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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO - UPF FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO - FAC MÚSICA (LP) MOTETO: ESTILO MEDIEVAL Acadêmicos: Daiana Pires, Douglas Machado, Fábia Rezende Vasconcelos Mühl, Rodrigo Brás Professo r: Alexandre Saggiorato. Disciplina: Linguagem e Estrutura II. Nível III.

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História da mùsica

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Page 1: MOTETO

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO - UPF

FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO - FAC

MÚSICA (LP)

MOTETO: ESTILO MEDIEVAL

Acadêmicos: Daiana Pires, Douglas Machado,

Fábia Rezende Vasconcelos Mühl, Rodrigo Brás

Professor: Alexandre Saggiorato.

Disciplina: Linguagem e Estrutura II.

Nível III.

Passo Fundo, abr. de 2014.

Page 2: MOTETO

INTRODUÇÃO

Neste presente trabalho é importante, a nosso ver, que se compreenda o grande surto da polifonia nos séculos XII e XIII como produto de um trabalho artesanal coletivo, de cunho nitidamente corporativo, que se fundamentava em tradições de origem popular, e onde se procurava dar respostas às necessidades culturais de uma nascente burguesia. E é neste contexto, ainda, que julgamos poder encontrar as razões do caráter exultante e jubiloso que verificamos existir nessas manifestações polifônicas, entre elas o Moteto.

HISTÓRIA DO ESTILO MEDIEVAL: MOTETO

Page 3: MOTETO

Na idade média, no século VIII, a música mais antiga que conhecemos é o cantochão, uma única melodia de tessitura caracterizada como monofônica. Já no século IX, os compositores começam a introduzir mais uma linha vocal nas composições, buscando mais beleza e refinamento em suas músicas, dando início a polifonia. Essa nova linha melódica, primeiramente levou o nome de organum paralelo, onde duplicava o cantochão com um intervalo de quarta ou quinta abaixo. Após dois séculos os compositores começam a liberar a voz organal da voz principal, começam assim os contrapontos, e de organum paralelo passa a ser organum livre.

No início do século XII esse contraponto é substituído. A voz principal é formada por notas mais longas, originando um novo terno para o antigo cantochão, agora com o nome Tenor (do latin tenere, significa manter), enquanto o tenor mantinha suas notas alongadas, a linha melódica organal começa a ser explorada acima do tenor, por várias notas curtas em uma única sílaba, chamado de organum melismático.

Ao mesmo tempo em Paris, estava sendo construída a catedral de Notre Dame, um grupo de compositores que pertenciam a Escola de Notre Dame chegou a um nível avançando de estudos, dois desses compositores foram conhecidos, primeiramente Léonin, o primeiro mestre do coro da catedral, e seu sucessor Pérotin. As mudanças nas composições originaram novos nomes, e o organum passa a ser chamado de duplum. Quando os melismas começam a ser aplicados no tenor, composição agora com um ritmo mais rápido, passa a ser chamado de descante, e a parte do organum passa a ser chamada de clausula.

A inovação de Léonin, com suas clausulae, foi de grande influência para os compositores da geração seguinte, tanto que, a partir daí, foram criadas clausulae de substituição para muitas composições antigas, chegando-se a escrever várias delas usando o mesmo tenor. Em meados do século XIII, as vozes superiores receberam letras e foram ganhando cada vez mais independência. As clausulae se tornaram, então, composições separadas dos organum de que faziam parte e, devido à letra que fora adicionada, receberam o nome de motete (do francês mot, que significa palavra). A princípio, o termo motete era usado para designar os textos franceses que eram usados na segunda voz de uma clausula. Mais tarde a composição em si passou a ser chamada de motete.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MOTETO

A segunda voz (o duplum original) do motete é chamada de motetus, a terceira voz é o triplum, e a quarta, quadruplum, assim como no organum de Pérotin. A maioria dos motetes tem um texto diferente para cada voz, e seu título é indicado pelas primeiras palavras de cada uma das vozes, começando pela mais aguda. O texto do Motetus era inicialmente em latim logo depois passou a ser cantado nas línguas nacionais e, em seguida, misturando esses Idiomas. Isso se tornou comum na segunda metade do século

Page 4: MOTETO

XIII: era o princípio da politextualidade. Nos motetes politextuais, os dois textos se complementam numa única língua.

Na Idade Média, foram compostos motetos a três e mais vozes com ou sem acompanhamento instrumental, porém conservando a pluralidade de textos o que fazia com que a obra fosse confusa e perdesse o equilíbrio. Somente no final do período medieval, com Machaut, e em toda a renascença, com Vitória, Lassus, Palestrina e outros que o moteto foi levado a sua máxima perfeição abandonado.

Então, um moteto é composto por duas ou mais partes que são cantadas simultaneamente. Uma voz mais grave elabora melodias sobre uma sílaba, palavra ou frase, ela é chamada de tenor. Enquanto isso, uma ou mais vozes mais agudas trabalham seus próprios textos, os textos de um mesmo moteto divergem entre si, se percebe que os artistas combinavam textos poéticos em latim e em francês com as alusões musicais a um canto que tinha um lugar específico na liturgia (ou seja, a posição que ele originalmente tinha na missa ou no ofício).

Nos motetes franceses, o tenor gregoriano era mantido apenas como um cantus firmus tocado por instrumentos, e os textos das vozes superiores não possuíam relação com seu contexto. Os textos franceses eram quase sempre canções de amor. Os motetes franceses podiam possuir uma espécie de refrão, que era um ou dois versos que surgiam de forma idêntica (isso se tornou menos frequente na segunda metade do século XIII).

O tipo mais antigo de motete possuía os textos em latim nas vozes agudas e era sempre baseado em uma clausula de substituição. Antes mesmo de 1250, frequentemente utilizavam-se textos diferentes, mas com contexto semelhante, para as duas vozes superiores de um motete a três vozes. Os textos podiam ser da mesma língua ou de línguas diferentes. Com o tempo, algumas modificações importantes foram surgindo, dentre elas: a) o fato de que as melodias agudas começaram a ser criadas para que qualquer poema pudesse ser escrito sobre elas (antes se mantinha a melodia original do organum e o texto é que tinha de se adaptar a ela, agora se podia trabalhar sobre ritmos e fraseados com mais liberdade, sendo que a voz do tenor era conservada); b) o fato de que se começou a cantar motetes em ambientes profanos e, nesse caso, as vozes superiores possuíam textos geralmente em língua vernácula (língua nativa falada de determinada localidade). O tenor às vezes possuía uma melodia de cantochão como cantus firmus (canto que não se altera), porém como sua finalidade não era mais litúrgica era tocado com instrumentos, não sendo necessário cantar o texto original; c) os tenores dos motetes não eram mais extraídos somente dos livros de Notre Dame (a partir de 1275) e sim de kyries, hinos e canções profanas contemporâneas; e d) as fórmulas rítmicas modais deram espaço a uma flexibilidade rítmica e os finais de frases coincidentes do motetus e do triplum, com as pausas do tenor, deram espaço ao começar e terminar das frases em pontos diferentes para todas as vozes. As vozes eram independentes e não possuíam um conjunto homogêneo, sua unidade se fazia através das consonâncias e resultados sonoros, e podiam expressar uma ideia simbólica superando as diferenças linguísticas dos textos.

Page 5: MOTETO

PRINCIPAIS COMPOSITORES

Leoninus (ou Léonin) (c.1150 – c.1201) – França – Música Antiga.

A única referência escrita a um músico chamado Léonin foi registrada mais de um século após sua morte por um monge inglês anônimo, que o descreveu como “o maior compositor de organum para amplificação do serviço divino”. Professor, administrador e poeta, Léonin tornou-se cônego na nova catedral de Notre-Dame de Paris. Nenhuma música sua se conservou, mas atribui-se a ele a criação do Magnus líber, o “Grande Livro” de cânticos usado em Notre-Dame no final dos anos 1100. O livro, mais tarde editado por Pérotin, assentou as fundações da ideia de harmonia e escrita composicional.

Magnus, Perotinus  (Pérotin) (fl. c.1200) - França (?) - Música Antiga

 Sucessor de Leoninus em Notre-Dame. “Optimus Discantor” (o melhor compositor de discantos). Enriquece o “Magnus Líber” de Leoninus com novas cláusulas em estilo de “discanto”. O ritmo se torna independente da palavra (notação modal). Foi o primeiro compositor conhecido de música com mais de duas partes independentes. Foi uma figura frustrantemente sombria. É mencionado em documentos do final do século XIII como quem editou e aprimorou o Magnus líber de Léonin, o livro de música de Notre-Dame. Provavelmente trabalhou com Philippe, o Chanceler, cujos textos musicou – em obras como Beata víscera – e pode ter composto no gênero emergente do moteto. Mas foi certamente um pioneiro com suas partituras em quatro partes de textos latinos mostrando alguns toques de modernidade.

Dufay, Guillaume (1397 – 1474) – Bélgica – Música Antiga - Início do Renascimento

 Guillaume Dufay, também Du Fay ou Du Fayt foi um compositor do início do Renascimento, da escola franco-flamenga. Figura central da Escola da Borgonha, considerado o mais famoso e influente compositor da primeira metade do século XV e um dos nomes mais importantes do período de transição da música medieval para a renascentista. Guillaume Dufay representou a primeira geração da Escola Borgonhesa. Seu modelo de missa polifônica, baseada no cantus firmus, teve grande aceitação entre os músicos até o final do século XVI. Criou o modelo perfeito da missa polifônica construída sobre um cantus firmus (tema litúrgico ou profano que serve de base e fio condutor a toda composição), modelo cuja fecundidade se manifestou até o final do século XVI.

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CONCLUSÃO

Conclui-se, portanto, que este estilo de música medieval, o Moteto, traduz a inquietação dos primeiros sinais de um processo histórico que, nessa época ainda estava em seu efetivo desenvolvimento.

O Moteto assumiu diferentes feições com o passar dos século, dos estilos e dos propósitos de cada compositor.

Page 7: MOTETO

Referências Bibliográficas:

GROUT, Donald J. História da Música Ocidental. Lisboa: Editora Gradiva, 2007

KENNEDY, Michael. Dicionário Oxford de Música. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1994

MICHELS, Ulrich. Atlas de Música Vol. 1. Lisboa: Editora Gradiva, 2003

SADIE, Stanley. Dicionário do Groove e da Música. Rio de Janeiro: Zahar, 1994

ANDRADE, Mário de. Pequena História da Música. 8ª Edição.

CANDÉ, Roland de, 1923. História Universal da Música. Vol. 1. Tradução Eduardo Brandão. 2ª Edição. São Paulo. Martins Fontes, 2001.

SCHURMANN, Ernst F.. A música como linguagem – Uma abordagem histórica. Editora Brasiliense.