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Ec o n o m i a
VITÓRIA, ES, DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011 ATRIBUNA 35
ANÁLISE
“Não há espaço paraquem faz corpo mole”
Em um mercado de trabalho alta-mente competitivo, não há espaçopara quem faz corpo mole. Se o fun-cionário apresenta um nível de pro-dutividade abaixo do esperado, ele éfacilmente substituído.
É importante que o profissionaltenha em mente que ele recebe porcada hora de trabalho e que tenhacomprometimento.
Mas também cabe à organizaçãofazer com que os funcionários en-tendam e compartilhem os seus va-lores. O exemplo de dedicação devevir dos gestores.
Proibir o uso de ferramentas comoa internet também não é sempre amelhor solução. O empregado preci-sa conhecer os recursos de que aempresa dispõe e as regras do códi-
go de conduta, sabendo que há pu-nição caso ele não cumpra.
Quando um profissional enrola,ele traz prejuízos à empresa, sobre-carregando outros funcionários.
A organização tem de ser um am-biente de realização de propostas, eo funcionário tem que entender quenão se trata só de um emprego, e simda sua carreira profissional.
Edmundo de AraújoFilho, presidente da
União Brasileira para aQualidade no Estado
Demissão para quem nãocumpre normas internas
A punição para os funcionáriosque costumam praticar atividadesinapropriadas durante o expe-diente, descumprindo as regras daempresa, vai desde uma simplesadvertência e suspensão a demis-são por justa causa.
Os juristas explicam que a penadepende da gravidade do fato e dareincidência das ações.
O advogado trabalhista JoséCarlos Rizk Filho aponta que arescisão de contrato por justa cau-sa pode ser aplicada nos casos emque o funcionário utiliza o horáriode trabalho e o e-mail corporativopara repassar conteúdos porno-gráficos ou racistas, por exemplo.
Ele alerta que as vendas indire-tas de roupas, alimentos e cosmé-ticos no local de trabalho sem au-torização do empregador também
podem resultar em demissão porjusta causa, já que ferem o artigo483 da Consolidação das Leis Tra-balhistas (CLT).
“Durante o horário de trabalho,a função da empregado é produzirem prol da empresa, e não em be-nefício próprio”, enfatiza Rizk.
A insistência em repetir atos demenor gravidade, mas que vãocontra o regulamento da empresa,também pode resultar no desliga-mento do profissional, explica oadvogado Esmeraldo Ramacciotti.
“Se a empresa proíbe o acesso aredes sociais, e o profissional insis-te em fazer isso, por exemplo, elepode levar uma advertência. Se is-so se repetir, ele leva uma suspen-são e, se acontecer pela terceiravez, cabe a demissão por justa cau-sa”, observa Ramacciotti.
A R Q U I VO / AT
JOSÉ CARLOSRIZK FILHOalerta que asve n d a si n d i re ta sde roupas,alimentos ecosméticosno local detrabalho semautorização doe m p re ga d o rtambém podemresultar emdemissão porjusta causa
CO M P O RTA M E N TO
Empresas usamcâmera para vigiarNa tentativa de otimizar o
trabalho dos empregados eevitar o desperdício de
tempo com atividades banais, asempresas estão instalando câme-ras para monitorar os funcionáriose até contratando profissionaiscom a função de fiscalizar o cum-primento das tarefas.
O advogado trabalhista FabrícioSiqueira esclarece que, desde quenenhum tipo de invasão à privaci-dade do trabalhador ou persegui-ção a um único profissional ocor-ra, o monitoramento no ambientede trabalho é permitido.
A restrição de conteúdos da in-ternet, bloqueio de e-mails pes-soais e proibição de celular tam-bém são práticas cada vez mais in-corporadas pelas empresas.
No supermercado Casagrande, oacesso a sites é restringido, e o usode celulares, vetado no horário detrabalho, como conta a gerente deRecursos Humanos (RH) da em-presa, Rosângela Casagrande.
“Adotamos essas medidas porqueos profissionais lidam diretamentecom os clientes e é preciso que elesmantenham o foco”, explicou.
Já o diretor administrativo e degestão de pessoas da construtoraLorenge, Nilson Silva, diz que aempresa tem um código de condu-
ta próprio que direciona a posturados funcionários e há correçõesem caso de não cumprimento dasn o r m a s.
“Não proibimos o acesso a redessociais, mas também não permiti-mos que se torne algo fora do pa-drão profissional. Orientamos osgestores a acompanhar de perto aequipe e fazer correções em des-vios que possam trazer prejuízos ae m p re s a ”, conta Nilson.
O BJ E T I VOA coordenadora de RH da For-
tes Engenharia, Naitê Andreão,defende que as empresas devemestabelecer metas para os funcio-nários e realizar ações para refor-çar os laços de comprometimento.
“Não adianta exigir somente queo profissional bata o ponto na em-presa. Estabelecendo metas paraas atividades propostas fica maisfácil manter os funcionários foca-dos e com um objetivo”, avaliaNa i t ê.
A presidente da Associação Bra-sileira de Recursos Humanos noEspírito Santo (ABRH-ES), Ange-la Abdo ressalta que algumas em-presas já têm adotado a remunera-ção por metas como uma forma deestimular os empregados a cum-prirem com suas atividades.
POSTURA DAS EMPRESAS
KADIDJA FERNANDES — 28/01/2011
NAITÊ diz que empresas devem definir metas para funcionários e realizar ações para reforçar o comprometimento
COMO ADMINISTRAR O TEMPO NO TRABALHO
Pausas não devem superar 15 minutosO rga n i z a ç ã o> TENHA A AGENDA como uma grande
aliada e programe com uma semanade antecedência suas atividades decada dia.
Pra z o> ESTABELEÇA METAS e prazos para a
conclusão de cada atividade diária.Ao final do dia, confira se tudo foicumprido.
I m p rev i s t o s> ELES ACONTECEM. Por isso, inclua
na programação do dia um momento
para resolvê-los.
C ro n ô m e t ro> PAUSAS para relaxar durante o dia
devem ser cronometradas para ul-trapassar não mais que 15 minutos.
Celular> NÃO ATENDA a ligações que não são
urgentes e podem te tirar do foco.Retorne para a pessoa depois.
C a d e i ra> NÃO DEIXE uma cadeira em frente à
sua mesa de trabalho. Assim, a pes-soa que chegar para conversar serámais breve e objetiva.
Fonte: Profissionais citados.
Duas horas no MSNUma auxiliar administrativo
de uma construtora quase per-deu o emprego após o chefe des-cobrir que ela desperdiçavaduas horas de trabalho comconversas no MSN (programade bate-papo na internet).
O gestor resolveu dar um votode confiança à profissional, masa advertiu de que tal condutanão seria tolerada.Hoje ela é fun-cionária exemplar da empresa.
Atividades da faculdadeUma multinacional do setor de pe-
tróleo e gás se recusou a pagar as ho-ras extras de uma secretária que esta-va concluindo o curso de graduação,alegando que ela realizava atividadesda faculdade durante o expediente.
O caso foi levado à Justiça, que en-tendeu que a empresa era obrigada apagar, já que caberia a ela delegar fun-ções, fiscalizar o cumprimento e apli-car punições se houvesse algo errado,o que não foi feito. Mas a funcionáriaacabou saindo do emprego.
Advertência em massaUma montadora de carros de-
mitiu mais de 30 funcionários edeu advertência por escrito aoutros por utilizarem a internetpara produzir, adquirir e distri-buir material pornográfico du-rante o horário de trabalho.
A intenção da empresa eraaplicar como punição a demis-são por justa causa, mas os dire-tores imediatos dos funcioná-rios amenizaram a situação.