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Volume 24 número 2 abril-junho 2006 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURA The Brazilian Association for Horticultural Science IAC - Centro de Horticultura C. Postal 28, 13012-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] Site: www.abhorticultura.com.br Presidente/President Paulo César Tavares de Melo USP/ESALQ - Piracicaba Vice-Presidente/Vice-President Dimas Menezes UFRPE - Recife 1º Secretário / 1 st Secretary Valéria Aparecida Modolo Instituto Agronômico - Campinas 2º Secretário / 2 nd Secretary Eunice Oliveira Calvete UPF/FAMV - Passo Fundo 1º Tesoureiro / 1 st Treasurer Sebastião Wilson Tivelli Instituto Agronômico - Campinas 2º Tesoureiro / 2 nd Treasurer João Bosco Carvalho da Silva Embrapa Hortaliças - Brasília COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190 - 70359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9051 / 3385 9049 / 3385 9000 Fax: (0xx61) 3556 5744 E-mail: [email protected] Presidente / President Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial Coordination Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores Associados / Associated Editors Antônio T. Amaral Júnior UNEF Arminda Moreira de Carvalho Embrapa Cerrados Flávia A. Alcântara Embrapa Hortaliças Gilmar Paulo Henz Embrapa Hortaliças Marie Yamamoto Reghin UEPG Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Editores Científicos / Scientific editors Ana Maria Montragio Pires de Camargo IEA André Luiz Lourenção IAC Antônio Evaldo Klar UNESP - Botucatu Arthur Bernardes Cecilio Filho UNESP - Jaboticabal Braulio Santos UFPR Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Daniel J.Cantliffe University of Florida Djalma Rogério Guimarães Instituto CEPA Francisco Bezerra Neto ESAM Francisco Murilo Zerbini Junior UFV Jerônimo Luiz Andriolo UFSM José Fernando Durigan UNESP - Jaboticabal José Magno Q. Luz UFU José Orestes M. Carvalho Embrapa Rondônia Luiz Henrique Bassoi Embrapa Semi-Árido Maria de Fátima A. Blank UFS Maria do Carmo Vieira UFGD Paulo César T. de Melo ESALQ Paulo E. Trani IAC Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Alfredo Kluge ESALQ Roberval D. Vieira UNESP - Jaboticabal Rogério L. Vieites UNESP - Botucatu Ronessa B. de Souza Embrapa Hortaliças Rovilson José de Souza UFLA Waldemar Pires de Camargo Filho IEA

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Volume 24 número 2abril-junho 2006

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURAThe Brazilian Association for Horticultural ScienceIAC - Centro de HorticulturaC. Postal 28, 13012-970 Campinas – SPTel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374E-mail: [email protected]: www.abhorticultura.com.brPresidente/PresidentPaulo César Tavares de MeloUSP/ESALQ - PiracicabaVice-Presidente/Vice-PresidentDimas MenezesUFRPE - Recife1º Secretário / 1st SecretaryValéria Aparecida ModoloInstituto Agronômico - Campinas2º Secretário / 2nd SecretaryEunice Oliveira CalveteUPF/FAMV - Passo Fundo1º Tesoureiro / 1st TreasurerSebastião Wilson TivelliInstituto Agronômico - Campinas2º Tesoureiro / 2nd TreasurerJoão Bosco Carvalho da SilvaEmbrapa Hortaliças - BrasíliaCOMISSÃO EDITORIAL DAHORTICULTURA BRASILEIRAEditorial CommitteeC. Postal 190 - 70359-970 Brasília – DFTel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9051 / 3385 9049 / 3385 9000Fax: (0xx61) 3556 5744E-mail: [email protected] / PresidentPaulo Eduardo de MeloEmbrapa HortaliçasCoordenação Executiva e Editorial / Executive andEditorial CoordinationSieglinde BruneEmbrapa HortaliçasEditores Associados / Associated EditorsAntônio T. Amaral JúniorUNEFArminda Moreira de CarvalhoEmbrapa CerradosFlávia A. AlcântaraEmbrapa HortaliçasGilmar Paulo HenzEmbrapa HortaliçasMarie Yamamoto ReghinUEPGPaulo Eduardo de MeloEmbrapa Hortaliças

Editores Científicos / Scientific editorsAna Maria Montragio Pires de CamargoIEAAndré Luiz LourençãoIACAntônio Evaldo KlarUNESP - BotucatuArthur Bernardes Cecilio FilhoUNESP - JaboticabalBraulio SantosUFPRCarlos Alberto LopesEmbrapa HortaliçasDaniel J.CantliffeUniversity of FloridaDjalma Rogério GuimarãesInstituto CEPAFrancisco Bezerra NetoESAMFrancisco Murilo Zerbini JuniorUFVJerônimo Luiz AndrioloUFSMJosé Fernando DuriganUNESP - JaboticabalJosé Magno Q. LuzUFUJosé Orestes M. CarvalhoEmbrapa RondôniaLuiz Henrique BassoiEmbrapa Semi-ÁridoMaria de Fátima A. BlankUFSMaria do Carmo VieiraUFGDPaulo César T. de MeloESALQPaulo E. TraniIACRenato Fernando AmabileEmbrapa CerradosRicardo Alfredo KlugeESALQRoberval D. VieiraUNESP - JaboticabalRogério L. VieitesUNESP - BotucatuRonessa B. de SouzaEmbrapa HortaliçasRovilson José de SouzaUFLAWaldemar Pires de Camargo FilhoIEA

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130 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Programa de apoio a publicações científicas

A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE,AGRIS/FAO e TROPAG.

Scientific Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hbwww.abhorticultura.com.br

Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983

Trimestral

Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.

Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.

Periodicidade até 1981: Anual.de 1982 a 1998: Semestralde 1999 a 2001: Quadrimestrala partir de 2002: TrimestralISSN 0102-0536

1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira deHorticultura.

CDD 635.05

Editoração e arte/CompositionLuciano Mancuso da Cunha

Revisão de inglês/English revisionPatrick Kevin Redmond

Revisão de espanhol/Spanish revisionMarcio de Lima e Moura

Tiragem/printing copies1.000 exemplares

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Volume 24 número 2abril-junho 2006

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

SUMÁRIO/CONTENT* Artigos em inglês com resumo em português

Articles in English with an abstract in Portuguese**Artigos em espanhol com resumo em português

Articles in Spanish with an abstract in Portuguese

CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER133

PESQUISA / RESEARCHEfeito de produtos químicos e biológicos sobre a mancha bacteriana, flora microbiana no filoplano e produtividade de pimentãoEffects of chemical and biological products on bacterial spot, microbial flora and yield in bell pepperDAG Silva; MC Rocha; AO Carvalho; MCA Fernandes; MGF Carmo 134Qualidade do tomate em função de doses de nitrogênio e da adubação orgânica em duas estaçõesTomato quality as a result of nitrogen doses and organic manuring in two stationsMMM Ferreira; GB Ferreira; PCR Fontes; JP Dantas 141Adubação verde na produção orgânica de alface americana e repolhoThe use of green manure in crisphead lettuce and cabbage productionA Fontanétti; GJ Carvalho; LAA Gomes; K Almeida; SRG Moraes; CM Teixeira 146*Green ear yield and grain yield of maize after harvest of the first ear as baby corn*Rendimentos de espigas verdes e de grãos de milho após a colheita da primeira espiga como minimilhoPSL Silva; PIB Silva; AKF Sousa; KM Gurgel; IA Pereira Filho 151Similaridade genética de cultivares de alho pela comparação de caracteres morfológicos, físico-químicos, produtivos e molecularesGenetic similarity of garlic cultivars when compared with the morphologic, physical-chemical, productive and molecular caracteristcsJH Mota; JE Yuri; GM Resende; RJ Souza 156Efeito da solarização e biofumigação na incidência da murcha bacteriana em tomateiro no campoEffect of soil solarization and biofumigation on tomato bacterial wilt incidenceMJ Baptista; RB Souza; W Pereira; CA Lopes; OA Carrijo 161*Residual effect of cattle manure application on green ear yield and corn grain yield*Efeito residual da aplicação de esterco bovino sobre os rendimentos de espigas verdes e grãos do milhoPSL Silva; J Silva; FHT Oliveira; AKF Sousa; GP Duda 166Alterações fisiológicas, qualitativas e microbiológicas durante o armazenamento de abóbora minimamente processadaem diferentes tipos de cortePhysiological, qualitative and microbiological changes in minimally processed squash submitted to different cut typesFF Sasaki; JS Aguila; CR Gallo; EMM Ortega; AP Jacomino; RA Kluge 170Crescimento e produtividade do tomateiro em cultivo hidropônico NFT em função da concentração iônica da solução nutritivaGrowing and yield of tomato in hydroponic cultivation as a result of the ionic concentration of the nutritive solutionGC Genúncio; N Majerowicz; E Zonta; AM Santos; D Gracia; CRM Ahmed; MG Silva 175Eficiência técnica e econômica do controle biológico da traça-do-tomateiro em ambiente protegidoTechnical and economic efficiency of biological control of the South American tomato pinworm in protected environmentMA Medeiros; NJ Vilela; FH França 180Características de frutos de pimentão pulverizados com produtos de ação bactericidaCharacteristics of bell pepper fruits affected by products with bactericidal actionMC Rocha; MGF Carmo; JC Polidoro; DAG Silva; MCA Fernandes 185Acúmulo de nutrientes por três cultivares de alface cultivadas em condições do Semi-ÁridoAccumulation of nutrients by three lettuce cultivars grown under Semi-arid conditionsLCGrangeiro; KR Costa; MA Medeiros; AM Salviano; MZ Negreiros; F Bezerra Neto; SL Oliveira 190Efeitos da adubação química e da calagem na nutrição de melissa e hortelã-pimentaEffect of chemical fertilization and liming on lemon balm and peppermint nutritionAF Blank; AS Oliveira; MF Arrigoni-Blank; V Faquin 195Produtividade, qualidade e estado nutricional da beterraba de mesa em função de doses de nitrogênioYield, quality and nutritional status of table beet affected by nitrogen ratesLA Aquino; M Puiatti; PRG Pereira; FHF Pereira; IR Ladeira; MRS Castro 199

PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGEOcorrência da lagarta-da-maçã-do-algodoeiro em frutos de tomateiro no estado do Espírito SantoOccurrence of tobacco budworm in tomato fruits in the Espírito Santo State, BrazilD Pratissoli; HN Oliveira; MC Espindula; GC Magevski 204

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Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Desempenho de cultivares de cebola nos sistemas orgânico e convencional em Minas GeraisPerformance of onion cultivars grown in the organic and conventional systems in Minas Gerais State, BrazilGB Rodrigues; PG Nakada; DJH Silva; GG Dantas; RRH Santos 206**Viabilidad económica de la producción de espárrago en la Región del Maule, Chile**Economic viability of asparagus production in the Maule Region, ChileGL Andrade; TM Ibáñez 210*Seed disinfestation methods for in vitro cultivation of epiphyte orchids from Southern Brazil*Métodos de desinfestação de sementes para o cultivo in vitro de orquídeas epífitas do Sul do BrasilVM Alvarez-Pardo; AG Ferreira; VF Nunes 217Produção de minicenouras não processadas em função de diferentes cultivares e espaçamentosProduction of non-processed baby carrots as a result of different cultivars and line spacingJMQ Luz; JOM Carvalho; CMB Coelho; TD Carvalho 221Potencial de defensivos alternativos para o controle do ácaro-branco em pimenta “Malagueta”Potential of alternative pesticides for control of broad mite on chili pepper “Malagueta”M Venzon; MC Rosado; CMF Pinto; VS Duarte; DE Euzébio; A Pallini 224Produtividade e massa fresca de bulbos de cebola sob densidades de plantio no Vale do São FranciscoYield characteristics and fresh mass of onion under planting densities in the São Francisco ValleyGM Resende; ND Costa 228

COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA / SCIENTIFIC COMUNICATIONAção do estresse térmico na sobrevivência de mudas e produção de camomila originadas de sementes importadas e nacionaisAction of termic stress on the survival and yield of chamomile plantlets from imported and national seedsJRP Souza; JN Rocha; JM Melo; SL Nixdorf 233Influência do tipo de corte na qualidade de abobrinha ‘Menina Brasileira’ minimamente processadaInfluence of cut type on quality of cv. ‘Menina Brasileira’ summer squash fresh-cutBM Vilas Boas; EE Nunes; EVB Vilas Boas; ALRP Xisto 237Produção de minitubérculos a partir de brotos de batata em diferentes combinações de substratosProduction of potato minituber by sprouts grown in several substrate combinationsEC Silva; AB Giusto; JAC Sousa Dias 241Avaliação de produtos à base de Bacillus thuringiensis no controle da traça-das-crucíferasEvaluation of insecticides based on Bacillus thuringiensis in the control of the diamondback mothPT Medeiros; EH Sone; CMS Soares; JMCS Dias; RG Monnerat 245Produção de chicória em função do período de cobertura com tecido de polipropilenoChicory production affected by different periods of covering with polypropyleneAL Feltrim; AB Cecílio Filho; BLA Rezende; JC Barbosa 249Armazenamento de frutos de quiabo embalados com filme de PVC em condição ambienteShelf life of four cultivars of okra covered with PVC film at room temperatureWF Mota; FL Finger; PR Cecon; DJH Silva; PC Corrêa; LP Firme; LLM Neves 255Dialelo entre linhagens de uma população de pepino do tipo ‘Caipira’Diallel among lines of a ‘Caipira’ type cucumber populationAII Cardoso 259

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS264

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133Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

carta do editor

Prezados,Conforme havíamos dito no número anterior, iremos promover mudanças gradativas ao lon-

go do ano de 2006, portanto, durante o volume 24 da nossa Horticultura Brasileira. Nossa inten-ção é que no próximo ano, ao comemorar os seus 25 anos, a revista esteja com um formatomoderno, sem contudo perder a excelência que a tem caracterizado. Como prometido, este espa-ço será sempre utilizado para alertá-los sobre as mudanças implementadas.

No número anterior foram apresentadas a nova Comissão Editorial, também com novo for-mato, e o novo padrão de referenciação bibliográfica. Neste número, aparecem nas Normas paraSubmissão de Trabalhos, as novas seções da Horticultura Brasileira.

As seções Artigo Convidado, Carta ao Editor, Pesquisa e Nova Cultivar foram mantidas. Aseção Página do Horticultor também foi mantida. No entanto, além de abrigar os trabalhos atéaqui a ela destinados, passará a receber também os trabalhos referentes a insumos, agrotóxicos ecultivares em teste, desde que os resultados tenham utilização imediata pelo horticultor. Foi cri-ada a seção Comunicação Científica, onde serão publicados relatos de trabalhos originais deexecução menos complexa. A seção Economia e Extensão Rural não existe mais. Entretanto,Horticultura Brasileira continuará, sem sombra de dúvida, a publicar trabalhos nessas duas im-portantes áreas. Doravante, os trabalhos de economia e extensão rural aparecerão nas demaisseções da revista como, por exemplo, Pesquisa ou Comunicação Científica. A intenção foi daraos trabalhos realizados nessas duas áreas o mesmo tratamento dado a trabalhos realizados emqualquer outra área. A seção Comunicações, muito pouco utilizada pelos autores, foi extinta.Caso haja necessidade de alguma comunicação, os autores poderão utilizar a Carta ao Editor.

Com essas alterações, a Comissão Editorial acredita que a Horticultura Brasileira esteja pre-parada não só para a demanda dos autores que hoje a procuram, como também para os temposvindouros.

Até o próximo número,

Paulo Eduardo de Melo

Presidente da Comissão EditorialHorticultura Brasileira

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134 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

pesquisa

RESUMOAvaliou-se o efeito de pulverizações semanais com sulfato de

estreptomicina + oxitetraciclina (0,8 g ia L-1), oxicloreto de cobre(2,4 g ia L-1), biofertilizante Agrobio (5%), e testemunha (água) so-bre o controle da mancha-bacteriana, sobre a flora microbiana nofiloplano e sobre a produtividade de três cultivares de pimentão(Magda, Cascadura Itaipu e Magali R). Os experimentos foram rea-lizados em campo de maio a outubro de 2002. Adotou-se o delinea-mento de blocos ao acaso, em esquema fatorial (4x3), com quatrorepetições. Realizaram-se avaliações semanais, durante três mesespara altura de plantas (cm); número de hastes; número total de fo-lhas; número de folhas caídas; incidência de folhas lesionadas; se-veridade da mancha bacteriana e produtividade (t ha-1). Paralela-mente, quantificou-se a população microbiana residente no filoplanoe nos frutos. Não houve efeito dos tratamentos sobre a produção defrutos, porém, observou-se efeito sobre o desenvolvimento vegetativodas plantas, sobre a mancha bacteriana e sobre a flora microbiana nofiloplano. O oxicloreto de cobre inibiu o desenvolvimento vegetativo,a taxa de abscisão foliar e a flora bacteriana no filoplano. O Agrobiofavoreceu o desenvolvimento vegetativo e, assim como o sulfato deestreptomicina + oxitetraciclina, reduziu a população de bactérias,exceto de Bacillus sp., e de fungos, exceto Cladosporium sp., nofiloplano. O híbrido Magali R foi significativamente superior àsdemais cultivares quanto ao vigor das plantas, produtividade e re-sistência à mancha bacteriana. Estes resultados sugerem atividadebactericida do Agrobio em condições de campo.

Palavras-chave: Capsicum annuum, Xanthomonas euvesicatoria,controle, produção.

ABSTRACTEffects of chemical and biological products on bacterial spot,

microbial flora and yield in bell pepper

The effect of weekly sprayings with streptomycin sulfate +oxytetracycline (0.8 g ia L-1), copper oxychloride (2.4 g ia L-1) andAgrobio fertilizer (5%) plus a control (water) was evaluated in thecontrol of bacterial spot, the microbial flora in the phyloplan, andover yield in three bell pepper cultivars (Magda, Cascadura Itaipuand Magali R). The study was carried out under field conditionsfrom May to December 2002. A randomized complete blockexperimental design was used with four replications in a 4 x 3 factorialdesign. Weekly assessments were made for plant height (cm); numberof stems; total number of leaves; number of fallen leaves; number ofleaves with visible symptoms; damaged leaf area (severity), and yield(t ha-1). The microbial population resident in the phyloplan and fruitswas quantified at the same time. There was no effect of treatmentson yield, but an effect was observed on plant growth, on leaf spotand on the microbial flora. Copper oxychloride inhibited plantdevelopment, reduced number of fallen leaves and decreased thebacterial flora. Agrobio stimulated plant growth and, likestreptomycin sulfate + oxytetracycline, inhibited the bacterialpopulation, except Bacillus sp., and fungi, except Cladosporium sp.in the phyloplan. Among the genotypes, the hybrid Magali R wassignificantly superior in plant vigor, yield and resistance to bacterialspot. The results suggest bactericidal activity of the Agrobio underfield conditions.

Keywords: Capsicum annuum, Xanthomonas euvesicatoria, control,yield.

SILVA DAG; ROCHA MC; CARVALHO AO; FERNANDES MCA; CARMO MGF. 2006. Efeito de produtos químicos e biológicos sobre a manchabacteriana, flora microbiana no filoplano e produtividade de pimentão. Horticultura Brasileira 24: 134-140.

Efeito de produtos químicos e biológicos sobre a mancha bacteriana,flora microbiana no filoplano e produtividade de pimentãoDébora AG da Silva1;3; Mariella C Rocha1;3; Aldir de O de Carvalho1; Maria do Carmo A Fernandes2;Margarida Goréte F do Carmo1;4

1UFRRJ/Depto Fitotecnia; 2PESAGRO-RIO/EES, 23890-000 Seropédica-RJ; ³Aluna do curso de pós-graduação em Fitotecnia, Bolsistada CAPES; 4Bolsista do CNPq; E-mail: [email protected]

(Recebido para publicação em 6 de maio de 2005; aceito em 9 de maio de 2006)

A produtividade e a qualidade dosfrutos de pimentão (Capsicum

annuum L.) podem ser prejudicadas pelaocorrência de pragas e doenças e por al-terações climáticas, principalmente que-da de temperatura nos meses de maio aagosto em regiões de altitude elevada,ou elevação de temperatura e precipita-ções intensas nos meses de novembro afevereiro em regiões de baixa altitude(Nannetti, 2001).

A ‘mancha-bacteriana’, causada porXanthomonas euvesicatoria (Jones etal., 2004) (=Xanthomonas axonopodis

pv. vesicatoria (Doidge) Dye, Jones etal., 1998), é uma das principais doen-ças da cultura. A doença afeta todos osórgãos aéreos da planta e ocorre emqualquer estádio de desenvolvimento dopimentão. Em períodos chuvosos, asinfecções são mais abundantes e as le-sões se desenvolvem mais rapidamenteem número e tamanho, levando àdesfolha intensa e precoce da planta(Carmo et al.,1996).

A mancha-bacteriana é de difícilcontrole no campo devido, principal-mente, à baixa eficiência dos antibióti-

cos e à predominância de estirpes resis-tentes a sulfato de estreptomicina e aprodutos a base de cobre (Heather &O´Garro, 1992; Aguiar, 1997; McManuset al., 2002). Normalmente, é recomen-dada a aplicação de fungicidas cúpricosou cuprorgânicos que, em geral, não di-ferem entre si (Marco & Stall, 1983),exceto quando da ocorrência de estir-pes resistentes ao cobre (Aguiar et al.,2003). Observa-se, porém, variação naeficiência destes produtos de acordocom a região e a época do ano (Carmoet al., 2001). Embora existam centenas

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de antibióticos já identificados e em usopara fins de quimioterapia humana eanimal e outros ramos da biologia, pou-cos têm sido empregados para o contro-le de enfermidades de plantas causadaspor fitobactérias, ficando restritos àestreptomicina e à oxitetraciclina(McManus et al., 2002). O seu empre-go no campo pode envolver problemastécnicos, éticos, econômicos e ecológi-cos, por interferirem no equilíbrio dosecossistemas (Romeiro, 1995;McManus et al., 2002).

Como alternativas ao cobre e aosantibióticos, vem sendo pesquisado ocontrole biológico e o uso debiofertilizantes. Aos biofertilizantes sãoatribuídas propriedades nutricional,fungistática, bacteriostática, inseticida,repelente e fitohormonal, quando apli-cados via foliar (Bettiol et al., 1997;Fernandes, 2000), porém, sem um exa-to conhecimento do seu modo de açãono controle de doenças.

Deleito (2002) constatou que obiofertilizante Agrobio, produzido epesquisado na Estação Experimental deSeropédica da PESAGRO-RIO(Fernandes, 2000) e amplamente utili-zado por produtores de hortaliças orgâ-nicos e convencionais, apresenta açãobacteriostática contra X. euvesicatoria,tanto in vitro quanto in vivo. Castro etal. (1991) relatam inibição do cresci-mento de Colletotrichumgloeosporioides, Thielaviopsisparadoxa e Penicillium digitatum porbiofertilizante proveniente de digestãoanaeróbia do esterco bovino, e Tratch& Bettiol (1997), inibição do crescimen-to miceliano de Alternaria solani,Stemphyllium solani, Septorialycopersici, Sclerotinia sclerotiorum,Botrytis cinerea, Rhizoctonia solani,Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli eda germinação de esporos de B. cinerea,A. solani, Hemileia vastatrix eColeosporium plumierae porbiofertilizante produzido com a adiçãode sais e resíduos orgânicos.

O Agrobio é obtido por meio da ati-vidade de microrganismos em sistemaaberto na presença de substrato compos-to pela mistura de água, esterco bovino,melaço, leite e sais minerais (Fernandes,2000) e apresenta em sua composiçãomicrobiológica um grande número de

bactérias, leveduras e Bacillus, principal-mente B. subtilis (Deleito, 2002). Noentanto, a literatura científica não relatatrabalhos que comprovem a eficiência doAgrobio no controle de doenças ou queelucidem o seu mecanismo de ação.

O presente trabalho teve o objetivode avaliar e comparar, em condições decampo, o efeito de pulverizações sema-nais com sulfato de estreptomicina +oxitetraciclina, oxicloreto de cobre e obiofertilizante Agrobio no controle damancha-bacteriana em três cultivares depimentão. Verificou-se também, ainfluência dos tratamentos sobre a floramicrobiana no filoplano e no fruto esobre o desenvolvimento das plantas.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na áreaexperimental do Departamento deFitotecnia da Universidade Federal Ru-ral do Rio de Janeiro, de maio a dezem-bro de 2002. Foram avaliados quatrotratamentos: oxicloreto de cobre (2,4 gia/L), sulfato de estreptomicina +tetraciclina (0,8 g ia/L), biofertilizanteAgrobio (5%) e testemunha (água) emtrês cultivares de pimentão (Magda,Cascadura Itaipu e o híbrido Magali R).

As mudas foram produzidas em ban-dejas de isopor, preenchidas comsubstrato comercial para hortaliças emantidas em casa-de-vegetação. Após35 dias, quando apresentavam quatro acinco folhas definitivas, efetuou-se o seutransplante para a área experimental,previamente preparada e adubada con-forme recomendações da análise de soloe do Manual de Adubação para o Esta-do do Rio de Janeiro (De Polli et al.,1998). Utilizou-se o espaçamento de 1,2x 0,4 m.

Após o transplante, seguiu-se o ma-nejo usual da cultura, com capinas re-gulares, adição de cobertura morta econdução com estacas de 1 m de alturapara cada planta (Carmo et al., 2001). Apartir do florescimento foram realiza-das quatro adubações de cobertura,quando se aplicaram sulfato de amônio(1,4 g planta-1) e cloreto de potássio (0,5g planta-1). As irrigações foramefetuadas a cada três a cinco dias, con-forme a necessidade da cultura, por as-persão ou direto na cova, com auxílio

de mangueira. Ao longo do ciclo da cul-tura foram feitas quatro pulverizaçõescom inseticida à base de deltametrinapara controle da broca dos frutos.

Os dados diários de temperatura(máxima, mínima e média), precipita-ção total e umidade relativa média doar foram coletados na EstaçãoMeteorológica de Seropédica daPESAGRO-RIO, situada a cerca de1.000 m da área experimental.

Adotou-se o delineamento em blo-cos ao acaso com quatro repetições e ostratamentos arranjados em esquema fa-torial 4x3, quatro produtos e três culti-vares, totalizando 48 parcelas de 11,52m2 cada e 24 plantas por parcela, distri-buídas em três fileiras de oito plantas.Para minimizar as interferências entreas parcelas, estas eram separadas poruma bordadura formada por plantas depimentão da cultivar Cascadura Ikeda.Em todas as avaliações consideraram-se apenas as seis plantas localizadas nafileira central de cada parcela.

Aos 21 dias após o transplante ino-cularam-se três plantas de cada parcela,situadas nas fileiras laterais, com X.euvesicatoria. Como inóculo utilizou-se suspensão de células da fitobactériaem solução salina (NaCl a 0,85%) do iso-lado ENA-818, obtida a partir de culturapura com 48 h de crescimento a 28±2oCem meio de Nutriente Agar (Fahy &Hayward, 1983), e concentração ajusta-da para cerca de 106 ufc ml-1. Asinoculações foram feitas por meio deatomização, com auxílio deminipulverizadores, nas faces dorsal eventral de folhas previamente feridas comauxílio de um pincel de cerdas grossas.

As pulverizações iniciaram-se setedias após a inoculação, quando daconstatação dos primeiros sintomas nasplantas inoculadas, e se seguiram a cadasete dias para os tratamentos com oAgrobio e a cada quinze dias para os tra-tamentos com sulfato de estreptomicina+ oxitetraciclina e oxicloreto de cobre,conforme recomendação dos respecti-vos fabricantes. Os tratamentos foramaplicados com pulverizadores costais de5 L, sendo um para cada produto.

As avaliações iniciaram-se quinzedias após a primeira pulverização, quan-do as plantas se encontravam emflorescimento, e se seguiram semanal-

Efeito de produtos químicos e biológicos sobre a mancha bacteriana, flora microbiana no filoplano e produtividade de pimentão

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mente. Foram quantificadas diferentesvariáveis para descrição do desenvolvi-mento da planta (altura em cm, númerode hastes e número total de folhas) e dodesenvolvimento da doença (incidênciade folhas com sintomas visíveis e defolhas caídas e severidade, expressos emporcentagem). A severidade foi estima-da na planta inteira com auxílio de es-cala (Carmo et al., 2001). Com os da-dos de incidência e de severidade dadoença, obtidos ao longo de 11 sema-nas, foram calculados os valores da áreaabaixo da curva de progresso da doença(AACPD) para cada parcela (Carmo etal., 2001).

Aos 60 dias após o início das pulve-rizações, iniciou-se a avaliação da po-pulação microbiana residente nofiloplano em folhas sem sintomas apa-rentes de mancha-bacteriana (Aguiar etal., 2003; Deleito et al., 2005). Realiza-ram-se três séries de isolamentos paraquantificação de X. euvesicatoria,Pseudomonas fluorescentes, fungos eBacillus spp. As folhas foram coletadasentre seis e sete horas da manhã na por-ção média de cinco plantas de cada par-cela. Das folhas foram retirados doisdiscos de 5 mm de diâmetro que foramcolocados em erlenmeyer de 250 mlcontendo 50 ml de solução salina (NaCla 0,85%). Os frascos correspondentes acada tratamento foram agitados por 20minutos a 150 rotações por minuto. Emseguida, foram retiradas alíquotas de 0,5ml dos respectivos frascos que foramadicionadas a 4,5 ml de solução salina(NaCl a 0,85% p/v) seguindo-se trêsdiluições em série 1:10. Dos tubos deensaio contendo as diluições de 10-1 a10-3, homogeneizados em agitadorVortex durante 30 segundos, foram re-tiradas três alíquotas de 0,1 ml que fo-ram distribuídas em três placas de Petricontendo meios específicos para isola-mento de cada tipo de microrganismo aser quantificado.

As avaliações da flora microbianaforam feitas em 28/08, 09/09 e 03/10,aos sete, cinco e dois dias após a últimapulverização com todos os tratamentos,respectivamente. Na primeira avaliação,utilizaram-se os meios Nutriente Ágar,acrescido de 1% de tween 80 (NAT), emeio B de King (Fahy & Hayward,1983), para isolamento de X.

euvesicatoria e de Pseudomonas fluo-rescentes, respectivamente. Na segun-da, utilizaram-se os meios NAT, deMartin e BDA (Dhingra & Sinclair,1995), para isolamento de X.euvesicatoria, fungos e Bacillus spp.,respectivamente. Na terceira, utilizou-se apenas o meio NAT para isolamentode X. euvesicatoria.

As placas para isolamento de bacté-rias foram incubadas em BOD por 36 a48 h a 27ºC e de fungos, a 25oC por setedias. Para isolamento de Bacillus, asamostras foram inicialmente colocadasem banho maria a 80ºC por 20 min(Bettiol, 1997) e as placas incubadas a28oC por 48 h. Os dados foram expres-sos em unidade formadora de colônia(UFC) por cm2 de folha.

Para avaliação da produção, consi-deraram-se o somatório dos frutos co-lhidos ao longo de nove semanas e aprodutividade final expressa em t ha-1.Foram considerados apenas os frutoscom padrão comercial (CEAGESP,2002).

Uma amostra de frutos, coletada 60dias após o início das pulverizações, foienviada ao Laboratório de BiologiaAnimal da PESAGRO-RIO, em Niterói,onde foram feitas as avaliações para aflora microbiana, com ênfase em bacté-rias patogênicas ao homem, coliformesfecais e totais.

Os dados de desenvolvimento daplanta, de produção e de progresso dadoença foram submetidos à análise devariância e comparação das médias peloteste de Scott-Knott a 5% de probabili-dade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve apenas efeito simples de pro-duto e de cultivar sobre o desenvolvimen-to da planta, expresso pela altura, núme-ro de hastes e de folhas. Em geral, ‘Ma-gali R’ apresentou melhor desenvolvi-mento vegetativo, expresso pela maioraltura das plantas, principalmente na faseinicial da cultura (Figura 1A), maior nú-mero de hastes, principalmente na fasefinal da cultura (Figura 1B) e maior nú-mero de folhas, embora não tenha dife-rido significativamente de ‘Magda’ (Ta-bela 1). Não se observou, em geral, efei-to significativo de produto sobre a altu-

ra das plantas, mas aquelas pulveriza-das com oxicloreto de cobre seguido datestemunha apresentaram-se sempremenores em relação às submetidas aostratamentos com Agrobio eestreptomicina + oxitetraciclina (Figu-ra 1C). As plantas do tratamentoAgrobio e da testemunha, seguidas doantibiótico, apresentaram maior núme-ro de hastes, especialmente na fase fi-nal da cultura, e significativamente maiornúmero de folhas que as pulverizadascom oxicloreto de cobre (Figura 1D,Tabela 1). Este resultado está de acordocom os de Aguiar (1997), que relata sin-tomas de fitotoxidez e redução do de-senvolvimento de plantas de pimentãocom aplicações semanais de soluçõescontendo a partir de 56 mg L-1 de cobre,e com os de Deleito et al. (2005) emmudas.

Quanto aos frutos, observou-se efei-to significativo apenas de cultivar so-bre a produtividade. ‘Magali R’ (11,6 tha-1) foi significativamente superior à‘Cascadura Itaipu’ (6,0 t ha-1) e à ‘Mag-da’ (4,5 t ha-1), que não diferiram entresi. A produtividade obtida, mesmo paraMagali R, foi baixa, uma vez que paraesta hortaliça, em condições de campo,é relatada produção de 13,0 a 30 t ha-1

(Robledo & Martin, 1988; Filgueira,2000; Ribeiro et al., 2000).

As condições climáticas (dias secose baixa precipitação) não foram propí-cias ao desenvolvimento da mancha-bacteriana, que apresentou severidademédia em torno de 2%, o que, prova-velmente, dificultou a avaliação dosefeitos do produto sobre o controle dadoença (Figura 2A, B, C e D). Obser-vou-se efeito significativo de cultivarsobre a incidência de folhas infectadas,de folhas caídas e sobre a severidade dadoença, de produto apenas sobre a por-centagem de folhas caídas, e interaçãosignificativa entre produto e cultivarsobre a incidência de folhas lesionadas.Entre as cultivares, observou-se valor deAACPD, obtido com os dados de seve-ridade, significativamente maior para‘Cascadura Itaipu’, comparado às duasdemais cultivares, e nenhuma diferençapara os valores de AACPD calculados apartir da porcentagem de folhas caídas(Tabela 1). Estes resultados estão deacordo com os de Carmo et al. (1998) ede Deleito et al. (2005) que relatam

DAG Silva et al.

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‘Cascadura Itaipu’ como mais suscetívelà mancha-bacteriana quando comparadacom outras cultivares. Entre os produtos,não se observou diferença significativapara a AACPD, calculada com os dadosde severidade, porém esta foi maior notratamento testemunha, seguida do anti-biótico, e com valores menores e seme-lhantes nos tratamentos oxicloreto decobre e Agrobio (Tabela 1). Já a taxa deabscisão foliar foi significativamentemenor no tratamento com oxicloreto decobre em relação à testemunha, àestreptomicina + oxitetraciclina e aoAgrobio, que não diferiram entre si (Ta-bela 1). Ou seja, o oxicloreto de cobre,apesar de não ter estimulado a emissãode folhas, apresentou maior eficiênciana redução da abscisão foliar normal-mente provocada pela ‘mancha-bacte-riana’ (Carmo et al., 1996). Registrou-se maior taxa de queda de folhas entre ofinal de agosto e meados de setembro,cerca de 10 a 20 dias após o pico de se-veridade registrado em meados de agos-to (Figura 2A e B). A incidência de fo-lhas lesionadas foi significativamentemenor em ‘Magali R’ pulverizada com

sulfato de estreptomicina +oxitetraciclina do que em todos os de-mais tratamentos. O tratamento comAgrobio apresentou maior percentual defolhas lesionadas e o oxicloreto de cobrenão diferiu da testemunha (Tabela 2). Esteresultado provavelmente está associadoao maior número de folhas no tratamen-

to Agrobio (Tabela 1). Para os três de-mais produtos não houve diferença sig-nificativa entre as cultivares (Tabela 2).

As condições secas e adversas tam-bém afetaram a flora residente nofiloplano, observada pela baixa taxa derecuperação de fungos e de bactérias aolongo das três avaliações. No primeiro

Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste deScott-Knott (P<0,05).

Tabela 1. Efeito de cultivar e de produto pulverizado sobre o número total de folhas, aporcentagem de folhas caídas e a severidade da mancha-bacteriana do pimentão, causadapor Xanthomonas euvesicatoria, expresso pelos valores da área abaixo da curva de progres-so (AACP). Seropédica, UFRRJ, 2002.

Efeito de produtos químicos e biológicos sobre a mancha bacteriana, flora microbiana no filoplano e produtividade de pimentão

Figura 1. Altura e número de hastes de plantas de pimentão em função da cultivar (A e B) e do produto pulverizado (C e D), ao longo de 14semanas de avaliação. Médias seguidas por letras diferentes diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knott (P<0,05). Seropédica,UFRRJ, 2002.

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isolamento do filoplano, realizado nofinal de agosto, período de menor umi-dade relativa média (60%) e apenas 0,2mm de precipitação na semana, não foiconstatada a presença de Pseudomonasfluorescentes e baixíssima freqüência deX. euvesicatoria. No segundo, realiza-do no início de setembro, foram isola-dos em maior freqüência os fungosPenicilium sp., Alternaria sp. e, princi-palmente, Cladosporium sp. e as bacté-rias Bacillus sp. e X. euvesicatoria, alémde outras não identificadas. Não foi ob-servado efeito significativo de cultivar

sobre a flora microbiana do filoplano,observando-se porém efeito altamentesignificativo de produto. Bacillus sp. foiisolado, em alta freqüência, das plantaspulverizadas com Agrobio e com sulfa-to de estreptomicina + oxitetraciclina eda testemunha, e não foi detectado nasplantas pulverizadas com oxicloreto decobre (Figura 3A). Todos os produtos(Agrobio, sulfato de estreptomicina +oxitetraciclina e oxicloreto de cobre),porém, reduziram significativamente apopulação de X. euvesicatoria e de ou-tras bactérias quando comparados à tes-

temunha (Figura 3A). Estes resultadosconfirmam o efeito bactericida doAgrobio relatado tanto em ensaios invitro (Deleito, 2002) como em casa devegetação (Deleito et al., 2005). Os re-sultados mostram, ainda, o impacto dooxicloreto de cobre sobre a populaçãode Bacillus sp. no filoplano.

Quanto aos fungos, para os três prin-cipais gêneros isolados, constatou-seque no tratamento Agrobio e na teste-munha houve significativamente menorpopulação de Penicillium sp. e de Al-ternaria sp., comparados aos demais tra-tamentos (Figura 3B). O Agrobio e osulfato de estreptomicina +oxitetraciclina, no entanto, favoreceram,a população de Cladosporium sp., sig-nificativamente maior nesses dois tra-tamentos comparados ao oxicloreto decobre e à testemunha. Estes resultadosrevelam o impacto dos bactericidas e doAgrobio sobre a flora microbiana dofiloplano. Estes resultados confirmam,ainda, a atividade bactericida e fungicidado Agrobio, porém, não sobre Bacillussp. e Cladosporium sp., o que sugere anecessidade de se avaliar o seu uso si-multâneo aos inseticidas biológicos àbase de B. thurigiensis, além de cuida-dos no seu uso em culturas suscetíveisa espécies patogênicas deCladosporium.

No terceiro isolamento, seletivo paraX. euvesicatoria, observou-se maior re-cuperação da fitobactéria e diferençassignificativas dos três produtos pulve-rizados em relação à testemunha e ne-nhuma diferença entre as cultivares,semelhante ao discutido anteriormente.O maior isolamento de X. euvesicatorianesta avaliação deve-se, provavelmen-te, à elevação da temperatura observa-da a partir do início de outubro e ao li-geiro aumento na severidade da doença(Figura 2B e C), concordando com osresultados de Aguiar et al. (2003).

Foi constatada a presença apenas decoliformes totais nos frutos tratados comAgrobio e na testemunha. Como Deleito(2002) relata ausência de coliformes to-tais e fecais e de outras bactériaspatogênicas ao homem em diferentesamostras de Agrobio, é provável que apresença de coliformes totais nos frutosesteja associada à manipulação dos mes-mos durante os tratos culturais e colheita.

DAG Silva et al.

Figura 2. Severidade média (%) da mancha-bacteriana do pimentão em função do produtopulverizado (A) e da cultivar (B), e média, de cada dez dias, da temperatura máxima, médiae mínima (C), da precipitação (Ppt) em mm e da umidade relativa (UR) em % (D), e calen-dário de atividades (E) mostrando, data da inoculação, pulverizaçoes com o Agrobio e comtodos os produtos e avaliação da população residente.

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Tabela 2. Interação entre cultivar e produto sobre a porcentagem de folhas infectadas porXanthomonas axonopodis euvesicatoria, expresso pelos valores da área abaixo da curva deprogresso (AACP). Seropédica, UFRRJ, 2002.

Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferemestatisticamente pelo teste de Scott-Knott (P<0,05).

Nas condições de realização do pre-sente ensaio, embora não se tenha detec-tado efeito dos tratamentos sobre a pro-dução observou-se efeito sobre o desen-volvimento vegetativo, sobre a ‘manchabacteriana’ e sobre a flora microbiana dofiloplano. O oxicloreto de cobre, embo-ra não tenha estimulado o desenvolvi-mento vegetativo, foi o produto que me-lhor controlou a ‘mancha-bacteriana’ emais afetou a flora bacteriana nofiloplano. O Agrobio, por sua vez, favo-receu o desenvolvimento vegetativo ereduziu a população de bactérias, excetode Bacillus sp., e de fungos, excetoCladosporium sp., no filoplano. O híbri-do Magali R foi significativamente su-perior aos demais quanto ao vigor dasplantas, produtividade e resistência àmancha bacteriana. Estes resultados su-gerem a atividade bactericida do Agrobioem condições de campo, porém a suaeficiência no controle da mancha bacte-riana deve ser investigada em ensaios sobcondições de ambiente mais favoráveisao progresso da doença.

AGRADECIMENTOS

À CAPES, pela concessão das bol-sas de Mestrado e ao CNPq pelo finan-ciamento do projeto.

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Efeito de produtos químicos e biológicos sobre a mancha bacteriana, flora microbiana no filoplano e produtividade de pimentão

Figura 3. População de bactérias, não identificadas, de Bacillus sp. e de Xanthomonasaxonopodis euvesicatoria (A) e dos fungos, Penicillium sp., Alternaria sp. e Cladosporiumsp. (B) expressa pelo número de unidades formadoras de colônia (ufc/cm2) em folhas deplantas de pimentão pulverizadas com Agrobio (5%), oxitetraciclina + sulfato deestreptomicina (0,8 g/L), oxicloreto de cobre (2,4 g/L) e testemunha (água). Seropédica,UFRRJ, 2002.

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DAG Silva et al.

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141Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

O tomate é uma das hortaliças maisconsumidas no Brasil e constitui

importante fonte de vitaminas e saisminerais para o ser humano. Durantemuitos anos, a produção quantitativa dotomateiro foi o principal critério na ava-liação do efeito das práticas culturaissobre esta cultura, sendo a qualidade dosfrutos pouco considerada. Entretanto,com os avanços das pesquisas, aumen-tando o potencial de produção do toma-teiro e avaliando também os fatores re-lacionados à qualidade, mais ênfase temsido dada ao efeito das práticas cultu-rais sobre os aspectos qualitativos dotomate.

A maior parte dos fatores que deter-minam a qualidade dos produtos vege-

FERREIRA MMM; FERREIRA GB; FONTES PCR; DANTAS JP. 2006. Qualidade do tomate em função de doses de nitrogênio e da adubação orgânica emduas estações. Horticultura Brasileira 24: 141-145.

Qualidade do tomate em função de doses de nitrogênio e da adubaçãoorgânica em duas estações1

Magna Maria M Ferreira2; Gilvan B Ferreira3; Paulo Cezar R Fontes4; José P Dantas5

2UFRR, EAgro, 69310-270 Boa vista-rr; 3Embrapa Roraima, C. Postal 123, 69310-970 Boa Vista-RR; 4UFV, Depto Fitotecnia, 36571-000Viçosa-MG; 5UEPB, 58100-007 Campina Grande-PB; E-mail: [email protected];[email protected];[email protected]; [email protected]

tais é controlada geneticamente. Destaforma, a qualidade dos frutos do toma-teiro difere entre as cultivares (Singh etal., 2000; Ravinder-Singh et al., 2001;Youssef et al., 2001; Warner et al.,2004), sendo também influenciada poroutros fatores, como a fertilidade do soloe as condições climáticas.

Os nutrientes minerais podeminfluenciar os níveis de alguns compos-tos orgânicos nas plantas devido à in-fluência que exercem sobre os proces-sos bioquímicos ou fisiológicos, comoa atividade fotossintética e a taxa detranslocação de fotoassimilados. Váriosautores pesquisaram o efeito da dispo-nibilidade de nitrogênio para as plantasde tomateiro sobre a qualidade dos seus

frutos. Segundo Anaç et al. (1994), asprincipais características que devem serconsideradas na determinação da quali-dade são: pH, concentração de sólidossolúveis, acidez total titulável, teores devitamina C e de nitrato, coloração e pesofresco. Essas características podem serafetadas pela fertilização nitrogenada(Armenta-Bojorquez et al., 2001;Oberly et al., 2002; Flores et al., 2003;Valencia et al., 2003; Warner et al.,2004). Para alcançar nutriçãonitrogenada ótima e, consequentemente,altas taxa de crescimento, produção equalidade dos frutos do tomateiro, sobcondições de campo, a taxa de aplica-ção de fertilizante nitrogenado deve serigual à alta demanda que ocorre duran-

RESUMOA qualidade dos frutos do tomateiro, medida pelo pH, pelos só-

lidos solúveis totais, pela acidez total titulável e pelos teores de N-NO

3- na matéria seca, em resposta a doses de nitrogênio e a aduba-

ção orgânica, foi avaliada em dois experimentos de campo, condu-zidos nas épocas: primavera/verão (nov/98 a fev/99) e outono/pri-mavera (mai a out/99). Os experimentos foram instalados na hortada UFV. As doses de N aplicadas foram 0,0 e 0,0; 93,5 e 110,0;187,0 e 220,0; 374,0 e 440,0; e 748,0 e 880,0 kg/ha, nos experimen-tos de primavera/verão e outono/primavera, respectivamente, e asdoses de matéria orgânica na forma de esterco bovino curtido, embase seca, foram 0 e 8 t/ha, nos dois experimentos. O delineamentoexperimental foi em blocos ao acaso no arranjo fatorial 5x2, comquatro repetições. Nas duas épocas, o pH, os sólidos solúveis totaise a acidez total titulável no fruto de tomate não se alteraram com oaumento nas doses de N, tanto na ausência como na presença daadubação orgânica; os teores de N-NO

3- na matéria seca dos frutos

aumentaram linearmente com as doses de N, sem adubação orgânica;na presença, esta variável não se alterou com as doses de N.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, esterco bovino, pH,0Brix, acidez, nitrato.

ABSTRACTTomato quality as a result of nitrogen doses and organic

manuring in two stations

The tomato fruits quality, measured by pH, by total soluble solids,by the entitled total acidity and by the N-NO

3- and total N content in

the dry matter, as a result of nitrogen doses and organic fertilization,was evaluated in two field experiments, conducted in spring/summer(nov/98 to feb/99) and autumn/spring (may/99 to oct/99). Theexperiments were carried out in Viçosa, Minas Gerais State, Brazil.The N doses were 0,0 and 0,0; 93,5 and 110,0; 187,0 and 220,0;374,0 and 440,0; and 748,0 and 880,0 kg/ha, in spring/summer andautumn/spring experiments, respectively, and the doses of organicmatter in the form of hardened cattle manure, in dry base, 0 and 8 t/ha, in the experiments. The experimental design was of randomizedblocks arranged in a 5x2 factorial design, with four replications. Inthe two periods, the pH, the total soluble solids and the entitled totalacidity in tomato fruits did not alter with the increase of N doses,without and with cattle manuring; the N-NO

3- content in the dry

matter of the fruits increased linearly with the doses of N, withoutcattle manuring; in the presence of cattle manure this variable wasnot influenced by N doses.

Keywords: Lycopersicon esculentum, bovine manure, pH, 0Brix,acidity, nitrate.

1Parte da Tese de doutorado apresentada pelo primeiro autor a UFV, financiado pelo CNPq.

(Recebido para publicação em 28 de maio de 2005; aceito em 10 de maio de 2006)

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142 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

te os estádios de crescimento dos fru-tos, uma vez que a acumulação de sóli-dos solúveis ocorre durante este perío-do e não no estádio de amadurecimentodos frutos (Yrisarry et al., 1993).

As condições climáticas como tem-peratura, umidade relativa e intensida-de luminosa também exercem forte in-fluência sobre as características quali-tativas dos frutos de uma forma geral.Sendo assim, a época de cultivo podeinfluenciar significativamente a quali-dade dos frutos de tomate. Supatra et al.(1998) verificaram que o tomate produ-zido no inverno, na Índia, apresentoumelhor qualidade do que no verão emrelação aos teores de sólidos solúveis,amido, nitrogênio, proteínas eaminoácidos. Por outro lado, Rodriguezet al. (1994), estudando o efeito do ni-trogênio sobre as variáveis relacionadasà qualidade dos frutos do tomateiro emampla faixa de variações climáticas eedáficas da Europa, constataram poucavariação nos resultados obtidos, indican-do que estas variáveis são menosinfluenciadas pelo meio do que àquelasrelacionadas à produção.

O objetivo deste trabalho foi avaliar osefeitos de doses de nitrogênio e da aduba-ção orgânica sobre a qualidade de frutosdo tomateiro, em duas épocas de plantio.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram conduzidos dois experimen-tos: um na primavera/verão e o outro nooutono/primavera, em duas áreas contí-guas, localizadas na Horta do Fundão,pertencente à Universidade Federal deViçosa. Foram avaliados os efeitos dedoses de nitrogênio e da adubação or-gânica sobre a qualidade de frutos dotomateiro (Lycopersicon esculentumMill.) cv. Santa Clara, de hábito de cres-cimento indeterminado.

O experimento de primavera/verãofoi conduzido no campo, de 13/11/98 a11/02/99. O de outono/primavera foi con-duzido entre 14/05 e 27/10/99. Os doisexperimentos foram conduzidos em soloda classe Argissolo Vermelho-Amarelo(Tabela 1), em duas áreas distintas. Asamostras de solo foram retiradas antesda aplicação dos tratamentos.

Nos dois experimentos, os tratamen-tos foram constituídos de cinco dosesde nitrogênio, em presença ou não deadubação orgânica. Foram testadas asdoses de N correspondentes a 0,0; 93,5;187,0; 374,0 e 748,0 kg/ha no experi-mento de primavera/verão e 0,0; 110,0;220,0; 440,0 e 880,0 no experimento deoutono/primavera. Os níveis de matériaorgânica foram 0 e 8 t/ha de matéria seca

de esterco bovino curtido, cuja caracte-rização química se encontra na Tabela2. Os tratamentos foram distribuídos nodelineamento em blocos ao acaso comquatro repetições, perfazendo o total de40 unidades experimentais ou parcelas,no espaçamento de 1,0 m entre fileirase 0,5 m entre plantas, no total de 28 plan-tas por parcela (4 fileiras com 7 plantascada), sendo consideradas úteis as 10plantas centrais da parcela. As dimen-sões de cada parcela foram 4 m de lar-gura e 3,5 m de comprimento, ocupan-do área total de 14 m2, sendo 5 m2 deárea útil.

Para a análise da qualidade, foramamostrados cerca de seis frutos extra AApor parcela, escolhidos ao acaso entreaqueles da 4a e 5a colheitas. Esses frutosforam acondicionados em sacos plásti-cos, devidamente identificados. No la-boratório, todos os frutos foram lava-dos com água deionizada, secados empapel absorvente e, em seguida, três dosseis frutos passados em multi-processador para a determinação do pH,dos sólidos solúveis totais (Brix) e daacidez total titulável.

Os três frutos restantes foram secosem estufa de circulação forçada de ar, a70oC, até atingirem peso constante, emoídos em moinho tipo Wiley com pe-neira de 20 mesh. Na matéria seca dosfrutos, após a extração com água embanho-maria, a 45oC, durante 1 hora, foideterminada a concentração de N-NO

3,

por colorimetria, em espectrofotômetroa 410 nm.

Os dados obtidos foram submetidos àanálise de variância e modelos de regres-são foram ajustados relacionando-se asvariáveis dependentes obtidas às doses deN aplicadas, nos dois níveis de matériaorgânica testados. Os modelos de regres-são foram escolhidos com base no signi-ficado biológico do modelo, nasignificância dos coeficientes de regres-são até 10% de probabilidade, pelo teste t,e no maior coeficiente de determinação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Experimento de Primavera/VerãoO pH dos frutos do tomateiro não

foi alterado pelo aumento das doses deN, atingindo os valores médios de 4,58e 4,61, sem e com matéria orgânica adi-

MMM Ferreira et al.

Tabela 1. Características químicas das amostras dos solos utilizados nos dois experimentos.Viçosa, UFV, 1998/1999.

1Obtido a partir do somatório dos teores de N-NO3

- e N-NH4

+, e da multiplicação dos valoresobtidos pelo volume de solo presente em cada um dos horizontes amostrados. P e K: extratorMelich-1; N-NO

3-, N-NH

4+, Al3+, Ca2+ e Mg2+: extrator KCl 1 mol/L; H + Al: extrator Ca

(Oac)2 0,5 mol/L a pH 7,0; pH em água, relação 1:2,5.

Tabela 2. Teores de umidade, matéria orgânica (M.O.) e nutrientes na matéria seca dosestercos bovinos utilizados nos dois experimentos. Viçosa, UFV, 1998/1999.

1Extraído com H2SO

4 concentrado; 2/ Extração nítrico-perclórica 3:1

Page 15: hb_24_2

143Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

cionada ao solo, respectivamente. Estesresultados discordam daquele obtido porMay & Gonzales (1994), os quais cons-tataram que doses altas de nitrogênioproporcionaram valores de pH dos fru-tos de tomate mais baixos do que asdoses baixas. O pH do fruto de tomatedestinado ao processamento industrialdeve estar entre 4,0 e 4,5, para inibir ocrescimento de bactérias (Jones Júnior,1999). No caso de tomate para mesa, ain-da não existe padrão para essa variável.

Os sólidos solúveis totais dos frutosdo tomateiro não foram alterados como aumento das doses de N, nos dois ní-veis de matéria orgânica testados. Es-ses resultados estão de acordo comPandey et al. (1998), Singh (2003) eWarner et al. (2004), os quais, estudan-do o efeito do nitrogênio no solo sobrea concentração de sólidos solúveis emfrutos de tomate, constataram que essavariável não se alterou com o aumentodas doses de N. Por outro lado Anaç etal. (1994) e Valencia et al. (2003) veri-ficaram aumento constante da concen-tração de sólidos solúveis em frutos detomate com o aumento na quantidadede fertilizante nitrogenado enquantoRavinder-Singh et al. (2001) eDuraisami & Mani (2002) verificaramefeito inverso, ou seja, diminuição dovalor dessa variável com o aumento dataxa de N no solo.

A percentagem de sólidos solúveistotais está relacionada, principalmente,ao sabor do fruto e é representada peloBrix. A maior parte das cultivares detomateiro produz frutos que contêm Brixvariando de 5,0 a 7,0. No presente tra-balho, os valores médios foram 3,75 e3,57, sem e com matéria orgânica adi-cionada ao solo, respectivamente, indi-cando que as condições ambientais eculturais dadas às plantas de tomate nãoproporcionaram alto teor de sólidos so-lúveis. Deste teor, cerca da metade écomposta de açúcares e 1/8 de ácidos,sendo que os açucares predominantessão glicose e frutose e o ácido predomi-nante é o cítrico (Jones Júnior, 1999).

A percentagem de sólidos solúveistotais influencia significativamente orendimento industrial, principalmente opeso final do produto processado. Emalguns países desenvolvidos, a percen-tagem de sólidos solúveis é utilizada

como base na determinação do preço dotomate destinado ao processamento in-dustrial. Desta forma, é importante queseja definido o papel de certos fatoresedáficos na determinação dessa carac-terística (Mahmoud & Amara, 2000;Colla et al., 2001; Kumaran &Natarajan, 2001). O nitrogênio desem-penha importante papel na biossíntesede açúcares nas folhas, os quais podemser translocados para os frutos, poden-do, ao contrário do que ocorreu no pre-sente experimento, aumentar a concen-tração de sólidos solúveis destes. Comohouve resposta acentuada da produçãototal de frutos ao incremento das dosesde N, nos dois níveis de adubação orgâ-nica testados, alcançando os valores de22,13; 37,14; 42,46; 42,61 e 44,44 t/ha,sem matéria orgânica, e 29,41; 37,38;37,89; 43,61 e 44,45 t/ha, com matériaorgânica adicionada ao solo, nas dosesde 0,0; 93,5; 187,0; 374,0 e 748,0 kg/hade N, respectivamente, é possível queos açúcares produzidos nas folhas du-rante o processo de fotossíntese tenhamsido destinados para o aumento no pesoe no número de frutos por planta nestacultivar (Santa Clara), segundoconstatações de Ferreira et al. (2003).

Dadomo et al. (1994) evidenciaramque não apenas os teores de sólidos so-lúveis nos frutos de tomate devem serlevados em consideração, como tambéma quantidade produzida por unidade de

área. Desta forma, no presente experi-mento, foram produzidos, em média,945 e 924 kg/ha de sólidos solúveis, seme com adição de matéria orgânica aosolo, respectivamente.

A acidez total titulável dos frutos dotomateiro, representada pela percenta-gem de ácido cítrico, não foi alteradacom o aumento das doses de N, nos doisníveis de matéria orgânica testados, atin-gindo os valores médios de 0,382% e0,375%, sem e com adubação orgânica,respectivamente, concordando com osresultados obtidos por Durasaimi &Mani (2002) e Oberly et al. (2002), ediscordando com a afirmativa feita porKaniszewski & Rumpel (1983) de quea fertilização nitrogenada pode afetar aacidez total titulável dos frutos de to-mate, conforme demonstrado porRavinder et al. (2000) e Singh et al.(2000). Além da nutrição nitrogenada,outros fatores como genótipo, irradiaçãoe temperatura podem influenciar a colo-ração, o teor de açucares e a acidez totaltitulável do tomate. O sabor dos frutosde tomate é importante característicaqualitativa que atrai bastante a atençãodo consumidor. De acordo com Peet(1996d), citado por Jones Júnior (1999),quanto maiores a acidez e o teor de açú-cares, melhor será o sabor do tomate.

O teor de N-NO3- na matéria seca dos

frutos do tomateiro aumentou linear-

Qualidade do tomate em função de doses de nitrogênio e da adubação orgânica em duas estações

Figura 1. Teores de N-NO3

- na matéria seca dos frutos do tomateiro em função das doses denitrogênio (N) e da matéria orgânica (MO, em t/ha), do experimento de primavera/verão.Viçosa, UFV, 1999.

Significativo a 1% de probabilidade pelo teste t.

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144 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

mente com as doses de N sem adição dematéria orgânica ao solo e permaneceuconstante com adição (Figura 1). O re-sultado obtido sem adição de matériaorgânica ao solo está de acordo com aafirmativa de Kaniszewski & Rumpel(1983) de que a fertilização nitrogenadapode afetar tanto positiva como negati-vamente algumas características da qua-lidade dos frutos de tomate, tais comoteores de matéria seca e de nitrato namatéria seca. Kaniszewski et al. (1987)verificaram que o incremento do nívelde N no solo aumentou o teor de nitratona matéria seca dos frutos. Resultadossemelhantes foram obtidos porMahmoud & Amara (2000). Com a dosezero de N no solo, os teores de N-NO

3-

na matéria seca dos frutos de tomateforam 1153 e 1418 mg/kg, sem e comadubação orgânica, respectivamente.

O teor de N-NO3- na matéria seca dos

frutos, sem adição de matéria orgânica aosolo, com a dose de nitrogênio que pro-porcionou a produção equivalente a fru-tos extra AA (PEAA) de máxima eficiên-cia econômica (MEE), 355,2 kg/ha, foi1657 mg/kg. Tal valor encontra-se acimada faixa encontrada por Kaniszewski etal. (1987), que foi 57,3-145,1 mg/kg. Essadiscrepância pode ser atribuída a diversosfatores, entre os quais cultivares, manejoda cultura, produtividade e quantidade deN adicionada ao solo.

Experimento de Outono/PrimaveraO pH, os sólidos solúveis totais

(Brix) e a acidez total titulável, repre-

sentada pela percentagem de ácido cí-trico, dos frutos do tomateiro, não fo-ram alterados com o aumento das dosesde N no solo, nos dois níveis de matériaorgânica testados. O pH atingiu os va-lores médios de 4,69 e 4,68; o oBrix, 3,93e 3,94 e a acidez total titulável, 0,389%e 0,398% de ácido cítrico, sem e comadubação orgânica, respectivamente.Wight et al. (1962) também não encon-traram variação em algumas caracterís-ticas da qualidade de frutos do tomatei-ro, entre elas pH e oBrix, com o aumen-to da taxa de fertilizantes nitrogenadosno solo. Os resultados obtidos tambémestão de acordo com Pandey et al.(1998), os quais constataram que a fer-tilização nitrogenada não afetou os só-lidos solúveis totais, a acidez totaltitulável e o teor de ácido ascórbico nosfrutos de tomate. De acordo com Warneret al. (2004), que trabalhou com culti-vares de tomate para processamento emOntário, Canadá, a taxa de N no solonão afeta os sólidos solúveis totais, afirmeza, o tamanho e a coloração dosfrutos comercializáveis. Desta forma,Wight et al. (1962) sugerem que o pro-grama de adubação com N nesta cultu-ra deve ser feito com base nos benefí-cios trazidos à produção e não à quali-dade dos frutos.

Semelhante ao que ocorreu no ex-perimento de primavera/verão, o teor deN-NO

3- na matéria seca dos frutos do

tomateiro aumentou linearmente com asdoses de N sem adição de matéria orgâ-nica ao solo e permaneceu constante

com adição (Figura 2). Com a dose zerode N no solo, tais teores foram, respec-tivamente, 1,66 e 1,77 dag/kg, sem adi-ção de matéria orgânica ao solo, e 1,94e 2,09 dag/kg, com adição. Com a dosezero de N no solo, os teores de N-NO

3-

na matéria seca dos frutos de tomateforam 1111 e 1467 mg/kg, sem e comadubação orgânica, respectivamente. Oteor de nitrato nos frutos, sem aduba-ção orgânica, correspondente à dose denitrogênio no solo que proporcionou aPEAA de MEE, ou seja, 525,8 kg/ha,foi 1884 mg/kg. Segundo a Organiza-ção Mundial da Saúde, citada porToyohara (1989), a ingestão diária acei-tável para nitrato para o homem é de 5mg/kg de peso corporal. Portanto, umadulto com 70 kg não deve ingerir maisde 350 mg/dia de nitrato. Como a cv.utilizada no presente experimento (San-ta Clara) pode possuir um peso médiode 140 g/fruto, o consumo de 1 fruto/dia por um adulto de 70 kg não acarre-taria problemas de intoxicação, pois omesmo estaria ingerido 263,76 mg denitrato. O valor encontrado, semelhan-te ao que ocorreu no experimento deprimavera/verão, se encontra muito aci-ma da faixa encontrada por Kaniszewskiet al. (1987).

Em ambas as épocas, o pH, os sólidossolúveis totais e a acidez total titulável nosuco de tomate não se alteram com o au-mento nas doses de N, sem ou com adu-bação orgânica; os teores de N-NO

3- na

matéria seca aumentam linearmente naausência da adubação orgânica e perma-necem constantes na presença.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos funcioná-rios da Horta do Fundão da Universida-de Federal de Viçosa que viabilizaram aexecução dos experimentos de campo.

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MMM Ferreira et al.

Figura 2. Teores de N-NO3

- na matéria seca dos frutos do tomateiro em função das doses denitrogênio (N) e da matéria orgânica (MO, em t/ha), do experimento de outono/primavera.Viçosa, UFV, 1999.

Significativo a 1% de probabilidade pelo teste t.

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145Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

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146 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Atualmente, a preocupação com oambiente e a qualidade de vida tem

difundido amplamente as correntes deagricultura alternativa, dentre elas, aagricultura orgânica. Esse sistema deprodução tem crescido continuamente,em função de uma demanda cada vezmaior por produtos orgânicos. O Brasilocupa a 13ª posição mundial quanto àárea destinada à agricultura orgânicacertificada, com mais de 275 mil hecta-res. Dentre os alimentos produzidos,

FONTANÉTTI A; CARVALHO GJ; GOMES LAA; ALMEIDA K; MORAES SRG; TEIXEIRA CM. 2006. Adubação verde na produção orgânica de alfaceamericana e repolho. Horticultura Brasileira 24: 146-150.

Adubação verde na produção orgânica de alface americana e repolho1

Anastácia Fontanétti2; Gabriel José de Carvalho3; Luiz Antonio Augusto Gomes3; Karina de Almeida3;Sylvia Raquel G de Moraes3; Cícero Monti Teixeira3

2UFV, Depto. Fitotecnia, 36570-000 Viçosa-MG; 3UFLA, Depto Agricultura, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; E-mail:[email protected]; [email protected]

destacam-se as olerícolas para o merca-do interno (Trivellato & Freitas, 2003).

O repolho (Brassica oleracea var.capitata L.) e a alface (Lactuca sativaL.) estão incluídos entre as principaishortaliças de consumo diário do homem(Carneiro, 1981). Assim, para estas cul-turas existe grande potencial de merca-do entre os produtos orgânicos, visto queessas são consumidas preferencialmen-te cruas, na forma de saladas, e apre-sentam elevado teor de vitaminas e de

sais minerais, indispensáveis na dietahumana.

No Brasil, o plantio da alface tipoamericana vem se destacando, principal-mente, para atender às redes de “fastfood” (Bueno, 1998). A sua aceitaçãono mercado in natura também tem semostrado crescente, principalmente, porapresentar um maior período de conser-vação pós–colheita, quando comparadaaos outros tipos de alface (Yuri, 2000).É considerada uma planta exigente

1Parte da dissertação de mestrado apresentada pela primeira autora à UFLA; bolsista do CNPq

RESUMONa produção de hortaliças orgânicas a utilização exclusiva de

composto orgânico tem se mostrado uma prática onerosa, em fun-ção do grande volume exigido para se obter produções comerciais.Uma das alternativas para a adubação complementar das hortaliçasé a utilização da adubação verde. O objetivo deste trabalho foi ava-liar três espécies de adubos verdes, utilizadas em complementaçãoao composto orgânico, quanto ao aporte de nutrientes ao solo, a pro-dutividade e às características agronômicas de alface americana erepolho. O experimento foi instalado na Universidade Federal deLavras, em Lavras–MG, no período de dezembro de 2001 a agostode 2002. O solo foi classificado como LATOSSOLO VERMELHODistrófico. O delineamento experimental foi o de blocos casualizadosem esquema fatorial 4x2, com 3 repetições. Os fatores foram asleguminosas mucuna-preta (Stizolobium aterrimum), feijão-de-por-co (Canavalia ensiformis.), e crotalária juncea (Crotalaria juncea.),mais uma testemunha (vegetação espontânea e adubação mineral);e as culturas de alface americana e repolho. A crotalária juncea apre-sentou o maior potencial de extração dos nutrientes N, P, K, Mg, B,Mn e Zn do solo. Esta espécie foi ainda mais eficiente que o feijão-de-porco e a mucuna-preta em aumentar o peso comercial de cabeçado repolho. Com relação à produção, para a alface os tratamentos deadubação verde mais composto orgânico não diferiram da testemu-nha; enquanto para repolho, tiveram um desempenho estatisticamenteinferior. Entretanto, a utilização de adubo verde mais composto or-gânico permitiu a obtenção de cabeças comerciais de alface ameri-cana e repolho com peso satisfatório para o mercado.

Palavras-chave: Brassica oleracea var. capitata L, Lactuca sativaL., leguminosas.

ABSTRACTThe use of green manure in crisphead lettuce and cabbage

production

The exclusive use of organic compost in the production of organicvegetables has been found to be a costly practice due to the highvolume of compost demanded to obtain commercial productions.Thus, one of the alternatives for complementary fertilization ofvegetables is the use of green manure. The objective of this workwas to evaluate three green manure species, used to complement thefertilization with organic compost, in relation to the nutrient contentsin their biomass, and to productivity and agronomic traits of crispheadlettuce and cabbage. The experiment was carried out at theOlericulture Sector of the Federal University of Lavras (UFLA), inLavras, Minas Gerais State, Brazil, from December 2001 to August2002, in a soil classified as Udox. The experiment was arranged in arandomized block design in a factorial scheme (4x2) with threerepetitions. The first factor was constituted by the green manurespecies: black-velvet bean (Stizolobium aterrimum), jack bean(Canavalia ensiformis), and sunnhep (Crotalaria juncea), plus acontrol treatment (weed and mineral fertilizers); and the second factorwas constituted by the vegetable crops: crisphead lettuce and cabbage.Among the tested green manure species, sunnhep presented the bestpotential for extraction of N, P, K, Mg, B, Mn and Zn. In addition,sunnhep was more efficient than jack bean or black velvet bean inincreasing the commercial weight of cabbage head. In relation toproductivity, as for lettuce, green manuring plus organic compostdid not differ from the control; while for the cabbage, these treatmentshad a performance statistically inferior. The use of green manureplus organic compost allowed to obtain commercial crisphead lettuceand cabbage heads with satisfactory weight for the market.

Keywords: Brassica oleracea var. capitata L, Lactuca sativa L.,leguminous, organic farming.

(Recebido para publicação em 5 de setembro de 2005; aceito em 28 de abril de 2006)

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147Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

nutricionalmente e, por essa razão, emsistema convencional, a maioria dos pro-dutores utiliza o sistema de fertirrigação,com elevadas doses de adubos solúveis.Segundo Yuri (2000), no sul de MinasGerais, a produção convencional alcan-ça cerca de 500 toneladas por semana.

A alface geralmente apresenta boaresposta à adubação orgânica, no entan-to, ela varia de acordo com a cultivar ea fonte de adubo utilizada. Ricci et al.(1995), estudando composto orgânico(tradicional) e vermicomposto na pro-dução de alface, verificaram que a adu-bação com composto e vermicompostoproporcionou teores de P, Ca, Mg e Ssignificativamente iguais à testemunhacom adubação mineral.

Segundo Souza (1998), algumas es-pécies olerícolas são mais adaptadas aosistema de produção orgânico como, porexemplo, o repolho. Esta hortaliça é aquinta mais produzida no Brasil, o quese deve a excelente composição nutri-cional, a versatilidade do consumo innatura e de processamento industrial eàs propriedades terapêuticas, que fazemdo repolho um alimento popular, baratoe de grande importância sócio–econô-mica alimentar (Silva Junior, 1991). Porser exigente em nitrogênio e em potás-sio, o repolho normalmente respondepositivamente à adubação orgânica. Sil-va Junior (1991), estudando o efeito daaplicação de esterco curtido na produ-ção convencional de repolho, concluiuque a utilização de 50 t ha-¹ de estercoprescinde de suplementação mineral. Autilização exclusiva de composto orgâ-nico e/ou de esterco animal para aduba-ção das olerícolas, em sistema orgânicode produção, no entanto, tem se mos-trado uma prática onerosa, em funçãodo grande volume exigido para se obterproduções comerciais. Além disso, autilização desses insumos pode vir a serlimitada futuramente pela exigência daprodução destes sob manejo orgânico.Segundo Altieri (2002), a simples subs-tituição de insumos que agridem o am-biente, por outros menos agressivos,aumenta os custos de produção e nãoreduz a vulnerabilidade fundamental dasmonoculturas, o que não atende aos prin-cípios fundamentais da produção orgâ-nica de alimentos. A utilização de adu-bos verdes na adubação complementar

das hortaliças é uma pratica que podeviabilizar o sistema de produção orgâ-nico.

Entre os efeitos da adubação verdena fertilidade do solo estão o aumentodo teor de matéria orgânica, a maior dis-ponibilidade de nutrientes, a maior ca-pacidade de troca de cátions efetiva, adiminuição dos teores de alumínio e acapacidade de reciclagem e mobilizaçãode nutrientes (Calegari et al.,1993). Es-ses efeitos são bastante variáveis, depen-dendo da espécie utilizada, do manejodado à biomassa, da época de plantio ede corte do adubo verde, do tempo depermanência dos resíduos no solo, dascondições locais e da interação entreesse fatores (Alcântara et al., 2000).

Entre os adubos verdes promissorespara a prática da adubação verde desta-cam-se a mucuna–preta (Stizolobiumaterrimum Piper & Tracy.), a crotaláriajuncea (Crotalaria juncea L.) e o fei-jão-de-porco (Canavalia ensiformisDC.), por serem plantas rústicas, de efi-ciente desenvolvimento vegetativo,adaptadas a condições de baixa fertili-dade e elevadas temperaturas (Pereiraet al., 1992). Assim, o objetivo deste tra-balho foi avaliar essas três espécies deadubo verde quanto ao aporte de nutrien-tes ao solo e a adubação complementardas hortaliças, seus efeitos na produti-vidade e em algumas característicasagronômicas da alface americana e dorepolho.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido de de-zembro/01 a agosto/02, na UFLA emLavras (MG). O solo da área experimen-tal foi classificado como LATOSSOLOVERMELHO Distrófico de textura ar-gilosa. Sua caracterização química (ca-mada de 0-10 cm) revelou os seguintesresultados: pH em água 5,8; 10,8 mg dm-3

de P; 186 mg dm-3 de K; 2,7 cmolc dm-3

de Ca; 0,3 cmolc dm-3 de Mg; 0,1 cmol

c

dm-3 de Al; 3,2 cmolc dm-3 de H+Al; 3,5

cmolc dm-3de soma de bases (SB); 3,6

cmolc dm-3 de CTC efetiva; 6,7 cmol

c dm-3

de CTC potencial; 51,9 % de saturaçãopor bases (V) e 2,9 dag kg-1de matériaorgânica; pH em água (na proporção de1: 2,5 para solo: água); Ca, Mg e Al(extrator KCl 1N); P e K (extrator

Mehlich 1) e acidez extraível (H+Al)(extrator SMP). O C orgânico foi deter-minado pelo método colorimétrico(Quaggio & Raij, 1979) e a porcenta-gem de matéria orgânica estimada, mul-tiplicando-se o teor de C orgânico por1,724.

O delineamento experimental adota-do foi o de blocos casualizados em es-quema fatorial 4x2 com 3 repetições. Oprimeiro fator foi constituído pelasleguminosas: mucuna-preta (Stizolobiumaterrimum Piper & Tracy.), feijão-de-porco (Canavalia ensiformis DC.),crotalária juncea (Crotalaria juncea L.)e por uma testemunha (vegetação espon-tânea) e o segundo, pelas culturas de al-face americana cultivar Raider e repolhocultivar Kenzan. A parcela experimentalteve a dimensão de 4x3 m.

O preparo do solo foi feito no siste-ma convencional, com aração egradagem e posterior semeadura damucuna-preta e do feijão-de-porco, comespaçamento de 0,50 m entre linhas e0,20 m entre plantas, e 0,50 m entre li-nhas e 0,05 m entre plantas para acrotalária juncea. As parcelas da teste-munha não foram capinadas até o plan-tio das hortaliças.

As mudas das hortaliças foram pro-duzidas em casa de vegetação cobertacom plástico e laterais fechadas com telaclarite. A semeadura foi feita em ban-dejas de isopor de 128 células contendoo substrato comercial Plantmax ®.

As leguminosas foram roçadas comuma roçadeira costal e incorporadas aosolo com auxílio de uma grade de dis-co, em março de 2002. Um mês após aincorporação, os canteiros para o plan-tio da alface americana foram prepara-dos manualmente. Não foi realizada, emnenhum tratamento, a calagem do solo.As hortaliças foram transplantadas noinício de maio de 2002, sendo a alfaceamericana no espaçamento de 0,5x0,3m e o repolho em covas comespaçamento de 0,6x0,4 m. Foram con-sideradas para as avaliações duas linhasúteis para a alface americana e três parao repolho.

Na testemunha, utilizou-se adubaçãomineral baseada na análise de solo e deacordo com a recomendação da Comis-são de Fertilidade do Solo do Estado deMinas Gerais (1999): para a alface ame-

Adubação verde na produção orgânica de alface americana e repolho

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148 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

ricana utilizaram-se 400 kg ha-¹ P2O

5,

150 kg ha-¹ de K2O e 150 kg ha-¹ de N,

sendo o último parcelado em 75 kg ha-¹no plantio, 50 kg ha-¹ aos 30 dias após oplantio e 25 kg ha-¹ aos 45 dias após oplantio; para o repolho utilizaram-se 100kg ha-¹ P

2O

5, 100 kg ha-¹ de K

2O e 150

kg ha-¹ de N, sendo o último parceladoem 30 kg ha-¹ no plantio e aos 30 diasapós o plantio e 45 kg ha-¹ aplicados aos45 e 65 dias após o plantio; também seaplicou 1g de ácido bórico por cova. Nasparcelas com as leguminosas utilizou-se a adubação com composto orgânicona dosagem de 20 t ha-¹ (peso úmido),em duas aplicações: 10 t ha-¹ no plantioe 10 t ha-¹ 30 dias após o plantio, paraambas hortaliças. Os resultados da aná-lise química do composto orgânico, combase no peso seco, foram: 16,60 g kg-1

de N; 4,19 g kg-1 de P; 2,62 g kg-1 de K;9,56 g kg-1 de Ca; 3,68 g kg-1 de Mg;2,11 g kg-1 de S; 10,75 mg kg-1 de B;35,62 mg kg-1 de Cu; 37242,60 mg kg-1

de Fe; 274,73 mg kg-1de Mn e 71,90 mgkg-1 de Zn, determinados de acordo coma metodologia descrita por Kiehl (1985);e umidade 13%.

Avaliou-se a parte aérea da vegeta-ção espontânea e das leguminosas, noinício do florescimento, coletando-seamostras de 1m2 por parcela. As amos-tras foram pesadas, para obtenção damassa fresca, sendo retirados 500g decada material para determinação dematéria seca e concentração de nutrien-tes, devolvendo-se o restante à área ex-perimental. O material recolhido foi le-vado até estufa com ventilação forçadade ar à temperatura de 65°C por um pe-ríodo de cinco dias (até estabilização dopeso). Em seguida, o material foi nova-mente pesado para a obtenção do teorde matéria seca e a matéria seca total

(teor de matéria seca x peso fresco)/100.Avaliou-se a concentração de nutrien-tes nas leguminosas e na vegetação es-pontânea, determinando-se os teores deN, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn, e Zn,segundo Malavolta et al. (1989). Asquantidades acumuladas de nutrientesforam obtidas através da quantidade dematéria seca e da concentração dos nu-trientes das leguminosas e da vegetaçãoespontânea, em cada amostra. Para cadatratamento, os valores médios da quan-tidade acumulada de macronutrientesforam transformados em kg ha-1 e os demicronutrientes, em g ha-1.

As colheitas da alface americana edo repolho ocorreram aos 65 e 90 diasrespectivamente. As plantas foram cor-tadas logo abaixo das folhas basais, bemrentes ao solo. Para a determinação damassa fresca total da alface americana,as plantas foram pesadas em balançacom sensibilidade de cinco gramas. Emseguida, retiraram-se as folhas externasobtendo-se o peso comercial da “cabe-ça”. A circunferência da “cabeça” co-mercial foi medida utilizando-se umafita métrica conforme recomenda Yuri(2000).

Para o repolho foram avaliados opeso comercial de cabeça, em gramas,retirando-se as folhas externas e pesan-do-se a cabeça. A altura foi medida dabase (inserção das folhas no caule) aoápice da cabeça, utilizando-se uma ré-gua plástica. Já para o diâmetro horizon-tal, foi feito um corte no centro da ca-beça no sentido horizontal e esse foi me-dido com auxílio de uma fita métrica.

Os valores das características ava-liadas foram submetidos a análises devariância, utilizando-se o programa es-tatístico SISVAR (Ferreira, 2000) e asmédias foram comparadas pelo teste de

Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para as coberturas vegetais(leguminosas e vegetação espontânea),verificou-se diferença significativa paraas variáveis massa verde, matéria secae teor de matéria seca. A vegetação es-pontânea produziu menor quantidade demassa verde e de matéria seca, enquan-to que as leguminosas não diferiramentre si na produção de massa verde. Noentanto, a crotalária juncea apresentoumaior produção e teor de matéria secaem relação a mucuna-preta e ao feijão-de-porco (Tabela 1).

De modo geral, a produtividade dasleguminosas superou os limites propos-tos por Calegari (1995): de 10 a 40 t ha-1

e de 14 a 30 t ha-1 massa verde paramucuna-preta e feijão-de-porco, respec-tivamente. Já para a crotalária juncea, aprodutividade de 39,33 t ha-1 foi inferiora mencionada por Alvarenga et al.(1995), que foi de 52,3 t ha-1 de massaverde com plantio em novembro, fatotalvez relacionado à sensibilidade des-sa leguminosa ao fotoperíodo. Acrotalária juncea é uma espécie de diascurtos e o plantio em dezembro pode terdiminuído sua produção de massa ver-de, por favorecer o florescimento.

O teor de matéria seca da mucuna-preta e do feijão-de-porco foi equiva-lente ao obtido por Oliveira et al. (2002).Para a crotalária juncea, a produtividadede matéria seca foi menor que a citada porAlvarenga et al. (1995), de 16,1 t ha-1, emaior que a obtida por Alcântara et al.(2000), de 6,5 t ha-1.

Para a quantidade acumulada e in-corporada ao solo de macro e de micro-nutrientes pelas plantas de cobertura,verificou-se diferença significativa paratodos os nutrientes analisados. O maioracúmulo de nitrogênio ocorreu nacrotalária juncea, seguido por mucuna-preta e feijão-de-porco e o menor, navegetação espontânea (Tabela 2). Essesdados são semelhantes aos resultadosobtidos por Alvarenga et al. (1995), queverificaram os maiores acúmulos de nitro-gênio na crotalária juncea (252,9 kg ha-1),mucuna-preta (191,5 kg ha-1) e no fei-jão-de-porco (146,2 kg ha-1). Tambémos maiores acúmulos de P, K e Mg fo-

A Fontanétti et al.

Tabela 1. Produção de massa verde (MV), matéria seca (MS) e teor de matéria seca (MS)das plantas de cobertura. UFLA, Lavras, 2002.

¹Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem significativamente entre sipelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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ram observados na crotalária juncea,enquanto que para o S os maioresacúmulos foram encontrados no feijão-de-porco. Com relação ao Ca, os maio-res acúmulos foram encontrados nacrotalaria juncea e no feijão-de-porco.

Quanto aos micronutrientes, obser-vou-se que a crotalária juncea acumu-lou em sua biomassa maiores quantida-des de B, Mn e Zn, enquanto que o maioracúmulo de Cu ocorreu na mucuna-pre-ta. Já para o Fe, encontrou-se os maio-res acúmulos na vegetação espontânea,na crotalária juncea e na mucuna-preta,enquanto o menor acúmulo ocorreu nabiomassa do feijão-de-porco (Tabela 2).

A capacidade das plantas de cober-tura estudadas, de absorverem nutrien-tes e imobilizá-los, seguiu a mesma ten-dência no que se refere à produção dematéria seca. Nesse caso, a crotaláriajuncea foi à espécie mais eficiente tantona produção de matéria seca quanto naabsorção e acúmulo da maioria dos nu-trientes. Já a vegetação espontânea tevea menor produção de matéria seca e osmenores acúmulos de nutrientes, a ex-ceção do Fe. No entanto, vale ressaltarque embora uma espécie de adubo ver-de imobilize grande quantidade de nu-trientes em sua biomassa, isso não sig-nifica que esses nutrientes estarão pron-tamente disponíveis à cultura subse-qüente (Alvarenga et al.,1995).

Para a alface americana não houvediferença significativa para nenhuma dascaracterísticas agronômica estudadas(Tabela 3), o que mostra a viabilidade douso desses adubos verdes utilizados comocomplementação à adubação orgânica, nasubstituição à adubação mineral, na pro-dução dessa hortaliça. Mesmo no trata-mento com feijão-de-porco, que dentreas leguminosas foi a que apresentou me-nor acúmulo de nutrientes, a exceção do

Ca e S, verificou-se uma média de pro-dução de massa fresca da alface superiora mencionada por Rodrigues & Casali(1999), que aplicando 37,7 t ha-¹ de com-posto orgânico obtiveram a média de119,5g planta -1 de alface cultivar Babáde Verão, o que pode indicar um ganhode produtividade com a adubação com-plementar advinda da incorporação dasleguminosas. No entanto, Yuri (2000) eYuri et al. (2002), para a cultivar Raider,na mesma época de plantio, obtiveram amédia de 996,27 g de massa fresca porplanta, diferindo dos resultados obtidosnesse experimento, inclusive pela teste-munha. Este fato provavelmente está re-lacionado ao tipo de manejo efetuado porestes autores, utilização de plástico paraa cobertura dos canteiros e, também, pelouso de irrigação por gotejamento efertirrigação.

De acordo com Yuri et al. (2004) adose de 59,4 t ha-1 de composto orgâni-co com suplementação de nitrogênio epotássio via fertirrigação foi a que pro-porcionou a máxima produtividade daalface americana 914,2 g planta-1. Amaior produtividade da alface quandose utiliza dose elevada de composto or-gânico pode ser atribuída ao fato de queparte do nitrogênio presente em adubosorgânicos resiste à rápida mineralização(Smith & Hadley, 1989). Quando secultivam espécies de ciclo curto como aalface, o aumento da dose do compostoorgânico pode garantir maior produti-vidade. Segundo Santos et al. (2001), aadubação orgânica possui um efeito re-sidual que pode acarretar em aumentode produção às culturas subseqüentes.Dessa forma, espera-se um aumento naprodutividade da alface americana nospróximos ciclos.

Para o repolho, verifica-se que ascabeças comerciais produzidas em área

que teve a vegetação espontânea comoplanta de cobertura e receberam a adu-bação mineral, apresentaram a maiormassa fresca comercial, diâmetro e al-tura das cabeças. Entre as leguminosas,não se observou diferença significativapara os parâmetros avaliados (Tabela 3).

A absorção dos nutrientes, advindosda mineralização dos adubos verdes,pelas hortaliças depende em grande par-te, da sincronia entre a decomposição emineralização dos resíduos vegetais e aépoca de maior exigência nutricional dacultura. De acordo com Diniz (2004),24 dias após a incorporação dos resíduosde mucuna cinza (Stizolobiumcinereum), 50% do nitrogênio presenteno adubo verde já havia sido liberado.A maior taxa de absorção e acúmulo denutrientes do repolho ocorre entre 60 e70 dias após o transplante. Assim, pos-sivelmente, não houve sincronia entre amáxima liberação de nutrientes dos adu-bos verdes e a época de maior exigên-cia nutricional do repolho, pois o trans-plante das mudas ocorreu aproximada-mente 40 dias após a incorporação dasleguminosas. No entanto, o tratamentocom pré-plantio de crotalária junceaapresentou massa fresca comercial ediâmetro da cabeça sem diferenças sig-nificativas em relação ao tratamentocom vegetação espontânea e adubaçãomineral, provavelmente por essaleguminosa ter apresentado o maior acu-mulo de matéria seca e de nutrientes.

Comparando-se as médias de pesocomercial apresentadas pelo repolho nostratamentos com as leguminosas maiscomposto orgânico, verifica-se que es-sas em geral foram maiores que as 900g,mencionadas por Oliveira et al. (2001),em ensaios utilizando 41,0 t ha-¹ de es-terco bovino em solo com 1,13% dematéria orgânica e semelhantes aos re-

Adubação verde na produção orgânica de alface americana e repolho

¹Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 2. Acúmulo de macro e de micronutrientes nas plantas de cobertura, por ocasião do corte e incorporação das palhadas ao solo.UFLA, Lavras, 2002.

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sultados encontrados por Oliveira et al.(2005), que em áreas com pré-cultivode crotalária, obtiveram médias de1260g de massa fresca comercial e diâ-metro horizontal de 15,87 cm de cabe-ças de repolho, atingindo os padrões domercado consumidor brasileiro, que éde 1000 a 1500g de massa fresca comer-cial (Lêdo et al., 2000).

Pelo exposto anteriormente, conclui-se que, dentre os adubos verdes estuda-dos, a crotalária juncea apresentou amaior produção de matéria seca e osmaiores acúmulos dos nutrientes N, P,K, Mg, B, Mn e Zn, sendo, portanto, aespécie mais promissora para o aportede nutrientes ao solo, advindo da decom-posição/mineralização da biomassa.

A utilização dos adubos verdes comocomplemento ao composto orgânico,mesmo no primeiro ano de cultivo orgâ-nico, o qual representa um sistema eminício de conversão, permitiu a obtençãode cabeças comerciais de alface ameri-cana e de repolho com peso satisfatóriopara o mercado, demonstrando que a adu-bação verde pode ser considerada umaprática promissora na produção dessashortaliças em sistema orgânico.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq, pela concessão de bolsaa primeira autora.

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Tabela 3. Produção de massa fresca total (MF total), massa fresca comercial (MF com.) ecircunferência (Circunf.) da cabeça de alface americana e massa fresca comercial, diâmetro(Diâm.) e altura (Alt.) da cabeça de repolho em função das plantas de cobertura. UFLA,Lavras, 2002.

¹Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem significativamente entre sipelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

A Fontanétti et al.

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151Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Corn (Zea mays L.) intended for“green corn” and grain production

is one of the most important crops inthe Brazilian Northeast. “Green corn”is the name given to ears harvested whenthe grain moisture content is between70 and 80%.

Baby corn consists of the husked ear,harvested two or three days after silkemergence. Baby corn is a profitablecrop, and the growing allows for adiversification of production,aggregation of value, and increasedincome. Several factors influence babycorn yield, including cultivar, sowingseason, planting density, detasseling,

SILVA PSL; SILVA PIB; SOUSA AKF; GURGEL KM; PEREIRA FILHO IA. 2006. Green ear yield and grain yield of maize after harvest of the first ear asbaby corn. Horticultura Brasileira 24: 151-155.

Green ear yield and grain yield of maize after harvest of the first ear asbaby cornPaulo Sérgio L e Silva1; Paulo Igor B e Silva1; Ana Karenina F de Sousa1; Kamila M Gurgel1; Israel APereira Filho2

1UFERSA, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; 2Embrapa Milho e Sorgo, C. Postal 151, 35701-970 Sete Lagoas-MG; E-mail:[email protected]; [email protected]

weed control, and fertilizers. As aproduct, it was only important inThailand and a few other countries(Thakur et al., 1998; Carvalho et al.,2002; Pandey et al., 2002a; Pandey etal., 2002b).

Brazil has a promising marketbecause the demand for baby corn is onthe rise and the Brazilian production isnearly null (Rodrigues et al., 2004).There is also a perspective for exportingto other markets, especially those thatalready import a variety of Brazilianvegetable products (Hardoim et al.,1982). In view of this, some studies havebeen undertaken in many regions of

Brazil (Pereira Filho et al., 1998;Carvalho et al., 2002; Tomé, 2002).Farmers would substantially increasetheir net income by selling baby corn.(Hardoim et al., 2002).

It would be interesting, therefore, toevaluate baby corn yield under theconditions found in the BrazilianNortheast. In this region, the productionof corn takes on a special significancebecause, as long as water is availablefor irrigation, production can be carriedout during nearly all year and thereforeduring the off season in some regions.

The support provided by the stateand federal governments to irrigation

ABSTRACTBaby corn (BC) consists of the corn ear harvested two or three

days after silk emergence. BC is a profitable crop, making possible adiversification of production, aggregation of value and increasedincome. Removing the first female inflorescence induces corn toproduce others, making possible to produce several BC ears or,alternatively, BC (by harvesting the first ear) and green ears or grain.The objective of this work was to evaluate green ear yield and grainyield, after harvesting the first ear as BC. Corn cultivar AG 1051 wassubmitted to the following treatments, in a random block design withten replicates (52 plants per plot): BC harvesting; green ear harvesting(grain moisture content between 60 and 70%); mature ear harvesting;BC harvesting and harvesting of other ears as green or mature ears.Marketable green ears yield or grain yield produced without removingthe first inflorescence were superior to the green ears yield or grainyield produced after removal of the first inflorescence harvested asbaby corn. Harvesting only the first ear as baby corn, and thenharvesting green ears or the mature ears, provided lower baby cornyields than that obtained by harvesting all ears as baby corn.Economically, the best net revenues would be obtained by exploringthe crop for the production of green ears, green ears + baby corn, babycorn, baby corn + grain, and grain, in this order.

Keywords: Zea mays, green corn, flowering.

RESUMORendimentos de espigas verdes e de grãos de milho após a

colheita da primeira espiga como minimilho

O minimilho (MM) é a espiga do milho colhida dois a três diasapós a emergência dos estilo-estigmas. O MM é rentável e propiciadiversificação da produção, agregação de valor e ampliação de ren-da. A remoção da primeira inflorescência feminina induz o milho aproduzir outras. Isso possibilita a produção de várias espigas de MMou, alternativamente, MM (colhendo-se a primeira espiga) e espigasverdes ou grãos. O objetivo do trabalho foi avaliar os rendimentosde espigas verdes e de grãos, após a colheita da primeira espigacomo MM. A cultivar AG 1051 foi submetida aos seguintes trata-mentos, no delineamento de blocos ao acaso com dez repetições (52plantas por parcela): colheita de MM; colheita das espigas verdes(grãos com teor de umidade de 60 a 70%); colheita das espigas ma-duras; colheita de MM e colheita das outras espigas como espigasverdes ou maduras. Os rendimentos de espigas verdescomercializáveis e de grãos, produzidos sem a remoção da primeirainflorescência, foram superiores aos rendimentos respectivos pro-duzidos após a remoção da primeira inflorescência, colhida comominimilho. Colhendo-se somente a primeira espiga como minimilhoe as demais espigas como espigas verdes ou maduras obtiveram-semenores rendimentos de minimilho que o obtido colhendo-se todasas espigas como minimilho. Economicamente, as melhores receitaslíquidas seriam obtidas explorando-se a cultura para a produção deespigas verdes, espigas verdes + minimilho, minimilho, minimilho+ grãos e grãos, nesta ordem.

Palavras-chave: Zea mays, milho verde, floração.

(Recebido para publicação em 18 de fevereiro de 2005; aceito em 3 de maio de 2006)

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agriculture in the Brazilian Northeastallows corn to be grown during the offseason and has also allowed fruticultureto become regionally important.Irrigated fruticulture, in turn, hasencouraged corn cropping, since themelon plant (Cucumis melo L.), the mainvegetable crop species explored byproducers, is only grown in the absenceof rains in order to yield better qualityfruits. In the first semester of the year,fruit producing companies successfullyexplore corn in the areas previouslyoccupied by melon plants, in order toproduce green ears, grain, and stubble(above-ground plant parts, without ears),under dryland conditions, and whereirrigation is possible. Under theseconditions, another option to explorecorn would be the production of babycorn.

Some cultivars of corn are prolific,and they yield more than one ear perstalk. In addition, removing the first earinduces the plant to produce newinflorescences (Silva, 2001). Thischaracteristic makes it possible toproduce several baby corn ears or,alternatively, baby corn (by harvestingthe first ear) and green ears or grain (inthe second ear). The objective of thiswork was to evaluate green ear yield andcorn grain yield, after harvesting the firstear as baby corn.

MATERIAL AND METHODS

The experiment was carried out atExperimental Farm ‘Rafael Fernandes’(experimental farm), of theUniversidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), located 20 km awayfrom the municipal seat of Mossoró,RN, Brazil (5° 11' S; 37° 20' W, and 18m altitude), during the period fromAugust to November, 2003. The climateinformation data for the region weresummarized by Carmo Filho & Oliveira(1989). The analysis of a soil samplefrom the experimental area, a “ArgissoloVermelho-Amarelo Eutrófico”,according to the Brazilian SoilClassification System (EMBRAPA,1999), and Ferric Lixisol, according tothe Soil Map of the World (FAO, 1988),indicated: pH (H

2O)=6.5; Ca=1.19;

Mg=0.97; K=0.15; Na=0.22; Al=0.00;

H+Al=0.49; SB=2.53; CEC=3.02; andt=2.53 cmol

c dm-3; m=0.00%, V=83.8%;

P=2.0 mg dm-3; organic C=0.48%; Org.Matter=1.90 g kg-1. Further details onthe experimental soil have beenpresented by Mota (2004).

Corn cultivar AG 1051, a short sized,super-early double hybrid with yellowdent grain, was submitted to thefollowing treatments; harvest of babycorn ears, at the time of femaleflowering; harvest of green ears, whenthe grain showed a moisture contentvarying between 60 and 70%; harvestof mature ears, after physiologicalmaturation, when the grain showed amoisture content of approximately 20%;harvest of the first female inflorescenceas baby corn and later harvests of otherears formed as green ears; harvest of thefirst female inflorescence as baby cornand later harvests of other ears formedas mature ears.

A random block design with tenreplicates was utilized. Eachexperimental unit consisted of four 6.0m long rows. The usable area wasconsidered as the space occupied by thetwo central rows, with the eliminationof plants from one pit at each end.

The soil was tilled by means of twoharrowings. The plots were identifiedand received 30 kg N (ammoniumsulfate), 60 kg P

2O

5 (single

superphosphate), and 30 kg K2O

(potassium chloride) per hectare, infurrows with a depth of 10 cm locatedalongside and below the seeding furrow.Sowing was done manually at a 5 cmdepth and a row spacing of 1.0 m x 0.4m, using four seeds pit-1. A thinningoperation was performed 20 days aftersowing, leaving the two more vigorousplants in each pit. Therefore, afterthinning the experiment showed apopulation density equivalent to 50thousand plants ha-1. The experimentwas sprinkler-irrigated. The water depthrequired for corn (5.6 mm) wascalculated considering an effectivedepth of 0.40 m in the root system.Irrigation time was based on the waterretained by the soil at a tension of 0.04Mpa. An irrigation shift of one day wasestablished.

Weed control was performed by twohoeings, conducted at 20 and 45 days

after sowing. Pest control wasperformed by means of two deltamethrinsprays (250 ml ha-1), at 7 and 14 daysafter sowing. After each weedingoperation, the experiment was fertilizedwith 30 kg N ha-1 (ammonium sulfate).

In baby corn, the total number andweight of ears and the number andweight of marketable ears, eitherunhusked or husked were evaluated.Marketable unhusked ears wereconsidered those free from damagecaused by pests or diseases, andmarketable husked ears were those withgood health showing a color varyingfrom pearly white to light yellow,cylindrical in shape, with a diameterranging from 0.8 to 1.8 cm and lengthranging from 4.0 to 12.0 cm. In greencorn, the number and weight ofmarketable green ears, either unhuskedor husked were evaluated. Marketableunhusked ears were considered as thosewith a length above 22.0 cm and suitableappearance for commercialization,without blemishes or perforations bypests. Marketable husked ears wereconsidered as those with a length above17.0 cm that displayed grain set andhealth suitable for commercialization.Next, the ears were husked and left todry in the sun for approximately 72hours, when they were threshed by hand.After weighing the grain, a 100 g samplewas taken to estimate moisture content.Based on the moisture content thusdetermined, grain weight was correctedto a moisture content of 15.5%. Thenumber of grains per ear was estimatedbased on 20 ears, and the 100-grainweight was estimated based on fivesamples of 100 grains. After harvestingthe dry ears, all plants in the usable areaof each plot were used to evaluate plantheight (distance from the soil level tothe insertion point of the highest leafblade) and ear height (distance from thesoil level to the insertion point of thefirst ear).

The data were submitted to analysisof variance and the means were comparedby Tukey test up to a 5% probability valueusing the SAEG software package(Ribeiro Júnior, 2001).

The economic analysis of the dataconsisted in calculating the operatingincome (net revenue), by subtracting the

PSL Silva et al.

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total cost from the gross revenue(Vasconcelos et al., 2002). The total costwas obtained by adding the fixed andvariable costs. We considered as fixedcost the labor supplied by a propertymanager plus the depreciation,maintenance and conservation, insuranceand interest on the fixed capitalrepresented by implements (irrigationsystem and back-pack sprayer). variablecost included labor spent on managementpractices, consumables (fertilizers, etc),machinery and implement rental(harrowing and grooving operations),electric energy for irrigation, technicalassistance and “PROAGRO” (both 2%of the variable cost value) and intereston the working capital (6% APR of thevariable cost). The prices of baby corn,green corn and grain were obtained atsupermarkets.

RESULTS AND DISCUSSION

Harvesting only the first ear as babycorn, and then harvesting green ears orthe grain, provided lower values thanthose obtained in plots where all earsproduced were harvested as baby corn,for all characteristics evaluated in babycorn ears (Table 1). This superiorityranged from 47 percentage points (totalnumber or marketable unhusked ears)to 50 percentage points (number andweight of marketable husked ears). Thesuperiority was obviously due to thecorn’s ability to produce new femaleinflorescences as the first inflorescenceswere removed. In treatments wheregreen or mature ears were harvestedlater, starting at 69 days after planting,the proportion of baby corn earsharvested gradually decreased untilbecoming practically nil at 78 days afterplanting (Table 1). In commercialplantings, the number of baby cornharvests generally is not as many as wereperformed in the present work. We choseto harvest baby corn in the plots whereonly baby corn would be harvested, untilthe date when the last baby corn earswere harvested in plots where green ormature ears would be harvested later.The baby corn yields were substantiallylower than those obtained by otherauthors (Pereira Filho et al., 1998;Pandey et al., 2002), because theplanting densities used to produce

exclusively baby corn may exceed 200thousand plants ha-1 (Pereira Filho et al.,1998). Obviously, such densities couldnot have been used in the present work,since green ear yield and grain yieldwere also evaluated.

The yield superiority, in number andweight of green ears produced withoutremoval of the first inflorescence couldhave been due to the fact that part of theinflorescences, formed after removal ofthe first inflorescence, may have neverbeen pollinated or may have been onlypartially pollinated, due to its delayedformation (Table 2). Deficiencies inpollination might have occurred becauseof the dynamic of pollen release in corn.This dynamic tends to follow the Gausscurve, i.e., the amount of released pollengrains increases with time and thendecreases after reaching maximumvalues (Lizaso et al., 2003). Thus,inflorescences formed at later timeswould have smaller chances to bepollinated because pollen availabilitywould be reduced. Possibly the

prevailing weather conditions during theflowering period, particularly relativehumidity and temperature, haveaggravated the reduction in pollination.Hot and dry environments cause areduction in the viability of pollen grains(Purseglove, 1972). However, therewere no differences between earsharvested with or without removal of thefirst ear harvested as baby corn, withregard to green ear length or diameter.

Based on the data for the totalnumber of ears produced (Table 3) it isestimated that the proportion of non-pollinated ears would be around 24% ofthe total ears produced, withoutharvesting the first ear as baby corn.Possibly the reduction in green earweight is also associated to a reductionin the number of grain ear-1, which wasnot evaluated in green ears, but wasestimated in mature ears. In this case,some ovules of some ears would nothave been pollinated because enoughpollen grains were not available. Theovaries of late-fertilized ovules

Table 1. Number and weight of baby corn ears of maize cultivar AG 1051. Mossoró,UFERSA, 2003.

1For each baby corn ear characteristic, means followed by a common letter do not differamong themselves by Tukey test (P d” 0.05)2Harvest of the first inflorescence as baby corn and later harvest of green ears3Harvest of the first inflorescence as baby corn and later harvest of mature ears

Green ear yield and grain yield of maize after harvest of the first ear as baby corn

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frequently abort, reducing the formationof grain (Carcova et al., 2000; Andersonet al., 2004).

The grain yield superiority (of about48%) in plants that were not submittedto first inflorescence removal was dueto higher numbers of ears ha-1and grainear-1, since both treatments did not differ

as to their 100-grain weight (Table 3).

Plant height (143 cm) and ear height(71 cm) were not affected by treatments.The pollination period in corn lasts, onaverage, from 5 to 8 days and ischaracterized by an interruption of stalkgrowth in height (Fornasieri Filho,1992).

1For each characteristic evaluated, means followed by a common letter do not differ amongthemselves by Tukey test (P d” 0.05)

Table 2. Number, weight, length and diameter of green corn ears of maize cultivar AG 1051.Mossoró, UFERSA, 2003.

Table 3. Means for grain yield and the main components of this yield in maize cultivar AG1051. Mossoró, UFERSA, 2003.

1For each characteristic evaluated, means followed by a common letter do not differ amongthemselves by Tukey test (P d” 0.05)

PSL Silva et al.

The fixed and variable costs aredifferent for the different finalities ofcrop exploration (Table 4). The value ofsome taxes, which comprise fixed costs,is higher in products with a higher totalincome. Similarly, there are differencesin variable costs between productsbecause, for example, some of themdemand more labor to be obtained.Economically, under the conditions hereevaluated, corn as a crop would be moreadvantageous if explored for theproduction of green ears, followed bythe production of green ears + baby corn,and finally of baby corn alone. Thesmallest net revenues would be achievedby exploring the crop for the productionof grain or grain + baby corn. Somevalues presented in the economicanalysis possibly are overestimated.However, several results here obtainedare in agreement with those from otherauthors. Fixed costs contributed muchsmaller shares of total cost. Also, thefixed component that contributed thehighest percentage was machinery andequipment depreciation, as observed byother authors (Vasconcelos et al., 2002).With regard to variable costs, thegreatest contributions came from inputand labor, similarly as results obtainedby Vasconcelos et al. (2002). Withreference to income, some authors(Hardoim et al., 2002) have presenteddata estimating the margin on baby cornsales as 412%. It is important to pointout that planting densities different fromthe one adopted in the present work(50,000 plants ha-1) must certainly resultin benefits that are different from thoseherein obtained. This is relevant in thecase of baby corn, which, as previouslymentioned, is explored at plantingdensities higher than 200,000 plants ha-

1, but could be important for otherproducts as well. Furthermore, herbageexploitation (above-ground part of theplant after harvesting the ears) has notbeen considered in this work. All thesealternatives generate a wide range ofexploration possibilities for corn.

Marketable green ears or grain yield,produced without removing the firstinflorescence, were superior, to thegreen ears yield or grain yield producedafter removal of the first inflorescenceharvested as baby corn. Harvesting onlythe first ear as baby corn and then

Table 4. Fixed, variable, and total costs, gross and net income, and margin on sales (obtainedby making total cost =100%) for different corn purposes. Mossoró, UFERSA, 2003.

1Assumptions: baby corn bought by the supermarket at R$ 10.00/kg (sold at R$ 17.00/kg),husked and packaged green corn bought by the supermarket at R$ 1.50/kg (sold at R$ 2.00/kg), and dry grain bought and packaged by the supermarket at R$ 0.60/kg (sold at R$ 0.80/kg).

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Green ear yield and grain yield of maize after harvest of the first ear as baby corn

harvesting green ears or the mature earsprovided lower baby corn yields thanthat obtained by harvesting all ears asbaby corn. Economically, the best netrevenues would be obtained byexploring the crop for the production ofgreen ears, green ears + baby corn, babycorn, baby corn + grain, and grain, inthis order.

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156 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

O alho (Allium sativum L.) é uma dashortaliças mais importantes no

Brasil, sendo cultivado na maioria dasregiões brasileiras e muito utilizado nopreparo de refeições, em função de seuaroma e sabor serem muito apreciados.

Segundo Puiatti & Ferreira (2005),o alho é a segunda cultura mais cultiva-da no mundo, sendo superada apenaspela cultura da cebola. No Brasil, a cul-tura ocupa o quarto lugar em importân-cia econômica dentre as hortaliças, su-perado apenas pelas culturas da batata,tomate e cebola (Filgueira, 2003). Se-gundo dados do Agrianual (2004), oBrasil importou em 2001, cerca de 78mil toneladas de alho, o que confere aopaís o titulo de segundo maior importa-dor mundial, somente superado pelaIndonésia que importou no mesmo anocerca de 206 mil toneladas de alho. Se-gundo Resende (2004), o consumo men-sal do Brasil chegou a 10 mil toneladas,além de mais 30 mil toneladas anuais para

MOTA JH; YURI JE; RESENDE GM; SOUZA RJ. 2006. Similaridade genética de cultivares de alho pela comparação de caracteres morfológicos, físico-químicos, produtivos e moleculares. Horticultura Brasileira 24: 156-160.

Similaridade genética de cultivares de alho pela comparação decaracteres morfológicos, físico-químicos, produtivos e molecularesJosé H Mota1; Jony E Yuri2; Geraldo M Resende3; Rovilson José de Souza4

1UFGD, Depto. Ciências Agrárias, C.Postal 533,79804-970 Dourados-MS; 2UNINCOR, Av. Castelo Branco, 82, Centro,37410-000 TrêsCorações-MG; 3Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; 4UFLA-Depto. Agricultura, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; E-mail: [email protected];

alho-semente, o que gera um consumomédio anual de cerca de 150 mil tonela-das para o mercado interno brasileiro.

A preferência do consumidor é poralhos do grupo nobre, que são caracte-rizados como aqueles que possuem ca-beça redonda com bulbos uniformes,bulbilhos grandes e ausência de palitos.Os bulbos têm túnica branca e películade cor rósea ou roxa e os bulbilhos têmpelícula rósea escura, necessitando devernalização para plantio e apresentan-do sensibilidade aopseudoperfilhamento.

Um segundo grupo, cultivado emMinas Gerais, é o grupo seminobre. Essegrupo caracteriza-se por possuir alhosde cabeça irregular, bulbosdesuniformes, túnica branca com pelí-cula branca a levemente arroxeada, pre-sença de palitos, não necessitando devernalização para a formação do bulboe quase não apresentandopseudoperfilhamento.

O Brasil apresenta-se como um gran-de consumidor de alho, e é observadono mercado brasileiro, uma enormequantidade de clones, os quais apresen-tam diferentes denominações regionaisou populares, acarretando dificuldadese, muitas vezes, caracterizações dúbiasdo mesmo material. Tal fato faz comque, na maioria das vezes, osalhicultores adquiram material paraplantio de baixa produtividade e/ou bai-xa conservação pós-colheita.

A separação entre e dentro dos gru-pos ocorre, na maioria das vezes, basea-da em características morfológicas daplanta, e isso requer o plantio e certo pe-ríodo de tempo para que as característi-cas de cada fenótipo sejam manifestadas.

A caracterização, separação e agru-pamento das cultivares de alho por meiode características morfológicas,anatômicas, isoenzimáticas oumoleculares apresenta grande importân-cia na indicação daquelas mais adapta-

RESUMOCaracteres morfológicos (altura da planta, largura da folha, nú-

mero de folhas e ângulo de folhas), físico-químicos (sólidos solú-veis, acidez total titulável e pH), produtivos (produção comercial emassa média de bulbos) e molecular (por meio de marcadoresmoleculares RAPD) foram estudados em alho (Allium sativum L.).Doze cultivares, seis seminobre (Gigante Curitibanos, Gigante Roxo,Gigante Roxão, Gravatá, Amarante e Cateto Roxo) e seis nobre (Ca-çador, Chonan, Contestado 12, Caçador 30, Caçador 40 e Quitéria595) foram utilizadas. Os resultados da análise de similaridade en-tre as cultivares foram equivalentes, quando utilizadas característi-cas morfológicas, físico-químicas e produtivas ou moleculares, in-dicando que os métodos de caracterização tiveram o mesmo poderde resolução na distinção das cultivares, formando dois grupos: odas cultivares seminobres e o das nobres.

Palavras-chave: Allium sativum L., RAPD, caracterizaçãomorfológica, diversidade genética.

ABSTRACTGenetic similarity of garlic cultivars when compared with

the morphologic, physical-chemical, productive and molecularcaracteristcs

Morphological (plant height, number of green leaves, width ofleaves, and the insertion angle of the leaves), physical-chemical (solublesolids, the total titratable acidity, and the pH), productive (commercialproduction and medium weight of the bulbs) and molecular (with RAPDmarkers) characteristics of garlic were studied. Twelve cultivars, sixsemi-noble (Gigante Curitibanos, Gigante Roxo, Gigante Roxão,Gravatá, Amarante and Cateto Roxo) and six noble (Caçador, Chonan,Contestado 12, Caçador 30, Caçador 40 and Quitéria 595) were analyzed.The results of the similarity analysis among cultivars were equivalent,when morphologic, physical-chemical and productive or molecularcharacteristics were evaluated, indicating that the methods presentedthe same resolution to distinguish cultivars, generating two groups: oneformed by seminoble and other formed by the noble cultivars.

Keywords: Allium sativum L., RAPD, morphologicalcharacterization, genetic diversity.

(Recebido para publicação em 1 de março de 2005; aceito em 24 de abril de 2006)

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das às diferentes regiões brasileiras, ouna avaliação de bancos de germoplasma,com economia de tempo e de recursoseconômicos (Mota, 2003).

Técnicas multivariadas têm sido efi-cientes na descrição e seleção de múlti-plos caracteres simultaneamente, resul-tando em economia de tempo e recur-sos financeiros, uma vez que muitasvariáveis são redundantes por seremcorrelacionadas, ou dispensáveis, porrepresentarem uma fração desprezívelda variação total (Alves et al., 2003;Cruz et al., 2004).

A análise de agrupamento é um dosrecursos da análise multivariada quepermite dividir um grupo original deobservações em vários grupos, de talforma que exista homogeneidade den-tro dos grupos e heterogeneidade entregrupos, seguindo algum critério de si-milaridade ou dissimilaridade (Cruz etal., 2004). Assim, permite uma avalia-ção comparativa de todas as caracterís-ticas estudadas, pela formação de gru-pos homogêneos por meio de uma me-dida de similaridade entre indivíduos emrelação ao conjunto de variáveis.

Nesse contexto, esse estudo foi rea-lizado com o objetivo de avaliar as va-riações físico-químicas, produtivas,morfológicas e genéticas, por meio daanálise de similaridade, de doze culti-vares de alho dos grupos seminobre enobre.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido noSetor de Olericultura da UFLA, MinasGerais,.a 21º14’ de latitude sul e a 45º00’ de longitude oeste, a uma altitudede 918 m. A temperatura média anualda região é de 19,4ºC, e a precipitaçãomédia anual fica em torno de 1529,7 mmcom umidade relativa média anual de76,2ºC.

Foram utilizadas doze cultivares dealho (Allium sativum L.), sendo seisclassificadas como nobres e seis classi-ficadas como seminobres. As cultivaresnobres utilizadas foram: Chonan, RoxoPérola de Caçador, Caçador 30, Quitéria595, Contestado 12 e Caçador 40, todasprovenientes do Estado de SantaCatarina. No grupo das seminobres, uti-lizaram-se as cultivares Gigante Roxo,

Gigante Roxão, Amarante, Cateto Roxoe Gravatá, cultivadas em Minas Gerais.Outra cultivar seminobre utilizada foi acultivar catarinense Gigante Curitibanosque, pelas características morfológicas,apresenta exigência climática semelhan-te às cultivares tradicionalmente plan-tadas em Minas Gerais, não necessitan-do de vernalização.

Para plantio, os bulbos foram debu-lhados e selecionados para eliminaçãodos bulbilhos chochos, com sintoma depraga ou doença. Posteriormente osbulbilhos foram classificados em penei-ra 2 (malha de 1,5 x 1,5 cm) para uni-formizar o desenvolvimento da cultura.

A fim de avaliar as característicasmorfológicas, físico-químicas e produti-vas das cultivares de alho foram instala-dos, dois experimentos. Um com o gru-po seminobre e o outro com o grupo no-bre, onde foi utilizado o delineamento emblocos casualizados com três repetiçõese seis cultivares. Cada bloco tinha 6,0 mde comprimento por 1,2 m de largura,dividido em 6 parcelas de 1,0 m.

Os caracteres vegetativos analisadosforam: altura da planta, com o auxiliode uma régua graduada ao nível do soloaté a folha superior; largura da folha,medida no terço médio da folha supe-rior totalmente desenvolvida; número defolhas, sendo contadas todas as folhasque apresentaram atividadefotossintética e ângulo de folhas, com oauxílio de um transferidor determinan-do-se o ângulo da folha inferiorfotossinteticamente ativa com opseudocaule da planta. Todas as medi-ções foram realizadas aos 70 dias apóso plantio.

Após a colheita, as plantas foramsubmetidas à pré-cura ao sol por trêsdias, que consistiu em deixar as plantasexpostas ao sol, sendo que as folhas dascultivares protegiam os bulbos para evi-tar a queima pelos raios do sol, após esseperíodo as plantas foram avaliadas quan-to às características físico-químicas (só-lidos solúveis, acidez total titulável epH). Para sólidos solúveis, acideztitulável e pH, foram utilizadas normasda Association of Official AgriculturalChemists (AOC, 1990).

Após a pré-cura ao sol, as plantasforam armazenadas em galpão ventila-do por 30 dias, sendo posteriormente

realizada a toalete que consistiu em cor-tar as raízes e o cabo com 2 cm e avalia-da as características de produtividade(produção comercial e massa média debulbos).

A extração do DNA, utilizado noestudo dos caracteres moleculares, foirealizada no Laboratório de BiologiaMolecular da Embrapa Milho e Sorgolocalizada em Sete Lagoas/MG. O DNAgenômico foi obtido de bulbilhos innatura descascados e triturados em N

2

líquido com polivinilpirrolidona (PVP).Adicionaram-se, em seguida, 10 ml detampão de extração (1 M de Tris pH 7,5;0,5 M EDTA pH 8,0; 5 M NaCl; 1%CTAB; 2% b-Mercaptoetanol). Os tu-bos foram agitados e colocados em ba-nho-maria a 65oC, durante 60 minutos.O extrato foi misturado com 10 ml declorofórmio-octanol (24:1), para formaruma emulsão. A separação das fases or-gânica e aquosa foi realizada porcentrifugação a 3.000 rpm por 10 min,sendo que o sobrenadante foi transferi-do para outro tubo e, com a adição de 6ml de isopropanol gelado (-5ºC), houvea precipitação dos ácidos nucléicos(DNA e RNA). A quantificação do DNAfoi realizada em gel de agarose 1% porcomparação com padrão de DNA deconcentração conhecida. A eletroforesefoi realizada a 100 V em tampão TAE(1 mM EDTA pH 8,0; 40 mM Tris pH8,0; 20 mM de ácido acético) e o geltratado com brometo de etídio (10%)durante 20 minutos sob agitação, sendoposteriormente visualizado sob luzultravioleta; a imagem do gel foi capta-da pelo sistema de documentação“Eagle Eye”. Foram utilizados quatrokits de Primers Operon (A, B, F e W),totalizando 80 primers, sendo que a aná-lise foi realizada somente para as ban-das polimórficas.

A análise dos dados morfológicos,físico-químicos e produtivos foi reali-zada com base em Steel & Torrie (1960).Foram empregadas, a média das parce-las e as diferenças entre as médias dostratamentos foram comparadas por meiodo teste Tukey a 5% de probabilidade.A análise dos dados moleculares foi ba-seada na presença ou ausência de ban-das (1 ou 0, respectivamente) com omesmo peso molecular. A partir dos géisobtidos foram construídas matrizes bi-nárias.

Similaridade genética de cultivares de alho pela comparação de caracteres morfológicos, físico-químicos, produtivos e moleculares

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Os dados quantitativos obtidos daanálise das características morfológicas,físico-químicas e produtivas foramtransformados em matrizes binárias con-forme o proposto por Bussab et al.(1990). Para a estimativa da similarida-de entre as cultivares, foi usado o coefi-ciente de Jaccard, por meio da similari-dade de dados qualitativos (SIMQUAL)e para a análise de agrupamento, o mé-todo da média aritmética não pondera-da (UPGMA), por meio do agrupamen-to seqüencial, aglomerativo, hierárqui-co e exclusivo (SHAN), conformeSneath & Sokal (1973), empregando-seo “numerical taxonomy and multivariateanalysis for personal computers”, V.2.02k (NTSYS) (Rohlf, 1998).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Três dendrogramas foram organiza-dos, um com os dados morfológicos, fí-sico-químicos e produtivos (Figura 1a),outro com os dados moleculares (Figu-ra 1b) e o terceiro com os dadosmorfológicos, físico-químicos, produti-vos e moleculares agrupados (Figura1c). Pode-se observar que osdendrogramas gerados separaram ascultivares nobres e seminobres em doisgrupos distintos.

Os coeficientes de similaridade daanálise dos dados morfológicos, físico-químicos e produtivos indicaram que ascultivares Contestado 12 e Caçador 30são as mais semelhantes (80,5% de si-milaridade), o que confirma que a sepa-ração de cultivares dentro de um mes-mo grupo é difícil, pois as característi-cas são muito semelhantes.

Fato corroborado por Augustin &Garcia (1993), que estudaram padrõeseletroforéticos (malato desidrogenase,esterase, proteína, fosfatase ácida eglutamato-oxaloacetato transaminase)de alho, para as cultivares Gaúcho, se-leção Gaúcho, Caçador, Chonan,Quitéria, Quitéria 83, Seleção Quitéria,Contestado, e outras do grupo nobre,mostrando que não houve diferença paraos padrões acima citados, mas foramalocadas em um mesmo grupo, indican-do que há muita semelhança entre culti-vares de alho no Brasil, o que torna di-fícil a separação entre cultivares.

Com relação às similaridades gené-ticas apresentadas pelo marcador

Figura 1. Dendrograma de similaridade entre as doze cultivares de alho. a) Agrupamentomorfológico, físico-químico e produtivo; b) Agrupamento molecular; c) Agrupamentomorfológico, físico-químico, produtivo e molecular. Em que: G. Rxão = Gigante Roxão;Amar. = Amarante; G. Rx. = Gigante Roxo; Grav. = Gravatá; G. Cur. = Gigante Curitibanos;C. Rx. = Cateto Roxo; C. 12 = Contestado 12; C. 30 = Caçador 30; Q. 595 = Quitéria 595;RPC= Roxo Pérola Caçador; C. 40 = Caçador 40; Chon. = Chonan. Lavras, UFLA, 2003.

A

B

C

JH Mota et al.

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molecular, RAPD (Tabela 1), observou-se que as cultivares Gigante Curitibanose Amarante foram as mais semelhantes(91,6% de similaridade). Acredita-seque a cultivar catarinense seminobreGigante Curitibanos, pertence ao grupodas cultivares tradicionalmente planta-das em Minas Gerais devido as caracte-rísticas apresentadas, sendo introduzidano Sul do Brasil.

Com relação as características ava-liadas (Tabela 2), as cultivares mais si-milares foram Contestado 12 e Quitéria595 (83,3% de similaridade), ambas dogrupo nobre, sendo as mais distantes ascultivares Roxo Pérola Caçador eAmarante (46,2% de similaridade),ambas de grupo nobre e seminobre,respectivamente.

*Onde: G. Rxão = Gigante Roxão; Amar. = Amarante; G. Rx. = Gigante Roxo; Grav. = Gravatá; GCur. = Gigante Curitibanos; CRx. = CatetoRoxo; C. 12 = Contestado 12; C. 30 = Caçador 30; Q595 = Quitéria 595; RPC= Roxo Pérola Caçador; C. 40 = Caçador 40; Chon. = Chonan.

Tabela 1. Coeficientes de similaridade entre cultivares com base em dados morfológicos, físico-químicos e produtivos (abaixo da diagonal)e moleculares (acima da diagonal). Lavras, UFLA, 2003.*

*Onde: G. Rxão = Gigante Roxão; Amar. = Amarante; G. Rx. = Gigante Roxo; Grav. = Gravatá; G. Cur. = Gigante Curitibanos; C. Rx. = CatetoRoxo; C. 12 = Contestado 12; C. 30 = Caçador 30; Q595 = Quitéria 595; RPC= Roxo Pérola Caçador; C. 40 = Caçador 40; Chon. = Chonan.

Tabela 2. Coeficientes de similaridade entre cultivares com base em dados morfológicos, físico-químicos, produtivos e de moleculares.Lavras, UFLA, 2003.*

Similaridade genética de cultivares de alho pela comparação de caracteres morfológicos, físico-químicos, produtivos e moleculares

Em todas as análises observou-seque houve relação entre a região de cul-tivo e a formação dos grupos. Esse fatopode estar associado a seleção das cul-tivares, pelos produtores Observou-seque as cultivares do grupo nobre seadaptam melhor em regiões de climafrio, enquanto as seminobres não são tãoexigentes em frio. As cultivares nobres(Chonan, Roxo Pérola de Caçador, Ca-çador 30, Quitéria 595, Contestado 12,Caçador 40) em todos os dendrogramasforam agrupadas um só grupo, o mes-mo ocorreu para as cultivaresseminobres (Gigante Roxo, GiganteRoxão, Amarante, Cateto Roxo, Gravatáe Gigante Curitibanos).

Os descritores morfológicos, físico-químicos e moleculares foram eficien-

tes na discriminação dos acessos, clas-sificando corretamente as cultivaresconforme o grupo.

A disposição das cultivares foi se-melhante em todos os dendrogramasobtidos (Figura 1), só diferindo pelosvalores de similaridade, indicando queos métodos de caracterização tiveram omesmo poder de resolução na distinçãodas cultivares.

Tal comportamento também foi obser-vado por Conti et al. (2000) ao avaliarcaracteres morfológicos, agronômicos emoleculares de morangueiros (Fragariaxananassa) cultivados no Brasil. Os au-tores também realizaram análise conjun-ta dos dados, reunindo todos os métodose o dendrograma obtido manteve a mes-ma formação de grupos.

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JH Mota et al.

Veiga et al. (2001), caracterizandomorfologicamente e analisando geneti-camente acessos de germoplasma deamendoim do gênero Arachis, tambémverificaram concordância do agrupa-mento genético com a caracterizaçãobaseada em descritores morfológicos.

Verificou-se que as técnicas de esta-tística multivariada empregadas nesteestudo foram capazes de estabelecerpadrões e classificações da diversidade,identificando claramente os grupos, in-dependente dos descritores utilizados.

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161Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

As doenças causadas por organismospresentes no solo causam sérios

problemas no cultivo de hortaliças epodem levar a perdas elevadas, em al-guns casos chegando a 100% da produ-ção. Em pequenas propriedades, cujaárea disponível para produção é restri-ta, o problema causado pela presença depatógenos de solo pode levar à necessi-dade de abandono da área inviabilizandoa propriedade para produção de deter-minadas culturas. A murcha bacterianado tomateiro, causada por Ralstoniasolanacearum está associada a solosencharcados e altas temperaturas, sen-do mais problemática, e até limitante,no verão e em regiões de clima quente(Lopes et al., 2000). R. solanacearuminfecta espécies de plantas pertencentesa mais de 50 famílias botânicas(Hayward, 1994), provocando maioresperdas nas solanáceas. Infecta ainda

BAPTISTA MJ; SOUZA RB; PEREIRA W; LOPES CA; CARRIJO OA. 2006. Efeito da solarização e biofumigação na incidência da murcha bacteriana emtomateiro no campo. Horticultura Brasileira 24: 161-165.

Efeito da solarização e biofumigação na incidência da murcha bacteria-na em tomateiro no campoMírian J Baptista; Ronessa B de Souza; Welington Pereira; Carlos Alberto Lopes; Osmar A CarrijoEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; E-mail: [email protected]

várias plantas invasoras que mantêmaltas populações da bactéria no solo,característica que dificulta o controle dadoença no campo.

A solarização do solo vem sendoestudada como opção para o controle dedoenças causadas por fitopatógenos dosolo. Trata-se de um método dedesinfestação realizado através da co-bertura do solo úmido com filme depolietileno transparente, nas estaçõesmais quentes do ano, antes do plantio(Katan, 1981). Esta técnica tem demons-trado ser efetiva no controle depatógenos de solo e no controle de plan-tas invasoras, tendo a vantagem de seruma técnica simples, de baixo custo, ede não envolver o uso de produtos quí-micos, sendo assim ambientalmentevalorizada (Ghini, 2001).

A biofumigação consiste na incor-poração de matéria orgânica ao solo,

principalmente resíduos de brássicas eresíduos ricos em nitrogênio, que duran-te a decomposição produzem substân-cias tóxicas aos fitopatógenos reduzin-do sua viabilidade no solo. A utilizaçãoda biofumigação juntamente com asolarização tem sido avaliada como al-ternativa para o controle defitopatógenos do solo com bons resul-tados (Gamliel & Stapleton, 1993a,1993b; Blok et al., 2000). Estas técnicaspodem permitir o controle mais eficien-te da murcha bacteriana e a possibilida-de de reduzir a população de R.solanacearum no solo, principalmenteem estratégias de manejo integrado, au-mentando as perspectivas de controle dadoença. Este trabalho teve o objetivo deavaliar o efeito da solarização e dabiofumigação, com adição de resíduos debrássicas e cama de frango, na incidên-cia de murcha bacteriana em tomate, na

RESUMOAs doenças causadas por fitopatógenos do solo causam eleva-

dos prejuízos na maioria das espécies olerícolas. A solarização e abiofumigação são estratégias para controle destes organismos compotencial para aplicação em sistemas de manejo integrado. Nestetrabalho, foi conduzido um experimento na Embrapa Hortaliças,Brasília – DF, para avaliar os efeitos da adição de resíduos orgâni-cos (biofumigação) e da solarização na incidência natural da mur-cha-bacteriana do tomateiro, causada por Ralstonia solanacearum,nas características químicas do solo e na ocorrência de plantas inva-soras. Os tratamentos avaliados foram adição de resíduos de brássicas(2% v/v), cama de frango (2% v/v), tratamento com brometo demetila e solo sem tratamento, todos solarizados ou não solarizados.Após a solarização, foram coletadas amostras de solo para determi-nação de suas características químicas e do banco de sementes deplantas invasoras. A solarização do solo provocou redução signifi-cativa no pH e nos teores de B e Zn. A adição de matéria orgânicaocasionou aumentos nos teores de Ca, K, e Na e reduziu os teores deAl. O banco de sementes de plantas invasoras, principalmentemonocotiledôneas foi também reduzido significativamente. O trata-mento com brometo de metila e a adição de cama de frango reduzi-ram significativamente a incidência de murcha-bacteriana.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, Ralstonia solanacearum,desinfestação do solo, controle físico.

ABSTRACTEffect of soil solarization and biofumigation on tomato

bacterial wilt incidence.

Soilborne plant pathogens cause heavy losses to many vegetablecrops. Solarization and organic residues amendments have beenevaluated as disease control strategies with good perspectives foraplication in integrated management. Field experiments were carriedout at Embrapa Hortaliças, Brasília-DF, to evaluate the effects ofamending soil with organic residues (biofumigation) and solarizationon the incidence of bacterial wilt (Ralstonia solanacearum) on tomato,on soil chemical characteristics, and weed control. Amendments withbrassica residues (2%), chicken litter residues (2%), methyl bromidetreatments and no soil treatment, with or without soil solarization wereevaluated. After solarization and biofumigation, soil samples werecollected for chemical analysis and weed seed bank evaluation. Thetomato seedlings were transplanted after two months of soilsolarization. Soil solarization reduced soil pH and levels of B and Zn.Organic amendments increased levels of Ca, K and Na and reducedlevels of Al. Soil solarization reduced the number of weed seeds in thesoil, mainly monocotyledons. Methyl bromide treatments and chickenlitter amendments significantly reduced bacterial wilt incidence anddisease progress.

Keywords: Lycopersicon esculentum, Ralstonia solanacearum, soildisinfestation, physical control.

(Recebido para publicação em 11 de março de 2005; aceito em 31 de maio de 2006)

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sobrevivência de plantas invasoras e nascaracterísticas químicas do solo.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido emárea (50x25m) naturalmente infestadacom Ralstonia solanacearum raça 1,biovar 1, localizada no campo experi-mental da Embrapa Hortaliças, Brasília-DF, 15º56’00’’ latitude sul, 48º08’00’’longitude oeste, altitude 997,6 m. Osolo, de textura argilosa (argila: 74,4%;silte: 18,9%; areia total: 6,7%), foi pre-parado com aração até 30 cm de pro-fundidade, uso de subsolador e de en-xada rotativa. Foi feita irrigação até acapacidade de campo e no dia seguinteas parcelas a serem solarizadas foramcobertas com plástico de polietileno(PE) transparente de 50 mm de espes-sura. As bordas do plástico foram enter-radas a 20 cm de profundidade toman-do-se o cuidado de evitar o acúmulo dear sob o plástico.

O experimento foi montado comdelineamento em blocos casualizados,em esquema de faixas, com oito blocos(6x24 m) contendo parcelas solarizadase não solarizadas (3x24 m). Cada par-cela constou de quatro subparcelas (3x6m) com os seguintes tratamentos: teste-munha (sem adição de resíduos), adi-ção de resíduos de brássicas (mistura daparte aérea de couve-flor e brócolis 1:1(2% v:v), adição de cama de frango (2%v:v) e tratamento com brometo de metila(40 cm3/m2). A cama de frango foi com-posta por palha de arroz e esterco de avesmatrizes. Os resíduos cama de frango ede brássicas foram incorporados comenxada rotativa. Nas parcelas tratadascom brometo de metila, a fumigação foifeita após o processo de solarização. Osolo foi solarizado por 65 dias, de 28/08 a 03/11/03 e, após a retirada do plás-tico, a área foi plantada com tomate cv.TSW-10, de crescimento semi-determi-nado. As mudas foram transplantadas 21dias após a semeadura em bandejas deisopor contendo substrato. As plantasforam conduzidas em estacas comespaçamento de 1,0 m entre linhas e 40cm entre plantas, com densidade deplantio de 25.000 plantas por ha e 45plantas por subparcela. Durante todo odesenvolvimento das plantas foi deter-

minada a incidência de murcha bacte-riana em oito plantas marcadas em cadasubparcela, semanalmente, totalizandooito avaliações. Os dados de incidênciada doença foram utilizados para calcu-lar as curvas de progresso da doença e aárea abaixo da curva de progresso dadoença (AACPD) em cada tratamento.Após a solarização foram coletadasamostras de solo na profundidade de 0-10 cm e analisadas quimicamente quan-to a pH, P, K, Ca, Mg, S, Al, H+Al,matéria orgânica, Cu, Fe, Zn, Mn e B.Para determinação do banco de semen-tes de plantas invasoras foram coletadasamostras compostas de solo no perfil de0-20 cm de profundidade, num total de8 L de terra peneirada e seca ao ar porsubparcela. As amostras foram utiliza-das para avaliação do banco de semen-tes através da técnica de germinação emcasa de vegetação, conforme descritopor Gross (1990) e Schreiber et al.(1989). Foi determinado também o nú-mero de plantas invasoras emergidas nasparcelas, 44 dias após o transplante dotomate, em amostras de 2000 cm2 daárea útil de cada subparcela. As variá-veis climáticas foram monitoradas dia-riamente pela estação agroclimatológicada Embrapa Hortaliças.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período de solarização dosolo, as temperaturas médias do ar, nomês de setembro e outubro, foram res-pectivamente: temperaturas máximas(15 horas) 29,7ºC e 30,3ºC; temperatu-ras mínimas (9 horas) 15,3ºC e 18,0ºC;e insolação 9,1 e 7,5 horas. Neste expe-rimento, foram registradas temperaturasmédias do solo nas parcelas solarizadasa 5; 10 e 20 cm de profundidade igual a45ºC; 40,5ºC e 34,6ºC, respectivamen-te, entre 14:00 e 15:00 horas. Nas par-celas não solarizadas as temperaturasmédias obtidas foram 34,6ºC; 30,4ºC e27,2ºC a 5; 10 e 20 cm de profundida-de, respectivamente. Estes valorescorrespondem a uma diferença de tem-peratura entre o solo solarizado e nãosolarizado de 10,4°C a 5 cm de profun-didade, 10,1ºC a 10 cm de profundida-de e 7,4ºC a 20 cm de profundidade.

A temperatura é um dos fatores quemais afetam a sobrevivência e o cresci-

mento dos microrganismos. Em dozeestudos sobre efeito da temperatura nocrescimento de R. solanacearum, a tem-peratura ótima de crescimento variou de27 a 37°C; a temperatura máxima va-riou de 35 a 41°C e a temperatura letalvariou de 45 a 55°C (Kelman, 1953).De acordo com a revisão de Kelman, astemperaturas alcançadas nos solossolarizados, são consideradas letais àbactéria somente a 5 cm de profundida-de. No entanto, deve-se considerar queno solo a sobrevivência da bactéria en-volve dificuldades maiores que no meiode cultura, inclusive devido à atividadede microrganismos competidores dosolo e dinâmica de nutrientes, o que ex-plica os resultados obtidos.

Houve aumento da quantidade dedoença em função do tempo nos trata-mentos testemunha, cama de frango 2%e resíduos de brássica 2%, nãosolarizados. Os tratamentos solarizadosnão exibiram incrementos significativosda doença em função do tempo nos tra-tamentos testemunha e cama de frango(Figura 1). As parcelas solarizadas e nãosolarizadas onde foi utilizado brometode metila apresentaram desenvolvimen-to semelhante da doença, comparávelaos tratamentos solarizados, verifican-do-se que o uso do brometo de metila,mesmo em solo não solarizado reduz oprogresso da doença (Figura 1C). Noentanto diversas restrições ao uso dobrometo de metila, incluíndo a sua ele-vada toxidez e seus efeitos sobre a ca-mada de ozônio levaram a proibição doseu uso. O comportamento da doençano solo solarizado é indicativo da pos-sibilidade do uso da solarização comoalternativa ao uso do brometo de metilano controle da murcha bacteriana. Aquantidade total de doença no campoobtida pelo cálculo da área abaixo dacurva de progresso da doença (AACPD)indica o efeito significativo dos trata-mentos sobre a incidência da murchabacteriana. O uso do brometo de metilae da cama de frango (2%) tiveram efei-tos significativos na redução da incidên-cia da murcha bacteriana no campo (Fi-gura 2). Os tratamentos testemunha eadição de resíduo de brássicas 2% apre-sentaram quantidade de doença signifi-cativamente maior. Nos solossolarizados, embora a tendência do efei-

MJ Baptista et al.

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to dos tratamentos das subparcelas te-nha sido semelhante aos solos nãosolarizados, não houve diferença signi-ficativa entre o uso do brometo demetila, testemunha, adição de cama defrango e resíduos de brássicas. Asolarização aparentemente reduziu asdiferenças nos tratamentos. Os resíduosde brássicas vêm sendo descritos comosubstâncias com ação antimicrobianadevido à presença de glucosinolatos emseus tecidos, que após sofreremhidrólise, liberam compostos de enxo-fre que são tóxicos a diversos micror-ganismos do solo (Gamliel & Stapleton,1993b). Neste trabalho não se verificouo efeito destes resíduos na incidência demurcha bacteriana no campo. A adiçãode cama de frango, por outro lado, mos-trou-se efetiva na redução da incidên-cia da murcha bacteriana, o que foi ob-servado também por Coca (2001). Oefeito da cama de frango foi observadoisoladamente e em conjunto com asolarização. Neste último caso, emboranão tenha diferido significativamente doefeito da solarização sem adição do re-síduo, verifica-se uma tendência de efei-to aditivo que deve ser melhor estudado

em trabalhos posteriores. O uso da camade frango no controle de doenças do solovem sendo estudado devido aos efeitosda adição de resíduos ricos em nitrogê-nio na sobrevivência de patógenos dosolo (Gamliel & Stapleton, 1993a,1993b). A liberação de compostos volá-teis de nitrogênio (NO

2, NH3-) durante

a decomposição destes resíduos temação inibidora sobre diversos patógenos(Gamliel & Stapleton, 1993a, 1993b).

Neste trabalho, embora tenha havi-do forte tendência de redução na inci-dência da murcha bacteriana (AACPD)nos tratamentos solarizados (Figura 2),os resultados não foram estatisticamen-

Figura 1. Curvas de progresso da murcha bacteriana em tomate nos tratamentos solarizado ( ) e não solarizado ( ), testemunha (A), camade frango 2% (B), brometo de metila (C) e resíduos de brássicas 2% (D). Os valores de incidência de doenças foram transformados por Log(x) e correspondem à: 100% de doença (2), 32% (1,5), 10%(1) e 3,2% (0,5) (** significativo a 1%).

Figura 2. Área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), da murcha bacterianaem tomate. SOL (solarizado), NSOL (não solarizado). Barras com a mesma letra não dife-rem significativamente pelo teste de Scott-Knott 5%.

Efeito da solarização e biofumigação na incidência da murcha bacteriana em tomateiro no campo

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te significativos, possivelmente devidoaos altos níveis de variação de dados emexperimentos com doenças do solo nocampo. No entanto, foram verificadasdiferenças no progresso da doença emsolos solarizados e não solarizados (Fi-gura 1). São necessários estudos maisespecíficos para obter resultados maisclaros sobre o efeito da solarização naincidência da murcha bacteriana.

Os efeitos da solarização do solo nocontrole de murcha bacteriana, além daação direta do calor e dos efeitos namicrobiota do solo podem ocorrer tambémpela ausência de crescimento de plantasinvasoras sob o plástico durante os 65 diasda solarização do solo. O efeito do contro-le de plantas daninhas na incidência damurcha bacteriana foi observado por Deviet al. (1981). Estes autores verificaram queR. solanacearum sobreviveu na rizosferade plantas não hospedeiras das famíliasAcanthaceae e Leguminosae, mesmo naausência das plantas hospedeiras. A seve-ridade da murcha bacteriana foi significa-tivamente reduzida em parcelas onde asplantas invasoras foram eliminadas com ouso de herbicidas. Portanto, a redução napopulação de R. solanacearum pode ocor-rer não só pelo efeito da solarização direta-mente através do calor e de seus efeitosbióticos e abióticos no solo mas tambémpelo fato de que o plástico mantém o sololivre de plantas invasoras durante todo operíodo de solarização, impossibilitando amultiplicação e dificultando a sobrevivên-cia da bactéria. A solarização do soloinfluenciou significativamente o número desementes viáveis no solo, considerando-seo total de plantas invasoras e demonocotiledôneas (Tabela 2). Asolarização do solo atua nas sementesou propágulos das plantas através daação direta do calor e da umidade, quei-

ma de plântulas germinadas e alteraçõesno balanço de gases O

2/CO

2, acetaldeído,

etileno, dentre outros, que afetam adormência e germinação das sementes ea sobrevivência das plantas (Elmore,1991). Diversos autores têm demonstra-do o efeito da solarização sobre emergên-cia de plantas invasoras (Ghini et al., 1993;Ambrósio et al., 2000; Sinigaglia et al.,2001). Nos tratamentos onde se utilizoucama de frango não houve efeito signifi-cativo sobre o banco de sementes, mas onúmero de plantas emergidas após otransplantio foi maior, indicando ofavorecimento do desenvolvimento deplantas invasoras, possivelmente devidoa maior fertilidade do solo, aumento nosteores de P, Ca, Cu, Zn, redução dos teo-res de Al e maiores CTC e saturação porbases (Tabela 1). Segundo Barberi (2002),a dinâmica das comunidades de plantasinvasoras pode ser muito influenciadapelas estratégias de fertilização. A libera-ção rápida de nutrientes geralmente é van-tajosa para plantas invasoras, que são há-beis em absorver mais rápida e eficiente-mente os nutrientes nos primeiros estágiosde crescimento (Jornsgard et al., 1996;Liebman & Davis, 2000). O uso dasolarização para o controle de plantas in-vasoras apresentou boas perspectivas edeve ser investigado com maior atenção.Embora não seja tão eficiente quanto ocontrole químico, conforme verificado nasparcelas tratadas com brometo de metila(Tabela 2), não apresenta os problemas detoxidade e danos ao meio ambiente, con-figurando-se em um alternativa bastanteinteressante principalmente quando seconsidera as demandas dos sistemas or-gânicos de produção.

Quanto aos efeitos dos tratamentosna fertilidade do solo, a solarização dosolo causou redução do pH em todos ostratamentos (Tabela 1). Nos solos que

receberam cama de frango e resíduos debrássicas, a solarização causou reduçãonos teores de boro e, nos tratamentos quereceberam resíduos de brássicas, ocor-reu redução no teor de zinco. Grünzweiget al. (1999) observaram redução no pHe no teor de zinco do solo apóssolarização de 7,05 para 6,47 e 3,53 para1,95 mg kg-1, respectivamente. As tem-peraturas elevadas durante a solarizaçãopodem favorecer o aumento da popula-ção microbiana saprofítica (Ghini et al.,2002) que, ao decompor os resíduosvegetais no processo de mineralizaçãoe formação de substâncias húmicas, pro-duzem prótons (H+) e ácidos orgânicossolúveis, contribuindo para acidificar omeio. Além disso, a matéria orgânicaapresenta radicais carboxílicos efenólicos que se dissociam liberandoprótons (H+) na solução do solo.

O teor de matéria orgânica não dife-riu entre os tratamentos (Tabela 1), re-sultado também observado por Ghini etal. (2003). Embora tenha havido libera-ção de nutrientes, provavelmente asquantidades liberadas são muito peque-nas em relação ao estoque de nutrientesda matéria orgânica, não se refletindorapidamente no teor de matéria orgâni-ca do solo no intervalo de tempo do ex-perimento. A adição da matéria orgâni-ca ao solo resulta em aumento nos teo-res de nutrientes disponíveis com con-seqüente elevação da CTC e saturaçãopor bases e a redução dos teores de alu-mínio (Tabela 1).

Existe a possibilidade da utilização daadição de cama de frango e da solarizaçãocomo alternativa para o controle da mur-cha bacteriana em condições de campo. Noentanto, devido às características de sobre-vivência do patógeno no solo, deve-se sa-lientar que qualquer tratamento dificilmenteeliminará a bactéria. O que se obtém é a

Médias seguidas pela mesma letra2/ não são significativamente diferentes pelo teste Tukey a 5% de probabilidade; 1Sol= solarizado; Nsol=não solarizado.

Tabela 1. Características químicas da camada 0 a 10 cm de profundidade do solo submetido à solarização e à adição de fontes de matériaorgânica. Brasília, 2003

MJ Baptista et al.

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1Sol= Solo solarizado, Nso= Solo não solarizado; 2Plantas oriundas de dois fluxos de germinação de sementes presentes em amostras de solode 8 litros (média de 8 repetições); As médias dos tratamentos seguidas de letras iguais, em letra maiúscula nas mesmas colunas e minúscu-las, para cada variável, nas linhas, não diferem significativamente pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 2. Influência da solarização, fumigação com brometo de metila e adição de compostos orgânicos sobre o banco de sementes eocorrência de plantas invasoras após o transplante no cultivo do tomate. Brasília-DF, 2003.

Efeito da solarização e biofumigação na incidência da murcha bacteriana em tomateiro no campo

redução de sua população possibilitandomenores perdas. A união de diversas medi-das de controle em sistemas de manejo in-tegrado, como o uso da solarização, culti-vares com níveis significativos de resistên-cia, práticas culturais, etc., possivelmentepermitirão o controle eficiente da doença.Estudos mais detalhados sobre as melho-res combinações entre os tratamentos, comdiferentes porcentagens de resíduos, tem-po de solarização, cultivares e avaliaçõeseconômicas da viabilidade do processo paradiferentes hortaliças e sistemas de produ-ção devem ser realizados para permitir autilização destas técnicas efetivamente naprodução de hortaliças.

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166 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Corn is one of the main crops in theBrazilian Northeast. Until very

recently, this plant was considered asubsistence crop and was mainly grownunder dryland conditions. However, dueto the support extended to irrigatedagriculture by the state and federalgovernments, the irrigated areacultivated with corn has increased andcurrently the crop is even explored bylarge fruit producing companies forexport. An interest in irrigated corncultivation, especially during the off-season, stems from the fact that, in thisperiod, the demand for both green earsand grain is much higher than the supply,

SILVA PSL; SILVA J; OLIVEIRA FHT; SOUSA AKF; DUDA GP. 2006. Residual effect of cattle manure application on green ear yield and corn grain yield.Horticultura Brasileira. 24: 166-169.

Residual effect of cattle manure application on green ear yield and corngrain yieldPaulo Sérgio L e Silva1; Jaeveson da Silva2; Fábio Henrique T de Oliveira3; Ana Karenina F de Sousa1;Gustavo P Duda1

1ESAM, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; 2Embrapa Mandioca e Fruticultura 44380-000 Cruz das Almas-BA; 3UFPB, 58397-000Campina Grande-PB; E-mail: [email protected] (corresponding author); [email protected]; [email protected];[email protected]

thus raising the prices of both products.In the region, green ears are ready

for harvest in a period from 70 to 75days. Dry grains are harvested 100 daysafter sowing, approximately. Therefore,it is possible to obtain almost three cropsconsecutively during the off-seasonalone, from July to December. Thisintensive exploitation, not only withcorn, but with several other irrigatedcrops as well, such as melon (Cucumismelo L.) for example, has probablycaused physical, chemical, andbiological problems to the soils which,in general, are naturally poor. Manyareas are abandoned after several

cropping cycles. In the case of corn, itis possible that problems are still worse.Since there has been great interest in thetrash yielded by this crop (above-groundpart of the plant, without the ears) foranimal nutrition, practically the entireplant is removed after each cultivation,thus contributing to exhaust the soil evenmore quickly. In recent years theemphasis has been shifted fromindividual crop to cropping system as ahole, since the responses in componentcrop of the cropping system areinfluenced by the preceding crops andthe inputs applied to them (Patidar &Mali, 2002). Organic manure, besides

ABSTRACTThe present concern about environmental degradation has

produced a renewed interest in organic fertilizers, such as animalmanures. In addition, the soil organic matter conservation is one ofthe most important limiting factors for sustainability developmentin semiarid regions. In a previous experiment, carried out to evaluatethe direct effects of application of manure rates in corn, positiveeffects of this fertilization were observed on green ear yield andgrain yield. It was also verified that manure increased water retentionand availability, and phosphorus, potassium, and sodium contents inthe soil layer from 0-20 cm, but did not influence pH, calcium, organicmatter contents and the sum of bases. The objective of this workwas to evaluate the residual effect of applied fertilization on greenear yield and grain yield in cultivars AG 9012 and AG 4051. In bothcultivars, a lack of manure residual effects was verified on totalnumber and weight of green ears; number and weight of marketableears, either unhusked or husked; plant height and ear height; freshand dry matter in the above-ground part; and grain yield and itscomponents. Cultivar AG 9012 performed best with regard tocharacteristics employed to evaluate green corn yield, and cultivarAG 4051 was superior with reference to plant height and 100-grainweight. The cultivars were not different with respect to the othertraits evaluated.

Keywords: Zea mays, organic fertilization, cultivars.

RESUMOEfeito residual da aplicação de esterco bovino sobre os

rendimentos de espigas verdes e grãos do milho

Atualmente, a preocupação com a degradação ambiental reno-vou o interesse por adubos orgânicos, como por exemplo, os ester-cos. Além disso, a manutenção da matéria orgânica no solo é um dosprincipais fatores limitantes ao desenvolvimento da sustentabilidadenas regiões semi-áridas. Em trabalho anterior, realizado para avaliaros efeitos diretos da aplicação de doses de esterco sobre o cultivo demilho, verificaram-se efeitos positivos dessa adubação sobre os ren-dimentos de espigas verdes e de grãos. Verificou-se ainda, que oesterco aumentou a retenção e a disponibilidade de água e os teoresde fósforo, potássio e sódio, na camada do solo de 0-20 cm, mas nãoinfluenciou o pH e os teores de cálcio e de matéria orgânica e asoma de bases. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeitoresidual da adubação realizada sobre o rendimento de espigas ver-des e de grãos das cultivares AG 9012 e AG 4051. Verificou-se au-sência de efeito residual do esterco sobre o número e peso total deespigas verdes, número e peso de espigas empalhadas e despalhadas,comercializáveis, altura da planta e de inserção da espiga, matériasfresca e seca da parte aérea, rendimento de grãos e seus componen-tes, das duas cultivares. A cultivar AG 9012 foi a melhor quanto àscaracterísticas relativas ao rendimento de milho verde, enquanto acultivar AG 4051 foi superior quanto à altura da planta e peso de100 grãos. As cultivares não diferiram no que se refere às demaiscaracterísticas avaliadas.

Palavras-chave: Zea mays, organic manure, cultivars.

(Recebido para publicação em 28 de abril de 2005; aceito em 22 de maio de 2006)

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supplying nutrients to the current crop,often leaves substantial residual effecton the succeeding crops in the system(Gaur, 1982). Residual effect of organicmatter added to the soil by the manurerefers to the carry-over benefit of theapplication on the succeeding crop.Nutrients present in organic matter arenot fully available to the crops in theseason of its application (Ramamurthy& Shivashankar, 1996).

In a recent evaluation of the directeffects of cattle manure on corn, it wasverified (Silva et al., 2004) that manureincreased green ear yield and grain yieldin two corn cultivars. Cattle manure alsoincreased water retention andavailability, and phosphorus, potassium,and sodium contents in the soil layerfrom 0-20 cm, but did not influence pH,calcium, sum of bases, and organicmatter contents. It would be interesting,therefore, to evaluate the residual effectsof manure (Silva et al., 2004), in orderto utilize the fertilization that is done insuccessive crops. The residual effect oforganic fertilizers on yield, includingcattle manure, has been found to bepositive in sorghum (Patidar & Mali,2002), corn (Raramurthy &Shivashankar, 1996) and Brassicajuncea (L.) Czernj. & Cosson (Rao &Shaktawat, 2002). In corn, the residualeffect of organic matter improved theplant height, dry-matter production atdifferent stages of crop growth andyield-attributing characters of corn likenumber of cobs plant-1, shelling (%),100-grain weight, harvest index, proteincontents of grain and protein yield ha-1

(Raramurthy & Shivashankar, 1996).

The objective of this work was toevaluate the residual effects of cattlemanure rates on green ear yield andgrain yield in two corn cultivars, in aArgissolo Vermelho-Amarelo Eutróficopreviously cultivated with corn.

MATERIAL AND METHODS

The experiment was carried out inMossoró-RN (5° 11' S latitud, 37° 20'W longitud, and 18 m height), fromMarch to June, 2000.

The experiment was sprinkler-irrigated with a 5.6 mm water depth anda one-day watering schedule. The water

depth required was calculatedconsidering an effective depth of theroot system of 0.40 m. Irrigation timewas based on the water retained by thesoil at a tension of 0.04 Mpa. Theirrigations started after planting andwere suspended one day before eachharvest.

The soil was an Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico, classified as FerricLixisol, according to the Soil Map of theWorld (FAO, 1988), previouslycultivated with corn. The experimentalarea was tilled and received, 30 kg N(ammonium sulfate), 60 kg P

2O

5 (single

superphosphate), and 30 kg K2O

(potassium chloride) per hectare. Thefertilizers were applied manually infurrows made alongside and below thesowing furrows. In the previouscultivation, a similar mineralfertilization was done.

Cattle manure, at rates of 0; 8; 16;24; 32, and 40 t ha-1, on dry matter basis,was applied by broadcasting andincorporated to the soil with a hoeapproximately 165 days before thecultivation referred to in this work. Theanalysis of a sample of the manureindicated: pH= 7,6; Ca= 12,50 cmol

c dm-3;

Mg= 4,70 cmolc dm-3; K= 6,64 cmol

c

dm-3; Na= 4,32 cmolc dm-3; Al= 0,00

cmolc dm-3; P= 1245 mg dm-3; Organic

Matter= 173,43 g kg-1. Four soil samplesfrom each plot were collected 120 daysafter manure application (i.e. 45 daysbefore corn planting); these sampleswere combined to make up compositesamples, which were then analyzed forwater retention, available water, pH, Ca,Mg, K, Na, Al, P and organic mattercontent (Brasil, 1997). Other details onmanure application and composition arepresented by Silva et al. (2004). Cornwas planted manually on March 02,2000, at a row spacing of 1.0 m x 0.4 m,using four seeds per pit. A thinningoperation was done 20 days afterplanting, leaving the two more vigorousplants in each pit; the experiment wasthus left with a planting densityequivalent to 50,000 plants ha-1. Twocultivars were evaluated: AG 4051 andAG 9012. Cultivar AG 4051 is a tall,triple hybrid, with yellowish dent grain;while cultivar AG-9012 is a short, superearly simple hybrid, with reddish flint

grain.Pest control was done by means of a

deltamethrin spray (250 mL ha-1),performed at 22 days after planting.Weed control was performed by twohoeings, conducted at 21 and 46 daysafter planting. After each weedingoperation, the experiment was fertilizedwith 30 kg N ha-1 (ammonium sulfate).

A completely randomized blocksdesign with split-plots and fivereplications was utilized. The manurerates, applied when the direct effect ofmanure was evaluated, representedplots, while cultivars representedsubplots. Each subplot consisted of four6.0 m long rows. The usable area wasconsidered as the space occupied by thetwo central rows, with the eliminationof one pit at each end.

One of the usable rows was utilizedfor green ear yield assessment. In thisrow, the total number and weight ofunhusked green ears and the number andweight of marketable green ears, eitherunhusked or husked, as well as fresh anddry matter mass of the above-groundpart, were evaluated. Marketableunhusked ears were considered as thosewith a length above 22 cm and suitableappearance for commercialization(without blemishes or perforations bypests). Marketable husked ears wereconsidered as those with a length above17 cm that displayed grain set and healthsuitable for commercialization. In orderto evaluate fresh and dry mass of theabove-ground part, six plants were cuteven with the ground after the green earswere harvested, and then weighed. Next,the plants were ground and a 500 gsample was left to dry at a temperatureof 75oC, in a forced air circulation oven,until constant weight.

In the other usable row, evaluationsincluded grain yield and its components,and plant and ear height. Ripe ears wereharvested 100 days after sowing, whenthe grain showed a moisture content ofapproximately 20%. Next, the ears werehusked and left to dry in the sun forapproximately 72 hours, and were thenthreshed by hand. After weighing thegrain, a 100 g sample was taken toestimate moisture content. Based on themoisture content thus determined, grainweight was corrected to a moisture

Residual effect of cattle manure application on green ear yield and corn grain yield

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content of 15.5%. Ten ears were used toestimate the number of kernels/ear-1 andfive samples were used to evaluate 100-grain weight. After the mature ears wereharvested, ten plants were taken atrandom from the usable area of each plotto evaluate plant height (distance fromthe soil level to the insertion point ofthe highest leaf blade) and ear height(distance from the soil level to theinsertion point of the first ear).

The statistical analysis of data wasdone according to recommendations byZar (1999), using the softwaredeveloped by the Universidade Federalde Viçosa (SAEG, 1997).

RESULTS AND DISCUSSION

According to the soil analysesperformed 45 days before planting thecrop on which the present work wasbased, the cattle manure effects,evaluated in the soil layer at a 0-20 cmdepth, on water retention, availablewater, and phosphorus content weredescribed by the equations y=4.6905+0.1171** x (R2= 0.88), y=47.1633–14.3375** x1/2+4.0187** x (R2=0.96), and y2= 543.37+50.84ns x+3.98*

x2 (R2= 0.95), respectively. In theseequations, the symbols **, * and ns

indicate significant effects at 1% and 5%probability and no significant effect, byt test, respectively. However, cattlemanure did not influence pH (8.1), as

well as calcium (3.2 cmolc dm-3),

magnesium (1.2 cmolc dm-3), potassium

(0.2533 cmolc dm-3), sodium (0.25 cmol

c

dm-3), and organic matter contents (8.14g kg-1) (Silva et al., 2004). Therefore,the cattle manure only had a residualeffect on two of the soil’s physicalcharacteristics and on phosphoruscontent. Other studies, that haveinvestigated the effects of cattle manureapplications on soil traits, support thepresent work. Manure increased soilwater retention (0 – 5 and 10 – 15 cm)by 5 to 48% compared with the controlat most potentials between 0 and-1500kPa. Field soil water content wasincreased by 10 to 22% (Miller et al.,2002). Other authors verified similarresults (Arriaga & Lowery, 2003). Therewas a linear increase in the P content oftwo soils (Holanda et al., 1984). Long-term application of dairy manure at arate of 20 t ha-1 increased soil inorganicP forms and maintained organic Pfractions (Tran & N’dayegamiye, 1995).

The residual effects of cattle manurewere not relevant to a point where corntraits would be influenced. The meansfor total number of ears ha-1, number ofmarketable unhusked ears ha-1, numberof marketable husked ears ha-1, total earweight, weight of marketable unhuskedears ha-1, weight of marketable huskedears ha-1, plant height, ear height, freshmatter in the above-ground part, drymatter in the above-ground part, grain

yield, number of grains ear-1, and 100-grain weight were: 50,548; 44,274;37,681; 13,302 kg ha-1; 12,454 kg ha-1;7,273 kg ha-1; 191 cm; 95 cm; 17,973kg ha-1; 5,817 kg ha-1; 5,909 kg ha-1; 396and 32,0 g, respectively. In general,manures have a low C/N ratio andundergo rapid mineralization, especiallyunder dry weather (means for maximumair temperature, minimum airtemperature, piche evaporation andinsolation, during the crop cycle, were34.4 oC, 19.4 oC, 114.8 mm and 224.1 hmonth-1, respectively) and high soilmoisture (as provided by irrigation and525 mm of precipitation), and undergood aeration and drainage conditions.The soil of the experimental areapresents around 940 g kg-1 of sand and atotal porosity of 28% at the 0-20 cmdepth, in the Ap horizon (Mota, 2004).The fact that the residual effects ofmanure are dependent upon all thesevariables probably explains thediscrepancies among authors on theeffects of cattle manure on yield ofvarious crops. The residual effectdepends, for example, on the trait understudy, the year when evaluation is done(Raramurthy & Shivashankar, 1996),and the sequence of crops grown(Minhas et al., 1994). Under irrigation,the increases in soluble ion contents dueto manure application are smaller thanthose obtained without irrigation (Hao& Chang, 2003).

The soil analysis mentioned,performed 45 days before planting thecrop on which the present work wasbased, indicated that, on average,relative to the first cultivation (Silva etal., 2004), the following occurred:increases in pH (15.7 percentage points,pp), and contents of Ca (60 pp), Mg (140pp), K (177 pp), Na (2400 pp), andOrganic Matter (18 pp). As mentionedbefore, phosphorus content wasinfluenced by cattle manure doses. Soilfertility level may also influence thecrop’s response to manure, and a smallresponse, or even the absence ofresponse, is expected in very fertile soils.

Therefore, there was a direct effectof cattle manure on green ear yield andgrain yield (Silva et al., 2004), but notof the residual effect, on these traits. Anabsence of cattle manure residual effect

PSL Silva et al.

1Means followed by the same letter are not significantly different according to the Tukeytest (P >0.05).

Table 1. Means (of five replicates and six cattle manure rates) for corn cultivar characteristics1.Mossoró, UFERSA, 2000.

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on corn grain yield has been observedby other authors (Minhas et al., 1994).However, in other papers (Sharma et al.,1996), direct and residual effects ongrain yield have been observed. In workswhere cattle manure has shown aresidual effect on grain yield or on theyield of plant aerial parts, in general, aresidual effect of manure on theabsorption of nutrients was verified(Sharma et al., 1996; Brar et al., 2001;Raramurthy & Shivashankar, 1996).This is associated to manure quality,mineralization intensity and utilizationby a given crop.

Cultivar AG 9012 was superior tocultivar AG 4051 in all characteristicsused to evaluate green ear yield, but nodifference between them was observedwith regard to dry grain yield (Table 1).This finding supports the observation(Silva et al., 1997; Silva et al., 1998)that different cultivars may be required,depending on the purpose for which thecrop is being explored, green ears orgrain. Despite the superiority of cultivarAG 9012 in number of mature ears ha-1

(estimated by the total number of greenears), the other cultivar showed a higher100-grain weight value. Thecompensation between these two yieldcomponents would explain the behaviorsimilarity between them in relation tograin yield, since they were not differentwith respect to number of kernels/ear-,the other yield component.

The absence of a residual effect ofmanure may mean that irrigated cornproducers, at least in some areas of theBrazilian Semiarid Region, in soilswithout aeration restrictions and duringa second cultivation, will not bringconsiderable benefits from organicfertilization made in a previouscultivation, because of the rapidmineralization of the cattle manureapplied. The producer would have to

apply cattle manure again and/orimprove mineral fertilization, tomaintain higher productivity levels.

It can thus be concluded that cattlemanure only had a residual effect on soilwater retention, available water, and soilphosphorus content in addition, therewere no residual effects on total numberand weight total number and weight ofgreen ears, number and weight ofmarketable unhusked and husked ears,plant height and ear height, fresh anddry matter of the aerial part, and grainyield and its components for bothcultivars. Cultivar AG 9012 performedbest with regard to characteristicsemployed to evaluate green corn yield,and cultivar AG 4051 was superior withreference to plant height and 100-grainweight. The cultivars were not differentwith respect to the other traits.

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170 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

As frutas e hortaliças frescas mini-mamente processadas são produtos

in natura que se tornam prontos para oconsumo ou uso no preparo de outrospratos. Elas são, geralmente,descascadas ou cortadas, se necessário,lavadas e submetidas a processos desanitização (Nguyen & Carlin, 1994). Oprocessamento pode incluir ainda o con-trole de pH, a adição de antioxidantes,a imersão em água clorada, ou a combi-nação destes ou outros tratamentos comoutros métodos de conservação (Wiley,1997). O propósito dos alimentos mini-mamente processados é proporcionar aoconsumidor produtos frutícolas ehortícolas convenientes, parecidos comos frescos e com vida útil prolongada.

SASAKI FF; DEL AGUILA JS; GALLO CR; ORTEGA EMM; JACOMINO AP; KLUGE RA. 2006. Alterações fisiológicas, qualitativas e microbiológicasdurante o armazenamento de abóbora minimamente processada em diferentes tipos de corte. Horticultura Brasileira 24: 170-174.

Alterações fisiológicas, qualitativas e microbiológicas durante oarmazenamento de abóbora minimamente processada em diferentestipos de corte1

Fabiana F Sasaki2; Juan S del Aguila; Cláudio Rosa Gallo; Edwin Moisés Marcos Ortega; Angelo PedroJacomino; Ricardo Alfredo Kluge3

USP-ESALQ, C. Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; E-mail: [email protected]; 2Bolsista Fapesp; 3Bolsista CNPq

Simultaneamente, esses produtos devemser seguros do ponto de vista sanitário emanter sólida qualidade nutritiva e sen-sorial (Wiley, 1997). Os produtos mini-mamente processados são o segmentoque mais cresce dentro do mercado va-rejista de alimentos. No entanto, oprocessamento mínimo ainda necessitade muitos estudos devido às dificulda-des de manter uma boa qualidade du-rante períodos prolongados (Soliva-Fortuny & Martin-Belloso, 2003).

Pertencente à família Cucurbitaceaee ao gênero Cucurbita, a abóbora(Cucurbita moschata Duch.) tem comocentro de origem a região central doMéxico estendendo-se até a Colômbiae a Venezuela. A abóbora tornou-se cos-

mopolita, sendo a espécie mais impor-tante na América tropical, pela área emque se expandiu e pela variabilidade(Casali et al., 1982; Filgueira, 2000). Aabóbora contém (em 1 kg) 1,3% de fi-bras e 96% de água, com a seguinte com-posição: 40 calorias, 280mg de vitami-na A, 700mg de vitamina B5, 100mg devitamina B2, 55 mg de vitamina B, alémde sais como cálcio, fósforo, potássio,sódio, ferro e enxofre (Luengo et al.,2000). As abóboras podem serconsumidas verdes ou maduras: as ver-des são preparadas em pratos salgadose as maduras são utilizadas, geralmen-te, na elaboração de doces caseiros ouindustrializados e também em diversospratos salgados (Camargo Filho &

1Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, apresentada à USP-ESALQ.

RESUMOO presente estudo teve como objetivo verificar as alterações fi-

siológicas, qualitativas e microbiológicas de abóbora (Cucurbitamoschata) cv. Canhão minimamente processada submetida aos cor-tes em meia-rodela, cubos e retalhos, e armazenadas a 5oC e 85-90%de UR durante 12 dias. O delineamento experimental foi inteira-mente casualizado, com quatro repetições (uma bandeja por trata-mento). A taxa respiratória dos três tipos de corte apresentaram va-lores entre 3,2 e 7,5 mL CO

2 kg-1 h-1. Os cortes em cubo e retalho

apresentaram maiores taxas de produção de etileno, atingindo valo-res de 4,05 µL C

2H

4 kg-1 h-1 e 3,82 µL C

2H

4 kg-1 h-1, respectivamente.

Os cortes em retalho apresentou alterações qualitativas indesejá-veis, como maior perda de massa (2,66%), maiores reduções nosteores de sólidos solúveis, de ácido ascórbico e de carotenóides, alémde propiciar maior crescimento de bactérias psicrotróficas. Os cor-tes em cubo e meia-rodela apresentaram melhores resultados emrelação aos cortes em retalho para a maioria das variáveis físicas,químicas e físico-químicas analisadas e para contagens de bactériaspsicrotróficas. Não foram observados coliformes e Salmonella nostrês tipos de corte durante o armazenamento.

Palavras-chave: Cucurbita moschata, carotenóides, respiração,etileno, microbiologia.

ABSTRACTPhysiological, qualitative and microbiological changes in

minimally processed squash submitted to different cut types

The present work was carried out to check the physiological,qualitative and microbiological alterations of minimally processedsquash (Cucurbita moschata) cv. Canhão submitted to different cuttypes (middle-circle, cube and shred). Minimally processed squashwas stored at 5ºC and 85-90% relative humidity during 12 days. Acompletely randomized experimental design with four replicates ofone package was used. Respiratory rate of the three cuts ranged from3.2 to 7.5 mL CO

2 kg-1 h-1. The cut in cube and shred showed higher

ethylene production (4.05 and 3.82 µL C2H

4 kg-1 h-1, respectively).

The shredded squash showed undesired qualitative alterations, ashigher weight loss (2.66%), decrease in soluble solids amount, acidascorbic and carotenoids. Besides, this cut increased growth ofpsychotropic bacteria. The cube and middle-circle cuts showed bestresults in relation to the physical, chemical and physicochemicalanalysis and psychotropic bacteria amount, when compared to theshred cut. No coliforms or Salmonella growth was observed duringstorage of the cut types.

Keywords: Cucurbita moschata Duch., ascorbic acid, carotenoids,respiration, ethylene, microbiology.

(Recebido para publicação em 24 de abril de 2005; aceito em 3 de maio de 2006)

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Mazzei, 2003). De alto valor nutritivo,o consumo de abóbora não é maior de-vido ao grande tamanho dos frutos e adificuldade no descascamento, tornan-do seu preparo muito trabalhoso. Porisso a oferta deste produto na formaminimamente processada é uma alter-nativa interessante para o mercado.

O efeito dos cortes ou injúrias pro-voca o rompimento de organelas, mo-difica a permeabilidade de célula, pro-voca desorganização celular, ativando asíntese de etileno e aumentando a respi-ração (Durigan & Cassaro, 2000). Oetileno proveniente do corte (“etileno deferida”) contribui para a biossíntese deenzimas envolvidas em alterações fisio-lógicas e bioquímicas associadas àsenescência (Brecht, 1995).

Os tecidos fatiados, cuja superfíciede exposição é maior, apresentam maio-res taxas de respiração e,consequentemente, maiores alteraçõesfisiológicas, bioquímicas emicrobiológicas que o tecido inteiro(Porte & Maia, 2001). Segundo Brecht(1995), quanto mais retalhada a alface,menor sua durabilidade. Entretanto, al-face rasgada preserva-se melhor que aretalhada, pois exsuda menos seiva dacélula. O mesmo autor afirma que tantoa intensidade dos cortes quanto a dire-ção em que foram realizados interferi-ram na deterioração de pimentão verdeminimamente processado, que foi maislenta nos cortes transversais quandocomparado aos longitudinais. Estes re-sultados parecem estar associados àmaior solubilização da pectina na super-fície das fatias longitudinais.

Com o objetivo de ampliar o conhe-cimento e atender as novas demandasdo mercado por produtos minimamenteprocessados, este trabalho se propôs aestudar as alterações decorrentes dosdiferentes tipos de corte visando obteraquele que promova melhor manuten-ção da qualidade e maior tempo de con-servação de abóbora minimamente pro-cessada.

MATERIAL E MÉTODOS

As abóboras maduras (Cucurbitamoschata Duch.), cv. Canhão, foramadquiridas de produtor da região deTupã-SP e trazidas ao Laboratório de

Pós-Colheita da USP-ESALQ. Antes deserem trazidas ao laboratório, as abó-boras sofreram uma pré-seleção, sendoescolhidos os frutos sem injúrias e uni-formes quanto ao tamanho, cor da cas-ca e formato. Ao chegarem ao laborató-rio os frutos foram lavados com deter-gente e em água corrente, para retiradada sujeira grosseira. Em seguida, as abó-boras sofreram uma desinfecção inicialcom imersão em solução contendo 200ppm de cloro ativo. Após a etapa de de-sinfecção, as abóboras foram colocadasem câmara fria a 10±1oC com 85-90%UR, onde permaneceram por 16 h.

O processamento foi realizado emcâmara fria a 10±1oC, utilizando-se rou-pas apropriadas (botas, avental, touca,máscara e luvas). A água deprocessamento foi destilada e refrige-rada a 5oC. A primeira etapa doprocessamento consistiu em corte emrodelas de 3,0 cm de espessura, utilizan-do-se faca de aço inoxidável afiada; re-moção das sementes e parte esponjosa(com auxílio de colher). Em seguida, asabóboras foram cortadas em meia-rode-la, cubo (arestas de 3x3x3 cm) e reta-lhos (7 mm espessura), consistindo nostratamentos. Os cortes em meia-rodelae cubos foram feitos com faca inoxidá-vel afiada e o corte em retalho foi obti-do com auxílio de uma processadora(Robout Coupe), com disco de corte naespessura de 7 mm. Após os cortes, ospedaços foram lavados em água desti-lada (para retirada de excesso de sucocelular), sanitizados com solução de clo-ro ativo a 200 ppm e enxaguados comágua destilada contendo 3ppm de cloroativo (para retirada do excesso de clo-ro). Em seguida, os pedaços foram dei-xados em escorredores domésticos pararetirada do excesso de água, com exce-ção dos retalhos que foramcentrifugados em centrífuga adaptada,durante 1 min, com rotação média de2000 rpm. Os pedaços foram pesados(300 g) e acondicionados em bandejasde poliestireno expandido e cobertoscom PVC (12 µm).

As embalagens foram armazenadasa 5±1oC e 85-90% UR. O período dearmazenamento foi de 12 dias, sendoque as avaliações físico-químicas foramrealizadas a cada três dias e as análisesmicrobiológicas foram realizadas a cadaseis dias. As variáveis analisadas foram:

a) taxa respiratória: 150 g, 150 g e 300g do produto (dependendo do tipo decorte) foram colocadas em frascos devidro de capacidade de 600 mL, 600 mLe 1500 mL, para os cortes em retalho,cubo e meia-rodela, respectivamente. Osfrascos foram fechados hermeticamen-te (1 h a 5oC), com tampas metálicascontendo um septo de silicone, por ondeforam coletadas alíquotas de 1 mL, comauxílio de seringa de vidro. As amos-tras coletadas foram injetadas emcromatógrafo a gás (Thermoquest GCTrace 2000) com detector de ionizaçãode chama (FID), tendo nitrogênio comogás de arraste a um fluxo de 25 µL/mi-nuto, as temperaturas foram 80oC nacoluna, 100oC no injetor, 250oC nodetector e 350oC na metanador, paramedição de CO

2. Os resultados foram

expressos em mL CO2 kg-1 h-1; b) pro-

dução de etileno: foi utilizado o mesmoprocedimento da análise da taxa respi-ratória, modificando-se temperatura dodetector para 100oC. Os frascos perma-neceram fechados durante 2 horas. Osresultados foram expressos em mL C

2H

4

kg-1 h-1; c) perda de massa: através depesagem direta; d) teor de sólidos solú-veis: por leitura direta em refratômetrodigital (Atago), utilizando uma gota daabóbora centrifugada em centrífugadoméstica, sendo os resultados expres-sos em ºBrix; e) cor: determinada comcolorímetro (Minolta), sendo as leiturasrealizadas em L, C* e ho; f) acideztitulável, com os resultados expressosem % de ácido málico (Carvalho et al.,1990); g) teor de ácido ascórbico, comos resultados expressos em mg 100 g-1

(Carvalho et al., 1990); h) teor decarotenóides totais, os resultados foramexpressos em g/g (Rodriguez-Amaya &Kimura, 2004); i) contagem de bactériapsicrotróficas: foi realizada através dométodo convencional com contagem emplaca contendo meio PCA (Silva et al.,2001); contagem de coliformes totais ecoliformes a 45oC: foi determinada pelométodo do NMP, através da técnica deTubos Múltiplos; k) detecção deSalmonella: foi realizada utilizando-seo Kit ‘1-2 Test’, fabricado pelaBiocontrol/USA, por tratar-se de ummétodo oficial aprovado pela AOAC(“Association of Analytical ChemistsInternational”) para utilização em todoos tipos de alimentos.

Alterações fisiológicas, qualitativas e microbiológicas durante o armazenamento de abóbora minimamente processada em diferentes tipos de corte

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172 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

O delineamento experimental utili-zado foi inteiramente casualizado comesquema fatorial 3x5. Os fatores estu-dados foram tipos de corte (meia-rode-la, cubos e retalhos) e tempo dearmazenamento (0; 3; 6; 9 e 12 dias).Foram utilizadas quatro repetições portratamento, sendo cada uma compostacom bandejas com 300 g de abóboraminimamente processada. Para a carac-terização do lote experimental (tempozero), quatro amostras foram analisadaslogo após o processamento mínimo doproduto. Os resultados obtidos, das aná-lises físicas, químicas e físico-químicasforam submetidos à análise do erro pa-drão. A diferença entre dois tratamen-tos maior que a soma dos dois erros pa-drões foi considerada significativa(P<0,05) (Moretti et al., 2002). Paraavaliação dos aspectos microbiológicosos resultados foram expressos em UFC/g de produto para bactériaspsicrotróficas, NMP/g para coliformestotais e presença ou ausência deSalmonella em 25 g de produto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até o 8o dia de armazenamento, astaxas respiratórias se mantiveram cons-tantes em todos os tratamentos, não ha-vendo diferença entre os mesmos. A

partir do 9o dia somente o corte em reta-lhos apresentou uma elevação na taxarespiratória atingindo valores de 42,46mL CO

2 kg-1 h-1 (Figura 1a). Porte &

Maia (2001) afirmam que os tecidosfatiados, cuja superfície de exposição émaior, apresentam maiores taxas de res-piração, porém isso não foi notado nopresente trabalho. Talvez o fato das abó-boras terem sido armazenadas sob refri-geração, na temperatura indicada comoideal por muitos autores, tenha diminuí-do os efeitos dos tipos de corte sobre taxarespiratória. Diversos autores afirmamque a temperatura exerce papel funda-mental na respiração de vegetais, sendoque sua redução, também, reduz a taxarespiratória (Watada et al., 1990; Brecht,1995; Porte & Maia, 2001).

O tipo de corte teve influência so-bre a produção de etileno em abóborasminimamente processadas, sendo que oscorte em cubos e retalhos produzirammaiores quantidades de etileno, chegan-do a picos de até 4,05 µL C

2H

4 kg-1 h-1,

nos cubos, e 3,82 µL C2H

4 kg-1 h-1 nos

retalhos, no 3o e 4o dias, respectivamen-te. (Figura 1b). Durigan & Cassaro(2000) afirmam que a desorganizaçãocelular provocada pelo corte ativa a pro-dução de etileno aumentando a respira-ção. Nas abóboras minimamente proces-sadas houve aumento da produção de

etileno (Figura 1b), inclusive tendo re-lação com o tipo de corte, mas isto nãorefletiu em aumento da taxa respirató-ria, que só aumentou após 10 dias nocorte em retalho (Figura 1a).

O corte em retalhos teve uma maiorperda de massa, em relação aos cortesem meia-rodela e cubos (Figura 2a).Este processo ocorre durante todo pe-ríodo de armazenamento, sendo tantomaior quanto menor for o tamanho doscortes (Izumi et al., 1996), devido amaior área de exposição dos cortes emtamanhos menores. Embora os valorestenham ficado aquém daqueles citadospor Finger & Vieira (1997) de 5 a 10%como críticos para as perdas de massa,as perdas foram de 0,87%; 1,58% e2,66% para os cortes em meia-rodela,cubo e retalho, respectivamente. Emmelancia ‘Crimson Sweet’, não obser-vou-se diferenças entre as melanciasfatiadas em relação aos cubos a 3oC (Pin-to, 2002). Porém em melões do tipoOrange Fresh as fatias perderam maismassa que os cubos quando armazena-dos a 3oC (Pinto, 2002).

O corte em retalho apresentou maiorredução nos teores de sólidos solúveis,durante todo o período dearmazenamento, mostrando reduções deaté 2,45oBrix entre o primeiro e o últimodia. Isto ocorreu devido à maior intensi-dade de ferimentos provocados nesse tipode corte tendo como conseqüência maiordescompartimentação celular e maiorextravasamento do suco celular. O corteem cubos não apresentou variações nosteores de sólidos solúveis, ficando emtorno de 5,33oBrix. Já o corte em meia-rodela apresentou um leve acréscimo nosteores de sólidos solúveis (Figura 2b). Aocontrário do ocorrido nas abóboras mi-nimamente processadas, em melão mi-nimamente processado, observou-se umaumento nos teores de sólidos solúveisde 0,68 e 0,16oBrix, respectivamente parafatias e cubos, (Arruda et al., 2003).

O teor de acidez titulável apresen-tou-se baixo e com variações pouco ex-pressivas ao longo do período dearmazenamento, exceto no corte em re-talho que apresentou um aumento nosvalores de acidez total a partir do 6o diade armazenamento (Figura 2c).

Os ácidos orgânicos podem ser en-contrados em frutas e hortaliças de for-

Figura 1. Taxa respiratória (a) e produção de etileno (b) em abóboras minimamente processa-das, submetidas a diferentes tipos de corte e armazenadas a 5oC*. Piracicaba, ESALQ, 2002.*Barras verticais representam o erro padrão da média. ESALQ, Piracicaba-SP.

Tabela 1. Contagem total de bactérias psicrotróficas em abóboras minimamente processa-das em diferentes tipos de corte, armazenadas a 5oC. Piracicaba, ESALQ, 2002.

FF Sasaki et al.

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173Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

ma natural ou acumulados, em conse-qüência do processo de fermentação oupor adição dos mesmos duranteprocessamento (Wiley, 1997). O aumen-to da acidez, observado no presente tra-balho, pode estar associado ao processofermentativo conforme citado por Wiley(1997). O corte em retalhos teve umamaior perda nos teores de ácidoascórbico durante o período dearmazenamento, sendo seguido do cor-te em cubos, porque o primeiro aumen-ta a área de contato da abóbora com fa-tores do ambiente (calor, luz e oxigê-nio), além de ocasionar maiordescompartimentação celular. Por pos-suir uma menor área de exposição aoambiente, o corte em meia-rodela foi oque apresentou menores perdas de vita-mina C (Figura 2d). Segundo Lee &Kader (2000), a retenção de vitamina Cé afetada pelo tipo de corte utilizado noproduto. Os autores verificaram que aretenção de vitamina C em alfaces cor-tadas em pequenos pedaços por máqui-nas foram 25-63% mais baixos do queas cortadas com as mãos.

As abóboras cortadas em retalhostiveram uma redução drástica nos teo-res de carotenóides totais do dia doprocessamento (dia 0) para o 3o dia dearmazenamento. Após esse período, osvalores tenderam a ficar estáveis até ofinal do período de armazenamento (Fi-gura 2e). Isso pode ter ocorrido devidoa maior intensidade de injúria causadapor teste tipo de corte que provocoumaior exposição dos tecidos à luz e aooxigênio, que são fatores que degradamos carotenóides (Klein et al., 1985).Além disso, esse tipo de corte provo-cou maior extravazamento do suco ce-lular e, provavelmente uma maior per-da dos carotenóides que ficam estoca-dos nos cromoplastos.

A luminosidade (L) das abóborasminimamente processadas com corte emmeia-rodela e cubos permaneceuinalterada durante os 12 dias dearmazenamento, enquanto que o corteem retalhos apresentou redução nos va-lores após 3 dias de armazenamento,porém, após este dia, os valores se man-tiveram constantes (Figura 2f). Arrudaet al. (2003) também não encontraraminfluência do tipo de corte nos valoresde luminosidade de melões minimamen-

te processados cortados em cubos e fa-tias. No corte em cubos a intensidadede cor, medida em cromaticidade (C*),manteve-se maior ao longo de todo pe-ríodo de armazenamento (53,71), sen-do seguida pelo corte em meia-rodela epor último o corte em retalhos (Figura2g). O corte em cubos apresentou valo-res de ângulo de cor (ho) menores aolongo do período de armazenamento,

chegando a 64,31 (Figura 2h). Os corteem meia-rodela e retalhos mantiverampraticamente os valores de ângulo de corparecidos e constantes durante o perío-do de armazenamento (Figura 12). Pin-to (2002) também não notou mudançanos valores do ângulo de cor (hue) emmelões fatiados e em cubos.

Pelo fato de não existir legislaçãoindicando limites para contagem de bac-

Figura 2. Perda de massa (a); teor de sólidos solúveis (b); acidez titulável (c); teor de ácidoascórbico (d); teor de carotenóides totais (e); luminosidade (f); cromaticidade (g); ângulo decor (h); em abóboras minimamente processadas, submetidas a diferentes tipos de corte earmazenadas a 5oC*. Piracicaba, ESALQ, 2002.*Barras verticais representam o erro padrão da média. Piracicaba, ESALQ, 2002.

Alterações fisiológicas, qualitativas e microbiológicas durante o armazenamento de abóbora minimamente processada em diferentes tipos de corte

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174 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

térias psicrotróficas, foram utilizados osparâmetros apresentados por Morton(2001), que permite a comercializaçãode vegetais congelados e similares comcontagem total de bactérias aeróbicasmesófilas de até 105-106 UFC g-1, sendoestes parâmetros os mais próximos en-contrados na literatura. Até o 6o dia dearmazenamento os três tipos de corteapresentavam-se dentro dos limites in-dicados por Morton (2001). Já no últi-mo dia de análise os cortes em retalhosapresentavam-se com contagem acimado permitido (2,2x107 UFC g-1) sendoconsiderado impróprio para o consumo.No 12o dia, a contagem de bactérias foimaior no corte em retalho, sendo segui-do do cubo e meia-rodela, mostrandouma relação do crescimento microbianocom o tipo de corte. O corte que provo-cou maior injúria nos tecidos da abóbo-ra (retalho) foi também o que apresen-tou maior crescimento de bactériaspsicrotróficas (Tabela 1). O aumento emsuperfície pelo corte, dano e disponibi-lidade de nutrientes causados peloprocessamento mínimo fornece condi-ções que aumentam o número e os tiposde microrganismos. Além, disso, o au-mento da manipulação desses produtospossibilita a contaminação porpatógenos (Rosa & Carvalho, 2000). Nopresente trabalho não foram detectadaspresenças de coliformes (contagem to-tal e a 45oC) e Salmonella, em todos osdias de análise.

Como não existe no país uma legis-lação específica para os vegetais mini-mamente processados, os resultados fo-ram comparados com a resolução RDCno 12 da Agência Nacional de Vigilân-cia Sanitária (ANVISA) do Ministériode Saúde, que estabelece a ausência deSalmonella (em 25 g de produto) e per-mite um máximo de 102 NMP decoliformes a 45oC g-1, em hortaliças innatura. Levando em consideração essesparâmetros, os resultados estão dentrodos limites estabelecidos. Como nãoforam constatados coliformes eSalmonella nas amostras analisadas, in-fere-se que os cuidados higiênico-sani-tários tomados durante o processamentomínimo foram eficientes, enquadrandoo produto nos padrões microbiológicosvigentes no país.

No presente estudo, foi verificadoque o tipo de corte tem influência signi-ficativa sobre a produção de etileno,aspectos qualitativos e microbiológicosdas abóboras minimamente processa-das. O corte que provocou maior injú-ria dos tecidos (retalho) mostrou taxasde produção de etileno maiores compa-radas ao corte em meia-rodela, seme-lhante às taxas de produção de etilenodos cortes em cubos. Além disso, estecorte apresentou alterações qualitativasindesejáveis, como maior perda de mas-sa e teores de sólidos solúveis, teoresmenores de ácido ascórbico e decarotenóides totais. Os cortes em cubose meia-rodela apresentaram comporta-mento semelhante para quase todas asvariáveis analisadas.

Apesar das taxas de produção deetileno serem parecidas nos cortes emretalhos e cubos, o primeiro mostroumaiores perdas qualitativas e desenvol-vimento microbiano mais acentuado,consequentemente mais rápida deterio-ração em relação ao último.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo a Pesquisado Estado de São Paulo, FAPESP, pelabolsa de mestrado concedida à primeiraautora.

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175Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Os cultivos hidropônicos possibili-tam a obtenção de produtos de boa

qualidade quando comparados aos sis-temas convencionais, devido a maior uni-formidade na colheita e eficiência no usoda água para fins de irrigação (Faquin etal., 1996). Teixeira (1996) destaca queem quase todos os estados brasileiros,cultivam-se hortaliças em hidroponia,tendo como culturas principais alface,rúcula, pimentão, morango e tomate.Outras hortaliças estão restritas a peque-nas áreas experimentais, ainda semrepresentatividade no mercado, como éo caso do agrião, salsinha e melão (Cos-ta et al., 2000). De modo geral, os culti-vos hidropônicos requerem acompanha-mento permanente do funcionamento dosistema, principalmente quanto ao forne-

GENÚNCIO GC; MAJEROWICZ N; ZONTA E; SANTOS AM; GRACIA D; AHMED CRM; SILVA MG. 2006. Crescimento e produtividade do tomateiroem cultivo hidropônico NFT em fungos da concentração iônica da solução nutritiva. Horticultura Brasileira 24: 175-179.

Crescimento e produtividade do tomateiro em cultivo hidropônico NFTem função da concentração iônica da solução nutritivaGláucio da C Genúncio1; Nidia Majerowicz1; Everaldo Zonta1; Armando M dos Santos2; Daniel Gracia3;Clarissa Regina M Ahmed3; Marcelle G da Silva4

1UFRRJ, BR 465, Km 7, 23851-970 Seropédica-RJ; E-mail: [email protected]; 2UFRGS-DPFA; 3Estudante Eng.Agronômica; 4FAPERJ/UFRRJ Bolsista-Programa jovens talentos para a ciência

cimento de energia elétrica e ao controledas características químicas e físicas dasolução nutritiva (Faquin et al., 1996).

No cultivo do tomate em hidroponia,o sistema mais utilizado é o fluxolaminar de nutrientes (NFT). No entan-to, este sistema ainda carece de infor-mações quanto aos aspectos de monta-gem e manutenção, exigindo a intensi-ficação de pesquisas visando, principal-mente, as condições locais (Moraes,1997). Dentre os fatores de produção, anutrição mineral é essencial para elevara produtividade e melhorar a qualidadedo produto (Furlani et al., 1999). Todosos nutrientes essenciais devem ser for-necidos em níveis compatíveis às exi-gências de cada espécie e de acordo coma fase de desenvolvimento (Haag et al.,

1993). Martinez (2002) afirma que paraa minimização de erros experimentaisna análise de sintomas induzidos peloexcesso ou deficiência de um nutrienteem solução nutritiva é recomendável autilização de concentrações mínimas. Adefinição das concentrações mínimasdeve ser objeto de estudo, tendo em vistaas diferenças genotípicas, ambientais eas demandas associadas às diferentesfases do desenvolvimento. Em geral, hátendência de redução da concentraçãoiônica da solução nutritiva nos cultivoshidropônicos comerciais, especialmen-te em ambientes cujas temperaturas,luminosidade e umidade relativa sãoaltas e nas estações mais quentes do ano(Furlani et al., 1999; Cometti, 2003).Cabe ressaltar que o uso racional de adu-bos, além de reduzir custos e garantir qua-

RESUMOO cultivo hidropônico do tomateiro é uma técnica com a qual

pode-se obter maior produtividade e melhoria no controle de diver-sos fatores durante o ciclo produtivo. Entretanto, essa técnica aindarequer aprimoramento em vários aspectos, dentre eles, as doses denutrientes na solução nutritiva. Neste sentido, um experimento foiconduzido em casa de vegetação equipada com sistema hidropônicotipo fluxo contínuo de nutrientes (nutrient film technique; NFT).Foram utilizadas as cultivares de tomate UC-82, Saladinha e T-93supridas com solução nutritiva de Hoagland nas concentraçõesiônicas 50%; 75% e 100%. Na última coleta de frutos, aos 138 diasapós a transferência para o sistema NFT, colheram-se as plantas eavaliaram-se o acúmulo de massa na parte aérea, massa fresca defruto, número de frutos por planta, massa fresca total de frutos porplanta, teor de sólidos solúveis totais (oBrix) e produtividade. Ascaracterísticas genotípicas das cultivares influenciaram fortementea produtividade. De modo geral, as diferentes concentrações iônicasdas soluções nutritivas, nas condições em que foi desenvolvido otrabalho, não influenciaram a produtividade e o acúmulo de massados tomateiros. Portanto é recomendável o uso de soluções de me-nor concentração iônica para o cultivo de tomateiros UC-82,Saladinha e T-93 em sistema hidropônico NFT, nas condições cli-máticas de Seropédica, Rio de Janeiro.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., condutividade elé-trica, cultivares de tomateiro, hidroponia.

ABSTRACTGrowing and yield of tomato in hydroponic cultivation as a

result of the ionic concentration of the nutritive solution

The tomato hydroponics cultivation is a technique that provideshigh productivity and a better control of several factors during theproduction cycle. However, this technique needs improvements suchas adequate dosage of nutrients in the nutritive solution. Anexperiment was carried out in a greenhouse equipped with a nutrientfilm technique system (NFT). Three commercial cvs. of tomato, UC-82, Saladinha, and T-93, were grown with three Hoagland´s solutionconcentrations, 50%; 75%; and 100%. In the last fruit harvest, 138days after transference to the NFT system, the accumulation of shootdry mass, the fruit fresh mass, the number of fruits per plant, thetotal fresh biomass per plant, the total content of soluble solids (oBrix)and the productivity, were evaluated. The genotypic characteristicsof the cvs. affected strongly the productivity. Generally the ionicconcentrations of the nutrition solution did not influence theproductivity and the tomato plants mass accumulation. Thus, theusage of solutions with lowest ionic concentration is recommendedfor the cultivation of the UC-82, Saladinha and T-93 tomatoes, inNFT hydroponics system, in the climatic conditions of Seropédica,Rio de Janeiro State.

Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., electrical conductivity,tomato cultivars, hydroponics.

(Recebido para publicação em 5 de maio de 2005; aceito em 29 de abril de 2006)

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176 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

lidade da produção, minimiza a contami-nação do ambiente e suas conseqüências,como a eutrofização de águas superficiaise subterrâneas e o acúmulo de elevadosteores de nitrato nos lençóis freáticos e nasplantas (Goto & Tivelli, 1998).

No manejo da solução nutritiva, fa-tores como temperatura (níveis ótimosem torno de 24 ± 3oC), pH (valores ade-quados entre 5,5 a 6,5) e condutividadeelétrica da solução nutritiva (faixa ótimaentre 1,5 a 4,0 dS m-1) devem sermonitorados e controlados periodicamen-te (Furlani et al., 1999). O controle dopH é relevante para a manutenção da in-tegridade das membranas e para evitar aprecipitação de micronutrientes comoferro, boro e manganês ou o fósforo(Martinez, 2002). A condutividade elé-trica encontra-se diretamente associadaà concentração iônica e à absorção dosnutrientes pela cultura ao longo do seudesenvolvimento (Marschner, 1995).

O objetivo deste trabalho foi avaliarrespostas de crescimento e produtivida-de de três cultivares de tomateiro emsistema de cultivo hidropônico do tipoNFT, sob diferentes concentraçõesiônicas da solução nutritiva, nas condi-ções de Seropédica, RJ.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido emcasa de vegetação, localizada no De-

partamento de Solos, Instituto de Agro-nomia, Universidade Federal Rural doRio de Janeiro, no período de junho adezembro de 2004. As condições climá-ticas do período em estudo encontram-se na Figura 1.

Os tratamentos foram três cultiva-res de tomate (UC-82, T-93 e Saladinha)e três concentrações iônicas (50, 75 e100%) da solução nutritiva de Hoagland& Arnon (1950), arranjados como fato-rial 3x3, no delineamento inteiramentecasualizado, com três repetições e cin-co plantas por parcela. As cultivares detomateiro tinham as seguintes caracte-rísticas: UC-82, de crescimento deter-minado, com ciclo de 110 dias e massade fruto de 110g; Saladinha, de cresci-mento determinado, com ciclo de 110dias e massa de fruto de 180g; e T-93,de crescimento indeterminado, com ci-clo de 100 dias e massa de fruto de 220g.

As sementes foram colocadas paragerminar em espuma fenólica com 216células por placa. Utilizou-se câmara degerminação para o controle da tempe-ratura (25oC dia / 20oC noite) e UR%entre 60-70%, durante 96 horas, até aemissão do hipocótilo. Logo após a ger-minação, as mudas foram supridas comsolução de Hoagland & Arnon (1950) a1/

8 de concentração iônica e conduzidas

em fitotron, sob iluminação artificial(150 mmol de fótons m-2 s-1), fotoperíodode 11 horas, temperaturas diurnas de

26oC e noturnas de 21oC e umidade re-lativa entre 60-70%. Aos 15 dias apósgerminação (DAG), as mudas recebe-ram solução de Hoagland & Arnon(1950) diluída a ¼ de concentraçãoiônica. Aos 30 DAG, as plântulas foramtransplantadas para os canais definitivosde cultivo. O espaçamento foi de 0,50m entre plantas, 0,60 m entre linhas du-plas com 1,00 m de corredor, totalizandoquinze plantas por canal. Foram utili-zados nove canais de cultivo com 11 mde comprimento.

A vazão da solução nutritiva foi de4 L min-1 e o fluxo foi programado emintervalos pré-determinados (45 minu-tos com irrigação e 15 minutos sem ir-rigação), utilizando-se temporizadoreseletro-mecânicos, seguindo-se recomen-dações de Moraes (1997). Para cada tra-tamento, foi utilizado um reservatóriocom capacidade de 1500 L de soluçãonutritiva.

Na formulação da solução nutritiva,utilizaram-se sais comerciais descritosna Tabela 1. O acompanhamento dacondutividade elétrica (CE), pH e tem-peratura da solução nutritiva foi reali-zado diariamente, nos horários de 9:00h, 11:00 h e 15:00 h. As soluções foramrenovadas quinzenalmente, de acordocom os protocolos descritos porMartinez (2002) e Moraes (1997). Ascorreções do pH foram realizadas, quan-do necessárias, logo após as leituras das9:00h com soluções 0,1 mol L-1 de KOHe de H

2SO

4, mantendo-se pH 5,5 ± 0,5.

A reposição de sais foi realizada de acor-do com Furlani et al. (1999), logo apósa leitura da CE às 9:00 h. Os valoresiniciais e de reposição da CE foram de1,44 dS m-1 para o tratamento 50%; 2,16dS m-1 para 75% e de 2,88 dS m-1 em100%.

O controle fitossanitário foi realiza-do seguindo-se as técnicas descritas porPenteado (2001); Campanola (2003);Feitosa & Cruz (2003).

Na fase produtiva foram realizadasnove coletas para a quantificação donúmero de frutos (NF), massa fresca porfruto (MFF), massa fresca total de fru-tos por planta (MFP), teor de sólidossolúveis totais (oBrix) e produtividade.Considerou-se como ponto de colheitaagronômico frutos de coloração rosa-esverdeado (Moraes, 1997). A produti-

Figura 1. Temperatura máxima (ºC) e umidade relativa (UR%) em ambiente protegido du-rante os meses de junho a dezembro de 2004, no município de Seropédica, Rio de Janeiro.Seropédica, UFRRJ, 2004.

GC Genúncio et al.

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177Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

vidade foi obtida através da multiplica-ção da quantidade de frutos por planta,da massa fresca total de frutos por plan-ta e da quantidade de plantas por metroquadrado da área experimental. O valorobtido em kg fruto m-2 foi convertidoem t ha-1.

Foram coletadas quinze plantas portratamento, aos 138 dias após transplan-te (DAT), para avaliação das caracterís-ticas fenológicas altura; massas frescasda parte aérea (MFPA), de folhas (MFF)e de hastes (caule+pecíolo); e massassecas das folhas (MSF) e das hastes(MSH) das plantas.

A análise estatística foi realizadacom auxílio do programa SAS (SASInstitute, 1993). Utilizou-se o teste deTukey para comparação de médias, a 5%de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A altura e o acúmulo de massa fres-ca e seca nas plantas das cultivaresSaladinha e T-93 não foram alteradaspelas concentrações iônicas em todos ostratamentos estudados. Por outro lado,foram observadas diferenças quanto aoacúmulo de massa fresca de folhas ehastes em plantas da cultivar UC-82 nasolução de Hoagland a 75% da concen-tração iônica (Tabela 2). Este maioracúmulo de massa fresca pode ser devi-do a maior adaptabilidade da cultivar à

soluções nutritivas com potencialhídrico (Ψ

H) mais positivo e, conseqüen-

temente, a maior energia livre da águaem solução (Taiz & Zeiger, 2004).

As cultivares Saladinha e T-93 pro-duziram frutos com massa fresca médiainferior ao seu potencial genético, con-siderando-se que eram esperadas mas-sas de 110 g e 220 g, respectivamente(SAKATA, 2004; ISLA, 2004). Essaresposta pode ter ocorrido devido àadaptação das cultivares às condiçõesclimáticas da casa de vegetação no es-tádio reprodutivo e à não realização doraleio de frutos. A cultivar UC-82

apresentou massa fresca média de fru-tos superior à citada por Takii (2004) notratamento 75% (Tabela 2).

A massa fresca de frutos, o númerototal de frutos (NTF) e a massa de frutospor planta (MFP) não diferiram estatisti-camente nos tratamentos estudados.

De modo geral, os dados obtidosneste trabalho ajustam-se aos deCavarianni et al. (2005); Cometti &Mary (2005); Cassiano et al. (2005) eDulgheroff et al. (2005) que, ao culti-varem rúcula, alface, sálvia e mostarda,respectivamente, constataram que adiluição das soluções nutritivas não in-

Crescimento e produtividade do tomateiro em cultivo hidropônico NFT em fungos da concentração iônica da solução nutritiva

Adaptado de Bugbee (1995).

Tabela 1. Concentrações de nutrientes da solução de Hoagland ajustada aos tratamentos50%, 75% e 100% de concentração iônica. Seropédica, UFRRJ, 2004.

Dentro de cada tratamento, médias na mesma linha, seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 2. Desenvolvimento das cultivares de tomateiro UC-82, Saladinha e T-93, nos tratamentos 50%, 75% e 100% de concentração iônicada solução nutritiva de Hoagland, conduzidos em casa de vegetação em Seropédica, nos meses de junho a dezembro de 2004. Seropédica,UFRRJ, 2004.

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178 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

fluenciou o acúmulo de massa no culti-vo dessas espécies. Para o cultivo do to-mateiro, Torres et al. (2004) verificaramque, sob diferentes concentraçõesiônicas de solução nutritiva, as caracte-rísticas altura, diâmetro de caule, áreafoliar e massa seca das folhas, assimcomo massa seca dos frutos, produçãoe produtividade não diferiram significa-tivamente.

Os teores de sólidos solúveis totaissomente diferiram estatisticamente nacultivar Saladinha (Tabela 2). Os valo-res médios de oBrix obtidos neste expe-rimento estão abaixo dos 4,0 oBrix que,segundo Silva e Giordano (2000) devemser o mínimo para a matéria-prima re-cebida pelas indústrias no Brasil. Poroutro lado, diversos trabalhos têm de-monstrado que as médias obtidas emcultivos protegidos de tomate dificil-mente alcançam 4,0 oBrix ou mais. Por-tanto pesquisas direcionadas à adequa-ção da nutrição mineral do tomateiro aoacréscimo no teor de sólidos solúveisnos frutos são de primordial importân-cia para a melhoria em qualidade nocultivo de tomateiro para fins decomercialização.

A cultivar UC-82 apresentou asmaiores produtividades nos tratamentos75% e 100% da concentração iônica dasolução de Hoagland (Figura 2). Tam-bém, a produtividade da cultivarSaladinha foi superior no tratamento75%, enquanto a cultivar T-93 apresen-tou maior produtividade no tratamento100%. Essa cultivar foi mais tardia, umavez que a colheita foi retardada no tra-tamento 50%.

As produtividades observadas nestetrabalho, em média, foram superiores àprodutividade média do tomateiro noBrasil em cultivo tradicional, que estáem torno de 55 t ha-1 (Canaçado-Júnioret al., 2003). Cabe ressaltar que, emambiente protegido, Marques et al.(2000), cultivando tomateiros cultivarCarmem, obtiveram produtividadesmédias de 77 t ha-1. Por outro lado, Car-valho et al. (2000), testando a adapta-ção de tomateiros de hábitos de cresci-mento determinado e semideterminado,em casa de vegetação, no verão emBrasília, observaram produção média de52 t ha-1. Schmidt & Santos (2000) des-tacam que uma solução nutritiva equili-

Figura 2. Produtividade das cultivares de tomateiro UC-82, Saladinha e T-93 nos tratamen-tos 50%, 75% e 100% da concentração iônica de Hoagland. Seropédica, UFRRJ, 2004.

GC Genúncio et al.

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179Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Crescimento e produtividade do tomateiro em cultivo hidropônico NFT em fungos da concentração iônica da solução nutritiva

brada é o princípio básico para a obten-ção de qualidade em cultivoshidropônicos comerciais e cultivandotomateiros do tipo salada em hidroponia,obtiveram valores de produtividademaiores que as médias nacionais, supe-rando 100 t ha-1.

De modo geral, as diferentes concen-trações iônicas das soluções nutritivas,nas condições em que foi desenvolvidoo trabalho, não influenciaram a produ-tividade e o acúmulo de massa dos to-mateiros. Portanto, é recomendável ouso de soluções de menor concentraçãoiônica para o cultivo de tomateiros UC-82, Saladinha e T-93 em sistemahidropônico NFT, nas condições climá-ticas de Seropédica, Rio de Janeiro.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à CAPES,pelo apoio financeiro; à UFRRJ, CPGA-CS, Labfer, Depto. de Solos e Depto.de Ciências Fisiológicas, pelainfraestrutura disponibilizada para a rea-lização deste trabalho; às empresasSakata, Takii, Isla, Hidrogood eQualifértil, pela disponibilização de se-mentes, canais e nutrientes.

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180 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

No Brasil, o tomate é uma culturade elevada importância socioeco-

nômica. Além de ser um alimento subs-tancialmente nutritivo, é uma fonte degeração de emprego e renda na agricul-tura. No grupo das hortaliças, o tomatede mesa é a cultura mais exigente emmão-de-obra, tanto nos sistemas de pro-dução em campo aberto quanto em sis-

MEDEIROS MA; VILELA NJ; FRANÇA FH. 2006. Eficiência técnica e econômica do controle biológico da traça-do-tomateiro em ambiente protegido.Horticultura Brasileira 24: 180-184.

Eficiência técnica e econômica do controle biológico da traça-do-toma-teiro em ambiente protegidoMaria Alice de Medeiros1; Nirlene J Vilela1; Félix Humberto França2

1Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Sede/SPD, Brasília-DF; E-mail: [email protected];[email protected]; [email protected]

temas protegidos, estimando uma gera-ção de 4 a 5 empregos diretos por hec-tare/ano.

A traça-do-tomateiro, Tuta absoluta(Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae),é a principal praga do tomate no Distri-to Federal e região geo-econômica. Des-de que foi introduzida no Brasil, no fi-nal dos anos setenta, tem causado gran-

des prejuízos danificando folhas, has-tes e frutos do tomateiro (França et al.,2000). Visando o controle da praga,agrotóxicos são pulverizados até vintevezes durante o ciclo da cultura, o querepresenta de 12% a 25% dos custos deprodução do tomate. Apesar das pulve-rizações intensivas, 30% dos frutos sãoimpróprios para o consumo (França,

RESUMOA eficiência técnica e econômica do controle da traça-do-toma-

teiro (Tuta absoluta) pelo parasitóide Trichogramma pretiosum foiavaliada em ambiente protegido na área de um produtor do municí-pio de Luziânia-GO, durante o verão de 1999-2000. O trabalho foiconduzido em duas casas de vegetação, sendo cada uma delas sub-metida aos seguintes regimes de controle de pragas: (1) prática doprodutor: consistiu em pulverizações de inseticidas de acordo com anecessidade, em rotação com os produtos deltametrina, abamectin,Bacillus thuringiensis (nas doses recomendadas) e detergente 0,5%;(2) liberações inundativas de T. pretiosum associada com pulveriza-ções semanais de B. thuringiensis em formulação concentradaemulsionável (na dose recomendada). As medidas de controle fo-ram iniciadas logo após a constatação dos primeiros adultos da tra-ça-do-tomateiro. A liberação massal consistiu na colocação de duascartelas por semana (20x30 cm) de ovos parasitados por T. pretiosumque foram gradualmente aumentadas até que atingisse seis cartelaspor semana por ocasião da colheita do tomate. Semanalmente, fo-ram coletados 50 folíolos de tomateiro ao acaso em cada casa devegetação. O número de ovos foi determinado, em laboratório emantidos em câmaras climatizadas para a constatação das lagartasou parasitismo. A produtividade e o dano nos frutos foram determi-nados semanalmente em 50 tomateiros escolhidos ao acaso em cadatratamento. A produtividade com controle biológico foi de 6.160bandejas/600g e com controle químico foi de 6.833 bandejas/600g.Os custos variáveis da produção foram de R$ 3,9 mil e R$ 4,7 milpara o sistema com controle biológico e químico, respectivamente.O limite de quebra de safra permitido para ambos sistemas de pro-dução, indicado pela margem de segurança econômica, foi maiorpara o controle biológico (61,7%). O coeficiente de eficiência eco-nômica do controle biológico foi significativo (2,62) e a taxa internade retorno (24,9%) confirmou a viabilidade econômica do sistemade produção de tomate utilizando o controle biológico com T.pretiosum.

Palavras-chave: Tuta absoluta, Lycopersicon esculentum,Trichogramma pretiosum, Bacillus thuringiensis.

ABSTRACTTechnical and economic efficiency of biological control of

the South American tomato pinworm in protected environment

The economic and technical efficiency of controlling the SouthAmerican tomato pinworm (Tuta absoluta) by the parasitoidTrichogramma pretiosum was evaluated in protected environment,in Luziania, Goiás State, Brazil, during the summer of 1999-2000.The research was conducted in two greenhouses, each onesubmitted to the following pest control regimes: (1) habitual farmerpractices: pesticides sprayed based on presence/absence of the pestand rotation of products (deltamethrin; abamectin; Bacillusthuringiensis (at the recommended dose); and soap at 0,5%concentration). (2) inundative release of T. pretiosum associatedwith weekly sprays of Bacillus thuringiensis as an emulsifiableconcentrate formulation (at the recommended dose). Insecticidesprays and parasitoid mass release were initiated just after the firstadults were observed. Mass release consisted of weekly display oftwo cards (20x30 cm) of parasitized eggs by T. pretiosum that weregradually increased until the reached six cards each week, by thetime of tomato harvest. Once a week, 50 leaflets were collected ineach greenhouse. The number of eggs was determined in thelaboratory and kept inside chambers to determine the number oflarvae or the percentage of parasitism. Tomato production anddamage to the fruits were determined weekly from 50 tomato plantsrandomly chosen in each treatment. The productivity of thetreatment using biological control was 6,160 polystyrene trays/600gand 6,833 trays/600g when chemical control was used. The variablecosts of production were R$ 3,9 thousands and R$ 4,7 thousandsfor the biological control and chemical control, respectively. Theloss limit in each cropping season for both production systems,estimated by the technical-economic efficiency, was higher forthe biological control (61,7%). The coefficient of economicefficiency was significant (2.62) and the internal rate of return(24.9%) confirmed that the system of production that used thebiological control by T. pretiosum was economically efficient.

Keywords: Tuta absoluta, Lycopersicon esculentum, Trichogrammapretiosum, Bacillus thuringiensis.

(Recebido para publicação em 24 de maio de 2005; aceito em 31 de maio de 2006)

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1993). Além dos riscos para a saúdehumana, os inseticidas químicos tam-bém causam fortes desequilíbrios aomeio ambiente, destruindo os inimigosnaturais das diferentes pragas da cultu-ra nas áreas sob controle.

Uma alternativa aos inseticidas é ocontrole biológico, por meio da utilizaçãodo parasitóide Trichogramma pretiosumRidley (Hymenoptera:Trichogrammatidae) associado com apli-cações do entomopatógeno Bacillusthuringiensis Berliner (Haji et al., 1995).Esta técnica pode reduzir em até 70% ocusto de controle da praga, aumentando aprodução de frutos sadios e reduzindo acontaminação ambiental (França, 1993).

A viabilidade técnica do controlebiológico para a traça-do-tomateiro jáfoi confirmada em outros trabalhos (Hajiet al., 1995). No entanto, para que ocontrole biológico seja adotado pelosprodutores são necessários estudos so-bre as vantagens técnico-econômicas dosistema. Diversos métodos vem sendousados na avaliação de negócios agrí-colas, como por exemplo, o método deorçamentação parcial tem sido utiliza-do para realização de análises estáticascomparativas de sistemas de produção(Perrin et al., 1985; Scolari et. al. 1985;Snodgrass & Wallace, 1993) e modelosintertemporais para análise de viabili-dade econômica (Hirschfeld, 1998;Pearce, 1983; Laiard & Glaister, 1996;Laponni, 1996; Andrews & Reganold,2000; Antle & Stoorvogel, 2005). A taxainterna de retorno (TIR) é o indicadormais comum em estudos de viabilidadeeconômica, e pode ser usada para mos-trar o retorno dos recursos alocados nosnegócios agrícolas. A taxa interna deretorno superior ao custo de oportuni-dade do capital investido no mercadofinanceiro, ou de capitais indica a via-bilidade econômica do negócio. O tem-po de recuperação dos investimentos nosdois sistemas de produção também éimportante e pode ser determinado pelométodo do ‘pay-back simples’ (PBS)(Hirschfeld, 1998). O índice delucratividade (IL) representa um crité-rio para seleção de alternativas econô-micas (Laponni, 1996).

O objetivo deste trabalho foi avaliara eficiência técnica-econômica do con-trole da traça-do-tomateiro com o

parasitóide T. pretiosum, associado comaplicações do entomopatógeno B.thuringiensis em plantas de tomate cul-tivadas em ambiente protegido.

MATERIAL E MÉTODOS

Uma unidade de observação datecnologia de controle biológico da tra-ça-do-tomateiro utilizando T. pretiosumfoi instalada na área de um produtor detomate, no município de Luziânia –GO.O trabalho foi conduzido durante o ve-rão de 1999-2000 em duas casas de ve-getação. O produtor encarregou-se dastarefas de criar e liberar o T. pretiosumde acordo com as recomendações daEmbrapa Hortaliças. As casas de vege-tação eram do tipo não climatizadas, de10x50m, e cobertas com tela clarite(intercepção de 80%). A cultivar de to-mate para mesa utilizada foi ‘GrandeUhur’, com densidade de 1980 plantasem espaçamentos de 30x40 cm. Os se-guintes regimes de controle de insetosforam estabelecidos em cada casa devegetação: (1) prática usual do produ-tor, que consistiu em pulverizações deacordo com a necessidade, em rotaçãodos seguintes produtos: B. thuringiensis,abamectin + óleo mineral, deltametrina(nas doses recomendadas) e detergente0,5% (indicado para mosca-branca) (Ta-bela 1); (2) liberações inundativas de T.pretiosum (criado em Sitotrogacerealella (Olivier) como hospedeiro)(Haji et. al., 1998) associada com pul-verizações semanais de B. thuringiensisem formulação concentradaemulsionável, na dose recomendada. Aspulverizações com inseticidas e as libe-rações massais de parasitóides foraminiciadas logo após a detecção dos pri-meiros adultos da traça-do-tomateiro. Aliberação massal do parasitóide empre-gou inicialmente duas cartelas por se-mana (20x30 cm) com ovos parasitadospor T. pretiosum, próximo à emergên-cia dos adultos, que foram gradualmen-te aumentadas até atingir seis cartelaspor semana, por ocasião da colheita dotomate. As cartelas foram distribuídasem pedaços de 6,45 cm ou 1 pol2 e dis-postas entre os fitilhos do tutoramento.Semanalmente, foram coletados 50folíolos de tomateiros para determinaro número de ovos da traça-do-tomatei-

ro. Em laboratório, os ovos coletadosforam individualizados em cápsulas degelatina, mantidos em câmarasclimatizadas tipo BOD a 25±2ºC, 70%UR e 14 h de fotofase para determinar oíndice de parasitismo nos ovos da tra-ça-do-tomateiro. A produtividade e apercentagem de dano causado foi esti-mada pelo número de frutos produzidosem 50 plantas escolhidas ao acaso nosdois tratamentos, desde o início até ofinal da colheita, considerando uma co-lheita por semana. Além dos métodosde controle descritos, o produtor ado-tou as seguintes práticas: as casas devegetação foram protegidas com telaanti-afídeos, com compartimento de iso-lamento na entrada; foram utilizadossubstrato novo e mudas sadias no trans-plante, não infestadas com traça-do-to-mateiro; o controle químico foi empre-gado de forma racional, ou seja, de acor-do com a necessidade, considerando asamostragens semanais. Os trabalhos fo-ram acompanhados semanalmente porpesquisadores da Embrapa e visitadospor outros produtores da região.

Os custos de produção foram deter-minados com base nos coeficientes téc-nicos para cada sistema de produçãomultiplicados pelos preços de mercadodos fatores produtivos. A receita foi de-terminada pela quantidade vendida aospreços pagos ao produtor (Tabela 1). Aanálise econômica foi processada peloprograma de análise pelo método deorçamentação parcial (MOP). Adicio-nalmente, empregou-se um modelointertemporal para análise de viabilida-de econômica e dos impactos potenciaisex-ante gerados pelo sistema de contro-le biológico, considerando o horizontede 5 anos. Além dos indicadores econô-micos básicos (receita, custos variáveis,custos fixos, margens do produtor, efi-ciência, ponto de equilíbrio da produ-ção, margens de segurança) fornecidospelas análises por orçamentação parci-al foi calculada a taxa interna de retor-no (TIR).

A TIR foi calculada por:

sendo Bt - Ct= benefícios econômi-cos do sistema produtivo em avaliação;

Eficiência técnica e econômica do controle biológico da traça-do-tomateiro em ambiente protegido

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182 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

j= ano inicial do fluxo de benefícios; n=ano final do fluxo, ou horizonte de li-quidação do projeto; R= taxa interna deretorno.

O valor presente líquido (VPL) ouvalor atual líquido foi obtido pela fór-mula:

sendo Bt= quantidade produzidamultiplicada pelo respectivo preço doproduto; C

t= custo de produção, calcu-

lado pela quantidade de fatores utiliza-dos multiplicada pelo respectivo preçodo fator; t= número de anos de investi-mento, n= ano final do fluxo de benefí-cios, j= ano de início do empreendimen-to; i= taxa de juros real anual de 6% (re-muneração atual do capital com base nosrendimentos atuais da caderneta de pou-pança, que é a aplicação mais popular domercado financeiro). O índice delucratividade (IL) representa um critériopara seleção de alternativas econômicas(Laponni, 1996). Com base neste crité-rio um determinado projeto de produçãodeverá ser aceito se o IL>0, desta formacalcula-se o IL pela seguinte fórmula:

em que VPL= Valor Presente Líqui-do e I= investimentos iniciais.

Os valores dos benefícios e custosforam calculados ano a ano, dentro dohorizonte de planejamento do negócio(5 anos). O índice de lucratividade foideterminado. As análises intertemporais

foram processadas pelo programaFarmod for Windows desenvolvido eutilizado pelo BIRD (Ace et al., 1995)para avaliação de projetos de desenvol-vimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número de ovos da traça-do-toma-teiro foi maior na casa de vegetação queusou o controle biológico (Figura 1),apresentando um crescimentopopulacional acentuado a partir da 9ªsemana. O índice de parasitismo nosovos da traça-do-tomateiro alcançou49%. Haji et al. (1995) encontraram ín-dices de parasitismo da traça-do-toma-teiro de até 43% (em 1990) e 49% (em1991) a campo em tomate paraprocessamento industrial, e de até 68%em casas de vegetação em 1990 noSubmédio São Francisco-PE. VillasBôas e França (1996), em trabalho se-melhante, encontraram um índice deparasitismo de 24% em casa de vegeta-ção. Portanto, o nível de parasitismoobservado no presente trabalho foi su-perior às condições anteriormente ob-servadas na região Centro-Oeste.

A produtividade total estimada emoito colheitas foi de 25.235 frutos comcontrole químico e 25.420 frutos comcontrole biológico. Avaliou-se o nívelde danos nos frutos causados por pra-gas em 6% no controle químico e de19% no controle biológico. Os danosobservados não afetaram a qualidade doproduto a ponto de comprometer o pa-drão comercial exigido pelo mercado.Desta forma, obteve-se a produção co-

mercial de 4.100 kg com controle quí-mico e de 3.696 kg com controle bioló-gico. O produto foi comercializado embandejas de 600g, na quantidade de6.833 embalagens para o controle quí-mico e 6.160 para o controle biológico.Em ambos tratamentos, a colheita defrutos foi realizada durante oito sema-nas (Tabela 1).

Sob o ponto de vista técnico-econô-mico, ambos os sistemas de controleforam eficientes. Os indicadores obti-dos das análises evidenciaram a eficiên-cia do controle biológico. O preço mé-dio recebido pelo produtor foi de R$1,65 por bandeja de 600 g, cobertas porfilme PVC. Os custos operacionais deprodução no sistema de controle bioló-gico foram de R$ 3,883, aproximada-mente 21,17% menor do que no siste-ma sob controle químico. Quando osdois sistemas são comparados, verifica-se que os gastos do controle biológi-co foram significativamente menoresem inseticidas (-526,40%); serviços(-36,84%), outros (-3,4%). Apesar daprodutividade do sistema de controlebiológico ter sido menor (-10,93), o cus-to unitário foi menor, em razão da redu-ção de custos com inseticidas e mão-de-obra e outros.

O custo total inicial do controle bio-lógico em que o produtor preferiu ins-talar seu próprio criatório de T.pretiosum foi bastante onerado peloscustos fixos decorrentes de investimen-tos da estrutura de criação doparasitóide, ainda assim o custo total foimenor (-13,3%). A reprodução deparasitóides pelos próprios produtoresnão é uma atividade necessária, uma vezque existem empresas especializadasneste ramo de negócio que produzem emescala os parasitóides e realizam a dis-tribuição a preços razoáveis. Os inves-timentos alocados na estrutura produti-va aumentaram, conseqüentemente, asdepreciações do capital fixo, resultan-do em custos totais maiores.

O ponto de equilíbrio da produçãofoi vantajosamente menor, ocorrendoem um patamar significativamente maisbaixo (-21,17%). Desta forma, o pontode equilíbrio do sistema de produçãocom controle biológico foi de 2.354 ban-dejas e para o controle químico foi de2.852 bandejas. Esse ponto indica a

Figura 1. Número de ovos da traça-do-tomateiro coletados em 50 folíolos de tomateiro porsemana e o número de lagartas e ovos parasitados por T. pretiosum em tomate cultivado emambiente protegido por controle biológico (A) e por controle químico (B). Luziânia, EmbrapaHortaliças, 1999-2000.

MA Medeiros at al.

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183Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

quantidade mínima que o produtor pre-cisa vender para cobrir os desembolsosnecessários para produzir a safra emambos sistemas. Como o custeio da sa-fra do sistema de controle biológico foimais baixo, é menor a quantidade quenecessariamente tem que ser absorvidapelo mercado para que o produtor re-munere os fatores alocados no processoprodutivo. Neste ponto, a razão entre areceita e os custos variáveis se tornaigual a 1. Qualquer valor superior a 1indica determinado grau de eficiênciaeconômica. Neste caso, o coeficiente deeficiência econômica foi significativo,indicando que cada unidade monetáriainvestida no sistema produtivo, retornou2,62 ao produtor (Tabela 1). O tratamen-to com controle biológico proporcionouuma margem de segurança econômicafavorável. Isto é, nas condiçõestecnológicas em que a cultura foiconduzida, o sistema suporta uma que-bra de safra da ordem de 61,79%.

Verifica-se que a viabilidade econô-mica do sistema de controle biológicofoi positiva, como confirmada pela fa-vorável taxa interna de retorno de24,87%. O índice de lucratividade apoiaa decisão do produtor na seleção de umempreendimento. No caso do controlebiológico com T. pretiosum, o índice delucratividade de 0,5304 satisfaz as con-dições I>0, indicando que a tecnologiaé uma alternativa economicamente viá-vel, portanto um bom negócio. O valoratualizado dos investimentos no siste-ma produtivo foi de R$ 6,4 mil. O tem-po de retorno dos investimentos ocor-rerá por ocasião da 2ª safra, indicadapelo ‘payback simples-PBS’ de 1,94, ouseja, com a comercialização da 1ª safracompleta e aproximadamente 94% da 2ªsafra, os investimentos iniciais estarãoliquidados. O PBS é uma medida de ris-cos do empreendimento, quanto maiorfor o PBS, maior será o risco do negó-cio. O PBS não é uma medida de renta-bilidade dos investimentos, mas é umamedida de liquidez do negócio, ou seja,quanto menor o prazo de recuperaçãode capital, maior a liquidez do projeto(Laponni, 1997).

A redução da dependência do pro-dutor do mercado de insumos, pela subs-tituição dos sintéticos pela própria cria-ção do parasitóide representa uma gran-

de vantagem. Villas Bôas & França(1996) observaram que a substituição deagrotóxicos pela liberação de T.pretiosum, combinada com aplicaçõessemanais de B. thuringiensis rendeu amesma produção, com um custo 20%menor.

Neste trabalho, os aspectos técnicose econômicos foram quantificados. En-tretanto, os alimentos produzidos comcontrole biológico concentram atributospositivos que não foram dimensionados.Dentre esses, ressalta-se a segurança ali-mentar. Neste aspecto deve-se conside-rar que os alimentos produzidos comcontrole biológico, sem agrotóxicos, sãomais saudáveis para os trabalhadores econsumidores, portanto poderiam ser di-ferenciados e comercializados com pre-ços mais elevados pela agregação de va-lor como alimentos saudáveis Os bene-fícios da produção biológica devem ana-lisados não somente sob o ponto de vistaeconômico, mas também devem ser re-

conhecidos pela sociedade, como alimen-tos saudáveis, cuja produção contribuipara redução de riscos à saúde humana ede impactos ao meio ambiente.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a colaboraçãodo produtor, Sr. Humberto Pante, doauxiliar de laboratório da Embrapa Hor-taliças, Sr. José Gomes Teixeira, e a DraGeni L. Villas Bôas pela revisão domanuscrito e ao Dr. Leonardo B.Giordano pela elaboração do “abstract”.

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Eficiência técnica e econômica do controle biológico da traça-do-tomateiro em ambiente protegido

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185Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

A cultura do pimentão (Capsicumannuum L.) apresenta elevado va-

lor comercial e está entre as dez hortali-ças mais consumidas no Brasil. Seusfrutos são comercializados, principal-mente, na coloração verde e vermelha,apesar de serem também produzidos fru-tos de cor amarela, marfim, laranja earroxeada (Filgueira, 2003).

A qualidade de frutos de hortaliçasé caracterizada com base em atributoscomo aparência, sabor, textura e valornutritivo (Chitarra, 1998). Esta caracte-rização é importante, determinando as

ROCHA MC; CARMO MGF; POLIDORO JC; SILVA DAG; FERNANDES MCA. 2006. Características de frutos de pimentão pulverizados com produtosde ação bactericida. Horticultura Brasileira 24: 185-189.

Características de frutos de pimentão pulverizados com produtos deação bactericidaMariella C Rocha1*; Margarida Goréte F do Carmo1**; José Carlos Polidoro3; Débora AG da Silva1*;Maria do Carmo A Fernandes2

1UFRRJ, Depto Fitotecnia; 2PESAGRO-RIO, Br 465, Km 47 da antiga Rodovia Rio-São Paulo, 23.851-970 Seropédica-RJ; E-mail:[email protected]; [email protected]; 3Embrapa-Solos, Jardim Botânico, RJ. *Alunos de Pós Graduação em Fitotecnia, BolsistasCAPES; **Bolsista CNPq

variáveis que devem ser observadas paraa melhoria da comercialização no mer-cado interno e externo, bem como parao desenvolvimento de técnicas dearmazenamento e de manejo pós-colhei-ta. Assim, torna-se de fundamental im-portância a avaliação do efeito de práti-cas de manejo sobre a produtividade, aqualidade química e física do produto ea longevidade durante o processo decomercialização.

Entre as práticas de manejofreqüentemente utilizadas em cultivosde pimentão estão as pulverizações com

fungicidas à base de cobre, seja para ocontrole de doenças fúngicas oubacterianas, e de antibióticos para o con-trole das fitobacterioses (Carmo et al.,2001). O uso freqüente de fungicidascúpricos pode contribuir para a conta-minação do ambiente com cobre e ou-tros metais pesados (Santos et al, 2002)e para o desenvolvimento de sintomasde fitotoxidez (Aguiar, 1997), e para oacúmulo destes nos frutos. Estes produ-tos, porém, podem ser fontes destemicronutriente. O pimentão alcança amáxima produtividade quando os teo-

RESUMOMuitas das tecnologias desenvolvidas para a cultura do pimentão

estão voltadas para a melhoria da produtividade e da aparência dosfrutos sem considerar aspectos como sabor, valor nutricional e resí-duos tóxicos remanescentes. O presente trabalho teve como objetivosavaliar o efeito de pulverizações semanais com biofertilizante Agrobio(5%), oxicloreto de cobre (2,4 g L-1), sulfato de estreptomicina +oxitetraciclina (0,8 g L-1) e testemunha (água), sobre a produtividadee a qualidade de frutos de três cultivares de pimentão: Magda,Cascadura Itaipu e o híbrido Magali R. Adotou-se o delineamento deblocos ao acaso com quatro repetições, em esquema fatorial (4x3). Asvariáveis analisadas foram produtividade, características físicas e fí-sico-químicas, teor e acúmulo de fósforo, cobre e chumbo nos frutos.Observou-se maior diâmetro longitudinal e volume dos frutos e maio-res produtividade e eficiência no aproveitamento do fósforo pelo hí-brido ‘Magali R’. Observaram-se diferenças entre as cultivares quan-to à taxa de acúmulo de cobre nos frutos, tendo sido quatro vezesmaior em frutos de "Magda" pulverizados com oxicloreto de cobreque nos demais tratamentos e, nenhum efeito dos tratamentos sobre oacúmulo de chumbo. Os teores de cobre e chumbo encontrados, po-rém, estão dentro da faixa aceitável pela Anvisa. Constatou-se, ainda,que as aplicações de cobre afetam o sabor dos frutos, principalmentepor influenciar em sua acidez total titulável, expressa em maiores teo-res de ácido cítrico e menores valores de pH. Os resultados apontam,ainda, para uma relação entre acúmulo de cobre nos frutos e eficiên-cia do uso de fósforo, sendo, porém, necessários novos estudos parasua comprovação.

Palavras-chave: Capsicum annuum L., biofertilizante, oxicloretode cobre, sulfato de estreptomicina, oxitetraciclina, pós-colheita.

ABSTRACTCharacteristics of bell pepper fruits affected by products with

bactericidal action

Most technologies used for bell pepper production emphasizeyields, shape and size of the fruits, with less attention to featuressuch as flavor, nutritional value and toxic residue content. Theobjectives of the present work, accomplished in field and laboratoryconditions, were to evaluate the effect of weekly sprayings of Agrobiobiofertilizer (5%v.v.), copper oxychloride (2.4 g active ingredient L-

1), streptomycin sulphate + oxitetracycline (0.8% active ingredientL-1) and water as control treatment, on the production and quality offruits of three cultivars of bell peppers: “Magda”, “Cascadura Itaipu”and “Magali R”. In both conditions, a randomized complete blockdesign with four replicates was used, in a factorial scheme (4x3).The analyzed variables were productivity, physical and physical-chemical features, percentage and total P, Cu and Pb in fruits. Largerlongitudinal diameter and volume as well as higher productivity andefficiency of P use by ‘Magali R’ were found. There was no effect ofthe treatments on Pb accumulation but effects were found on Cu.Higher Cu concentrations were found in fruits treated with copperoxychloride, especially in cultivar ‘ Magda’, although concentrationsfound were within the range acceptable by the national sanitaryagency (ANVISA) parameters. Besides, Cu applications afffectedfruit flavor, primarily by changing total titrable acidity and lowerpH. Results also suggested a relationship of Cu content and Pefficiency use by pepper plants, which need further confirmation.

Keywords: Capsicum annuum L, biofertilizer, copper oxychloride,streptomycin sulphate, oxitetracycline, postharvest.

(Recebido para publicação em 12 de julho de 2005; aceito em 26 de abril de 2006)

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res de Fe, Mn, Zn e Cu no tecido foliarvariam entre 569 e 610, 293 e 321, 101e 107 e 64 e 70 mg kg-1, respectivamen-te (Gusmán & Romero, 1988). As con-centrações de cobre em alimentos estão,em geral, na faixa de 0,2 a 44 mg kg-1

de matéria seca sendo, porém, na maio-ria dos alimentos inferior a 10 mg kg-1

(Pedroso & Lima, 2001). Segundo aPortaria nº 33 da Agência Nacional deVigilância Sanitária, que dispõe sobreos parâmetros para a Ingestão DiáriaRecomendada (IDR) de vitaminas, mi-nerais, proteínas e outros nutrientes paraos indivíduos e diferentes grupospopulacionais, um adulto pode consu-mir uma dose diária de três miligramasde cobre (ANVISA, 1998).

O emprego de antibióticos no con-trole de fitobacterioses, por sua vez, tam-bém pode ser problemático. Existemapenas dois princípios ativos registradospara este fim, o sulfato deestreptomicina e a oxitetraciclina(McManus et al, 2002) e o seu empregoem fitobacteriologia pode envolver pro-blemas técnicos pela fácil e freqüenteseleção de estirpes resistentes na popu-lação do patógeno, pela escassez de es-tudos sobre a sua persistência em órgãosvegetais utilizados para o consumo hu-mano, além de afetarem o equilíbrio dosagroecossistemas e apresentarem custoelevado (McManus et al., 2002).

Entre as alternativas que vem sendotestadas no manejo de doenças de plan-tas estão os biofertilizantes, aos quaissão atribuídas propriedades nutricionais,fungistáticas, inseticidas, ebacteriostáticas, quando aplicados viafoliar (Tratch & Bettiol, 1997;Fernandes, 2000; Deleito et al., 2005).Em sua composição microbiológica jáforam constatados um número grandede bactérias, leveduras e bacilos (De-leito, 2005). Um dos biofertilizantes quevem sendo utilizado em várias culturastem sido o Agrobio, produzido epesquisado na Estação Experimental deSeropédica (EES) da Pesagro-Rio. OAgrobio é obtido em sistema aberto pelaação de diferentes microrganismos (De-leito, 2005) em substrato composto pelamistura de água, esterco bovino, mela-ço, leite e macro e micronutrientes. Apóscerca de 56 dias, dependendo das con-dições de ambiente, o produto está pron-to para ser utilizado (Fernandes, 2000).

Em sua composição química são encon-trados, 34,69 g L-1 de matéria orgânica,0,8% de carbono, 631 mg L-1 de nitro-gênio, 170 mg L-1 de fósforo, 1,2 g L-1

de potássio, 1,59 g L-1 de cálcio e 480mg L-1 de magnésio, além de traços deoutros micronutrientes essenciais àsplantas (Fernandes, 2000).

Apesar do uso freqüente de produ-tos à base de cobre e de antibióticos edo uso crescente de biofertilizantes empulverizações da cultura do pimentão,na literatura científica não são encon-trados trabalhos que avaliam seus efei-tos sobre a qualidade dos frutos. Destaforma, o presente trabalho foi feito como objetivo de avaliar o efeito de cultivare de pulverizações com oxicloreto decobre, sulfato de estreptomicina +oxitetraciclina e biofertilizante Agrobiosobre a produtividade, a qualidade físi-ca e físico-química de frutos de pimen-tão e teor e acúmulo de fósforo, cobre echumbo nos mesmos.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado, em con-dições de campo, na UFRRJ emSeropédica, RJ, de março a dezembrode 2002.

A área experimental foi dividida em48 parcelas de 11,5 m2, contendo cadauma 24 plantas, distribuídas em três fi-leiras de oito plantas. Como parcela útil,consideraram-se apenas as seis plantaslocalizadas na fileira central, espaçadasem 1,2 x 0,40 m. Foram comparadosquatro tratamentos: oxicloreto de cobre(2,4 g L-1 de ia); sulfato deestreptomicina + oxitetraciclina (0,8 gL-1 de ia); biofertilizante Agrobio (5%)e testemunha (água) e três cultivares depimentão Magda, Cascadura Itaipu e ohíbrido Magali R, em arranjo fatorial4x3. Adotou-se o delineamento de blo-cos ao acaso com quatro repetições.

A adubação mineral, realizada se-guindo a análise do solo e as recomen-dações de adubação para o estado do Riode Janeiro (De Polli et al., 1998), foifeita com a aplicação de 16.200 kg ha-1

de esterco bovino, além de 400 kg ha-1

de superfosfato simples e 93 kg ha-1 decloreto de potássio aplicados no sulcode plantio. Aos 30 dias após otransplantio das mudas, foi feita a apli-

cação do equivalente a 60 kg ha-1 deuréia e de 60 kg ha-1 de cloreto de po-tássio.

Após o transplante das mudas, se-guiu-se o manejo usual da cultura, comcapinas, adição de cobertura com palhaseca de grama e condução das plantasem estacas individuais. A partir doflorescimento, iniciaram-se as aduba-ções de cobertura, efetuadas a cada 21dias, quando se aplicaram sulfato deamônio (60 kg ha-1) e cloreto de potás-sio (15 kg ha-1). As irrigações, por as-persão, foram efetuadas a cada três acinco dias conforme a necessidade dacultura. Para o controle da broca dos fru-tos, foram feitas duas pulverizações cominseticida à base de deltametrina (250 gL-1). Os frutos, colhidos semanalmente,foram levados para o laboratório para se-leção, classificação e coleta de amostraspara a realização das análises físico-quí-micas. Foram determinadas a massa mé-dia e a produção de frutos com padrão co-mercial ao longo de nove colheitas. A pro-dutividade final foi estimada por meio dosomatório de todas as colheitas e expres-sa em toneladas por hectare (t ha-1).

As avaliações físicas e físico-quími-cas dos frutos, ao longo das nove co-lheitas, incluíram as seguintes determi-nações: a) diâmetro dos frutos, medidocom auxilio de um paquímetro; b) vo-lume, calculado conforme Beltrão et al.,(1988); c) coloração, avaliada segundorecomendação de Bussel &Kenigsberger (1975) onde: 1 frutos to-talmente verdes, 2 frutos verdes comtraços vermelhos; 3 frutos vermelhoscom traços verdes; e 4 frutos totalmen-te vermelhos; d) textura, determinadacom auxílio de um penetrômetro marcaMc-Cormick, modelo FT 011, com pon-ta de 7,94 mm de diâmetro; e) teor desólidos solúveis totais (SST), determi-nado utilizando refratômetro de campo(manual) ATAGO N-1; f) acidez totaltitulável (ATT), determinada por meiode titulação com NaOH (0,1 N); g) pH,determinado com auxílio de umpotenciômetro; e h) teores e conteúdosde fósforo, cobre e chumbo (Tedesco etal., 1995). O teor de SST, a ATT e o pHforam determinados de acordo com asnormas do Instituto Adolfo Lutz (1976).

Para determinação da textura dosfrutos efetuaram-se três leituras na re-

MC Rocha et al.

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gião equatorial do fruto, após a remoçãoda casca. Os resultados foram expressosem libras cm-2. Os resultados da acideztotal titulável (ATT) foram expressos em% de ácido cítrico. Com base no teor desólidos solúveis (SST) e de acidez totaltitulável (ATT), calcularam-se os valo-res da relação SST/ATT. Os teores de fós-foro, expressos em g Kg -1, e os teores deCobre e chumbo, expressos em mg Kg -

1, foram utilizados para estimar a expor-tação dos mesmos nos frutos de pimen-tão nos diferentes tratamentos.

Para a determinação dos teores de fós-foro, cobre e chumbo nos frutos, o mate-rial vegetal foi seco em estufa com ven-tilação forçada a 75 ºC, moído e subme-tido à digestão sulfúrica para o elementofósforo e digestão nitro-perclórica paraos elementos cobre e chumbo. Neste ex-trato foram determinados os teores defósforo, Cobre e chumbo pelo método deTedesco et al., (1995).

Na análise estatística dos dados de SST,ATT, SST/ATT, pH e textura foram consi-derados dois grupos distintos, frutos ver-des (colorações 1 e 2) e frutos maduros (co-lorações 3 e 4). Os dados foram submeti-dos ao teste de normalidade (Lilliefors) ehomogeneidade das variâncias (Cochran)e à análise de variância para testar o efeitodos fatores cultivar e produto pulverizado,bem como da interação destes sobre as di-ferentes variáveis avaliadas, com o uso doteste F-Fisher. As médias foram compara-das pelo teste de Tukey a 5%. Os teores econteúdos de Cobre e de fósforo foram,ainda, submetidos à análise de correlaçãode Pearson, tendo-se considerado os coefi-cientes maiores que 0,60 e significativos a5% pelo teste t- Student. Todos os procedi-mentos estatísticos foram realizados como uso do software SAEG v. 8.02 da Uni-versidade Federal de Viçosa, (Ribeiro Jr,2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se efeito apenas do fatorcultivar sobre a produtividade e sobreas características físicas dos frutos. Ohíbrido Magali R apresentou maior pro-dutividade de frutos com padrão comer-cial, número e massa média de frutosque as cultivares ‘Magda’ e ‘CascaduraItaipu’, que não diferiram entre si (Ta-bela 1). A maior produtividade do hí-

brido pode ser explicada pela regulari-dade da produção ao longo das colhei-tas, contrapondo-se às oscilações obser-vadas nas duas demais cultivares ao lon-go do ciclo da cultura. Entretanto, a pro-dutividade foi baixa, mesmo para ‘Ma-gali R’ (11,6 t.ha-1), uma vez que, sãorelatadas para o híbrido, em condiçõesde campo, produtividades de 13 a20 t ha-1 (Ribeiro et al., 2000). Atribui-se esse resultado ao fato de terem sidocomputados os dados de apenas novesemanas de colheita e ao ataque severoda broca pequena dos frutos(Neulocinoides elegantalis) que desclas-sificou muitos frutos para acomercialização.

Os produtos pulverizados não afe-taram a produtividade nem as caracte-rísticas físicas dos frutos. Os frutos de‘Magali R’ apresentaram significativa-mente maior diâmetro longitudinal evolume médio que os das duas demaiscultivares (Tabela 1), superiores inclu-

sive aos valores observados por Singh& Srivastava (1998) e Ribeiro et al.(2000). Quanto ao diâmetro equatorialdos frutos, não foram observadas dife-renças entre as cultivares (Tabela1).

Não foi observado efeito de cultivarnem de produto sobre a textura dos fru-tos verdes ou maduros. A textura médiados frutos verdes variou de 4,03 a5,25 lb cm-2 e a dos frutos maduros de4,42 a 5,18 lb cm-2, ambos dentro da fai-xa registrada por Nannetti (2001) parafrutos de pimentão recém colhidos (4,46a 7,56 lb cm-2).

O efeito dos tratamentos sobre acomposição dos frutos somente foi ob-servado com a maturação dos mesmos,ou seja nos frutos maduros (coloração 3e 4) (Tabela 2). Entre os frutos verdes,o teor de sólidos solúveis totais (SST)oscilou entre 6,01 e 7,00 oBrix, a acideztotal titulável (ATT) entre 0,81 e 1,87%de ácido cítrico e a relação SST/ATTentre 4,65 e 7,76. O pH dos frutos ver-

*Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey 5%.

Tabela 1. Efeito de cultivar sobre o número de frutos de pimentão (frutos m-2), massa médiados frutos (g), produtividade (t ha-1), diâmetro longitudinal e equatorial (cm), volume (cm3)e textura (lb cm-2) dos frutos. Seropédica, UFRRJ, 2002.

Tabela 2. Efeito de cultivar e produto pulverizado sobre o teor de sólidos solúveis totais(SST), acidez total titulável (ATT), relação entre os sólidos solúveis totais e acidez totaltitulável (SST/ATT) e pH de frutos de pimentão maduros. Seropédica, UFRRJ, 2002.

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem significativamente peloteste de Tukey a 5%

Características de frutos de pimentão pulverizados com produtos de ação bactericida

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des também não diferiu estatisticamen-te, tendo oscilado entre 5,51 e 5,90, seenquadrando dentro da faixa de frutosnão ácidos estabelecida por Gould(1974). Apesar de não terem sido ob-servadas diferenças quanto aos teores desólidos solúveis dos frutos maduros dastrês cultivares testadas ou efeito dos pro-dutos pulverizados sobre esta mesmavariável, observaram-se efeitos destestratamentos sobre a porcentagem deATT, expressa pelo teor de ácido cítri-co, e sobre o pH dos frutos. Os frutoscolhidos nas parcelas pulverizadas comoxicloreto de cobre apresentaram signi-ficativamente maiores teores de ácidocítrico em relação a todos os demais tra-tamentos e menores valores de pH, ape-sar de não terem diferido em relaçãoàqueles colhidos nas parcelas pulveri-zadas com o Agrobio (Tabela 2). Estadiferença afetou a relação SST/ATT dosfrutos, resultando em menores valoresnos frutos das parcelas pulverizadas comoxicloreto de cobre (2,96) e maioresvalores nos frutos das parcelas testemu-nhas (6,66). Entre as cultivares, obser-vou-se que os frutos de ‘Magali R’ apre-sentaram significativamente menoresteores de ácido cítrico e,correspondentemente, maior relaçãoSST/ATT, apesar de não terem diferidoquanto aos valores de pH (Tabela 2).

A análise destes resultados, porém,é dificultada pela escassez de informa-ções na literatura sobre a composição ecaracterísticas físico-químicas de frutosde pimentão. Observaram-se, em geral,altos valores de coeficiente de variação,

possivelmente pela composição originaldas amostras, frutos verdes (coloração1 e 2) e frutos maduros (coloração 3 e4) e pela própria natureza dos frutos,classificados como não climatéricos oude transição (Meir et al., 1995).

Embora não existam padrões estabe-lecidos para frutos de pimentão infere-se que os frutos maduros de ‘Magali R’foram os que apresentaram melhor ba-lanço entre teor de sólidos solúveis e deácido cítrico, expresso pela maior rela-ção numérica de SST/ATT. Este balançocaracteriza o sabor do fruto, estando re-lacionado à presença de diversos consti-tuintes químicos, principalmente os açú-cares, expresso em ºBrix, e ácidos, ex-presso pela percentagem de ácido cítri-co. A principio, quanto maior o teor deaçúcares e de ácidos, melhor o sabor dofruto (Grierson & Kader, 1986).

Observou-se efeito significativo dainteração entre cultivar e produto pul-verizado sobre o teor de fósforo nos fru-tos e, efeito significativo apenas de pro-duto sobre o acúmulo de fósforo nos fru-tos (Tabela 3). A cultivar CascaduraItaipu apresentou, em geral, maiores teo-res de fósforo nos frutos, independentedo produto pulverizado, enquanto que‘Magda’ e Magali R’ apresentaram teo-res significativamente menores quandopulverizadas com Agrobio e, principal-mente, oxicloreto de cobre (Tabela 3).Os teores de fósforo observados (1,3 a3,4 g kg-1) são inferiores aos encontra-dos por Furlani et al. (1978) em ensaioscom solução nutritiva (4,1 g Kg-1), massão semelhantes aos citados em outros

trabalhos (Negreiros, 1995; Nannetti,2001). Os resultados observados no pre-sente trabalho sugerem um possível efei-to do cobre sobre a eficiência do uso defósforo pelas plantas, especialmentepela cultivar Magali R, que apresentousignificativamente maior produtividade(Tabela 1) apesar de conteúdo de fósfo-ro (1,94 kg ha-1) igual estatisticamenteao de ‘Magda’ (1,00 kg ha-1) e deCascadura Itaipu (1,62 kg ha-1). Ainda,a exportação de fósforo pelos frutos foisignificativamente maior nos tratamen-tos testemunha (2,3 kg ha1) e sulfato deestreptomicina + oxitetraciclina (2,6 kgha1), tendo sido extraído por ocasião dascolheitas duas vezes mais fósforo nes-tes tratamentos que no tratamento comaplicação de oxicloreto de cobre (1,2 kgha1), sem correspondente aumento deprodução. Frutos tratados com agrobioapresentaram 2,1 kg-1 de fósforo. Estesresultados estão de acordo com as ob-servações de Moura et al. (2001) queconstataram ampla variação genética emlinhagens de pimentão quanto à eficiên-cia nutricional para fósforo e, com oscomentários de Voisin (1963) que cita aocorrência de efeito antagônico entrefósforo e cobre em laranjeira.

Observou-se também, efeito signi-ficativo da interação entre cultivares eprodutos pulverizados sobre os teores decobre nos frutos e nenhum efeito dostratamentos sobre os teores de chumbo.Os frutos de ‘Magali R’ e, principalmen-te de ‘Magda’, colhidos nas parcelaspulverizadas com oxicloreto de cobreapresentaram teores de Cu significati-vamente maiores que os dos demais tra-tamentos (Tabela 3). Pulverizações comAgrobio e com sulfato de estreptomicina+ oxitetraciclina não promoveram au-mento nos teores de cobre nos frutos depimentão, tendo apresentado valoresigual estatisticamente aos da testemu-nha água (Tabela 3). A variação no teorde cobre encontrada entre as cultivares,provavelmente, está relacionada comcaracterísticas físicas da superfície dosfrutos e precisa ser melhor investigada,tendo em vista a freqüência com que aspulverizações são feitas em períodosfavoráveis à ocorrência de epidemias.

Possivelmente, o maior acúmulo decobre em frutos de ‘Magali R’, pulveri-zadas com oxicloreto de cobre, podem

Tabela 3. Efeito da interação cultivar e produto pulverizado sobre o teor de fósforo (g kg-1

de massa seca) e de cobre (mg kg-1 de massa seca) em frutos de pimentão. Seropédica,UFRRJ, 2002.

*Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferemsignificativamente pelo teste de Tukey a 5%.

MC Rocha et al.

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ter contribuído para a melhor eficiênciade utilização de fósforo, pois foram ob-servados coeficientes de correlação (r)significativos e negativos entre teorde cobre e de fósforo (r=-0,65), entreteor de cobre e conteúdo de fósforo(r=-0,75), entre conteúdo de cobre e teorde fósforo (r=-0,64) e entre conteúdo decobre e conteúdo de fósforo (r=-0,74).

Apesar dos teores de cobre no trata-mento com oxicloreto de cobre teremsido significativamente superiores aosencontrados nos frutos dos demais tra-tamentos (Tabela 3), estes ainda se en-contram dentro da faixa aceitável paraconsumo, uma vez que a ingestão diá-ria de cobre recomendada para um adul-to (IDR) é de cerca de 3 mg dia-1

(ANVISA, 1998). Os teores de chumboencontrados nos frutos dos diferentestratamentos (0,27 a 0,34 mg kg-1) tam-bém estão dentro da faixa tolerada paraconsumo.

Pode-se concluir que ‘Magali R’ ésuperior às demais cultivares por apre-sentar maior produtividade, maior mas-sa e diâmetro longitudinal dos frutos e,maior eficiência no aproveitamento dofósforo. Existem diferenças entre as cul-tivares quanto à taxa de acúmulo de co-bre nos frutos, tendo sido quatro vezesmaior em frutos de ‘Magda’ pulveriza-das com oxicloreto de cobre que nosdemais tratamentos. Os resultados apon-tam, ainda, para um aumento na eficiên-cia do uso de fósforo com as aplicaçõesde Agrobio e, principalmente, deoxicloreto de cobre, sendo, porém, ne-cessários novos estudos para sua com-provação. Pode-se concluir, ainda, queas aplicações de cobre afetam o sabordos frutos, principalmente por influen-ciar em sua acidez total titulável, expres-sa em maiores teores de ácido cítrico emenores valores de pH.

AGRADECIMENTOS

Á CAPES pela concessão da bolsade mestrado ao primeiro e terceiro au-tores.

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190 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

A alface (Lactuca sativa L.) éconsiderada a hortaliça folhosamais importante na alimentação

do brasileiro, o que assegura à culturaexpressiva importância econômica. NoBrasil, são, aproximadamente, 30 milhectares cultivados com alface, sendoresponsável pela geração de 60 mil em-pregos diretos. Originária de clima tem-perado, a sua adaptação, em regiões detemperatura elevada, tem gerado obstá-culos ao seu crescimento e desenvolvi-mento, impedindo que a cultura expres-se todo o seu potencial genético. Nestascondições, ocorre redução do ciclo dacultura, comprometendo sua produção,devido à aceleração do metabolismo daplanta e, conseqüentemente, a antecipa-ção da fase reprodutiva (Makishima,1992; Setúbal & Silva, 1992).

No Rio Grande do Norte, a produ-ção da alface é baixa quando compara-da com outras regiões do país, não aten-dendo com isso, a sua demanda interna.Os métodos de produção existentes sãorudimentares e na maioria das vezes, não

GRANGEIRO LC; COSTA KR; MEDEIROS MA; SALVIANO AM; NEGREIROS MZ; BEZERRA NETO F; OLIVEIRA SL. 2006. Acúmulo de nutrientespor três cultivares de alface cultivadas em condições do Semi-Árido. Horticultura Brasileira 24: 190-194.

Acúmulo de nutrientes por três cultivares de alface cultivadas em condi-ções do Semi-ÁridoLeilson C Grangeiro; Kamargo R da Costa; Maria Aparecida de Medeiros; Alessandra M Salviano;Maria Zuleide de Negreiros; Francisco Bezerra Neto; Stênio L de OliveiraUFERSA, Depto. Ciências Vegetais, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; E-mail: [email protected]

correspondem às expectativas de produ-tividades esperadas. Dentre os fatoresque estão associados a estes baixos ren-dimentos, destacam-se o reduzido nívelde tecnologia, falta de cultivares adap-tadas às altas temperaturas eluminosidade e informações técnicassobre o manejo desta cultura nessas con-dições, tendo em vista que as informa-ções utilizadas, são adaptações do cul-tivo da alface em outras regiões.

O conhecimento da quantidade denutrientes acumulada na planta, em cadaestádio de desenvolvimento, forneceinformações importantes que podemauxiliar no programa de adubação dasculturas. É necessário ter consciência,no entanto, que as curvas de absorçãorefletem o que a planta necessita, e nãoo que deveria ser aplicado, uma vez quea eficiência de aproveitamento dos nu-trientes é variável segundo as condiçõesclimáticas, o tipo de solo, o sistema deirrigação, o sistema de manejo, entreoutros fatores. De modo mais efetivo,essas curvas auxiliam no programa de

adubação, principalmente na quantida-de dos nutrientes que devem ser aplica-dos nos distintos estádios fisiológicos dacultura (Villas Bôas, 2001).

Com relação à alface, já existematualmente, no Brasil informações depesquisa a respeito do crescimento eacúmulo de nutrientes em diferentescultivares. Entretanto, os mesmos foramrealizados em regiões de clima maisameno (Radin et al., 2004), ou em con-dições de cultivo protegido (Lopes et al.,2003; Menezes Júnior et al., 2004), semaplicação prática naquelas regiões quecultivam alface, em condições de altastemperatura e luminosidade.

Nesse contexto, o presente trabalhoteve como objetivo determinar oacúmulo de nutrientes em diferentescultivares de alface, cultivadas em con-dições do Semi-Árido.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na hor-ta da Universidade Federal Rural do

RESUMOO presente trabalho teve como objetivo determinar o acúmulo

de nutrientes em cultivares de alface cultivadas em condições dosemi-árido. O experimento foi conduzido em área experimental daUniversidade Federal Rural do Semi-Árido em solo classificadocomo Argissolo Vermelho-Amarelo. O delineamento experimentalutilizado foi em blocos casualizados completos em esquema fatorial3 x 5 com quatro repetições. Os tratamentos resultaram da combina-ção de três cultivares de alface (Babá de Verão, Tainá e Verônica) ecinco épocas de coletas (7, 12, 17, 22 e 27 dias após transplantio -DAT). A máxima produção de matéria seca foi obtida aos 27 DAT,sendo de 8,9; 6,9 e 6,4 g planta-1, respectivamente para as cultivaresBabá de Verão, Tainá e Verônica. O período de maior demanda paraN, P, K e Mg foi de 22 a 27 DAT e para Ca de 17 a 22 DAT, em todasas cultivares. A ordem decrescente dos nutrientes acumulados pelascultivares de alface foi: K, N, P, Mg e Ca.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., nutrição de plantas, crescimento.

ABSTRACTAccumulation of nutrients by three lettuce cultivars grown

under Semi-arid conditions

The objective of this work was to determine the accumulationof nutrients by lettuce cultivars in conditions of Semi-arid. Theexperiment was carried in the field of University Federal Rural doSemi-Árido, in Mossoró, Rio Grande do North State, Brazil, in soilAlfissol. The experimental design was of randomized completeblocks, with four replications, in a 3 x 5 factorial scheme, beingevaluated the cultivars of lettuce: Babá de Verão, Tainá and Verônicaand sampling times 7, 12, 17, 22 and 27 days after transplanting(DAT). The maximum accumulation of dry mass occurred at 27 DAT,being of 8.9; 6.9 and 6.4 g/plant, respectively to cultivars Baby deVerão, Tainá and Verônica. The period of larger demand for N, P, Kand Mg occurred from 22 to 27 DAT and for Ca of 17 the 22 DAT inall to cultivars. The nutrients in decreasing order of accumulationby the lettuce cultivars were: K, N, P, Mg e Ca.

Keywords: Lactuca sativa L., plant nutrition, growth.

(Recebido para publicação em 31 de agosto de 2005; aceito em 5 de junho de 2006)

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Semi-Árido em Mossoró, de setembroa outubro de 2004, em solo classificadocomo Argissolo Vermelho-Amareloeutrófico. Amostras de solo foram reti-radas da área experimental, cuja análisequímica, mostrou os seguintes resulta-dos: pH (água) = 7,9; P = 157 mg dm-3;K = 0,3 cmol

c dm-3; Ca = 3,2 cmol

c dm-3,

Na= 0,32 cmolc dm-3; Mg = 1,0 cmol

c

dm-3; H + Al = 1,0 cmolc dm-3; S= 4,8

cmolcdm-3; T= 5,82 cmol

c dm-3 e V =

82,8%.O município de Mossoró está situa-

do a 18 m de altitude, a 5º11’ de latitudesul e 37º20’ de longitude oeste. O climada região, segundo a classificação deKöppen, é BSwh’, isto é, seco e muitoquente, com duas estações climáticas:uma seca que vai geralmente de junho ajaneiro, e outra chuvosa, de fevereiro amaio, apresentando temperatura médiaanual de 27,4ºC, precipitaçãopluviométrica anual irregular com mé-dia de 673 mm, umidade relativa de68,9% e luminosidade de 241,7 h mês-1.Durante a condução do experimento atemperatura média diurna foi de 28,6ºC, a umidade relativa de 60,1% e inso-lação de 10,4 horas diárias.

O delineamento experimental utili-zado foi em blocos casualizados em es-quema fatorial 3 x 5 com quatro repeti-ções. Os tratamentos resultaram da com-binação de três cultivares de alface(Babá de Verão, Tainá e Verônica) e cin-co épocas de coletas (7, 12, 17, 22 e 27dias após o transplantio - DAT). Em cadaépoca foram coletadas seis plantas porrepetição.

A semeadura foi realizada em ban-dejas de poliestireno expandido com 128células, preenchidas com um substratocomercial, utilizando-se três a quatrosementes por célula. Após a germina-ção, realizou-se o desbaste, deixando-se uma plântula por célula. Otransplantio foi efetuado 20 dias após asemeadura, quando as mudas apresen-tavam de quatro a cinco folhas definiti-vas, no espaçamento de 0,20 x 0,20 m.

As adubações foram realizadas combase na análise do solo e recomendaçãode Cavalcanti (1998), sendo aplicado empré-plantio 40 t ha-1 de esterco bovinocurtido, 40 kg ha-1de N, na forma deuréia, 60 kg ha-1 de P

2O

5 na forma de

superfosfato simples e 30 kg ha-1 de

K2O, na forma de cloreto de potássio.

Foi efetuada uma adubação nitrogenadaem cobertura, aos quinze dias após otransplantio, com 40 kg ha-1 de N, naforma de uréia.

Após cada coleta, as plantas foramlevadas ao Laboratório de Pós-colheitado Departamento de Ciências Vegetais,lavadas e colocadas em estufa com cir-culação forçada de ar à temperatura de65 ºC por um período de 36 h, quandose atingiu massa constante. Em funçãoda quantidade de massa seca das amos-tras, determinou-se o acúmulo da parteaérea (caule + folha) em cada época decoleta, sendo os resultados expressos emg planta-1. Em seguida, as amostras fo-ram processadas em moinho tipo Willey(peneira de 2 mm) e acondicionadas emrecipientes fechados.

Para análises dos teores demacronutrientes (P, K, Ca e Mg) forampesadas amostras de 0,5 g, mineralizadaspor digestão nitroperclórica (Allan, 1969)e posterior determinação dos teores decálcio e magnésio por complexometria(Embrapa, 1997); fósforo porcolorimetria, utilizando o método docomplexo fosfo-molíbdico em meio re-dutor, adaptado por Braga e Defelipo(1974) e potássio por fotometria de emis-são de chama (Embrapa, 1997). O teorde nitrogênio foi determinado em 100 mgde amostra digerida com ácido sulfúricoem presença de uma mistura de selênioem pó, sulfato de cobre e sulfato de po-tássio, pelo método Kjeldahl (Embrapa,1997).

Com os valores de matéria seca eteores de N, P, K, Ca e Mg determina-ram-se o acúmulo de massa seca e dosnutrientes em cada época de coleta.

Os dados obtidos foram submetidosàs análises de variância utilizando-se osoftware ESTAT e análise de regressãocom o software Tablecurve (JandelScientific, 1991).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Acúmulo de matéria secaAs cultivares de alface não diferi-

ram estatisticamente entre si para a va-riável produtividade (Tabela 1), que foiaproximadamente o dobro da média daregião, que é de 11 t ha-1. Segundo Ra-mos (1995), a baixa produtividade ob-servada na região deve-se a utilizaçãode cultivares pouco adaptadas às tem-peraturas e luminosidade elevadas,como também a não adoção de práticasque visem minimizar os efeitos extre-mos da temperatura e da luminosidadelocal. Queiroga (2000) determinou pro-dutividades superiores às obtidas nestetrabalho com as cultivares Great Lakes(57,9 t ha-1), Verônica (39,1 t ha-1) eRegina (46,9 t ha-1). Embora o experi-mento tenha sido realizado na mesmaregião, as maiores produtividades obti-das nesse trabalho foi provavelmente,devido ao período de condução do ex-perimento, sendo que neste último, oexperimento foi conduzido no primeirosemestre do ano, quando as temperatu-ras são mais amenas e foram utilizadostelas de sombreamento durante a con-dução da cultura.

O crescimento da planta, expressopelo acúmulo de matéria seca ao longodo ciclo, foi lento até 12 dias após otransplantio (DAT), intensificando-sedepois. A produção estimada de massaseca total foi respectivamente de 8,9; 6,9e 6,4 g planta-1, para as cultivares Babáde Verão, Tainá e Verônica, obtidas aos27 DAT (Figura 1). O maior acúmulo dematéria seca ocorreu no períodocompreendido entre 22 e 27 DAT, quan-do as taxas de incrementos foram de 1,06;0,66 e 0,66 g planta-1 dia-1, na mesma or-dem das cultivares citada anteriormente.

Acúmulo de macronutrientesAs taxas de acúmulo dos

macronutrientes pela parte aérea das

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente entre pelo testede Tukey ao Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 1. Produtividade das cultivares de alface. Mossoró, UFERSA, 2005.

Acúmulo de nutrientes por três cultivares de alface cultivadas em condições do Semi-Árido

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192 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

cultivares de alface foram baixas nosprimeiros 12 DAT, devido o menoracúmulo de matéria seca. Após 12 DAT,houve um incremento, observando-seuma maior demanda para N, P, K e Mgno período de 22 a 27 DAT e para o Cade 17 a 22 DAT. A ordem decrescentedos macronutrientes extraídos em todasas cultivares foi: K, N, P, Mg e Ca. Ape-sar de absorverem quantidades relativa-mente pequenas de nutrientes, quandocomparadas com outras culturas, devidoao seu ciclo curto (50 a 70 dias, em fun-ção de cultivares, épocas e locais de cul-

tivo), a alface pode ser considerada comoexigente em nutrientes, principalmentena fase final do ciclo (Katayama, 1993).

O potássio foi o nutriente acumula-do em maior quantidade pelas cultiva-res de alface, semelhantemente, ao ob-servado em outros trabalhos (Fernandeset al.,1981; Garcia et al., 1982; Lopeset al., 2003). Os acúmulos máximos fo-ram respectivamente de 0,45; 0,35 e0,33 g planta-1, para as cultivares Babáde Verão, Tainá e Verônica, com a maiordemanda ocorrida no período de 22 a27 DAT (Figura 1). Nesse período, o

acúmulo de potássio correspondeu res-pectivamente, na mesma ordem das cul-tivares anteriormente citadas, a 51,1;45,7 e 51,5% do total acumulado pelasmesmas até o final do ciclo.

O potássio, embora não faça partede nenhum composto orgânico, desem-penha importantes funções na plantacomo nas propriedades osmóticas, aber-tura e fechamento dos estômatos,fotossíntese, ativação enzimática, sínte-se de proteínas e transporte decarboidratos entre outros (Marschner,1995). A aplicação de potássio na for-ma de cloreto, na dose de 113,8 kg ha-1

em alface americana (cv. Lorca), pro-porcionou uma maior produção total ecomercial (Mota et al., 2001).

As cultivares Babá de Verão,Verônica e Tainá acumularam respecti-vamente, 0,30; 0,24 e 0,20 g planta-1 deN. A maior demanda ocorreu de 22 a 27DAT, na época de maior acúmulo demassa seca na planta (Figura 1).

As quantidades de N acumuladasforam pequenas nos estádios iniciais,com incrementos médios de 0,002;0,005 e 0,005 g planta dia-1 no períodode 5 a 12 DAT para as cultivares Babáde Verão, Tainá e Verônica respectiva-mente. Na fase de maior acúmulo (22 a27 DAT), a taxa de incremento foi de0,03; 0,02 e 0,02 g planta dia-1, na mes-ma ordem das cultivares acima citadas(Figura 1). Assim como observado paramatéria seca, a cultivar Babá de Verãotambém acumulou maior quantidade denitrogênio.

Tendo em vista a cultura da alfaceser composta basicamente de folhas, amesma responde bem ao fornecimentode nitrogênio, nutriente que requer ummanejo especial quanto à adubação, porser de fácil lixiviação e pelo fato da cul-tura absorver maior quantidade na fasefinal do ciclo. A sua deficiência retarda ocrescimento da planta, induz a má for-mação da cabeça e o amarelecimento dasfolhas mais velhas (Goto et al., 2001).

O fósforo, diferentemente do obser-vado por Lopes et al. (2003) foi depoisdo K e N o nutriente de maior acúmulonas três cultivares de alface. As cultiva-res Babá de Verão, Verônica e Tainá acu-mularam respectivamente, 0,17; 0,11 e0,11 g planta-1 de fósforo, com maiordemanda no período de 22 a 27 DAT

LC Grangeiro et al.

Figura 1. Acúmulo de matéria seca e de N, P, K, Ca e Mg na parte aérea das cultivares dealface, Babá de Verão (Y1), Tainá (Y2) e Verônica (Y3), aos 12, 17, 22 e 27 DAT. Mossoró-RN, UFERSA, 2005.

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193Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

(Figura 1). De uma forma geral, as quan-tidades de fósforo exigidas pelas cultu-ras são baixas, principalmente quandocomparadas com o nitrogênio e potás-sio. Além de afetar o desenvolvimentoda planta, o fósforo pode interferir noequilíbrio nutricional da cultura. A de-ficiência de fósforo em alface provocaatraso no crescimento das plantas e máformação da cabeça (Katayama, 1993).Em plantas muito novas, a deficiênciadesse nutriente pode provocar a morte(Weir & Cresswell, 1993). Em alfaceamericana (cv. Legacy), a utilização defertilizantes fosfatados aumentou a pro-dução, sendo o superfosfato simplessuperior ao termofosfato magnesiano, nadose de 617 kg ha-1 de P

2O

5 (Mota et

al., 2003).O acúmulo de magnésio foi crescen-

te em todas as cultivares de alface, atin-gindo o máximo aos 27 DAT. Osacúmulos máximos foram respectiva-mente de 0,14; 0,10 e 0,11 g planta-1,para as cultivares Babá de Verão, Taináe Verônica, com a maior demanda ocor-rida no período de 22 a 27 DAT (Figura1). Nesse período, o acúmulo demagnésio correspondeu respectivamen-te, na mesma ordem das cultivares an-teriormente citadas, a 58, 52 e 58% dototal acumulado pelas mesmas até o fi-nal do ciclo.

As cultivares de alface Tainá, Babáde Verão e Verônica acumularam ao fi-nal do ciclo respectivamente 0,063;0,054 e 0,046 g planta-1 de cálcio, commaior demanda ocorrida no período de17 a 22 DAT. Na etapa final do ciclo, acultivar Verônica, mostrou diferente-mente, das demais cultivares, uma esta-bilização no acúmulo de cálcio (Figura1). O cálcio foi o nutriente de menoracúmulo, discordando dos resultadosobtidos por Lopes et al. (2003) quandoavaliaram diversas cultivares em culti-vo hidropônico.

A principal função do cálcio na plan-ta é manter a integridade da parede ce-lular e o seu fornecimento inadequadoé caracterizado pelo surgimento denecrose, principalmente nas extremida-des das folhas em desenvolvimento. Nacultura da alface a deficiência de cálcioconstitui-se em um dos principais pro-blemas, pois é responsável pelo distúr-bio fisiológico “queima dos bordos”

(Collier & Tibbitts, 1982). Mesmo quan-do este nutriente encontra-se em níveisadequados no solo ou solução nutritivao problema pode aparecer.

Na planta, o cálcio move-se com aágua, sendo sua translocação e seu teornos tecidos sujeitos à taxa de transpiração.Uma vez depositado, não apresentaredistribuição para outras partes da plan-ta, sendo acumulado principalmente emtecidos com transpiração mais intensa.Nos órgãos que apresentam dificuldadepara transpirar, como as folhas novas einternas da alface, o transporte do cálcio édependente das condições ambientais quefavoreçam o desenvolvimento da pressãoradicular. Fatores que inibem o desenvol-vimento da pressão radicular como seca,vento e alta salinidade promovem apare-cimento de “queima dos bordos” (Collier& Tibbitts, 1983).

Condições que favoreçam o rápidocrescimento também aumentam a inci-dência. Desta forma, “queima dos bor-dos” desenvolve-se rapidamente emplantas expostas à alta intensidade lu-minosa e fotoperíodos mais longos(Gaudreau et al., 1994), alta temperatu-ra do ar e níveis elevados de adubaçãonitrogenada (Brumm & Schenk, 1993).

A utilização de curvas de acúmulode nutrientes como um parâmetro paraa recomendação de adubação, é uma boaindicação da necessidade de nutrientesem cada etapa do desenvolvimento daplanta, indicando as quantidades de nu-trientes absorvidas para se atingir certaprodutividade, auxiliando assim no es-tabelecimento de um programa de ferti-lização para a cultura, facilitando prin-cipalmente o fracionamento das aduba-ções. Entretanto, as mesmas não devemser utilizadas isoladamente, pois outrosfatores estão envolvidos e devem serlevados em consideração como: tipo desolo, condições climáticas, cultivares,manejo cultural e fertilizantes utilizados.

Considerando uma população de250.0000 plantas ha-1 e as condições deelevada temperatura e luminosidade emque foram cultivadas as cultivares dealface, para as produtividades apresen-tadas pelas mesmas, a extração de nu-trientes em kg ha-1 foi: Babá de verão:75 kg ha-1 de N; 42,5 kg ha-1 de P; 112,5kg ha-1 de K; 13,5 kg ha-1 de Ca e 35 kgha-1 de Mg; Tainá: 50 kg ha-1 de N; 27,5

kg ha-1 de P; 87,5 kg ha-1 de K; 15,7 kgha-1 de Ca e 25 kg ha-1 de Mg; Verônica:60 kg ha-1 de N; 27,5 kg ha-1 de P; 82,5kg ha-1 de K; 11,5 kg ha-1 de Ca e 27,5kg ha-1 de Mg.

Portanto, no programa de adubaçãorealizado para a cultura da alface na re-gião, considerando os níveis de produ-tividade obtidos e as referidas cultiva-res, as quantidades de N, P, K, Ca e Mgrecomendadas não deverão ser menoresaos extraídos pelas plantas no presentetrabalho. Comparando esses valorescom aqueles recomendados porCavalcanti (1998), verifica-se que hánecessidade de ajustes, pois os valoresde N e K recomendados foram próxi-mos dos extraídos pela cultura. As cur-vas de absorção refletem o que a plantanecessita, e não o que deve ser aplica-do, assim deve-se considerar também aeficiência de aproveitamento dos nu-trientes.

Conforme foi apresentado, as culti-vares de alface tiveram um crescimentoinicial lento, com pequeno acúmulo denutrientes nos primeiros 12 dias, corro-borando com as recomendações de adu-bação realizadas na região, onde reco-mendam que se faça a adubação de co-bertura após 15 dias do transplantio. Aordem decrescente dos macronutrientesextraídos em todas as cultivares foi: K,N, P, Mg e Ca.

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Estudos de plantas medicinais vol-tam-se, preferencialmente, para o

conhecimento de espécies que produ-zem fitofármacos desejados, ignorando-se os processos genéticos e ambientaisque influenciam a produção desses com-postos químicos.

A melissa (Melissa officinalis L. –Lamiaceae) é originária da Europa e daÁsia. É uma Herbácea de 0,20 a 0,80 mde altura, que prefere solos férteis e comalto teor de matéria orgânica (Martinset al., 1998). O óleo essencial das fo-lhas é amplamente utilizado pela indús-tria farmacêutica por possuir proprieda-des antioxidativa, antimicótica,antivirótica e sedativa (Teske &Trenttini, 1997).

O gênero Mentha (Lamiaceae),comumente conhecido como hortelãs,destaca-se pelo uso culinário e de cháscom efeito medicinal, sendo conhecidopelo seu sabor característico e aromarefrescante. A espécie Mentha piperitaL., conhecida como hortelã-pimenta, éprodutora de óleo essencial rico emmentol e flavonóides, cujas aplicaçõesnas indústrias farmacêuticas conferem-

BLANK AF; OLIVEIRA AS; ARRIGONI-BLANK MF; FAQUIN V. 2006. Efeitos da adubação química e da calagem na nutrição de melissa e hortelã-pimenta. Horticultura Brasileira 24: 195-198.

Efeitos da adubação química e da calagem na nutrição de melissa e hor-telã-pimentaArie F Blank1; Andréa dos S Oliveira1; Maria de Fátima Arrigoni-Blank1; Valdemar Faquin2

1UFS, Av. Marechal Rondon s/n, B. Rosa Elze, 49100-000 São Cristóvão-SE; 2UFLA, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; E-mail:[email protected]

lhe grande importância econômica(Martins et al., 1998).

A maioria dos solos brasileiros sãoácidos, o que pode causar dificuldadespara a produção vegetal. Além da altasaturação de alumínio, que pode apre-sentar efeitos tóxicos para as plantas, ossolos ácidos normalmente contêm bai-xo teor de cálcio e de magnésiotrocáveis, cátions de grande importân-cia para o desenvolvimento radicular.Uma das alternativas para minimizaresse problema é a correção da acidezatravés da prática da calagem (Goedertet al., 1991).

Na literatura há poucas informaçõessobre a fertilização química e exigên-cias nutricionais de plantas medicinais,principalmente no Brasil. De maneirageral, os adubos químicos em poucoscasos são prejudiciais aos teores de prin-cípios ativos das plantas, quando usa-dos dentro dos limites técnicos. Os au-mentos de biomassa podem compensaruma redução do teor de fitofármacos,mas dependem da análise econômica,que deve ser feita em cada situação(Correa Júnior. et al., 1991).

A adubação química em guaco(Mikanea glomerata), foi benéfica quan-do na aplicação de nitrogênio mineral(60 g de sulfato de amônio por planta),resultou no aumento da produção defitomassa em torno de seis vezes emrelação à testemunha (Pereira et al.,1996). Em outro trabalho de fertiliza-ção em plantas medicinais, sobre o efei-to de doses de NPK durante a fase deformação de mudas de jaborandi(Pilocarpus microphyllus Starf.), e uti-lizando-se como substrato uma misturade terra preta, serragem curtida e ester-co de curral, na proporção de 3:1:1, con-cluiu se que as melhores produções dematéria seca foram conseguidas com asaplicações de 180 e 120 mg de nitrogê-nio e fósforo por quilograma desubstrato, respectivamente (Brasil,1996).

Para Atropa belladona a fertilizaçãocom 100; 35 e 120 kg/ha de N; P e K,respectivamente, resultou no aumentode 750 kg/ha para 1700 kg/ha de folhassecas e que não houve diferença signi-ficativa entre os teores de atropina, o queindica que a adubação química é vanta-

RESUMO

O trabalho objetivou avaliar os efeitos da adubação química eda calagem no crescimento e na nutrição da melissa (Melissaofficinalis) e hortelã-pimenta (Mentha piperita), com a técnica dadiagnose por subtração. Os tratamentos foram: Completo (adubadocom N, P, K, S, B, Cu, Fe e Zn+ calagem); Completo calagem;Completo N; Completo P; Completo K; Completo S; CompletoB; Completo Zn; Completo Fe e Testemunha (solo natural). Após120 dias da semeadura a calagem e a adubação mostraram ser es-senciais para o crescimento de melissa e hortelã-pimenta. No soloutilizado, a falta da calagem e dos nutrientes N e P causaram asmaiores quedas ou ausência, no caso da falta de calagem em melissa,na produção de folhas, órgão usado na medicina popular e que con-tém os princípios ativos.

Palavras-chave: Melissa officinalis, Mentha piperita, nutrição mi-neral, elemento faltante.

ABSTRACT

Effect of chemical fertilization and liming on lemon balmand peppermint nutrition

This work aimed to evaluate the effects of chemical fertilizationand liming on growth and nutrition of lemon balm (Melissa officinalis)and peppermint (Mentha piperita), using the missing elementtechnique. Treatments were: complete (fertilized with N, P, K, S, B,Cu, Fe and Zn+ liming); complete - liming; complete -N; complete -P; complete -K; complete -S; complete -B; complete -Zn; complete -Fe and control (natural soil). The following results were obtained within120 days after sowing: liming and fertilization are essential for lemonbalm and peppermint growth. In the soil used in this experiment thenutrients which showed highest results on growth and nutrition oflemon balm and peppermint were N and P, besides liming.

Keywords: Melissa officinalis, Mentha piperita, mineral nutrition,missing element.

(Recebido para publicação em 17 de novembro de 2005 ; aceito em 31 de maio de 2006)

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196 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

josa para esta espécie (Montanari Júnioret al., 1993).

Arrigoni-Blank et al. (1999) concluí-ram que após 120 dias do transplantio,no cultivo da erva baleeira (Cordiaverbenacea L.-Boraginaceae) em solosácidos e de baixa fertilidade, a calageme a adubação foram essenciais para ocrescimento da plantas. Alem da práti-ca da calagem, a adubação com N, K eB apresentou as maiores respostas quan-to ao crescimento e à nutrição da espé-cie (Arrigoni-Blank et al., 1999).

Na busca de um sistema de produ-ção economicamente viável, deve seimplantar um programa de nutrição nacultura. No caso das espécies melissa(Melissa officinalis L.) e hortelã-pimen-ta (Mentha piperita L.), são escassos ostrabalhos sobre suas exigênciasnutricionais e sobre os teores dos nu-trientes na parte aérea. Assim, objetivouse no presente trabalho, avaliar os efei-tos da adubação química e da calagemno crescimento e na nutrição de melissae hortelã-pimenta.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido em casa devegetação na Estação Experimental“Campus Rural da UFS” do Departa-mento de Engenharia Agronômica(DEA) da Universidade Federal deSergipe (UFS), em vasos com 5,5 dm3.Foi utilizada amostra de solo de baixafertilidade, retirada da camadasubsuperficial (20-40 cm) de umArgissolo Vermelho-Amarelo(Embrapa, 1999), coletado no municí-pio de São Cristóvão (SE), com as se-guintes características químicas: pH emágua 4,6; P - 0,7 mg/dm3, K - 0,12cmol

c/dm3 (Mehlich 1); Ca+Mg - 0,77

cmolc/dm3, Al - 0,90 cmol

c/dm3 (KCl 1

mol/l) (EMBRAPA, 1979), S SO4

2

0,76 cmolc/dm3 (Tedesco et al., 1985),

Zn - 0,97, Cu 0,66, Fe 82,9, Mn 2,76mg/dm3 (DTPA) e B (água quente) 0,10mg/dm3 (Jackson, 1970).

O delineamento experimental foi ode blocos ao acaso, com 10 tratamentos

baseados na técnica do elemento faltantee oito repetições. Os tratamentos foram:(adubado com N, P, K, S, B, Cu, Fe eZn+ calagem); calagem ( Cal); N ( N);P ( P); K ( K); S ( S); B ( B); Zn ( Zn);Completo Fe ( Fe) e (solo natural). Parao cálculo da necessidade de calagem,empregou se o método da saturação porbases, para elevar V a 70%, usando seCaCO

3 e MgCO

3 p.a., na proporção

equivalente Ca:Mg de 4:1 (Raij et al.,1996; Comissão..., 1999). Após acalagem, o solo foi mantido em incuba-ção por 30 dias, com umidade de 70%do volume total de poros (VTP). Quan-do pertinente ao tratamento, foi aplica-da a seguinte adubação básica de plan-tio: 67 mg/dm3 de N; 150 mg/dm3 de P;97,5 mg/dm3 de K; 40 mg/dm3 de S; 0,5mg/dm3 de B; 1,5 mg/dm3 de Cu; 5,0mg/dm3 de Zn e 5,0 mg/dm3 de Fe desolo (Arrigoni-Blank et al., 1999). Asfontes dos nutrientes foram reagentesp.a. (NH

4NO

3, NH

4H

2PO

4, K

2SO

4,

KH2PO

4, Ca(H

2PO

4)

2.H

2O,

CaSO4.2H

2O, MgSO

4.7H

2O, H

3BO

3,

CuCl2, ZnCl

2, Fe EDTA).

Duas adubações de cobertura foramrealizadas. A primeira, aos 40 dias apósplantio (DAP), aplicaram se 15 mg/dm3

de N, exceto nos tratamentos N e solonatural. A segunda, aos 70 DAP, cons-tou da aplicação de: 20 mg de N, 32,8mg de Mg, 114 mg de Ca, 32 mg de Spor dm3 de solo, exceto na testemunhae nos tratamentos onde foram omitidos.

Utilizou-se sementes comerciais demelissa e hortelã-pimenta. Foi realiza-da semeadura direta para as duas espé-cies, deixando apenas uma muda porvaso, sendo a umidade do solo mantidana capacidade de campo. As plantas fo-ram colhidas aos 120 dias após a semea-dura, separando se em folhas, caules eraízes, secas em estufa a 70oC. Os teo-res dos macro e micronutrientes na ma-téria seca das folhas foram analisadosquimicamente: N, pelo método deKjeldahl; P, K, Ca, S, Fe e Zn, por di-gestão nitricoperclórica com determina-ção no extrato feita como segue: Pcolorimetria; K fotometria de chama;S turbidimetria; Ca, Fe e Znespectrofotometria de absorção atômi-ca; e B, por incineração e determinaçãocolorimétrica pelo método da curcumina(Malavolta et al., 1989).

Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si (Tukey 5%).1PR(%)= [MS (Trat.)/MS (completo)] x 100.

Tabela 1. Altura de planta, peso da matéria seca de raiz, caule, folha, parte aérea e produçãorelativa da parte aérea de melissa (M. officinalis) e hortelã-pimenta (M. piperita). São Cris-tóvão-SE, UFS, 2004.

AF Blank et al.

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197Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Foram realizadas análises devariância da matéria seca de cada partedas plantas e do total da parte aérea, dasraízes, altura de planta, teores dos macroe micronutrientes, e as médias compa-radas pelo teste de Tukey, de acordo comGomes (1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Altura e peso de matéria secaAnalisando as variáveis altura de

planta de Melissa officinalis, observou-se que, estatisticamente, houve diferen-ças significativas entre os tratamentosempregados (Tabela 1). Os tratamentosCompleto e com omissão de K, S, Zn eFe diferiram dos tratamentos com omis-são de N e P e a Testemunha, tendo es-tes apresentando redução na altura deplanta. Em trabalho realizado porRodrigues et al. (2003) com manjericão(Ocimum sp.), testando diferentes con-centrações de P e Mg, foi observado que,na medida em que era reduzida a con-centração do P, as plantas apresentavamsintomas visuais de deficiência, comofolhas velhas mais escuras e sem bri-lho, seguidos por bronzeamento e que-da das folhas. No presente estudo, quan-do foi omitida a calagem em melissa nãohouve sobrevivência da planta, permi-tindo inferir que a ausência de calagemé fator limitante para esta cultura.

A omissão de K, S, B, Zn, Fe e otratamento completo proporcionaram asmaiores médias de altura de planta eprodução relativa, sendo que o tratamen-to com omissão de Fe apresentou osmaiores valores em peso de matéria secade raiz, caule, folha e parte aérea, nãodiferindo estatisticamente com -Zn paraessas variáveis a exceção de peso dematéria seca de folha (Tabela 1). Issopermite inferir que esses elementos, nocultivo da melissa, não são limitantesno solo testado.

Na espécie Mentha piperita, para avariável altura de planta, o tratamentoCompleto e os com omissão de K, S, B,Zn e Fe diferiram estatisticamente dostratamentos com omissão de N, P e atestemunha. A omissão de P promoveuuma redução na altura de planta e nopeso de matéria seca, reduzindo, conse-qüentemente, a produção relativa.Rodrigues et al. (2004), realizando ex-

perimento com Mentha piperita L., tes-tando diferentes concentrações de P,mostraram que, na medida em que seaumentou a concentração de P, houve umaumento significativo no peso da maté-ria seca. Comportamento semelhante foiverificado com a omissão de N.

Quanto à altura de planta, os trata-mentos Completo e com omissão de S;B; Zn; Fe e K proporcionaram as maio-res médias, não diferindo estatistica-mente. Na variável matéria seca da raiz,os tratamentos que omitiram os nutrien-tes N; P; S e Testemunha, apresentaramas menores médias. Em relação à parteaérea, tratamentos que omitiram N e Pe Testemunha apresentaram as menoresmédias.

No tratamento com omissão de Phouve uma drástica redução na altura daplanta. Isto se deve ao fato de que o fós-foro é um elemento que está diretamen-te ligado ao crescimento da planta, poisparticipa diretamente da construção dasmoléculas de DNA e RNA, responsá-veis pela formação e diferenciação ce-lular (Malavolta et al.,1989).

Na omissão de nitrogênio, o com-portamento é semelhante ao tratamentocom omissão de P. Como o N apresentafunções vitais nas plantas, como com-ponente estrutural de macromoléculase constituinte de enzimas, sua omissãoresultou na redução da altura e do cres-cimento da planta.

Teores dos nutrientes na matéria secaNa Tabela 2 apresenta-se os teores

dos nutrientes nas folhas da melissa ehortelã-pimenta, nos tratamentos nosquais foram omitidos ( M), comparati-vamente aos valores obtidos no trata-mento completo (Compl.).

Para os tratamentos com a omissãode N, P e Calagem para melissa e de Ppara hortelã-pimenta o material produ-zido foi insuficiente, ou inexistente nocaso do tratamento com a omissão decalagem em melissa, para a análise dosnutrientes (Tabela 2).

Observa-se que, de maneira geral,houve uma tendência de os teores dosnutrientes serem maiores no tratamentocompleto (Compl.), em relação àquelesonde foram omitidos ( M), porém, nemsempre significativamente.

A omissão de Zn foi aquela que maisinfluenciou a produção relativa (PR) dasfolhas de melissa, indicando que o teorse encontrava em níveis abaixo do ade-quado. Ressalta se que foram observa-dos sintomas visuais típicos de deficiên-cia desse nutriente no tratamento no qualfoi omitido ( M). Os tratamentos K, S,B e Fe não apresentaram diferença sig-nificativa em relação ao tratamentoCompleto quanto ao teor de K, S, B eFe, respectivamente, nas folhas demelissa.

A omissão de N e Fe foram que maisinfluenciaram na produção relativa (PR)

Efeitos da adubação química e da calagem na nutrição de melissa e hortelã-pimenta

Médias seguidas pela mesma letra nas linhas, para cada espécie, não diferem entre si (Tukey 5%).1/PR(%)= [MS ( M) / MS (Compl.)] x 100.2/Não houve produção de folhas suficientes para realização da análise.

Tabela 2. Teores de macro e micronutrientes nas folhas no tratamento completo (Compl.) enos respectivos tratamentos de omissão ( M), e produção relativa (PR) de matéria seca defolhas do tratamento de omissão em comparação ao completo, de melissa (M. officinalis) ehortelã-pimenta (M. piperita). São Cristóvão-SE, UFS, 2004.

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198 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

das folhas de hortelã-pimenta, indican-do que os teores se encontravam em ní-veis abaixo do adequado. Ressalta se queforam observados sintomas visuais típi-cos de deficiência desses nutrientes notratamento no qual foi omitido. Os trata-mentos com omissào de K, Ca, Mg, S,B e Zn não diferiram significativamentedo tratamento Completo quanto aos seusteores nas folhas de hortelã-pimenta.

Conclui se que, com as observaçõesfeitas aos 120 dias da semeadura, nocultivo de melissa e hortelã-pimenta emsolos ácidos e de baixa fertilidade, acalagem e a adubação são essenciaispara seu crescimento. No solo utiliza-do, a falta da calagem e dos nutrientesN e P causaram as maiores quedas naprodução de folhas, órgão usado namedicina popular e que contém os prin-cípios ativos. A omissão de calagem emmelissa não permitiu o crescimento dasplantas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao ETENE/FUNDECI/BNB pelo financiamento dapesquisa e CNPq pelas bolsas de produ-tividade do primeiro e último autor e deiniciação científica do segundo autor.

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AF Blank et al.

Page 71: hb_24_2

199Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

A beterraba de mesa ou hortícola(Beta vulgaris L. var. crassa) des-

taca-se, dentre as hortaliças, por suacomposição nutricional, sobretudo emaçúcares, e pelas formas de consumo daraiz tuberosa, além das folhas. A “raiztuberosa”, principal órgão armazenadorde reservas, consiste do entumescimentodo eixo hipocótilo-raiz e de porção su-perior limitada da raiz pivotante, e temseu crescimento e composição influen-ciados pela adubação nitrogenada(Allison et al., 1996; Ugrinovic, 1999;Shock et al., 2000; Trani et al., 2005).

Além de constituinte de várias mo-léculas orgânicas, tais como proteínas,ácidos nucléicos e clorofilas, o nitrogê-nio exerce grande efeito no crescimen-to das plantas e na qualidade dos produ-tos vegetais (Marschner, 1995). Em be-terraba açucareira, o N tem importante

AQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA FHF; LADEIRA IR; CASTRO MRS. 2006. Produtividade, qualidade e estado nutricional dabeterraba de mesa em função de doses de nitrogênio. Horticultura Brasileira 24: 199-203.

Produtividade, qualidade e estado nutricional da beterraba de mesa emfunção de doses de nitrogênioLeonardo A de Aquino; Mário Puiatti; Paulo RG Pereira; Francisco HF Pereira; Igor R Ladeira;Mariana RS CastroUFV, Depto Fitotecnia 36570-000 Viçosa-MG; E-mail: [email protected]

efeito, tanto na produtividade quanto naqualidade das raizes, principalmente nosteores de açúcares e de NO-

3 (Allison et

al., 1996; Ugrinovic, 1999; Shock et al.,2000; Hoffmann & Märländer, 2005).

O nitrogênio contribui para o aumen-to da produtividade das culturas por pro-mover a expansão foliar e o acúmulo demassa. Todavia, energicamente, os pro-cessos fisiológicos na planta, que se es-tendem desde a absorção até a comple-ta assimilação do N em moléculas or-gânicas, são muito dispendiosos, razãopela qual doses elevadas de fertilizan-tes nitrogenados podem reduzir a pro-dutividade (Marschner, 1995).

Correlação positiva entre massa fres-ca da parte aérea e produtividade temsido constatada em tuberosas, entretan-to essa afirmativa é verdadeira apenasdentro de certos limites, pois nem sem-

pre crescimento de parte aérea é sinôni-mo de aumento em produtividade (Gui-marães et al., 2002). Aumento da áreafoliar é benéfico para a produção até queo índice de área foliar atinja a máximaeficiência entre a interceptação da luz econversão em reservas para crescimen-to; acima desse patamar, o efeito doauto-sombreamento torna-se expressi-vo, e a eficiência fotossintética das fo-lhas inferiores do dossel torna-se baixa(Larcher, 2004).

O teor de N correlaciona-se positi-vamente com o teor protéico (Winzer etal., 1996; Shock et al., 2000; Sextom &Carrol, 2002). Em beterraba açucareira,incrementos na dose de N, dentro decertos limites, têm proporcionado au-mentos na produção e nos teores de N.Por outro lado, doses elevadas de N pro-moveram redução na concentração de

RESUMOO N é fundamental para a produtividade e a qualidade das horta-

liças, todavia há carência de informações sobre seu uso em beterra-ba de mesa. Neste trabalho objetivou-se avaliar a produtividade, aqualidade e o estado nutricional nitrogenado da beterraba em fun-ção do N aplicado. Foram utilizadas quatro doses de N (0; 100; 200e 400 kg ha-1de N), no delineamento blocos casualizados, com qua-tro repetições. Aos 28 dias após o transplante (dat), avaliou-se oestado nutricional nitrogenado por meio do teor de N-NO-

3 nas fo-

lhas e clorofilômetro (SPAD). Na colheita (56 dat), foram avalia-dos: área foliar, produção de massas fresca (MF) e seca (MS) e teo-res de N-NO-

3 e N-total nas folhas e raizes tuberosas e de sólidos

solúveis totais nas raizes tuberosas. Com o incremento das doses deN, observaram-se aumentos para todas as características avaliadas.Aos 28 dias após o transplantio, o teor de N-NO-

3 e unidades SPAD,

correspondentes a 95% da produção máxima foram, respectivamen-te, de 2.575 mg kg-1 de MS e 44,7 unidades SPAD. Considerando-seapenas os aspectos quantitativo e econômico da produtividade deraizes, a dose de máxima eficiência econômica é de 343 kg ha-1 deN; todavia, ao serem considerados os aspectos quantitativo e quali-tativo, a dose recomendada é de 193 kg ha-1 de N.

Palavras-chave: Beta vulgaris, adubação, clorofilômetro, nitrato, °Brix.

ABSTRACTYield, quality and nutritional status of table beet affected by

nitrogen rates

Nitrogen is a fundamental element for the yield and quality ofvegetables, but there is little information about its application to tablebeet crop. This work aimed to evaluate the yield, quality andnutritional status of N of the table beet as affected by the rate of N.Four rates of nitrogen were applied (0; 100; 200 and 400 kg ha-1 N)in a randomized block design with four replicates. 28 days after thetransplant (dat), the nutritional N status was evaluated through theleaves content of NO-

3-N and chlorophyll by the SPAD meter. At

harvest (56 dat), the traits evaluated were: leaf area, yield of fresh(FW) and dry weight (DW) of storage roots and leaves contents ofNO-

3-N and total-N at the leaves, and storage roots and °Brix in the

storage roots. With the increase of the doses of N, all the selectedcharacteristics were increased. The NO-

3-N and SPAD units at the

28 dat (95% of the maximum yield) were 2,575 mg kg-1 of DW and44.7, respectively. Considering the quantitative and economic aspectsof the yield of storage roots, the rate of 343 kg ha-1 N was the maximumeconomical efficiency rate. If considering the quantitative andqualitative aspects together, the 193 kg ha-1 of N was therecommended rate.

Keywords: Beta vulgaris, fertilization, chlorophyll meters, nitrate, °Brix.

(Recebido para publicação em 26 de janeiro de 2006; aceito em 30 de maio de 2006)

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200 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

açúcares em beterraba açucareira, repo-lho e cenoura, além do acúmulo de N-NO-

3 (Sextom & Carrol, 2002). Em be-

terraba açucareira, o N em excesso podeincrementar compostos nitrogenadossolúveis, os quais são indesejáveis porimpedirem a recuperação do açúcar du-rante o processo de produção existindo,ainda, efeito ambiental e genotípico naconcentração desses compostos(Hoffmann & Märländer, 2005).

Na recomendação da adubaçãonitrogenada para hortaliças é importan-te considerar, além dos aspectos quan-titativos, os aspectos qualitativos da pro-dução, principalmente no tocante ao teorde NO-

3. Quando em grandes quantida-

des no organismo humano, o NO-3 pode

ser convertido em N-nitrosaminas, quesão compostos potencialmentecarcinogênicos, além de poder transfor-mar a hemoglobina do sangue emf e r r i h e m o g l o b i n a(metahemoglobinemia), impedindo otransporte de oxigênio dos alvéolos pul-monares para os tecidos (Rath et al.,1994; Hirondel & Hirondel, 2001).

Em função do efeito marcante do Nsobre a produtividade e qualidade dasculturas, associado a lixiviação no per-fil do solo e seu potencial de contami-nação de reservas de águas (Mack, 1989;Olmedo et al., 1999), bem como do efei-to carcinogênico do NO-

3 no organismo

humano (RATH et al., 1994; Hirondel& Hirondel, 2001), pesquisas visando oestabelecimento de doses adequadas deadubação nitrogenada são de extremaimportância para que a qualidade totalseja alcançada no processo produtivo.Nesse contexto, a análise do estado nu-tricional permite ajustes nas doses de Na serem aplicadas de forma a se obteralta produtividade e qualidade e, aomesmo tempo, minimizar a perda porlixiviação desse elemento no solo e oscustos com fertilizantes nitrogenados(Fontes, 2001).

O estado nutricional nitrogenado éavaliado, tradicionalmente, por meio daanálise foliar em determinado períododa cultura, comparando-se determinadaforma de N presente na planta com pa-drões de referência. Outra forma de ava-liação se dá pelo teor de clorofila nasfolhas (Minotti et al., 1994; Fontes etal., 1997), que pode ser estimado indi-

retamente pela intensidade da cor verde(unidades SPAD) medida emclorofilômetros (Fontes, 2001).

A aplicabilidade do uso dosclorofilômetros para diagnóstico emtempo real do estado nutricionalnitrogenado tem sido demonstrada nasculturas da batata (Minotti et al., 1994),alface (Fontes et al., 1997) e beterrabaaçucareira (Sexton & Carroll, 2002). Noentanto, Sexton & Carroll (2002) obser-varam que as unidades SPAD não re-presentavam adequadamente o estadonutricional nitrogenado da cultura dabeterraba açucareira quando a disponi-bilidade de N era muito alta. Portanto, aeficiência do diagnóstico do estado nu-tricional nitrogenado com osclorofilômetros exige calibração deacordo com a cultura e condiçõesedafoclimáticas de cultivo. Nas condi-ções brasileiras, há carência de traba-lhos correlacionando unidades SPADcom o estado nutricional nitrogenado eprodutividade da beterraba de mesa,bem como do manejo da adubaçãonitrogenada sobre aspectos qualitativosda produção.

Objetivou-se, com esse trabalho, ava-liar o efeito de doses de N sobre a produ-tividade, a qualidade e o estado nutricio-nal nitrogenado da beterraba de mesa,visando gerar subsídios para recomenda-ção de doses de N para a cultura.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido a cam-po, na Universidade Federal de Viçosa,no período de abril a julho de 2003. Uti-lizou-se a beterraba ‘Early Wonder2000’, sendo as mudas transplantadascom 4 a 5 folhas definitivas, aos 39 diasapós a semeadura. As mudas foram pro-duzidas em sementeira, a céu aberto, emleito de terra enriquecida com estercode gado curtido na proporção de 2:1(terra:esterco); o solo da área de cultivoé classificado como Argissolo Verme-lho Amarelo, textura argilosa. Osubstrato do leito de sementeira e o solode cultivo apresentaram nas análisesquímicas, respectivamente, os seguin-tes valores: pH em H

2O (relação 1:2,5)=

6,5 e 6,3; P= 159 e 45 mg dm-3; K= 270e 117 mg dm-3 (P-K: extrator Mehlich1); Ca2+= 60 e 39 mmol

c dm-3; Mg2+= 10

e 8 mmolc dm-3 (Ca e Mg: extrator KCl

1 mol L-1); H+Al= 23 e 23 mmolc dm-3

(extrator acetato de cálcio 0,5 mol L-1 apH 7,0); SB= 77 e 50 mmol

c dm-3; V=

77 e 68%; m= 0 e 0% e M.O= 32 e 19 gkg-1. Na área de cultivo haviam sido rea-lizados, anteriormente à instalação doexperimento, cultivos sucessivos commilho, sem fertilização, objetivando re-duzir, sobretudo, os teores de N do solo.

Os tratamentos constituíram-se dequatro doses de N (0, 100, 200 e 400 kgha-1 de N), distribuídos no delineamentoexperimental de blocos casualizados,com quatro repetições. Utilizou-se can-teiros de 20 cm de altura, com 1 m delargura, contendo quatro fileiras longitu-dinais distanciadas de 20 cm e as plantasdistanciadas, entre si na fileira, de 10 cm.A parcela experimental consistiu de umcanteiro com 2 m comprimento; consi-derando como útil a área compreendidapelas duas fileiras centrais do canteiro,excetuando-se 0,30 m das extremidades.Em parte da parcela (30%) procedeu-secoleta de plantas aos 28 dat para avalia-ção do estado nutricional nitrogenado;sendo que na parte restante (70%), pro-cedeu-se a colheita para avaliação da pro-dutividade aos 56 dat.

O preparo do solo constou de aração,passagem de rotoencanteirador e aber-tura manual dos sulcos de plantio.Exceto para o N, as adubações foramrealizadas com base na análise químicade amostra do solo e recomendaçõespara a cultura no estado de Minas Ge-rais (Ribeiro et al., 1999). Na adubaçãode plantio os nutrientes foram distribuí-dos e incorporados nos sulcos dois diasantes do transplante das mudas, nas se-guintes quantidades: 240 kg ha-1 de P

2O

5;

54 kg ha-1 de K2O e 30% da dose total

de N de cada tratamento; utilizou-se,como fonte, superfosfato simples,cloreto de potássio e uréia, respectiva-mente. Aplicou-se ainda, no plantio, oequivalente a 15 kg ha-1 de sulfato dezinco, 10 kg ha-1 de bórax, 10 kg ha-1 desulfato de cobre e 0,5 kg ha-1 demolibdato de amônio. Aos 20 e 31 dat,foram realizadas adubações de coberturacom N e K sendo aplicadas, em cadauma, 35% das doses totais de N e 63 kgha-1 de K

2O.

Durante a condução do experimen-to realizou-se uma capina manual aos

LA Aquino et al.

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201Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

25 dat e uma pulverização à base deoxicloreto de cobre para controle damancha de cercóspora (Cercosporabeticola). As irrigações foram realiza-das por aspersão convencional, e as lâ-minas aplicadas de acordo com reco-mendação para a cultura, conforme Oli-veira & Tagliaferre (2005).

Aos 28 dat foi estimado o teor declorofila, utilizando-se clorofilômetroportátil (SPAD 502, Minolta), proceden-do-se a leitura na segunda folha com-pletamente expandida, do ápice para abase, em seis plantas da parcela. A se-guir, essas plantas foram coletadas, en-tre 15 h e 17 h e a parte aérea, após la-vada e enxuta, foi seca em estufa comventilação forçada de ar a 65°C, até quese alcançasse massa constante. Após tri-turadas, porções de 0,1 g de massa seca(MS) foram utilizadas para determina-ção do teor de N-NO-

3 para diagnose do

estado nutricional nitrogenado, confor-me Cataldo et al. (1975).

Aos 56 dat procedeu-se a colheitapara avaliação da produtividade. Parteaérea (folhas) e “raiz tuberosa” de to-das as plantas na parte restante da par-cela útil foram pesadas para obtençãoda massa fresca (MF). Parte aérea e rai-zes tuberosas de seis plantas de cadaparcela, foram lavadas e colocadas parasecar (como aos 28 dat), para determi-nação da MS e dos teores na MS de N-NO-

3 (Cataldo et al., 1975) e de N-total

(Bremer, 1965). Em outras seis plantasavaliou-se a área foliar e o teor de sóli-dos solúveis totais (°Brix) na raiztuberosa. A área foliar foi obtida emintegrador de área foliar (Licor AreaMeter 3100), e o teor de sólidos solú-veis em refratômetro portátil (Minolta),utilizando suco extraído pela compres-são de uma fatia de cerca de 3 mm deespessura retirada na porção equatorialda raiz tuberosa.

Os dados obtidos foram submetidosà análise de variância e, quando estaacusou diferenças significativas(P<0,05), foram submetidos à regressãoutilizando-se o programa estatísticoSAEG (Ribeiro júnior, 2001). As dosesde máxima eficiência econômica, paraa produtividade de massa fresca de fo-lhas e de raizes tuberosas, foram deter-minadas de acordo com a cotação doproduto na CEASA-MG à época da co-

lheita e o custo do fertilizantenitrogenado praticado em lojas de pro-dutos agropecuários à época do plantio(Fontes, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O aumento da dose de N promoveuincrementos, até certo ponto, em todas ascaracterísticas avaliadas (Figuras 1 e 2).As produtividades máximas estimadasde massa fresca de raizes tuberosas(MFR) e de folhas (MFF) foram de 3,30e 7,63 kg m-², obtidas com as doses de384 e 338 kg ha-¹ de N, respectivamen-te (Figura 1A); as doses de máxima efi-ciência econômica (DMEE) para MFR

e de MFF foram 343 e 331 kg ha-¹ de N,respectivamente. Os máximos estima-dos para produtividade de massa secade raiz tuberosa (MSR) de 11,49 g plan-ta-1, e de folhas (MSF) de 11,83 g plan-ta-1 foram obtidos com as doses de 361e 326 kg ha-1 de N, respectivamente (Fi-gura 1B). As produtividades de MF ede MS de raiz e de folha apresentaramincrementos decrescentes nas dosesmais elevadas de N, comportamentotambém observado em beterrabaaçucareira por Allison et al. (1996) eShock et al. (2000), e por Trani et al.(2005) em raiz tuberosa de beterraba demesa. Todavia, Trani et al. (2005) en-contraram incrementos lineares na pro-

Figura 1. Produção de massas fresca (A) e seca (B) de raizes e folhas, área foliar (C), teoresde N-NO-

3 (D) e N-total (E) nas raizes tuberosas e folhas, e de °Brix (F) na raíz tuberosa da

beterraba ‘Early Wonder 2000’, na colheita, aos 56 dias após transplante, em função dedoses de N. Viçosa, UFV, 2003.

Produtividade, qualidade e estado nutricional da beterraba de mesa em função de doses de nitrogênio

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202 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

dução de parte aérea de beterraba demesa com aumentos nas doses de sulfa-to de amônio até a dose de 200 kg ha-1

de N.Contrastando com as características

anteriores, a área foliar (AF) apresen-tou resposta linear ao incremento dadose de N aplicada (Figura 1C),semelhantemente ao observado porTrani et al. (2005) para produtividadede massa de folha. Visto que a produti-vidade de MSF apresentou ponto demáxima produtividade dentro do limitedas doses de N estudadas (Figura 1B),pode-se inferir que doses elevadas de Nestimularam mais o crescimento dasfolhas em expansão, promovendo au-mento da área foliar específica (AF/MSF), em detrimento do crescimento daraiz tuberosa. Esses resultados eviden-ciam que, até certo limite, incrementosna disponibilidade de N às plantas debeterraba de mesa promovem aumentoda AF resultando, em contra partida, emaumento da produtividade de raiztuberosa, confirmando observações deAllison et al. (1996) e Ugrinovic (1999)em beterraba açucareira e de Cardoso& Hiraki (2001) em rabanete. Entretan-to, após certo limite, incrementos na AFnão são acompanhados de maneira pro-porcional por incrementos de massa daraiz tuberosa, provavelmente devido aoauto-sombreamento decorrente do au-mento excessivo do índice de área foliar(Larcher, 2004).

Nas folhas analisadas aos 28 dat ob-servou-se aumento no teor de N-NO-

3 e

das unidades SPAD, com incremento nadose de N (Figura 2), com teor máximode N-NO-

3 estimado de 3.068 mg kg-1

de MS, obtido com a dose de 336 kg ha-

¹ de N (Figura 2A), enquanto que o teorde N-NO-

3 correspondente as DMEE

para MFR e MFF foi de 3.066 mg kg-1

de MS. No que concerne ao potencialcarcinogênico do NO-

3 em hortaliças, os

valores máximos tolerados para alfacee espinafre na Comunidade Européia ena Polônia variam, respectivamente, de2000-4500 e de 250-2000 mg NO

3- kg-1

de massa fresca (Hirondel & Hirondel,2001).

A leitura máxima estimada doclorofilômetro de 45,4 unidades SPAD,obtida com a dose de 259 kg ha-¹ de N(Figura 2B), indica que o uso doclorofilômetro não é um método eficien-te para proceder o diagnóstico do esta-do nutricional nitrogenado em beterra-ba de mesa visto que, em determinadointervalo, leitura abaixo de 45,4 pode-ria estar representando tanto a faixa ade-quada como a inadequada de N na fo-lha, confirmando observações deSextom & Carroll (2002) em beterrabaaçucareira. Por outro lado, consideran-do a DMEE como sendo àquela que pro-porciona 95% da produtividade propor-cionada pela dose de máxima eficiên-cia fisiológica (Fontes, 2001), o uso doclorofilômetro para diagnóstico do es-tado nutricional nitrogenado torna-semais representativo. Neste caso, aos 28dat, as unidades SPAD correspondenteà dose de 193 kg ha-¹ de N (95% dosede máxima eficiência fisiológica), foi de44,7, correspondendo ao teor estimadode N-NO-

3 de 2.575 mg kg-1 de MS.

Na colheita (56 dat), observou-seaumento nos teores de N-NO-

3 nas fo-

lhas e raizes tuberosas, com o incremen-to da dose de N, sendo esse proporcio-nalmente maior nas raizes tuberosas do

que nas folhas (Figura 1D). Tal compor-tamento evidencia que, na beterraba demesa ‘Early Wonder, 2000’ a reduçãodo NO-

3 ocorre preferencialmente nas

folhas. Outra evidência da limitada as-similação do N nas raizes é verificadaao se comparar os teores de N-total nasfolhas e nas raizes tuberosas (Figura 1E).A redução do NO-

3 é energeticamente

muito dispendiosa e limitada na raiz,razão pela qual, em muitas espécies ve-getais, o nitrato é translocado para aparte aérea, onde é reduzido e incorpo-rado em moléculas orgânicas(Marschner, 1995).

Os teores máximos estimados de N-NO-

3 nas folhas e raizes tuberosas aos

56 dat, foram de 52,82 e 522 mg kg-¹ deMF, respectivamente. Países com legis-lação rígida no que concerne ao poten-cial carcinogênico do NO-

3 em hortali-

ças, como a Polônia, estabelecem limi-tes aceitáveis para alface e espinafre de250-2000 mg NO

3- kg-1 de massa fresca

(Hirondel &Hirondel, 2001).

Nas folhas verificou-se aumento li-near no teor de N-total com o incrementoda dose de N, enquanto que nas raizestuberosas o teor de N-total praticamentenão se alterou a partir de 100 kg ha-1 deN (Figura 1E). Trani et al. (2005) obser-varam aumento linear dos teores de N-total tanto da raiz como na parte aérea.Tal diferença pode ser explicada pelasdiferenças das cultivares utilizadas nostrabalhos e dos fatores edafoclimáticos,que influenciam a resposta da beterrabaao N (Trani et al., 1993).

Os teores máximos estimados de N-total nas raizes e nas folhas foram de2,7 e 5,7 dag kg-1 de MS, respectivamen-te, obtidos com a maior dose de N.Shock et al. (2000) em beterrabaaçucareira e Trani et al. (2005) em be-terraba de mesa também observarammaior teor de N-total nas folhas do quenas raizes, apesar dos teores de N-totalserem menores que os observados nes-te trabalho. Shock et al. (2000) & Traniet al. (2005) obtiveram, respectivamen-te, valores variando de 2,0 a 3,0 e de 2,7a 3,7 dag kg-1 nas folhas e de 0,9 a 1,3 ede 1,8 a 2,7 dag kg-1, nas raizestuberosas. O teor de N obtido nesse tra-balho na parte aérea foi superior àqueleobtido por Trani et al. (2005), enquantoque teor de N na raiz tuberosa não se

Figura 2. Teor de N-NO-3 (A) e unidades SPAD (B) em folhas de beterraba ‘Early Wonder

2000’ aos 28 dias após transplante, em função de doses de N. Viçosa, UFV, 2003.

LA Aquino et al.

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203Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

distanciou muito do valor observado poresses autores.

Considerando o aumento proporcio-nalmente maior do teor de N-total nasfolhas do que nas raizes, doses mais ele-vadas de N, desde que não permitamacúmulo excessivo de N-NO-

3 nas fo-

lhas, poderiam contribuir para aumen-tar o teor protéico nas folhas, porém nãonas raizes. Isso é interessante no casode comercialização da planta toda (mo-lhos) caso em que as folhas também sãoutilizadas na alimentação.

Diferenças no teor de N-total podemser atribuídas a materiais cultivados,visto que Winzer et al. (1996) verifica-ram que, sob fertilização nitrogenada,beterrabas de mesa acumulam mais íonse menos açúcares que as beterrabasaçucareiras. Hoffmann e Märländer(2005) também verificaram diferençasgenotípicas e ambientais em beterrabaaçucareira quanto à concentração decompostos nitrogenados solúveis.

O teor de sólidos solúveis totais(°Brix) nas raizes tuberosas apresentouaumento com o incremento da dose deN até a dose de 193 kg ha-¹ de N, comºBrix máximo estimado de 10,4, haven-do significativa redução a partir dessadose (Figura 1F). O °Brix oferece boaestimativa do conteúdo de açúcares notecido vegetal, que se constitui em im-portante característica qualitativa paraa beterraba. Winzer et al. (1996) tam-bém observaram, dentro de certos limi-tes, aumento no teor de sacarose embeterraba com o aumento da disponibi-lidade de N.

O limite para aumento do conteúdode açúcares pode advir, dentre outros fa-tores, do elevado custo energético pararedução do N-NO-

3 e incorporação do N-

NH+4 em moléculas orgânicas; do exces-

sivo estímulo à parte aérea pelo N, fa-zendo com que essa tenha considerávelforça dreno, comparativamente à raiz; edo efeito osmótico do NO-

3, fazendo que

haja diluição dos açúcares translocadospara a raiz (Marschner, 1995), haja vistoo maior acúmulo de N-NO-

3 na raiz

tuberosa (Figura 1D). Em beterrabaaçucareira o N em excesso também podeincrementar compostos nitrogenados so-lúveis, os quais impedem a recuperaçãodo açúcar durante o processo de produ-ção (Hoffmann & Märländer, 2005).

Ao serem considerados apenas osaspectos quantitativo e econômico daprodução de raizes tuberosas (MFR), adose de 343 kg ha-¹ de N (DMEE) podeser indicada. Por outro lado, se consi-derar além da produção de MFR tam-bém o aspecto qualitativo (N-NO-

3 e

ºBrix), a dose de 193 kg ha-¹ de N, deveser recomendada; com essa dose se ob-têm alto °Brix da raiz tuberosa sem, con-duto, haver acúmulo de N-NO-

3 em ní-

veis elevados. Essa dose está bem abai-xo da DMEE para produtividade deMFR, porém, em virtude das exigênciasdo consumidor quanto à qualidade dosalimentos, especialmente em termos deN-NO-

3 dos produtos hortícolas, o as-

pecto qualitativo não deve ser menos-prezado. Assim, a dose de 193 kg ha-¹de N, para o cultivo de beterraba de mesano período de outono seria mais reco-mendável. Para tal, as unidades SPADe teor de N-NO-

3 aos 28 dat, correspon-

dentes a dose de máxima qualidade se-ria 44,7 e 2.575 mg kg-1 de MS, respec-tivamente.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq pelabolsa de IC concedida ao primeiro au-tor do trabalho.

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Produtividade, qualidade e estado nutricional da beterraba de mesa em função de doses de nitrogênio

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204 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

página do horticultor

O tomate (Lycopersicon esculentum)é a espécie olerácea cultivada mais

sujeita à ocorrência de problemasfitossanitários, e entre as pragas maisimportantes do fruto, podem-se citarquatro tipos de “brocas”: a traça-do-to-mateiro, Tuta absoluta (Meyrick)(Lepidoptera: Gelechiidae); broca-pe-quena, Neoleucinodes elegantalis(Guenée) (Lepidoptera: Crambidae);broca-grande, Helicoverpa zea (Boddie)(Lepidoptera: Noctuidae); e traça-da-batata, Phthorimaea operculella (Zeller)(Lepdoptera: Gelechiidae) (Filgueira,2003). No entanto, as aplicações siste-máticas de produtos químicos em cul-turas de importância agrícola, propor-cionaram o surgimento de problemasmuito sérios, como resistência de pra-gas a diversos pesticidas e o aparecimen-to de pragas até então consideradas se-cundárias (Gallo et al., 2002).

Heliothis virescens (Fabricius) é pra-ga que tem sido relatada alimentando-se de diversas culturas no norte e sul docontinente americano (Fitt, 1989). Na

PRATISSOLI D; OLIVEIRA HN; ESPINDULA MC; MAGEVSKI GC. 2006. Ocorrência da lagarta-da-maçã-do-algodoeiro em frutos de tomateiro noestado do Espírito Santo. Horticultura Brasileira 24: 204-205.

Ocorrência da lagarta-da-maçã-do-algodoeiro em frutos de tomateiro noestado do Espírito SantoDirceu Pratissoli1; Harley N de Oliveira2; Marcelo C Espindula3; Gizele Cristina Magevski1

1UFES, C. Postal 16, 29500-000 Alegre-ES; E-mail: [email protected]; [email protected]; 2Bolsista PROFIX do CNPq.E-mail: [email protected]; 3UFV, Depto Biologia Animal/BIOAGRO, 36571-000 Viçosa-MG

Venezuela, por exemplo, Yépez et al.(1990) constataram a ocorrência destapraga em 16 espécies distribuídas emoito famílias botânicas. Nos EstadosUnidos e em Cuba, é a praga mais im-portante do botão floral do tabaco. NoBrasil, tem sido citada atacando frutosde hortaliças, legumes, fumo, milho,feijoeiro, ervilha e cucurbitáceas(Zucchi et al., 1993). É considerada aprincipal praga da cultura do algodão(Santos, 2001), sendo a planta preferi-da por este inseto (Silva et al., 1995).Embora Yépez et al. (1990) e Fitt (1989)relatem que essa praga também ocorrasobre plantas de tomateiro, nenhum re-lato de sua ocorrência causando danoseconômicos à cultura do tomate no Bra-sil foi verificado.

Ovos e lagartas de H. virescens fo-ram encontrados em frutos de tomate dacultivar Santa Clara, em plantio locali-zado em área experimental da Univer-sidade Federal do Espírito Santo, mu-nicípio de Alegre-ES (latitude de 20º45’S, longitude 41º32’ W, altitude de 250

m e temperatura média anual de 22,2ºC),onde havia, na época da ocorrência, ape-nas café e pastagem nas regiões adja-centes.

Na infestação observada, os ovosforam encontrados de forma isolada epróxima ao cálice dos frutos. As lagar-tas que se encontravam nos estádios ini-ciais atacavam frutos verdes, com diâ-metro superior a 2 cm, perfurando-os emvários pontos, porém, não permaneciamno interior dos orifícios. Lagartas deestádios intermediários penetravam nofruto alimentando-se exclusivamente dapolpa. Os danos causados pelas lagar-tas dos estádios finais caracterizavam-se por grandes perfurações na parte ex-terna da polpa. Os frutos eram abando-nados logo após serem danificados, in-dependentemente do estádio de desen-volvimento da lagarta, que migravampara outros frutos.

Os frutos atacados foram infestadospor microrganismos, que iniciavam umprocesso de decomposição e acabavamprovocando sua queda. Quando os fru-

RESUMOOvos e lagartas de Heliothis virescens (Fabricius) (Lepidoptera:

Noctuidae) foram encontrados em frutos de tomateiro da cultivarSanta Clara, em um plantio localizado em área experimental, emAlegre-ES. Essa infestação proporcionou dano de cerca de 10%,caracterizado por perfurações de tamanhos variados na polpa de fru-tos com diâmetros superiores a 2 cm, variando de acordo com oestádio de desenvolvimento das lagartas. Ovos foram coletados elevados ao laboratório, onde foram mantidos à temperatura de 25±3ºCe 70±10% de umidade relativa até a eclosão. As lagartas recém-eclodidas foram individualizadas em caixa gerbox e alimentadas emfatias de frutos de tomate, onde permaneceram até a fase de pupapara sua identificação. Este é o primeiro relato da ocorrência deHeliothis virescens em frutos de tomate no Brasil.

Palavras-chave: Heliothis virescens, Lycopersicon esculentum, danos.

ABSTRACTOccurrence of tobacco budworm in tomato fruits in the

Espírito Santo State, Brazil

Eggs and caterpillars of the Heliothis virescens (Fabricius, 1781)(Lepidoptera: Noctuidae) were found in tomato fruits of cv. SantaClara, in a plantation located in Alegre, Espirito Santo State, Brazil.The attack caused damage in 10% of fruits characterized by differentperforation sizes in the pulp of the fruits with diameters of two ormore centimeters, depending on the state of development of thecaterpillars. Eggs were collected, taken to the laboratory, and kept at25±3ºC and 70±10% of relative humidity until the larval phase. Thecaterpillars were individually kept in gerboxes and fed with tomatoslices until the pupa phase for identification. This is the first reportof the occurrence of Heliothis virescens in tomato fruits in Brazil.

Keywords: Heliothis virescens, Lycopersicon esculentum, damages.

(Recebido para publicação em 16 de junho de 2005; aceito em 29 de abril de 2006)

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205Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

tos encontravam-se em fase adiantadade desenvolvimento, o ataque resultavana maturação forçada, o que os torna-vam sem valor comercial. Os danos ob-servados são semelhantes aos relatadospara H. zea (Gallo et al., 2002; Souza &Reis, 2003) e foram estimados em cer-ca de 10%.

Ovos de H. virescens foramcoletados em tomateiros dessa área ex-perimental, conduzidos para o labora-tório e mantidos à temperatura de25±3ºC e 70±10% de umidade relativa.As lagartas recém eclodidas foram acon-dicionadas individualmente em caixasgerbox com 6 cm de diâmetro e 2 cm dealtura, onde foram alimentadas com fa-tias de frutos de tomate, colocadas so-bre discos de papel toalha destinado aretirar o excesso de umidade. As lagar-tas permaneceram nessas caixas até o

final da fase pupal. Após a emergênciados adultos, estes foram mortos, mon-tados e enviados ao professor Dr.Roberto Antônio Zucchi, da ESALQ,para identificação do inseto.

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Dr. Roberto AntônioZucchi, pela identificação de H.virescens.

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206 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

A cebola é consumida in natura e de-sidratada principalmente devido ao

seu sabor, aroma e pungência (Kopsell& Randle, 1997). A pungência conferidapelo ácido pirúvico é maior quantomaior o teor de sólidos solúveis (Moretti& Durigan, 2002). Além disso, o teorde sólidos solúveis tem correlação po-sitiva com o conteúdo de matéria seca eaçúcares redutores. O conteúdo de ma-téria seca é um importante fator de qua-lidade, principalmente para a indústriade processamento. Quanto maior o teorde matéria seca, menor é a quantidadede energia exigida para o processo dedesidratação (Soares et al., 2004). Oconteúdo de açúcares redutores deter-mina a intensidade das reações respon-sáveis pelo escurecimento do produto

BELFORT G; NAKADA PG; SILVA DJH; DANTAS GG; SANTOS RRH. 2006. Desempenho de cultivares de cebola nos sistemas orgânico e convencionalem Minas Gerais. Horticultura Brasileira 24: 206-209.

Desempenho de cultivares de cebola nos sistemas orgânico e convencio-nal em Minas GeraisGabriel Belfort Rodrigues; Pâmela G Nakada; Derly JH da Silva; Gustavo G Dantas²; Ricardo RH SantosUFV, Depto. Fitotecnia, 36571-000 Viçosa-MG; [email protected]

final e a perda de peso (Moretti &Durigan, 2002).

A quantidade e qualidade de cebolaproduzida é função da aplicação de ni-trogênio, da irrigação, da época de co-lheita, da cultivar e do sistema de culti-vo (Kopsell & Randle, 1997). O exces-so de nitrogênio e de irrigação diminuio teor de sólidos solúveis e o tempo dearmazenamento, sendo a quantidadedessa mudança função da cultivar (Uzo& Currah, 1990; Gamiely et al., 1991).A antecipação da colheita em 15 diasnão afetou a produção nas cultivaresGranex, Baia Periforme e Jubileu, masdiminuiu o teor de sólidos solúveis nacultivar Baia Periforme (Soares et al.,2004). O teor de sólidos solúveis variaem função da cultivar (Rutherford &

Wittle, 1982). Kopsell & Randle (1997)sugerem a necessidade de cultivares es-pecíficos ao consumo in natura e para aindústria de processamento.

O sistema orgânico para o cultivo decebola ainda não é uma realidade(Vidigal et al., 2002), mas pode serfactível desde que se disponha de mate-rial orgânico suficiente para fornecertodos os nutrientes necessários para ocrescimento das plantas. Gonçalves &Silva (2003) sugerem ser possível subs-tituir a adubação de origem mineral pelaorgânica com conseqüências na produ-ção e qualidade do produto obtido. Nãoexistem relatos disponíveis sobre o de-sempenho de diferentes cultivares decebola nos dois sistemas de cultivo oumesmo de sua interação. Atualmente a

RESUMOO presente trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho

de 16 cultivares de cebola nos sistemas orgânico e convencional emViçosa-MG, de abril a dezembro de 2003. As cultivares avaliadasforam Texas Early Grano, Baia Periforme, Alfa Tropical, TexasYellow Grano, Jubileu, Crioula do Alto Vale, Encino, Régia, Tropi-cal Valley, Serrana, Bella Crioula, Ipa-6, Bola Precoce e os híbridosGranex, Mercedes e Baia Dura. Foram realizados dois experimen-tos, um em área de cultivo convencional e outro em área de cultivoorgânico, em blocos ao acaso com quatro repetições e 20 plantas porparcela. Foram avaliadas as seguintes características: produtividade,bulbificação, peso de bulbos, perda de peso e o teor de sólidos solú-veis. As cvs. Texas Early Grano, Régia, Mercedes e Encino foram asque apresentaram maior perda de peso. O sistema convencional pro-porcionou maior instabilidade para as outras características e somentepara o teor de sólidos solúveis esteve associado à média alta. No en-tanto, para todas as características a média das melhores cultivares dosistema convencional foi maior do que as melhores cultivares no sis-tema orgânico. As cvs. Baia Dura, Bola Precoce e Tropical Valleyapresentaram maior produtividade e maior potencial à industrializa-ção devido à maior bulbificação, maior peso de bulbo e maior teor desólidos solúveis apresentado no sistema convencional.

Palavras-chave: Allium cepa L., agricultura alternativa.

ABSTRACTPerformance of onion cultivars grown in the organic and

conventional systems in Minas Gerais State, Brazil

The performance of sixteen onion cultivars grown in the organicand conventional systems was evaluated in Viçosa, Minas GeraisState, Brazil, from April to December 2003. The following onioncultivars were evaluated: ‘Texas Early Grano’, ‘Baia Periforme’,‘Alfa Tropical’, ‘Texas Yellow Grano’, ‘Jubileu’, ‘Crioula do AltoVale’, ‘Encino’, ‘Régia’, ‘Tropical Valley’, ‘Serrana’, ‘Bella Crioula’,‘Ipa-6’, ‘Bola Precoce’ and the hybrids ‘Granex’, ‘Mercedes’ and‘Baia Dura’. Two experiments were carried out, one in an area ofconventional cultivation and another in an organic area, in arandomized block design with four replicates (20 plants per plot).The following characteristics were evaluated: yield, bulbing, bulbweight, bulb weight loss and soluble solids. Four cultivars (‘TexasEarly Grano’, ‘Régia’, ‘Mercedes’ and ‘Encino’) showed highestbulb weight loss, ranging from 5.58% to 6.81% after 30 days ofharvest; other cultivars showed bulb weight loss ranging from 1,99%(cv. Serrana) to 4,71% (cv. Granex). Nine cultivars had higher yieldin the conventional system (cvs. Alfa Tropical, Serrana, Bola Precoce,Baia Dura, Baia Periforme, Bella Crioula, Tropical Valley, Jubileuand Crioula do Alto Vale) compared to the organic system. Cvs.‘Baia Dura’, ‘Bola Precoce’ and ‘Tropical Valley’ grown in theconventional system had higher yields and showed potential forindustrialization, mainly because of bulb quality, higher bulb averageweight and soluble solids content.

Keywords: Allium cepa L., alternative agriculture.

(Recebido para publicação em 8 de outubro de 2005; aceito em 5 de junho de 2006)

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utilização de um sistema mais sustentá-vel é uma exigência da sociedade. Noentanto, essa sustentabilidade deve pro-porcionar uma produção quantitativa equalidade da cebola. O presente traba-lho teve como objetivo avaliar o efeitodo sistema de cultivo na produção dediferentes cultivares de cebola.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido na Horta dePesquisa do Departamento de Fitotecniada Universidade Federal de Viçosa noperíodo de 7 de abril a 19 de dezembrode 2003 em Viçosa. Foram selecionadasdezesseis cultivares de cebola, sendosete de dias curtos (=DC): cvs. TexasEarly Grano, Alfa Tropical, TexasYellow Grano, Régia, Serrana, Ipa-6 eGranex; quatro cultivares de dias inter-mediários (=DI): Baia Periforme, BellaCrioula, Bola Precoce, Mercedes e BaiaDura; e quatro cultivares de dias longos(=DL): Crioula do Alto Vale, Encino,Tropical Valley e Jubileu.

As dezesseis cultivares foram plan-tadas em dois experimentos, um condu-zido em sistema convencional e o outroem sistema orgânico. Utilizou-se o mé-todo de produção de cebola por mudas,produzidas em canteiros de 10 m², com0,15 m de altura. O substrato foi umamistura de duas partes de solo, uma partede esterco e uma parte de areia. As se-mentes foram plantadas em sulcos es-paçados 0,10 m e com 0,02 m de pro-fundidade, na densidade de 2 g/m² (Boff& Debarba, 1999). Aos 57 dias após asemeadura, quando as plantas atingiram15 cm de altura e 0,6 cm de diâmetro(Fontes & Silva, 2002), as mudas foramtransplantadas. Para esta fase, utilizou-se quatro canteiros de 1 m de largura e0,15 m de altura em cada experimento,com quatro linhas espaçadas de 0,2 m ecom 19,2 m de comprimento eespaçamento na linha de 0,10 m entreplantas. O delineamento experimentalutilizado foi blocos ao acaso com qua-tro repetições, sendo cada canteiro umbloco e a parcela experimental consti-tuída por 20 plantas.

O plantio do experimento em siste-ma convencional foi em área previamen-te cultivada com hortaliças, sendo a adu-bação feita de acordo com a análise de

solo (Fontes, 1999) e o controle de pra-gas e doenças com inseticidas efungicidas recomendados para a cultu-ra (Brasil, 2002). As doenças que ne-cessitaram de manejo durante a condu-ção do experimento foram: míldio(Peronospora destructor), mancha púr-pura (Alternaria porri) e ferrugem dacebola (Puccinia porri). As pulveriza-ções para controle das doenças foramrealizadas tão logo foram identificadasno campo. O tripes (Thrips tabaci) foi aúnica praga observada, sendo adotado20 adultos por planta como o nível decontrole, com amostragem semanal emcinco plantas por bloco (Picanço et al.,2000). O manejo das plantas daninhasfoi mecânico, e a irrigação foi feita deacordo com as recomendações para acultura (Filgueira, 2000).

No experimento em sistema orgâni-co, o plantio foi realizado em área deprodução de hortaliça conduzida demodo alternativo há quatro anos. A adu-bação consistiu da aplicação de compos-to orgânico na dose de 3 kg/m² de maté-ria fresca (Souza, 1998), que no presen-te caso equivaleu a 1,75 kg/m² de maté-ria seca. A composição química do com-posto apresentou os seguintes teores (emg/kg de matéria seca): P= 33; Ca= 134;Mg= 8; K= 5; S= 17; Al= 27; Fe= 23;Mn= 1; Zn= 0,4; B= 0,01; Cu= 0,06; Ni=0,05; Cr= 0,07. Outras características:N= 2,85%; C/N= 20,51; C total=58,46%; C-HU= 24,73%; C-AH=7,78%. Foi realizada uma adubação decobertura com 50g/m² com esterco degalinha curtido e 20g/m² de cinza.

No manejo fitossanitário para o sis-tema orgânico foram utilizadas as cal-das bordalesa e sulfocálcica (AbreuJunior, 1998), sendo a calda bordalesaempregada para o controle de míldio eda mancha púrpura e a calda sulfocálcicapara a ferrugem e tripés. O controle dasdoenças e pragas, o manejo das plantasdaninhas e a irrigação foram os mesmosadotados para o sistema convencional.As doenças e as pragas nos dois experi-mentos foram manejadas até que 50%das plantas dos dois experimentos esta-vam “estaladas”, sendo este o momentoem que a irrigação foi cortada.

O ponto de colheita foi aos 139 diasapós o plantio das mudas, quando havia80% das plantas estaladas (Soares et al.,

2004). Após a colheita os bulbos foramarmazenados em estrados de bambu sobgalpão. Foram avaliadas as seguintescaracterísticas: produtividade: produçãode matéria fresca de bulbos por unidadede área em t/ha; bulbificação: númerode plantas que produziram bulbos; pesomédio dos bulbos produzidos, em g/bul-bo; perda de peso: diferença de peso dosbulbos entre 15 e 30 dias após a colhei-ta; teor de sólidos solúveis: determina-do em dois bulbos por parcela aos 30dias após a colheita. O material extraí-do para a determinação de sólidos solú-veis foi obtido por meio de pressão nametade inferior dos bulbos após o cortetransversal na região mediana e leituraem refratômetro do tipo ‘Q 107D145’.

Os dados de cada experimento fo-ram submetidos à análise de normali-dade de Kolmogorov-Smirnov (Steel etal., 1997). Constada normalidade osdados foram submetidos ao teste dehomogeneidade das variâncias pelo testede Bartlett (Ramalho et al., 2000). En-tão se realizou a análise de variância(ANOVA) conjunta (Cruz & Regazzi,2001). Quando significativo naANOVA, somente o fator cultivares foisubmetido ao teste de grupamento deScott Knott (5% de probabilidade).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O desempenho das cultivares foicoincidente entre os sistemas de cultivopara a perda de peso aos 30 dias após acolheita, ou seja, a interação cultivarespor sistemas de cultivo não foi signifi-cativa na ANOVA (p<0,05). No entan-to, constatou-se diferença entre as cul-tivares, que foram separadas em dois gru-pos em relação a esta característica. Qua-tro cultivares apresentaram maior perdade peso: cv. Texas Early Grano, 6,81%;cv. Encino, 6,69%; cv. Régia, 6,58%; ecv. Mercedes, 5,58%. As demais varia-ram de 1,99% (cv. Serrana) a 4,71% (cv.Granex). Aparentemente, a perda de pesoé uma característica intrínseca da culti-var, não sendo função somente da exi-gência de fotoperíodo para a bulbificação(Kopsell & Randle, 1997).

Para produtividade, bulbificação,peso de bulbo e sólidos solúveis o de-sempenho das cultivares dependeu dosistema de cultivo (ANOVA, p<0,05).

Desempenho de cultivares de cebola nos sistemas orgânico e convencional em Minas Gerais

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No cultivo convencional, as cultivaresforam separadas em quatro grupos demédias, sendo as maiores produtivida-des observadas para as cvs. Bola Preco-ce, Baia Dura e Tropical Valley (Tabela1). Para o sistema orgânico, tambémobservou-se quatro grupos, mas as me-lhores foram as cvs. Granex, Régia eMercedes (Tabela 1).

Das 16 cultivares avaliadas, noveapresentaram produtividade superior nosistema convencional em relação ao sis-tema orgânico (cvs. Alfa Tropical, Ser-rana, Bola Precoce, Baia Dura, BaiaPeriforme, Bella Crioula, TropicalValley, Jubileu e Crioula do Alto Vale).O cultivo convencional teve menor mé-dia geral e maior instabilidade da pro-dutividade, ou seja, maior coeficiente devariação (C.V.). Constatou-se que o sis-tema de cultivo convencional propiciacondições mais instáveis para as culti-vares. A média das melhores cultivaresno sistema convencional (50,99 t/ha) foimaior que a média das melhores culti-vares no sistema orgânico (44,23 t/ha).

As cultivares foram divididos emtrês grupos de bulbificação no sistemaconvencional, sendo as melhores as cvs.Régia, Alfa Tropical, Granex, Ipa-6,

Serrana, Bola Precoce, Bella Crioula,Baia Periforme, Baia Dura, TropicalValley, Crioula do Alto Vale e Jubileu(Tabela 1). No cultivo orgânico, foi ob-servado dois grupos, sendo as melhoresas cvs. Granex, Ipa-6, Serrana, BellaCrioula, Baia Periforme, Mercedes,Bola Precoce, Jubileu e Crioula do AltoVale. Três cultivares (Bola Precoce, Tro-pical Valley e Jubileu) apresentaram amesma bulbificação nos dois sistemasde cultivo. Outras três (cvs. Alfa Tropi-cal, Baia Dura e Baia Periforme)bulbificaram melhor no cultivo conven-cional. No entanto, dez cultivares tive-ram maior bulbificação no sistema or-gânico (cvs. Régia, Granex, Ipa-6, TexasEarly Grano, Texas Yellow Grano, Ser-rana, Mercedes, Bella Crioula, Crioulado Alto Vale e Encino). A bulbificaçãoé determinada pela cultivar, fotoperíodo,idade fisiológica da planta, irrigação econcentração de nitrogênio. Este últimoé o único fator que varia entre os siste-mas de cultivo. Portanto, a menorbulbificação no sistema convencional édevido ao manejo do nitrogênio, queaumenta a produção de bulbos com“pescoço grosso” ou “charuto”(Brewster & Butler, 1989). Além disso,

Rodrigues & Casali (1998) indicam queo composto orgânico contribui para amelhoria das condições físicas do solo,que melhora a bulbificação.

As cultivares Régia, Alfa Tropical,Bola Precoce, Baia Dura, TropicalValley e Jubileu apresentaram maiorespeso de bulbo no sistema convencional(Tabela 1). No cultivo orgânico, as cvs.Régia, Granex e Mercedes foram as queapresentaram maior peso de bulbo. Nosistema convencional, dez cultivaresapresentaram maior peso médio de bul-bo quando comparadas com o sistemaorgânico. No entanto, o peso médio debulbo do sistema convencional foi me-nor, com maior C.V., ou seja, o sistemaconvencional propiciou menor estabili-dade para peso de bulbo do que o siste-ma orgânico. A média das melhores cul-tivares no sistema convencional (93,28g/bulbo) é maior do que a média dasmelhores cultivares no sistema orgâni-co (91,86 g/bulbo). Portanto, se fossemselecionadas as melhores cultivares paracada sistema, aquelas do cultivo conven-cional apresentariam maior peso de bul-bo do que o cultivo orgânico.

Para sólidos solúveis, observou-setrês diferentes grupos no sistema con-

GB Rodrigues et al.

*Cultivares: DL= dias longos; DI= dias intermediários; DC= dias curtos; **As médias seguidas pela mesma letra na coluna pertencem aomesmo grupo de médias pelo teste de Scott Knot a 5% de probabilidade.

Tabela 1. Produtividade (t/ha) bulbificação (no de plantas), peso de bulbos (g) e sólidos solúveis (oBrix) de cultivares de cebola conduzidasem sistema convencional e orgânico. Viçosa, UFV, 2003.

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209Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

vencional, sendo que as melhores culti-vares foram Ipa-6, Serrana, Bella Criou-la, Baia Dura, Bola Precoce, Crioula doAlto Vale, Jubileu e Tropical Valley (Ta-bela 1). No cultivo orgânico, foram ob-servados dois grupos para sólidos solú-veis, e as cvs. Alfa Tropical, Serrana,Ipa-6, Bola Precoce, Baia Dura, BaiaPeriforme, Bella Crioula, Crioula doAlto Vale, Tropical Valley e Jubileuapresentaram os teores mais altos. Em68,75% das cultivares, o teor de sólidossolúveis foi maior no sistema conven-cional. O C.V. também foi mais alto paraessa característica no sistema conven-cional, mas com média mais alta do queno sistema orgânico. A média das me-lhores cultivares do sistema convencio-nal (10,54%) também foi maior do quea média das melhores cultivares no sis-tema orgânico (10,06%). Portanto, orendimento para a industrialização émelhor no sistema convencional, pois épossível obter bulbos com maior con-teúdo de matéria seca e menor proble-ma com coloração (Moretti & Durigan,2002; Soares et al., 2004). A diferençaobservada no teor de sólidos solúveisentre os sistemas de cultivo não causoudiferença na perda de peso dos bulbos,e deduziu-se que a perda de peso depen-deu apenas da cultivar.

O cultivo convencional apresentarámaior produtividade e maior potencialà industrialização com as cultivares BaiaDura, Bola Precoce e Tropical Valleydevido principalmente à maiorbulbificação, maior peso de bulbo emaior teor de sólidos solúveis apresen-tado no sistema convencional para es-tas cultivares.

Desempenho de cultivares de cebola nos sistemas orgânico e convencional em Minas Gerais

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210 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

A nivel mundial los principalesproductores de espárrago

(Asparagus officinalis L.) son China,Perú, EE.UU. y México. En el año 2003,la producción de China alcanzó a 5,5millones de t (87% de la producción totaldel mundo), seguido de Perú (185.000t, 3%), los EE.UU. (122.020 t, 2%) yMéxico (67.247 t, 1%); mientras laproducción de Chile alcanzó a 19.500 t,alrededor del 0,3% de la producciónmundial. Además, durante el período1999 a 2003 se observó un incrementoen la producción mundial del 60%,llegando a 6,3 millones de t (FAOSTAT,2004). China produce principalmenteespárrago blanco, el cual se comercializafundamentalmente en el mercadodoméstico. El espárrago verde esproducido en cantidades limitadas. EnPerú alrededor del 40% de la produccióncorresponde a espárrago verde, el cualse comercializa en fresco, mientras queel restante 60% corresponde a espárragoblanco, el cual es procesado y enviado

ANDRADE GL; IBÁÑEZ TM. 2006. Viabilidad económica de la producción de espárrago en la Región del Maule, Chile. Horticultura Brasileira 24: 210-216.

Viabilidad económica de la producción de espárrago en la Región delMaule, ChileGermán L Andrade1; Tristán M Ibáñez2

1Universidad de Talca - Facultad de Ciencias Empresariales, P.O. 721, Talca, Chile; 2Universidad Austral de Chile, P.O. 542, Linares,Chile. E-mail: [email protected];[email protected]

a los mercados de la Unión Europea; losEE.UU. y México producenprincipalmente cultivares verdes(USDA, 2004). De acuerdo con cifrasde Global Trade Information (GTI,2004), durante el año 2003 losprincipales exportadores de espárragofresco fueron Perú (66.844 t), México(47.657 t) y EE.UU. (23.675 t); mientraslos principales importadores fueronEE.UU. (96.455 t), Unión Europea -15(21.905 t) y Japón (17.850 t).

En el mercado internacional secomercializa principalmente el cultivarMary Washington, a partir de la cual sehan derivado varios híbridos,denominados UC, desarrollados por laUniversidad de California. Entre ellosdestaca el híbrido clonal UC-157F1, elcual ocupa prácticamente el 90% de lasuperficie cultivada en Chile. En menormedida se utilizan los cultivares Atlas yApollo (González, 1999).

Durante el año 2003, la superficiecultivada con espárrago en Chile fue de

4.300 ha (FAOSTAT, 2004), lasexportaciones alcanzaron a 6.850 t ygeneraron retornos por US$ 13,2millones (ODEPA, 2004). Los preciospromedio ponderado FOB fluctuaronentre US$ 1,29 y 1,69 kg-1 durante elperíodo 2000 a 2003. En el mercadointerno los precios promedio a nivelmayorista fluctuaron entre Ch$ 490,7 y579,2 kg-1 (equivalente a un rango entreUS$ 0,82 y 0,97 kg-1) durante el mismoperíodo.

A nivel internacional, la literaturareporta diversas investigacionesrespecto a la influencia de diferentesdensidades de plantación sobre losrendimientos. Algunas densidadesconsideradas han sido entre 41.700 y50.000 plantas ha-1 (Ferrari et al., 1990),30.000 y 45.000 plantas ha-1 (Kaufmann& Orth, 1990), entre 33.333 y 66.667plantas ha-1 (Loughton et al., 1996), yentre 8.500 y 66.000 plantas ha-1

(Bussell et al., 1997). En el caso deChile, para el mismo cultivar de

RESUMENEn esta investigación se estimaron indicadores de viabilidad y

de eficiencia económica de la producción de espárrago (Asparagusofficinalis L.) en Chile. Los coeficientes técnicos fueron tomados delos registros históricos de un predio localizado en la zona de Linares,Región del Maule, Chile. Los indicadores de viabilidad calculadosfueron el valor actual neto (VAN), tasa interna de retorno (TIR),índice de valor actual neto (IVAN), razón beneficio-costo (RBC), yperíodo de recuperación del capital (PRC). Los indicadores deeficiencia económica fueron el costo medio total (CMET), margenunitario ponderado (MUP) y la rentabilidad sobre capital (RSC).Como unidad de análisis se consideró una hectárea. Para productorescon tierra, los resultados obtenidos en la situación estándar fueron:Ch$1,52 millones (VAN), 12,1% (TIR), 0,3 (IVAN), 1,1 (RBC) y 10años (PRC). Para la etapa de producción se proyectó un CMET mí-nimo de Ch $317,8 kg-1, un MUP máximo de Ch$407 kg-1 y unaRSC de 20,3%. La principal conclusión es que el cultivo de espárragoen la región del Maule, en Chile, es viable para los productores contierra.

Palabras-clave: Asparagus officinalis L., valor actual neto, tasa in-terna de retorno, razón beneficio-costo.

ABSTRACTEconomic viability of asparagus production in the Maule

Region, Chile

Viability and economic efficiency indicators for asparagus(Asparagus officinalis L.) production in Chile were evaluated.Technical parameters were obtained from an historical farm locatedin Linares area, Maule Region, Chile. Viability was assessed bymeans of net present value (VAN), internal rate of return (TIR), netpresent value index (IVAN), cost-benefit ratio (RBC), and investmentrecovery period (PRC). Economic efficiency was assessed throughproduction average cost (CMET), weighted unit margin (MUP), andreturn on equity (RSC). The analysis was based upon one hectare.Results for producers who own their land were US$ 2,529 ha-1 (VAN),12.14% (TIR), 0.25 (IVAN), and 1.1 (RBC). The minimum CMETwas estimated at US$ 0.53 kg-1 the maximum MUP at US$ 0.68 kg-1,and RSC until 20.3%. The main conclusion is that asparagusproduction in the Maule region, in Chile, is viable for producerswho own their land.

Keywords: Asparagus officinalis L., net present value, internal ratereturn, cost-benefit ratio.

(Recebido para publicação em 17 de fevereiro de 2005; aceito em 3 de maio de 2006)

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211Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

espárrago considerado en este trabajo,González & Del Pozo (2003), estudiaronel efecto de tres profundidades y dosdensidades de plantación sobre elrendimiento y calidad del espárragoverde en la zona climática mediterráneasub-húmeda. En el caso de la plantaciónmás superficial (10 cm), los autoresobservaron un mayor rendimientocomercial sólo durante los primeroscuatro años después de la plantación yun menor calibre después de cinco añosde cosecha; además, la mayor densidadde plantación (33.333 plantas/ha)presentó un rendimiento más alto entodas las temporadas. En todos los casos,el trabajo de González & Del Pozo(2003), reportó un rendimientoexportable superior al 80%. En otrosestudios de densidad de plantaciónrealizados en Chile con el cultivar UC-157F1 no fueron encontradasdiferencias en el rendimiento después dela tercera temporada de cosecha (Pignonet al., 1994; González & Del Pozo,1999).

La mayor parte de las plantacionesde espárrago en Chile se encuentran bajoun régimen de clima mediterráneo, esdecir, zonas donde el invierno esrelativamente frío y lluvioso, laprimavera es cálida y húmeda, y elverano es caluroso y seco (Del Pozo,1999). Según Ortega (1999), el sueloideal para el establecimiento de laesparraguera es de textura francoarenosa, de buen drenaje, buenaestructura, con un contenido mínimo de2% de materia orgánica, y unaprofundidad apropiada (mínimo 1 m)para el crecimiento de las raíces delcultivo. El pH ideal para el cultivo esentre 6,5 y 7,5. Las labores necesariaspara realizar la plantación de unaesparraguera se deben iniciar en agostocon la roturación del suelo y finalizanen junio del año siguiente con el retirode cañas secas; la mejor época deplantación es en septiembre (Velasco &Avilés, 1999). En Chile, el períodoproductivo de una esparraguera debierasuperar los 10 años en una plantacióncomercial, si ha sido bien manejada (DelPozo, 1999). En general, la cosecha delespárrago se realiza entre septiembre yprincipios de diciembre, aunque eshabitual extenderse en la cosecha de

esparragueras más antiguas hasta finesde diciembre (Del Pozo, 1999). Engeneral, las enfermedades radicularesson las principales causales de pérdidade vigor y muerte de plantas deespárrago, mientras que lasenfermedades foliares causandisminución de calidad (France, 1999).

El objetivo de esta investigación fueanalizar el desempeño económico de laproducción de espárrago verde, cultivarUC-157F1, así como estimarindicadores de viabilidad y eficienciaeconómica en un cultivo en la provinciade Linares, Región del Maule, Chile.

MATERIALES Y MÉTODOS

Los coeficientes técnico-económicos utilizados para lavalorización de las inversiones y costosfueron tomados de los registroshistóricos (1995/1996 a 2003/2004) deun predio de 40 ha localizado en laprovincia de Linares (35º51’ Lat. S. y71º35’ Long. O), Región del Maule,Chile. El terreno agrícola tomado comobase para las estimaciones cumple conlas aptitudes edafoclimáticas para laplantación de espárragos. Como unidadde análisis se consideró 1 ha y unadensidad de plantación de 40.000plantas ha-1, en hileras dobles de 0,2 x0,2 m sobre hilera, y distanciadas a 2,5m entre hileras. Para efectos delproyecto se definió un horizonte deevaluación de 10 años, incluyendo losdos primeros años (etapas deestablecimiento y formación delcultivo).

Para estimar la viabilidad económicase calcularon los siguientes indicadores:valor actual neto (VAN), tasa interna deretorno (TIR), índice de valor actual neto(IVAN), razón beneficio-costo (RBC) yperíodo de recuperación del capital(PRC). Se utilizaron las expresiones(Campos et al., 1995; Fontaine, 1997;Lobos et al., 2001):

(1)

(2)

(3)

(4),

donde I0 representa la inversión

inicial, n es el horizonte de evaluacióndel proyecto, FNC es el flujo neto decaja, r es la tasa de descuento relevante,

Φ es la TIR, VAY es el valor actual delos ingresos y VAC es el valor actual delos costos (egresos). El PRC se obtuvocomo el año en que el FNC actualizadoy acumulado es mayor que cero. En loscostos totales se incluyeron los costosdirectos, gastos generales yadministración y ventas, contribuciones,impuesto a la renta de 1ª categoría y elcosto alternativo del arriendo del terrenoagrícola.

Para medir la eficiencia económica secalculó el costo medio total (CMET),margen unitario ponderado (MUP) y larentabilidad sobre el capital de explotación(RSC), los cuales fueron proyectadosdurante el horizonte de evaluacióndefinido para el proyecto. Se usaron lasexpresiones (Campos et al., 1995;Fontaine, 1997; Lobos et al., 2001):

(5)

(6)

(7),

donde CT es el costo total deproducción, Q es el volumen deproducción, PPP es el precio de ventapromedio ponderado (considerandocomo factor de ponderación elporcentaje de ventas en el mercadointerno y externo), UT es la utilidad yCEX es el capital de explotación. Esteúltimo se calculó como el valor actualde la plantación (establecimiento yformación), y el valor de la tierra,considerando su tasación comercial(Vargas, 2004).

Coeficientes técnicosConsiderando que cada temporada

agrícola se inicia en mayo y termina enabril del año siguiente, para efectos delhorizonte de planeación del proyecto,los datos técnicos fueron estructurados

Viabilidad económica de la producción de espárrago en la Región del Maule, Chile

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212 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

de la siguiente forma: el año 0(establecimiento del cultivo) incluyódesde mayo a diciembre de la primeratemporada agrícola; el año 1 (formacióndel cultivo) desde enero a abril de laprimera temporada agrícola; como año2 (inicio de la etapa de producción delcultivo) se consideró la segundatemporada agrícola (desde mayo a abrildel año siguiente), y así sucesivamente.Desde el punto de vista económico, elperíodo que comprende los años 0 y 1del proyecto (sin producción)corresponde a la fase de inversión ydesde el año 2 en adelante correspondea la etapa de producción. Loscoeficientes técnicos utilizados para elhorizonte de planeación del proyecto sepresentan en las Tablas 1 y 2.

Valores unitariosLa valorización de las inversiones y

costos se realizó a partir de los valorespromedio por unidad pagados por elpredio durante el período de análisis,todos los cuales fueron convertidos amoneda de septiembre de 2004 (Tablas1 y 2).

• Mano de obra directapermanente: el valor de la JH fueestimado a partir de la remuneraciónbruta mensual pagada a la mano de obrade planta, la cual corresponde a laretribución por el trabajo realizado entodo el predio. Por lo tanto, a partir delnúmero de ha atendidas, cada tipo demano de obra permanente fue llevado aJH ha-1.

• Mano de obra directa temporal:se consideraron dos componentes, enfunción de la disponibilidad de mano deobra: (a) una remuneracióncorrespondiente al salario mínimo, másotros gastos pagados durante seis mesesde cada temporada agrícola y; (b) unaremuneración pagada durante losrestantes seis meses de la mismatemporada agrícola, en la cual se incluyóuna remuneración fija y una asignaciónde movilización.

• Insumos agrícolas: los precios delos insumos agrícolas corresponden a losvalores pagados por el predio, sinimpuestos. En el caso de las plantasnuevas, el valor de cada planta deespárrago se estimó en Ch $ 18,50 (sinimpuestos).

• Servicios de maquinaria yequipos: el costo unitario, medido en JMha-1, fue estimado a partir de los precios

promedio de mercado, sin impuestos,pagados por el predio por concepto dearriendo de maquinaria y equipos. Elvalor de uso de los servicios demaquinaria y equipos propios fueestimado a partir del prorrateo de loscostos totales incurridos en el predio.

• Gastos generales y gastosadministrativos: fueron estimados enbase a los valores pagados por el predio,prorrateados por 1 ha.

Valorización de las inversiones ycostos

La valorización de las inversiones enplantación fue realizada de acuerdo a loestablecido por el Servicio de ImpuestosInternos (SII) en la Circular no. 28, del28 de mayo de 1982, bajo cuyo sistemalas explotaciones agrícolas quedansujetas al impuesto a la renta de 1a.

categoría del 17%. En las inversionesse incluyó mano-de-obra directapermanente y temporal; insumosagrícolas; servicios de maquinaria yequipos; gastos generales; gastos deadministración y ventas, e imprevistos.La inversión en plantación, de acuerdoa la citada Circular, se depreció a suvalor libro en 6 años (año 5 al 10).Considerando que desde el punto devista del inversionista interesa conocerla viabilidad económica de la plantación,se incluyó el valor de uso del terrenoagrícola, después de impuestos, comoel costo alternativo del arriendo. Laclasificación de costos de producción serealizó de acuerdo a la propuesta porGonzález (1998), Velasco et al. (2000)y Vargas (2004).

Ingresos por ventasLos datos de productividad fueron

obtenidos de los registros históricos delpredio, de acuerdo a los niveles deproducción promedio alcanzadosdurante cada temporada agrícola. Losingresos por ventas fueron estimados apartir del destino de la producción,suponiendo un 30% al mercado internoy un 70% al mercado externo. Losprecios de venta en cada mercado fueronestimados de acuerdo al siguienteprocedimiento:

• Mercado interno: se tomó elprecio real promedio del período 2000a 2003 en el mercado mayorista,reportado por ODEPA (2004). Se

consideró un precio promedio de ventade Ch $ 549,50 kg-1 (equivalente a US $0,92 kg-1), sin impuestos, para las ventasde espárragos frescos en el mercadointerno.

• Mercado externo: se consideróun precio real promedio a productor deUS$ 1,33 kg-1, equivalente a Ch$ 799,90kg-1 (US$ 1.00 = Ch$ 600 = US$ 1). Esteprecio fue obtenido a partir de losprecios medios FOB, una vezdescontada la comisión de exportacióny las tarifas cobradas por la empresaexportadora (servicios de embalaje, frío,control de calidad y flete desde la plantaal puerto de embarque, entre otros). Elprecio neto a productor fue convertidoa moneda (qual moeda) de septiembrede 2004, utilizando como deflactor elÍndice de Precios de Importación (Baseseptiembre 2000 = 100), reportado porla Oficina de Estadísticas Laborales(BLS, 2004) de EE.UU.

Análisis de sensibilidadLos valores anteriores permitieron

conocer la viabilidad económica delproyecto en la situación estándar. Paralas ventas en el mercado externo, sesensibilizó el precio neto recidido porel productor de Ch$ 799,9 kg-1 ± elporcentaje de variabilidad de la serie deprecios reales FOB entre enero 2000 yseptiembre de 2004, el cual fue estimadoen 15,8%. Además, se sensibilizó laproductividad del proyectoconsiderando una variación de ± 5%, deacuerdo a los rendimientos históricosobervados.

Tasa de descuentoComo tasa de descuento se utilizó

el costo de capital promedio ponderado(WACC = 8,71%) reportado por Lobos& Muñoz (2005) para la evaluacióneconómica de proyectos de plantacionespermanentes. Para esta investigación,dicha tasa representa el retornoeconómico mínimo exigible al cultivode espárrago.

RESULTADOS Y DISCUSIÓN

El costo total de establecimiento delhuerto de espárrago (año 0) se estimóen Ch$ 1,89 millones ha-1 (Tabla 3). El39% corresponde a la adquisición deplantas y el 18% a la contratación de

GL Andrade & T. M. Ibáñez

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213Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

mano-de-obra temporal. El costo totaldurante la etapa de formación (año 1)alcanza a Ch$ 1,18 millones ha-1. Lamano-de-obra temporal representa el

50% de dicho costo. En la etapa deproducción, la incidencia de las laboresde cultivo temporal dentro de los costosdirectos aumenta desde un 18% (año 3)

hasta un 42% (año 10), mientras que laparticipación de los insumos agrícolasdisminuye desde un 22% (año 3) hastaun 16% (año 10). Esta estructura de

Viabilidad económica de la producción de espárrago en la Región del Maule, Chile

Tabla 1. Costos de producción de 1 ha de espárragos en la Región del Maule, Chile, año 0-5, en Pesos Chilenos1. Linares, Universidad deTalca, 2004.

1US$1,00 = 600 pesos chilenos; 2Incluye Ch$ 30.000 por concepto de pago de contribuciones, equivalente al 2% del avalúo fiscal del terrenoagrícola, e imprevistos, equivalente al 5% de la suma de los costos de servicios e insumos; 3En el año 0 incluye Ch$ 740.000 por conceptode inversión en plantas, calculado como 40.000 plantas a un valor de Ch$ 18,5 cada una.

Tabla 2. Costos de producción de 1 ha de espárragos en la Región del Maule, Chile, año 6-10, en Pesos Chilenos 1. Linares, Universidad deTalca, 2004.

1US$ 1,00 = 600 pesos chilenos; 2Incluye Ch $ 30.000 por concepto de pago de contribuciones, equivalente al 2% del avalúo fiscal delterreno agrícola, e imprevistos, equivalente al 5% de la suma de los costos de servicios e insumos.

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214 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

costos es consistente con la reportadapor Vargas (2004) para el caso de loscultivos permanentes y por Lobos &Muñoz (2005) para las plantaciones demanzano.

El valor actual de la plantación deespárrago se estimó en Ch$ 2,98millones ha-1, para la densidad deplantación de 40.000 plantas ha-1

considerada en este trabajo, la cual estádentro de los rangos reportados pordiferentes estudios (Kaufmann & Orth,1990; Loughton et al., 1996; Bussell etal., 1997; González & Del Pozo, 1999).Para productores con tierra, en todos losescenarios considerados los indicadoresde viabilidad sugieren que el cultivo deespárrago es un proyecto rentable,excepto cuando se tomó el precio en elmercado externo reducido en elporcentaje de variabilidad de los preciosinternacionales (Tabla 4). Por lo tanto,bajo condiciones normales de precios deventa y productividad (ceteris paribus

las otras variables), en general losresultados indican que, desde el puntode vista económico, el cultivo deespárrago permitiría generar un“incremento en riqueza” (medido envalor actual o valor anual equivalente)para los inversionistas privados dadoque el VAN es mayor que cero; la TIRes mayor que la tasa de descuentoutilizada, por lo que el proyecto podría“soportar” todavía una mayor exigenciaen términos del costo alternativo delcapital (“second best”); el IVAN mayorque cero muestra que por cada unidadmonetaria invertida en este cultivo seobtiene “riqueza”; la RBC refleja quepor cada unidad monetaria de costo(egreso) es posible alcanzar más que esaunidad monetaria de ingreso; el PRCfluctúa entre 9 y 10 años, por lo que elproyecto, aunque lentamente, permitiríarecuperar la inversión dentro delhorizonte de evaluación considerado.Los indicadores de eficiencia económica

proyectados muestran que el cultivo deespárrago permitiría lograr unareducción gradual de los costos unitariosde producción hasta alcanzar valoresentre Ch$ 302,70 y 334,60 kg-1; ademásse lograrían márgenes unitarioscrecientes de entre Ch$ 390,20 y 422,10kg-1; la rentabilidad sobre el capital deexplotación que podría alcanzar unproductor fluctuaría entre 18,1 y 25,5%.

Los resultados obtenidos en estainvestigación sugieren que en la mismazona de estudio la inversión en el cultivode espárrago es menos rentable que laplantación de frutales (Lobos & Muñoz,2005), aunque es más rentable que lainversión en lecherías (Campos et al.,1995; Lobos et al., 2001). Por ejemplo,en el trabajo de Lobos & Muñoz (2005)la RSC se proyectó, en plena producción,en un rango entre 11,4 y 35,9%,incluyendo el análisis de distintosescenarios de precios de venta, tipo decambio, rendimiento y tasa de descuento.

GL Andrade & T. M. Ibáñez

Tabla 3. Flujo neto de caja de la producción de 1 ha de espárragos en la Región del Maule, Chile, año 0-10, en Pesos Chilenos1. Linares,Universidad de Talca, 2004.

1US$ 1,00 = 600 pesos chilenos

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215Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Tabla 4. Indicadores de viabilidad y eficiencia económica de la producción de 1 ha de espárrago en la Región del Maule, Chile, en PesosChilenos1. Linares, Universidad de Talca, 2004.

1US$1,00 = 600 pesos chilenos.

Viabilidad económica de la producción de espárrago en la Región del Maule, Chile

Los resultados de esta investigaciónsugieren que el cultivo de espárragoverde en Chile es un negocioeconómicamente viable y, por lo tanto,rentable. Sin embargo, los productoresnacionales deberían centrar susesfuerzos de comercialización hacia losmercados internacionales, donde esposible obtener mayores precios para elproducto, y por lo tanto, una mayorrentabilidad del cultivo.

AGRADECIMIENTOS

Los autores agradecen a la Facultadde Ciencias Empresariales de laUniversidad de Talca por el apoyo

financiero para la publicación de estetrabajo, a través del Fondo de DesarrolloAcadémico.

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GL Andrade & T. M. Ibáñez

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217Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Epiphyte orchids have beenmultiplied routinely from seeds,

using a non-symbiotic culture as apropagation method (Knudson, 1922).The inoculation in vitro is the maintechnique for micro-propagationwithout symbiotic mycorrhizaeassociation. In order to properly developthis technique, sugar and salts arerequired in a sterile culture medium,where seeds are free frommicroorganisms.

Orchid embryos can be cultivated invitro, using immature seeds (Kerbauy &Handro, 1981). In such case, the seedsare taken from the closed capsule toprevent contamination when no otherinhibition of germination is found (Vander Kinderen, 1987; Rasmussen et al.,1990). This procedure is not suitable fora germplasm bank, because seeds mustreach maturity and have low water

ALVAREZ-PARDO VM; FERREIRA AG; NUNES VF. 2006. Seed disinfestation methods for in vitro cultivation of epiphyte orchids from Southern Brazil.Horticultura Brasileira 24: 217-220.

Seed disinfestation methods for in vitro cultivation of epiphyte orchidsfrom Southern Brazil1

Veronica M Alvarez-Pardo5; Alfredo Gui Ferreira2;3; Valter F Nunes4

2Department of Botany, UFRGS, Av. Bento Gonçalves 9500, Campus do Vale, prédio 43423, 91501-970 Porto Alegre-RS, Brasil; E-mail:[email protected] (corresponding author); 3CNPq scholarship; 4Technician from the Department of Horticulture, UFRGS; 5CAPESscholarship

content to be stored (Pritchard & Seaton,1993). For germination, thedisinfestation is mandatory beforeinoculation.

The disinfestant liquid shouldremove or kill all microorganisms fromthe seeds’ surface without damaging theembryos. For the purpose of disinfestingorchid seeds, calcium hypochlorite is themost used one (Wilson, 1915;Thompson, 1980; Arditti et al., 1982),besides hydrogen peroxide (Snow,1985) and sodium hypochlorite (Pierik,1990). Calcium hypochlorite needs tobe filtered before utilization, and cannotbe stored over 12 hours (Arditti et al.,1982). Sodium hypochlorite also needsto be fresh, since both are alkaline andlose chloride, the active oxidizing ion,which captures oxygen, killing theaerobic microorganisms and fungispores, which in turn, are mainly

responsible for most of thecontamination. These chemicals canimprove somehow the germination in afew species by light scarification of theseeds (Haas-von Schmude et al., 1986;Van Waes & Debergh, 1986).

Sodium and calcium hypochloriteare prescribed to be used at differentconcentrations and times of exposure todisinfest seeds (Singh, 1988; Butcher &Marlow, 1989; Seaton & Hailes, 1989;Oddie et al., 1994; Chu & Mudge,1994). In spite of it, some contaminationmay appear due to small cracks on thesurface of seeds that may keep a fewspores. Applying sodium hypochloritefumes for 5 to 30 minutes can solve thisproblem, allowing a completedisinfestation (Arditti & Ernst, 1992).

In the attempt to attain an efficientmethod for several Brazilian epiphyte

ABSTRACTDisinfestation of orchid seeds is necessary when the germination

is performed in vitro. In such case, cultures are supplemented by asource of sugar and salts in order to obtain energy and otherrequirements. However, the presence of sugar and salts easily allowsthe development of unwanted microorganisms. To avoid suchphenomenon, an efficient procedure must be done as a pretreatmentof the seeds with liquid or gaseous substances. In this study withseveral Brazilian orchids, the seeds were disinfested with sodiumhypochlorite solutions containing 0.4% or 0.8% active chlorine forfive minutes and sodium hypochlorite or formaldehyde fumes up totwo hours, this procedure being efficient for such purpose and makingit possible to be used routinely.

Keywords: orchids, in vitro culture, germination, sodiumhypoclorite, formaldehyde.

RESUMOMétodos de desinfestação de sementes para o cultivo in vitro

de orquídeas epífitas do Sul do Brasil

A desinfestação de sementes de orquídeas é necessária quando agerminação é efetuada in vitro. Neste caso, as culturas sãosuplementadas por uma fonte de açúcar e de sais, para prover ener-gia e outras necessidades. A presença de açúcares e sais facilmentepermite o desenvolvimento de microorganismos indesejáveis. Paraevitar estes microorganismos, um procedimento eficiente deve serusado como pré-tratamento das sementes com substâncias liquidasou gasosas. Neste ensaio com várias espécies de orquídeas brasilei-ras, as sementes foram desinfestadas com solução de hipoclorito desódio 0,4% ou 0,8% de cloro nascente por cinco minutos ou, porvapores de formol ou hipoclorito de sódio por até duas horas, sendoeficientes estes procedimentos para desinfestação e possível seu usorotineiramente.

Palavras-chave: orquídeas, cultivo in vitro, germinação, hipocloritode sódio, formaldeido.

(Recebido para publicação em 18 de março de 2005; aceito em 2 de maio de 2006)

1Part of PhD dissertation, from the first author (Dept. of Botany, UFRGS, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil)

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orchid seeds inoculation, fourprocedures were devised: two withliquid (0.4% and 0.8% of activechloride), and two with gaseoussubstances (5.5% sodium hypochloriteand 99% formaldehyde fumes).

MATERIAL AND METHODS

Bifrenaria inodora Lindl.,Brassavola tuberculata Hook., Cattleyabicolor Lindl., C. intermedia R.Grah, C.intermedia var. pallida Lindl., Encycliapygmeae (Hook.) Dressler, Epidendrumfulgens A.Brongn., Laelia purpurataLindl. & Paxt, Miltonia regnelli Reichb.,Oncidium pumicum Lindl., Pleurothallisglumacea Lindl. were collected fromnative stands in the Northern andEastern regions of the Rio Grande doSul State, Brazil, in 1999 and 2000. Ripecapsules were dehydrated (Seaton &Prichard, 1989) and stored at 5°C ± 1°C,in the laboratory of the FederalUniversity of Rio Grande do Sul. Thedisinfestation was carried out in twoways, by a moisten bath and gaseousexposition.

Moisten bath: Twenty milligramsof seeds from each of the eleven specieswere packed in 10 centimeters of plasticnet (60 µm mesh) closed by plastic clips.On a laminar flowhood using a beaker,the material was dipped in 15 ml ofSodium hypochlorite 0.4% or 0.8% ofactive chlorine for 5; 15; 30 and 60

minutes. The vials were sealed to avoidthe loss of chlorine. After that, thesamples were washed three times withdistilled water and placed on a paperfilter to dry off the excess water. Theseed viability was evaluated bygermination on Knudson C (Knudson,1946) plus micronutrients (Arditi et al.,1982) and 0.05 mg/L of thiamin andnicotinic acid, 20 g/L of sucrose and 6g/L of agar. The pH was adjusted to 5.7with NaOH (Milanese, 1997). Tenmilliliters of medium were autoclavedfor 20 minutes at 120°C in glass tubes.The tubes were tilted; thus, when themedium cooled down a larger surfacewas formed, where the seeds were sown.The tubes were covered with plastic filmand placed at 25°C ± 2°C in a growthroom lit for 16 hours (30 µmols-1 m-2).The swollen seeds with green embryoswere observed through astereomicroscope after 30 days ofincubation and were considered asgerminated (Hailes & Seaton, 1989). Arandomized design was used and thedata for analysis were transformed inarcsen (x + 10)½ before submitted toANOVA, and followed by Tukey test(p<0.05).

Gaseous disinfestation: Twentymilligrams of Cattleya intermedia seedswere placed on a small piece (2x2cm)of aluminum foil on a nine-centimeterdiameter Petri dish. Two milliliters ofsodium hypochlorite solution (5.5% of

active chlorine) in a small vial or onetablet of formaldehyde (Rioquímica-Brasil) were utilized as disinfestant. ThePetri dishes were sealed with parafilmand the disinfestant was applied rangingfrom 30 minutes to six hours in each ofthem every half hour. The seed viabilitywas evaluated as done in the first assay,by germination in Knudson C or bytetrazolium test. For these tests, theseeds were water embedded for 24 hoursand then placed in 1% tetrazoliumsolution (2,3,5-triphenyl tetrazoliumchloride) for 24 hours at 30°C (Singh,1981). The seeds were counted througha stereomicroscope, the red ones beingviable. Randomized design was used,and the coefficient of correlation wascalculated from the data, then theregression curve with best adjustmentwas determined.

RESULTS AND DISCUSSION

The eleven species examinedshowed over 75% of initial viability(Table 1). The disinfestation, withincreased concentration of sodiumhypochlorite solution, decreased thegermination, and is related to theexposure time (Table 1). The species B.tuberculata, C. intermedia and C.intermedia pallida were the mosttolerant to the effects of the disinfestant.This may be related to the size of theseeds, the structure and ornamentationof the seed’s wall (Milanese, 1997).Overall, the most effective treatmentwas the five-minute with 0.4% sodiumhypochlorite solution (Figure 1), whichreached an average of 87% germination.At this concentration and time, thetreatment was effective to avoidcontamination in most of the cases. Theuse of a small package madedisinfestation more efficient, thereforefor larger quantities of seeds severalpackages should be used.

Several protocols for orchid seeddisinfestation (Thompson, 1980; Ardittiet al., 1982; Snow, 1987; Pierik, 1990)were carried out using a sodiumhypochlorite solution, which is simplerand less expensive (Butcher & Marlow,1989; Seaton & Hailes, 1989; Chu &Mudge, 1994: Vujanonic et al., 2000).Fresh solution and good reliable

VM Alvarez-Pardo et al.

Table 1. Initial viability and orchid seeds germination percentage, disinfested with two sodiumhypoclorite concentrations with 0.4% or 0.8% of active chloride for 5; 15; 30 and 60 minutesperiods. Porto Alegre, UFRGS, 2004.

*Different letters indicate statistical differences among treatments. Tukey test, p<0.05.

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chemicals are required, followed byseveral rinsing with sterile water. Theseprocedures are time consuming, mainlywhen a large quantity of seeds shouldbe processed.

The utilization of gaseousdisinfestation devised in this papershowed good results. The disinfestationperiod was not as restricted as that ofsodium hypochlorite, and besides lessmanipulation was required. Thirtyminutes to four hours can be usedwithout the loss of viability (Figure.2A). The tetrazolium test used as a fastviability test could show a decrease ofviability after 3 hours in the presence offormaldehyde fumes, probably byacidification of seed surface (Figure2B). The use of buffered tetrazoliumsolution should overcome this trouble.After one hour of treatment, no furthercontamination was observed. Thismethod is recommended because of itsefficacy and ease. Formaldehyde fumescan be applied also when a vial withseveral explants shows a localizedcontamination. For rare orchidmaterials, the recovery of in vitrocontaminated explants or plantlets canbe very suitable.

ACKNOWLEDGEMENTS

We thank Dr. R.A. Mendes, DrE.T.H. Franco and Dr. MEA. Aquila fortheir useful suggestions to the draft;CAPES for the scholarship award givento V.M. Alvarez-Pardo, and CNPq forthe productivity award given to A.G.Ferreira. To Miss Adriane F. Veras fortext corrections. This work was, in part,supported by a grant from FAPERGS.

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Figure 1. Germination percentage of eleven orchid species compared through polynomialregression. Disinfestation with solution in two concentrations of sodium hypochlorite with 0.4%and 0.8% of active chloride for 5; 15; 30 and 60 minutes periods. Porto Alegre, UFRGS, 2004.

Figure 2. Germination curves (3A) and viability curves according to the tetrazolium test(3B) of Cattleya intermedia (Orchidaceae) seeds after several periods of disinfestation withformaldehyde (99%) and sodium hypochlorite (5.5%) fumes. Porto Alegre, UFRGS, 2004.

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VM Alvarez-Pardo et al.

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221Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Os primeiros cultivos de cenoura(Daucus carota, L.) no Brasil ocor-

reram na região Sul, expandindo-se, emseguida, para o Sudeste onde atualmen-te estão as maiores produção e consu-mo desta hortaliça. A cenoura é ahortaliça de raiz de maior valor econô-mico, sendo consumida cozida ou crua,sozinha ou como integrante de uma in-finidade de pratos e receitas. A hortaliçatem destacado valor nutritivo na alimen-tação humana, principalmente por seruma das principais fontes vegetais depró-vitamina A (Filgueira, 2000).

As cultivares Nantes e Forto são con-sideradas padrão de qualidade comercialno Brasil, pois possuem raízes cilíndricas,lisas e de cor alaranjada intensa. Porém,são muito sensíveis à queima-das-folhas,causada por Alternaria sp., e são exigen-tes em temperaturas amenas. Portanto, seucultivo é mais fácil no período do ano commenor precipitação pluviométrica (inver-no), que vai de março a agosto. Já as cul-

LUZ JMQ; CARVALHO JOM; COELHO CMB; CARVALHO TD. 2006. Produção de minicenouras não processadas em função de diferentes cultivares eespaçamentos. Horticultura Brasileira 24: 221-223.

Produção de minicenouras não processadas em função de diferentescultivares e espaçamentosJosé Magno Q Luz1; José Orestes M de Carvalho2; Cláudio MB Coelho1; Thiago D de Carvalho1

1UFU/ICIAG/Agronomia, C. Postal 593, 38400-902 Uberlândia–MG; E-mail: [email protected]; 2Embrapa Rondônia C. Postal406, 78900-970 Porto Velho–RO; E-mail: [email protected]

tivares nacionais Brasília e Carandaí sãoboas opções para o cultivo no período commaior concentração de chuvas (verão), quevai de setembro a fevereiro. Possuemraízes cilíndricas e elevada resistência àqueima-das-folhas, podendo também sercultivadas em regiões de clima ameno.Porém, não devem ser utilizadas em re-giões de inverno mais rigoroso pois flo-rescem com facilidade quando submeti-das a baixas temperaturas e fotoperíodocrescente (Souza, 1994).

Um dos segmentos na produção dehortaliças que mais tem crescido nos úl-timos anos é a linha de minihortaliçaspor agregarem facilidade no preparo eproporcionarem um novo aspecto visualaos pratos, tornando-os mais atrativosaos olhos e ao paladar. Dentre asminihortaliças, a minicenoura ou babycarrot é uma das que mais tem se desta-cado (Lazcano et al., 1998), sendo, aolado do tomate-cereja, a que possuimaior volume de comercialização.

As minicenouras tradicionais sãoraízes longas (aproximadamente 20 cm)e finas (até 3,5 cm de diâmetro), que nãoobtêm classificação para seremcomercializadas inteiras e que, para evi-tar o descarte, são processadas após a co-lheita, para adquirir o formato caracterís-tico de cenouras pequenas e tenras, comdiâmetro de até 2,5 cm e aproximadamen-te 6,0 cm de comprimento (Lana et al.,2001). O processamento consiste em cor-tar as raízes em três pedaços e, com a aju-da de um processador, tornar suas pontasarredondadas. Sua comercialização tem sedestacado no Brasil, embora boa parte ain-da seja importada, principalmente dosEUA (Asgrow, 1999). Porém, com adisponibilização de novos equipamentosnacionais capazes de realizar oprocessamento, esta realidade está se al-terando muito nos últimos anos (Lana etal., 2001; Embrapa Hortaliças, 2004).

Outra forma de se obterminicenouras é através do cultivo espe-

RESUMOO objetivo deste trabalho foi verificar a viabilidade da produção

de minicenoura não processada, avaliando-se diferentes cultivares eespaçamentos entre linhas, nos períodos de inverno e verão. Foramutilizados três espaçamentos entre linhas (10, 15 e 20 cm) e as culti-vares Forto e Nantes, no inverno, e Brasília e Carandaí, no verão. Oespaçamento entre plantas foi de 2 a 3 cm. O delineamento experi-mental foi blocos casualizados, em esquema fatorial (2 x 3) comquatro repetições. O espaçamento de 10 cm entre linhas foi o maisadequado para se obter maior uniformidade na produção de miniraí-zes, nas diferentes classes de comprimento consideradas neste en-saio (4 a 6 cm; 6 a 8 cm e > 8 cm), independentemente da época doano considerada. A maior produção de raízes da cultivar Brasília acredencia como superior para obtenção de minicenoura não proces-sada no período de verão. No inverno, as cultivares Forto e Nantesforam equivalentes. Em complemento a este trabalho, devem serrealizadas novas pesquisas sobre o diâmetro e o conteúdo nutricio-nal das minicenouras não processadas.

Palavras-chave: Daucus carota, cultivares, espaçamento,minicenoura, produtividade, qualidade.

ABSTRACTProduction of non-processed baby carrots as a result of

different cultivars and line spacing

This work was carried out to verify the viability of producingnon-processed baby carrots out of different carrot cultivars availablein Brazil for summer and winter copping, when planted in differentspacing between lines. Cultivars Forto and Nantes were used forwinter copping, while cultivars Brasilia and Carandaí were used insummer. Lines were 10, 15, and 20 cm apart. Distance between plantswas 2 to 3 cm. The experiment was designed in completelyrandomized blocks, in a factorial scheme (3 x 2) with fourreplications. Results indicated t ha-1 when lines were kept 10 cmapart, the baby carrot yield reached the most uniform distribution incommercial root length classes (4 to 6 cm; 6 to 8 cm and; > 8 cm).During summer, cultivar Brasilia yielded significantly more babycarrots than cultivar Carandaí. In winter, the tested cultivars wereequivalent. A natural follow-up to this work is the investigation ofthe nutritional value and diameter of non-processed baby carrots.

Keywords: Daucus carota, cultivar, spacing, babycarrot, yield,quality.

(Recebido para publicação em 25 de abril de 2005; aceito em 23 de maio de 2006)

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cífico para esse fim, utilizando-se culti-vares apropriadas em adensamentosadequados. As miniraízes assim obtidasapresentam formato natural, no que di-ferem das minicenouras tradicionais.Em alguns poucos locais do Brasil seproduz minicenoura através deste mé-todo, para um nicho de mercado muitoespecífico, que engloba principalmenterestaurantes de alto padrão. Porém, ascultivares utilizadas são importadas,principalmente da Europa, o que as tor-na pouco adaptadas às condiçõesambientais brasileiras. As sementes di-ficilmente estão disponíveis no merca-do em quantidade suficiente para aten-der a demanda, principal fator que limi-ta a expansão de seu cultivo. Além dis-so, praticamente não existem referênciasna literatura científica nacional sobre suaprodução e produtividade, fator que res-tringe seu cultivo quase que a uma tra-dição de família.

O presente trabalho teve como ob-jetivo verificar a viabilidade da produ-ção de minicenouras não processadasutilizando menores espaçamentos entrelinhas e cultivares de inverno e verãocujas sementes estão disponíveis nomercado brasileiro, nas condiçõesedafoclimáticas do Triângulo Mineiro.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidosem campo da UFU, Uberlândia – MG.O solo da área experimental é umLatossolo Vermelho-amarelo (LVa) detextura argilosa. As adubações quími-cas pré e pós-plantio foram realizadasseguindo as recomendações da Quinta

Aproximação COMISSÃO DE FERTI-LIDADE DO SOLO DO ESTADO DEMINAS GERAIS (1989) para cenoura,a partir dos dados obtidos na análisequímica do solo. A adubação orgânicafoi realizada com 2 kg m-² de cama-de-frango misturados à terra do canteiro,antes do plantio. O preparo do solo cons-tou de aração a 20 cm de profundidadee encanteiramento com enxada rotativa.A irrigação dos canteiros foi realizadapor aspersão, em complementação à pre-cipitação de cada um dos períodos.

Foram realizados dois experimentoscom semeadura direta em canteiro, umno inverno e outro no verão. A semea-dura do experimento de inverno foi rea-lizada em julho de 2000, utilizando-seas cultivares Nantes e Forto. A semea-dura do experimento de verão foi reali-zada em fevereiro de 2000, utilizando-se as cultivares Carandaí e Brasília.Após 30 dias do plantio realizou-se odesbaste deixando 2 a 3 cm entre plan-tas. O delineamento experimental utili-zado foi blocos casualizados, com qua-tro repetições, em arranjo fatorial 3 x 2,sendo os tratamentos três espaçamentosentre linhas (10, 15 e 20 cm) e duas cul-tivares. O tamanho das parcelas foi de2,0 m2, em canteiros de 1,0 m de largura.

As cenouras foram colhidas 60 e 51dias após a semeadura, para os experi-mentos de verão e inverno, respectiva-mente. Após destacar a da parte aérea,as raízes foram lavadas e deixadas àsombra por tempo suficiente para eli-minar o excesso de água. Raízes comcomprimento inferior a 4 cm, diâmetromenor que 0,7 cm e/ou defeituosas (tor-tas, rachadas, com ombro verde, perfu-

radas, quebradas e/ou sem coloração)foram consideradas como descarte. Asraízes comerciais foram classificadas deacordo com o comprimento (4-6 cm; 6-8 cm; e >8 cm). A produção comercialfoi obtida pela diferença entre as mé-dias por espaçamento da produção totale do descarte, em t ha-1.

As características avaliadas foram:produção total de raízes, porcentagemde raízes não comerciais (descartes) eprodução de miniraízes comerciais porfaixa de comprimento e diâmetro. Osdados foram submetidos à análise devariância (Teste F) e as médias foramcomparadas pelo Teste de Tukey (Go-mes, 1990). Para as variáveis em por-centagem, procedeu-se à transformaçãodos dados através da fórmula: X

t =

arcoseno (raiz quadrada (X/100)).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para produção total, ocorreuinteração cultivar x espaçamento so-mente no experimento de verão. Já noexperimento de inverno, houvesignificância somente para a compara-ção entre os espaçamentos. A maior pro-dutividade total no experimento de ve-rão foi alcançada pela cultivar Brasília(8,22 t ha-1) no espaçamento de 10 cmentre linhas (Tabela 1). Já a cultivarCarandaí apresentou maior produção noespaçamento de 15 cm entre linhas (6,14t ha-1), não sendo este diferente do obtidono espaçamento de 20 cm (5,35 t ha-1).Resende et al. (1998) também verificaramque a cultivar Brasília mostrou-se su-perior para produção total de raízes,quando comparada às cultivaresCarandaí e Kuroda, porém, utilizando oespaçamento de 20 cm entre linhas. Noexperimento de inverno não houve di-ferença significativa entre cultivares ea maior produção total de raízes tam-bém foi obtida no espaçamento de 10cm entre linhas (18,0 t ha-1).

Para porcentagem de miniraízes co-merciais por classes de comprimentohouve diferenças somente entre osespaçamentos no ensaio de inverno, en-quanto no verão não ocorreu diferençaestatística entre os tratamentos (Tabela2). No inverno, obteve-se maior quanti-dade de raízes com comprimentos entre4 e 8 cm nos espaçamentos de 10 e 15

JMQ Luz et al.

Médias seguidas de mesma letra minúscula na vertical e maiúscula na horizontal não dife-rem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Tabela 1. Produção total de raízes das cultivares Brasília e Carandaí no verão, produçãototal no inverno e produções comerciais médias no inverno e no verão, nos diferentesespaçamentos. Uberlândia, UFU, 2000.

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cm entre linhas, enquanto a maior quan-tidade de raízes com mais de 8 cm decomprimento foi observada quando uti-lizou-se 20 cm entre linhas. Em ambasas épocas, a produção de raízes commais de 8 cm de comprimento foi sem-pre maior que a produção de raízes nasdemais classes de comprimento. Porém,essa diferença se acentuou com o au-mento do espaçamento entre linhas.Portanto, parece ser mais adequado quese utilize o espaçamento de 10 cm entrelinhas quando se pretende obter uma dis-tribuição mais uniforme da quantidadede raízes por classe de comprimento.

Não houve diferença estatística en-tre os tratamentos para as porcentagensde descarte em ambos os ensaios. Po-rém, pode-se observar que, independen-te da cultivar ou do espaçamento, hou-ve maior porcentagem de descarte noensaio de inverno (Tabela 3). Ainda as-sim, a produção média de miniraízescomerciais, em t ha-1, foi sempre maiorno inverno (Tabela 1). Como o estandefoi o mesmo em ambos os ensaios, oaumento da produtividade deve estarrelacionado ao diâmetro das raízes. Estapossibilidade deve ser investigada emensaios futuros. No verão, a cultivarCarandaí apresentou porcentagem mé-dia de descarte ligeiramente maior doque a cultivar Brasília, respectivamente4,85 e 4,09%. Em ensaio para avaliar opotencial de produção comercial deminicenoura por processamento,Lazcano et al. (1998) verificaram que,na linha de processamento, ocorre umaperda de 62% em peso das raízes produ-zidas. Desta forma, para uma produtivi-dade de 42,9 t ha-1 de raízes, obteve-se16,3 t ha-1 de minicenouras comerciais.Este valor é muito próximo ao obtidoneste ensaio, para o inverno, utilizando-se 10 cm entre linhas (Tabela 1).

Outro fator importante a ser consi-derado e que merece ser investigado nofuturo, é a qualidade nutricional daminicenoura não processada. Suslow etal. (1999) afirma que a quantidade debetacaroteno presente nas raízes sofreinfluência de inúmeros fatores, entreeles o estádio de maturidade fisiológicada planta, condições climáticas (princi-palmente temperatura), níveis de micro-nutrientes, conteúdo de oxigênio e águano solo e estande. Pepkovitz et al.(1944), citados por Suslow et al. (1999)detectaram o pico de carotenóides 90dias após o plantio na cultivar Nantes,

com 60 mg g-1; de peso fresco, enquan-to 76 dias após a semeadura, a concen-tração era de apenas 42 mg g-1 de pesofresco. Quanto à qualidade, deve serconsiderado que as raízes de cenoura dascultivares nacionais possuem aspecto in-terno muito inferior ao apresentado pormateriais americanos, europeus e japo-neses (Ritschel et al., 1998), já que a aná-lise química de raízes da cultivar de ce-noura Brasília revelou um baixo conteú-do de caroteno e coloração alaranjadamenos intensa (Pereira et al., 1995).

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Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% deprobabilidade.

Tabela 2. Porcentagens de minicenouras comerciais e diâmetro médio por faixa de compri-mento de raízes, nos experimentos de verão e inverno. Uberlândia, UFU, 2000.

Tabela 3. Porcentagens médias de raízes descartadas com comprimento menor que 4 cm ediâmetro menor que 0,7 cm no verão e porcentagem média geral no inverno, por espaçamento.Uberlândia, UFU, 2000.

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224 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

O controle de pragas em sistemas or-gânicos de produção é uma das

principais dificuldades enfrentadas pe-los produtores. A maioria das práticasatualmente utilizadas para essa finali-dade em sistemas orgânicos não tem suaeficiência comprovada, o que tem leva-do o produtor a agir por tentativa e erro.Os biofertilizantes e as caldasfitoprotetoras têm sido utilizados na pro-dução orgânica não somente para com-plementar a nutrição das plantas e con-trolar doenças mas também com o in-tuito de reduzir as populações de pra-gas nas culturas.

Um dos biofertilizantes mais difun-didos utilizados em adubação foliar noBrasil é o “Supermagro” que se carac-teriza pela fermentação anaeróbica do

VENZON M; ROSADO MC; PINTO CMF; DUARTE VS, EUZÉBIO DE

, PALLINI A. 2006. Potencial de defensivos alternativos para o controle do ácaro-

branco em pimenta “Malagueta”. Horticultura Brasileira 24: 224-227.

Potencial de defensivos alternativos para o controle do ácaro-branco empimenta “Malagueta”Madelaine Venzon1; Maria da Consolação Rosado2; Cleide Maria F Pinto1; Vanessa da S Duarte2; DeniseEliane Euzébio3; Angelo Pallini4

1EPAMIG, Vila Gianetti 46, 36570-000 Viçosa-MG; E-mail: [email protected]; 2Bolsista CNPq; 3Bolsista FAPEMIG; 4UFV, Depto

Biologia Animal, 36570-000 Viçosa-MG

esterco bovino com a adição de micro-nutrientes durante o processo (Silva &Carvalho, 2000; Santos & Mendonça,2001). Esse biofertilizante tem sido uti-lizado em hortaliças não somente comoadubo foliar mas também para o con-trole de pragas (Silva & Carvalho,2000). No entanto, apesar do uso difun-dido do produto, existe somente um re-lato científico do uso do “Supermagro”como inseticida, onde o biofertilizantenão teve efeito sobre a traça do toma-teiro Tuta absoluta (Meyrick)(Lepidoptera: Gelechiidae) (Picanço etal.,1999).

Semelhantemente, o uso de caldasfitoprotetoras tem sido propagado comoeficiente para o controle de pragas. A“Calda Viçosa”, composta da mistura de

sulfato de cobre, óxido de cálcio, macroe micronutrientes, utilizada comofungicida e como adubo foliar, vem sen-do difundida para o controle de pragas,apesar dos resultados divergentes rela-cionados a sua eficiência (Herrera, 1994;Cruz Filho & Chaves, 1985; Picanço etal.,1999). A calda sulfocálcica, obtidapelo tratamento térmico de enxofre e cal,tem sido utilizada para controle deácaros fitófagos em várias culturas (Pen-teado, 2000). No entanto, essa caldapode ser fitotóxica a algumas culturas,principalmente no verão, motivo pelaqual é recomendada prioritariamentepara o controle de pragas em fruteiras eno inverno (Guerra, 1985).

Com o objetivo de fornecer informa-ções a serem utilizadas para o desenvol-

RESUMOA ação letal e subletal de defensivos alternativos sobre o ácaro-

branco Polyphagotarsonemus latus (Banks) foi avaliada em labora-tório. Plantas de pimenta “Malagueta” (6 cm de altura) foram pulve-rizadas, nas dosagens recomendadas para hortaliças, com os seguin-tes produtos: biofertilizante “Supermagro”, “Calda Viçosa”, caldasulfocálcica, acaricida abamectina e água. Após a pulverização, fo-ram transferidas dez fêmeas de P. latus para cada planta. Seis diasapós, avaliou-se o número de ácaros por planta e calculou-se a taxainstantânea de crescimento populacional (r

i). A população final de

P. latus em plantas tratadas com a calda sulfocálcica, com a “CaldaViçosa” e com o acaricida abamectina foi significativamente menordo que em plantas tratadas com água e com “Supermagro”. Foramobtidos valores negativos para a r

i de P. latus em plantas tratadas

com a calda sulfocálcica (ri = -0,2922) e com a “Calda Viçosa” (r

i =

-0,0301). Valores positivos para a ri foram obtidos para ácaros em

plantas tratadas com “Supermagro” (ri = 0,2373) e com água (r

i =

0,1971), indicando aumento da população de P. latus nessas plantas.Não foi possível o cálculo do r

i para ácaros em plantas tratadas com

abamectina devido a morte de todas as fêmeas no inicio do experi-mento. A “Calda Viçosa” e a calda sulfocálcica apresentaram poten-cial de controle para o ácaro branco P. latus em pimenta.

Palavras-chave: Polyphagotarsonemus latus, Capsicum frutescens,agricultura orgânica.

ABSTRACTPotential of alternative pesticides for control of broad mite

on chili pepper “Malagueta”

Lethal and sublethal effects of alternative pesticides on the broadmite Polyphagotarsonemus latus were evaluated. Chilli pepper plants(6 cm high) were sprayed with one of the following treatments:biofertilizer “Supermagro”, “Viçosa mixture” (a nutrient amendedBordeaux mixture), lime sulfur, abamectin and water. After spraying,10 females of P. latus were transferred to each plant. Six days after,the number of mites per plant was counted and the instantaneousrate of increase (r

i) was evaluated for each treatment. The population

of P. latus on plants treated with lime sulfur, “Viçosa mixture” andabamectin was significantly lower than on plants treated withbiofertilizer and water. Negative values of the instantaneous rate ofincrease (r

i), were obtained for P. latus on plants treated with lime

sulfur (ri = -0.2922) and with “Viçosa mixture” (r

i = -0.0301). Positive

values were obtained for mites on plants treated with biofertilizer (ri

= 0.2373) and water (ri = 0.1971), which indicate increase of P. latus

population on these plants. It was not possible to calculate ri for

mites on abamectin treated plants, because all females died at thebeginning of the experiment. Lime sulfur and “Viçosa mixture”showed potential for controlling broad mite P. latus on chilli pepper“Malagueta”.

Keywords: Polyphagotarsonemus latus, Capsicum frutescens,organic agriculture

(Recebido para publicação em 7 de junho de 2005; aceito em 28 de abril de 2006)

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225Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

vimento de métodos de controle de pra-gas em sistemas orgânicos de produçãode pimenta “Malagueta” (Capsicumfrutescens), neste trabalho foi avaliadaa ação do biofertilizante “Supermagro”,da “Calda Viçosa” e da caldasulfocálcica sobre o ácaro-brancoPolyphagotarsonemus latus (Banks)(Acari: Tarsonemidae). Esse ácaro éuma das principais pragas da cultura dapimenta em campo e em cultivo prote-gido (Pinto et al., 1999; Lima et al.,2003) e tem sido reportado pelos pro-dutores como uma praga de difícil con-trole, inclusive em sistemas convencio-nais (Pinto et al., 1999).

MATERIAL E MÉTODOS

O biofertilizante “Supermagro” foiobtido junto ao Centro de TecnologiasAlternativas–Zona da Mata (CTA/ZM)e foi produzido de acordo com ametodologia descrita por Silva & Car-valho (2000). O “Supermagro” possuina sua composição: a) Ingredientes bá-sicos: água e esterco; b) Ingredientesminerais: ácido bórico, cloreto de cál-cio, molibdato de sódio, sulfato decobalto, sulfato de cobre, sulfato ferroso,sulfato de magnésio, sulfato demanganês e sulfato de zinco; e c) Ingre-dientes complementares (misturaprotéica): açúcar mascavo, calcáriocalcítico, farinha de osso, fígado moí-do, fosfato de Araxá, leite e sangue deboi. A concentração utilizada no expe-rimento foi de 100 mL/L, proposta porSilva & Carvalho (2000) para uso emhortaliças.

A “Calda Viçosa” foi preparada deacordo com a composição e o modo depreparo propostos por Penteado (2000),adaptados de Cruz Filho & Chaves(1985). A calda é composta de sulfatode cobre, sulfato de zinco, sulfato demagnésio, ácido bórico, cloreto de po-tássio e cal hidratada. Em todos os ex-perimentos utilizou-se a composiçãobásica de 5 g de sais e 0,75 g de cal/L,recomendada para a cultura da pimenta(Pinto et al., 1999). A calda sulfocálcicafoi preparada de acordo commetodologia descrita por Guerra (1985)e Penteado (2000). Essa calda é com-posta de enxofre, cal e água. Utilizou-se a concentração sugerida para uso para

solanáceas de 3 mL/L (Penteado, 2000).

Os produtos foram aplicados compulverizador manual em plantas de pi-menta “Malagueta” (C. frutescens) com6 cm de altura, acondicionadas em po-tes plásticos com terra (500 ml). Alémdo biofertilizante “Supermagro”, da“Calda Viçosa” e da calda sulfocálcica,as plantas foram pulverizadas comabamectina (Vertimec 18 CE, 0,5 ml/L)e com água. Após a secagem dos pro-dutos, para cada planta pulverizada fo-ram transferidas 10 fêmeas adultas deP. latus, obtidas em plantas de pimenta“Malagueta” cultivadas na casa de ve-getação. Posteriormente, outro poteplástico transparente (500 mL), cujofundo foi removido, foi colocado emposição invertida sobre o primeiro pote,sendo que as bordas dos dois potes fo-ram mantidas juntas com fita crepe. Aparte superior do copo invertido foi ve-dada com organza presa por uma gomaelástica. Os potes com as plantas trata-das foram mantidos em câmaraclimatizada a 25±1ºC, 70±10% de umi-dade relativa e fotofase de 14 horas. Odelineamento experimental utilizado foio inteiramente casualizado com cincotratamentos repetidos seis vezes. Cadarepetição foi representado por uma plan-ta de pimenta tratada contendo 10 fê-meas de P. latus.

Após seis dias da aplicação dos trata-mentos, avaliou-se o número final de in-divíduos (adultos, larvas, ninfas e ovos)em cada planta. Os dados representandoo número final de indivíduos foram sub-metidos à análise de variância e as mé-dias comparadas pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade. Adicionalmente, calcu-lou-se a taxa instantânea de crescimentopopulacional dos ácaros (r

i), usando a

seguinte equação (Stark et al., 1997):

ri= ln (N

f / N

0)/ Ät,

onde N0 é o número inicial de indi-

víduos, Nf é o número final de indiví-

duos na população no final do intervalode tempo Ät (t = 6 dias). Essa taxa é umamedida direta de crescimentopopulacional em determinado períodode tempo, e varia similarmente a taxaintrínseca de crescimento populacional(r

m), podendo ser utilizada para prever

o crescimento populacional deartrópodes (Walthall & Stark, 1997). Aprincipal vantagem do cálculo do r

i em

relação ao do rm é a não necessidade de

confecção da tabela de vida de fertili-dade (Stark & Banks, 2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A população final do ácaro P. latusem plantas de pimenta “Malagueta” di-feriu quando essas foram tratadas comos diferentes produtos (F

(4,29)=14,80;

p<0,00000). Em plantas tratadas com acalda sulfocálcica, com a “Calda Viço-sa” e com o acaricida abamectina, a po-pulação final de P. latus foi significati-vamente menor do que em plantas tra-tadas com água e com “Supermagro”(Tabela 1). Este não teve efeito sobre apopulação de P. latus e o número finalde indivíduos nas plantas tratadas como biofertilizante foi semelhante às tra-tadas com água (Tabela 1).

Foram obtidos valores negativospara a taxa instantânea de crescimentopopulacional (r

i) de P. latus em plantas

tratadas com a calda sulfocálcica (ri =

-0,2922) e com a calda Viçosa (ri =

-0,0301) (Tabela 1), indicando que apopulação do ácaro nessas plantas esta-va declinando em direção à extinção(Stark et al., 1997). Não foi possível o

Potencial de defensivos alternativos para o controle do ácaro-branco em pimenta “Malagueta”

1Nf= Adultos, formas jovens e ovos; 2taxa instantânea crescimento populacional. *Tukey 5%.

Tabela 1. População inicial (fêmeas adultas) e final (adultos, formas jovens e ovos) e taxainstantânea de crescimento populacional (r

i) de Polyphagotarsonemus latus em plantas de

pimenta “Malagueta” tratadas com biofertilizante “Supermagro”, “Calda Viçosa”, caldasulfocálcica, abamectina e água. Viçosa, EPAMIG, 2004.

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226 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

cálculo da taxa instantânea de cresci-mento populacional para ácaros emplantas tratadas com abamectina, pois oproduto ocasionou a morte de todas asfêmeas do ácaro no início do experimen-to. Valores positivos para essa taxa decrescimento foram obtidos para ácarosem plantas tratadas com “Supermagro”(r

i = 0, 2373) e com água (r

i = 0,1971),

indicando aumento da população deácaros em plantas de pimenta.

O biofertilizante “Supermagro” nãofoi eficiente no controle do ácaro. Hávários relatos na literatura que indicama falta de ação inseticida e acaricida debiofertilizantes sobre artrópodes-praga(Resende et al., 1987; Picanço et al.,1997; Picanço et al., 1999; Amaral etal., 2003; Gonçalves et al., 2004). Noentanto, Nunes & Leal (2001) verifica-ram que quando plantas de tomate fo-ram tratadas com uma combinação debiofertilizante (a base de esterco bovi-no) e inseticidas (teflubenzuron eabamectina) houve redução da popula-ção da broca Neoleucinodes elegantalis(Guenée) e maior produtividade do quequando as plantas foram tratadas comapenas um desses produtos isoladamen-te. Possivelmente, o efeito negativo naspopulações dessa praga tenha sido de-vido ao melhor estado nutricional dasplantas, uma vez que os biofertilizantessão adubos foliares, resultando em plan-tas com maior capacidade de suportarao ataque da broca. Esta hipótese nãofoi testada para P. latus em pimenta, umavez que o experimento foi conduzidopara verificar a ação acaricida do“Supermagro”. Portanto, há ainda a pos-sibilidade do biofertilizante afetar ne-gativamente a população do ácaro bran-co via nutrição da planta.

A calda sulfocálcica foi eficiente emreduzir a população de P. latus. De acor-do com Polito (2001), as propriedadesacaricidas e inseticidas da caldasulfocálcica são resultantes da reaçãodos compostos da calda aplicada sobrea planta com a água e o gás carbônico,resultando em gás sulfídrico e enxofrecoloidal. O efeito negativo desse pro-duto sobre outras espécies de ácaros foiverificado em citroa para o ácaro daleprose, Brevipalpus phoenicis(Geijskes) (Guirado, 2001); para o café,além da mortalidade observada para

Oligonychus ilicis, Amaral et al. (2003)verificaram que o produto teve ação re-pelente contra o ácaro. Chagas et al.(2001) obtiveram controle satisfatóriodo ácaro rajado Tetranychus urticaeKoch com aplicações da caldasulfocálcica em plantio convencionai eorgânico de mamão.

O tratamento das plantas de pimen-ta com a “Calda Viçosa” também foieficiente em reduzir a população doácaro-branco. Esse produto é recomen-dado para pimenta no controle de doen-ças como a cercosporiose, além de teração complementar na nutrição da plan-ta (Pinto et al., 1999). A ação acaricidado produto ainda não havia sido de-monstrada experimentalmente, apesarde vários relatos de produtores sobre aeficiência da calda no controle do ácaro(Pinto CMF, informação pessoal).

Apesar do potencial de controle doácaro-branco com “Calda Viçosa” e coma calda sulfocálcica, devem ser consi-derados antes da utilização desses pro-dutos os possíveis efeitos adversos des-sas caldas sobre os organismos benéfi-cos presentes no agroecossistema. Nãoexistem muitos relatos na literatura so-bre o assunto. Com relação à caldasulfocálcica, Amaral et al. (2003) veri-ficaram que em café, além de ser repe-lente, a calda provocou alta mortalida-de no ácaro-predador Iphiseiodeszuluagai (Denmark). A “Calda Viçosa”,no entanto, não teve efeito adverso so-bre esse predador. É necessário, portan-to, a avaliação dos efeitos letais esubletais desses dois produtos sobre osinimigos naturais de ocorrência freqüen-te na agroecossitema da pimenta.

O segundo fator a ser considerado nautilização dessas caldas é a possívelfitotoxicidade. Algumas plantas são sen-síveis à calda sulfocálcica, como ascucurbitáceas. Concentrações muito al-tas podem ocasionar queimaduras nasfolhas, especialmente no verão. Deve-setestar as caldas antes de empregá-las emmaior escala e evitar os tratamentos nashoras mais quentes do dia (Penteado,2000). Do mesmo modo, plantas novas,com brotações novas, com flores aber-tas, são, geralmente mais sensíveis àsqueimaduras (Paulus et al., 2001).

Os resultados apresentados mostramque alguns fitoprotetores, como a “Cal-

da Viçosa” e a calda sulfocálcica, po-dem ter ação real de controle do ácaroP. latus em pimenta. Esses resultadospoderão ser utilizados nodirecionamento de pesquisas para o con-trole de P. latus em outras culturas alémda pimenta, uma vez que esse ácaroocorre em mais de 60 famílias de plan-tas, causando danos consideráveis emvárias espécies de plantas cultivadas(Gerson, 1992). É importante ressaltarque a limitação que o sistema orgânicoimpõe ao uso de agrotóxicos tambémpode ser extendida a algunsfitoprotetores. Quem define a restriçãoou não de produtos alternativos são asnormas associadas às certificadoras queaferem o selo de orgânico aos sistemasprodutivos. De qualquer forma, a pes-quisa de produtos alternativos para ocontrole de pragas precisa ser estimula-da para responder a demanda exigidapelo setor.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao ConselhoNacional de Desenvolvimento Científi-co e Tecnológico (CNPq) pelo financia-mento do projeto (520817/01-3) e pelaconcessão de bolsas e ao Centro deTecnologias Alternativas da Zona daMata (CTA) pelo fornecimento dobiofertilizante “Supermagro”.

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228 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

A produção mundial de cebola(Allium cepa L.), em 2004, foi de

53,6 milhões de toneladas, cultivadasem uma área 3,1 milhões de hectares, oque proporcionou uma produtividade mé-dia de 17,5 t/ha (FAO, 2005). No Brasil,a cebola ocupa o terceiro lugar em im-portância econômica (Souza & Resende,2002). A produtividade média nacionalse situou em 17,9 t/ha, sendo que nos es-tados de Pernambuco e Bahia, maioresprodutores do Nordeste, se alcançou umaprodutividade média de 21,2 e 24,2 t/ha,respectivamente (IBGE, 2005).

Estudando os espaçamentos de 0,10x 0,15 m e 0,20 x 0,15 m, ViegasD’Abreu (1996), verificou que a maiorprodutividade foi obtida no menorespaçamento (0,10 x 015 m), e que amaior massa fresca do bulbo (145,7 g.bulbo-1) foi verificada no maiorespaçamento comparado aos 118,0 g.bulbo-1, obtidos com 0,10 x 0,15 m.

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Produtividade e massa fresca de bulbos de cebola sob densidades deplantio no Vale do São FranciscoGeraldo M de Resende; Nivaldo Duarte CostaEmbrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; E-mail: [email protected]

Avaliando a influência da densida-de de plantas sobre a produtividade emtrês espaçamentos (0,20; 0,30 e 0,40 mx 0,08 m), Lopes et al. (2004) constata-ram que no menor espaçamento (0,20 x0,08 m) foram obtidas a maior produti-vidade comercial e menor massa frescado bulbo. Kanton et al. (2002) observa-ram aumento na produtividade com oincremento da densidade de plantio(37,04 para 156,25 plantas por metroquadrado), assim como menor altura deplanta e massa fresca do bulbo, relatan-do que densidades acima de 76,92 plan-tas m-2 como aquelas que proporcionammaiores produtividades de bulbos co-merciais. Dellacecca & Lovato (2000),relataram resultados similares onde adensidade de 80 plantas por metro qua-drado obteve a maior produtividade emenor massa fresca do bulbo compara-tivamente a 26,6 e 40,0 plantas m-2.

O aumento do espaçamento de plan-tio de 0,05 para 0,15 m entre plantasproporcionando redução na produtivida-de total e comercial e na massa frescado bulbo é também relatado por Santoset al. (2000) para a cultivar Texas Grano502. Por outro lado, avaliando a mesmacultivar, Sabota & Downes (1981) nãoobservaram diferenças significativas deprodutividade quando compararam duaspopulações de plantas (192.940 e257.320 plantas. ha-1).

A cebola é uma planta de dias lon-gos quanto à formação de bulbos, e ascultivares designadas de dias curtos nãosão, particularmente, plantas de diascurtos; simplesmente exigem menoshoras de luz para bulbificarem (Melo &Ribeiro, 1990). A formação de bulbosestá relacionada com a interação entre atemperatura e o fotoperíodo. Nestainteração o fator mais importante é o

RESUMOCom o objetivo de avaliar o efeito de diferentes espaçamentos

entre as linhas e entre as plantas sobre as características produtivas ea conservação pós-colheita dos bulbos de cebola, conduziu-se umexperimento no período de setembro de 1999 a março de 2000, noCampo Experimental de Bebedouro, da Embrapa Semi-Árido, emPetrolina-PE. O delineamento experimental utilizado foi de blocosao acaso, no esquema fatorial 2x3, compreendendo doisespaçamentos entre as linhas (0,10 e 0,15 m) e três espaçamentosentre as plantas (0,10, 0,20 e 0,30 m), sendo utilizada a cultivar TexasGrano 502 PRR com quatro repetições. Para produtividade comercialverificou-se que o espaçamento de 0,10 m entre as linhas apresentoumaior produtividade (37,8 t ha-1) comparativamente ao espaçamentode 0,15 m (34,4 t ha-1), ocorrendo reduções lineares com o aumentodo espaçamento entre as plantas. À medida que se aumentou oespaçamento entre as linhas e as plantas observou-se reduçãogradativa na produção de bulbos não comerciais. A massa fresca dosbulbos aumentou linearmente à medida que se aumentaram osespaçamentos entre as linhas e as plantas. Uma maior porcentagemde bulbos pequenos e médios foi verificada nos menoresespaçamentos. À medida que se incrementou o espaçamento entreas plantas ocorreu uma maior perda de massa dos bulbos de cebola.

Palavras-chave: Allium cepa L., rendimento, espaçamento, conser-vação pós-colheita.

ABSTRACTYield characteristics and fresh mass of onion under planting

densities in the São Francisco Valley

With the objective of evaluating the effect of different plantingspacings on yield characteristics and bulb weight loss, an experimentwas carried out from September 1999 to March 2000, in Petrolina,Pernambuco State, Brazil, in a randomized complete block design,in a 2 x 3 factorial scheme, with four replications. The cultivar TexasGrano 502 PRR was planted at 0.10 and 0.15 m row spacings and at0.10; 0.15 and 0.30 m plant spacings. For commercial yield, it wasverified that the row spacing of 0,10 m showed highest yield (37.8 tha-1) comparatively to the row spacing of 0,15 m (34.4 t ha-1) withlinear reductions with the increase in plant spacing. The fresh massof bulbs increased linearly as the spacings between rows and betweenplants increased. Larger percentages of small and medium bulbs wereobtained with the narrowest spacings. As spacing between plantsincreased, a larger loss of onion bulb mass was found.

Keywords: Allium cepa L., yield, spacing, postharvest conservation.

(Recebido para publicação em 19 de setembro de 2005; aceito em 3 de abril de 2006)

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fotoperíodo e o mesmo determina os li-mites de adaptação das diferentes culti-vares (Galmarini, 1997). A região Nor-deste, representada pelos estados dePernambuco e Bahia, privilegiada pe-las suas condições climáticas, no casodo cultivo da cebola, pratica a semea-dura de janeiro a dezembro, com con-centração nos meses de janeiro a mar-ço, possibilitando um escalonamento deplantio e produção com oferta em dife-rentes períodos (Costa et al., 2002).

Pelo exposto, assim como pela ca-rência de informações técnicas sobre ocultivo da cebola no período de verão,o presente estudo objetivou avaliar oefeito de diferentes densidades de plan-tio sobre as características produtivas ea conservação pós-colheita dos bulbosde cebola Texas Grano 502 PRR, nascondições do Vale do São Francisco.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido noperíodo de setembro de 1999 a marçode 2000, em campo experimental daEmbrapa Semi-Árido, em Petrolina-PE.O solo classificado como Latossolo Ver-melho Amarelo Distrófico, apresentoupH (H

2O) = 6,1; Ca = 2,1 cmol

c dm-3;

Mg = 0,7 cmolc dm-3; Na = 0,01 cmol

c

dm-3, K = 0,28 cmolc dm-3; Al = 0,05

cmolc dm-3, P (Mehlich) = 7,2 mg dm-3 e

M.O. = 6,9 g. kg-1.

O delineamento experimental utili-zado foi blocos ao acaso, em esquemafatorial 2x3, compreendendo doisespaçamentos entre as linhas (0,10 e0,15 m) e três espaçamentos entre asplantas (0,10; 0,20 e 0,30 m) com qua-tro repetições. A unidade experimentalconstituiu-se de um canteiro de 3,0 mde comprimento por 1,2 m de largura,sendo usado como área útil 1,8 m2 (3,0x 0,6 m). A adubação de plantio cons-tou de 600 kg. ha-1 da fórmula NPK 6-24-12, baseada na análise do solo. Fo-ram aplicados em cobertura 90 kg. ha-1

de N na forma de uréia e 30 kg. ha-1 deK

2 O

na forma de cloreto de potássio,

parcelados aos 15 e 30 dias após otransplantio.

Foi utilizada a cultivar Texas Grano502 PRR, sendo a semeadura feita em14 de setembro de 1999 e o transplantioefetuado 25 dias após.

O preparo do solo constou de aração,gradagem e levantamento dos canteirosa 0,20 m de altura. A cultura foi mantidano limpo através de capinas manuais. Airrigação por microaspersão foi realiza-da três vezes por semana, com lâminasem torno de 10 mm, baseada na evapo-ração do tanque classe A, e suspensas20 dias antes da colheita. Os demais tra-tos fitossanitários foram realizados deacordo com as recomendações para acultura da cebola.

A colheita foi realizada em 22 dedezembro de 1999 quando as plantasapresentaram sinais avançados desenescência, como amarelecimento eseca das folhas e quando mais de 70%das plantas encontravam-se estaladas. Acura foi realizada ao sol por três dias e12 dias à sombra em galpão ventilado.

Foram avaliadas a produtividadecomercial de bulbos (bulbos perfeitos ecom diâmetro transversal acima de 35mm) e refugos (bulbos com diâmetroinferior a 35 mm) expressos em t ha-1,aos 15 dias após a cura. A massa frescade bulbo (g. bulbo-1) foi determinadadividindo-se a massa de bulbos comer-ciais após a cura pelo número de bul-bos. Após o período de cura, os bulbosforam armazenados à temperatura am-biente e realizadas pesagens aos 20, 40e 60 dias, sendo os valores comparadosàqueles obtidos ao final da cura (15 diasapós colheita). Os valores foram trans-formados em porcentagem de perda demassa. A classificação de bulbos comer-ciais segundo o diâmetro transversal

(mm) foi feita de acordo com Brasil(1995) em Classe 2: maior que 35 até50 mm de diâmetro; Classe 3: maior que50 até 70 mm; Classe 4: maior que 70até 90 mm e Classe 5: maior que 90 mm.Os dados foram expressos em porcen-tagem.

Segundo a metodologia descrita porPimentel Gomes (2000), os dadoscoletados foram submetidos à análise devariância e as médias comparadas peloteste de Tukey, ao nível de 5% de pro-babilidade e regressão polinomial. Osdados de porcentagem foram transfor-mados em arco-seno P / 100 para efei-tos de análise, sendo apresentados nosresultados as médias originais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve efeitos significativos dosespaçamentos entre as linhas e entre asplantas de forma independente em rela-ção a produtividade comercial, não ocor-rendo interação entre esses fatores. Noespaçamento de 0,10 m entre as linhasa produtividade foi superior (37,8 t ha-1)comparativamente ao espaçamento de0,15 m (34,4 t ha-1). Verificou-se redu-ções lineares com o aumento doespaçamento entre as plantas (Figura 1),tendo obtido os maiores rendimentos(43,4 t ha-1) no espaçamento de 0,10 mentre as plantas. Estes resultados con-firmam as observações de que as cebo-las respondem especialmente a variaçãono espaçamento entre as plantas

Figura 1. Produtividade comercial de bulbos de cebola em função dos espaçamentos entreas plantas. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1999/2000.

Produtividade e massa fresca de bulbos de cebola sob densidades de plantio no Vale do São Francisco

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(Filgueira, 1982; Melo et al., 1988). En-tretanto, a produtividade da cebola au-mentou à medida que se diminuiu oespaçamento entre as linhas e entre asplantas, fato relatado por diversos auto-res em diferentes épocas (Stoffella, 1996;Boff et al., 1998; Santos et al.; 2000).

Bulbos charutos, podres, ou comdanos mecânicos não foram observadosno que se refere à produção de refugos(bulbos não comerciais), havendo so-mente bulbos com diâmetro inferior a35 mm. Para esta característica obteve-se efeitos significativos da interaçãoverificando-se uma redução gradativa naprodução de bulbos não comerciais noespaçamento de 0,10 m entre as linhasà medida que se aumentou o

espaçamento entre as plantas (Figura 2).Pela derivada da equação de regressãoconstatou-se que o menor rendimento debulbos não comerciais foi obtido noespaçamento de 0,25 m entre as plan-tas, para o espaçamento de 0,15 m entreas linhas (Figura 2). Estes resultadosmostram relação inversa doespaçamento entre as linhas e entre asplantas e produtividade de bulbos decebola. Em populações menores se pro-duz, geralmente, baixos rendimentos ealta porcentagem de bulbos médios egrandes. Em cultivos com densidadesmaiores que a ótima, se têm bulbos pe-quenos e desuniformes de qualidadecomercial inferior, comparativamente aocultivo em densidade adequada.

Não se observou efeito significati-vo da interação espaçamento entre aslinhas e entre as plantas para massa fres-ca do bulbo. No espaçamento de 0,15 mentre as linhas se obteve maior massafresca (95,52 g. bulbo-1) comparativa-mente ao espaçamento de 0,10 m (78,73g. bulbo-1). O coeficiente angular daequação de regressão indica ser este in-cremento da ordem de 17,86 g. bulbo-1

para cada aumento do espaçamento en-tre as plantas (Figura 3). Salienta-se quea maior massa fresca do bulbo foi obti-da tanto com o aumento do espaçamentoentre as plantas como entre as linhas, oque, provavelmente, está relacionado àmaior área de exploração das raízes emenor competição pelos fatores de pro-dução como água, luz e nutrientes.Lopes (1987) constatou para diferentescultivares que com o incremento da den-sidade ocorreu redução no diâmetro ena massa fresca do bulbo. A diminuiçãoda massa fresca do bulbo com o incre-mento da densidade de plantio foi tam-bém observado por outros autores(Galmarini & Gaspera, 1995; Stoffella,1996; Lipinski et al., 2002).

A análise de variância para classifi-cação de bulbos de cebola em porcenta-gem, em classes, segundo o diâmetrotransversal indica efeito significativo dainteração entre os fatores estudados paratodas as classes (Tabela 1). No que serefere à classificação de bulbos classe2, constatou-se para os espaçamentos de0,10 e 0,15 m entre as linhas reduçõeslineares com o aumento do espaçamentoentre as plantas. À medida que se au-mentou o espaçamento, foi observadaredução gradativa na porcentagem des-te tipo de bulbo, que são menores com-parativamente às demais classes. Noentanto, no que se refere à classe 3 (bul-bos de tamanho intermediário), ocorre-ram aumentos lineares com o incremen-to dos espaçamentos entre as plantaspara o espaçamento de 0,10 m entre aslinhas e efeito quadrático constando-semenor porcentagem desse tipo noespaçamento de 0,22 m entre as plantaspara o espaçamento de 0,15 m entre aslinhas.

Para a classe 4, que são bulbos maio-res comparativamente às demais clas-ses, registrou-se um aumento linear àmedida que se aumentou o espaçamento

GM Resende & N. D. Costa

Figura 2. Refugos (produtividade não comercial) de bulbos de cebola nos espaçamentos0,10 e 0,15 m entre as linhas em função dos espaçamentos entre as plantas. Petrolina, EmbrapaSemi-Árido, 1999/2000.

Figura 3. Massa fresca do bulbo de cebola em função dos espaçamentos entre as plantas.Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1999/2000.

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entre as plantas (Tabela 1). Resultadosestes que corroboram os de ViegasD’Abreu (1996), que obteve aumento notamanho de bulbo no maiorespaçamento, assim como os obtidos porStoffella (1996) que verificou maiorporcentagem de bulbos pequenos e mé-dios nos menores espaçamentos, eRumpel & Felczynski (2000) que en-contraram redução na produção de bul-bos maiores com o incremento da den-sidade de plantio.

Os resultados obtidos no presentetrabalho evidenciaram uma relação in-versa entre a densidade de plantio e otamanho do bulbo, onde maiores densi-dades proporcionaram menores bulbos,e vice-versa. Segundo Souza & Resende(2002), o mercado consumidor nacio-nal prefere bulbos de tamanho médiocom massas de 80 a 100 gramas e diâ-metro transversal de 40 a 80 mm. Nestecontexto observou-se para o presenteestudo variações de 78,73 (0,10 m) e95,52 g. bulbo-1 (0,15 m) para oespaçamento entre as linhas e 68,91(0,10 m), 87,86 (0,20 m) e 104,98 g.bulbo-1 (0,30 m) para o espaçamentoentre as plantas, valores esses que satis-fazem praticamente às exigências demercado. A perda de massa aos 20, 40 e60 dias após cura (DAC) foi influencia-da significativamente pelo espaçamentoentre as linhas e as plantas, assim comopela interação desses fatores (Tabela 2).Para porcentagem de perda de massa aos20 dias após cura, verificou-se efeitosda interação evidenciando maiores per-das com o incremento dos espaçamentosentre as plantas. Pelos coeficientes an-gulares das equações de regressão esti-mou-se esta perda de massa em 1,38(0,10 m) e 1,14% (0,15 m) para cadaaumento do espaçamento entre as plan-tas (Tabela 2).

Para a perda de massa aos 40 DAC(Tabela 2) obteve-se efeito significati-vo do espaçamento entre as linhas, noqual o espaçamento de 0,15 m apresen-tou maior perda com 11,22% contra10,13% do espaçamento com 0,10 m.Em relação aos espaçamentos entre asplantas obteve-se um efeito linear posi-tivo, ou seja, à medida que seincrementou o espaçamento entre asplantas ocorreu uma maior perda demassa dos bulbos de cebola. Pelo coefi-

ciente angular da equação de regressãoesta perda foi estimada em 2,85% paracada aumento no espaçamento. Resul-tados similares foram observados quan-to à perda de massa aos 60 DAC, ondeo espaçamento entre as plantas de 0,15m resultou em maior perda com 15,91%contra 14,56% do espaçamento com0,10 m. No que se refere ao espaçamentoentre as plantas constatou-se um efeitolinear positivo, sendo a perda estimadaem 3,10%, para cada aumento noespaçamento (Tabela 2). Inferiu-se porestes resultados, que a maior perda ocor-reu em espaçamentos mais largos, quedeterminaram bulbos maiores, com con-seqüente teores de água mais elevados,no entanto, de pequena magnitude. Re-sultados similares foram observados porTrevisan et al. (1999) que encontraramapós 100 dias de armazenamento, emcondições naturais, 15% de perda demassa de bulbos para diferentes culti-vares estudadas. Já Calbo et al. (1980)observaram perdas de 30% a 100% embulbos de cebola “Baia Periforme” ar-mazenadas até 70 dias, a granel e réstias,em diferentes recipientes.

Em função dos resultados obtidos,recomenda-se os espaçamentos de 0,10e 0,15 m entre as linhas e 0,10 m entreas plantas como os mais adequados parao cultivo da cebola cultivar Texas Grano

Tabela 1. Equações de regressão para classificação de bulbos de cebola, em classes (%),segundo o diâmetro transversal, nos espaçamentos 0,10 e 0,15 m entre as linhas em funçãodos espaçamentos entre as plantas. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1999/2000.

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste de F.

Tabela 2. Equações de regressão para porcentagem de perda de massa aos 20, 40 e 60 diasapós a cura (DAC) de bulbos de cebola em função dos espaçamentos entre as linhas e entreas plantas. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1999/2000.

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste de F.

Produtividade e massa fresca de bulbos de cebola sob densidades de plantio no Vale do São Francisco

502 PRR, nas condições do Vale do SãoFrancisco, para plantio no segundo se-mestre do ano (verão).

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233Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

comunicação científica

Matricaria chamomilla var. recutita(L.) é uma planta herbácea, anual,

aromática, pertencente à famíliaAsteraceae, nativa dos campos da Eu-ropa e aclimatada em algumas regiõesda Ásia e nos países latinos. A parte daplanta utilizada para fins terapêuticos éconstituída dos seus capítulos floraissecos. A partir de suas flores, se obtémóleo essencial contendo camazuleno,camaviolono e abisabolol (Lorenzi &Matos, 2002). As flores de camomilapossuem terpenóides e lactonassesquiterpênicas com atividades bioló-gicas (Sacilotto et al., 2000),polissacarídeos imunoestimulantes,ésteres bicíclicos com atividadeespasmolítica, flavonóides de açãobacteriostática e tricomonicidas, e aapigenina com propriedades ansiolíticae sedativa (Achterrath et al., 1981;Sousa et al., 1991; Viola et al., 1995;

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Ação do estresse térmico na sobrevivência de mudas e produção decamomila originadas de sementes importadas e nacionaisJosé Roberto P de Souza; Juliana N Rocha; Juliana M Melo; Suzana Lucy NixdorfUEL, C. Postal 6001, 86051-990 Londrina-PR; E-mail: [email protected]

Kedzia, 2001). Segundo Silva et al.(1995), a quercetina é um flavonóidepresente na camomila com diversas pro-priedades; tais como antiinflamatória,antivirótica, antioxidante eantimicrobiana.

O estado do Paraná é o maior pro-dutor nacional de camomila (491 t nasafra de 2002), com crescimento signi-ficativo nos últimos sete anos. Porém, oalto custo de produção e problemastecnológicos de mercado têm causado adiminuição da produção para a safracorrente. O que se procura é a melhoriana qualidade do produto final, e tambémdo processo produtivo; isso pode serobtido com sementes melhoradas e dabusca de novas variedades que não se-jam suscetíveis à baixa temperatura(Agro-Fauna, 2003).

Segundo McKersie (1996), plantassubmetidas ao resfriamento podem so-

frer perda de vigor e diminuição das ta-xas de crescimento sem demonstrar sin-tomas visuais, porém a maioria delaspára o crescimento e só retornam quan-do a temperatura torna-se adequada, nãorevertendo o quadro de injúria. Os sin-tomas de injúrias variam conforme atemperatura, o tempo de exposição, acultura, o estado fisiológico e as condi-ções ambientais, como luz, água e nu-trientes (Saltveit & Morris, 1990).

As mudanças e as respostasinduzidas na planta ao estresse térmicoocorrem em todos os níveis funcionaisdo organismo, as quais são reversíveisa princípio, mas podem tornar-se per-manentes. Mesmo se a condição deestresse for temporária, a vitalidade daplanta diminui conforme a duração doestresse. Sob condições de frio, existemenos energia metabólica disponível,restringindo a absorção de água e de

RESUMOAvaliou-se o efeito de baixas temperaturas sobre a sobrevivên-

cia de mudas de camomila (originadas de sementes importadas ecoletadas localmente) e sobre a produtividade da matéria-prima ve-getal. Quarenta mudas com 7 a 10 cm de altura foram transferidaspara câmara de germinação, tipo BOD, de duas procedências, ondepermaneceram por 24 h nas condições: 10 h, com luz e 15ºC; 8 h,sem luz e 10ºC; 3 h, sem luz e 5ºC; 3 h; sem luz e temperaturas de0oC (testemunha), -2ºC, -4ºC e -6ºC. As mudas de sementes localapresentaram maior número de plantas mortas quando aplicadas àstemperaturas de -4 e -6ºC, do que as importadas. O número de florespor planta e o acúmulo de matéria seca de flores por planta foram462% e 226% superior, respectivamente, nas plantas originadas desementes local comparadas com as importadas. O tratamento térmi-co de -6oC proporcionou retomada do crescimento e aumento daprodução das plantas de camomila, contrastando com aquelas sub-metidas às temperaturas de -2oC e -4oC. Os extratos das flores dasplantas originadas de sementes local e importada mostraram igualquantidade de quercetina (substância marcadora).

Palavras-chave: Matricaria chamomilla, planta medicinal, frio, re-sistência.

ABSTRACTAction of termic stress on the survival and yield of chamomile

plantlets from imported and national seeds

In the present trial the effects of low temperatures on the survivingof chamomile seedlings originated from two different origins (localand imported seeds) was evaluated on the development, yield andconcentration of quercetin. Forty to 10 cm high seedlings from thetwo origins were transferred to a germination chamber (BOD) during24 hours and submitted to the conditions: 10 h with light and 15ºC;8 h without light and 10ºC; 3 h without light and 5ºC; 3 h withoutlight and temperatures ranging from 0 (check), -2, -4, and -6ºC. Theseedlings from national seeds were more susceptible to thetemperatures of -4 and -6ºC. There were 462% more flowers perplant and 226% more dry matter accumulation per plant in the plantsoriginated from national seeds compared to the plantlets fromimported seeds. Chamomile plants regrew and showed higher yieldwhen submitted to temperatures of -6oC. The national and importedplants showed the same concentration of quercetin.

Keywords: Matricaria chamomilla, medicinal plants, cold,resistance.

(Recebido para publicação em 1 de abril de 2005; aceito em 29 de maio de 2006)

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nutrientes, os processos de biossínteseocorrem em menor intensidade, a assi-milação é reduzida e o crescimento éinterrompido (Larcher, 2000). Assim, atolerância ao frio é muito importanteporque baixas temperaturas que nãochegam a matar a planta podem levar ainjúria, deixando-a suscetível a outrostipos de estresses ou doenças (McKenzieet al., 1988).

Neste experimento, avaliaram-se asconseqüências de baixas temperaturassobre a sobrevivência de mudas e o de-senvolvimento, produção e qualidadefísico-química da matéria-prima vege-tal de plantas de camomila de duas pro-cedências.

MATERIAL E MÉTODOS

O primeiro experimento foi realiza-do em viveiro de produção de mudas,laboratório e casa de vegetação em Lon-drina-PR, coordenadas de 23º 15’ lati-tude Sul e 51º 10’ longitude Norte. Oclima da região é classificado como cfasegundo a escala de Köeppen. Foramutilizadas sementes de camomila [M.chamomilla var. recutita (L.)] de duasprocedências, local (Londrina) e comer-cial (importada pela empresa Isla). Fo-ram colocadas 4 a 5 sementes por tubetede 50 cm3 de capacidade, contendosubstrato Plantmax. Os tubetes foramdistribuídos em suportes vazados, colo-cados a 1,0 m de altura do solo, e irriga-dos por micro-aspersão (oito turnos detrês min cada um e vazão de 43 L h-1).Foram realizados desbastes periódicospara deixar uma planta por tubete.

Quando as mudas atingiram 7 a 10cm de altura, foi feita uma seleção de40 mudas para a realização dos testesde resistência a frio para os dois mate-riais. O teste foi desenvolvido em câ-mara de germinação tipo BOD, marcaTecnal, modelo TE-401. O tratamentotérmico constituiu-se de uma seqüênciade três períodos com temperaturas co-muns e um com temperatura variávelpara todas as plantas. Os períodos detemperatura e luminosidade utilizadosforam dez horas com luz, sob quatrolâmpadas de 20 W cada, a 15ºC; 8 h semluz; 10ºC e 3 h sem luz e 5ºC. No últi-mo período (temperatura variável), asmudas foram mantidas no escuro duran-

te 3 horas com as temperaturas: 0ºC (tes-temunha), -2ºC; -4ºC e -6ºC. Após oestresse térmico, as mudas retornaramao viveiro onde permaneceram por umasemana para a sua aclimatação. Ao fi-nal dessa fase, foi realizada a contagemdas mudas mortas.

O experimento foi constituído porum fatorial AxB, utilizando-se o deli-neamento inteiramente casualizado comquatro repetições, sendo o fator A repre-sentado pela procedência da semente(local ou importada), e o fator B as tem-peraturas variáveis utilizadas no estressetérmico (0; -2; -4 e -6ºC). Os valoresobtidos foram transformados em Arcseno [raiz (X + alfa)/100], sendo alfaigual a 0,5 para a realização da análisede variância, e a comparação entre asmédias foi realizada pelo teste de Tukeya 5% de significância. Cada parcela darepetição foi constituída por 10 plantas.

No segundo experimento foramselecionadas dez mudas do total de so-breviventes do primeiro experimento decada tratamento. Duas mudas foramtransplantadas para cada vaso cerâmicocom capacidade de 5 L e mantidas emcasa de vegetação. Para o enchimentodos vasos utilizou-se 50% de solo desub-superfície, 50% de vermicompostoalém de 10 g do adubo formulado N-P-K (10-10-10). Após um mês dotransplantio, iniciou-se a colheita dasplantas de camomila originadas de se-mentes local. A colheita dos capítulosflorais foi realizada manualmente quan-do as pétalas formavam um ângulo de90º com o receptáculo floral. A colheitade cada tratamento foi realizada sema-nalmente durante dois meses.

Plantas originadas de sementes deprocedência local e importada foramdeixadas durante 24 h a 5ºC paraindução do florescimento, 45 dias apóso transplantio. Após uma semana dessetratamento, iniciou-se a colheita, sendorepetida semanalmente durante doismeses. Realizou-se a contagem do nú-mero de flores e medição da altura dasplantas no momento da colheita para ostratamentos. Em seguida, todo o mate-rial foi encaminhado para estufa de cir-culação de ar forçado sob 35ºC até atin-gir 12% de teor de água. Em seguida,avaliou-se a produtividade (g/planta). Oexperimento foi constituído por um fa-

torial AxB, utilizando-se o delineamen-to inteiramente casualizado com cincorepetições. O fator A foi representadopela procedência da semente e o fator Bpela temperatura utilizada no estressetérmico. A variável número de floressofreu transformação raiz quadrada deX. Os dados obtidos foram submetidosà análise de variância, e as médias fo-ram comparadas pelo teste de Tukey a5% de significância.

A caracterização da qualidade físi-co-química da matéria-prima vegetaldas duas procedências foi executadasegundo técnicas, quantidades emetodologias contidas na FarmacopéiaBrasileira, Parte I (1988). A presença equantificação de óleos essenciais dasflores de camomila foram realizadaspelo processo de destilação por arrastede vapor. Foram avaliadas, também, asquantidades de cinzas totais (substânciasresiduais não-voláteis), de cinzas inso-lúveis em ácido, e o teor de água dosmateriais. O extrato aquoso das floresde cada procedência foi preparado comcolocação de 2 g de capítulos floraissecos em 100 mL de água de destilada(2% m/v), através do método da infu-são. Os extratos foram submetidos aanálises de Cromatografia Líquida deAlta Eficiência (CLAE), onde a subs-tância marcadora para o controle de qua-lidade foi a quercetina, e a fase móvelfoi formada pela mistura de metanol eácido fosfórico 0,16 M (53:47 v/v) numcomprimento de onda de 255 nm.

Inicialmente a análise do teor da subs-tância marcadora dos extratos, foi desen-volvida uma curva analítica de padrão dequercetina, dissolvida em metanol (grauHPLC), de forma a se obter as concen-trações 0,5; 1; 2,5; 5 e 10 µg mL-1. Assoluções foram filtradas com o uso demembrana de nylon, 0,22 micra,descartáveis (HATF 04700 – Millipore).Os equipamentos utilizados na análisecromatográfica foram: bomba LC-10AD(Shimatzu), válvula injetora de alta pres-são com controle eletrônico de 10 vias(loop de 10 mL) (VICI) pré-coluna deC-18 sílica (Hamilton), coluna de fasereversa Microsorb MV 100-5018 (250 x4,6 mm, 5 mm) (Varian), detector UV-VIS 2550 (Varian), sistema de dados sé-rie PE–Nelson, com microcomputadorPentium 166 MHz, em ambienteWindows.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

No primeiro experimento, ainteração dos fatores (procedência etemperatura) não foi significativa parao número de mudas mortas; porém,quando a procedência foi avaliada se-paradamente, as mudas originadas desementes local apresentaram maior por-centagem de mortalidade (42,5%), coma redução da temperatura a partir de-4oC. Já as mudas originadas de semen-tes importadas demonstraram aumentosignificativo de mortalidade a partir de-6oC, com 55% de mudas mortas.

Em casa de vegetação, plantas deorigem local floresceram um mês apóso transplantio, enquanto que as de ori-gem importada não apresentavam sinaisde formação dos botões florais depoisde 45 dias do transplantio. Não foi ava-liado se este florescimento tardio foiconseqüência das diferenças climáticasentre o local do experimento e o localde origem da semente, diferenças entreos genótipos de camomila ou se real-mente foi o frio o causador deste atraso,concordando com a afirmação deMcKersie (1996), de que o resfriamentopode afetar duramente o processo deflorescimento, a produção de pólen e agerminação.

No segundo experimento, ainteração dos fatores procedência e tem-peratura não foram significativas paranúmero de flores por planta, altura dahaste principal, e acúmulo de matériaseca de flores por planta. Considerandoos fatores separadamente verificou-se di-ferença significativa entre os tratamen-tos (Tabela 2). Plantas originadas de se-mentes local produziram maior númerode flores por planta (462% superior) eacúmulo de matéria seca de flores porplanta (226% superior), em comparaçãoàquelas originadas de sementes impor-tadas (Tabela 2). Com relação ao fatortemperatura, as variáveis número de flo-res e matéria seca de flores diminuíramsignificativamente para plantas que fo-ram submetidas a temperatura de até-4ºC. Já as mudas que receberam o tra-tamento de -6ºC originaram plantas decrescimento e a produção igual a teste-munha, ou seja, foram superiores aos doistratamentos anteriores, independente-

Tabela 1. Média de altura da haste principal, número de flores por planta e acúmulo dematéria seca das flores por planta de camomila originada de sementes de duas procedências,após permanência por 3 h a 0, -2, -4 e -6ºC. Londrina, UEL, 2004.

*Médias seguidas da mesma letra na horizontal, maiúscula para temperatura e minúsculapara procedência, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Figura 1. Cromatograma da análise da quercetina do infuso da camomila local (A) e impor-tada (B) (2% m v-1), fase móvel: MeOH: H

3PO

4 0,16 M (53:47 v/v). Vazão: 0,6 mL min-1;

Vol. Inj.: 10 mL; Microsorb MV C-18, a temperatura ambiente; UV-VIS=255 nm. Londrina,UEL, 2004.

Ação do estresse térmico na sobrevivência de mudas e produção de camomila originadas de sementes importadas e nacionais

mente da procedência da planta (local ouimportada). A variável altura não apre-sentou diferenças significativas entre astemperaturas empregadas. Entretanto,

verificou-se que plantas originadas de se-mentes importadas apresentaram-se 60%mais altas do que aquelas originadas desementes da safra local (Tabela 2).

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As plantas originadas de todos ostratamentos não apresentaram nenhumsintoma visual de injúria marcante peloefeito das baixas temperaturas. Plantasde camomila oriundas de mudas subme-tidas a temperatura -6ºC apresentaramrecuperação do crescimento e da pro-dutividade após atingirem valores maisbaixos na temperatura de -4ºC (Tabela 1).Esta recuperação aconteceu, possivel-mente, após a fase de alarme, quando asfunções vitais diminuem; as mudas pas-saram para a fase de restituição, ondesintetizaram proteínas e substânciascrioprotetoras, aumentando sua resistên-cia ao frio (Larcher, 1995). Esse proces-so de indução e manutenção daaclimatação ao frio requer energia me-tabólica. Inicialmente, esta energia ésuprida via endosperma da semente, maspara o posterior crescimento e desenvol-vimento, a fotossíntese torna-se a fonteprimária de energia (Puma & Huner,1985). É possível verificar que as con-dições a que as mudas e plantas foramsubmetidas após o tratamento de -6oCpropiciaram um bom suprimentoenergético via fotossíntese, permitindoa continuidade do seu processo de de-senvolvimento e produção. As injúriasprovocadas pelas baixas temperaturasnas plantas foram reversíveis (Tabela 1),não alcançando o nível permanente su-posto por Larcher (2000).

Não foi possível quantificar os óleosessenciais das flores de camomila, por-que não havia quantidade de materialsuficiente para a realização da técnica;porém, foi possível verificar a presençado camazuleno, substância de cor azul,responsável pela propriedadeantiinflamatória da camomila em todosos tratamentos. Segundo os padrões daOrganização Mundial da Saúde (OMS)(Geneva, 1999), os teores de cinzas to-tais e de cinzas insolúveis em ácido dacamomila não devem exceder 13% e 4%respectivamente, e o teor de água deveficar entre 8 e 14%. Os resultados obti-dos estão dentro dos padrões estabele-cidos pela OMS, com exceção do teorde cinzas insolúveis em ácido para o

material vegetal originado de sementesimportadas que foi 6,16 +/- 0,18%.

Para a determinação do perfilcromatográfico da camomila, houvenecessidade da adaptação da técnicaaplicada à marcela [Achyroclinessatoreoides (Lam.) – Asteraceae] paraa obtenção do padrão da quercetina des-crita na respectiva monografia naFarmacopéia Brasileira, Parte II (2001).A curva analítica da quercetina obteveum coeficiente de correlação de 0,999comprovando a linearidade dametodologia analítica empregada. Oscromatogramas dos extratos aquosos dacamomila de origem local (CNAC) e daimportada (CMIPV1) estão na Figura 1.A análise do cromatograma mostrou umpico de quercetina aos 11,22 min (tem-po de retenção) após o início da análisepara a camomila de origem local (Figu-ra 1A). O cromatograma de análise dequercetina do extrato de camomila deorigem importada (CMIPV1) não apre-sentou diferenças visuais, nem quanto aquantidade da substância (0,2374 µgmL-1), comparado com o extrato decamomila de origem local (Figura 1B).Fatma et al. (1999) também verificaramque a aplicação de baixas temperaturas,só que em sementes de camomila, nãoaltera a constituição dos metabólitos dosóleos essenciais das flores.

A origem da semente mostrou ser umfator importante para a produção decamomila em regiões mais frias. Asmudas de camomila suportam tempera-turas de até -2oC sem causar mortes eperdas de produtividade.

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JRP Souza et al.

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Dentre as culturas oleráceas tipica-mente tropicais, as cucurbitáceas

ocupam um lugar de destaque, sendoseus produtos de grande aceitação po-pular. A espécie Cucurbita moschata(abóbora) tem como centro de origem aregião central do México (Filgueira,2000). Há um grupo de abóboras colhi-do como abobrinha verde, que é maisbem aceito que a abobrinha-italiana emmuitos mercados interioranos. Um bomexemplo é a tradicional cultivar Meni-na Brasileira, cujos frutos são cilíndri-cos, medindo cerca de 25 cm de com-primento, e apresentam pescoço. Ape-sar da grande aceitação do fruto ‘innatura’, surge uma nova possibilidade

VILAS BOAS BM; NUNES EE; VILAS BOAS EVB; XISTO ALRP. 2006. Influência do tipo de corte na qualidade de abobrinha ‘Menina Brasileira’minimamente processada. Horticultura Brasileira 24: 237-240.

Influência do tipo de corte na qualidade de abobrinha ‘Menina Brasilei-ra’ minimamente processadaBrígida M Vilas Boas1,2; Elisângela Elena Nunes1,2; Eduardo Valério de B Vilas Boas1,3; Andréa Luiza RPXisto1,3

1UFLA- Depto Ciência dos Alimentos-DCA, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; 2Bolsista CAPES; 3 Bolsista CNPq; E-mail:[email protected]

de comercialização desses frutos, que éna forma de produtos minimamente pro-cessados.

Segundo o IFPA (2004), produtosminimamente processados são frutos ehortaliças que sofreram alterações físi-cas a partir de sua forma original, man-tendo o seu frescor, sem perder a quali-dade nutricional e sensorial. As etapasdo processamento mínimo constituemde seleção, lavagem, descascamento ecorte, resultando num produto 100%aproveitável. Esses produtos terão queter vida de prateleira suficiente para ga-rantir um bom período decomercialização e serem seguros aosconsumidores.

Os produtos minimamente proces-sados são altamente perecíveis devidoà exposição de seus tecidos internos,causado pelo descascamento e corte.Reações químicas responsáveis pelasmodificações da qualidade sensorial(cor, sabor, aroma e textura), bem comonutricional, ocorrem em decorrência dodano físico ou ferimento provocado peloprocessamento mínimo. Quanto maioro grau de processamento, mais intensassão as respostas aos ferimentos(Chitarra, 2001; Cantwell & Suslow,2002). Diversos procedimentos têm sidoutilizados no controle de alterações fi-siológicas indesejáveis e que afetam ad-versamente a qualidade dos produtos

RESUMOO objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do tipo de corte na

manutenção da qualidade de abobrinhas ‘Menina Brasileira’ mini-mamente processadas armazenadas sob refrigeração. As abobrinhasforam fatiadas ou raladas, sendo sanificadas com solução dehipoclorito de sódio 50 mg L-1 por 10 minutos. Estas foram acondi-cionadas em bandejas de polipropileno envoltas com filme de PVC(0,020 mm de espessura), e armazenadas em câmara fria (6oC e 95%UR) por 12 dias. As seguintes variáveis foram avaliadas: perda demassa, pH, sólidos solúveis (SS), valores L*, C* e ho, aparência ecor. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramentecasualizado em esquema fatorial (2x5), sendo dois tipos de corte(fatiada e ralada) e cinco tempos de armazenamento (0, 3, 6, 9 e 12dias). A perda de massa foi pequena, atingindo valores máximos de1,5% para a abobrinha ralada. Os valores de pH foram menores apartir do 6o dia nas abobrinhas raladas quando comparadas às fatiadas.Após o 3o dia de armazenamento, as abobrinhas raladas apresenta-ram menores valores de SS em relação às abobrinhas fatiadas. Maio-res valores L* foram encontrados nas abobrinhas fatiadas, obser-vando-se um acréscimo ao longo do armazenamento. Abobrinhafatiada apresentou menores perdas de coloração, baseado nos valo-res h° e C* e melhor aceitabilidade quando avaliada sensorialmenteem relação à ralada, com decréscimos nas notas com oarmazenamento. O tipo de corte influencia a vida de prateleira deabobrinha minimamente processada sendo que as formas fatiada eralada mantêm a aparência e as características físico-químicas até o12o dia de armazenamento.

Palavras-chave: Cucurbita moschata, armazenamento, refrigeração.

ABSTRACTInfluence of cut type on quality of cv. ‘Menina Brasileira’

summer squash fresh-cut

The goal of this work was to evaluate the effect of the type ofcut the on maintenance quality of fresh-cut 'Menina Brasileira'summer squash stored under refrigeration. Summer squashes weresliced or grated and sanitized with sodium hypochloride solution at50 mg L-1 for 10 minutes. They were placed in polypropylenepackages covered with PVC film (0.020 mm), and stored in coldchamber (6oC and 95% RH) for 12 days. The following variableswere evaluated: Fresh mass loss, pH, soluble solids (SS), L*, C*and h° values, appearance and color. The experiment was carriedout in completely random design in factorial scheme (2x5), withtwo types of cut (sliced e grated) and five times of storage (0, 3, 6, 9and 12 days). The fresh mass loss was low, attaining maximal valuesof 1.5% in grated summer squash. The values of pH in grated summersquashes were lower than in sliced summer squashes from 6th day.Grated summer squashes presented lower SS content than slicedsummer squashes, after 3rd day of storage. Higher L* values werefound in sliced summer squashes and an increase in that variablewas observed during the storage. Sliced summer squash presentedlower color losses, based to h° and C* values, and better sensorialacceptability in relation to grated one, with reduction in their scoresover the storage period. It was the cut type wich influences the shelf-life of sliced and grated summer squashes, keeping their appearanceand physical-chemical characteristics until the 12th day of storage.

Keywords: Cucurbita moschata, storage, refrigeration.

(Recebido para publicação em 25 de abril de 2005; aceito em 26 de abril de 2006)

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minimamente processados. Seleção decultivares, refrigeração adequada, contro-le da umidade e uso de atmosfera modi-ficada têm sido empregados com suces-so para preservar a qualidade dos produ-tos e estender sua vida de prateleira.

O processamento mínimo inclui cor-tes e outros estresses mecânicos, queaceleram o metabolismo da hortaliça,levando à sua rápida deterioração. Des-ta maneira, o produto obtido tem vidaútil menor do que a hortaliça que lhedeu origem e requer condições especí-ficas de acondicionamento earmazenamento, principalmente quan-to ao controle da temperatura (Luengo& Lana, 1997).

O objetivo deste trabalho foi avaliaro efeito do tipo de corte na manutençãoda qualidade de abobrinhas ‘Menina Bra-sileira’ minimamente processadas e ar-mazenadas sob refrigeração, por 12 dias.

MATERIAL E MÉTODOS

Utilizou-se abobrinhas da cultivarMenina Brasileira provenientes daCEASA, MG e adquiridas no comérciolocal de Lavras, MG, sem defeitos apa-rentes e uniformes quanto ao diâmetrodo pescoço (5 cm de diâmetro). Os fru-tos foram transportadas para o Labora-tório defisiologia Pós-Colheita de Fru-tos e Hortaliças da UFLA, Lavras (MG).

Foram lavadas com detergente neutro afim de retirar a matéria orgânica e as de-mais impurezas aderidas ao produto. Aetapa seguinte foi a sanificação atravésda imersão dos frutos em solução dehipoclorito de sódio a 300 mg.L-1 por15 minutos, seguida de secagem à tem-peratura ambiente. As abobrinhas foramfatiadas (7 mm de espessura) ou raladas(tiras de 3 cm de comprimento) manu-almente com auxílio de faca inoxidávelafiada e ralador inox com orifícios de0,5 cm de diâmetro, respectivamente,sendo posteriormente sanificadas comhipoclorito de sódio a 50 mg L-1 por 10minutos. Em seguida, as abobrinhasfatiadas e as raladas foram escorridas empeneira plástica, por 2 minutos, para aretirada do excesso de líquido acumu-lado. O produto minimamente proces-sado foi acondicionado em bandejas depolipropileno (15,0 cm x 11,5 cm x 4,5cm), envoltas com filme de PVC (0,020mm de espessura). As bandejas foramarmazenadas em câmara fria (6 ± 1,5oCe 95% UR) por 12 dias e as análises rea-lizadas a cada 3 dias. As seguintes vari-áveis foram analisadas:

Perda de massa (%): calculada peladiferença entre a massa inicial da abo-brinha minimamente processada e aobtida em cada tempo dearmazenamento, utilizando-se balançasemi-analítica Mettler modelo PC 2000.

As avaliações de pH e sólidos solú-veis foram feitas em homogenato filtra-do em organza, após trituração da polpaem homogeneizador de tecido na pro-porção 1:5 (polpa:água).

pH: determinado utilizando-se umpHmetro Schott Handylab, segundo atécnica da AOAC (1992).

Sólidos solúveis (oBrix): utilizandorefratômetro digital ATAGO PR-100(AOAC, 1992).

Valor L*, C* e ho: utilizou-secolorímetro marca Minolta, modelo CR300, realizando-se as leituras dos valo-res L*, a* e b*, sendo estes dois últi-mos transformados em C*(cromaticidade) e ho (ângulo hue ou ân-gulo de cor). As leituras foram feitas nocentro de cinco fatias de abobrinhas eem cinco pontos, diretamente, na super-fície do produto ralado e contido naembalagem.

Aparência e cor: foram avaliadassensorialmente por 20 pessoas não trei-nadas, que utilizaram escala hedônica de5 pontos para dar notas à aparência e àcor dos produtos fatiados e ralados: 1-não consumível, 2- limite de consumo,3- limite de comercialização, 4- bom e5- excelente.

O experimento foi conduzido emdelineamento inteiramente casualizado,com 3 repetições, em esquema fatorial2 x 5, sendo 2 tipos de corte (fatiada eralada), e 5 tempos de armazenamento(0; 3; 6; 9 e 12 dias). As análises estatís-ticas foram realizadas através de análi-se de variância, teste de médias e regres-são polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve interação significativa entreos fatores tipo de corte e tempo dearmazenamento para a variável perda demassa. A abobrinha ralada apresentoumaior porcentagem de perda de massaque a fatiada no nono e décimo segun-do dias de armazenamento (Tabela 1).A abobrinha ralada é um produto mini-mamente processado com maior área deexposição dos tecidos internos e maispropício à perda de exsudatos, o quepode comprometer a aparência(murchamento e enrugamento), a tex-tura (amaciamento e perda de frescor) e

Tabela 1. Valores médios de perda de massa, pH, sólidos solúveis e ângulo de cor (ho) deabobrinhas minimamente processadas e armazenadas sob refrigeração (6±1,5oC e 95% UR)por 12 dias. Lavras, UFLA, 2004.

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5%.

BM Vilas Boas et al.

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a qualidade nutricional. Porém, em ter-mos práticos, essa perda de massa foipequena, não ultrapassando 1,5% noproduto ralado, pois o do filme de PVCutilizado oferece uma barreira contra asaída de vapor de água do interior daembalagem. Vitti et al. (2003) encon-traram valores de perda de massa pró-ximos a 0% em beterrabas minimamenteprocessadas e acondicionadas em ban-dejas de poliestireno expandido envol-vidas com filme de PVC (0,014 mm deespessura) e armazenadas por 10 dias, a5oC. Os resultados encontrados no pre-sente trabalho concordam com os deIzumi et al. (1996) que observarammaior perda de massa em cenouras ra-ladas (3,3%), quando comparadas comcenouras fatiadas (1,5%), durantearmazenamento a 5ºC, por 21 dias.

As variáveis pH e sólidos solúveis(SS) foram influenciadasinterativamente pelos fatores, tipo decorte e tempo de armazenamento. Nasabobrinhas raladas, os valores de pH eSS foram menores em relação àsfatiadas, a partir do sexto e terceiro diasde armazenamento, respectivamente(Tabela 1).

O ato de ralar é mais estressante parao tecido vegetal que o corte em fatias,pois aumenta a superfície cortada dovegetal e a descompartimentação celu-lar, levando ao maior extravasamento doconteúdo celular. Tal extravasamento,bem como a possível exacerbação dometabolismo provocada pelo estresse,parecem ter promovido a maior redu-ção dos teores de SS nas abobrinhas ra-ladas, visto que o metabolismo promo-ve decréscimos nas reservas energéticas,principalmente dos açúcares livres e dosácidos orgânicos (Chitarra, 2001).

De acordo com Luengo & Lana(1997), a utilização de instrumentos decorte bem afiados é importante para aobtenção de produtos com alta qualida-de, bem como a direção do corte influ-encia a vida útil. A durabilidade de pi-mentão e cenoura cortadas no sentidotransversal (rodelas) é maior quandocomparada com o corte longitudinal (pa-lito) (Luengo & Lana, 1997).

As variáveis luminosidade (L*) ecromaticidade (C*) foram afetadas sig-nificativamente pelos fatores tipo decorte e tempo de armazenamento, não

havendo interação entre estes fatores.Maiores valores de L* foram encontra-dos nas abobrinhas minimamente pro-cessadas em fatias (Tabela 2), uma vezque as determinações foram feitas ape-nas no centro das fatias, sem interferên-cia da casca.

O valor de C*, aumenta, a partir dozero, em função de aumentos nos valo-res absolutos de a* e b*. A abobrinhafatiada apresentou maior valor de C* emrelação à ralada, sugerindo uma colora-ção amarela mais clara, que pode serreforçada pelo seu maior valor L* (Ta-bela 2). Já a abobrinha ralada apresen-tou coloração esverdeada mais intensa,devido à presença da casca.

De acordo com a Figura 1A, foi ob-servado uma tendência de acréscimo novalor L* ao longo do armazenamento.Isto pode ser devido à desidratação daabobrinha minimamente processada.Pilon (2003) observou umesbranquiçamento em cenoura minima-mente processada durante todo períodode armazenamento (21 dias a 1±1ºC).

As abobrinhas minimamente proces-sadas apresentaram decréscimo nos va-lores de C* até o sexto dia, o que impli-

ca em uma diminuição na intensidadeda cor, observando-se em seguida au-mento nestes valores até o final doarmazenamento (Figura 1B).

Verificou-se interação significativa en-tre os fatores tipo de corte e tempo dearmazenamento para a variável ângulo decor (h0). Durante todo o período dearmazenamento, a abobrinha ralada apre-sentou maior ângulo de cor (h0) (Tabela 1),o que indica a tonalidade de cor mais ver-de. O h0 é definido iniciando no eixo +a* eé expresso em graus; 00 seria +a*,correspondendo ao verde e 2700 seria –b*,correspondendo ao azul. Logo, os valoresde h0 encontrados neste trabalho sugeremcoloração amarelo-esverdeada para as abo-brinhas, menos intensamente esverdeadonas abobrinhas fatiadas. Observou-se tam-bém que tanto o ângulo de cor da abobri-nha fatiada quanto o da ralada reduziramdurante o período de armazenamento, umavez que a perda de coloração foi mais acen-tuada na abobrinha ralada (Tabela 1).

Houve efeito significativo dos fato-res tipo de corte e tempo dearmazenamento para as variáveis apa-rência e cor, isoladamente. A abobrinhafatiada apresentou melhor aceitabilidadequando avaliada sensorialmente, quan-

Tabela 2. Valor luminosidade (L*), valor de cromaticidade (C*) e análise sensorial da apa-rência e da coloração (notas) de abobrinhas minimamente processadas e armazenadas sobrefrigeração (6 ± 1,5oC e 95% UR) por 12 dias. Lavras, UFLA, 2004.

Notas: 1- não consumível, 2- limite de consumo, 3- limite de comercialização, 4- bom e 5-excelente.Obs.: Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5%.

Figura 1. Luminosidade (L*) (A) e cromaticidade (C*) (B) de abobrinhas minimamente pro-cessadas e armazenadas sob refrigeração (6±1,5oC e 95% UR) por 12 dias. Lavras, UFLA,2004.

Influência do tipo de corte na qualidade de abobrinha ‘Menina Brasileira’ minimamente processada

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Figura 2. Avaliação sensorial da aparência (A) e da corolação (B) de abobrinhas minima-mente processadas e armazenadas sob refrigeração (6±1,5oC e 95% UR), por 12 dias. La-vras, UFLA, 2004.1Nota 1 não consumível, 2 limite de consumo, 3 limite de comercialização, 4 bom e 5 exce-lente.

to a aparência e coloração, em relação àralada (Tabela 2), o que coincide com aavaliação instrumental da coloração, coma abobrinha fatiada apresentando colora-ção amarelada clara. As notas relativas àaparência e a coloração das abobrinhasminimamente processadas diminuíramdurante o período de armazenamento (Fi-guras 2A e 2B).

Após o processamento mínimo, asabobrinhas fatiadas e as raladas receberamnotas 4,7, referente ao conceito excelente,do terceiro ao nono dia as notas mantive-ram-se em torno de 4,0 (bom) e no déci-mo segundo dia nota decresceu para 3,0(limite de comercialização). Logo, a abo-brinha minimamente processada, a despei-to do tipo de corte, manteve-se aparente-mente apta para comercialização até o dé-

cimo segundo dia.

Diante dos resultados obtidos nestetrabalho pode-se concluir que o tipo decorte influencia a vida de prateleira deabobrinha ‘Menina Brasileira’ minima-mente processada, sendo que as formasfatiada e ralada mantêm a aparência eas características físico-químicas até odécimo segundo dia de armazenamento.A abobrinha fatiada apresenta menoresperdas de massa e de coloração e maio-res teores de sólidos solúveis e de pHem relação à ralada.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pelo apoio financeiro con-cedido para realização deste trabalho.

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BM Vilas Boas et al.

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241Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

No sistema de produção da batatabrasileira, sempre houve depen-

dência da batata-semente importada depaíses como Holanda, Alemanha e Su-écia, onde as condições climáticas difi-cultam o desenvolvimento de viroses(Sousa-Dias & Costa, 1984; Sousa-Diaset al., 1993). As viroses da cultura dabatata constituem-se entre as principaisdificuldades enfrentadas pelos produto-res, uma vez que causamdegenerescência da batata-semente, comqueda significativa da produtividadegeração após geração. Em razão dascondições adversas, sobretudo na pro-dução do tubérculo-semente, as impor-tações representam significativo mon-tante em dólar que evadido do país anu-almente (6 a 9 milhões). Em 2002-2003,segundo a ABBA (Associação Brasilei-ra da Batata), citada por Batata Show(2003), as importações foram de2.734,52 toneladas com 52,50% destetotal proveniente da Holanda e o restantedo Canadá, Chile, Escócia, França e Ale-manha. A aplicação de técnicas de cul-tura de tecidos vegetais, visando a pro-dução em larga escala de plantas isen-tas de patógenos, em especial vírus, vem

SILVA EC; GIUSTO AB; SOUSA DIAS JAC. 2006. Produção de minitubérculos a partir de brotos de cultivares de batata em diferentes combinações desubstratos. Horticultura Brasileira 24: 241-244.

Produção de minitubérculos a partir de brotos de batata em diferentescombinações de substratosErnani Clarete da Silva1; Andressa B Giusto2;3; José Alberto C de Sousa Dias2

1UNIFENAS, C. Postal 23, 70130-000 Alfenas–MG; E-mail: [email protected]; 2IAC/APTA, Campinas-SP; E-mail:[email protected] 3Bolsista FUNDAG

sendo utilizada desde a década de 50como alternativa para solucionar o pro-blema da falta de material propagativocom alta qualidade fitossanitária (Cas-tro, 1991). Entretanto, apesar da eficiên-cia destas técnicas, é importante a reali-zação de testes de indexação para osprincipais vírus ocorrentes na regiãodurante todo o processo produtivo. Se-gundo Medeiros et al. (2000), a produ-ção de sementes básicas e certificadasatravés de cultura de tecidos, inicia-secom a produção de plantas in vitro, que,após um período de aclimatização, sãotransferidas para telados onde produzi-rão os tubérculos na primeira etapa doprocesso de produção de sementes pré-básicas. Nos telados, além da necessi-dade de desinfestação do solo com pro-dutos químicos, normalmente danososao meio ambiente, a produtividadealcançada é bastante baixa, não ultra-passando cinco tubérculos por planta.Por outro lado a propagação da batatafeita principalmente por via vegetativa,através de tubérculos apresenta desvan-tagens quanto ao armazenamento, trans-porte, quantidade necessária ao plantioe sanidade, o que pode comprometer até

50% da produtividade (Medeiros, et al.,2001a). Segundo Medeiros et al. (2001a,2001b) e Pereira et al. (2001), os resul-tados até então alcançados no Brasil coma produção de tubérculos em sistemashidropônicos indicam um importanteavanço no processo produtivo de semen-tes de batata, contribuindo para aumen-tar a taxa de multiplicação de tubércu-los pré-básicos. No Brasil, usualmente,os brotos de batata-semente importadasão descartados como prática fitotécnicaexecutada antes do plantio para aumen-tar a taxa de multiplicação dos lotes. Aausência da dominância apical dos bro-tos removidos acaba por promover umamelhor brotação dos tubérculos. Comoeste material é livre de viroses, a utili-zação do mesmo tem sido consideradauma técnica promissora na produção deminitubérculos de batata-semente. Osbrotos podem ser plantados em vasos,canteiros ou bandejas dentro de teladosanti-afídeos, de forma bastante prática,versátil e a baixo custo. Cada broto ori-gina uma média de três minitubérculos,de tamanhos que podem superar 5 cmde diâmetro. Esses minitubérculos so-mam-se aos lotes de batata-semente

RESUMOO presente trabalho teve como objetivo estudar cultivares e

substratos na produção de minitubérculos de batata a partir debrotações de batata-semente. O delineamento experimental utiliza-do foi o de blocos ao acaso, em esquema fatorial 7x3, com três repe-tições. Os fatores estudados foram sete formulações de substratocom as seguintes proporções volumétricas: (1) terra autoclavada;(2) terra autoclavada + Plantmax (2:1); (3) terra autoclavada + fibrade coco (2:1); (4) fibra de coco; (5) Plantmax; (6) Plantmax + cascade arroz carbonizada (2:1) e (7) vermiculita e três cultivares de bata-ta (Asterix, Monalisa e Ágata), fornecedoras de brotos. Os substratosPlantmax e fibra de coco e os brotos originados das três cultivaresde batata são viáveis para este tipo de propagação.

Palavras-chave: Solanum tuberosum, brotações, batata-semente,propagação.

ABSTRACTProduction of potato minituber by sprouts grown in several

substrate combinations

Several types of substrates were evaluated for seed-potato minituberproduction of three cultivars, using sprouts as a propagation material.The experimental design was of randomized blocks distributed on a7x3 factorial model containing three replicates of each treatment. Sevensubstrate types were evaluated: (1) autoclaved soil; (2) autoclaved soil+ Plantmax (2:1); (3) autoclaved soil + coconut fiber (2:1); (4) coconutfiber; (5) Plantmax; (6) Plantmax + carbonized rice shell (2:1); and (7)vermiculite and the potato cultivars Asterix, Monalisa and Ágata. Thesubstrates Plantmax and coconut fiber and the sprouts originated fromthe tree potato cultivars are viable for this propagation type.

Keywords: Solanum tuberosum, sprouts, seed potato, propagation.

(Recebido para publicação em 27 de abril de 2005; aceito em 10 de maio de 2006)

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nacional de alta sanidade (classe bási-ca), podendo ser plantados diretamenteno campo, com resultados de produtivi-dade e sanidade semelhantes aos obti-dos com os originados do plantio feitocom batata-semente importada ou bási-ca nacional (Sousa-Dias & Costa, 1998).

A batateira é uma planta herbáceacuja parte subterrânea do caule é forma-da pelos estólons (pseudocaule) que dãoorigem aos tubérculos nas suas extremi-dades (Párraga & Cardoso, 1981). Porconseguinte, as propriedades físicas dosolo sob cultivo da batata assumem gran-de importância, sendo preferíveis àque-les de textura média, não muito argilo-sos nem compactos, que possibilitem umótimo desenvolvimento de raízes,estólons e tubérculos (Filgueira, 1999).

Substratos são meios onde se desen-volvem as raízes das plantas cultivadasfora do solo (Carneiro, 1995) e consti-tuem-se de formas comerciais de pron-to uso, que podem ser acrescidos demateriais como casca de arroz carboni-zada, vermiculita, terra de barranco,húmus e outros (Faquim & Vilela,1996), melhorando o seu rendimento(Nannette & Souza, 1998), e as sua pro-priedades físicas. Portanto, um substratoagrícola deve guardar uma proporçãoadequada entre macro e microporos.Esta característica favorece a atividadefisiológica das raízes e, conseqüente-mente, o desenvolvimento das plantas(Fernandes et al., 2002), principalmen-te em plantas cujo produto comercial sedesenvolve subterraneamente.

O objetivo deste trabalho foi estu-dar o efeito de cultivares e diferentescomposições de substratos na produçãode minitubérculos de batata a partir debrotações de batata-semente importada.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nas de-pendências da UNIFENAS, de 14/05/03 a 11/08/03. Utilizou-se uma estrutu-ra de proteção de 85 m2 (17 m x 5 m),modelo capela, com cobertura de plás-tico transparente de 100 micra de espes-sura aditivada contra raios ultravioletas.O delineamento experimental utilizadofoi de blocos ao acaso, em esquema fa-torial 7x3 com três repetições. Os fato-res estudados foram sete formulações desubstrato nas seguintes proporções: (1)terra autoclavada; (2) terra autoclavada+ Plantmax (2:1); (3) terra autoclavada+ fibra de coco (2:1); (4) fibra de coco;(5) Plantmax; (6) Plantmax + casca dearroz carbonizada (2:1) e (7) vermiculitae três cultivares de batata-semente im-portadas, fornecedoras de brotos(Asterix, Monalisa e Ágata). Estas cul-tivares, amplamente cultivadas no Bra-sil, são apropriadas para cozimento(Ágata e Monalisa) e com excelentesqualidades para fritura na forma de ba-tata palha e palito (Melo, 1999; BatataShow, 2001). Os brotos, com média de2 a 3 cm de comprimento apresentavamalta sanidade, livres de viroses cuja ve-rificação foi feita na Universidade Fe-

deral de Lavras. Posteriormente, estesbrotos foram plantados em sacolas deplástico com capacidade de 1,8 L. Osubstrato Plantmax HT empregado foium produto compostado e estabilizadocom cascas processadas e enriquecidas,vermiculita expandida, turfa processa-da e enriquecida, desenvolvido especi-ficamente para a produção de mudas desolanáceas e brássicas; O substrato fi-bra de coco W 47 empregado foi umformulado a partir de 100% de fibra decoco, de textura fina, indicado princi-palmente para formação de mudas embandejas e tubetes; O Bio RicaVermiculita foi um substrato compostoà base de vermiculita, enriquecido commicroorganismos benéficos, compostovegetal e fosfato natural; A casca de ar-roz carbonizada foi obtida pela incine-ração em incinerador de fogo brando; Aterra autoclavadafoi obtida de terra debarranco, latossolo vermelho de texturaareno-argilosa submetida à temperatu-ra de 121°C em autoclave. Nenhum tipode adubo foi acrescido aos substratos.Os tratos culturais e fitossanitários fo-ram feitos conforme o recomendadopara a cultura. Foram avaliados o nú-mero de minitubérculos por plantas, seupeso médio e produção deminitubérculos por planta. Os dadosobtidos foram submetidos à análise devariância, sendo as médias comparadaspelo teste de Tukey ao nível de 5% deprobabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a característica número deminitubérculos por planta não houveinteração significativa entre os fatoressubstratos e cultivares analisados. Poroutro lado, estes fatores apresentaramisoladamente diferenças altamente sig-nificativa. Os brotos oriundos da culti-var Ágata foram os que produziram amaior quantidade de minitubérculosaptos a serem usados como semente(Tabela 1), enquanto os substratosPlantmax e fibra de coco apresentaramsignificativamente os melhores desem-penhos na avaliação desta característi-ca (Tabela 1). Dias et al. (2003), avalian-do o desempenho das cultivares de ba-tata Ágata, Vivaldi, Asterix e Atlantic,observaram que a cultivar Ágata produ-ziu 31,32 hastes por m2 enquanto as de-

Tabela 1. Número e massa de minitubérculos produzidos por brotos em função dos substratose das cultivares de batata. Alfenas, UNIFENAS/IAC, 2003.*

*As médias seguidas por letras distintas na vertical diferem entre si ao nível de 5% indicadopelo teste de Tukey.

EC Silva et al.

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mais cultivares produziram de 4,29 a10,2 hastes por m2. Também observa-ram que o maior número de hastescorrespondeu a maior número de tubér-culos. De acordo com Fontes & Finger(1999), quanto maior o número de has-tes por m2, maior o número de tubércu-los por planta e, conseqüentemente,maior a produção da cultura. Contudo,o excesso de hastes pode resultar emprodução de tubérculos pequenos, já queas mesmas competem entre si por nu-trientes e reservas nutritivas. Provavel-mente esta característica tenha se mani-festado também na produção deminitubérculos através de brotos. Emtermos práticos, esta característica éimportante já que o número de tubércu-los-semente irá influir significativamen-te no custo de produção. A cultivarAsterix e o substrato terra autoclavadaforam os fatores que apresentaram ospiores resultados para a produção deminitubérculos (Tabela 1).

Para peso de minitubérculos tambémnão foi verificada interação significati-va entre os fatores substrato e cultiva-res. As cvs. Asterix e Monalisa apresen-taram os minitubérculos com maiorpeso, sendo observado que o pior de-sempenho foi verificado com a cv. Ágata(Tabela 1). Este fato se justifica em fun-ção desta cultivar ter produzido o maiornúmero de minitubérculos, conseqüen-temente, tendo reduzido o tamanho. Emtermos de batata-semente, o peso mé-dio dos tubérculos é importante já quesão preferíveis aqueles com peso infe-rior e de menor tamanho (Filgueira,1999), pois rendem mais no plantio comconseqüente redução no custo de pro-dução. Como o objetivo é produzirminitubérculos-semente, o número pro-duzido é mais importante que o peso.Quanto aos substratos, o melhor desem-penho relacionado a esta característicafoi verificado com Plantmax e Plantmax+ casca de arroz carbonizada, que pro-duziram 10,49 e 8,12 minitubérculos emmédia, por sacola, respectivamente. Opior desempenho foi em terraautoclavada com 0,62 minitubérculo,por sacola (Tabela 1).

Considerando a produção deminitubérculos por planta houveinteração significativa entre os fatorescultivares e substratos (Tabela 2). A cv.

Monalisa e o substrato Plantmax pro-duziram os melhores resultados paraesta característica. A produção indivi-dual da planta é um dado que, para pro-dução de sementes, deve ser avaliadosempre correlacionado com o númerode tubérculos. Os tubérculos devemapresentar peso suficiente para garantirum bom estande da cultura e produzirgrande quantidade. Filgueira (1999) re-lata que para desenvolver uma hasteprincipal, cada gema requer um pesomínimo em termos de substânciatuberosa na batata mãe, que é o mesmo,quando se utiliza a batata–semente miú-da ou graúda. Por outro lado, a Portarian0 154 de 23/07/87 do Ministério daAgricultura, publicada no Diário Oficialda União de 24/07/87, estabelece parabatata-semente certificada, apenas umtamanho máximo de tubérculo que deveestar entre 50 e 60 mm de diâmetro. Nãoexiste, portanto, um tamanho mínimoespecificado, e a classe V abrange to-dos os tubérculos-semente menores que23 mm. Kawakami et al. (2003) com-pararam a produção proveniente demicrotubérculo–semente com peso va-riando de 0,5 a 1,0 g e 1,0 a 3,0 g comtubérculo-semente convencional de 50g. Observaram que a produção das plan-tas provenientes dos micro-tubérculosfoi apenas 18% inferior à produção dasplantas provenientes de semente con-vencional e concluíram que os micro-tubérculos têm potencial para o uso emcampo. O substrato Plantmax, a mistu-ra Plantmax + casca de arroz carboni-zada e Plantmax + pó de coco têm sidoutilizados com sucesso na produção demudas de hortaliças (Silva et al., 1997;

Ferreira et al., 2002; Silveira et al., 2002).Por outro lado, Andriolo et al. (1999) ca-racterizaram e avaliaram substratos parao cultivo de tomateiro fora do solo. Ob-servaram que o substrato Plantmax e acasca de arroz carbonizada apresentaramuma densidade significativamente menorque húmus e a mistura casca de arroz esolo. Exclusivamente para recipientes fe-chados, como sacolas de plástico, esta ca-racterística é importante já que indica ummeio mais leve, com quantidades demacro e micro poros adequados, melhorarejamento e menor compactação, carac-terísticas indispensáveis ao bom desenvol-vimento de tubérculos.

As cultivares de batata avaliadas(Monalisa, Asterix e Ágata) são aptaspara produção de minitubérculos atra-vés de brotações e os substratosPlantmax e fibra de coco são mais indi-cados para este fim.

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Produção de minitubérculos a partir de brotos de cultivares de batata em diferentes combinações de substratos

*As médias seguidas por letras distintas minúsculas na vertical e maiúsculas na horizontaldiferem entre si ao nível de 5% indicado pelo teste de Tukey.

Tabela 2. Minitubérculos produzidos por planta em gramas originárias de brotos em funçãode substratos e da cultivar. Alfenas, UNIFENAS/IAC, 2003.*

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EC Silva et al.

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245Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Das várias pragas que atacam a cul-tura do repolho, a traça-das-

crucíferas, Plutella xylostella (L.) (Lep.Plutellidae), destaca-se como a de maiorimportância, pois além de depreciar oproduto, pode ocasionar perda total daslavouras. A larva da traça perfura e da-nifica as folhas reduzindo a área foliare interferindo no desenvolvimento daplanta (Castelo Branco, 1999).

O controle da traça se caracterizapela utilização intensa de inseticidas,havendo relatos de até dezeseis aplica-

MEDEIROS PT; SONE EH; SOARES CMS; DIAS JMCS; MONNERAT RG. 2006. Avaliação de produtos à base de Bacillus thuringiensis no controle datraça-das-crucíferas. Horticultura brasileira 24: 245-248.

Avaliação de produtos à base de Bacillus thuringiensis no controle datraça-das-crucíferasPatrícia T Medeiros1; Eduardo H Sone1; Carlos Marcelo S Soares2; José Manuel C de S Dias1; Rose GMonnerat1

1Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, C. Postal 02372, 70770-900 Brasília-DF; E-mail: [email protected];[email protected]; [email protected]; [email protected]; 2Bthek Biotecnologia Ltda. SAAN Q.3 L. 240,70632-300 Brasília-DF; E-mail: [email protected]

ções por cultivo (Dias et al., 2004). Essaprática tem causado problemas à saúdedo agricultor e danos ao meio ambien-te, além de proporcionar a seleção depopulações resistentes dessa praga a di-versos compostos químicos, como é ocaso de alguns inseticidas piretróides efosforados (Vasquez, 1995; CasteloBranco & Gatehouse, 1997).

Face ao exposto, o emprego de agen-tes de controle biológico como a bacté-ria entomopatogênica Bacillusthuringiensis surge como uma alterna-

tiva para o controle desta praga. Produ-tos à base desta bactéria têm sido utili-zados há mais de 50 anos e proporcio-nam inúmeras vantagens, tais comoespecificidade ao inseto-alvo, efeito nãopoluente ao meio ambiente, inocuidadea mamíferos e vertebrados e ausênciade toxicidade às plantas (Monnerat &Bravo, 2000; Cárdenas et al., 2001). Autilização desses produtos conforme re-comendado no manejo integrado de pra-gas, podem minimizar os problemas deresistência à inseticidas em determina-

RESUMOAvaliou-se em dois experimentos a suscetibilidade da traça-das-

crucíferas a inseticidas à base de Bacillus thuringiensis em repolhocv. Itiban. O delineamento do primeiro experimento (de julho a se-tembro/03), em área de plantio comercial em Brazlândia (DF), foide blocos casualizados, com seis tratamentos e dez repetições; osbioinseticidas utilizados foram B. thuringiensis kurstaki (S1450CO),B. thuringiensis aizawai comercial (Bta) e três produtos formuladoscom as estirpes S1450BB, S811BB, S845BB de B. thuringiensispertencentes ao Banco de Bacillus spp. da Embrapa Recursos Gené-ticos e Biotecnologia. No segundo experimento, realizado no cam-po experimental da Embrapa (DF), de outubro/03 a janeiro/04, odelineamento foi de blocos casualizados, com seis tratamentos equatro repetições; os inseticidas utilizados foram os mesmos do pri-meiro experimento, com a adição de Spinosad, e retirado o trata-mento S811BB. Os produtos foram aplicados quando foi atingido onível de dano de seis furos nas quatro folhas centrais do repolho. OBta comercial foi o produto mais eficaz no primeiro experimento,tendo sido aplicado cinco vezes e diferiu estaticamente dos demaisprodutos. Os formulados S845BB e S1450BB não apresentaram di-ferenças quando comparados ao produto comercial S1450 e foramaplicados seis vezes. O produto S811BB também foi aplicado seisvezes, mas sua eficácia foi inferior aos demais produtos e não dife-riu da testemunha. Já no segundo experimento, o S1450 comercialfoi aplicado cinco vezes e os demais produtos à base de Bt, seisvezes. Todos os produtos utilizados não diferiram entre si, diferindoapenas no número de aplicações.

Palavras-chave: Plutella xylostella, bioinseticidas, controle químico.

ABSTRACTEvaluation of insecticides based on Bacillus thuringiensis in

the control of the diamondback moth

Two experiments were performed to evaluate the susceptibilityof the diamondback moth to insecticides based on Bacillusthuringiensis in cabbage cv. Itiban. The first experiment was carriedout from July to September 2003, in a production area in Brazlândia(DF), Brazil. Randomized blocks with six treatments and tenreplicates were used. The tested products were: commercial B.thuringiensis kurstaki (S1450), commercial B. thuringiensis aizawai(Bta) and three experimental formulations based on strains S1450BB,S811BB, S845BB of B. thuringiensis from the collection of Bacillusspp. of Embrapa Genetic Resources and Biotecnology. The secondexperiment was carried out in the experimental area of Embrapa,from October 2003 to January 2004. Randomized blocks with sixtreatments and four repetitions were used. The tested products werethe same as those used in the first experiment with the addition ofSpinosad and without S811BB. Products were applied when the levelof attack on the plants by the pests reached six holes in the two pairsof central leaves pf the cabbage. Commercial Bta was the mosteffective product in the first experiment, after five applications anddiffered from the other products. S845BB and S1450BB were notsignificantly different when compared to the commercial productS1450, which were applied six times. The product S811BB was alsoapplied six times, but its effectiveness was lower than the otherproducts and was not different to the control. In the secondexperiment, all products were similar, just differing in the numberof applications. Commercial S1450 was applied five times and theother products the base of Bt were applied six times.

Keywords: Plutella xylostella, bioinsecticides, chemical control.

(Recebido para publicação em 5 de maio 2005; aceito em 29 de abril de 2006)

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das populações da traça das crucíferas,advindos do uso inadequado destes. Ostrabalhos para o desenvolvimento denovos bioinseticidas a base de Bt é muitoimportante, pois as diferentes formula-ções e a descoberta de estirpes com di-ferentes toxinas, podem promover maioratividade tóxica e um melhor resultadodo produto as condições ambientais.

A Embrapa Recursos Genéticos eBiotecnologia tem desenvolvido traba-lhos que resultaram na identificação deestirpes de B. thuringiensis tóxicas a P.xylostella (Silva-Werneck & Monnerat,2001), participando ainda do desenvol-vimento de bioinseticidas em parceriacom a iniciativa privada. Assim, o obje-tivo deste trabalho foi avaliar e compa-rar a eficácia de produtos formuladoscom as estirpes de B. thuringiensis daEmbrapa e produtos comerciais paracontrole da traça-das-crucíferas na cul-tura do repolho.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram conduzidos dois experimen-tos para avaliação dos produtos na re-gião do Distrito Federal. O primeiro tra-balho foi conduzido em campo experi-mental para produção comercial de hor-taliças na região de Brazlândia, DF, en-tre os meses de julho e setembro de2003. A variedade cultivada foi o híbri-do Itiban, da Hortec®, e os cuidados emrelação ao manejo da cultura foram osrecomendados para a região (Dias et al.,2004). A irrigação feita por meio de as-persão foi realizada de duas a três vezespor semana. O delineamento experimen-tal adotado foi de blocos ao acaso, comseis tratamentos e dez repetições. Cadaparcela foi formada por quatro linhascontendo 12 plantas, totalizando 48plantas. Foram testadas duas formula-ções experimentais produzidas com asestirpes S811 e S845, pertencentes aobanco de bactérias entomopatogênicasda Embrapa, selecionadas por sua altatoxicidade à traça-das-crucíferas(Medeiros et al., 2003), duas formula-ções (comercial e experimental) com aestirpe padrão de Bacillus thuringiensiskurstaki (S1450), uma formulação co-mercial à base de B. thuringiensisaizawai (Bta) e pulverização com águacomo tratamento controle. A formula-

ção experimental foi produzida pelaBthek Biotecnologia Ltda., empresa es-pecializada na produção debioinseticidas à base de B. thuringiensis.Os produtos testados e suas respectivasdoses foram: B. thuringiensis kustaki,comercial, suspensão concentrada nadose de 300 ml/ha (1450Co); B.huringiensis aizawai, comercial grânu-los dispersíveis na dose de 400g/ha(Bta); B. thuringiensis kustakiS1450BB, S845BB e S811BB, suspen-são concentrada na dose de 300 ml/ha etestemunha (água). Em todos os trata-mentos, foi adicionado o espalhante ade-sivo Extravon (30 ml/100 litros decalda). As aplicações foram realizadasem função do nível de dano causado pelatraça (Castelo Branco & Villas Boas,1996). Para isso, avaliou-se o númerode furos produzidos pela traça-das-crucíferas nas quatro folhas centrais deseis plantas por parcela escolhidas aoacaso. Uma vez que o valor da médiaresultasse igual ou superior a seis furospor parcela, realizava-se a aplicação doproduto.

As avaliações foram feitas duranteseis semanas e os produtos foram apli-cados quando necessário, com o uso deum pulverizador costal marca Jacto®,com capacidade para cinco litros. A pri-meira avaliação foi realizada 58 diasapós o transplante, um mês após o iní-cio da formação das cabeças. Ao finaldo ciclo da cultura, dez plantas de cadaparcela foram escolhidas ao acaso e ava-liadas de acordo com os danos, segun-do o seguinte critério de notas: 1= plan-tas sem nenhum furo, 2= plantas comfuros inferiores a 2 mm, 3= plantas comfuros superiores a 2 mm, 4= plantas comperda total (Monnerat, 1995; CasteloBranco et al., 1996).

O segundo experimento foi condu-zido no período de outubro de 2003 ajaneiro de 2004, no campo experimen-tal da Embrapa Recursos Genéticos eBiotecnologia. Após o preparo da área,448 plantas de repolho ‘Itiban’ foramtransplantadas para os canteiros e oscuidados realizados de acordo com omanejo da cultura recomendado para aregião (Dias et al., 2004). A irrigaçãopor meio de aspersão foi realizada deduas a três vezes por semana. O deli-neamento experimental adotado foi de

blocos casualizados, com seis tratamen-tos e quatro repetições. As parcelas fo-ram formadas por duas linhas com seteplantas cada, totalizando 14 plantas porparcela. Os produtos testados e suas res-pectivas doses foram: B. thuringiensiskustaki, comercial, suspensão concen-trada na dose de 300 ml/ha (1450CO);B. huringiensis aizawai comercial, grâ-nulos dispersíveis na dose de 400g/ha(Bta); B. thuringiensis kustaki S1450BBe S845BB, suspensão concentrada na300 ml/ha; Spinosad, suspensão concen-trada 100 ml/ha e testemunha (água). Asaplicações foram realizadas em funçãodo nível de dano causado pela traça, demaneira semelhante à descrita no pri-meiro experimento.

As avaliações foram feitas durantesete semanas e os produtos foram apli-cados, quando necessário, com o uso deum pulverizador costal marca Jacto®,com capacidade para cinco litros. A pri-meira avaliação foi realizada 28 diasapós o transplante, no início da forma-ção das cabeças. Ao final do ciclo dacultura, dez plantas de cada parcela fo-ram escolhidas ao acaso e avaliadas deacordo com os danos, segundo o mes-mo critério de notas usado para o outroexperimento. Os dados obtidos foramsubmetidos à análise de variância, sen-do as médias comparadas pelo teste deagrupamento de médias Scott-Knott(P=0,05). O programa computacionalutilizado foi Sistema para Análises Es-tatísticas e Genéticas (SAEG 8.0).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando-se os dois experimen-tos conduzidos em Brazlândia e Brasíliano Distrito Federal, constata-se que ainfestação da traça-das-crucíferas foimais elevada no primeiro experimento,como evidenciado pelo maior númerode furos médio nas quatro folhas cen-trais (Figuras 1 e 2), o que pode ser de-vido à ausência de precipitação durantea realização deste experimento.

No primeiro experimento, foramrealizadas seis aplicações do produtocomercial à base de B. thuringiensiskurstaki (S1450CO), das estirpes formu-ladas experimentalmente S1450BB,S845BB e S811BB e cinco aplicaçõesdo produto comercial à base do B.

PT Medeiros et al.

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thuringiensis aizawai (Bta comercial).O tratamento com o Bta comercial apre-sentou melhor controle e diferiu dosdemais. Os tratamentos S1450 comer-cial, S1450BB e S845BB não diferiramentre si, mas diferiram do S811BB e datestemunha (Tabela 1). Cabe salientarque, mesmo pertencendo ao sorotipokurstaki, a S811BB pode produzir toxi-nas em menor quantidade ou diferentesdas demais estirpes do mesmo grupo.Algumas observações feitas no labora-tório em bioensaios com a estirpeS811BB, demonstraram uma instabili-dade na mortalidade de larvas e na for-mulação. Isso pode ter ocorrido devidoa características ou diferenças intrínse-cas da estirpe. As estirpes S1450BB,S845BB e S811BB, apesar de produzi-rem toxinas diferentes, apresentam aproteína Cry1Ab, referida como a maistóxica a P. xylostella (Monnerat et al.,1999). Já o Bta comercial é formuladoà base de uma estirpe que produz a pro-teína Cry1C, que não está presente nasoutras estirpes envolvidas no trabalho eque é a segunda proteína mais tóxica aP. xylostella (Monnerat et al., 1999).Alguns trabalhos demonstraram a exis-tência de populações de P. xylostellaresistentes a produtos à base de B.thuringiensis e que essa resistência estáassociada a falhas na interação do re-ceptor presente no intestino da traça coma toxina Cry1Ab (Ferré et al., 1991;Tabashnik, 1994). Outros trabalhos in-dicam que existem populações da traçaresistentes a Bt no Brasil (Castelo Bran-co & Gatehouse, 1997). É possível queos resultados obtidos neste trabalho in-diquem que estejam sendo selecionadaspopulações resistentes ao B.thuringiensis subsp. kurstaki na popu-lação de Brazlândia. Para corroboraresses dados, os autores observaram aaplicação de dosagens elevadas e emrepetidas vezes do produto Dipel® semcritério técnico ou seja sem a avaliaçãodo nível de dano, em cultivos de repo-lho próximos da área experimental.

Apesar de os tratamentos teremapresentado diferença quanto àefetividade, o resultado das notas nãofoi satisfatório, pois demonstram quehouve elevado nível de dano. Isso podeter ocorrido em decorrência da altainfestação da cultura pela praga ou pelaépoca do início das aplicações, que não

Tabela 1. Avaliação do dano em repolho ‘Itiban’ por meio de escala de notas em função decada tratamento para o controle de traça-das-crucíferas. Brazlândia-DF, Embrapa RecursosGenéticos, 2003-2004.

1Escala de notas variando de 1 a 4, onde 1 = planta sem furo, 2= plantas com furos inferioresa 2 mm, 3= plantas com furos superiores a 2 mm, 4= plantas com perda total; 2Médiasseguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Agrupamento deScott-Knott a 5% de probabilidade; 3CO= comercial; BB = formulação experimental

Figura 1. Número médio de furos causados pela traça-das-crucíferas nas quatro folhas cen-trais de repolho ‘Itiban’ durante seis semanas. Brazlândia-DF, Embrapa Recursos Genéti-cos, 2003.

Figura 2. Número médio de furos causados pela traça-das-crucíferas nas quatro folhas cen-trais de repolho ‘Itiban’ durante sete semanas. Brazlândia-DF, Embrapa Recursos Genéti-cos, 2004.

foi no 28° dia após o transplante e simcomo o produtor sugeriu (58 dias apóso transplante), ou seja, o controle co-

meçou após o início da formação dascabeças, o que é considerado tardio, poisesse período é a fase mais crítica (Villas

Avaliação de produtos à base de Bacillus thuringiensis no controle da traça-das-crucíferas

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Boas, 2003). Embora os resultados ob-tidos demonstrem que o melhor trata-mento foi o produto Bta comercial, éimportante salientar que os produtosformulados, exceto o S811BB não dife-riram do S1450 comercial, mostrandoque os isolados utilizados como basepara a formulação têm potencialbioinseticida e que a formulação desen-volvida pela Bthek foi semelhante à for-mulação comercial.

No segundo experimento, foram rea-lizadas quatro aplicações do produto abase de Spinosad, cinco do S1450 co-mercial, seis de Bta comercial e das es-tirpes formuladas S1450BB e S845BB(Figura 2). Na avaliação final através daatribuição de notas aos tratamentos, ob-servou-se que todos os tratamentos nãodiferiram entre si, mas diferiram da tes-temunha, (Tabela 1). O produto comer-cial S1450CO e o formulado S1450BBforam desenvolvidos à base da mesmaestirpe de B. thuringiensis sorotipokurstaki, em concentrações semelhan-tes, diferindo apenas na formulação.Ainda que em suspensão concentrada,estas podem ser baseadas em diferentescomponentes, particulares a cada empre-sa. É provável que o número de aplica-ções diferentes no segundo experimen-to se deva a inferioridade da formula-ção em teste, que neste caso foi muitoexposta a chuva. O outro produto testa-do S845BB apresentou eficácia similarao S1450BB, como no experimento an-terior. O Bta comercial foi aplicado maisvezes que o S1450 comercial, sendo,portanto, aparentemente menos eficaz,

sob condições de ocorrência de precipi-tações. Esse fato indica que tanto a es-tirpe quanto a formulação podem terinfluenciado na eficácia do produto. Omesmo fato foi relatado em trabalhosanteriores na mesma região (Monnerat& Bravo, 2000). O produto menos apli-cado foi o formulado à base de spinosad,de forma semelhante aos resultados ob-tidos anteriormente na mesma região(Dias et al., 2004).

O segundo experimento foimonitorado de forma mais adequada eas aplicações foram iniciadas no mo-mento indicado, ou seja, no início daformação das cabeças. Este fato, asso-ciado à ocorrência de precipitação, deveter contribuído para os menores danosobservados. Embora os resultados obti-dos com a formulação das estirpes te-nham sido semelhantes aos produtoscomerciais, novos estudos deverão serconduzidos para melhorar a qualidadedas formulações desenvolvidas para aobtenção de um produto tão eficientequanto os formulados comerciais, quecom o mesmo número de aplicações re-sultem no mesmo nível de controle.

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PT Medeiros et al.

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249Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Adversidades climáticas, tais comogeada, granizo, excesso de chuva,

radiação elevada e baixa temperatura,acarretam perda, quantitativa e qualita-tiva, na produção de hortaliças, compro-metendo a regularidade do fornecimen-to e, consequentemente, a competitivi-dade e a posição do olericultor no mer-cado.

Diante deste contexto, a busca pormelhor ambiente para o cultivo de hor-taliças tem sido o foco principal de mui-tos pesquisadores. Hoje, são muitas asopções disponíveis no mercado com re-lação a tipos de estruturas e de mate-riais que podem ser usados para modi-ficar o ambiente e adequá-lo às necessi-dades da cultura. Entretanto, todos osmateriais (plástico, tela, sombrite, etc.)

FELTRIM AL; CECÍLIO FILHO AB; REZENDE BLA; BARBOSA JC. 2006. Produção de chicória em função do período de cobertura com tecido depolipropileno. Horticultura Brasileira. 23: 249-254.

Produção de chicória em função do período de cobertura com tecido depolipropilenoAnderson Luiz Feltrim; Arthur B Cecílio Filho; Bráulio Luciano A Rezende; José Carlos BarbosaUNESP, 14884-900 Jaboticabal-SP; E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]

até hoje usados para ambiente precisamde alguma estrutura ou suporte que im-peça o contato destes com a planta, oque representa um investimento, geral-mente, de custo elevado.

Uma das alternativas de cultivo pro-tegido que surgiu recentemente é o te-cido de polipropileno (TP), também co-nhecido por agrotêxtil ou tecido não-te-cido. Esta técnica consiste na colocaçãodo TP diretamente sobre as plantas ousobre o solo semeado, dispensando qual-quer estrutura de sustentação. A utiliza-ção do TP como cultivo protegido vematender às necessidades das hortaliçasfolhosas, isso porque para essas cultu-ras a viabilidade econômica em casa devegetação, e até mesmo sob túneis, ébastante questionada. Os efeitos positi-

vos desta técnica são observados na pre-cocidade e aumento da produção demandioquinha salsa (Reghin et al.,2000), pak choi (Reghin et al., 2001a),morango (Otto et al., 2000a) e salsão(Duda et al., 2000). Além da melhoriada qualidade das plantas de pak choi,observou-se também decréscimo na in-cidência de doenças (Reghin et al.,2001b; Colturato et al., 2001) e prolon-gamento no período de colheita na cul-tura do pimentão (Pereira et al., 2001).

O uso do tecido de polipropilenoiniciou-se na Alemanha em 1971(Benoit & Ceustermans 1986), mas nãofoi aplicado em grande escala até 1978.Wells & Loy (1985) citam que em 1981iniciaram-se trabalhos com não-tecidode poliéster, na Universidade de New

RESUMOO experimento foi realizado na UNESP em Jaboticabal (SP) com

o objetivo de avaliar períodos de cobertura de plantas de chicóriacom polipropileno branco, de 20 g m-2, sobre a produção de chicóriacrespa. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados,em esquema fatorial 4x2, com quatro repetições. Os tratamentos cons-tituíram-se de dois genótipos de chicória (cv. Chicória Crespa, daIsla Sementes, e o genótipo ‘AF-218’, da Sakata Seeds) e de quatrosistemas de cultivo: (a) ausência de cobertura com polipropileno;(b) cobertura pos 15 dias após o transplantio (DAT); (c) coberturaaos 30 DAT; e (d) 42 DAT coberto, o qual correspondeu a todo operíodo de crescimento da chicória no campo. A semeadura foi rea-lizada em 02/06/2003 e o transplantio em 27/06/2003. A colocaçãodo polipropileno foi feita diretamente sobre as plantas, fixando-seas laterais na parte externa do canteiro. Na colheita, avaliou-se aaltura, número de folhas, diâmetro das plantas, massa fresca e secada parte aérea. O genótipo ‘AF-218’ apresentou maior massa frescada parte aérea que a cv. Chicória Crespa. À medida em que houveaumento do período de cobertura com polipropileno, observou-seaumento na altura, número de folhas e na massa fresca da parte aé-rea dos dois genótipos. O uso do polipropileno durante todo o ciclo(42 dias) resultou em maior massa seca e promoveu precocidade dacolheita em oito dias, além de qualidade superior, com folhas maistenras e limpas.

Palavras-chave: Cichorium endivia, cultivo protegido, agrotêxtil.

ABSTRACTChicory production affected by different periods of covering

with polypropylene

The experiment was carried out in Jaboticabal, São Paulo State,Brazil, to evaluate the production of chicory plants subjected toperiods of covering with white polypropylene of 20 g m2. Theexperimental design was a randomized block using a factorial scheme4x2, with four replications. The treatments consisted of two chicorygenotypes (cv. Chicória Crespa, of Isla Seeds, and ‘AF-218’, ofSakata Seeds) and four cultivation systems: (a) non covering of theplants with polypropylene; (b) covering 15 days after thetransplanting (DAT); (c) covering during 30 DAT; (d) and coveringduring 42 DAT, corresponding to the entire growth period of chicoryin the field. Sowing was done in June 2nd 2003 and transplanting inJune 27th 2003. The placement of the polypropylene was madedirectly over the plants, fixing the lateral parts in the external side ofthe plot. At harvest, evaluation was done by measuring plant heightand diameter, number of leaves, and shoot fresh and dry mass. After42 days with polypropylene covering, genotype ‘AF-218’ showedhigher shoot fresh mass (439 g/plant) when compared to cv. ChicóriaCrespa (286 g/plant). Shoot height, number of leaves and shoot freshmass of the two genotypes increased as the periods of polypropylenecovering were longer. The use of polypropylene during the wholeplant period of post-transplanting promoted precocity of the crop ineight days, besides superior quality, with more tender and cleanleaves.

Keywords: Cichorium endivia, row-cover, non-woven.

(Recebido para publicação em 1 de junho de 2005; aceito em 28 de maio de 2006)

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Hampshire, e em 1983 pesquisas comnão-tecido de polipropileno. No Brasil,esta técnica tem sido utilizada para aprodução de mudas de fumo há algumtempo e os primeiros trabalhos com hor-taliças foram avaliados na região sul dopaís, com a alface (Sá, 1998). Na culturada alface, além da superioridade na mas-sa fresca, também observou-se melhorqualidade e precocidade das plantas queforam protegidas, qualidade superior eprecocidade de 10 dias em alface mini, 8e 7 dias em alface crespa, respectivamen-te (Reghin et al., 2001c; Reghin et al.,2002c; Feltrim et al., 2003).

Para as alfaces crespa (cv. Verônica),lisa (cv. Elisa) e americana (cv. Tainá)plantadas no período de inverno, obser-vou-se melhorias na produção qualita-tiva, quantitativa e precocidade de trêsdias para a cv. Verônica (Otto et al.,2001). Para a cv. Elisa, o uso desta téc-nica não se mostrou viável, devido aocorrência de estiolamento das plantas,e para a cv. Tainá, a cobertura com TPmostrou-se positiva, pois a formação decabeça ocorreu somente nas plantas quereceberam a proteção. Por outro lado,Padilha et al. (2001) observaram umatendência ao estiolamento, com a for-mação de cabeça frouxa e imprópriaspara o mercado em cultivares america-nas plantadas no verão. Na cultura dopak choi, Reghin et al. (2002a) obser-varam aumento de 25 a 75% na massa,independente da gramatura de TP utili-zada (17 e 25 gm-2).

Já existe um número considerável detrabalhos com TP que proporcionamincrementos na produção e qualidade dehortaliças folhosas. Porém, em funçãoda estação de cultivo, espécie e cultivaravaliada, a presença do tecido depolipropileno por todo o ciclo ou partedele poderá promover respostas diferen-ciadas. O objetivo deste trabalho foiavaliar a produção de chicória crespacultivada sob diferentes períodos decobertura com polipropileno em com-paração à condição tradicional de culti-vo, sem cobertura.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido a cam-po, na UNESP em Jaboticabal. O soloda área, segundo Oliveira et al. (1999),

corresponde ao (LV) Latossolo Verme-lho Eutroférrico típico de textura muitaargilosa, A moderado caulinítico-oxídico,relevo suave ondulado a ondulado. Odelineamento experimental foi o de blo-cos casualizados, em esquema fatorial4x2, com quatro repetições. Os oito tra-tamentos constituíram-se da combinaçãodos fatores genótipos de chicória crespa(cv. Chicória Crespa, da Isla Sementes eo genótipo ‘AF-218’, da Sakata Seeds) ede quatro sistemas de cultivo: (a) ausên-cia de cobertura com tecido depolipropileno (TP); (b) cobertura com TPaos 15 dias após o transplantio (DAT);(c) cobertura com TP aos 30 DAT; e (d)cobertura com tecido polipropileno portodo o período pós-transplantio. O iníciodo experimento foi em 2 de junho/2003,com a semeadura em bandejas depoliestireno expandido para 128 mudase substrato Plantmax®. As mudas perma-neceram em ambiente protegido e foramtransplantadas 25 dias após a semeadu-ra, quando apresentavam cinco folhasdefinitivas, em espaçamento de 0,40 mentre fileiras e 0,30 m entre plantas, com39 plantas por parcela.

A análise química do solo apresen-tou as seguites características: pH(CaCl

2) de 5,2; 25 g dm-3 de matéria or-

gânica; 64 mg dm-3 de P (resina); K=3,2 mmol

c dm-3; Ca= 30 mmol

c dm-3;

Mg=13 mmolc dm-3; H+Al= 31 mmol

c

dm-3; SB= 46,2 mmolc dm-3; T= 77,2

mmolc dm-3e V= 60%. Com base na aná-

lise de solo, foi realizada a calagem e asadubações de plantio e cobertura seguin-do as recomendações de Trani & Aze-vedo. (1997). O polipropileno brancocom gramatura de 20 g m-2 foi colocadosobre as plantas, sendo suas extremida-des fixadas com o próprio solo nas late-rais do canteiro. Durante a condução doexperimento realizou-se duas capinaspara as plantas que estavam protegidascom polipropileno e somente uma paraas plantas que não receberam a cober-tura e irrigações pelo método de asper-são nos períodos de ausência de preci-pitação com lâminas de aproximada-mente 6 mm, diariamente até 15 diasapós o transplantio, e posteriormente,com lâminas de aproximadamente 10mm, a cada dois dias.

A colheita foi realizada aos 42 diasapós o transplantio, quando as chicóri-

as que tiveram todo o período no cam-po coberto com TP atingiram o pontocomercial, caracterizado pelo início dasenescência das folhas baixeiras. Meta-de das plantas das parcelas dos outrostratamentos permaneceram no campopor mais oito dias objetivando consta-tar o tempo adicional para que as plan-tas atingissem o ponto comercial.

Foram avaliados a altura e o diâme-tro das plantas antes da colheita, comauxílio de régua, e o número de folhas emassa fresca e seca da parte aérea. Paraobtenção da massa seca, a parte aérea daplanta foi lavada e seca à sombra por umdia, sendo posteriormente seca em estu-fa com circulação forçada de ar, a 65oC,por 96 h. Além das características daplanta, avaliou-se também a temperatu-ra do ar na superfície do solo e a radia-ção solar com e sem proteção de TP. Paraa coleta dos dados, instalou-se sensoresde temperatura do ar aos sete dias após otransplantio, conectados ao DatallogerCR 23X – Campbel Scientific, progra-mado para realizar leituras a cada minu-to e médias, a cada 1 hora.

Os dados das características da plan-ta foram submetidos à análise devariância, sendo as médias dosgenótipos comparadas pelo teste deTukey a 5% de probabilidade e as res-postas das plantas aos períodos de co-bertura, à regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As temperaturas máximas e mínimasdo ar na superfície do solo com a cobertu-ra com polipropileno foram, respectiva-mente, maiores e menores do que as ob-servadas em solo sob cultivo sem cober-tura com polipropileno (Figura 1A). Emmédia, os valores das temperaturas máxi-mas e mínimas na superfície do solo dasplantas que receberem a cobertura compolipropileno foram, respectivamente, in-feriores em 2ºC (32,7ºC - 30,7ºC) e supe-riores em 1,9ºC (10,6ºC - 8,7ºC) em rela-ção aos tratamentos sem cobertura. Esteresultado é importante principalmente nosdias muito quentes ou nos períodos maisamenos, pois a proteção de polipropilenodiminui a temperatura máxima e aumen-ta a temperatura mínima, proporcionandoum microclima mais favorável para o cres-cimento das plantas.

AL feltrin et al.

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Em couve-chinesa, beterraba e es-pinafre cultivados com proteção depolipropileno também observou-se umregime térmico melhor (Otto, 1997). Àmedida que as plantas cresceram, as di-ferenças da temperatura média do ar a15 cm do solo, obtidas entre o tratamen-to com e sem polipropileno, tenderam adiminuir ou até mesmo a inverter, e aintensidade dessas modificações depen-deu da época do ano e do crescimentovegetativo da espécie cultivada (Otto,1997). Uma das razões desses resulta-dos está relacionada, possivelmente,com a formação de uma película de águacondensada que se forma no interior dopolipropileno, impedindo a emissão daradiação de onda longa para o ambienteexterno durante a noite. SegundoGregoire (1989), a água apresentatransmissividade praticamente nula à ra-diação longa. Faouzi et al. (1993) ob-servaram que o polipropileno pode ele-var a temperatura mínima do ambienteprotegido em até 4,3ºC, o que concordacom o aumento na temperatura do ar sobpolipropileno de 3 a 5ºC observado porOtto (1997). Esse comportamento datemperatura do ar em cultivo compolipropileno também foi observado emcultivos com abobrinha (Choukr-allahet al., 1994), couve-chinesa (Hernándezet al., 1996) e feijão-vagem (Pereira etal., 2003). As diferenças entre as tem-peraturas máximas entre o polipropilenoe ambiente natural (sem polipropileno)diminuíram progressivamente com ocrescimento das culturas, chegando ainverter-se após a metade dos ciclos.

Neste experimento, embora os valo-res de temperatura máxima e mínima(Figura 1A) e amplitude térmica (Figura1B) tenham sido muito próximos nascondições com cobertura e sem cobertu-ra com polipropileno, não foi constatadainversão das características térmicas(temperaturas máxima e mínima e am-plitude térmica) próximo a colheita, en-tre os dois sistemas de cultivo. Provavel-mente, a divergência desse resultado comos observados por Choukr-allah et al.(1994), Hernández et al. (1996), Otto(1997) e Pereira et al. (2003) seja a loca-lização do sensor na superfície do solo(e não a 15 cm de altura), e também adiferença de porte e arquitetura das es-pécies trabalhadas pelos autores.

Com relação à radiação solar globalcom ausência de nuvens (Figuras 2A e2B), a máxima intensidade de energiafoi observada em ausência de nuvens às12 h e 20 min e 12 h e 30 min, respecti-vamente, para o ambiente com cobertu-ra (660 W m-2) e sem tecido depolipropileno (837 W m-2). Relacionan-do a intensidade máxima de energia come sem polipropileno obtém-se atransmissividade, que foi de 79%, em-bora a média de transmissividade dopolipropileno para este dia foi de 63%.No dia nublado, também observou-se

máxima intensidade de energia de 743e 578 W m-2, ocorridos às 12 h e 20 minpara o cultivo sem e com polipropileno,respectivamente. Nessa condição atransmissividade foi de 77% e a médiado dia foi de 72%. Segundo Hernandéz& Morales (1995), a transmissividadedo polipropileno fica em torno de 80%em época de primavera. Nas primeirashoras do dia, devido ao ângulo de inci-dência dos raios solares e à película deágua que se forma na face interna, estatransmissividade atinge valores inferio-res (Hernandéz & Castilla, 1993). Com

Figura 1. Temperaturas máximas e mínimas (A) e amplitude térmica do ar (B) na superfíciedo solo com e sem cobertura de polipropileno. Jaboticabal, UNESP, 2003.

Figura 2. Radiação solar global em dias com ausência de nuvens (A), com presença denuvens (B) e radiação solar global integral (C) para os cultivos com e sem polipropileno.Jaboticabal, UNESP, 2003.

Produção de chicória em função do período de cobertura com tecido de polipropileno

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a evolução do dia, a radiação total em umdia ensolarado de primavera é menor sobcobertura do que ao ar livre. Esta reduçãoimplica em uma diminuição doressecamento da superfície do solo, quepode chegar a 20% (Mermier et al., 1995).

Os valores integrados de radiaçãocom e sem cobertura com polipropilenodurante o ciclo da chicória foram de506,96 e 314,07 MJ dia-1, respectiva-mente (Figura 2C). A transmissividadeaté 31 dias após o transplantio varioude 60 a 85%, e no período seguinte, atéo final do ciclo, a transmissividade va-riou de 45 a 60%. O tecido depolipropileno apresentoutransmissividade média durante o cicloda chicória de 61% da radiação solarincidente. Otto et al. (2000b) observa-ram variação de 65 a 85% natransmissividade do polipropileno, va-riável em função da época do ano e dotempo de uso do material. Em determi-nados dias, houve diminuição acentua-da nos valores de radiação solar no cul-tivo sem o tecido de polipropileno, fa-zendo com que se aproximasse dos va-lores encontrados em cultivo com teci-do de polipropileno, sendo a causa dis-

to a ocorrência de dias nublados, comgrande quantidade de nuvens, fato quediminuiu a radiação para ambos os cul-tivos. É importante salientar que a radia-ção é dependente da época do ano, ouseja, da declinação do sol. Em funçãodisto, houve acréscimo da quantidade deradiação com o avanço nos dias julianosno cultivo sem o tecido de polipropileno.O decréscimo de radiação observado notratamento com cultivo sob TP por todoo período pós-transplantio pode estarrelacionado ao acúmulo de partículas desolo sobre o TP. Além disso, no final dociclo houve dias com presença de nu-vens, resultando em menor radiação nosdois ambientes de cultivo (Figura 2C).

O melhor desempenho dos genótipossob cobertura com polipropileno portodo o período pós-transplantio pode serconstatado pelos resultados observadospara altura, número de folhas, massaseca e fresca da parte aérea. Somente aaltura de plantas foi influenciada signi-ficativamente pela interação dos fato-res. Número de folhas, massa fresca eseca da parte aérea da chicória foraminfluenciadas pelo período de cobertu-ra com polipropileno e pelo genótipo,

enquanto o diâmetro de plantas somen-te pelo fator genótipo. Os dois genótiposde chicória apresentaram comportamen-to diferente para altura de plantas emresposta ao período de cobertura compolipropileno. A altura das plantas de‘AF-218’ aumentou linearmente à me-dida que aumentou o período de cober-tura com polipropileno e a cv. ChicóriaCrespa respondeu ao mesmo fator deforma quadrática. Embora ambas te-nham respondido positivamente à cober-tura, não diferiam com até 15 dias decobertura. Com 30 dias de cobertura,constatou-se maior altura do genótipo‘AF-218’ e quando todo o período pós-transplantio permaneceu coberto, asplantas da cv. Chicória Crespa apresen-taram maior altura (Figura 3A). A altu-ra média de plantas da cv. Chicória Cres-pa cobertas com polipropileno por todoo período pós-transplantio foi maior em10,2 cm em relação às plantasdesenvovidas sem cobertura, o que re-presenta um incremento de 65% na al-tura de plantas.

O número de folhas aumentou linear-mente com o aumento do tempo de co-bertura, independente do genótipo, ouseja, o aumento no período de cobertu-ra das plantas com polipropileno pro-porcionou maior número de folhas parao ‘AF-218’ e para a cv. Chicória Crespa(Figura 3B). Constatou-se um aumentode aproximadamente 13 folhas por plan-ta, cerca de 17%, quando as plantas fi-caram todo o período pós-transplantiocobertas, em relação à ausência de co-bertura com polipropileno. A massa secada parte aérea de plantas de chicóriaapresentou resposta quadrática ao au-mento no período de cobertura de plan-tas com polipropileno. A massa seca foide 21,8 g planta-1 sem cobertura compolipropileno, sofreu redução para 18,9 gplanta-1 aos 15 (DAT) e apresentou 21,3 gplanta-1 nos primeiros 30 dias após otransplantio. Entretanto, as plantas quepermaneceram por todo o período pós-transplantio protegidas compolipropileno apresentaram maior mas-sa seca, 27,1 g planta-1, cerca de 25%superior à massa seca de chicória semcobertura com polipropileno (Figura 3C).

O uso do polipropileno promoveuefeito semelhante na massa fresca daparte aérea da chicória cv. Chicória

Figura 3. Altura (A), número de folhas (B), massa fresca e seca da parte aérea (C) de plantasde chicória, em função dos genótipos e do período de cobertura da planta com polipropilenoem pós-transplantio para o campo. Jaboticabal, UNESP, 2003.

AL feltrin et al.

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Crespa e o genótipo ‘AF-218’. Maioresmassas fresca e seca foram obtidas como aumento no período de cobertura dasplantas com polipropileno. A coberturade plantas de chicória por todo o perío-do pós-transplantio proporcionou a co-lheita de plantas com aproximadamen-te 477 g, cerca de 69% superior às chi-córias crescidas sem a proteção compolipropileno (Figura 3C). O melhordesempenho agronômico do genótipo‘AF-218’ e da cv. Chicória Crespa sobcobertura com polipropileno por todo operíodo pós-transplantio pode ser atri-buído ao melhor ambiente, a qual podeser melhor compreendida pela menoramplitude térmica nesta condição decultivo (Figura 1B).

Outras hortaliças folhosas tambémapresentaram aumento na produção me-diante o uso polipropileno comotecnologia de ambiente protegido. Nacultura da alface, Feltrim et al. (2003) eBarros Junior et al. (2004) observaramincremento de 29% na massa frescaquando as plantas foram protegidas comTP. Sá (1998) também observou aumen-to na produtividade da cultura da alfacequando empregou o polipropileno, entre26 e 51%, dependendo do grupo a quepertence a alface. Também com alface,Sá (2002) e Reghin et al. (2002b) obser-varam, respectivamente, aumentos de29% a 38% na produtividade da cultura,quando a cobertura das plantas compolipropileno foi associada à coberturado solo. Em rucúla, Reghin et al. (2002c)observaram aumento de 20% na produ-tividade com o uso do polipropileno aproteção de plantas e incrementos de 25a 75% na produtividade de pak choi, de-pendendo do híbrido.

A cv. Chicória Crespa foi superiorao genótipo ‘AF-218’ em altura (cercade 12%), em número de folhas (81,2 e58,8 folhas/planta, respectivamente) ediâmetro da parte aérea. Entretanto, es-tes resultados não refletiram em superio-ridade da cv. Chicória Crespa nas ca-racterísticas de massa fresca (286,1 g) eseca da parte aérea (20,1 g), muito pro-vavelmente motivado pela diferençasmorfológica foliar. O genótipo ‘AF-218’apresentou 438,9g de massa fresca e25,3g de massa seca da parte aérea. En-quanto o genótipo ‘AF-218’ apresentalimbo foliar mais largo desde a regiãopróxima à base do pecíolo, a cv. Chicó-ria Crespa possui limbo mais estreito erepicado, que se alarga a partir de um

terço do comprimento foliar, resultan-do em menor massa seca e fresca daparte aérea. Além do efeito benéficosobre a altura, número de folhas dasplantas, massa seca e fresca da parteaérea, a cobertura da chicória por todoo período pós-transplantio proporcionoucolheita oito dias antes que as chicóriascultivadas sem cobertura, 15 e 30 diasapós o transplantio.

Em alface, Reghin et al. (2001c) eOtto et al. (2001) também observarammaior precocidade, produção e qualida-de das alfaces cobertas com opolipropileno quando comparadas aocultivo sem polipropileno. Feltrim et al.(2003) observaram que o aumento noperíodo de cobertura das plantas de al-face com polipropileno resultou em pro-duto com qualidade superior, maiormassa fresca e precocidade de sete dias.

Além da melhoria proporcionadanas características de crescimento e pro-dução da cv. Chicória Crespa e dogenótipo ‘AF-218’ quando as plantaspermaneceram por todo o período pós-transplantio cobertas com polipropileno,foi constatada também a ótima aparên-cia dessas plantas, que apresentaramfolhas grandes tenras e de tonalidadeverde-claro. Portanto, recomenda-se oemprego do tecido de polipropileno paracobertura de plantas de chicória, portodo o período pós-transplantio.

AGRADECIMENTOS

À CAPES pela concessão da bolsade pesquisa. Às empresas Sakata Seedse a Isla Sementes S.A., pelo fornecimen-to das sementes, à Companhia Providên-cia Indústria e Comércio pelo forneci-mento do polipropileno e ao Prof. Dr.Jairo Augusto Campos de Araújo peloempréstimo do Datalloger.

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Oquiabeiro (Abelmoschusesculentus L. Moench) é uma

hortaliça da família Malvácea cultiva-da na África, Ásia, Estados Unidos,Austrália e Brasil (Duzyaman, 1997).No Brasil, sua popularidade está aumen-tando, pois apresenta algumas caracte-rísticas desejáveis, como ciclo rápido,baixo custo de implantação e condução,resistência a pragas e alto valor nutriti-vo (Mota et al., 2000).

O fruto do quiabeiro é constituídopor 89,9% de água do total do seu pesofresco (Mota et al., 2000; Duzyaman,1997). Desta forma, o quiabo se com-porta como fruto perecível, quando ex-posto a condições ambientais com bai-xa umidade relativa e alta temperatura,pois tais condições propiciam a ocorrên-cia de murcha ocasionada pela intensaatividade respiratória e elevada perda de

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Armazenamento de frutos de quiabo embalados com filme de PVC emcondição ambienteWagner F da Mota1; Fernando Luiz Finger2; Paulo Roberto Cecon2; Derly José H da Silva2; Paulo CésarCorrêa2; Lúcia P Firme2; Ludmila L de M Neves2

1Unimontes, Depto. Ciências Agrárias, 39440-000 Janaúba-MG; 2UFV, 36571-000 Viçosa-MG; E-mail: [email protected]

água (Scheer, 1994). Desta forma, oquiabo é um produto hortícola perecí-vel com período de conservação pós-colheita extremamente curto, principal-mente em condições de armazenamentosob temperaturas altas e baixa umidaderelativa, pois estas condições acelerama perda de água, depreciando o valorcomercial dos frutos para o consumo innatura, sendo o maior problema na con-servação de quiabo, além de reduzir oteor de sólidos solúveis e de vitamina C(Della-Justina, 1998).

A manutenção da qualidade econsequentemente a extensão pós-co-lheita do quiabo, pode ser obtida com ouso de atmosfera modificada e/ou con-trolada (Brosnan & Sun, 2001). A at-mosfera modificada está continuamen-te se tornando importante como trata-

mento para prolongar o período de ar-mazenagem de produtos perecíveis re-duzindo perdas e mantendo a qualida-de. Esta técnica reduz a atividade respi-ratória e aumenta a umidade relativa,dimunuindo, assim, a perda de água portranspiração, e conseqüentemente omurchamento (Amarante et al., 2001).Muitos filmes plásticos com diferentespermeabilidades a gases são emprega-dos em frutos e hortaliças, tais como opolietileno de baixa densidade (PEBD)e o cloreto de polivinila (PVC) (Zagory& Kader, 1988).

O presente experimento teve comoobjetivo avaliar a influência do filmeplástico de PVC sobre a conservaçãopós-colheita de quatro cultivares dequiabo para consumo in natura arma-zenados em condições ambientes.

RESUMOO presente trabalho objetivou avaliar a influência do filme de

PVC durante o armazenamento, em condição ambiente, de frutos dequatro cultivares de quiabo para consumo in natura. O experimentofoi organizado segundo delineamento experimental em blocoscasualizados, em esquema de parcelas subdivididas, tendo nas par-celas um fatorial 2x4, ou seja, embalagens sem e com PVC e quatrocultivares (Amarelinho, Red Velvet, Star of David, MammothSpinless), e nas subparcelas os seis períodos de amostragem comquatro blocos. As características avaliadas foram: massa fresca, teorrelativo de água, teor de vitamina C, teor de clorofila total e análisevisual do escurecimento. O uso do PVC proporcionou menor perdade massa fresca e maior teor relativo de água ao longo doarmazenamento para todas as cultivares estudadas em relação às nãoembaladas com o filme. As menores perdas de massa fresca foramverificadas nas cvs. Amarelinho e Star of David sem e com PVC,respectivamente. Os frutos das cvs. Red Velvet e Star of David, em-balados com PVC, apresentaram menores perdas no teor de vitami-na C. Foi observado que a cv. Mammoth Spinless manteve maiorteor de clorofila. Observou-se, de maneira geral, maior incidênciade escurecimento nos frutos armazenados sem PVC. Verificou-seque de toda as cultivares estudadas o que manifestou melhor conser-vação com relação ao escurecimento foi o Red Velvet.

Palavras-chave: Abelmoschus esculentus, armazenamento, vitamina C.

ABSTRACTShelf life of four cultivars of okra covered with PVC film at

room temperature

The present work evaluated the influence of PVC film on thepostharvest shelf life of four cultivars of okra stored at roomtemperature. The experiment was arranged in random blocks, in subsplit parcels, where the parcels were a factorial 2x4, with and withoutPVC film and the cvs. Amarelinho, Red Velvet, Star of David andMammoth Spinless, and the subparcels the six sample time withfour blocks. The characteristics evaluated were: percentage of weightloss, relative water content, total chlorophyll and chlorophyll a andb, content of vitamin C, visual browning. The PVC was efficient incontrolling the weight loss and retained the water content throughstorage. The lowest losses were observed for the cvs. Amarelinhoand Star of David, without and with PVC, respectively. There washigher retention of vitamin C in the fruits wrapped with PVC andthe cvs. Red Velvet and Star of David kept higher content of it. Ingeneral, the cv. Mammoth Spinless kept higher content ofchlorophyll. The higher incidence of browning was in fruits storedwithout PVC. The Red Velvet had better shelf life due to lowerbrowning.

Keywords: Abelmoschus esculentus, storage, vitamin C.

(Recebido para publicação em 12 de julho de 2005; aceito em 24 de abril de 2006)

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256 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

MATERIAL E MÉTODOS

Os frutos de quiabo das cvs. Amare-linho, Red Velvet, Star of David eMammoth Spinless foram colhidos, noestádio de colheita comercial, na Hortade Pesquisa da Universidade Federal deViçosa (UFV), em Viçosa, MG, no pe-ríodo de março a maio de 2001. Após acolheita os frutos foram acondicionadosem caixas plásticas e transportados parao Laboratório de Pós-Colheita, do De-partamento de Fitotecnia.

Os frutos das quatro cultivares fo-ram selecionados, posteriormente foramdivididos em dois lotes, em seguida ametade foi armazenada em bandejas depoliestireno expandido com PVCesticável e auto-aderente (compermeabilidade a O

2, e CO

2 de 620 e

4263 cm3 m2 dia-1, respectivamente, eespessura de 12 mm) a outra metade foiarmazenada em bandejas sem PVC.Logo depois os dois lotes foram arma-zenados em condições ambientes(22±2oC e 80±5% de umidade relativa).Antes das análises físicas e químicas, oexperimento foi organizado segundodelineamento experimental em blocoscasualizados, em um esquema de par-celas subdivididas, tendo nas parcelasum fatorial 2x4, ou seja embalagens seme com PVC e as quatro cvs. Amareli-nho, Red Velvet, Star of David eMammoth Spinless, e nas subparcelasos seis períodos de amostragem comquatro blocos, sendo a unidade experi-

mental constituída por quatro frutos. Ascaracterísticas físicas e químicas foramavaliadas em intervalos de 3 dias. Parao cálculo da massa fresca do fruto, adiferença de massa fresca entre as ava-liações foi acumulada durante a evolu-ção do experiment. Assim, o resultadode perda de matéria fresca em relação àmassa inicial do fruto foi expresso emporcentagem.

O teor relativo de água foi determi-nado conforme metodologia descrita porCatsky (1974),

com o emprego da equação citadapor Weatherley (1950):

Em que F é o teor relativo de água;F, massa da matéria fresca; W, massa damatéria seca; e T, massa túrgida. Foramretirados discos de 7 mm de diâmetrodo pericarpo do quiabo e pesados. Osdiscos foram incluídos em espumassaturadas de água por 7 horas (temponecessário para estabilização da massa)e pesados, obtendo-se a massa da maté-ria túrgida. Em seguida, foi obtida amassa seca por secagem em estufa a70oC até massa constante.

O teor de vitamina C foi determina-do segundo técnica recomendada peloInstituto Adolfo Lutz (1985). Amostrasde 5 g de massa fresca do fruto foramtrituradas em 100 mL de água destiladacom o auxílio de um homogeneizadorde tecidos. Em seguida, foi adicionadoà mistura 20 mL de ácido sulfúrico (a

20%), filtrando-se posteriormente asolução. Foi adicionado ao filtrado, 1mL de iodeto de potássio a 10% e 5 mLda solução de amido a 1%, que foi se-guido por titulação com solução deiodato de potássio a 0,01 N até colora-ção azul. O teor de clorofila total foideterminado a partir da homogeneizaçãode 3 g de massa fresca da parte medianados frutos, em 10 mg de sulfato demagnésio e 30 ml de acetona 80% (v/v). A suspensão foi filtrada, aferida emum balão volumétrico de 50 mL. O teorde clorofila total foi determinadoespectrofotometricamente pelo métodode Arnon (1949) nos comprimentos deonda de 645 e 663 nm. A presença demanchas de descoloração foram avalia-das utilizando notas subjetivas: 0= au-sência de manchas escuras; 1= levemen-te escurecidos; 2= moderadamente es-curecidos; 3= extremamente escureci-dos; 4= completamente escurecidos commais de 50% de manchas escuras nasuperfície do fruto.

Os dados foram interpretados pormeio de análise de variância e de regres-são. As médias dos fatores qualitativosforam comparadas, utilizando-se o tes-te de Tukey ao nível de 5% de probabi-lidade. Para os fatores quantitativos, osmodelos foram escolhidos com base nasignificância dos coeficientes de regres-são, utilizando-se o teste de t, de Student,a 5% de probabilidade, no coeficientede determinação e no potencial paraexplicar o fenômeno biológico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se aumento linear da per-da de massa fresca ao longo do períodode armazenamento das cultivares (Figu-ra 1). Nos frutos armazenados sem PVCo aumento linear da perda de massa fres-ca foi da ordem de 5,26; 6,64; 6,13 e5,94% por dia nas cvs. Amarelinho, RedVelvet, Star of David e MammothSpinless, respectivamente, acumulandoao final de nove dias de armazenamentoperdas de 47,34; 59,76; 55,17 e 53,46%na mesma ordem (Figura 1A). Nos fru-tos armazenados com PVC, o aumentodiário foi de 3,30; 3,86; 2,73 e 3,53%nas cvs. Amarelinho, Red Velvet, Starof David e Mammoth Spinless respec-tivamente, atingindo perdas de 39,6;

Figura 1. Perda de massa fresca dos frutos de quiabo cvs. Amarelinho (Am), Red Velvet(Red), Star of David (ST) e Mammoth Spinless (SP) armazenados e embalados sem (A) ecom (B) PVC. Janaúba, Unimontes, 2001.

WF Mota et al.

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46,32; 32,76 e 42,36% após 12 dias dearmazenamento (Figura 1A). Os frutosdas quatro cultivares quiabo embaladoscom PVC apresentaram menor perda demassa fresca durante o armazenamento,alcançando armazenamento por 12 dias(Figura 1B). A embalagem com PVCproporcionou um menor gradiente depressão de vapor entre a atmosfera in-terna e a superfície do fruto. Além dis-so, as condições de atmosfera modifi-cada reduz a concentração de oxigênioem relação a atmosfera normal, dimi-nuindo a respiração e aumentando a con-servação pós-colheita.

Verificou-se em ambas as condições(com e sem PVC) que a cv. Red Velvetmanifestou maior perda de massa fres-ca ao longo do armazenamento (Figu-ras 1A e 1B). Em condição dearmazenamento sem PVC, a menor per-da de massa fresca foi verificada na cv.Amarelinho enquanto com uso de PVCa menor perda foi na ‘Star of David’.Foi verificada por Della-Justina (1998)que o uso de PVC em condições am-bientes, na cv. Amarelinho, foi eficien-te na redução da perda de massa frescaem relação aos frutos acondicionadossem PVC, prolongando a conservaçãoem 5 dias. Houve redução linear do teorrelativo de água, ao longo do períodode armazenamento, nos frutos de todasas cultivares armazenados (Figura 2).Observa-se maior teor relativo de águanos frutos embalados com PVC em re-lação aos embalados sem PVC (Figura2). A perda diária dos frutos embaladoscom PVC foi de 1,93%, atingindo aofinal de 12 dias teor relativo de água de68,31% (Figura 2). Para os frutos nãoembalados o teor foi de 64,44% em umperíodo de nove dias, em conseqüênciada perda diária de 2,73% (Figura 2). Aredução do teor relativo de água ocor-reu simultaneamente com a perda demassa fresca durante o período de ar-mazenagem (Figura 1A e 1B).

A perda diária de vitamina C 0,39mg 100g-1 de massa fresca nos frutosarmazenados sem PVC, atingindo aofinal do período de armazenamento 3,09mg 100 g-1 de vitamina C (Figura 2). Noentanto, nos frutos armazenados comPVC, as perdas foram inferiores comredução diária de 0,24 mg 100g-1 e acu-mulando ao final de 12 dias um teor de

3,33 mg 100 g-1 (Figura 2). Esta redu-ção do teor de vitamina C com o avan-ço do período de armazenamento tam-bém foi verificada por Della-Justina(1998). Segundo Lee & Kader (2000),temperaturas mais elevadas, como asverificadas em condições ambientes,ruduziram os terores de vitamina C.

Houve redução no teor de clorofilatotal ao longo do período dearmazenamento em todas as cultivaresarmazenadas sem PVC (Figura 3). Ataxa de perda diária de clorofila total foide 1,83; 5,11; 1,75 e 2,41 ug.g-1 MF nascvs. Amarelinho, Red Velvet, Star ofDavid e Mammoth Spinless, respecti-vamente. Dessa forma, após nove diasde armazenamento seus teores reduzirampara 21,52; 7,15; 18.91 e 31,00 ug g-1 MFde clorofila total nas cvs. Amarelinho,Red Velvet, Star of David e Mammoth

Spinless, respectivamente (Figura 3 A).Por outro lado, nos frutos armazenadoscom PVC, somente a cv. Red Velvet,perdeu clorofila total ao longo doarmazenamento (Figura 3B), com per-da diária de 3,44 ug g-1 MF de clorofilatotal. Entretanto, as perdas observadasforam inferiores às verificadas sob con-dições de armazenamento sem PVC.

A degradação da clorofila em horta-liças não climatéricas, como o quiabo,pode ser uma desvantagem na qualida-de, pois as perdas de clorofila são refle-xos da senescência (Beaudry, 1999). Adegradação da clorofila pode ser media-da por vários processos como a ação daenzima clorofilase, oxidação enzimáticaou fotodegradação (Beaudry, 1999). Amanutenção da coloração é uma carac-terística importante em todas as fases dacadeia como produção, armazenagem e

Figura 2. Teor relativo de água e teor de vitamina C dos frutos de quiabeiro armazenados eembaladas sem (″%) e com ( %) PVC. Janaúba, Unimontes, 2001.

Figura 3. Teor de clorofila total dos frutos de quiabeiro das cvs. Amarelinho (Am), Red Velvet(Red), Star of David (ST) e Mammoth Spinless (SP), armazenados sem (A) e com (B) PVCem condições ambientes, em função dos dias após a colheita. Janaúba, Unimontes, 2001.

Armazenamento de frutos de quiabo embalados com filme de PVC em condição ambiente

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258 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

comercialização (Kays, 1991; Kays,1999). A clorofila é um pigmento afeta-do pela atmosfera modificada sendoamplamente associada com a qualidadede hortaliças (Lee & Kader, 2000). Des-sa forma, ocorreu, de maneira geral, re-dução do desverdecimento com o usoda atmosfera modificada.

Os frutos das cvs. Amarelinho e RedVelvet armazenados e embalados comou sem PVC, mantiveram notas zero,significando ausência de escurecimento(manchas visuais) e ótimo estado deconservação até três dias após a colhei-ta. Della-Justina (1998) verificou que osda cv. Amarelinho, verificou que os fru-tos da cv. Amarelinho embalados emPVC manifestou-se perfeitos até o se-gundo dia enquanto nos armazenadossem PVC houve princípio deescurecimento logo no segundo dia apósa colheita intensificando-se ao longo doperíodo de armazenamento. Os frutosdas cvs. Star of David e MammothSpinless evidenciaram escurecimento apartir do terceiro dia após a colheita semou com PVC, com notas de 0,50 e 0,25e 0,25 e 0,18 respectivamente.

Em todas as cultivares estudadas, acv. Red velvet manifestou maior con-servação com ou sem uso de filmepolimérico de PVC e ‘Star of David’apresentou pior estado de conservação,isso devido aos sintomas noescurecimento que condiciona defeitona qualidade, provavelmente com

indução na atividade das enzimasperoxidase e polifenol oxidase(Hammer, 1993; Beaudry, 1999).

O uso da embalagem de PVC redu-ziu a perda de massa fresca eescurecimento, manutenção de maiorteor relativo de água, clorofila total evitamina C ao longo do armazenamento.A cv. Star of David manifestou bom es-tado de conservação com manutençãode maiores teores de vitamina C e redu-zida perda de matéria fresca, em con-junto com a cv. Amarelinho. A cv. RedVelvet, apesar de ter evidenciado boascaracterísticas de conservação com me-nor escurecimento e elevados teores devitamina C, manifestou maior perda dematéria fresca e de clorofila ao longodo armazenamento.

REFERÊNCIAS

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WF Mota et al.

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259Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

A cultura do pepino (Cucumis sativusL.) não se adapta ao cultivo sob

baixas temperaturas, sendo o desenvol-vimento da planta favorecido por tem-peraturas superiores a 20ºC (Lower &Edwards, 1986; Robinson & Decker-Walters, 1999). Este foi um dos moti-vos pelos quais os produtores passarama cultivar pepino em ambiente protegi-do a partir da década de 80 (Cañizares,1998). Sob condições de cultivo prote-gido, os produtores buscam obter o má-ximo de produtividade e, para isto, bus-cam as cultivares mais adaptadas e pro-dutivas, geralmente híbridos F

1. A utili-

zação de híbridos se tornou comum empepino devido à maior produtividade eà maior uniformidade e qualidade dosfrutos (Viggiano, 1994; Maluf, 2001).

A superioridade de híbridos de pe-pino foi constatada há mais de oito dé-cadas, em 1916, por Hayes & Jones (ci-tados por Ghaderi & Lower, 1978), ondefoi verificada presença de heterose paraprodução de frutos e número de frutospor planta. Ghaderi & Lower (1978)observaram heterose principalmente emcaracterísticas vegetativas. Já Delaney

CARDOSO AII. 2006. Dialelo entre linhagens de uma população de pepino do tipo ‘Caipira’. Horticultura Brasileira 24: 259-263.

Dialelo entre linhagens de uma população de pepino do tipo ‘Caipira’Antonio Ismael Inácio CardosoUNESP, C. Postal 237, 18603-970 Botucatu-SP; E-mail: [email protected]

& Lower (1987) observaram heterosesignificativa para produção, número deramificações e comprimento de entrenó.Filgueira et al. (1986) relataram heterosepositiva tanto para produção total comopara produção precoce em linhagens ehíbridos F

1 experimentais de pepino

‘Caipira’ em cultura rasteira. Heterosepositiva também foi relatada em umdialelo entre quatro linhagens de pepi-no por Li et al. (1995) para produçãototal, produção precoce, número de fru-tos, peso médio de frutos e área foliar, eheterose negativa para comprimento dehaste. Já Cui et al. (1992) reportarammaior precocidade nos híbridos em umdialelo parcial 4x4 quando comparadosaos respectivos parentais.

Apesar da heterose ser conhecidapara pepino, Cramer & Wehner (1999)relataram que há possibilidade de seremobtidas linhagens tão boas quanto híbri-dos, com uma baixa depressão porendogamia. Segundo Robinson (1999),têm sido desenvolvidas linhagens empepino sem perda de vigor, sendo que adepressão por endogamia não é um fa-tor limitante para produção de semen-

tes híbridas em cucurbitáceas. SegundoFehr (1987), o desenvolvimento de li-nhagens endogâmicas e a obtenção dehíbridos comerciais, a partir de popula-ções segregantes, apresentam cinco fa-ses: formação de uma populaçãosegregante; endogamia de indivíduos dapopulação até o nível adequado dehomozigose; avaliação da performancedas linhagens; avaliação da capacidadegeral de combinação das linhagens; ava-liação das linhagens em híbridos comer-ciais potenciais.

Deste modo, os primeiros passos noprograma de melhoramento são obten-ção de uma população segregante, pro-mover a endogamia e avaliação das li-nhagens. Depois deve-se avaliar a ca-pacidade de cruzamento destas linha-gens, geralmente em cruzamentosdialélicos. A análise de cruzamentosdialélicos é um método comumente uti-lizado na investigação de caracteresquantitativos no melhoramento vegetal.Sua utilização tem origem a partir dodesenvolvimento dos conceitos da ca-pacidade geral e específica de combi-nação, estabelecidos por Sprague &

RESUMOEste trabalho foi realizado para avaliar as capacidades geral e

específica de combinação de seis linhagens de pepino ‘Caipira’,hibridizadas em um esquema dialélico, totalizando 15 híbridos ex-perimentais (H-1 a H-15) possíveis (sem recíprocos). O delineamentofoi em blocos ao acaso, com 23 tratamentos (6 linhagens, 15 híbri-dos experimentais e dois híbridos comerciais: ‘Guarani’ e ‘Safira’),quatro repetições e 5 plantas por parcela. Foram avaliadas as se-guintes características: número e massa total de frutos por planta,número e massa de frutos comerciais por planta e taxa de frutoscomerciais. O híbrido ‘H-5’ foi o que apresentou as maiores heterosespara produção de frutos (45 a 51%), com produção comercial (emnúmero de frutos por planta) superior a cinco linhagens e ao híbridocomercial ‘Safira’. Tanto os efeitos aditivos como os não aditivosforam significativos para as características de produção de frutos(número e massa por planta), resultando em elevadas capacidadesespecíficas de combinação para a maioria das combinações entre aslinhagens. Das 75 estimativas de heterose obtidas, apenas três fo-ram negativas.

Palavras-chave: Cucumis sativus, produção, melhoramento.

ABSTRACTDiallel among lines of a ‘Caipira’ type cucumber population

The objective of this work was to evaluate general and specificcombining ability of six ‘Caipira’ cucumber lines, hybridized in adiallel cross, totalizing 15 experimental hybrids (H-1 to H-15),without reciprocals. The experimental design was randomized blockswith 23 treatments (6 lines, 15 experimental hybrids and twocommercial hybrids: ‘Safira’ and ‘Guarani’), four replicates and 5plants per plot. The following characteristics were evaluated: totalfruit number and weight per plant, commercial fruit number andweight per plant and rate of commercial fruits. Hybrid H-5 showedthe highest heterosis for fruit yield (45 to 51%), and had commercialyield (fruit number per plant) superior to five lines and to ‘Safira’hybrid. Additive and non additive effects were significant for fruityield (number and weight) per plant, resulting in high specificcombining ability for most of lines combinations. From the 75heterosis estimates, only three were negative.

Keywords: Cucumis sativus, yield, breeding.

(Recebido para publicação em 15 de agosto de 2005; aceito em 29 de maio de 2006)

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260 Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

Tatum (1942). A capacidade geral decombinação (CGC) é uma medida docomportamento relativo de uma linha-gem em uma série de cruzamentos e estáassociada a efeitos genéticos aditivos.A capacidade específica de combinação(CEC) representa o desvio, paramelhoria ou não, de um determinadocruzamento, tomando por base a médiada CGC dos parentais. É resultado dosefeitos de dominância, epistasia e váriostipos de interações.

No Brasil, a maioria dos híbridos depepino do tipo japonês sãopartenocárpicos, por isso podem ser cul-tivados em ambiente protegido duranteo ano todo (Filgueira, 2000; Cardoso &Silva, 2003). As cultivares e híbridos depepino ‘Caipira’ não apresentampartenocarpia (Cardoso, 2002), o quedificulta o seu plantio em estufas fecha-das, devido a redução na possibilidadede entrada de insetos polinizadores.Entretanto, muitos produtores tem plan-

tado em estufas, mantendo as lateraisabertas, possibilitando a entrada de in-setos. Porém, são poucas as opções decultivares e híbridos de pepino ‘Caipi-ra’ disponíveis no mercado e nenhumadestas recomendadas especificamentepara cultivo protegido. Deste modo, aobtenção de novas cultivares ou híbri-dos de pepino ‘Caipira’ adaptados aocultivo sob ambiente protegido deve serum objetivo em programas de melhora-mento genético de hortaliças.

O objetivo deste trabalho foi avaliaras capacidades geral e específica decombinação de linhagens de uma popu-lação de pepino ‘Caipira’ em um esque-ma de cruzamentos dialélico, com cul-tivo em ambiente protegido.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado naUNESP em São Manuel, SP. Foi con-duzido em duas estufas, tipo arco, com

7 m de largura por 20 m de comprimen-to e pé direito de 2,0 m, com coberturade polietileno transparente de 75 µm deespessura. As laterais permaneceramabertas, possibilitando a entrada de in-setos polinizadores.

Foram estudadas seis linhagens ob-tidas de uma população de pepino ‘Cai-pira’ originada do cruzamento entre oshíbridos ‘Safira’ (tipo ‘Caipira’, daSakata) e ‘Hatem’ (tipo ‘Beit Alpha’ ouholandês, da SVS). O híbrido resultan-te foi retrocruzado com o ‘Safira’ ob-tendo-se a população (‘Safira’ x‘Hatem’) x ‘Safira’ F

1RC

1. Plantas des-

ta população foram intercruzadas paraobtenção da população F

2RC

1 que foi a

população de onde foram extraídas seislinhagens com autofecundações suces-sivas pelo método do “single seeddescent - SSD” (Brim, 1966). Foramobtidos quinze híbridos experimentaispossíveis (sem recíprocos) no cruza-mento dialélico entre as seis linhagens.

A semeadura (03/08/04) foi feita embandejas de poliestireno expandido de128 células, com transplante em 26/08/04, no espaçamento de 1,0 m entre li-nhas e 0,45 m entre plantas. A aduba-ção de base constou da aplicação decomposto (5 L m-2) e adubo formulado4-14-8 (150 g m-2). As adubações emcobertura foram realizadas a cada setedias colocando-se 2 g de nitrato de cál-cio por planta até o início doflorescimento e 2 g de nitrato de cálciomais 2 g de nitrato de potássio por plan-ta após o início do florescimento. Cadaplanta foi tutorada individualmente e foifeita a eliminação de todas as brotaçõese flores até o 5º nó da haste principal,retirada do meristema das ramas late-rais (após o 6º nó da haste principal)entre a segunda e terceira folhas e reti-rada do meristema apical da planta aoatingir a altura do arame (cerca de 1,80m de altura). Foram avaliadas as seguin-tes características: produção de frutos(número e massa), total e comercial (fru-tos sem defeitos aparentes e retos) porplanta e taxa de frutos comerciais. Osfrutos foram colhidos a cada 2 dias,quando atingiam cerca de 15 cm de com-primento. O período de colheita foi de04/10/04 a 16/11/04.

Foram avaliados 23 tratamentos: 15híbridos experimentais (H-1 a H-15),

Tabela 1. Número de frutos total e comercial por planta, massa de frutos total e comercial porplanta e taxa de frutos comerciais nos diferentes tratamentos. São Manuel (SP), UNESP, 2004.

1Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey (5%).

AII Cardoso

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seis linhagens parentais (L-1 a L-6) edois híbridos comerciais (‘Guarani’ e‘Safira’), em um delineamento em blo-cos ao acaso, com 4 repetições de 5 plan-tas. Foram realizadas as análises devariância para cada característica e asmédias dos 23 tratamentos foram compa-radas pelo teste de Tukey (5%). Para esti-mar as capacidades geral e específica daslinhagens e híbridos foi utilizado o méto-do 2, modelo fixo, definido por Griffing(1956). As análises foram realizadas como programa Genes (Cruz, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A linhagem L-2 foi o tratamento commenores produções, tanto total comocomercial (Tabela 1), provavelmente porapresentar grande número de floresmasculinas e poucas femininas tanto nahaste principal como nas ramificaçõeslaterais. Em média, as linhagens forammenos produtivas que os híbridos ex-perimentais, com uma indicação de quehá heterose, conforme será descrito pos-teriormente. O híbrido H-5 foi o maisprodutivo, se destacando, principalmen-te, em relação a produção comercial,tendo sido superior a cinco das seis li-nhagens e superior ao híbrido comercial‘Safira’ no número de frutos comerciais.Com exceção da linhagem L-2, todas asoutras linhagens e os híbridos experi-mentais (exceto H-5) não diferiram doshíbridos comerciais (Tabela 1), demons-trando o potencial dos mesmos. Comrelação aos valores de produção total ecomercial obtidos, foram semelhantesaos obtidos por Cardoso (2002) e porGodoy et al. (2005) na avaliação doshíbridos ‘Safira’ e ‘Guarani’, tambémnas condições de São Manuel (SP).

Quanto a taxa de frutos comerciais,foram poucas as diferenças significati-vas. A linhagem L-2 foi inferior a todosos outros tratamentos (Tabela 1) porapresentar grande número de frutos tor-tos, provavelmente por ser o materialcom frutos mais compridos e finos. Ex-cetuando-se esta linhagem, a única di-ferença foi a superioridade do híbridoH-5 em relação a linhagem L-3. A fre-qüência de frutos defeituosos foi baixa,resultando em elevada taxa de frutoscomerciais para a maioria dos tratamen-tos. Os valores observados foram supe-

riores aos relatados por Cardoso (2002)- cerca de 64% - provavelmente porqueconseguiu-se manter as plantas sadias ebem nutridas até próximo do final dascolheitas, período com maior incidên-cia de frutos defeituosos (Demattê,1978; Nomura & Cardoso, 2000).

Tanto a capacidade geral (CGC)como a específica (CEC) de combina-ção foram altamente significativas paratodas as características avaliadas (Tabe-las 2 e 3). Segundo Vencovsky & Barri-ga (1992), o quociente entre os quadra-dos médios da CGC e CEC reflete o pre-domínio de uma ou outra. Para a maio-ria das características avaliadas não hou-ve um predomínio da CGC ou da CEC,conforme demonstram os quocientesque variaram de 1,02 a 3,40 (Tabela 2),mostrando que para estas característicastanto os efeitos aditivos como os nãoaditivos (dominância e epistasia) sãoimportantes na herança genética. Destemodo, a média das linhagens não podeser o único fator na escolha das mes-mas como parentais de híbridos. Ape-nas para a taxa de frutos comerciais, comquociente de 3,4 , pode-se dizer que osefeitos aditivos se sobrepõem aos nãoaditivos, tanto que foi para esta caracte-rística que foram obtidas as menoresestimativas para heterose (Tabela 4).

A linhagem L-5 foi a que apresentouos maiores valores para CGC para amaioria das características (Tabela 2), ouseja, foi a linhagem com maior concen-tração de genes com efeitos aditivos fa-

voráveis para aumento de produção porplanta. O híbrido H-5 apresentou a me-lhor complementação em loci gênicoscom efeitos não aditivos para as caracte-rísticas de produção de frutos, com osmaiores valores para CEC (Tabela 3).

Deve ser ressaltado que, sendo esteum modelo fixo (Griffing, 1956), as es-timativas são válidas para o conjunto deparentais testados e, em outras combi-nações dialélicas, a capacidade de com-binação poderá ser diferente, dependen-do da constituição genética dos demaisparentais (Vencovsky & Barriga, 1992).

A superioridade do híbrido H-5 sedeve a dois fatores: a) combinação deduas linhagens (L-1 e L-6) com eleva-das CGC (sempre entre as três mais ele-vadas) (Tabela 2) para número de fru-tos por planta (total e comercial), ouseja, maior acúmulo de genes com açãoaditiva favoráveis; b) elevadas estima-tivas para CEC (Tabela 3), com a me-lhor complementação em loci gênicoscom efeitos não aditivos (provavelmentedominância). O que mais chama a aten-ção são os valores absolutos para CECtanto para número total como comercialde frutos por planta, de 5,49 e 5,62, res-pectivamente. Isto significa que apenaspela ação gênica não aditiva(especificidade do cruzamento) há umaumento de mais de cinco frutos porplanta (25% da produção deste híbrido).Portanto, este híbrido H-5 apresentagrande quantidade de genes com efei-tos aditivos favoráveis (vindos de am-

Tabela 2. Estimativas dos efeitos da capacidade geral de combinação das linhagens e dosquadrados médios para capacidade geral (QM

CGC) e específica (QM

CEC) de combinação para

as características número de frutos total e comercial por planta, massa de frutos total ecomercial por planta e taxa de frutos comerciais. São Manuel (SP), UNESP, 2004.

*, **= significativo a 5% e a 1%, respectivamente, pelo teste F.

Dialelo entre linhagens de uma população de pepino do tipo ‘Caipira’

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ensaios conduzidos no verão e de 5,1%na primavera.

Godoy et al. (2005), estudando amesma população original [(‘Safira’ xHatem) x ‘Safira’ F

2RC

1], com zero a

cinco gerações de autofecundação, ob-servaram acentuada depressão porendogamia para produção de frutos ima-turos, o que já mostrava a importânciada ação gênica não aditiva, o que ficoucomprovado neste trabalho.

Das 75 estimativas de heterose paracaracterísticas de produção, apenas trêsforam negativas (Tabela 4), sendo queos híbridos foram superiores a média dospais e geralmente superiores ao parentalmais produtivo. Consequentemente, nãoseria interessante a utilização de umalinhagem de pepino, desta populaçãoestudada, diretamente como cultivarcomercial, ao contrário do relatado poralguns autores para pepino (Robinson,1999; Rubino & Wehner, 1986).

Pode-se concluir que tanto os efei-tos aditivos como os não aditivos foramsignificativos para as características deprodução de frutos (número e massa porplanta), resultando em elevadas capaci-dades geral e específica de combinaçãoe heteroses positivas para a maioria dascombinações entre as linhagens.

AGRADECIMENTOS

À FAPESP, pela concessão de auxí-lio à pesquisa (Processo 02/12837-8).

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Tabela 3. Estimativas dos efeitos da capacidade específica de combinação dos híbridos paraas características número de frutos total e comercial por planta, massa de frutos total ecomercial por planta e taxa de frutos comerciais. São Manuel (SP), UNESP, 2004.

Tabela 4. Estimativas das heteroses (%) dos híbridos para as características número defrutos total e comercial por planta, massa de frutos total e comercial por planta e taxa defrutos comerciais. São Manuel (SP), UNESP, 2004.

bos os parentais) e excelentecomplementação gênica entre as linha-gens parentais para os loci com efeitosnão aditivos.

As estimativas de heterose variaramde -6 a 57%, sendo que os híbridos H-5,H-8 e H-15 se destacaram com os maio-res valores para número e massa de fru-tos por planta (Tabela 4). Em média, as

estimativas obtidas para heterose foramelevadas, sendo superiores a maioria dosrelatados na literatura. Filgueira et al.(1986) obtiveram heteroses para núme-ro de frutos variando de -17,5 a 12,8%em híbridos de pepino ‘Caipira’ JáRubino & Wehner (1986) relataramheterose para produção total de frutosem pepino para conserva de 7,4% em

AII Cardoso

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263Hortic. bras., v. 24, n. 2, abr.-jun. 2006

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5. Abstract, em inglês, acompanhado de título e keywords:abstract, título em inglês e keywords devem ser versões per-feitas de seus similares em português ou espanhol. Assimcomo o resumo, o abstract deve ser limitado a 1400 caracteres(excluídos os espaços);

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7. Material e Métodos;

8. Resultados e Discussão;9. Agradecimentos, quando for o caso;

10. Referências: Sugere-se não mais do que 30 referên-

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4. Abstract and keywords: abstract limited to 1,400characters (excluding spaces). Select up to six keywords,starting with the scientific names of the organism(s) the studydeals with. It is not necessary to repeat words that are alreadyin the title;

5. Abstract, title and keywords in Portuguese: abstract,title and keywords in Portuguese should be adequate versionsof their similar in English. Horticultura Brasileira will providePortuguese versions for non-Portuguese speaking authors;

6. Introduction;

7. Material and Methods;

8. Results and Discussion;9. Acknowledgements, when applicable;

10. References: authors are asked to not exceed 30bibliographic references. Make sure that at least half of thereferences were published recently (up to 10 years).Exceptional cases can be considered, regarding that authors

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cias bibliográficas, a maioria com publicação recente (infe-rior a 10 anos). Casos excepcionais serão considerados, des-de que devidamente justificados na carta de submissão dotrabalho. Todas as referências deverão ter sido citadas no tex-to. Evite a citação de resumos de congresso;

11. Figuras e Tabelas: o limite para cada categoria (figu-ras, tabelas e gráficos) é 3, com limite geral de 5. Verifique sefiguras, tabelas e gráficos não estão redundantes.

Este roteiro deverá ser utilizado para a seção Pesquisa. Paraas demais seções veja padrão de apresentação nos artigos publi-cados nos últimos números de Horticultura Brasileira. Para maiordetalhamento consulte os números mais recentes de HorticulturaBrasileira, disponíveis também nos sítios eletrônicoswww.scielo.br/hb e www.abhorticultura.com.br/Revista.

As citações de artigos no texto deverão ser feitas conforme osexemplos: Resende & Costa (2005) ou (Resende & Costa, 2005).Quando houver mais de dois autores, utilize a expressão latina etalli, de forma abreviada, em itálico, como segue: Melo Filho et al.(2005) ou (Melo Filho et al., 2005). Quando houver mais de umartigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por umaletra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho, comosegue: 2005a, 2005b. Quando houver mais de um artigo do(s)mesmo(s) autor(es), em anos diferentes, separar os anos por vír-gula, como segue: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004) ou “...segun-do Inoue-Nagata et al. (2003, 2004)...”. Quando vários trabalhosforem citados em série, utilize ordem cronológica de publicação.

Na seção “Referências”, organize os trabalhos em ordem alfa-bética pelo sobrenome do primeiro autor. Quando houver mais deum trabalho citado cujos autores sejam exatamente os mesmos,utilize ordem cronológica de publicação. Utilize para a seção “Re-ferências” o padrão internacional, conforme os exemplos:

a) PeriódicoMADEIRA NR; TEIXEIRA JB; ARIMURA CT;

JUNQUEIRA CS. 2005. Influência da concentração de BAPe AG

3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa.

Horticultura Brasileira 23: 982-985.b) LivroFILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura.

Viçosa: UFV. 402p.c) Capítulo de livroFONTES EG; MELO, PE de. 1999. Avaliação de riscos

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d) TeseSILVA C. 1992. Herança da resistência à murcha de

Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: USP– ESALQ. 72p (Tese mestrado).

e) Trabalhos completos apresentados em congressos(quando não incluídos em periódicos):

AnaisHIROCE R; CARVALHO AM; BATAGLIA OC;

FURLANI PR; FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR.1977. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4.Anais... Salvador: SBF. p. 357-364.

mention their reasons at the submission letter. Avoid citingconference abstracts;

11. Figures and Tables: the limit for tables, figures, andcharts is 3 for each, with a total limit of 5. Exceptional casescan be considered, regarding that authors mention their reasonsat the submission letter. Please, make sure that tables, figu-res, and charts are not redundant;

This structure will be used for the Research section. Forother sections, please refer to the most recent issues ofHorticultura Brasileira, available also at www.scielo.br/hb ewww.abhorticultura.com.br/Revista.

Bibliographic references within the text should have thefollowing format: Resende & Costa (2005) or (Resende &Costa, 2005). When there are more than two authors, use theLatin expression et alli in its reduced form, in italics, asfollows: Melo Filho et al. (2005) or (Melo Filho et al., 2005).References to studies done by the same author in the sameyear should be noted in the text and in the list of Referencesby the letters a, b, etc., as for example: 1997a, 1997b. Incitations involving more than one paper from the sameauthor(s) published in different years, separate years withcommas: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004) or “...accordinglyto Inoue-Nagata et al. (2003, 2004)...”. When citing papers intandem in the text, sort them chronologically.

In “References”, order citations alphabetically, accordingto first author’s family name, without numbering. When thereis more than one paper from exactly the same authors, listthem in chronological order. References should appearaccordingly to the international format, as follows:

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d) ThesisDORLAND E. 2004. Ecological restoration of heaths and

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e) Full papers presented in conferences (when notincluded in referred journals)

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FURLANI PR; FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR.1977. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4.Anais... Salvador: SBF. p. 357-364.

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just online journalism. APS News Online. Disponível em http://www.hps.org/hpsnews/19065.html. Acessado em 25 de no-vembro de 1998.

Trabalhos completos apresentados em congresso

SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicosdo paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRES-SO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4. Anais ele-trônicos... Recife: UFPe. Disponível em: http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Acessado em 21de janeiro de 1997.

Sítios eletrônicos

USDA - United States Department of Agriculture. 2004,15 de novembro. World asparagus situation & outlook. Dis-ponível em http://www.fas.usda.gov/

Em caso de dúvidas, entre em contato com a ComissãoEditorial ou consulte os números mais recentes de HorticulturaBrasileira.

Processo de tramitação

Os artigos serão submetidos à Comissão Editorial, quefará uma avaliação preliminar (escopo do trabalho, atendi-mento às normas de publicação, qualidade técnica e qualida-de do texto). A decisão da Comissão Editorial (adequado paratramitação, ou não adequado) será comunicada ao autor decorrespondência por via eletrônica. Caso sejam necessáriasmodificações, o(s) autor(es) poderão submeter uma nova ver-são para avaliação. Caso a tramitação seja aprovada, a Co-missão Editorial encaminhará o trabalho a dois assessores adhoc especialistas naquela área de pesquisa. Tão logo haja doispareceres, o trabalho é enviado a um Editor Científico, tam-bém especialista, que emitirá seu parecer: (1) recomendadopara publicação, (2) necessidade de alterações ou (3) não re-comendado para publicação. Caso o trabalho seja recomen-dado ou não recomendado para publicação, será encaminha-do ao Editor Associado. Caso sejam necessárias modifica-ções, os autores produzirão uma nova versão que deverá serenviada à Comissão Editorial. Esta, por sua vez, remeterá anova versão ao Editor Científico para avaliação. O EditorCientífico poderá recomendar ou não a nova versão. Em am-bos os casos, o trabalho é remetido para o Editor Associado,que emitirá o parecer final. Cabe ao Editor Associado a res-ponsabilidade pelo aceite ou rejeição do trabalho. Nenhumaalteração é incorporada ao trabalho sem a aprovação do(s)autor(es). Após o aceite em definitivo do trabalho, o autor decorrespondência receberá uma cópia eletrônica da prova ti-pográfica, que deverá ser devolvida à Comissão Editorial em48 horas. Nesta fase não serão aceitas modificações de con-teúdo ou estilo. Alterações, adições, deleções e edições im-

CD-ROMAQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA

FHF. 2004. Espaçamento e doses de N na produtividade equalidade do repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEOLERICULTURA, 44. Resumos... Campo Grande: SOB (CD-ROM).

f) Papers published in electronic media

JournalKELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not

just online journalism. APS News Online. Available at http://www.hps.org/hpsnews/19065.html. Accessed in November25, 1998.

Full papers presented in conferences

SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicosdo paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRES-SO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4. Anais ele-trônicos... Recife: UFPe. Available at http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Accessed inJanuary 21, 1997.

Electronic Sites

USDA - United States Department of Agriculture. 2004,November 15. World asparagus situation & outlook. Availableat http://www.fas.usda.gov/

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The reviewing process

Manuscripts are submitted to the Editorial Board for apreliminary evaluation (scope, adherence to the publicationguidelines, technical quality, and command of language). TheEditorial Board decision (adequate for reviewing, notadequate) will be e-mailed to the correspondence author. Ifmodifications are needed, the author may submit a newversion. If the manuscript is adequate for reviewing, the Edi-torial Board forwards it to two ad hoc reviewers of the specificresearch area. As soon as they evaluate the manuscript, it issent to a related Scientific Editor. The Scientific Editoranalyzes the manuscript and forwards it back to the EditorialBoard, (1) recommending it for publication, (2) suggestingmodifications or (3) do not recommending for publication. Ifrecommended for publication or not, the manuscript isreviewed by the Associate Editor, who holds the responsibilityfor the final decision. If modifications are suggested, themanuscript is returned to the author(s), who, based on thesuggestions, produces a new version. Following, the ScientificEditor checks the new version and recommend it or not forpublication. In both cases, it is sent to the Associate Editor,for the final decision. No modifications are incorporated tothe manuscript without the approval of the author(s). Oncethe paper is accepted, an electronic copy of the galley proofis sent to the correspondence author who should make anynecessary corrections and send it back within 48 hours.Extensive text corrections, whose format and content havealready been approved for publication, will not be accepted.Alterations, additions, deletions and editing imply that a newexamination of the manuscript will be made by the EditorialBoard. Authors are held responsible for any errors and

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plicarão em novo exame do trabalho pela Comissão Editori-al. Erros e omissões presentes no texto da prova tipográficacorrigido e devolvido à Comissão Editorial são de inteira res-ponsabilidade do(s) autor(es). Horticultura Brasileira nãoadota a política de distribuição de separatas.

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Change in address, membership in the BrazilianAssociation for Horticultural Science (ABH) and payment offees related to the ABH should be addressed to:

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Panorama do milho-doceno Brasil

O milho-doce (Zea mays L.) éuma planta anual da família dasgramíneas. É semelhante ao mi-lho comum, mas seus grãos apre-sentam elevado teor de açúcar naépoca da colheita. Além do saboradocicado, grãos com películamais fina e textura macia são ca-racterísticas que diferenciam omilho-doce para consumo no es-tado “verde” (milho-doce) domilho comum no estado “verde”(milho-verde). No Brasil, o con-sumo de milho-verde é preferidoao milho-doce. Os grãos do mi-lho-doce quando maduros e secosficam totalmente enrugados devi-do ao baixo teor de amido na suacomposição, não sendo utiliza-dos, via de regra, para consumohumano ou animal.O consumo de milho-doce noBrasil é ainda pequeno, ocorren-do basicamente em forma de con-serva, após processamento eenlatamento dos grãos. Todo omilho enlatado encontrado nossupermercados é do tipo doce.

Pode ser utilizado ainda no pre-paro de receitas típicas, bolos,tortas ou na forma de espiga co-zida ou assada. Na elaboração dapamonha, do curau e na produ-ção de farinha-de-milho, o milho-verde é mais indicado, por pos-suir teor de amido mais elevado.Alternativamente, pode ser colhi-do antes da polinização e ser usa-do como “baby corn” (mini-mi-lho). Todavia, é ainda muito difí-cil encontrar o milho-doce na suaforma in natura para comprar,principalmente porque sua con-servação pós-colheita depende daadoção de tecnologias, como opré-resfriamento, embalagens emanutenção da cadeia de frio atéchegar ao consumidor.Em termos de valor nutritivo, osgrãos de milho-verde contêm cer-ca de 3% de açúcar e entre 60% e70% de amido, enquanto o milho-doce apresenta cerca de 12% deaçúcar e de 30% a 35% de ami-do. Existem cultivares conhecidascomo superdoce, que têm cercade 25% de açúcar e entre 15% e25% de amido.As cultivares mais plantadas noBrasil são Tropical Plus, SW452e DO04. Algumas empresas desementes têm buscado a adapta-ção de novas cultivares para ascondições brasileiras. As varieda-des nacionais disponíveis no mer-cado apresentam característicaspouco competitivas, como baixaprodutividade, plantas muito al-tas e espigas desuniformes, difi-cultando a colheita e oprocessamento.A duração do ciclo de desenvol-vimento das plantas (semeaduraaté colheita das espigas) varia de95 a 125 dias, dependendo dascaracterísticas da região e das

condições climáticas, sendo neces-sárias cerca de 1300 unidades decalor. Em Cristalina-GO, maiorregião produtora no Brasil, commais de 10.000 hectares plantadosde milho-doce anualmente, a pro-dutividade média de espigas é decerca de 17 t/ha. O rendimento degrãos no processamento varia de33% a 37%.As principais característicasexigidas pela indústria são o ele-vado teor de açúcar, textura maciae coloração amarelo-clara do grão.Outras características de interessepara a indústria de enlatamento sãoespigas cilíndricas e uniformes,acima de 20 cm de comprimento,com mais de dezesseis fileiras degrãos profundos; período de co-lheita de pelo menos 5 a 6 dias,com umidade do grão em torno de70%; empalhamento de proteçãoda espiga entre 7 e 14 palhas e teorde sólidos solúveis totais em tor-no de 20%.A colheita do milho-doce pode sermanual ou mecanizada, devendoser realizada quando os grãos seencontram totalmente desenvol-vidos, mais ainda em estado lei-toso. A determinação do ponto decolheita é uma etapa muito impor-tante quando a produção se desti-na tanto para consumo in naturaquanto para processamento. As-sim, devem feitas amostragensdiárias de espigas a fim de deter-minar o momento ideal de iniciara colheita.O processamento das espigasdeve ocorrer imediatamente apósa colheita. A doçura e a texturados grãos diminuem rapidamen-te após a colheita, especialmentecom o aumento da temperatura.Em algumas variedades, o teor deaçúcar do grão pode ser reduzido

em até 50% no período de 12 ho-ras após a colheita.A desuniformidade de germina-ção de sementes é um dos princi-pais problemas da cultura, ocasi-onando queda de produtividade edesuniformidade de maturação ede tamanho de espigas. Em ter-mos de fitossanidade, a incidên-cia de ataque da lagarta-do-car-tucho (Spodoptera frugiperda)durante praticamente todo o ciclode desenvolvimento é o principalproblema da cultura. Ademais, osistema de produção do milho-doce é o mesmo utilizado para omilho para consumo como milho-verde ou grão seco.Há um grande potencial para pro-dução de milho-doce no Brasiltanto para atender a demanda domercado varejista, consumidortradicional do milho-verde, quan-to para exportação. Atualmente,países do Mercosul, notadamenteArgentina e Uruguai com tradi-ção do consumo do milho-doce innatura, estão buscando o produ-to no Brasil Central e transportan-do via terrestre para aqueles paí-ses, principalmente no período deinverno. Assim, há grande poten-cial de crescimento da cultura domilho-doce no Brasil, especial-mente se forem implementadascampanhas de estímulo epopularização de seu consumo innatura.

(Henoque Ribeiro da Silva;Waldir Aparecido Marouelli;

Embrapa Hortaliças, C.Postal 218, 70359-970

Brasília–DF;[email protected])