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DIREITO CONSTITUCIONAL I, RESUMO DA DISCIPLINA. FACULDADE MAURICIO DE NASSAUTRANSCRIPT
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Curso de Direito (4ª Fase Noturno) Prof MSc Alfredo dos Reis
Disciplina: Direito Constitucional II www.alfredodosreis.net.br
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA : DIREITO CONSTITUCIONAL II
4ª FASE (noturno)
PROFº MSC ALFREDO DOS REIS
Resumo II : Repartição de Competência
TERRA BRASILIS – Araras Brasileiras
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2 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
2.1 Conceito
A autonomia das entidades federativas pressupõe repartição de
competências legislativas, administrativas e tributárias.
A própria Constituição Federal estabelece as matérias próprias de
cada um dos entes federativos, União, Estados-membros, Distrito Federal
e municípios, e a partir disso, poderá acentuar a centralização de poder,
ora na própria Federação, ora nos Estados-membros.
Para José Afonso da Silva:
Competências são assim as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para realizar as suas funções. [...] consiste na esfera delimitada de poder que se outorga a um órgão ou entidade estatal, mediante a especificação de matérias sobre as quais se exerce o poder de governo.
2.2 Princípios da repartição de competências
- imprescindibilidade das competências da União
Como a ideia básica de Federação é a de que Estados independentes
abrem mão de sua soberania e se unem, entregando-a ao Estado Federal
formado por todos eles, mas permanecendo os Estados-membros com
autonomia política, a regra da repartição de competências é a de que os
Estados-membros devem ter o máximo de competências que possam
reter, entregando-se à União apenas aquelas que sejam imprescindíveis à
manutenção do próprio Estado Federal. Ou seja: quem tem mais
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competências, em tese, é o Estado-membro. Podemos nomear esse
princípio de "imprescindibilidade das competências da União".
É por isso que vemos em outras federações, como, p.ex., a dos
Estados Unidos da América, que há crimes em determinados Estados que
não são crimes em outros, alguns adotam a pena de morte, outros a
rechaçam, enfim, é justamente essa descentralização a pedra de toque
das federações. Aliás, fica claro para os cidadãos desses países que a
federação é horizontal, sem uma subordinação hierárquica dos Estados
em relação à União.
Nosso país, por questões histórico-políticas, se caracteriza por forte
centralização de competências na União, o que dá à população uma
impressão (falsa) de que ela é superior aos Estados-membros. Mas o
sistema de repartição de competências mantém intacto (formalmente e
em tese) o princípio federativo de que à União são atribuídas apenas as
competências indispensáveis ao interesse de toda nação.
- predominância do interesse
O princípio geral que norteia a repartição de competência entre as
entidades componentes do Estado Federal é o da predominância do
interesse, que assim se manifesta:
ENTE FEDERATIVO INTERESSE
União Geral
Estados-membros Regional
Municípios Local
Distrito Federal Regional + Local1
1 Exceção art 22, XVII
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Assim, pelo princípio da predominância do interesse, à União
caberá aquelas matérias e questões de predominância do interesse geral
ao passo que aos Estados referem-se as matérias de predominante
interesse regional, e aos municípios concernem os assuntos de interesse
local.
Segundo Moraes (2008), o constituinte adotou o referido princípio
estabelecendo quatro pontos básicos para a divisão de competências
administrativas e legislativas:
1. Reserva de campos específicos de competência
administrativa e legislativa:
União - Poderes enumerados (CF, arts. 21 e 22)
Estados - Poderes remanescentes (CF, art. 25, § 1.°)
Município - Poderes enumerados (CF, art. 30)
Distrito Federal - Estados + Municípios (CF, art. 32, § 1.°) (1)
2. Possibilidade de delegação
(CF, art. 22, parágrafo único) - Lei complementar federal poderá
autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias de
competência privativa da União.
3. Áreas comuns de atuação administrativa paralela (CF, art.
23)
4. Áreas de atuação legislativa concorrentes (CF, art. 24)
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3 CLASSIFICAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS
3.1 Competência Legislativa e Administrativa
- Legislativa: são atribuições para que as entidades estabeleçam
normas, criando seu ordenamento jurídico próprio (parcial) componente
da ordem jurídica nacional.
- Administrativa: conferem às entidades o dever-poder de prestar
serviços públicos, de atuar concretamente na realização das finalidades
estatais. São todas as competências não-legislativas, comumente
chamadas materiais ou concretas (como que em oposição às normativas,
que seriam abstratas).
3.2 Mecanismos de repartição
Analisando a predominância do interesse que cada unidade teria, o
constituinte determinou que:
a) algumas competências deveriam ser dadas apenas a uma
entidade, porque tamanho é seu interesse que exclui as demais -
EXCLUSIVAS / PRIVATIVAS;
b) outras atribuições considerou de interesse igualmente comum
entre todas, conferindo-as a todas as entidades, indistintamente -
COMUNS;
c) há competências que deveriam ser compartilhadas entre a União e
os Estados (e o Distrito Federal), delimitando especificamente o
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campo de atuação de cada um dentro do mesmo assunto -
CONCORRENTES.
Esses são os três tipos de mecanismos utilizados para repartir as
competências, sejam legislativas ou administrativas, da seguinte forma:
a) competências EXCLUSIVAS / PRIVATIVAS: arts. 21, 22, 25, 30,
além de outros - podem ser legislativas ou administrativas;
b) competências COMUNS, art. 23 - são administrativas;
c) competências CONCORRENTES, art. 24 - são legislativas.
Neste ponto, é importante ressaltar que há normas distribuindo
competências ao longo de toda a Constituição, e não apenas no Título III.
Este concentra o núcleo das normas sobre o assunto nos arts. 21 a 25 e
30, mas sem exaurir a matéria. Também conferem competência, para
exemplificar, os arts. 153 ao 156, elencando os impostos das diversas
entidades, assim como o art. 182, que determina que os Municípios com
mais de vinte mil habitantes deverão fazer a lei do plano diretor, e tantos
outros espalhados pelo Texto, sempre se encaixando num dos três
mecanismos.
3.3 A terminologia exclusiva ou privativa
O mecanismo "a" do item anterior, que chamamos de
exclusivas/privativas, reparte as competências entre as unidades de
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maneira exclusivista, quer dizer, atribui-se a competência a uma esfera -
União, Estados ou Municípios - excluindo as demais.
A utilização de dois nomes para designar o mecanismo advém de
que ele pode ser desdobrado em dois tipos, sempre caracterizados pela
forma excludente de atuação, os quais são as competências:
a) EXCLUSIVAS - INDELEGÁVEIS;
b) PRIVATIVAS - DELEGÁVEIS, da forma prescrita na Constituição.
Ambas são competências próprias e excludentes, mas umas não
admitem delegação, enquanto as outras a admitem.
Como regra, as competências são exclusivas-indelegáveis. Apenas
excepcionalmente, na hipótese do art. 22, nas competências legislativas
da União lá expressas, as competências são privativas-delegáveis.
Ao longo dos arts. 21 a 25 e 30, ou seja, no "núcleo" da repartição
de competências, em nenhum momento se designa alguma competência
como sendo exclusiva. Além dos mecanismos de competências comuns e
concorrentes, apenas se fala "compete à União" ou "são reservadas aos
Estados as competências (...)" ou "compete ao Município". A competência
privativa é que é expressa no caput do art. 22, que vem a ser o único
artigo cujas matérias (legislativas) são delegáveis, por força de seu
parágrafo único.
Foi a elaboração doutrinária que designou de exclusivas as
competências indelegáveis, em contraposição às privativas, delegáveis.
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Mas isso vale unicamente para esse "núcleo" do Título III. Em
diversas outras passagens, a Constituição fala em competência privativa
ou exclusiva, ou, ainda, iniciativa privativa de apresentação de projetos
de lei, e nesses lugares, a palavra privativa não implica delegação. Pelo
contrário, são privativos e indelegáveis.
Os arts. 49, 51 e 52 estabelecem, respectivamente, as competências
exclusivas do Congresso Nacional e privativas da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal. Todas são indelegáveis, não admitindo nem delegação
para que o Presidente da República crie lei delegada.
3.4 Repartição das competências em matéria administrativa
2.3.1 Quadro geral
Competência administrativa:
Exclusiva, Comum
Exclusiva: Poderes enumerados, Poderes reservados
Poderes enumerados -> União (art. 21), Municípios (art. 30)
Poderes reservados -> Estados (art. 25, § 1.°)
Comum: Cumulativa ou paralela (art. 23) -> União/Estados/Distrito
Federal/Municípios
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2.3.2 Competências administrativas da União
COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
Exclusivas Enumeradas da União Art. 21
Remanescentes dos
Estados
Art 25, § 1º
Enumeradas dos
Municípios
Art 30, III a IX
Comuns União, Estados, DF e
Municipios
Art. 23
As competências administrativas são distribuídas, conforme
apresentado no quadro geral acima, através de dois mecanismos: a
atribuição de competências exclusivas e a de competências comuns.
2.3.2.1 Competências administrativas exclusivas
As competências administrativas são distribuídas, como regra, de
forma exclusiva, atribuindo-se unicamente a uma esfera estatal o poder
de atuação em cada área.
Neste mecanismo de atribuição exclusivista, a União só tem
competência para manejar as matérias que lhe sejam atribuídas
expressamente. Daí dizer-se que a União tem competência administrativa
enumerada, cujo núcleo se encontra no art. 21.
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O mesmo acontece com os Municípios, que apenas detêm as
competências a eles expressamente destinadas, basicamente localizadas
no art. 30, incisos III a IX.
Os Estados terão todas as competências administrativas que não
sejam expressamente conferidas à União e aos Municípios. Ou seja, os
Estados têm competência remanescente para atuar concretamente em
todas as matérias que não forem de competência enumerada das demais
esferas. As competências remanescentes dos Estados também são
chamadas de residuais, ambas as expressões aqui tomadas como
sinónimas, como "o que sobrar" após a distribuição à União e aos
Municípios.
a) Competências administrativas exclusivas da União (art 21):
Art. 21. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção
federal;
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VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material
bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as
operações de natureza financeira, especialmente as de crédito,
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência
privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação
do território e de desenvolvimento econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que
disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador e outros aspectos institucionais;(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
imagens;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de
15/08/95:)
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento
energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde
se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura
aeroportuária;
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d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos
brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de
Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional
de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a
Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de
bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência
financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos,
por meio de fundo próprio;(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia,
geologia e cartografia de âmbito nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões
públicas e de programas de rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as
calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive
habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
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XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de
viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de
fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio
de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes
princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a
comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e
usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 49, de 2006)
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção,
comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou
inferior a duas horas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
49, de 2006)
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de
2006)
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
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XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
atividade de garimpagem, em forma associativa.
b) Competências administrativas dos Estados-membros
Aos Estados-membros são reservadas as competências
administrativas que não lhes sejam vedadas pela constituição, ou seja,
cabe na área administrativa privativamente ao Estado todas as
competências que não forem da União (CF, art. 21), dos municípios (CF,
art. 30) e comuns (CF, art. 23).
c) Competências administrativas dos municípios
O art. 30 determina competir aos municípios, além da fórmula
genérica do interesse local, as seguintes matérias:
Art. 30. Compete aos Municípios:
[...]
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como
aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar
contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
estadual;
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V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de
transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do
Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do
Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da
ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
d) Competências administrativas do Distrito Federal
A Constituição Federal também inclui o Distrito Federal (CF, art. 23)
no rol das competências administrativas.
O Distrito Federal tem competência cumulativa, englobando as dos
Estados e as dos Municípios, conforme dispõe o art. 32, parágrafo 1a,
verbis:
§ lº. Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas
reservadas aos Estados e aos Municípios.
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Apesar de o texto se referir apenas às competências "legislativas", a
interpretação unânime tem sido de que se interpreta como incluindo
também as administrativas, sob pena de retirar-se a autonomia deste
ente da Federação.Porém, é errado dizer que o Distrito Federal reúne
todas as competências dos Estados e dos Municípios, já que existem
competências administrativas que os Estados têm e que o Distrito Federal
não tem, por exemplo a organização do Poder Judiciário.
2.3.2.2 Competência administrativa comum
Em relação às matérias determinadas no art. 23, o constituinte concluiu
que todas as unidades têm idêntico interesse na sua consecução. Assim,
todas, União, Estados, Distrito Federal e Municipios tem competência para
atuar na matéria ao mesmo tempo e, em princípio, sem formas de
atuação. Pertencem a todas simultaneamente. São competências comuns
entre as unidades, já que todas podem atuar paralelamente, cada uma
por si, separadamente, ou até mesmo podem unir esforços para atuação
conjunto. A atuação de uma entidade não afasta a das demais, já que são
competências que se sobrepõem.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
democráticas e conservar o patrimônio público;
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II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia
das pessoas portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras
de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à
ciência;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer
de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria
das condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança
do trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
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Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do
bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)
2.4 Repartição de competências em matéria legislativa
As competências legislativas são distribuídas por duas técnicas:
a) Mecanismo excludente, através de competências privativas para a
União e exclusivas para os Estados e Municípios e
b) Competências concorrentes
2.4.1 Competências legislativas privativas e exclusivas
O art 22 é o principal responsável pela acentuada centralização de
poderes na Unão, ao estabelecer que compete a ela, e apenas a ela,
legislar a respeito de todos os assuntos de que trata, impondo tratamento
uniforme em todo território nacional em matérias como Direito Civil,
Penal, Processual, Comercial e tantas outras. Ë o núdeo das competências
normativas da União, o que não exclui outros dispositivos, espalhados ao
longo do texto, que também lhe conferem atribuições normativas.
Exatamente como nas competências administrativas, também nas
legislativas são da União e dos Municípios unicamente as competências
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expressas, enumeradas, restando aos Estados tudo o que não lhes for
vedado expressamente pela Constituição (tudo o que não for de
competência da União e dos Municípios), competência remanescente,
também chamada residual ou reservada.
UNIÃO Enumeradas - art. 22
ESTADOS Remanescentes - art. 25, § 1º MUNICÍPIOS Enumeradas - art. 30, I e II
Apesar de dizer-se, com acerto, que os Municípios só têm as
competências que lhes são deferidas expressamente, a fórmula linguística
utilizada pela Constituição para definir o núcleo das competências
legislativas municipais, no art. 30, incisos I e II, é especialmente aberta e
imprecisa. Os Municípios têm competência legislativa exclusiva para:
a) legislar sobre assunto de interesse local;
b) suplementar a legislação federal e estadual, no que couber.
Interesse local é expressão aberta que destaca o papel municipal
diante dos deveres do Poder Público em prol da população, de acordo com
a "predominância do interesse". Em caso de controvérsia, cabe ao Poder
Judiciário resolver em prol do equilíbrio federativo, preservando a
autonomia dos entes, de acordo com os valores constitucionais.
Os Municípios são autónomos e se auto-organizam através da
instituição de sua própria Lei Orgânica (art. 29), instrumento básico de
estruturação municipal, rompendo-se com o regime anterior a 1988, em
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que os Estados determinavam a organização municipal, o que retirava
destes a sua autonomia.
O Distrito Federal acumula as competências legislativas dos Estados
e dos Municípios, conforme art. 32.
Art. 32 [...]
§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas
aos Estados e Municípios.
2.4.2 Delegabilidade das competências privativas da União
As competências privativas da União, expressas no art. 22, são
delegáveis aos Estados, conforme dispõe seu parágrafo único. Por isso são
chamadas de privativas, para diferenciá-las das indelegáveis-exclusivas.
Note-se que as demais competências legislativas expressas da União,
como as tributárias, são exclusivas, apenas sendo passível de delegação
as do art. 22.
A delegação aos Estados para que legislem nas matérias do art. 22
depende dos seguintes requisitos:
a) ser efetuada através de lei complementar;
b) fixar o ponto específico dentro de uma das matérias elencadas no
artigo
c) delegação para todos os Estados
2.4.3 Competência Legislativa Concorrente
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Ao lado da distribuição de competências legislativas
exclusivas/privativas, em que apenas uma entidade pode legislar sobre
cada assunto, o constituinte resolveu adotar, em relação às matérias
constantes do art. 24, a técnica de legislação concorrente entre a União e
os Estados (ou entre a União e o Distrito Federal), em que:
a) cabe à União legislar somente sobre as normas gerais em cada
matéria;
b) aos Estados e ao Distrito Federal compete estabelecer as normas
peculiares aos seus respectivos âmbitos regionais. Portanto, os Estados e
o Distrito Federal vão suplementar as normas gerais da União, no que
prevaleça o interesse regional;
c) na ausência da elaboração das normas gerais da União, para que
não se inviabilize a competência dos Estados e do Distrito Federal para
criar as suas normas peculiares (as quais só podem ser criadas se houver
normas gerais), essas unidades terão competência supletiva para suprir a
ausência de normas gerais da União. Os Estados e o Distrito Federal
assumem, assim, competência legislativa plena (supletiva - normas gerais
+ suplementar - normas peculiares) para normatizar a matéria;
d) a utilização da competência supletiva pelos Estados e pelo Distrito
Federal, para atender a suas peculiaridades, não retira da União o poder
de criar, a qualquer momento, as normas gerais sobre o assunto. A
superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da
lei estadual ou distrital, no que lhe for contrário.
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O art. 24 da Constituição Federal prevê as regras de competência
concorrente entre União, Estados e Distrito Federal, estabelecendo quais
as matérias que deverão ser regulamentadas de forma geral por aquela e
específica por esses.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino e desporto;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
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XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias
civis.
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas
gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
Os Municípios não participam da distribuição de competências
concorrentes, conforme se lê expressamente no caput do art. 24, que se
refere unicamente à União, aos Estados e ao Distrito Federal. Os
Municípios têm, sim, competência para suplementar a legislação federal e
a estadual, no que for de interesse local (art. 30,1 e II).
Mas, inicialmente, a competência suplementar seria apenas um dos
aspectos da competência concorrente, já que esta prevê a possibilidade de
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competência supletiva na ausência de normas gerais, e não há previsão
equivalente para que os Municípios tenham competência legislativa plena.
Mais importante ainda, a competência concorrente é limitada as
matérias do art. 24. A maioria das competências legislativas é distribuída
pelo mecanismo de competências exclusivas/privativas, apenas admitindo
concorrência as matérias do rol exaustivo do art. 24. Já a competência
dos Municípios para suplementar a legislação federal e a estadual, "no que
couber" (art. 30, II), é uma autorização para que legislem sobre qualquer
assunto de interesse (predominantemente) local (art. 30,1). Quer dizer,
não apenas as matérias do art. 24, mas qualquer matéria admite
legislação suplementar municipal, desde que seja assunto considerado de
prevalência do interesse local.
Exemplo:
Na ilustração dos Professores Luiz Alberto David Araújo e Vidal Nunes Júnior, nas competências comuns de proteção ao meio ambiente e preservação das florestas, art. 23, VI e VII: "figure-se a hipótese de que, no exercício dessas competências comuns, leis federal, estadual e municipal disponham sobre uma faixa de proteção florestal da Mata Atlântica. Nesse exemplo, a lei federal estabeleceria a proteção da vegetação nativa a partir de lOOm do nível do mar, a lei estadual a partir de 140m e a municipal a partir de 70. Qual delas deveria ser aplicada? Sem dúvida nenhuma, as três. Assim, a vegetação estaria protegida a partir de 70m do nível do mar, pois a observância da legislação mais rigorosa implicaria automaticamente a dos demais comandos normativos."20 E veja que isso, independentemente de ser competência prevista no art. 24, VI, a proteção do meio ambiente e florestas.
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2.4.4 A teoria dos poderes implícitos
A teoria dos poderes inerentes, implícitos, de matriz norte-
americana, tem lugar também em nossa jurisprudência.
Basicamente, quando a Constituição confere uma finalidade a um
ente ou órgão do Estado, está-lhe a atribuir, concomitantemente, os
meios indispensáveis para a consecução daquela finalidade, ainda que não
esteja expresso no texto.
Ensina André Luiz Borges Netto que "as competências implícitas
surgem do contexto constitucional para possibilitar que se tornem efetivas
as competências expressas".
2.4.5 Horizontalidade e verticalidade
Dos três mecanismos de distribuição de competências, dois as
repartem de forma horizontal (exclusivas/privativas e comuns) e outro as
distribui de forma vertical (concorrentes).
Nossa Federação é de equilíbrio, com horizontalidade entre as
entidades da Federação, já que União, Estados, Distrito Federal e
Municípios são todos igualmente autonômos, sem subordinação
hierárquica entre eles. Por isso, as técnicas clássicas de distribuição de
competências são horizontais, no sentido que se atribui competência
apenas a uma esfera, excluindo as demais (exclusiva/privativa) ou a todas
indistintamente (paralela). São ambas horizontais porque não há uma
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divisão de tarefas entre as entidades, as podem atuar por si sós na
inteireza da matéria.
Ao lado dessas técnicas, o Estado Federal contemporâneo, a partir
da experiência alemã, tem adotado o mecanismo de competências
concorrentes, o qual é vertical, já que atribui normas gerais à entidade de
âmbito nacional (União), e as normas peculiares às entidades regionais
(Estados). O objetivo é assegurar uniformidade nacional mínima, sem
sufocar as individualidades das regiões. É vertical, pois há uma "divisão de
tarefas" na elaboração da legislação.
A verticalidade, no entanto, se refere ao binómio norma geral versus
norma peculiar, e não à União versus Estado, já que entre estes não há
verticalidade, mas sim igualdade em autonomia. Logo, ainda no campo
das competências concorrentes, a lei estadual goza de mesma hierarquia
da lei federal.