadas: lgica perversa.

    Quadro 5.7 CPMF: desvios da sade para o pagamento de juros.

    Quadro 5.8 Importncia do Bolsa Famlia.

    Quadro 5.9 Hegemonia s avessas.

    Quadro 5.10 No existe reforma agrria no governo Lula.

    Quadro 5.11 Principais concluses: captulo 5.

    Quadro 6.1 O transformismo segundo Olavo Setbal.

    Quadro 6.2 O transformismo segundo Csar Benjamin.

    Quadro 6.3 Etanol e seus efeitos.

    Quadro 6.4 Lula e o lulismo.

    Quadro 6.5 Principais concluses: captulo 6.

    Quadro 7.1 Risco de apago de energia continua.

    Quadro 7.2 Crescente custo ambiental.

    Quadro 7.3 Principais concluses: captulo 7.

    GrficosGrfico 1.1 PIBmundial, var. %, mdia mvel quatro anos: 1890-2006.

    Grfico 1.2 PIB e investimento na economiamundial: 1999-2006.

    Grfico 1.3 Taxa de investimento e investimento externo direto: 1999-2006.

    Grfico 1.4 Inflaomdia mundial, IPC (%): 1999-2006.

    Grfico 1.5 Comrcio mundial de bens, var. %: 1999-2006.

    Grfico 1.6 Preos internacionais, var. %: 1999-2006.

    Grfico 1.7 Dficit na conta corrente do balano de pagamentos, % do PIB: 1997-2006.

    Grfico 1.8 Reservas internacionais: 1999-2006.

    Grfico 1.9 Pases em desenvolvimento, contas externas (US$ bilhes): 1999-2006.

    Grfico 1.10 Pases em desenvolvimento, indicadores das contas externas (%): 1999-2006.

    Grfico 1.11 Spreads dos ttulos dosmercados emergentes: 1998-2006.

    Grfico 1.12 Indicadores de progresso tcnico: 1999-2005.

    Grfico 1.13 PIBmundial, var. % segundo omandato presidencial: 1890-2006.

    Grfico 1.14 ndices de vulnerabilidade externa, Brasil: 1995-2006.

    A economia poltica do governo Lula 15

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  • Grfico 2.1 Taxa de cmbio efetiva real, mdia mvel 12meses: 1995-2006.

    Grfico 2.2 Pagamentos de juros e taxas pelo Brasil ao FMI: 1984-2006.

    Grfico 2.3 Termos de troca e rentabilidade das exportaes.

    Grfico 2.4 Exportaes e PIB: 1995-2006.

    Grfico 2.5 Exportaes de bens e servios, contribuio % no crescimento do PIB: 1995-2006.

    Grfico 3.1 Dvida lquida do setor pblico (% do PIB): 2003-2006.

    Grfico 3.2 ndice de Liberalizao Econmica: 1995-2007.

    Grfico 3.3 Eficcia do governo e qualidade do aparato regulatrio: 1996-2006.

    Grfico 3.4 Respeito lei e controle da corrupo: 1996-2006.

    Grfico 4.1 PIB Brasil, var. %, mdia mvel quatro anos: 1890-2006.

    Grfico 4.2 PIB Brasil, ndice de desempenho presidencial.

    Grfico 4.3 Hiato de crescimento, mdia mvel quatro anos.

    Grfico 4.4 Hiato de crescimento, ndice de desempenho presidencial.

    Grfico 4.5 Renda per capita do Brasil como percentual da renda per capitamundial:

    1890-2006.

    Grfico 4.6 Renda per capita do Brasil como percentual da renda per capitamundial:

    1990-2006.

    Grfico 4.7 Formao bruta de capital fixo, var. %, mdia mvel quatro anos.

    Grfico 4.8 FBCF, ndice de desempenho presidencial.

    Grfico 4.9 Inflao %, mdia mvel quatro anos.

    Grfico 4.10 Inflao, ndice de desempenho presidencial.

    Grfico 4.11 Fragilidade financeira %, mdia mvel quatro anos.

    Grfico 4.12 Fragilidade financeira, ndice de desempenho presidencial.

    Grfico 4.13 Vulnerabilidade externa %, mdia mvel quatro anos.

    Grfico 4.14 Vulnerabilidade externa, ndice de desempenho presidencial.

    Grfico 4.15 ndice de desempenho presidencial, mdia.

    Grfico 7.1 Salrio mnimo real, var. % anual em subperodos: 1995-2011.

    Grfico 7.2 Coeficiente de Gini: 1995-2005.

    Grfico 7.3 Distribuio primria da renda (%): 2000-2005.

    Grfico 7.4 Diferencial entre a variao do salrio mdio e a variao do PIB per capita:

    1996-2006.

    Grfico 7.5 Diferencial entre a variao do salrio mdio e a variao do PIB per capita

    por subperodos: 1995-2006.

    Grfico 7.6 Relao juro / salrio: 1995-2006.

    Grfico 7.7 Participao dos grandes bancos no PIB (%), por subperodos: 1995-2006.

    16 Luiz Filgueiras | Reinaldo Gonalves

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  • Introduo

    Este livro analisa as polticas econmicas e sociais do governo Lula e o desem-penho da economia brasileira a partir de 2003.As principais caractersticas dotexto so as seguintes: (i) orientao didtica; (ii) perspectiva histrica; (iii) ava-liao crtica; (iv) esforo de inovao analtica; (v) enfoque abrangente; (vi) abor-dagem da Economia Poltica; (vii) carter prospectivo.Naturalmente, estes so ospropsitos dos autores.Cabe ao leitor julgar at que ponto o livro atinge seus ob-jetivos.

    A orientao didtica necessria, visto que o livro no se destina apenas aeconomistas ou especialistas. Foi escrito para um pblico mais amplo: estudan-tes, profissionais de reas diversas e todos os interessados em entender melhor aatual situao do pas e suas perspectivas. Para reforar o carter didtico, no fi-nal de cada captulo h um quadro com a sntese das principais concluses.Asquestes ou os conceitos so definidos da forma mais precisa e concisa possvel.Os conceitos tcnicos so tratados nos anexos e em quadros especficos. NoAnexo IV apresentam-se os principais conceitos usados no livro.

    A perspectiva histrica fornece o referencial adequado para a anlise da din-mica e do desempenho da economia brasileira.Essa perspectiva exige que a ava-liao da poltica econmica do governo Lula e seus resultados leve em conta ocontexto internacional.No h como fazer uma anlise robusta sem que se con-sidere o que est acontecendo no resto mundo, j que o grau de insero dopas no sistema econmico internacional atingiu nveis elevados. A anlise dodesempenho da economia brasileira tambm deve considerar o seu padro his-trico de desenvolvimento. Ou seja, trata-se de comparar o seu atual desem-penho com o das economias do resto do mundo e com o seu prprio desem-penho ao longo da histria. Neste ltimo caso, a referncia todo o perodorepublicano.

    A avaliao crtica das estratgias e polticas do governo Lula uma exign-cia do mtodo cientfico.Rigor cientfico e honestidade intelectual exigem, an-

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  • tes de tudo, o compromisso com uma anlise crtica desprovida de interesses.Oobjetivo compreender a realidade da melhor maneira possvel condio ne-cessria para transform-la.Essa questo particularmente relevante no Brasil nomomento atual, pois o debate sobre a realidade nacional est empobrecido.Tra-ta-se, de fato, de uma situao peculiar porque os intelectuais orgnicos do blo-co dominante esto constrangidos. O governo Lula est implementando as es-tratgias e polticas desse bloco, at mesmo com resultados superiores, obser-vando-se os interesses de suas fraes hegemnicas.Por outro lado,os intelectuaisde esquerda, em sua maioria, esto tmidos, visto que o governo Lula tem comoprincipal base poltica no Congresso o Partido dos Trabalhadores e conta como apoio de organizaes da sociedade civil (por exemplo, centrais sindicais). En-tretanto, esse governo aprofunda um modelo de economia, sociedade e poltica(modelo liberal perifrico) que consolida e aprofunda os atuais padres de do-minao no pas. Naturalmente, na literatura atual sobre o desempenho do go-verno Lula h alguns trabalhos crticos, que esto referidos no texto, e outrosque esto listados na bibliografia.

    O esforo de inovao analtica est associado introduo de novos concei-tos (como vulnerabilidade externa estrutural e modelo liberal perifrico), aoaperfeioamento de indicadores (ndice deVulnerabilidade Externa Compara-da, ndice de Desempenho Presidencial) e aplicao, ao Brasil, de conceitos jexistentes (transformismo, bloco dominante). Esse esforo busca uma com-preenso mais precisa da realidade brasileira contempornea.

    O enfoque abrangente decorre da preocupao de entender o governo Lulanas suas dimenses econmica, social e poltica. Freqentemente, anlises parciais,centradas em uma dessas dimenses, deixam de lado fatores relevantes e tendema se concentrar em movimentos mais conjunturais. Esses fatores, principalmen-te os de natureza estrutural, permitem uma viso mais geral e, portanto,mais di-nmica e orgnica da trajetria recente do Brasil e de suas perspectivas. Para ilus-trar, a maior parte dos observadores tem concentrado suas anlises na evoluode indicadores de vulnerabilidade externa conjuntural. Por isso, h uma tendn-cia a se negligenciar a crescente vulnerabilidade externa estrutural, decorrente doavano do processo de liberalizao nas esferas produtivo-real, comercial e mo-netrio-financeira das relaes econmicas internacionais do pas.Outro exem-plo de parcialidade e fragilidade cientfica a anlise econmica que despreza ainfluncia dos interesses do bloco dominante na formulao e execuo das es-

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  • tratgias de governo.Adicionalmente, o fenmeno do transformismo polticopromovido por Lula e pelo PT,de forma rpida e ampla, pegou de surpresa mui-tos companheiros de viagem e, inclusive, representantes do bloco dominante.

    A abordagem da Economia Poltica reside no uso de um mtodo de anliseem que os fenmenos econmicos esto vinculados diretamente dinmica dosinteresses de grupos e classes sociais. Nesse mtodo, a acumulao de riquezadepende das estratgias e polticas de Estado. E o Estado o espao privilegia-do da disputa entre grupos e classes sociais. Portanto, a acumulao de riquezaest associada ao exerccio do poder ideolgico, poltico e econmico.

    O carter prospectivo do livro est presente em todos os captulos, especial-mente no ltimo.A anlise das questes econmicas, sociais e polticas duranteo governo Lula tem como referncia os elementos de conjuntura e, principal-mente, os eixos estruturantes das estratgias e polticas governamentais. O ob-jetivo distinguir o que estrutural e o que conjuntural, o que primrio eo que secundrio. Esse procedimento permite uma viso mais clara das incer-tezas crticas existentes quanto trajetria futura do pas.A anlise das perspec-tivas apresentada de forma mais direta no ltimo captulo, que avalia o Pro-grama de Acelerao do Crescimento (PAC) lanado por Lula no incio do seusegundo mandato em 2007, a questo estrutural da distribuio da riqueza e asperspectivas em geral.

    O livro est dividido em sete captulos. Os quatro primeiros concentram-seem temas econmicos: contexto internacional, insero externa, poltica e mo-delo econmico, alm de desempenho em perspectiva histrica.O quinto cap-tulo trata da poltica social, enquanto o sexto analisa o governo Lula levando emconsiderao a dinmica das classes sociais, o papel do Estado e a atuao dos gru-pos dominantes. O stimo captulo discute as perspectivas.

    Os principais argumentos e as principais concluses do livro so apresentadosa seguir.

    No captulo 1 examinam-se a evoluo da economia mundial e a questo davulnerabilidade externa.A anlise da situao internacional abarca as quatro es-feras relevantes: produtivo-real, comercial, tecnolgica e monetrio-financeira.Aevidncia apresentada conclusiva: a conjuntura internacional tem sido ex-traordinariamente favorvel desde 2003.Em poucos momentos da histrica eco-nmica mundial podem ser encontrados indicadores to evidentes de uma faseascendente de um ciclo econmico.

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  • O contexto internacional favorvel determinante para a evoluo da vul-nerabilidade externa, principalmente, dos pases em desenvolvimento.A vulne-rabilidade externa entendida como a capacidade de determinado pas resistira presses, fatores desestabilizadores e choques externos.

    A acelerao da economia mundial, a partir de 2003, teve como uma das suasconseqncias mais evidentes a melhora generalizada dos indicadores de vulne-rabilidade externa conjuntural do conjunto dos pases em desenvolvimento. OBrasil no fugiu a essa regra.A evidncia emprica conclusiva: os indicadoresde vulnerabilidade externa conjuntural, que tendiam a melhorar desde a crisecambial de 1999, continuam progredindo durante o governo Lula.

    No houve melhora na vulnerabilidade externa da economia brasileira, compa-rativamente ao resto do mundo, durante o governo Lula.Trata-se, aqui, da vulne-rabilidade externa comparada, ou seja, de se analisar a evoluo dos indicadoresbrasileiros em relao aos indicadores do resto do mundo.A metodologia de cl-culo do ndice deVulnerabilidade Externa Comparada apresentada no Anexo I.

    Os indicadores de vulnerabilidade externa comparada do Brasil no apresentamavanos significativos quando se confronta o perodo 2003-2006 com o perodo1995-2002.No contexto de queda generalizada dos indicadores de vulnerabilida-de externa no conjunto da economia mundial, o governo Lula no mostra de-sempenho superior ao do governo Cardoso.Na realidade, o ndice de vulnerabili-dade externa comparada do Brasil durante o governo Lula menor do que estemesmo ndice no segundo mandato de Cardoso e maior do que o ndice mdiono primeiro mandato.Considerando a mdia dos dois mandatos de Cardoso, o n-dice mdio de vulnerabilidade externa comparada do governo Lula maior.

    O corolrio dos argumentos e da evidncia emprica que a melhora dos in-dicadores de vulnerabilidade externa conjuntural da economia brasileira, a par-tir de 2003, decorre de um contexto internacional extraordinariamente favor-vel. No que diz respeito ao ajuste externo, no h motivos para se atribuirmritos especficos conduo da poltica econmica do governo Lula.Ao con-trrio. Esse governo manteve a mesma poltica econmica do governo anterior,sendo responsvel pela perda da extraordinria oportunidade criada pelo con-texto internacional ps-2003, que permitiria colocar o pas em uma trajetriade desenvolvimento econmico estvel e dinmico.

    No captulo 2 analisam-se em maiores detalhes a insero do Brasil na econo-mia internacional e seu padro de vulnerabilidade externa a partir de 2003.Nesse

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  • captulo distingue-se a vulnerabilidade externa conjuntural e a vulnerabilidade ex-terna estrutural.O argumento geral que as polticas do governo Lula reforam oavano de estruturas de produo e padres de insero internacional retrgrados,que tendem a aumentar a vulnerabilidade externa estrutural do pas. No h d-vida de que a reduo dos indicadores de vulnerabilidade externa conjuntural de-corre fundamentalmente do desempenho favorvel das exportaes.O crescimen-to das exportaes de bens primrios a varivel fundamental que diferencia o de-sempenho da economia antes e depois de 1999 e,particularmente, a partir de 2003.

    No governo Lula configura-se um processo de adaptao passiva e regressivado pas ao sistema econmico internacional, em geral, e ao sistema mundial decomrcio, em particular. A maior competitividade internacional est centradanos produtos intensivos em recursos naturais e se d, no essencial, mantendo omesmo padro de especializao j existente.

    Ademais, o governo Lula responsvel por anomalias como a forte aprecia-o cambial e a exportao de capital produtivo, bem como o pagamento de va-lores extraordinariamente elevados ao FMI em um contexto de melhora evi-dente das contas externas do pas.Vale destacar que a manuteno das linhas decrdito junto ao FMI custou ao pas US$ 3,65 bilhes na forma de pagamentode juros e taxas de administrao no perodo 2003-2006. Isto representou umenorme desperdcio de recursos.

    A insero passiva do pas no sistema econmico internacional tem como re-sultado o aumento da dependncia do crescimento do PIB em relao de-manda externa. Isto se deve, principalmente, ao crescimento da participao dasexportaes no PIB.O pas tornou-se estruturalmente mais vulnervel frente soscilaes da conjuntura internacional.

    O aumento da vulnerabilidade externa estrutural da economia brasileira de-corre tambm do aprofundamento do padro de especializao retrgrada queenvolve a reprimarizao das exportaes, com a crescente participao de pro-dutos primrios no valor das exportaes.O pas tem sido incapaz de promovero upgrade do seu padro de comrcio exterior. H perda de posio relativa deprodutos de exportao com maior intensidade tecnolgica. Os ganhos relati-vos tm ocorrido nos produtos de baixo contedo tecnolgico e nos produtosintensivos em recursos naturais.

    Como determinante da insero passiva no sistema econmico internacional,cabe destacar a perda de dinamismo da indstria de transformao, com a espe-

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    a_LULA_intr_cap1e2 rev:Layout 1 31/10/07 5:05 PM Page 21

  • cializao em setores intensivos em recursos naturais e a desarticulao de cadeiasprodutivas. A ausncia de progresso na estrutura produtiva implica consolidarum padro de insero retrgrada no sistema mundial de comrcio, com cres-cente dependncia em relao exportao de commodities.

    O desempenho recente do comrcio exterior do Brasil no resulta de trans-formaes estruturais, mas de circunstncias conjunturais associadas s elevadastaxas de crescimento do comrcio mundial e melhora nos termos de troca.Amelhora dos indicadores de vulnerabilidade externa conjuntural, decorrente docrescimento das exportaes de commodities, no tem impedido o aumento davulnerabilidade externa estrutural da economia brasileira.

    No captulo 3 avaliam-se a poltica e a dinmica macroeconmica do pasdurante o governo Lula, bem como os seus determinantes estruturais.A anliseda dinmica macroeconmica refere-se, em grande medida, ao desempenho daeconomia brasileira em questes especficas, a saber, contas externas, inflao, fi-nanas pblicas, renda, investimento e emprego.A discusso dos determinantesestruturais est vinculada s caractersticas do modelo liberal perifrico que soaprofundadas e consolidadas a partir de 2003.

    Considerando que o conceito de modelo liberal perifrico central para aanlise desenvolvida no livro, cabe explicit-lo desde o incio. Esse modelotem trs conjuntos de caractersticas marcantes: liberalizao, privatizao edesregulao; subordinao e vulnerabilidade externa estrutural; e dominn-cia do capital financeiro. O modelo liberal porque estruturado a partir daliberalizao das relaes econmicas internacionais nas esferas comercial, pro-dutiva, tecnolgica e monetrio-financeira; da implementao de reformasno mbito do Estado (em especial na rea da Previdncia Social) e da priva-tizao de empresas estatais, que implica reconfigurar a interveno estatal naeconomia e na sociedade; e de um processo de desregulao do mercado detrabalho, que refora a explorao da fora de trabalho.O modelo perifri-co porque uma forma especfica de realizao da doutrina neoliberal e dasua poltica econmica em um pas que ocupa posio subalterna no sistemaeconmico internacional, ou seja, um pas que no tem influncia na arena in-ternacional e se caracteriza por significativa vulnerabilidade externa estrutu-ral nas suas relaes econmicas internacionais. Por fim, a dinmica macroe-conmica do modelo subordina-se predominncia do capital financeiro e dalgica financeira.

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  • O governo Lula manteve a mesma poltica econmica do segundo governoCardoso: metas de inflao, ajuste fiscal permanente e cmbio flutuante. Entre-tanto, a reduo das restries externas tem possibilitado menor instabilidademacroeconmica. Essa oportunidade tem sido usada pelo governo Lula para re-forar o modelo liberal perifrico e suas polticas econmicas.Trata-se, pois, dacontinuidade e do aprofundamento do modelo.

    A melhora da situao das contas externas causada pelos crescentes super-vits comerciais que ultrapassam, a partir de 2003,os dficits estruturais da balanade servios e rendas. Entre os principais determinantes do desempenho da ba-lana comercial, podem-se mencionar: a desvalorizao cambial de 2002,o cres-cimento das economias americana e chinesa, que puxaram o comrcio mundial,a recuperao da Argentina e a disparada nos preos das commodities.

    As taxas de inflao caram sistematicamente a partir de 2003. Os principaisfatores determinantes so: a apreciao cambial, decorrente dos elevados saldosna balana comercial e da manuteno de grande diferencial entre as taxas de ju-ros interna e externa; a fraca presso da demanda interna causada pelas polticasfiscais (mega-supervit primrio) e monetria (juros elevados); e a queda dos sa-lrios reais durante a maior parte do perodo.

    A mudana do cenrio internacional e a acentuada melhora das contas ex-ternas do pas tambm implicam resultados mais favorveis para a trajetria dadvida pblica a partir de 2003.A reduo relativa da dvida total se deve di-minuio sistemtica da dvida externa em todos os anos, tanto em valores ab-solutos quanto como proporo do PIB. Por outro lado, a relao dvida inter-na/PIB crescente, pois tem havido a troca de dvida externa, de maior prazo emenor juro, por dvida interna, de prazo menor e taxas de juros mais elevadas.

    Os governos Cardoso e Lula propiciaram ao capital financeiro mais de R$ 1trilho em juros da dvida pblica, o que correspondeu, em mdia, a 8% do PIBno segundo governo Cardoso e a 8,2% no governo Lula. Neste, as elevadas ta-xas de juros praticadas acarretaram pagamentos de R$ 590 bilhes em juros,montante 61% maior do que o acumulado entre 1999 e 2002.

    No governo Lula, a trajetria instvel e as baixas taxas de crescimento do PIBesto associadas a taxas de investimento baixas e de desemprego altas.A evolu-o medocre do nvel do produto, do investimento e do emprego particular-mente impressionante porque ocorreu em uma conjuntura internacional bas-tante favorvel a partir de 2003.

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  • No governo Lula, a taxa mdia de crescimento do PIB (3,3%) foi maior doque as taxas crescimento dos dois governos Cardoso, que foram de 2,4% e 2,1%,respectivamente. Por outro lado, a taxa mdia de investimento do governo Lula(16,1%) menor que as taxas dos governos Cardoso.No que se refere taxa dedesemprego, apesar da tendncia de queda durante o governo Lula, ela tem semantido em nveis elevados, chegando a ser superior aos nveis observados du-rante o primeiro mandato de Cardoso.

    De um ponto de vista estrutural, o governo Lula recolocou na ordem do diaa continuao do modelo liberal ao implementar a reforma da Previdncia dosservidores pblicos, iniciar o processo de reforma sindical e sinalizar a reformadas leis trabalhistas.

    O governo Lula tem implementado uma srie de medidas para consolidar omodelo liberal perifrico. Elas aumentam a volatilidade da conta de capital e fi-nanceira do balano de pagamentos. Portanto, consolida-se o modelo marcadopela enorme concentrao de riqueza e de renda, as reduzidas taxas de cresci-mento e investimento, a insero internacional passiva e a grande vulnerabilida-de externa estrutural.

    Os efeitos do avano do processo de liberalizao e desregulamentao eco-nmica no se restringem s contas externas e esfera da distribuio. A evi-dncia emprica disponvel aponta para uma perda de eficincia sistmica daeconomia brasileira e um retrocesso institucional durante o governo Lula.

    O fato relevante que o governo Lula reafirmou a poltica econmica her-dada do governo anterior e, apoiado no melhor desempenho conjuntural do se-tor externo, deu novo flego ao modelo, legitimando-o politicamente e soldan-do mais fortemente os interesses das diversas fraes de classes participantes dobloco de poder dominante.

    No captulo 4 discute-se o desempenho da economia brasileira durante o go-verno Lula em perspectiva histrica. As variveis macroeconmicas analisadasso: variao da renda real; hiato de crescimento (diferencial entre a variao darenda no Brasil e no mundo); acumulao de capital (variao da formao bru-ta de capital fixo); inflao (deflator implcito do PIB); fragilidade financeira doEstado (relao dvida interna/PIB); e vulnerabilidade externa (relao dvidaexterna/exportao). O procedimento metodolgico bsico consiste em anali-sar a evoluo temporal de cada uma dessas variveis ao longo da histria daRepblica (1890-2006) e avaliar o desempenho econmico segundo os man-

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    a_LULA_intr_cap1e2 rev:Layout 1 31/10/07 5:05 PM Page 24

  • datos presidenciais.Desde o incio da Repblica, o pas teve 28 presidentes, comtrinta mandatos, visto que at 2006 somente dois (Getlio Vargas e FernandoHenrique Cardoso) tiveram mais de um mandato. O segundo mandato de Lu-la inicia-se em 2007 e no est contemplado na anlise.

    No perodo 1890-2006, a renda real do Brasil cresce taxa mdia anual de4,5%. Durante o governo Lula (2003-2006) a taxa mdia anual de crescimentoreal do PIB de 3,3%, ou seja, inferior a 3/4 da taxa de crescimento de lon-go prazo.No conjunto de trinta mandatos na histria da Repblica, o governoLula est na nona pior posio.Assim, pelos padres histricos brasileiros, o pe-rodo do primeiro mandato de Lula caracteriza-se pelo pfio desempenho docrescimento da renda.

    O hiato de crescimento expressa a diferena entre a taxa de crescimento doPIB brasileiro e a taxa de crescimento do PIB mundial. Ele indica a velocidadecom que o pas est encurtando a diferena entre seu nvel de renda e o nvelmdio da renda mundial. O hiato secular de crescimento da economia brasilei-ra (mdia do perodo 1890-2006) de 1,2%, que o diferencial entre a taxamdia anual de crescimento econmico de longo prazo do Brasil (4,5%) e a ta-xa mdia anual de crescimento de longo prazo da economia mundial (3,2%).No perodo do governo Lula,o hiato mdio anual negativo (-1,5%),pois a eco-nomia brasileira cresce taxa mdia anual de 3,3%, que menor do que a taxade crescimento da economia mundial (4,9%). Levando em conta os mandatospresidenciais, constata-se que o governo Lula ocupa a 27 pior posio. Somen-te outros trs presidentes (Floriano,Collor e Castelo Branco) tiveram desempe-nhos inferiores.A evidncia conclusiva: o Brasil anda para trs durante o go-verno Lula, pois h hiato de crescimento negativo, ou seja, a economia brasilei-ra cresce a taxas significativamente menores do que a economia mundial. Odesempenho de Lula consegue ser pior do que o desempenho dos dois manda-tos de Fernando Henrique Cardoso.

    No que se refere acumulao de capital, a taxa mdia de crescimento realda formao bruta de capital fixo (FBCF) no Brasil de 4,2% no perodo 1890-2006.Durante o governo Lula, a taxa mdia anual de variao da FBCF 3,5%,abaixo da taxa mdia histrica. Comparativamente aos outros presidentes, Lulamostra desempenho insatisfatrio: est na dcima primeira pior posio.

    A taxa mdia de inflao de 15,7% no perodo republicano, se for excludoo perodo de alta inflao (1984-1994), e de 138,4% se esse perodo for consi-

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    a_LULA_intr_cap1e2 rev:Layout 1 31/10/07 5:05 PM Page 25

  • derado. Durante o governo Lula, a taxa mdia de inflao (8,7%) muito infe-rior taxa mdia da histria da Repblica.No resta dvida de que esse gover-no tem sido bem-sucedido no combate inflao. Somente outros onze presi-dentes lograram manter a inflao em nveis inferiores ao da taxa observada em2003-2006.

    Na histria da Repblica, a relao mdia dvida pblica interna/PIB de7,5%. No perodo 2003-2006 a relao dvida interna/PIB mostra tendnciacrescente e atinge o mais alto nvel de endividamento pblico da histria doBrasil (Imprio e Repblica). A relao chega a 45% em 2006. Pelos padreshistricos brasileiros, o governo Lula responsvel pela mais alta relao dvidainterna/PIB da histria do pas.

    A anlise da vulnerabilidade externa concentrou-se na relao dvida exter-na/exportao de bens, tendo em vista as limitaes de dados para um pero-do histrico to longo. A mdia dessa relao de 203% no perodo 1890-2006. Durante o governo Lula essa relao se reduz metade entre 2002(365%) e 2006 (181%). So nmeros bastante significativos e mostram um de-sempenho muito favorvel, permitindo que Lula ocupe a nona melhor posi-o no conjunto dos presidentes. Como discutido no captulo 2, o governoLula tem se beneficiado de uma conjuntura internacional extraordinariamen-te favorvel.

    Os indicadores macroeconmicos mostram que, pelos padres histricosbrasileiros, o governo Lula tem desempenho medocre ou desfavorvel quan-to ao crescimento econmico, ao hiato de crescimento, acumulao de capi-tal e s finanas pblicas. Por outro lado, tem desempenho favorvel no con-trole da inflao e na reduo do nvel de endividamento externo.A aprecia-o geral do desempenho do governo Lula feita com base no ndice deDesempenho Presidencial (IDP).A metodologia de clculo desse ndice apre-sentada no Anexo II.

    O IDP mdio de Lula (43,8) o quarto mais baixo, sendo inferior mdia(57,5) e mediana (58,7) do conjunto de presidentes brasileiros.Ou seja, no quese refere ao desempenho da economia brasileira, Lula o quarto pior presiden-te da histria da Repblica. Somente os governos Sarney, Cardoso (segundomandato) e Collor tm desempenho pior.

    No Anexo III h o clculo dos ndices de desempenho dos governos no pe-rodo republicano com base na tcnica de Anlise de Componentes Principais

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  • (ACP).Os resultados obtidos com aACP confirmam os resultados do IDP. Ade-mais, quando se desconta o efeito da conjuntura econmica internacional aACP mostra que os dois piores desempenhos da histria republicana so o go-verno Cardoso (segundo mandato) e o governo Lula. Ou seja, mesmo modelo,polticas similares, resultados igualmente medocres.

    No captulo 5 investigam-se a natureza e as principais caractersticas da polti-ca social do governo Lula. O principal argumento que essa poltica tem estrei-ta relao com a poltica econmica liberal-ortodoxa, legada pelo governo anteriorcomo uma herana maldita,mas mantida e aprofundada pelo novo governo.

    A viso dominante sobre polticas sociais restringe o tratamento e a anlise dasdesigualdades de riqueza e renda e da pobreza, assim como limita as polticaspblicas ao mbito apenas das classes trabalhadoras e de seus rendimentos. Essaviso, adotada pelo governo Lula, deixa de fora as causas estruturais desses fen-menos, bem como desconsidera os rendimentos do capital, ambos localizados nomago das relaes entre as classes sociais.

    O Banco Mundial a organizao que formulou o conceito restrito de po-breza que passou a ser adotado internacionalmente, bem como props a adoode polticas sociais focalizadas.A sntese do debate sobre polticas sociais univer-sais e polticas sociais focalizadas evidencia a lgica perversa destas ltimas.Taispolticas tm natureza mercantil: concebem a reduo da pobreza como umbom negcio e transformam o cidado portador de direitos e deveres sociaisem consumidor tutelado, por meio da transferncia direta de renda. E a seleo,para que os indivduos e famlias participem desses programas, subordina-se acritrios tcnicos definidos ad hoc, a depender do governo de planto e do ta-manho do ajuste fiscal uma operao ideolgica que despolitiza o conflito dis-tributivo.

    A crtica da poltica social do governo Lula destaca sua estreita relao e com-patibilidade com a poltica econmica praticada.A poltica social a contrafacedo ajuste fiscal, isto , dos elevados supervits primrios definidos desde o se-gundo governo Cardoso e que o governo Lula manteve, estabelecendo metasainda mais elevadas.Na realidade, o contedo da poltica social do governo Lu-la, no essencial, o mesmo da poltica social do governo anterior, apesar dosdiscursos em contrrio, que tentam diferenci-la apresentando-a como umapoltica (supostamente) articulada a medidas de natureza estrutural de combate pobreza.

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  • A poltica social do governo Lula, tal como a sua poltica econmica, tambmde natureza liberal, coerente com o modelo econmico vigente. Serve como po-deroso instrumento de manipulao poltica de uma parcela significativa da so-ciedade brasileira, ao mesmo tempo em que permite um discurso politicamentecorreto.O principal eixo da atual poltica social o Bolsa Famlia, programa queresulta em uma poltica assistencialista, com grande potencial clientelista.

    Essa poltica social combina perfeitamente a flexibilizao e precarizao dotrabalho com programas focalizados e flexveis de combate pobreza. Ambosregidos pela mesma lgica: o curto prazo, o imediatismo inconseqente, inter-venes pontuais e precrias, que, para no se contrapor ordem econmicaneoliberal, subordinam-se ao reino da convenincia, sem mudar e sem intervirnas causas estruturais dos problemas da sociedade brasileira.

    No captulo 6 evidenciam-se a natureza e a composio do atual bloco de po-der dominante, bem como a sua relao orgnica com o modelo liberal perif-rico e com a poltica macroeconmica implementados pelo governo Lula. Este,no fundamental, tem trilhado o mesmo caminho daquele que o precedeu, dan-do nova legitimidade a um modelo econmico e sua poltica macroecon-mica que, do ponto de vista poltico, parecia estar em estado terminal no finaldo segundo governo Cardoso.

    A disputa travada atualmente no Brasil, sobre o nvel da taxa de juro e o ta-manho do supervit fiscal primrio,no se resume apenas melhor forma de ma-nipular, conjunturalmente, o instrumento usual da poltica monetria, ou mes-mo pertinncia ou no de se redefinir o conjunto da poltica macroeconmi-ca. Alm disso, e mais importante, o que est em jogo a mudana oumanuteno do modelo econmico atual, com as suas correspondentes polti-cas macroeconmicas e sociais.A mudana tem como condio prvia, indubi-tavelmente, a derrota poltica do atual bloco de poder dominante.

    O transformismo do governo Lula se expressa no prosseguimento da polti-ca econmica implementada no segundo governo Cardoso, desde a crise cam-bial de janeiro de 1999, e no reforo do modelo dominante. Lula e a aliana po-ltica que o elegeu adaptaram as suas aes, o seu programa e a sua poltica aoslimites da disputa das diversas fraes do capital. Eles mantm em primeiro pla-no os interesses e a poltica econmica do capital financeiro.Na mesma linha dosegundo governo Cardoso,o governo Lula tambm destaca a importncia das ex-portaes para a reduo da vulnerabilidade externa.

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  • Durante o governo Lula assiste-se crise das instituies polticas e de repre-sentao poltica (dos sindicatos e partidos). Essa crise decorre tanto do proces-so objetivo de redefinio da composio da classe trabalhadora como da coop-tao poltico-institucional de parcela importante das direes sindicais e parti-drias.

    A crise de representao fortemente alimentada pelo governo Lula, ao rea-lizar o amlgama entre governo, partido e sindicato, na mais pura tradio stali-nista (fora de lugar) de aparelhamento do Estado e transformao das organi-zaes de massa em correias de transmisso do governo. O comportamentosubserviente da CUT ao governo Lula e a indicao do presidente da entidadepara ocupar o cargo de ministro doTrabalho so exemplos paradigmticos des-se fenmeno.

    No contexto da dominao financeira, o modelo liberal incapaz de incor-porar, mesmo parcialmente, as demandas mais significativas das classes trabalha-doras, especialmente dos seus segmentos organizados. Portanto, resta ao mode-lo articular de forma precria e marginal a massa pauperizada e desorganizada,por meio de polticas sociais focalizadas de carter assistencialista.

    Da a necessidade do governo Lula controlar politicamente os movimentos so-ciais e sindical por meio da cooptao material e ideolgica das suas dire-es. O objetivo reduzir as tenses e impedir a sua autonomia, dificultando, as-sim, as aes de mobilizao e construo de um projeto democrtico-popularalternativo ao do bloco dominante.

    Acentua-se a balcanizao do Estado brasileiro, que expressa a reduo da au-tonomia relativa do Estado frente aos interesses imediatos dos setores dominan-tes. Mais especificamente, as distintas fraes do capital se apoderam abertamentede segmentos do aparelho estatal.

    Com o governo Lula, o capital financeiro mantm o controle sobre o mi-nistrio da Fazenda e o Banco Central, e, entre outros aspectos, exige a inde-pendncia legal deste ltimo pois j a conquistou na prtica.A partir dessasduas instituies, o capital financeiro determina a poltica econmica e con-trola a execuo do Oramento federal, subordinando as aes do Estado nasdemais reas. No limite, se necessrio, ameaa desestabilizar econmica e po-liticamente o pas.

    O agronegcio e os interesses exportadores, por sua vez, apoderam-se do Mi-nistrio da Agricultura e do Ministrio do Desenvolvimento, da Indstria e do

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  • Comrcio Exterior.A partir desses rgos, defendem seus interesses (por exem-plo, conseguiram aprovar a liberao dos transgnicos na agricultura e obtiverammedidas compensatrias para o cmbio valorizado).

    O governo Lula renovou o patrimonialismo e o empreguismo na relao dogoverno com as direes dos partidos que compem a sua base de apoio e comos dirigentes sindicais. Os instrumentos so, principalmente, as diretorias dosfundos de penso das empresas estatais (Previ,Petrus e Funcef) e os conselhos dosbancos oficiais.Cargos pblicos so ocupados por sindicalistas e funcionrios doPartido dos Trabalhadores, com poder de deciso sobre o direcionamento devultosos recursos financeiros.

    No obstante as diferenas, o modus operandi do governo Lula e do PT no significativamente distinto daquele do PSDB. No fundamental, a equao composta pelas mesmas variveis: financiamento das campanhas pelo bloco do-minante, nepotismo e ocupao patrimonialista do Estado, relaes fisiolgi-cas como balizador dos acordos e relaes utilitaristas com os grandes gruposeconmicos.O diferencial o uso funcional das polticas assistencialistas.Ao seagregar o assistencialismo na equao acima, compreende-se o fenmeno dolulismo.

    O captulo 7 destaca as perspectivas para o segundo mandato do governo Lu-la. Est dividido em quatro sees.A primeira aborda o Programa de Acelera-o do Crescimento (PAC) que foi lanado em janeiro de 2007 e inclui diretri-zes gerais para o futuro. O PAC um documento hbrido e, definitivamente,no um plano de desenvolvimento.A seo chama ateno para a ausncia demudanas significativas nas diretrizes estruturais do processo de acumulao decapital fixo e o reforo da dinmica do modelo liberal perifrico.O PAC reve-la, tambm, a ausncia de mudanas significativas no padro de gesto macroe-conmica. No h razes para perspectivas otimistas.

    Na segunda seo discute-se o tema fundamental da distribuio de riquezae renda. O argumento central que a tendncia observada a partir de 1998, demelhora na distribuio pessoal da renda, no reflete mudanas estruturais. Ouseja, a distribuio funcional da renda, que contrape trabalhadores e capitalis-tas, no se altera.O argumento verdadeiro tanto para o governo Cardoso quan-to para o governo Lula. Nessa questo tambm no h perspectivas otimistas.

    O Brasil parece experimentar um processo peculiar em que a melhora da dis-tribuio pessoal da renda (que exclui, em grande medida, juros e lucros), vem

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  • acompanhada de uma piora na distribuio funcional da renda (de um lado, sa-lrios; de outro, juros e lucros).Na ausncia de sinais evidentes de mudanas nopadro de acumulao de capital e na gesto macroeconmica, muito prov-vel que esse processo peculiar continue avanando no futuro prximo.

    A terceira seo trata das perspectivas futuras do Brasil a partir da ptica dosjovens.Para os autores do livro, uma ptica fundamental, visto que tambm so-mos educadores preocupados com o futuro das novas geraes.A evidncia mos-tra que o Brasil tem ndices de violncia muito elevados, e a violncia atinge,principalmente, a populao mais jovem.Houve aumento do consumo de taba-co, bebidas alcolicas, maconha, solventes e cocana no pas no perodo 2001-2005, afetando principalmente os jovens. Nos ltimos anos, tem crescido signi-ficativamente a taxa de desemprego entre eles. H tambm ntida tendncia deaumento do nmero de brasileiros que emigram.Durante o governo Lula atin-ge-se o nvel recorde de emigrantes brasileiros para os Estados Unidos, princi-palmente jovens. No surpreende a evidncia de que os jovens brasileiros este-jam pessimistas em relao ao futuro.

    Na quarta seo chama-se ateno para o fato de que os cenrios otimistas pa-ra o segundo governo Lula (2007-2010) tm em comum a manuteno do con-texto internacional favorvel e das diretrizes da atual poltica macroeconmica:metas de inflao; supervit fiscal primrio; cmbio flutuante; e liberalizao ex-terna. Esses cenrios implicam: taxa de inflao constante; reduo gradual da ta-xa de juro real; manuteno do nvel e do processo de apreciao real do cm-bio; menor grau de restrio dos gastos pblicos de investimento; dficits fiscaisdecrescentes; reduo gradual do supervit das contas de transaes correntes dobalano de pagamentos; reduo dos gargalos setoriais na infra-estrutura fsica;melhoras marginais na situao social; manuteno da governana e da gover-nabilidade; continuidade e consolidao do bloco dominante; e estabilidade domodelo liberal perifrico.

    A distino fundamental entre os cenrios econmicos otimistas reflete, fun-damentalmente, diferenas quanto evoluo da economia mundial, da taxa deinvestimento da economia brasileira e das restries na infra-estrutura. Estas soincertezas crticas, cujo comportamento futuro pode no corresponder s hip-teses dos cenrios otimistas.Ademais, h outras incertezas crticas que so des-prezadas pelos otimistas como, por exemplo, governana, governabilidade, ro-bustez institucional e coeso do bloco dominante.

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  • O captulo termina mostrando que,no incio do segundo governo Lula, pros-segue o processo de desarticulao dos campos poltico-ideolgicos, com a ocor-rncia de mais uma srie de escndalos envolvendo a base de sustentao do go-verno e o Congresso Nacional.A pequena poltica predomina cada vez mais.

    Do ponto de vista econmico, o pas parece viver mais um miniciclo de oti-mismo. Mesmo no interior das correntes crticas, o debate e a ao poltica ten-dem a se restringir fiscalizao da implementao do PAC, possibilidade seobter maiores taxas de crescimento e dinmica da relao entre a taxa de juroe o cmbio. Portanto, o questionamento do modelo liberal perifrico e, conse-qentemente, do bloco de poder dominante continua, no essencial, ausente doprocesso poltico em curso. Em que pese os sinais de descontentamento e mo-bilizao de alguns segmentos do movimento social, estes esto circunscritos, es-sencialmente, ao plano econmico-corporativo.

    A eventual reverso da atual conjuntura internacional ter impactos decisivossobre a dinmica da economia brasileira. Essa mudana ter um efeito desesta-bilizador tanto maior quanto mais frgil for a insero internacional de cada pas.Se e quando isso ocorrer, qualquer que venha a ser o futuro governante do Bra-sil, as fragilidades do pas reaparecero com toda a fora, evidenciando mais umavez os limites estruturais do modelo liberal perifrico e da sua poltica macroe-conmica.

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  • Contexto internacional

    A economia brasileira marcada por forte vulnerabilidade externa nas esferasmonetrio-financeira, produtivo-real, tecnolgica e comercial.Esta tem sido,his-toricamente, a principal restrio estrutural ao nosso processo de desenvolvi-mento econmico. O pas tem baixa capacidade de resistncia a presses, fato-res desestabilizadores e choques externos; ademais, os processos de ajuste a essesfenmenos implicam alto custo para a sociedade.A conseqncia imediata queas estratgias e polticas econmicas, bem como o desempenho da economia,so determinados, em grande medida, pelo contexto internacional.

    Se, por um lado, verdade que o Brasil tem elevada vulnerabilidade externaestrutural, por outro, tambm verdade que h algum grau de liberdade nas es-tratgias e polticas de ajuste. Portanto, conjunturas externas desfavorveis nosignificam,necessariamente, um fraco desempenho da economia brasileira.Nes-se caso funciona o mecanismo desafio-resposta: frente a incertezas, riscos e cus-tos impostos pela situao internacional, os grupos dirigentes, por razes diver-sas (inclusive a prpria sobrevivncia poltica), adotam polticas de ajuste pr-ati-vas e eficazes.

    H exemplos histricos relevantes. No primeiro governoVargas, para se pro-teger dos efeitos causados pela Grande Depresso de 1929 e que se estenderampela dcada de 1930, os grupos dirigentes implementaram estratgias e polticasque representaram uma ruptura com o modelo herdado da Primeira Repbli-ca. No conjunto das medidas mais importantes, vale destacar a renegociao dadvida externa e o impulso industrializao. Exemplo mais recente o do go-verno Geisel, que por meio do II Plano Nacional de Desenvolvimento, em 1974,tambm permitiu melhorar qualitativamente a economia brasileira, a fim de re-duzir sua vulnerabilidade externa, principalmente, nas esferas comercial, produ-tivo-real e tecnolgica.No entanto, no caso do governo Geisel houve srio er-ro estratgico: parte do financiamento da acumulao de capital foi baseada noendividamento externo. Isso implicou o aumento da vulnerabilidade externa fi-

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  • nanceira do pas, que ficou evidente quando a crise da dvida externa eclodiu em1982.

    O principal objetivo deste captulo analisar o contexto internacional no pe-rodo ps-2002.Trata-se de examinar a situao econmica internacional que,em suas diferentes esferas, define as condies externas que afetam a dinmica daeconomia brasileira. Esta dinmica abrange as estratgias, as polticas e o prpriodesempenho da economia nacional.

    O ponto de partida da anlise que a conjuntura internacional tem sido par-ticularmente favorvel desde 2003. Muitos especialistas identificam esse fen-meno como umchoque externo positivo.Mas, independentemente das qua-lificaes, o fato que a situao econmica internacional tem sido muito fa-vorvel em todas as esferas das relaes econmicas internacionais, ou seja, nasesferas comercial, produtivo-real, tecnolgica e monetrio-financeira.

    O captulo est dividido em trs sees. Na primeira apresenta-se evidnciaemprica conclusiva a respeito da expanso da economia mundial desde 2003.Aevidncia abarca as esferas mencionadas acima, com o exame de indicadores es-pecficos para cada uma delas.

    Na segunda seo analisa-se a vulnerabilidade externa da economia brasilei-ra no perodo 2003-2006, considerando as condies internacionais.O contex-to internacional favorvel tem permitido um progresso generalizado nos indi-cadores de vulnerabilidade externa conjuntural dos pases, inclusive aqueles comelevada vulnerabilidade externa estrutural da frica e daAmrica Latina.O Bra-sil no exceo. Portanto, cabe analisar em que medida os indicadores de vul-nerabilidade externa conjuntural do Brasil melhoram vis--vis os indicadores doresto do mundo. Como houve progresso generalizado, a discusso relevante saber se o Brasil tem avano relativo. O argumento central desta seo que,durante o governo Lula a melhora foi determinada exogenamente; em termoscomparativos, no se alterou a vulnerabilidade externa do pas.

    Considerando que o atual processo de expanso da economia mundial deve-r sofrer reverso em algum momento no futuro, fundamental identificar osavanos relativos. estreito e tecnicamente frgil focar a anlise exclusivamentena evoluo de indicadores brasileiros sem considerar o contexto internacional.Subjacente ao enfoque proposto neste captulo est a seguinte percepo lgi-ca: os pases que no obtm melhoras relativas na fase ascendente do ciclo in-ternacional so aqueles que, ceteris paribus, tm mais chances de ser afetados por

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  • fatores desestabilizadores externos na fase descendente do ciclo. Este parece sero caso do Brasil, pois os indicadores de vulnerabilidade externa comparada nomostram tendncia de evoluo favorvel durante o governo Lula.

    A ltima seo apresenta a sntese da evidncia emprica e das principais con-cluses do captulo.

    O Quadro 1.1 resume os distintos conceitos de vulnerabilidade externa usa-dos neste captulo e nos seguintes.

    Quadro 1.1

    Vulnerabilidade externa: Conceitos

    Vulnerabilidade externa a capacidade de resistncia a presses, fatores desestabili-zadores e choques externos.

    Vulnerabilidade externa conjuntural determinada pelas opes e custos do processode ajuste externo. A vulnerabilidade externa conjuntural depende positivamente das op-es disponveis e negativamente dos custos do ajuste externo. Ela , essencialmente,um fenmeno de curto prazo.

    Vulnerabilidade externa estrutural decorre das mudanas relativas ao padro de co-mrcio, da eficincia do aparelho produtivo, do dinamismo tecnolgico e da robustezdo sistema financeiro nacional. A vulnerabilidade externa estrutural determinada, prin-cipalmente, pelos processos de desregulamentao e liberalizao nas esferas comer-cial, produtivo-real, tecnolgica emonetrio-financeira das relaes econmicas inter-nacionais do pas. Ela , fundamentalmente, um fenmeno de longo prazo.

    Vulnerabilidade externa comparada dada pelo desempenho externo relativo de deter-minado pas comparativamente ao desempenho externo relativo de outros pases. Elaexpressa a comparao entre pases do diferencial relativo de indicadores de inseroeconmica internacional.

    Fonte: Elaborao prpria.

    1. Ciclo internacional favorvelNesta seo apresenta-se evidncia emprica a respeito da evoluo da eco-nomia mundial nas esferas produtivo-real, comercial, monetrio-financeira etecnolgica.

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  • 1.1 Esfera produtivo-realA taxa secular de crescimento real da renda mundial taxa mdia no perodo1890-2006 3,2%, e no mesmo perodo a mediana das taxas de crescimentoanual 3,8%.Durante o governo Lula (2003-2006) a taxa mdia de crescimen-to real da renda mundial foi de 4,9%. Portanto, na esfera produtivo-real, a eco-nomia mundial tem tido, no perodo 2003-2006, um desempenho muito supe-rior sua mdia e mediana desde 1890. Ou seja, o contexto internacional temsido muito favorvel: no perodo 2003-2006, a taxa de crescimento econmicoreal foi 50% maior do que a mdia histrica. Com a taxa secular, a economiamundial duplicava a renda mundial em 22 anos, enquanto com a taxa mdia doperodo 2003-2006 a duplicao ocorre em 14 anos.

    Conjuntura econmica to favorvel j ocorreu em outros momentos hist-ricos: segunda metade da dcada de 1920; segunda metade da dcada de 1930;Segunda Guerra Mundial; incio da dcada de 1950 at o final da de 1970; e demeados da dcada de 1990 at o momento atual. O comportamento cclico daeconomia mundial mostrado no Grfico 1.1.

    Grfico 1.1

    PIB mundial, var. %, mdia mvel quadrienal: 1890-2006

    Fonte: Maddison (1991, Tabela 4.7) e FMI,World Economic Outlook, Database.

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    2002

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  • Quando se considera a ampliao da capacidade produtiva, tambm fica evi-dente o dinamismo da esfera produtivo-real.O crescimento robusto na medi-da em que a taxa de investimento na economia mundial cresceu continuamen-te a partir de 2003, como mostra o Grfico 1.2. Esta taxa aumenta de 20,8% em2002 para 22,8% em 2006.O grfico mostra, ainda, a forte correlao entre a ta-xa de crescimento do PIB e a taxa de investimento na economia mundial, bemcomo a tendncia de elevao dessas taxas a partir, principalmente, de 2003.

    Grfico 1.2

    PIB e investimento na economia mundial: 1999-2006

    Fonte: FMI,World Economic Outlook, Database.

    A expanso da produo e da renda gera volumes crescentes de excedenteeconmico que so usados para expandir a capacidade global de produo.Tra-ta-se, de fato, do avano do processo de globalizao produtivo-real. Portanto, aelevao do volume de investimentos no expressa somente o dinamismo daseconomias domsticas. A evidncia apresentada no Grfico 1.3 aponta para ocrescimento do investimento externo direto a partir de 2003 e sua forte relaocom a taxa mdia de investimento da economia mundial. Portanto, o processode acumulao de capital tambm ocorre em escala global por meio do avanodo processo de internacionalizao da produo via compra de ativos produti-vos no exterior, principalmente, por parte das grandes empresas internacionais(empresas transnacionais).

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    PIB, var. % Investimento (% do PIB)

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  • Grfico 1.3

    Taxa de investimento e investimento externo direto: 1999-2006

    Fonte: UNCTAD-WIR (2006).

    H inmeras causas do atual ciclo de expanso da economia mundial.A maisimportante refere-se ao dinamismo das locomotivasdo sistema econmico in-ternacional, a saber, Estados Unidos e China.

    Os Estados Unidos tm tido crescimento mdio real do PIB de 3,2% no pe-rodo 2003-2006, prximo da sua taxa mdia secular (3,3%).No entanto, o efei-to locomotiva dos Estados Unidos, que responde por 20% do PIB mundial(conceito paridade do poder de compra, PPP), decorre da natureza das suas po-lticas macroeconmicas e do seu impacto sobre o restante da economia mun-dial. No perodo em questo, as polticas monetria e fiscal tm sido expansio-nistas, embora a tendncia tenha sido reduzir o grau de expansionismo dessas po-lticas. Em 2001-2002, a economia dos Estados Unidos teve fraco desempenho.Havia riscos de profundo ciclo recessivo.O governo, ento, por meio de polti-cas expansionistas, decidiu retirar a economia dessa trajetria. Isto significou, naprtica, a reduo da taxa de juro e o aumento dos gastos pblicos.

    A taxa de juro bsica nos Estados Unidos foi reduzida do nvel mdio de 6,4%em 2000 e chegou a 1% em 2003. Os gastos pblicos cresceram: o saldo fiscaldo governo central (como proporo do PIB) saiu do supervit de 2,0% em2000 para o dficit de 4,8% em 2003.Revertido o ciclo recessivo de 2001-2002,a taxa de juro aumentou continuamente a partir de 2003 at chegar a 5% em

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    Investimento (% do PIB) Investimento externo direto, entradas US$ bilhes

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  • 2006.O dficit fiscal do governo central reduziu-se para 2,6% em 2006.Por ou-tro lado, a relao entre a dvida pblica lquida (governo central) e o PIB au-mentou de 41,1% em 2003 para 43,4% em 2006.

    O efeito locomotiva dos Estados Unidos se transmite internacionalmentepor meio do dficit das contas de transaes correntes do balano de pagamen-tos do pas. Esse dficit aumentou continuamente, de US$ 472 bilhes em 2002para US$ 857 bilhes em 2006. Como proporo do PIB, o dficit passou de4,5% em 2002 para 6,5% em 2006. Ele tem um efeito multiplicador no des-prezvel sobre o conjunto da economia mundial.

    Alm das polticas macroeconmicas expansionistas, a dinmica da economiaestadunidense tambm tem sido determinada, na esfera financeira, pelo efeitoriqueza. Esse efeito provocado pela elevao dos preos das aes e dos ati-vos reais (imveis). O aumento desse tipo de riqueza induz maiores gastos deconsumo e investimentos na economia estadunidense.

    A taxa de investimento nos Estados Unidos mostra ntida tendncia de alta noperodo 2003-2006. Essa taxa aumenta continuamente de 18,4% em 2003 para20,0% em 2006. O aumento do investimento, por seu turno, expressa o dinamis-mo tecnolgico estadunidense, principalmente na indstria de computadores. Osavanos nessa indstria tm se disseminado pelo conjunto da economia, e uma dasconseqncias o aumento de produtividade,que permite o aumento da produocom menor intensidade no uso de fatores de produo, especialmente o trabalho.

    O efeito locomotiva da China decorre, fundamentalmente, da sua veloci-dade e do seu crescente peso relativo na economia mundial.Atualmente, a eco-nomia chinesa responde por 15% do PIB (PPP) mundial. No perodo 2003-2006, a economia chinesa cresceu taxa mdia anual de 10,3%.Vale destacarque as taxas anuais so continuamente crescentes no perodo. Em 2003, a taxafoi de 10,0%; em 2006, chegou a 10,7%.

    O principal fator determinante da expanso chinesa a elevada taxa de in-vestimento, que tem crescido continuamente nos ltimos anos.A relao mdiaentre a formao bruta de capital fixo e o PIB de 40%.O dinamismo da eco-nomia chinesa decorre, ainda, da sua enorme competitividade internacional.

    No que se refere aos pases desenvolvidos da Europa e ao Japo, as polticas fis-cais e monetrias expansionistas tambm tm provocado melhora no desempe-nho econmico em 2003-2006 comparativamente ao desempenho observado nadcada de 1990.

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  • A expanso das locomotivas tambm tem se transmitido internacionalmentepor meio do comrcio.A exportao tem sido importante fonte de expanso darenda, principalmente, em pases da sia. Um dos destaques a ndia, que temtido elevadas taxas de crescimento econmico nos ltimos anos.

    Na realidade, a expanso do comrcio mundial , ao mesmo tempo, causa econseqncia da expanso da produo. O crescimento da demanda por im-portaes, principalmente, dos Estados Unidos e da China, tem sido importan-te fonte de expanso das exportaes e, portanto, da renda em escala global.

    A economia mundial tem tido elevadas taxas de crescimento com taxas rela-tivamente baixas de inflao, como mostra o Grfico 1.4.De fato, h importan-tes transformaes estruturais que tm tido impacto global (Filgueiras, 2003, cap.1). O aumento da produtividade, o acirramento da concorrncia internacional,a liberalizao comercial e financeira, a desregulamentao do mercado de tra-balho e os fluxos migratrios tm sido os fatores determinantes da reduzida pres-so inflacionria nos ltimos anos.

    Grfico 1.4

    Inflao mdia mundial, IPC (%): 1999-2006

    Fonte: FMI,World Economic Outlook, Database.

    A taxa mdia de inflao mundial (preos ao consumidor) se estabilizou emtorno da mdia de 3,7% no perodo 2003-2006.No caso dos pases desenvolvi-dos, a taxa mdia de inflao tem sido da ordem de 1,9%, enquanto para os pa-

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    Pases em desenvolvimento, mdia

    Pases em desenvolvimento, mediana

    Pases desenvolvidos, mdia (eixo da direita)

    a_LULA_intr_cap1e2 rev:Layout 1 31/10/07 5:05 PM Page 40

  • ses em desenvolvimento as mdias e as medianas das taxas de inflao tm osci-lado em torno de 5,5%. Essa estabilidade ocorre apesar da significativa elevaodos preos das commodities internacionais a partir de 2003.

    1.2 Esfera comercialA atual fase ascendente do ciclo da economia mundial caracteriza-se pelo cres-cimento do volume de comrcio exterior e pela elevao dos preos interna-cionais, como mostra o Grfico 1.5.De fato, acelerou-se o processo de interna-cionalizao da produo via comrcio mundial, pois o crescimento real das ex-portaes superior ao crescimento real do PIB mundial em todos os anos doperodo em questo.

    Grfico 1.5

    Comrcio mundial de bens, var. %: 1999-2006

    Fonte: FMI,World Economic Outlook, Database.

    A presso dos preos internacionais no desprezvel, especialmente no casodo petrleo e de outras commodities, como mostra o Grfico 1.6. No perodo2003-2006 o petrleo acumula elevao de preos superior a 150%, enquantoas outras commodities acumulam aumentos de preos de 80%.A acelerao dospreos internacionais abrange tambm os manufaturados, que acumularam au-mentos de preos de 35% no perodo em questo.

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    Volume Preos US$ PIB, var. %

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  • Grfico 1.6

    Preos internacionais, var. %: 1999-2006

    Fonte: FMI,World Economic Outlook, Database.

    O determinante mais importante da elevao dos preos internacionais temsido a presso de demanda decorrente das elevadas taxas de crescimento da ren-da.Ademais, cabe destacar a crescente importncia da China na economia mun-dial e sua demanda por matrias-primas e produtos agrcolas. Em 2005, a Chi-na foi responsvel por 7,3% do valor das exportaes mundiais de bens (tercei-ro lugar, depois da Alemanha e dos Estados Unidos) e 6,1% do valor dasimportaes mundiais de bens. Ou seja, ao se tornar um pas grande, as taxasextraordinariamente elevadas de investimento e crescimento econmico chine-sas exigem volumes crescentes de insumos principalmente, produtos primrios que so comprados no mercado internacional.

    Naturalmente, h fatores especficos que explicam o comportamento dos pre-os internacionais de cada uma das commodities. Por exemplo, no caso do petrleoh inmeras incertezas crticas que, de uma forma ou de outra, afetaram ou conti-nuam a influenciar a formao de preos desta commodity.Entre estes fatores podemser destacados: presso de demanda (Estados Unidos e China); conflito na Rssia;guerra no Iraque; sabotagem naVenezuela e na Nigria; risco de sabotagem naAr-bia Saudita; apreciao do dlar; especulao; estoques baixos nos pases consumi-dores; baixa capacidade ociosa; atuao da OPEP; e catstrofes naturais.

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    Manufaturados Petrleo Commodities, excl. petrleo

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  • 1.3 Esfera monetrio-financeiraO dinamismo da economia mundial gerou aumento do excedente econmico,que se materializou na expanso dos investimentos em escala global.No entan-to, esse excedente tambm se orienta para aplicaes financeiras internacionais.Tm crescido o nvel de liquidez internacional (quantidade de ativos monet-rios) e a quantidade de ativos financeiros negociados internacionalmente.

    O fator determinante do aumento da liquidez internacional , sem dvida, ochamado dficit gmeo dos Estados Unidos, ou seja, o dficit das contas ex-ternas e o dficit das contas pblicas.O resultado que o restante da economiamundial encontra-se frente a uma situao de excesso de dlares. No poroutra razo que, por exemplo, o dlar se desvalorizou 30% em relao ao euroentre 2002 e 2006.De fato, a contrapartida do aumento do dficit de transaescorrentes dos Estados Unidos a diminuio deste mesmo dficit no resto domundo, como mostra o Grfico 1.7.

    Grfico 1.7

    Dficit na conta corrente do balano de pagamentos, % do PIB: 1997-2006

    Fonte: FMI,World Economic Outlook, Database.

    A evidncia da expanso da liquidez internacional dada pelo volume de re-servas internacionais mundiais. Essas reservas mais do que duplicam entre 2002e 2006: passam de US$ 2,4 trilhes no final de 2002 para US$ 4,9 trilhes em2006, como mostra o Grfico 1.8.A relao entre as reservas internacionais e oPIB mundial aumentou continuamente, de 10,9% em 2002 para 14,1% em 2006.

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    Mdia mundial Estados Unidos

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  • Grfico 1.8

    Reservas internacionais: 1999-2006

    Fonte: FMI,World Economic Outlook, Database.

    A conjuntura financeira internacional especialmente favorvel para os pases emdesenvolvimento que tm problemas estruturais de vulnerabilidade externa.A me-lhora dos indicadores de vulnerabilidade financeira externa generalizada e con-tnua ao longo do perodo 2003-2006. O saldo da conta corrente do balano depagamentos desses pases aumenta de US$ 77 bilhes em 2002 para US$ 544 bi-lhes em 2006, como mostra o Grfico 1.9.A melhora do saldo global das contasexternas permitiu que as reservas internacionais desses pases praticamente tripli-cassem, passando de US$ 1.075 bilhes em 2002 para US$ 3.019 bilhes em 2006.

    Grfico 1.9

    Pases em desenvolvimento, contas externas (US$ bilhes): 1999-2006

    Fonte: FMI,World Economic Outlook, Database.

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    Saldo em conta corrente do balano de pagamentosReservas internacionais

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  • Indicadores relativos tambm apontam para a reduo da vulnerabilidade fi-nanceira conjuntural dos pases em desenvolvimento, como mostra o Grfico1.10.A relao entre as reservas internacionais e as importaes de bens e servi-os aumenta de 55,3% em 2002 para 71,4% em 2006.Ademais, verifica-se sig-nificativo processo de desendividamento externo ao longo do perodo.A rela-o entre a dvida externa e a exportao de bens e servios reduziu-se de 119%em 2002 para 67% em 2006.Vale destacar que essas tendncias abarcam movi-mentos contnuos dos indicadores ao longo do perodo em questo.

    Grfico 1.10

    Pases em desenvolvimento, indicadores das contas externas (%): 1999-2006

    Fonte: FMI,World Economic Outlook, Database.

    A melhora dos indicadores tem como conseqncia a reduo da percepode risco a respeito dos pases em desenvolvimento.A queda do risco-pas ge-neralizada. O indicador mais evidente desse processo o spread dos ttulos dospases em desenvolvimento negociados no mercado financeiro internacional.Ospread o diferencial entre a taxas de juros efetivas dos ttulos desses pases e astaxas dos ttulos correspondentes emitidos pelo governo dos Estados Unidos.Apartir de 2003 h queda praticamente contnua dos spreads do conjunto dos cha-mados mercados emergentes, como mostra o Grfico 1.11. Essa queda tambmocorre nos pases daAmrica Latina que, de modo geral, so considerados de al-to risco, inclusive o Brasil.

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    Reservas internacionais / Importaes de bens e servios (%)Dvida externa / Exportaes de bens e servios (%)

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  • Grfico 1.11

    Spreads dos ttulos dos mercados emergentes: 1998-2006

    Fonte: JP Morgan.

    Os indicadores acima mostram,de forma conclusiva, que a situao econmicainternacional na esfera monetrio-financeira tambm tem sido muito favorvel,principalmente, para os pases em desenvolvimento.

    1.4 Esfera tecnolgicaO progresso tcnico, ancorado nas indstrias de informtica e telecomunicaes,continua a ser fator determinante na trajetria de crescimento de longo prazo daeconomia mundial.Os indicadores mostrados no Grfico 1.12 envolvem aplicaesde patentes, pagamentos de royalties e licenas, e gastos com pesquisa e desenvolvi-mento tecnolgico.Ainda que tais indicadores no sejam to robustos, a evidnciadisponvel aponta para a continuao do dinamismo tecnolgico.

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    Spread - EMBI Spread - EMBI Amrica Latina

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  • Grfico 1.12

    Indicadores de progresso tcnico: 1999-2005

    Fonte: Banco Mundial.World Development Indicators Online.

    2. Vulnerabilidade externaA anlise da seo anterior apresenta evidncia conclusiva acerca da conjunturaeconmica internacional extraordinariamente favorvel a partir de 2003. Essasituao abarca todas as esferas das relaes econmicas internacionais. A evi-dncia tambm assinala a melhora generalizada da situao econmica dos pa-ses em desenvolvimento, especialmente no que diz respeito aos indicadores deinsero no sistema econmico internacional. Mais especificamente, a atual fa-se ascendente do ciclo da economia internacional tem causado a melhora dos in-dicadores conjunturais de vulnerabilidade externa dos pases em desenvolvi-mento.

    A questo da vulnerabilidade externa fundamental para se entender a evo-luo da economia brasileira (Carcanholo, 2005).Os temas do padro de inser-o internacional e da vulnerabilidade externa estrutural do Brasil so analisa-dos em maiores detalhes no captulo 2. Nesta seo, avalia-se a vulnerabilidadeexterna do Brasil comparativamente do resto do mundo.O perodo de anli-se 1995-2006,pois se pretende, tambm, fazer a anlise comparativa entre o go-verno Lula e o governo Cardoso. Durante o governo Lula h progresso nos in-dicadores de vulnerabilidade externa conjuntural da economia brasileira.Na rea-lidade, vale ressaltar, esse progresso tambm acontece no conjunto da economiamundial. O argumento central desta seo que, quando se descontam os efei-tos da conjuntura internacional extraordinariamente favorvel, chega-se con-

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    Patentes aplicaes, residentesRoyalties e licenas, pagamentos(US$ milhes)Pesquisa e desenvolvimento, gastos (% PIB)

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  • cluso que a vulnerabilidade externa da economia brasileira no perodo 2003-2006 no menor do que no perodo 1995-2002.

    2.1 Vulnerabilidade externa comparadaA vulnerabilidade externa a capacidade de resistncia a presses, fatores desesta-bilizadores e choques externos.A vulnerabilidade externa conjuntural determina-da pelas opes e custos do processo de ajuste externo.A vulnerabilidade externaconjuntural depende positivamente das opes disponveis e negativamente doscustos do ajuste externo. Ela , essencialmente, um fenmeno de curto prazo.Avulnerabilidade externa comparada dada pelo desempenho externo relativo de de-terminado pas, comparativamente ao desempenho externo relativo de outrospases. Ela expressa a comparao entre pases do diferencial relativo de indica-dores de insero econmica internacional.

    Em raros momentos da histria republicana a economia brasileira defrontou-se com uma conjuntura internacional to favorvel quanto aquela que se iniciouem 2003. Somente nos mandatos de Caf Filho (1955), Castelo Branco (1964-66) e Garrastazu Mdici (1970-73) a conjuntura internacional foi mais favor-vel do que no governo Lula, como mostra o Grfico 1.13.Nesse grfico, a taxamdia de crescimento do PIB mundial nos perodos de mandato presidencial usada como referncia para o dinamismo da economia internacional.

    Grfico 1.13

    PIB mundial, var. % segundo o mandato presidencial: 1890-2006

    Fonte: Elaborao prpria. Ver Anexo II.

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    RodriguesAlves

    Sarney

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    CostaeSilva

    Vargas

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    Goulart

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    CasteloBran

    co

    CafFilho

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  • A conjuntura econmica internacional foi menos favorvel durante o gover-no Cardoso do que durante o governo Lula.A taxa mdia anual de crescimen-to do PIB mundial foi de 3,7% em 1995-98, 3,5% em 1999-2002 e 4,9% em2003-2006.Nesses trs momentos, as taxas foram superiores taxa secular (1890-2006) de crescimento da economia mundial (3,2%).No que se refere ao pero-do 1995-2002, houve fatores desestabilizadores externos que afetaram negativa-mente o Brasil.No entanto, pases em desenvolvimento, que sofreram os efeitosdesses mesmos fatores, apresen