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FARMACOLOGIA CLÍNICA NO
IDOSO
Raquel Pessoa de CarvalhoGeriatra
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
Múltiplas doenças → polimedicado
Idosos nos EUA - 12% da população
30% medicações prescritas
>50% das medicações não prescritas
Fortaleza: 80% dos idosos utiliza pelo menos 1
medicamento e 20% pelo menos 1 inadequado
(comprometimento funcional e nível
socioeconômico)
Introdução
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
Medicamentos receitados por diferentes médicos
Ensaios clínicos excluem idosos (>80 anos) e
pacientes com múltiplas comorbidades
Desconhecimento dos efeitos adversos
Introdução
IMPORTÂNCIA
Idoso tem 2 Idoso tem 2-3x > chance de reações
adversas a drogas do que os jovens
– Múltiplas drogas com potencial de interação
– Sofrem mais com as conseqüências das iatrogenias
28% internações em idosos – problemas
relacionados a drogas
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
O Processo farmacológico que deve ser considerado para entender os efeitos das drogas em seres humanos envolve duas categorias:
Farmacocinética– Estudo dos fatores que afetam a concentração da medicação no corpo
Farmacodinâmica – Estudo dos efeitos bioquímicos, fisiológicos e mecanismos de ação da
medicação no órgão alvo
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
FARMACOCINÉTICA
Absorção Distribuição
MetabolismoExcreção
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
FARMACOCINÉTICA
Absorção
Vias de administração
VO: difusão passiva na região proximal do intestino delgado
A absorção da via oral depende: secreção ácida do estômago, o esvaziamento gástrico, a motilidade intestinal, o fluxo mesentérico, o número e a capacidade de absorção dos enterócitos.
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
Absorção
Alteração no
envelhecimento
Causa / Conseqüências Exemplos
- Superfície
absortiva
- Atrofia intestinal -Apesar da atrofia
intestinal, há imensa
superfície absortiva.
- Fluxo sanguíneo
esplânico
- 30 – 40% devido à do
DC
- Absorção de
lipossolúveis e fármacos
dependentes da 1a
passagem hepática
Medicamentos
cardiovasculares,
analgésicos e
psicofármacos
- pH gástrico -Decréscimo de histamina
-Altera absorção de
fármacos que necessitam
dissolução c/ a acidez.
-Tetraciclinas
-Salicilatos
- Alteração
motilidade do TGI
-O retardo ou aceleração da
motilidade
-Levodopa
-Penicilinas
Doenças relacionados a alteração da absorção:
– Estenose pilórica esvaziamento gástrico
absorção deficiente
– Síndrome de má-absorção, gastrectomizados,
enterites menor absorção de ferro, ácido
fólico, vitamina B12, corticosteróides e digoxina
– ICC edema na parede intestinal absorção
de digitálicos e diuréticos
Não existem muitos dados em relação a outras vias de administração de drogas
↓ massa muscular – idosos teriam efeitos sistêmicos prolongados após administração de drogas por via IM
↓ vascularização da pele – teoricamente diminui a absorção
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
FARMACOCINÉTICA
Distribuição:
É o processo de transferência da droga da
corrente sangüínea para os tecidos.
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
FARMACOCINÉTICA
Composição corpórea no idoso
20 20
33
6
5
17
12
1530
42
25 anos 75 anos
Águaextracelular
Águaintracelular
Tecidos
Gordura
Alteração no
envelhecimento
Conseqüência Exemplos
- Água corporal
- Massa magra
- do volume de distribuição e
[ ] plasmática dos hidrossolúveis
- da dose necessária para
atingir concentração plasmática
-Digoxina - Teofilina
-Aminoglicosídeos - Fenitoína
-Cimetidina ` - Álcool
-Meperidina
- Gordura corpórea
(18 – 36% dos ♂ e 33 –
48% ♀)
- Volume de distribuição e ½
vida de drogas lipossolúveis
- Duração dos efeitos após 1a
dose e desenvolvimento gradual
de toxicidade com acúmulo nos
tecidos gordurosos.
-Acetaminofen
-Clordiazepóxido
-Diazepam ( MV de 24h para
90h no idoso)
-Prazosin
-Salicilatos
-Tiopental
- Albumina sérica (15 a
20%)
-Alteração na ligação
protéica
- Fração livre no plasma de
drogas
-Maior risco de intoxicação
-Horm. tireoidiano - AINH
-Warfarin - Salicilatos
-Furosemida - Fenitoína
-Sulfoniuréias - Digoxina
- Alfa-1 glicoproteína ácida
com doença inflamatória
crônica, pós-IAM e
neoplasias.
-Não se sabe relevância clínica
em idosos sem doenças
- da droga livre em inflamações
-Lidocaína
-Propranolol
-Meperidina
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
Distribuição
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
Metabolismo
É a biotransformação da forma ativa para inativa (fígado, rim, pulmão, parede intestinal)
Alteração no fluxo hepático com o envelhecimento pode alterar a metabolização
Cigarro, alcool, modificação na dieta, drogas, doença viral, cafeína
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
FARMACOCINÉTICA
Metabolismo:
Alteração no
envelhecimento
Causa /
Conseqüências
Exemplos
- Fluxo sanguíneo
hepático (35%)
- Metabolismo de 1a
passagem
- Níveis plasmáticos
-Esmolol, Labetalol,
Propranolol
-Verapamil,
Diltiazem
-Espironolactona
-Lidocaína
- Massa hepática
- Fase I
metabolismo
(citocromo P450 )
- Metabolismo
oxidativo hepático
meia-vida das
drogas metabolizadas
pelo fígado
-Beta-bloqueadores
-BCC
-Estatinas
-Warfarin
-Amitriptilina,
nortriptilina
-Diazepam
-Fenitoína
-Diclofenaco
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
FARMACOCINÉTICA
ExcreçãoAlteração no
envelhecimento
Causa /
Conseqüências
Exemplos
- dos tamanhos
dos rins
- Fluxo plasmático
renal
- Taxa de filtração
glomerular
(clearence de
creatinina diminui
1% por ano a partir
dos 40 anos)
- eliminação renal
de drogas e
metabólitos
- meia-vida e
nível sérico das
drogas:
-Aminoglicosídeos,
Ampicilina, Quinolonas,
penicilina, vancomicina,
doxiciclina.
-Hidroclorotiazida, atenolol,
furosemida, enalapril,
-Cimetidina, ranitidina
-Digoxina
-Lítio
-Fenobarbital
- Secreção tubular - clearence da
droga
principalmente
quando há interação
-AAS bloqueia secreção de
probenecide
-Probenecide secreção de
penicilina, cefalosporina,
indometacina
-Bicarbonato de sódio
excreção de fármacos
ácidos (fenobarbital)
Cockroft e Gault
Depuração da creat. = (140-idade) x peso
72 x creatinina
Mulheres: X 0,85
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
FARMACOCINÉTICA
Excreção
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
Farmacodinâmica
Alteração no
envelhecimento
Causa / Conseqüências Exemplos
-Alteração no N° de
receptores
-Alt. afinidade dos
receptores
-Alt. função do 2°
mensageiro
-Alt. resp. celular e
nuclear
-Pacientes são mais
sensíveis ou menos
sensíveis a algumas
drogas.
-Maior sensibilidade
dos idosos a
Benzodiazepínicos e
opióides
-Menor sensibilidade
dos idosos a beta-
bloqueadores e beta-
adrenérgicos
Problemas relacionados a medicamentos
Medicamento utilizado sem indicação
Seleção de droga inapropriada
Dosagem subterapêutica
Superdosagem
– Polifarmacia
– Cascata iatrogênica
Erro medicação/não aderência
Interação de drogas
Reação adversa a drogas
Prevenção de reação adversa a
drogas
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
Interações medicamentosas
Alterações nos efeitos de um medicamento em
razão da ingestão simultânea de outro
medicamento ou do consumo de determinado
alimento
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Exemplos:
• Barbitúricos: metabolização de
anticoagulantes orais
• Fluoxetina: nível plasmático de fenitoína
• Diuréticos tiazídicos: predispõe intoxicação
digitálica
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
Iatrogenia
Qualquer alteração patológica provocada no
paciente por um procedimento médico errôneo ou
inadvertido
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
IATROGENIAS
Polifarmácia: Uso de múltiplas medicações,
muitas vezes de forma inadequada
Cascata iatrogênica: Sequência de
medicações prescritas com a finalidade de tratar
efeitos colaterais de anteriores
Super-prescrição:
Sub-prescrição:
Uso de beta-bloqueadores pós IAM
- Somente 21% dos pacientes elegíveis
estavam usando
- Mortalidade 43% menor em quem usou
Uso de trombolíticos pós IAM
-25% dos pacientes elegíveis não receberam
Uso de anticoagulação em pacientes com
fibrilação atrial
- 34% com uso de AAS
- mais de 50% estavam com INR menor que 2
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
IATROGENIAS
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
AUTO -MEDICAÇÃO
AINEs: HAS, nefropatia, doença péptica
Laxativos: Piora da constipação
Sedativos: Dependência, tolerância, quedas,
declínio cognitivo
Fitoterápicos: ???????
Exemplos
MEDICAÇÃO INAPROPRIADA EM
IDOSOS
1991 – critérios de Beers:
30 medicamentos a serem evitados em ILP em
relação ao diagnóstico, dose e freqüência
1994 - critérios de Beers modificado por
Stuck: idosos de comunidade
1997 - critérios modificados de Beers para indivíduos
> 65 anos
– Drogas que deveriam ser evitadas
– Drogas que excediam a dose maxima diária recomendada
– Drogas que deveriam ser evitadas em combinação com
alguma comorbidade específica
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
Critérios de Beers
MEDICAMENTOS ESPECÍFICOS
AINH
Anticoagulantes
Digoxina
Antihipertensivos
Hipoglicemiantes orais
Antibióticos
Benzodiazepínicos
Barbitúricos
Anticolinérgicos
Antidepressivos e antipsicóticos
Bloqueadores H2
Antidepressivos
Antipsicóticos
anticolinesterásico
AINH
Insuficiência renal
– 13% desenvolvem uremia durante tratamento por curto período
– associado com doses ↑ e uso concomitante de diuréticos de alça
Sangramento TGI
– > idosos
– Utilizar proteção gástrica com IBP
Limitar o uso a situações clínicas absolutamente necessárias - < dose e < tempo.
Outros: descompensação IC e HAS
Anticoagulantes
AVC em pacientes com FA ↑ em idosos
– 6,7% de 50 a 59 a
– 36,1% de 80-89 a
Idosos apresentam > sensibilidade do fígado à
inibição da síntese dos fatores de coagulação pelo
warfarin e necessitam menores doses para atingir
níveis terapêuticos
Digoxina
↑ nível sérico e ↑ meia-vida em idosos
↓ índice terapêutico e ↓ ligação protéica
↓
Pode ocorrer toxicidade nas doses habituais
Dose raramente excede 0,125mg/d
Intoxicação digitálica pode ocorrer com níveis
séricos normais
Antihipertensivos
↑ probabilidade de hipotensão ortostática em idosos
pela ↓ tônus venoso e ↓ compensação do
barorreceptor → hipotensão e tontura
Metildopa – pode causar bradicardia e exacerbar
depressão
Hipoglicemiantes Orais
Clorpropramida apresenta ↑ T ½ e pode causar hipoglicemia grave e prolongada
Não deve ser usada em idosos!
Metformina: Acidose láctica. Não usar em Insuf. Renal, ICC, doença hepática e alcoolismo
Antibióticos
Ajustar dose de antibióticos com
clearence de creatinina
Benzodiazepínicos
EC: ↑ risco de delirium ou prejuízo cognitivo de 3-12x; dependência
Iniciar com tratamento não-farmacológico para insônia
Ataxia e desempenho psicomotor prejudicado → QUEDAS
PREFERIR OS DE CURTA DURAÇÃO ( EX.: ALPRAZOLAM, LORAZEPAM).
PERÍODO LIMITADO
EVITAR FLURAZEPAM – BDZ maior-meia vida
↑sensibilidade → < doses são mais efetivas e seguras (máx.
lorazepam 3mg/d, alprazolam 2mg/d)
RAD flurazepam (Dalmadorm®) em relação à dose e idade
Greenblatt et al. (1977)
Barbitúricos
> efeitos colaterais que drogas sedativo-hipnóticas
Altamente aditivo
Não iniciar, exceto para convulsão
Anticolinérgicos
↑ sensibilidade aos efeitos, devido ao sensibilidade ao declínio na neurotransmissão colinérgica central (visão embaçada, boca seca, constipação, retenção urinária, taquicardia, hipotensão ortostática e delirium)
↑ risco de delirium de 5 -12x
Associação de drogas com efeito anticolinérgico deve ser evitada
Usar com critério, por curtos períodos e em baixas doses
Exs.: Antidepressivos tricíclicos, neurolépticos, metildopa, atensina, biperideno
Bloqueadores H2
Cimetidina e ranitidina interferem com metabolismo hepático de drogas
toxicidade de drogas metabolizadas no fígado (propranolol, lidocaína, warfarin, teofilina, fenitoína)
Todos os bloqueadores H2 podem causar confusão mental nos idosos
Usar doses menores em idosos devido a excreção renal ou trocar por alternativas menos tóxicas (sucralfate ou antiácidos)
Antidepressivos
● Tratamento
- Escolha baseada na clínica
- Escolha baseada nos efeitos colaterais
Classes
Tricíclicos
Inibidores recaptação serotonina
Dupla ação
TRICÍCLICOS
● imipramina, clomipramina, e amitriptilina
nortriptilina e maprotilina (tetracíclico)
- amitriptilina apresenta maiores efeitos
anticolinérgicos e sedativos
↑ efeitos anticolinérgicos em idosos
● bloqueiam a recaptação da serotonina e
noradrenalina e sensibilizam receptores pós
sinápticos ( bloqueiam receptores colinérgicos,
histaminérgicos e adrenérgicos)
TRICÍCLICOS
● EFEITOS COLATERAIS: -
anticolinérgicos: boca seca, visão turva, taquicardia,
retenção urinária, obstipação, etc
- anti-histaminérgicos: sedação, ganho de peso
- anti-adrenérgico: hipotensão postural
● CONTRA-INDICAÇÕES: -
glaucoma, prostatismo, obstipação grave, distúrbios
da condução cardíaca (bloqueio AV, bloqueio de
ramo), infarto (IAM), obesidade mórbida
Inibidores da Recaptação da
Serotonina (ISRS)
● fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram,
escitalopram
● inibem seletivamente a recaptação de serotonina
● efeitos colaterais:
- ansiedade inicial
- náuseas e vômitos
- insônia
- perda de peso
Antidepressivos “Última
Geração”
● AÇÃO DUPLA
- mirtazapina (ganho de peso e sedação)
- venlafaxina (aumento de PA)
- duloxetina (depressão associada a dor)
● DOPAMINÉRGICOS
- bupropiona (convulsões)
Antipsicóticos
Típicos (Haloperidol, clorpromazina, tioridazina)
– Parkinsonismo medicamentoso
– Reações anticolinérgicas
– Hipotensão arterial
– Quedas
– sedação
Atípicos (seroquel, olanzapina, clozapina)– Menos parkinsonismo, menos sedação
– Diabetes melitus
Anticolinesterásicos
Rivastigmina (exelon)
Donepezil (eranz)
Galantamina (reminyl)
Efeitos colaterais dos anticolinesterásicos
– Efeitos no TGI ( náuseas, vômitos, anorexia), perda de
peso
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
AUTO -MEDICAÇÃO
AINEs: HAS, nefropatia, doença péptica
Laxativos: Piora da constipação
Sedativos: Dependência, tolerância, quedas,
declínio cognitivo
Fitoterápicos: ???????
Exemplos
Caso Clínico
Identificação: 78 anos, feminina, viúva, do
lar, natural de Campo Verde-MG e
procedente de Pradópolis-SP
QP: Esquecimento
Data: 08/07/03
HDA: Há 5 anos quadro progressivo de esquecimento para
fatos recentes. No início esquecia recados, perdia objetos
dentro de casa, esquecia datas comemorativas, confundia
nome de familiares. Passou a ter dificuldade para realização de
seus afazeres domésticos. Esquecia panelas no fogo, torneira
aberta, errava receitas dos alimentos. Tornou-se isolada,
apática, dormia mais que o habitual e ficou negligente com a
higiene pessoal. Reagia com agitação e agressividade quando
contrariada e passou a apresentar delírios persecutórios.
Evoluiu com dificuldade para deambular e incontinência urinária
e fecal ocasionais. Passou a necessitar de auxílio para
alimentar-se, vestir-se e para higiene íntima.
IOA:
Vertigem recorrente há 20 anos associada a
hipoacusia e zumbidos no ouvido esquerdo
Dor lombossacra esquerda após trauma contuso
Negou queixas depressivas ou outras
Antecedentes:
AIT há 5 anos e meio apresentando na ocasião
afasia, confusão mental e agitação, sem déficit motor
e com reversão do quadro em 48h.
Tireoidectomia parcial há 15 anos.
Ex-tabagista (Parou há 40 anos). Etilista social.
Negou HAS, DM, DLP, cardiopatia, nefropatia,
doença psquiátrica prévia.
Tia falecida com demência aos 104 anos.
Medicamentos:
Pentoxifilina 400 mg 01 cp/dia
Haloperidol 1 mg 02 cp/dia
Biperideno 4 mg 01 cp/dia
Flunarizina 10 mg 01 cp/dia
Exame Físico:
EGB, normocorada, hidratada, anictérica, afebril,
acianótica, eupneica, desorientada no tempo e no
espaço, cooperativa
CP: lobo D da tireóide palpável com consistência fibro-
elástica e presença de nódulo na porção média de
2,5x2,5 cm. Ausência de sopros carotídeos
Linfonodos: Ausência de linfadenopatias
AC: RCR em 2T, s/ sopros, BNF; FC: 80 bpm; PA:
140x90 mmHg (deitada/em pé)
AP: MVU s/RA
Abdômen:plano, RHA+, s/ massas ou VMG, indolor,
flácido
Ext: ppp, simétricos, s/ edema, varizes em MMII
Pele: lesão cicatricial esbranquiçada no dorso nasal
Exame neurológico:
Movimentos mastigatórios e de língua repetitivos
(Discinesia)
Marcha com passos curtos e desequilíbrio
Restante do exame normal
Escala de depressão em geriatria: 4D/15
Índice de Barthel de atividades da Vida diária: 13/20
MEEM: 11 (2 anos de escolaridade)
Hipóteses diagnósticas:
Demência a/e
Doença de Alzheimer provável
Demência vascular
Transtorno delirante e do comportamento a/e
Secundário à demência
Intoxicação por medicamentos anticolinérgicos
Intoxicação por neurolépticos
Discinesia tardia
Ataxia
Vertigem a/e
Secundária ao uso de neurolépticos
Labirintopatia
Isquemia vértebro-basilar
Nódulo tireoidiano a/e
Tireoidectomia parcial prévia
AIT prévio
Exames complementares:
Hb: 12,7
Ht: 39,8
GB:7.900 (Dif nl)
Plaq: 150 000
UR: normal
Cr: 1,1
Ur: 58
Glic: 79
TGO: 20
TGP: 28
FA: 82
TSH: 9,3
T4L: 1,2
B12: 301
Folato: 6,9
CT: 150
TG: 80
HDL: 38
LDL:96
VDRL: negativo
HIV: negativo
CT crânio:
atrofia cerebral e cerebelar
compatível com a idade
Conduta:
Suspensão de todas as medicações em uso
Repetido função tireoideana
Solicitado US de tireóide
Solicitado US de carótidas
Introduzido risperidona 1 mg à noite
Introduzido AAS 100 mg/dia
Retorno para reavaliação
Evolução:
Retornou em 30/09/03 referindo melhora da
cognição, da marcha e dos movimentos orofaciais
Desaparecimento da vertigem, dos delírios e do
distúrbio de comportamento
Sonolência excessiva após o uso da nova
medicação
Exames complementares:
TSH: 5,5
T4L: 0,9
Não havia realizado US de
tireóide e US de carótidas
Conduta:
Suspenso risperidona
Solicitado anti-TPO e anti-TG
Retorno para reavaliação clínica
Evolução:
Paciente retornou em 27/04/04 referindo
melhora progressiva do déficit cognitivo
Ainda não havia realizados os demais exames
solicitados
NORMAS PARA TERAPÊUTICA
FARMACOLÓGICA NO IDOSO
Diagnóstico correto das afecções
Evitar cascata iatrogenica
Medidas não-farmacologicas
Não prescrever um medicamento apenas para receitar algo
Utilizar o menor número possível de medicamentos
Empregar a menor dosagem necessária
Rever periodicamente a prescrição e suspender os medicamentos desnecessários.
Instruir familiares e acompanhantes para que auxiliem e controlem o idoso na obediência da prescrição médica.
USO DE DROGAS NOS IDOSOS
“Terapêutica é ciência e arte. Para bem aplicá-la
é necessário aliar conhecimentos de
farmacocinética e farmacodinâmica, evidências
científicas e experiência clínica, com sabedoria e
bom senso.”
Dr Eduardo Borges