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PROCEDIMENTO DE PREPARAO E ACOMPANHAMENTO DE
OBRA
Vanessa Leito Tomsio Ferreira
Dissertao para obteno do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Jri
Presidente: Prof. Jorge Manuel Calio Lopes de Brito
Orientador: Prof. Francisco Jos Loforte Teixeira Ribeiro
Co-orientador: Eng. ngelo Ribeiro Batista
Vogais: Prof. Alberto Martins Pereira da Silva
Setembro 2008
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Aos meus Pais por todo o carinho e apoio ao longo da minha vida.
Obrigada por tudo.
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Agradecimentos
Em primeiro lugar, agradeo ao Prof. Francisco Loforte Ribeiro pela forma como orientou o
meu trabalho e pela disponibilidade demonstrada ao longo deste percurso.
Gostaria tambm de expressar um agradecimento muito especial ao Eng. ngelo Batista pela
oportunidade para desenvolver esta dissertao na Tecnovia e por todo o apoio prestado.
Agradeo ainda a todos aqueles dentro da empresa que contriburam para a realizao deste
trabalho, em particular ao Eng. Lus Serra, Eng. Ana Rita Trindade, ao Eng. Paulo Salgado e
ao Eng. Srgio Conceio.
Ao Mestre Paulo Vaz Serra e s antigas colegas Mnica Vera-Cruz e Slvia Chaves agradeo
a disponibilidade para esclarecer dvidas e partilhar conhecimentos.
Um agradecimento muito especial aos meus Pais, a quem dedico esta dissertao, pela
compreenso e incentivo constantes, sem os quais no teria sido possvel chegar at aqui.
Por fim, agradeo aos meus amigos e colegas pela alegria nas horas boas e pelo apoio nas
menos boas, especialmente ao Daniel, Maria Manuel, Elisa, Ana Maral, Ins Rita e
Ana Rita Nascimento.
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Resumo
Na indstria da construo, o produto final resulta da conjugao de vrios factores, pelo que
cada vez mais importante antecipar situaes desfavorveis e prever solues mais adequadas.
Neste contexto, o processo de preparao de obra e a reutilizao do conhecimento interno das
organizaes surgem como ferramentas fundamentais para optimizar solues, reduzir os
imprevistos e minimizar os erros, aumentando assim a probabilidade de sucesso durante a
execuo das obras.
O modelo proposto nesta dissertao, desenvolvida em parceria com a empresa Tecnovia -Sociedade de Empreitadas S.A, pode ser aplicado a qualquer tipo de obra, com o intuito de
melhorar o seu processo de preparao. Para tal, apresenta-se uma metodologia e uma check-list,
compostas pelos principais aspectos a abordar na realizao deste processo, o qual
complementado pela consulta de informao relevante compilada na Base de Conhecimento,
elaborada em Microsoft Access 2007. Esta Base de Conhecimento composta por sete
formulrios e quatro modelos de relatrio. Desta forma, possvel editar, consultar e imprimir
informao, resultante do conhecimento e das experincias adquiridas nas obras executadas
anteriormente, que pode ser til para a adopo de medidas estratgicas e resoluo de
problemas, quer na fase de preparao quer na de execuo das obras futuras.
Um maior controlo do desenvolvimento da obra e a reduo dos riscos de imprevistos so as
principais vantagens resultantes da implementao do modelo proposto, o qual foi testado e
validado atravs da aplicao a uma obra real, j executada pela empresa cooperante.
Palavras-chave: Preparao de obra, gesto do conhecimento, reutilizao do conhecimento,
Base de Conhecimento, Microsoft Access
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Abstract
In the construction industry, the final product is yielded by a combination of several factors,
which is why it is more and more important to anticipate adverse situations and foresee the most
suitable solutions. This is where preparation of works and the re-use of internal knowledge,
within organizations, come into their own as basic tools for optimizing solutions, reducing the
occurrence of the unexpected and minimizing errors, thereby increasing the likelihood of success
during the execution of construction projects.
The model proposed in this dissertation has been developed in partnership with Tecnovia Sociedade de Empreitadas SA and can be applied to construction projects of any kind, as an aid
to the preparation of works. It comprises a methodology and a check-list composed of the chief
issues to be addressed by the process. It is complemented by consulting the relevant information
compiled in the Knowledge Base, developed in Microsoft Access 2007. This Knowledge Base
consists of seven forms and four report templates. It is therefore possible to edit, consult and
print information provided by the knowledge and experience acquired in already-completed
construction projects. This can help in the adoption of strategic measures and problem resolution,
at the preparation stage and during the execution of future similar construction projects.
Greater control over the progress of works and reduction of the risk of unforeseen events
occurring are the main advantages of implementing the proposed model. It has been tested and
validated by applying it to a real construction project, which the partner company has already
finished.
Keywords: Preparation of works; knowledge management; re-use of knowledge; Knowledge
Base, Microsoft Access.
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Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil ix
ndice
1. Introduo ................................................................................................................................... 1
1.1. Justificao ..................................................................................................................... 1
1.2. Campo de aplicao ........................................................................................................ 1
1.3. Objectivos ....................................................................................................................... 2
1.4. Metodologia de investigao .......................................................................................... 3
1.5. Organizao da dissertao ............................................................................................ 4
2. Estado do Conhecimento ............................................................................................................ 52.1. Introduo ....................................................................................................................... 5
2.2. Processo de pesquisa implementado .............................................................................. 6
2.3. Anlise da informao .................................................................................................... 7
2.3.1. Preparao de obra ...................................................................................................... 8
2.3.1.1. Principais conceitos .................................................................................................. 8
2.3.1.2. Processo de preparao de obra .............................................................................. 11
2.3.1.3. Regulamentao ..................................................................................................... 21
2.3.2. A gesto do conhecimento na construo ................................................................. 24
2.3.2.1. Definio de conhecimento .................................................................................... 24
2.3.2.2. Reutilizao do conhecimento no contexto da preparao de obra ........................ 26
2.4. Concluso ..................................................................................................................... 30
3. Estudo de Casos ........................................................................................................................ 33
3.1. Introduo ..................................................................................................................... 33
3.2. Metodologia de investigao ........................................................................................ 34
3.2.1. Metodologia de observao directa - Fichas de caso de estudo ................................ 34
3.2.2. Metodologia de observao indirecta - Questionrios .............................................. 39
3.3. Procedimento e prticas em vigor na empresa ............................................................. 41
3.4. Descrio dos casos de estudo ...................................................................................... 44
3.5. Anlise e interpretao da informao recolhida ......................................................... 47
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x Instituto Superior Tcnico
3.5.1. Procedimento de preparao de obra actualmente em vigor na empresa .................. 48
3.5.2. Desempenho das obras .............................................................................................. 49
3.5.3. Principais dificuldades e problemas recorrentes ....................................................... 50
3.5.4. Aspectos a melhorar .................................................................................................. 54
3.5.5. Factores de sucesso.................................................................................................... 54
3.5.6. Base de Conhecimento/Banco de Memria .............................................................. 55
3.6. Concluses .................................................................................................................... 57
4. Modelo Proposto ....................................................................................................................... 59
4.1. Introduo ..................................................................................................................... 594.2. Metodologia de Preparao de Obra ............................................................................ 60
4.2.1. Procedimento ............................................................................................................. 60
4.2.2. Documentos ............................................................................................................... 66
4.2.3. Check-list................................................................................................................... 66
4.3. Modelo de uma Base de Conhecimento de apoio Preparao de Obra ..................... 69
4.3.1. Bases do modelo ........................................................................................................ 69
4.3.1.1. Modelo Relacional.................................................................................................. 72
4.3.1.2. Modelo Entidade-Relacionamento (E-R) ............................................................... 75
4.3.2. Descrio do modelo ................................................................................................. 76
4.3.2.1. Formulrios............................................................................................................. 76
4.3.2.2. Relatrios ................................................................................................................ 84
4.4. Campo de aplicao ...................................................................................................... 85
4.5. Concluses .................................................................................................................... 85
5. Teste e Validao do Modelo ................................................................................................... 87
5.1. Introduo ..................................................................................................................... 87
5.2. Requisitos e aplicao do modelo ................................................................................ 87
5.3. Teste e validao .......................................................................................................... 88
5.3.1. Menu inicial ............................................................................................................... 89
5.3.2. Identificao da obra ................................................................................................. 90
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Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra
Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil xi
5.3.3. Descrio sumria ..................................................................................................... 90
5.3.4. Aspectos de execuo ................................................................................................ 91
5.3.5. Anlise econmica..................................................................................................... 92
5.3.6. Consulta de obras por grupo ...................................................................................... 94
5.3.7. Consulta de obras por tipo ......................................................................................... 95
5.3.8. Relatrio Pontos de melhoria - Materiais .................................................................. 97
5.3.9. Relatrio Pontos de melhoria Solues construtivas.............................................. 97
5.3.10. Relatrio Pontos de melhoria Solues tcnicas .................................................. 98
5.3.11. Relatrio Identificao da obra ............................................................................... 99
5.4. Teste de tcnicas de programao - Anlise de desempenho ..................................... 1005.5. Concluses .................................................................................................................. 101
5.6. Propostas de melhoria ................................................................................................. 102
6. Concluso ................................................................................................................................ 103
6.1. Introduo ................................................................................................................... 103
6.2. Avaliao dos resultados ............................................................................................ 103
6.3. Contribuio e aspectos inovadores ........................................................................... 104
6.3.1. Contribuio para o conhecimento .......................................................................... 104
6.3.2. Contribuio para a indstria ................................................................................... 106
6.4. Limitaes .................................................................................................................. 107
6.5. Trabalhos futuros ........................................................................................................ 107
Referncias bibliogrficas ........................................................................................................... 109
Anexos ......................................................................................................................................... A1
Anexo I Fichas de caso de estudo (Preparao de obra) ................................................. A3
Anexo II Fichas de caso de estudo (Acompanhamento de obra) .................................... A7
Anexo III Questionrios ................................................................................................ A13
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xii Instituto Superior Tcnico
ndice de figuras
Figura 1.1 Metodologia da investigao ...................................................................................... 3
Figura 2.1 Gerao e reutilizao do conhecimento .................................................................... 8
Figura 2.2 Diligncias para um empreendimento [5] ................................................................ 10
Figura 2.3 Organizao do plano de trabalhos para a construo [15] ...................................... 20
Figura 2.4 Actividades da gesto do conhecimento................................................................... 25
Figura 2.5 Ciclo da gesto do conhecimento ............................................................................. 26
Figura 3.1 mbito da investigao ............................................................................................ 33
Figura 3.2 Metodologia de investigao .................................................................................... 34
Figura 3.3 Organograma das fichas de recolha de dados das obras executadas ........................ 37
Figura 3.4 - Organograma das fichas de recolha de dados das obras em preparao ................... 38
Figura 3.5 - Organograma dos questionrios ................................................................................ 41
Figura 3.6 - Processo de preparao de obra desde a proposta execuo .................................. 43
Figura 4.1 Articulao do procedimento de preparao de obra com a Base de Conhecimento59
Figura 4.2 Processo de preparao de obra ................................................................................ 60
Figura 4.3 Ciclo dados-conhecimento-deciso [39] .................................................................. 69
Figura 4.4 - Arquitectura do modelo de Base de Conhecimento .................................................. 70
Figura 4.5 - Fases de desenvolvimento de uma Base de Conhecimento [39]............................... 70
Figura 4.6 Modelo relacional ..................................................................................................... 74
Figura 4.7 Diagrama Entidade-Relacionamento [retirado do Microsoft Access 2007] ............. 75
Figura 5.1 Caractersticas de qualidade exigidas pela norma ISO/IEC 9126 [40] .................... 88
Figura 5.2 Formulrio Menu inicial........................................................................................... 89
Figura 5.3 FormulrioIdentificao da obra ............................................................................ 90
Figura 5.4 FormulrioDescrio sumria................................................................................. 91Figura 5.5 FormulrioAspectos de execuo ............................................................................ 92
Figura 5.6 FormulrioAnlise econmica................................................................................. 93
Figura 5.7 Janela de seleco do grupo a consultar ................................................................... 94
Figura 5.8 Formulrio Consulta de obras por Grupo (Alentejo) .............................................. 94
Figura 5.9 - Formulrio Consulta de obras por Grupo (Algarve) ................................................ 94
Figura 5.10 - Formulrio Consulta de obras por Grupo (Sede) ................................................... 95
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Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra
Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil xiii
Figura 5.11 - Formulrio Consulta de obras por Grupo (Viseu) ................................................. 95
Figura 5.12 - Janela de seleco do tipo de obra a consultar ........................................................ 95
Figura 5.13 - Formulrio Consulta de obras por tipo (Requalificao urbana) ........................... 96
Figura 5.14 - Formulrio Consulta de obras por tipo (Vias de comunicao Estrada Nacional)
....................................................................................................................................................... 96
Figura 5.15 - Formulrio Consulta de obras por tipo (Vias de comunicao Itinerrio
Complementar) ............................................................................................................................. 96
Figura 5.16 - Janela para introduo do nmero da obra .............................................................. 97
Figura 5.17 RelatrioPontos de melhoria - Materiais .............................................................. 97
Figura 5.18 - Janela para introduo do nmero da obra .............................................................. 98Figura 5.19 - RelatrioPontos de melhoria Solues construtivas........................................... 98
Figura 5.20 - Janela para introduo do nmero da obra .............................................................. 98
Figura 5.21 - RelatrioPontos de melhoria Solues tcnicas ................................................. 98
Figura 5.22 - Janela para seleco da obra pretendida .................................................................. 99
Figura 5.23 - RelatrioIdentificao da obra .............................................................................. 99
Figura 5.24 Objectos da Base de Conhecimento analisados.................................................... 100
Figura 5.25 Ideias de optimizao apresentadas peloAnalisador de desempenho.................. 101
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ndices
xiv Instituto Superior Tcnico
ndice de quadros
Quadro 2.1 Classificao dos riscos segundo Wideman [18] .................................................... 18
Quadro 3.1 Casos de estudo ....................................................................................................... 35
Quadro 3.2 Nmero de inquritos distribudos .......................................................................... 39
Quadro 3.3 Caracterizao da amostra ...................................................................................... 47
Quadro 3.4 - Obras com prorrogao legal do prazo de execuo ............................................... 49
Quadro 3.5 - Distribuio das dificuldades pelas obras em estudo .............................................. 51
Quadro 3.6 Principais actividades crticas ................................................................................. 53
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Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra
Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil xv
ndice de grficos
Grfico 3.1 Experincia profissional dos entrevistados ............................................................. 47
Grfico 3.2 Classificao do desempenho das obras ................................................................. 49
Grfico 3.3 Principais dificuldades encontradas ........................................................................ 51
Grfico 3.4 Utilidade da Base de Conhecimento e dos relatrios de fecho de obra e
disponibilidade para colaborar ...................................................................................................... 56
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xvi Instituto Superior Tcnico
ndice de tabelas
Tabela 4.1 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrioDatas ............................................................................................................................................. 77
Tabela 4.2 Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulrio
Identificao da obra.................................................................................................................... 77
Tabela 4.3 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio
Principais quantidades finais ....................................................................................................... 78
Tabela 4.4 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulrio
Descrio sumria........................................................................................................................ 78
Tabela 4.5 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio
Pontos de melhoria Materiais.................................................................................................... 79
Tabela 4.6 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio
Pontos de melhoria Solues construtivas ................................................................................ 79
Tabela 4.7 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio
Pontos de melhoria Solues tcnicas....................................................................................... 79
Tabela 4.8 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulrioAspectos
de execuo ................................................................................................................................... 80
Tabela 4.9 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio
Actividades crticas....................................................................................................................... 80
Tabela 4.10 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio
Quadro comparativo ..................................................................................................................... 81
Tabela 4.11 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulrioAnlise
econmica ..................................................................................................................................... 82
Tabela 4.12 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrioActividades positivas..................................................................................................................... 83
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Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra
Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 1
1. Introduo
1.1. Justificao
Na indstria, em especial na da construo, o produto final resulta da conjugao de vrios
factores como a seleco das tecnologias de construo, as particularidades do projecto, a
localizao geogrfica, a meteorologia, entre outros. Assim, existem inmeras condicionantes
que podem influenciar o desempenho das obras, tanto pela positiva como pela negativa, pelo que
cada vez mais importante antecipar os riscos e prever solues mais adequadas. Neste contexto,
o processo de preparao de obra surge como uma ferramenta crucial.
Por outro lado, a elevada competitividade dos mercados actuais faz com que as empresas j
no encontrem vantagens competitivas no exterior das mesmas, pois o acesso aos meios
necessrios a esta actividade est facilitado. Ento, a verdadeira vantagem competitiva resulta do
conhecimento interno das prprias organizaes, o qual nico, raro e valioso. A reutilizao
deste conhecimento no processo de preparao de obra permite optimizar as prticas das
empresas e minimizar os erros, aumentando assim a probabilidade de sucesso das obras.
1.2. Campo de aplicao
Este projecto de investigao foi desenvolvido em parceria com a empresa Tecnovia,
Sociedade de Empreitadas S.A, pelo que o modelo desenvolvido e apresentado nos Captulos 4 e
5 surge no seguimento das prticas e procedimentos em vigor na empresa, ainda que possa ser
aplicado a qualquer tipo de obra alm das de vias de comunicao, caso se efectuem algumas
adaptaes.
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Captulo 1 Introduo
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1.3. Objectivos
A presente dissertao tem como objectivo contribuir para a consolidao do procedimento de
preparao das obras, especialmente rodovirias, assim como o acompanhamento e
implementao de uma Base de Conhecimento de boas prticas construtivas, na empresa
cooperante a Tecnovia.
No que se refere ao procedimento de preparao de obra, pretende-se minimizar os riscos de
imprevistos na execuo das obras e estabelecer bases de partida, para uma consistente gesto de
recursos e adequado controlo fsico e econmico do projecto, face s metas e objectivos
previamente traados.Por outro lado, pretende-se compilar de forma ordenada os aspectos mais relevantes
identificados durante o perodo de execuo das obras, atravs da criao da Base de
Conhecimento/Banco de Memria, de modo a, no futuro mais ou menos prximo, ser consultada
para adopo de medidas estratgicas, de situaes idnticas, quer em fase de oramentao,
quer em fase de execuo.
Para atingir estes objectivos necessrio:
- efectuar uma pesquisa e anlise bibliogrfica das tcnicas, conceitos e regulamento
relacionados com a preparao de obra, especialmente das obras rodovirias;
- proceder ao levantamento e abordagem do procedimento existente e aplicado na empresa at
data;
- identificar e recolher a informao necessria para a elaborao da Base de Conhecimento;
- desenvolver o sistema de gesto de conhecimento (Base de Conhecimento) atravs dacompilao de informao relevante para a preparao de futuras obras;
- implementar e promover o recurso Base de Conhecimento como prtica fundamental no
complemento aos processos de preparao e execuo da obra.
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1.4. Metodologia de investigao
A presente dissertao resulta de um trabalho de investigao de aproximadamente um ano,
realizado em parceria com a empresa Tecnovia, Sociedade de Empreitadas S.A.
A Figura 1.1 mostra as principais etapas desta investigao. O primeiro passo consistiu na
realizao de algumas reunies com vista a identificar as necessidades da empresa no mbito
desta temtica e estabelecer os objectivos do estudo e o seu planeamento. Seguidamente,
efectuou-se uma pesquisa e consequente anlise da bibliografia relevante para a elaborao do
fundamento terico, no qual esta dissertao se baseia. Simultaneamente, foi-se tomandoconhecimento e acompanhando as prticas da empresa. Aps a determinao do estado do
conhecimento, procedeu-se recolha e anlise de dados na empresa, relativos s obras pr-
seleccionadas, para identificar os pressupostos e oportunidades nos quais o modelo desenvolvido
assenta. Por fim, testou-se o modelo proposto para aperfeioamento e validao, atravs da sua
aplicao a uma das obras em estudo.
Figura 1.1 Metodologia da investigao
Integrao na empresa e definio dos objectivos
Pesquisa e anlise bibliogrfica
Levantamento das prticas e procedimentos em vigor naempresa
rRecolha, tratamento estatstico e anlise dos dadosrelativos s obras em estudo
Desenvolvimento do modelo proposto
Teste e validao do modelo
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Captulo 1 Introduo
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1.5. Organizao da dissertao
A organizao desta dissertao reflecte a metodologia de investigao seguida, pelo que est
organizada em seis captulos. Assim, a estrutura do trabalho :
Captulo 1 introduo, objectivos e metodologia da investigao e organizao dadissertao;
Captulo 2 anlise da informao relevante, como conceitos, modelos e estudos,resultantes da pesquisa bibliogrfica efectuada, com vista a estabelecer a base tericadesta dissertao;
Captulo 3 levantamento das prticas e procedimentos em vigor na empresacooperante e recolha e anlise dos dados relativos s obras pr-seleccionadas em
estudo;
Captulo 4 descrio do modelo proposto, onde se inclui uma metodologia para arealizao da preparao de obra, uma check-liste uma Base de Conhecimento/Banco
de Memria, desenvolvido com base na anlise bibliogrfica e nos casos de estudo;
Captulo 5 teste do modelo proposto, atravs da sua aplicao a um caso de estudo eapresentao dos resultados para consequente demonstrao da validao do modelo;
Captulo 6 avaliao do cumprimento dos objectivos propostos, apresentao daslimitaes da investigao, descrio do contributo deste trabalho para a comunidade
cientfica e para a indstria e exposio de sugestes de trabalhos futuros.
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Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra
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2. Estado do Conhecimento
2.1. Introduo
O presente captulo constitui o fundamento terico, baseado em trabalhos e conhecimentos
anteriores, imprescindvel para a elaborao do restante estudo.
Esta dissertao desenrola-se segundo duas vertentes que se complementam, pois ainda que se
pretenda aperfeioar o procedimento de preparao de obra existente na empresa cooperante, tal
s possvel atravs de um maior conhecimento interno, resultante da anlise dos dados relativos
s obras j executadas. Assim sendo, decidiu-se organizar a informao resultante da pesquisa
bibliogrfica em dois subtemas.
Primeiramente, abordou-se a temtica da preparao de obra, expondo modelos defendidos
por alguns autores sobre os elementos e etapas que este procedimento deve englobar. Para
melhor compreender este tema, apresenta-se uma sntese dos principais conceitos que importa
conhecer para desenvolver este processo e efectua-se um breve enquadramento regulamentar,realando os artigos fundamentais respeitantes a esta prtica.
No segundo subtema, explorou-se a aplicao da gesto do conhecimento metodologia da
preparao de obra. Analogamente estrutura adoptada no subtema anterior, tambm aqui se
desenvolveu uma seco onde se apresentam as definies mais relevantes neste contexto, como
sejam a de conhecimento e os seus tipos, bem como o papel que este desempenha e a sua
importncia. Em seguida, expem-se alguns modelos de sistemas de gesto do conhecimento no
mbito da construo, estabelecidos por especialistas internacionais. Deste modo, possvel
efectuar uma anlise crtica, demonstrando, de uma forma explcita e objectiva, a aplicabilidade
desta temtica construo, nomeadamente, metodologia da preparao de obra.
Na seco seguinte, explicita-se o processo de pesquisa desenvolvido, com vista recolha de
informao relevante para a elaborao deste estudo.
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Captulo 2 Estado do Conhecimento
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2.2. Processo de pesquisa implementado
No mbito da temtica em questo, realizou-se uma pesquisa bibliogrfica dividida em duas
componentes, de acordo com os subtemas considerados.
O primeiro passo consistiu na procura em sites de referncia, nomeadamente no Science
Direct, de artigos de revistas conceituadas no meio cientfico, recorrendo a palavras-chave
relacionadas com a preparao de obra e a gesto do conhecimento na construo. de salientar
a dificuldade em encontrar literatura actual e internacional relativa ao primeiro tema, pelo que foi
necessrio efectuar uma pesquisa mais aprofundada, recorrendo a outros meios, especialmentelivros tcnicos existentes nas bibliotecas do Instituto Superior Tcnico e do Laboratrio Nacional
de Engenharia Civil, nas livrarias nacionais e on-line. Simultaneamente, utilizaram-se os motores
de busca da Biblioteca do Conhecimento Online e de outras bibliotecas de universidades e
institutos do pas. Foram tambm consultados estudos e trabalhos, sobretudo teses de mestrado
de autores nacionais, bem como os decretos-lei mais relevantes, associados preparao de obra.
No que se refere ao subtema da gesto do conhecimento, constatou-se existir pouca literatura
portuguesa sobre o assunto, visto tratar-se de um tema inovador. Assim, a principal fonte de
informao foram os artigos de revistas e jornais de referncia internacionais, onde se destacam
o International Journal of Project Management, o Automation in Construction e o Journalof
Knowledge Management.
Nesta seleco foi dada preferncia s publicaes mais recentes, com vista recolha da
informao mais actualizada.
Aps triagem das publicaes com interesse para este trabalho, efectuou-se a leitura e
identificao dos conceitos, definies e modelos, resultando na anlise que em seguida se
expe.
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Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra
Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 7
2.3. Anlise da informao
A elevada competitividade dos mercados tem vindo a tornar cada vez mais importante a
difuso do conhecimento interno nas organizaes. medida que as tcnicas e processos vo
evoluindo e o acesso aos meios vai sendo mais fcil, aumenta a dificuldade em encontrar
vantagens competitivas no exterior das organizaes, pelo que estas se viraram para si prprias,
em busca de uma aprendizagem interna que lhes permitisse aperfeioar e melhorar
continuamente os seus desempenhos. neste contexto que a gesto do conhecimento ganha uma
importncia crescente.
No caso especfico da construo, o produto final so as obras, ou seja, a concretizao dos
projectos, os quais, segundo aAssociation for Project Management[1] consistem num conjunto
de actividades coordenadas com instantes de incio e fim bem definidos, executadas por uma
dada entidade individual ou colectiva com vista realizao de um objectivo bem definido,
dentro de determinadas restries de tempo, oramento e performance. Por seu turno Walker
[2] definiu as obras como objectos com caractersticas individuais nicas na concepo e
execuo.
Deste modo, cada obra apresenta caractersticas especficas, resultantes de diversos factores,
tais como: as particularidades do projecto, a utilizao, os processos construtivos e a localizao.
Esta ltima condicionante influencia no s a natureza do terreno, mas tambm as condies em
que os trabalhos vo ser executados. De acordo com Domingues [3], cada obra como nica nas
suas caractersticas e especificidades, apresenta um grau elevado de incerteza, que se traduz
numa vasta gama de situaes e imprevistos com potenciais impactos negativos no processo de
execuo da obra. Assim, compreensvel que as empresas procurem cada vez mais, prevenir e
minimizar todas as situaes que possam ter efeitos nefastos no seu desempenho, bem como
assegurar o sucesso das actividades mais favorveis atravs de preparaes de obra mais
completas e eficazes.
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Preparao de obra
Acompanhamento daexecuo da obra
Fecho da obra
Conhecimento
Para servir tal objectivo, h que evitar incorrer nos mesmos erros e aprender com a
experincia para optimizar os resultados. A Figura 2.1 mostra como o conhecimento gerado ao
longo de todo o processo de execuo das obras constitui um factor chave na melhoria da
preparao das obras futuras.
Figura 2.1 Gerao e reutilizao do conhecimento
2.3.1. Preparao de obra
2.3.1.1. Principais conceitos
Quando se aborda a temtica da preparao de obra, necessrio ter presente os
principais conceitos e definies que lhe esto associados.
Pela designao de obra entende-se todo o trabalho de construo, reconstruo,
restauro, ampliao, alterao, reparao, conservao ou adaptao e demolio de bens
imveis [4]. Estas podem ser pblicas ou particulares, consoante se trate de um dono de obra
pblico ou particular, ou seja, consoante a pessoa, individual ou colectiva, proprietria dos bens e
que executa ou manda executar a obra, seja pblica ou no.
Por outro lado, o empreiteiro corresponde entidade responsvel pela execuo de uma
obra em regime de contrato de empreitada [4]. Note-se que podem existir vrias empreitadas
numa mesma obra, pois uma empreitada a forma de contrato pelo qual uma das partes se obriga
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Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 9
em relao outra a executar um conjunto de trabalhos, mediante um preo, os quais podem
englobar ou no a totalidade da obra. Existe ainda a figura do subempreiteiro, correspondente a
pessoa singular, ou colectiva, autorizada a exercer a actividade de empreiteiro de obras
pblicas ou de industrial de construo civil, que executa parte da obra mediante contrato com
a entidade executante [5].
A realizao de uma obra divide-se em vrias fases:
Concurso/Convite processo atravs do qual as propostas apresentadas pelosconcorrentes so avaliadas, de modo a seleccionar os empreiteiros que iro executar a
obra;
Adjudicao nesta fase, aps a anlise das propostas, o dono da obra decide contratarcom o concorrente que apresentou a proposta mais vantajosa, notificando-o e dando
seguimento ao processo que conduz assinatura do contrato;
Consignao acto pelo qual o representante do dono da obra faculta ao adjudicatrio oslocais e as peas escritas ou desenhadas complementares do projecto e necessrios execuo da obra;
Preparao de acordo com a definio dada por Correia dos Reis [5], consiste naelaborao de um conjunto de documentos que possibilitam a programao das aces a
empreender no decorrer da execuo da obra;
Execuo corresponde realizao fsica da obra, segundo o plano anteriormenteestabelecido e que vai sendo adaptado medida que vo surgindo condicionantesdiferentes das consideradas inicialmente;
Recepo esta ltima etapa tem duas componentes: uma provisria e outra definitiva. Arecepo provisria, na qual a obra entregue ao cliente, ocorre aps a realizao da
vistoria final pela fiscalizao, com a assistncia do empreiteiro, e caso no se verifiquem
deficincias resultantes de infraco s obrigaes contratuais e legais do empreiteiro. A
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recepo definitiva formalizada quando na nova vistoria, efectuada aps decorrido o
prazo de garantia, no se detectarem deficincias.
Na Figura 2.2 apresenta-se todo o processo desde a deteco das necessidades que
originam o projecto at entrada em funcionamento da obra construda.
Figura 2.2 Diligncias para um empreendimento [5]
Em geral, a preparao de obra realizada pelo director tcnico da obra, ou seja, pelo
tcnico designado pelo dono da obra, quando se trate de uma obra dividida em vrias
empreitadas ou pelo tcnico do empreiteiro, nos casos em que tal previsto no contrato. Para
Alves Dias [4], o papel do preparador consiste na orientao do modo de execuo da obra,
planeando as aces que iro constituir as linhas gerais da realizao da obra, em conjunto com
os seus colaboradores. Adicionalmente, Correia dos Reis [5] considera que o estudo do projecto,
a deteco de erros e a proposta de solues ou alteraes tambm se englobam nas tarefas do
responsvel pela preparao de obra.
Deteco denecessidades
Estudos Tcnico-EconmicosEstudos prvios de Engenharia Estudo de mercado
Anteprojecto Projecto de execuo eprograma de concurso Anncio do Concursoou Convite
Oramento Proposta
Recepo daspropostas
Anlise daspropostas
ContratoAdjudicao Consignao
ExecuoPreparao Funcionamento
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2.3.1.2. Processo de preparao de obra
frequente assumir que a preparao de obra se limita ao planeamento da mesma, o que
no corresponde de todo verdade. Uma boa e eficiente preparao de obra engloba muitos
outros aspectos, ainda que se baseie em apenas quatro pilares fundamentais:
1 a identificao dos trabalhos e das suas principais caractersticas;
2 a programao prvia, correspondente ao plano de trabalhos;
3 a previso dos recursos, tanto de equipamentos como de materiais;
4 o reoramento.
Para Mouro Reis [6], a preparao de obras de construo, pblicas ou privadas, uma
actividade complexa, cujo principal objectivo passa por fornecer s vrias frentes de trabalho
elementos grficos que permitam compreender, de forma clara e exacta, o que se pretende
construir. Esta actividade deve ser metdica e sistemtica, sempre focada no objectivo, visto
que se existirem erros, a preparao de obra torna-se ineficaz. Assim sendo, este processo s se
apresenta vantajoso quando resolve e colmata as insuficincias do projecto, constituindo neste
caso uma das mais importantes actividades da construo. Tambm Cardoso [7] reala aimportncia deste procedimento, na medida em que permite corrigir e ultrapassar dificuldades e
deficincias, antecipando-as. Assim, no s se evitam os resultados negativos e incumprimento
de prazos, que levam ao aumento dos custos, como tambm permite melhorar os resultados
positivos.
Segundo Alves Dias [4], a preparao de obra compreende a organizao de um conjunto
de elementos que permitam executar a obra nas melhores condies de qualidade, segurana,prazo e custo. Por seu turno, para Correia dos Reis [5], a preparao de obra visa optimizar um
conjunto de factores, como qualidade, segurana, prazo, custo e ambiente, sendo por isso um
processo complexo, devido interligao entre eles. Contudo, todas estas condies devem ser
verificadas, de modo a que a obra atinja o desempenho esperado. Para tal, necessrio saber o
que se pretende construir e de que forma, o que implica o estudo do projecto e do regime
pretendido para a construo, bem como o conhecimento de todas as condies de execuo.
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Todavia, na prtica que se encontram os fundamentos para um bom trabalho de
preparao de obra, visto que todos os conhecimentos relativos execuo, materiais e
problemas se adquirem apenas na obra, atravs da observao e aprendizagem. [6]
A lista que se segue, compilada por Alves Dias [4], apresenta os principais elementos que
devem ser preparados antes do incio da execuo da obra:
- Organizao do dossier de empreitada;
- Preparao do livro de registo de obra;
- Anlise do contrato e caderno de encargos da obra;
- Estudo do projecto da obra e respectivas especificaes tcnicas;
- Estudo dos processos construtivos mais adequados;
- Identificao dos fornecedores de materiais, subempreiteiros e tarefeiros;
- Projecto do estaleiro;
- Projecto de sinalizao de carcter temporrio;
- Plano de demolio;
- Plano de escavao e conteno perifrica;
- Projecto de implantao e piquetagem da obra;- Plano definitivo de trabalhos;
- Plano de pagamentos e cronograma financeiro da obra;
- Diagramas de cargas da mo-de-obra por especialidades;
- Cronograma da mo-de-obra total;
- Curva de progresso fsico da obra;
- Lista de erros e omisses do projecto (no caso de empreitadas por preo global);
- Plano de utilizao dos equipamentos de estaleiro afectos obra;
- Sistema de gesto ambiental;
- Sistema de gesto da qualidade;
- Sistema de gesto da segurana e sade no trabalho;
- Procedimentos de execuo dos trabalhos;
- Sistema de controlo de subcontratados;
- Sistema de controlo de custos;
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Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 13
- Sistema de controlo de tempos de execuo;
- Reoramento da obra.
O dossier da empreitada serve de apoio ao controlo tcnico, econmico e administrativo
da obra, atravs da compilao de informao relativa mesma, como: ficha de empreitada,
contrato, auto de consignao, proposta do empreiteiro, lista de preos unitrios contratuais,
plano de trabalhos, plano de pagamentos, cronograma financeiro e matriz de definio de tarefas
e respectivas competncias.
O livro de registo de obra, obrigatrio pela regulamentao, consiste num conjunto de
folhas numeradas e rubricadas pelo empreiteiro e pela fiscalizao na data da assinatura do autode consignao, contendo informao organizada e de fcil consulta dos acontecimentos mais
significativos relativos execuo dos trabalhos.
Com vista elaborao de todos os documentos necessrios para o incio da execuo
dos trabalhos, Mouro Reis [6] considera fundamental a leitura antecipada e procura de
diferenas entre as informaes contidas nas Peas Escritas e Desenhadas, bem como eventuais
pedidos de esclarecimento ao dono da obra.
De acordo comCorreia dos Reis[5], o processo de preparao de obra deve assentar nas
seguintes etapas:
- Compilao e estudo de toda a documentao do projecto, de modo a completar
eventuais elementos em falha;
- Organizao dos planos de execuo dos trabalhos;
- Reviso rigorosa das medies e do oramento apresentado, estabelecendo
rectificaes;
- Realizao do planeamento da obra, atendendo s disponibilidades de equipamento do
empreiteiro e aos programas de execuo.
Cardoso [7] define o processo de preparao de obra como a adaptao do projecto
obra, decompondo-a nos seguintes aspectos:
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- Eliminao de dvidas, erros e omisses;
- Anlise das Peas Escritas e Desenhadas para a definio das fases e mtodos de
execuo;
- Elaborao de desenhos distintos de fabrico e colocao, pormenores de execuo, de
modo legvel e adequado aos conhecimentos de quem vai executar os diferentes trabalhos;
- Medio e rectificao das quantidades de trabalho a executar de cada tarefa;
- Elaborao de notas explicativas dos aspectos particulares, pouco usuais ou
desconhecidos.
A comparao das quantidades nos desenhos com a lista de quantidades do Articulado crucial, pois no so raras as vezes em que se verificam discrepncias, sendo nesses casos
necessrio accionar o processo de erros e omisses com a maior celeridade possvel, dado
existirem prazos estabelecidos para o efeito. Pretende-se assim rectificar as diferenas, de modo
a que o empreiteiro no seja prejudicado, ao incorrer em custos no previstos resultantes destas
incorreces.
Salienta-se tambm, tal como defende Mouro Reis [6], a importncia das Peas Escritas,
na medida em que o seu conhecimento fundamental para que o responsvel pela preparao de
obra complemente os seus desenhos de execuo com toda a informao necessria s frentes de
obra. Ainda que os encarregados tenham acesso aos elementos do projecto, so os desenhos do
preparador os mais significativos na obra, pois corrigem o projecto, constituindo o guia para a
execuo dos trabalhos.
Paralelamente s etapas acima mencionadas, este autor refere ainda outras actividades
relevantes neste processo, tais como:
- Organizao e separao da informao do projecto necessria s vrias consultas e
encomendas;
- Procura de informao necessria, tanto na Internet como atravs de outros meios, para
complementar as informaes do projecto, nos casos em que este se apresente insuficiente em
determinados aspectos;
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Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 15
- Gesto das preparaes desenvolvidas pelos respectivos subempreiteiros, fornecendo-
lhes todos os dados relevantes actualizados e notificando-os de todas as condicionantes relativas
a outras subempreitadas susceptveis de criar conflitos;
- Proposta de solues alternativas.
Este ltimo ponto requer alguns cuidados. Por um lado, se depois do estudo aprofundado
das possveis solues, houver uma alternativa favorvel obra, a sua escolha deve ser encarada
com seriedade. Contudo, ao propor solues alternativas, a responsabilidade da concepo
transferida para o empreiteiro, alm da bvia responsabilidade pela execuo da obra,
implicando maiores responsabilidades durante o perodo de garantia da empreitada. Assim, antesde efectuar propostas de solues alternativas, h que assegurar a sua aplicabilidade e viabilidade
no contexto da obra em causa. Adicionalmente, o empreiteiro pode ainda ser responsabilizado
pela aplicao de materiais ou tcnicas de execuo inapropriadas, sem ter tido o cuidado de
alertar o dono da obra sobre as possveis consequncias ou prejuzos da decorrentes.
Dada a constante evoluo das tecnologias no sector da construo, existem diversas
alternativas para a execuo de uma mesma actividade, as quais, de acordo com Fonseca [8],
podem influenciar o custo, o rendimento, a disponibilidade e a fiabilidade, pelo que as diferentes
hipteses devem ser sempre analisadas. Para Cardoso [7], a seleco dos processos construtivos
constitui um dos passos imprescindveis no processo de preparao de obra, uma vez que assim
se podem obter significativas economias, quer directamente atravs da escolha, em cada caso,
do mtodo mais adequado execuo da obra, quer indirectamente atravs do aumento da
produtividade e consequente reduo de prazos. Tambm Hendrickson e Au [9] referem a
escolha dos mtodos e tcnicas a utilizar na execuo de uma obra como um dos factores cruciais
para assegurar o cumprimento dos objectivos estabelecidos.
Quando se perspectiva o incio de uma obra h outras etapas a ter em conta com vista a
uma eficaz preparao dessa obra, sendo uma delas as visitas ao local da obra [10]. A
necessidade da sua realizao advm da possibilidade de recolha de dados relativos ao local da
construo, destacando-se aspectos como a topografia do terreno e o seu estado, os acessos por
estrada e caminho-de-ferro, os abastecimentos de gua, energia e materiais, o recrutamento de
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mo-de-obra, facilidades de comunicaes por telefone e correio e a existncia de linhas de gua,
que possam interferir na execuo da obra. Correia dos Reis [5] refere a natureza do terreno
como outro dos factores a analisar, no s para avaliar as suas caractersticas, mas tambm o seu
comportamento superficial nos perodos de chuva, o que poder ter consequncias no rendimento
ou andamento dos trabalhos.
Por seu turno, Ruz [11] acrescenta ainda a verificao das dimenses do terreno, de
forma a evitar conflitos com os proprietrios dos terrenos confinantes. Por vezes, mesmo
necessrio chegar a um acordo relativo ocupao parcial dessas propriedades para instalao de
oficinas e contentores ou para a utilizao destas para acesso. A visita ao local tambm crucial para a elaborao do plano do estaleiro e para averiguar o tipo de ocupao da propriedade,
determinando assim a necessidade de demolies ou decapagens.
Este autor evidencia tambm a consulta, junto das autarquias ou semelhantes entidades
locais, de elementos adicionais que permitam um melhor conhecimento da zona, nomeadamente
a proximidade a pontos de fornecimento de materiais, a abundncia de mo-de-obra, as
distncias a percorrer at vazadouros e o clima da regio. Maria [10] sugere mesmo o recurso
Internet para consultar as previses meteorolgicas, visto que o estado do tempo pode influenciar
consideravelmente o andamento dos trabalhos, pelo que se deve conhecer tais previses quando
se efectua o planeamento das actividades. Alm disso, alguns trabalhos ou materiais requerem
condies especficas que tm maior probabilidade de ocorrncia nalgumas pocas do ano, o que
tambm deve ser tido em considerao no planeamento.
Naturalmente, estas consideraes tm maior expresso nas obras situadas fora das zonas
urbanas.
Como se verificou pelo exposto acima o processo de preparao de obra engloba vrios
aspectos, mas dois deles, nomeadamente o reoramento e o planeamento, revestem-se de uma
especial importncia em qualquer obra.
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Reoramento:
O reoramento assemelha-se ao oramento ideal, na medida em que traduz a adaptaodo oramento comercial obra, com o objectivo de minimizar os custos. Assim, o oramento
comercial tem de ser trabalhado, procurando aplicar processos construtivos e materiais que se
apresentem mais vantajosos, bem como a utilizao dos equipamentos que melhor se adequam
aos trabalhos a executar, de modo a optimizar o planeamento e consequentemente, o oramento.
Desta forma, possvel maximizar o resultado econmico final, ou seja, o lucro, que constitui o
objectivo ltimo de qualquer empresa.
Segundo Cardoso [7], importante descriminar o mapa oramental, o que facilita a
deteco dos possveis erros de oramentao ou incoerncias face realidade da obra,
permitindo antecipar derrapagens. Assim, possvel procurar, na fase de preparao de obra,
alternativas ou solues que minimizem esses efeitos.
A optimizao dos custos deve ser alcanada atravs da minimizao dos preos secos,
ou seja, os preos sem margem, correspondentes apenas execuo do trabalho, de modo a
aumentar as respectivas margens relativamente aos preos de venda.
A estrutura de custos de uma obra a seguinte:
Valor de Venda = Custos + Margem
Custos = Custo Industrial + Custo No Industrial
Custo Industrial = Custos Directos + Custos Indirectos
Custos Directos = Mo-de-Obra + Materiais + Equipamentos + Subempreitadas +
Diversos
Custos Indirectos = englobam todos os encargos que dizem respeito empreitada e
que no incidem directa e exclusivamente sobre a execuo das vrias actividades que
constituem a obra
Custo No Industrial = Encargos de Estrutura + Encargos Industriais
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18 Instituto Superior Tcnico
Planeamento:
Segundo Raz, Shenhar e Dvir [12], os projectos de construo acarretam um elevadorisco, visto que demasiados factores podem provocar atrasos, custos excessivos, resultados
insatisfatrios ou at mesmo falhar por completo os objectivos. Adicionalmente, Flanagan [13]
afirma que as especificidades dos projectos de construo, como o prazo de execuo, as
condies meteorolgicas, as condicionantes financeiras e a complexidade tecnolgica tambm
so factores causadores de riscos. Assim, lgico que as empresas procurem aumentar a
probabilidade de sucesso das suas obras e projectos, implementando um planeamento mais
eficaz. Para atingir este objectivo, Smith [14] afirma que necessrio saber gerir a incerteza e
conhecer os eventuais imprevistos, pelo que a identificao e avaliao antecipada dos
problemas essencial.
Rodrigues [15] definiu o planeamento como uma actividade fundamental para a gesto
e execuo dos projectos de construo. Envolve por isso, a escolha da tecnologia de
construo, a definio de actividades, a estimao de duraes e recursos necessrios para as
tarefas e a identificao das suas inter-relaes. Por seu turno, Kerzner [16] defende a reduo
do grau de incerteza como uma das razes fundamentais para se proceder ao planeamento deuma obra.
O planeamento assume desta forma um papel crucial, pois, de acordo com Zwikael e
Sadeh [17], nesta fase que os riscos devem ser identificados e analisados. O Quadro 2.1 mostra
a classificao dos riscos, em cinco grupos, estabelecida por Wideman [18].
Quadro 2.1 Classificao dos riscos segundo Wideman [18]
Riscos
Externos - imprevisveis e incontrolveis
Externos previsveis e incontrolveis
Internos no tcnicos e controlveis
Internos tcnicos e controlveis
Legais e controlveis
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Por sua vez, Abdou [19] classificou os riscos na construo em trs categorias:
- financeiros,
- associados aos prazos,
- de projecto.
Uma das ferramentas mais importantes nesta fase o plano de trabalhos, o qual, de
acordo com o artigo 159 do Decreto-Lei n59/99 de 2 de Maro [20], se destina fixao da
sequncia, prazo e ritmo de execuo de cada uma das espcies de trabalhos que constituem a
empreitada e especificao dos meios com que o empreiteiro se prope execut-los. Para
Cardoso [7], o planeamento do trabalho consiste na definio da ordem e da forma como este vaiser executado e em que tempo, permitindo assim evitar interrupes, repeties e incrementos de
custos, o que requer um estudo metdico, organizado e aprofundado aos pormenores na
procura de solues que, adoptadas, conduzam a uma execuo racional dos diferentes
trabalhos. Assim sendo, h que ter em considerao todos os factores que podem influenciar a
execuo da obra, sobretudo a durao das actividades, a qual funo da natureza dos trabalhos
de construo, pelo que a prtica e experincia do responsvel por esta fase assume especial
importncia.
Um conceito relevante para a determinao das duraes dos trabalhos o de rendimento,
o qual traduz, de acordo com Alves Dias [4], a quantidade de tempo de trabalhador/mquina,
necessria realizao de uma unidade de trabalho. Inversamente, a produtividade representa a
quantidade de trabalho produzida por determinada equipa/mquina num dado intervalo de tempo.
Silva [21] defende que os mtodos mais frequentemente usados na determinao das
duraes das actividades so: o Critical Path Method (CPM) e o Program Evaluation and
Review Technique (PERT). A principal diferena entre estas metodologias reside no facto de no
CPM se admitirem duraes determinsticas, enquanto no PERT estas so consideradas
probabilsticas e resultantes da combinao de trs duraes possveis: uma optimista (durao
da actividade caso tudo corra bem valor mnimo), uma mais provvel (durao normal da
actividade) e outra pessimista (durao da actividade se tudo correr mal valor mximo). Ambos
se baseiam no conceito de caminho crtico, ou seja, o caminho composto pelas actividades
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Plano de Trabalhos daConstruo
Orientao para
custos
Custos Directos Custos Indirectos
Orientao para
calendarizao
Duraes(Definio do
Caminho Crtico)
Recursos(Calendarizao de
utilizao de recursos)
crticas. Estas actividades tm folga nula, pelo que qualquer atraso na sua execuo condiciona
directamente o prazo final. Por actividades no crticas entenda-se as que tm alguma folga, isto
, tm alguma margem para atrasos na sua execuo, sem afectar a data de concluso da obra.
Segundo o mesmo autor [21], a durao do caminho crtico define a durao do projecto.
Resta salientar que o plano de trabalhos elaborado na fase de preparao de obra visa
maximizar o lucro que a empresa pode obter, atravs da reduo do tempo de execuo, o que
implica uma diminuio dos custos associados ao estaleiro. Contudo, para reduzir o prazo pode
ser necessrio aumentar os recursos, o que nem sempre vivel. Assim, h que encontrar o ponto
de equilbrio no qual o benefcio resultante da reduo do prazo superior ao custo do aumentodos recursos. A Figura 2.3 mostra as duas vertentes de orientao do plano de trabalhos.
Figura 2.3 Organizao do plano de trabalhos para a construo [15]
Em suma, o planeamento constitui a base para uma boa oramentao e calendarizao
dos trabalhos.
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Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 21
2.3.1.3. Regulamentao
No processo de preparao de obra importa conhecer as principais directrizes legais e
regulamentares que regem a actividade da construo, o que permite ao empreiteiro no s
exercer os seus direitos, mas tambm estar ciente das suas responsabilidades.
Em seguida, apresenta-se uma sntese dos principais artigos considerados relevantes para
o enquadramento deste estudo.
A legislao portuguesa estipula que, para a execuo das obras, as empresas podem
constituir agrupamentos temporrios de trs tipos:
Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) consiste num contratoconstitutivo entre as empresas agrupadas que regula a actividade comum a desenvolver.
Este agrupamento possui personalidade jurdica, mantendo os seus membros
individualidade jurdica e podendo ser constitudo com ou sem capital prprio. [22]
Consrcio: neste tipo de contrato os seus membros obrigam-se a realizar de forma
concertada uma actividade, no possuindo personalidade jurdica. [22]
- Interno quando: (i) as actividades ou os bens so fornecidos a um
dos membros do consrcio e s este estabelece relaes com terceiros; (ii) as actividades
ou os bens so fornecidos directamente a terceiros por cada um dos membros do
consrcio, sem expressa invocao dessa qualidade.
- Externo quando as actividades ou os bens so fornecidos
directamente a terceiros por cada um dos membros do consrcio, com expressa invocao
dessa qualidade. Neste caso, os membros do consrcio devero designar um chefe de
consrcio ao qual competir, entre outras funes que lhe sejam atribudas, coordenar a
actividade do consrcio.
Associao em participao consiste na associao de uma pessoa (associada) auma actividade econmica exercida por outra (associante), ficando a associada a
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Captulo 2 Estado do Conhecimento
22 Instituto Superior Tcnico
participar nos lucros ou nos lucros e perdas que desse exerccio resultarem para a
segunda. [22]
Note-se que as empreitadas podem ser de um de trs tipos existentes:
Por preo global o montante da remunerao a receber pelo empreiteiro,correspondente realizao de todos os trabalhos necessrios para a execuo da obra
objecto do contrato, previamente fixado;
Por srie de preos a remunerao do empreiteiro resulta da aplicao dos preosunitrios, estabelecidos no contrato para cada espcie de trabalho a realizar, s
quantidades desses trabalhos realmente executadas;
Por percentagem o empreiteiro compromete-se a executar a obra pelo preocorrespondente ao seu custo, acrescido de uma percentagem relativa aos encargos de
administrao e remunerao da empresa.
No mbito da preparao de obra, os conceitos anteriores reflectem-se no modo deresoluo das questes respeitantes aos custos a mais a assumir em determinadas situaes.
Como o regime mais frequente o de preo global, sero as disposies que lhe correspondem as
abordadas a seguir.
Um prazo que assume especial relevncia o relativo a reclamaes quanto a erros e
omisses do projecto. De acordo com o Decreto-Lei n18/2008 de 29 de Janeiro [38], o
empreiteiro deve reclamar contra erros ou omisses do projecto ou contra erros de clculo, erros
de materiais e outros erros num prazo estabelecido para o efeito no caderno de encargos, em
geral de um ms contados a partir da data da consignao. Outra noo importante a de
trabalhos a mais, definida no artigo 370 do mesmo decreto-lei, os quais correspondem aos
trabalhos cuja espcie ou quantidade no tenha sido prevista ou includa no contrato, mas se
tenham tornado necessrios devido ocorrncia de uma circunstncia imprevista e no possam
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Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra
Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 23
ser tcnica ou economicamente separveis do objecto do contrato sem inconvenientes graves ou,
sendo separveis, sejam estritamente necessrios para a concluso da obra.
No que se refere s responsabilidades do empreiteiro, o artigo 350 do decreto-lei acima
mencionado [38] estabelece que este obrigado a realizar sua custa os trabalhos preparatrios
ou acessrios necessrios execuo da obra, como seja a montagem e desmontagem do
estaleiro, o restabelecimento das servides e serventias alteradas ou destrudas para a execuo
dos trabalhos, a construo dos acessos ao estaleiro, entre outros. O artigo 35 do Decreto-Lei
n59/99 de 2 de Maro [20] tambm estipula as responsabilidades do empreiteiro no que se refere
a erros de execuo, sendo este responsvel por todas as deficincias e erros relativos execuo
dos trabalhos ou qualidade, forma e dimenses dos materiais aplicados, caso o projecto nofixe as normas a aplicar ou estes difiram dos aprovados. Nas situaes em que o empreiteiro
autor do projecto, dever tambm responder pelas deficincias tcnicas e erros de concepo
deste.
Independentemente do tipo de empreitada, o Decreto-Lei n18/2008 de 29 de Janeiro [38]
estabelece que o contrato entre o empreiteiro e o dono da obra deve ser assinado no prazo de 30
dias contados a partir da data de aceitao da respectiva minuta e da prestao da cauo, a qual
deve ser prestada pelo concorrente preferido, num prazo de 10 dias, aps a notificao pelo dono
da obra (artigo 90). Aps a celebrao do contrato h que proceder consignao da obra num
prazo mximo de 30 dias, na falta de estipulao contratual (artigo 359). esta a data a partir da
qual se inicia a contagem do prazo para a apresentao do plano definitivo de trabalhos, para o
incio dos trabalhos e do prazo, fixado no contrato, para a execuo da obra (artigo 362).
Todavia, sempre que se verifiquem trabalhos a mais, quer por imposio do dono da obra quer
por deferimento de reclamao do empreiteiro, o prazo contratual para a execuo da obra pode
ser prorrogado a requerimento do empreiteiro (artigo 374). O auto de consignao assume assim
um papel preponderante no s para a contagem dos prazos, mas tambm porque todas as
reclamaes do empreiteiro devem ser exaradas neste documento. Caso contrrio, assumir-se-o
como definitivos os resultados deste auto, excepo das reclamaes contra erros ou omisses
do projecto.
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24 Instituto Superior Tcnico
Por fim, a regulamentao em vigor estabelece que antes de iniciar qualquer elemento da
obra, o empreiteiro deve ter em sua posse, devidamente autenticados, todos os documentos e
indicaes necessrias para a perfeita identificao e execuo da mesma.
2.3.2. A gesto do conhecimento na construo
2.3.2.1. Definio de conhecimento
Na economia tradicional, o conhecimento sempre foi visto como um factor externo e semligao ao processo econmico, tal como refere Beijerse [23]. Todavia, Civi [24] e outros autores
defendem que a nica vantagem competitiva que as organizaes tero no sculo XXI ser o
conhecimento e a forma como o utilizam. Ento, possvel afirmar que o verdadeiro valor e
sucesso das empresas advm do conhecimento que reside nas mentes dos seus colaboradores,
resultante das experincias e ideias destes. De acordo com Bollinger e Smith [25], o
conhecimento organizacional uma mais-valia estratgica, visto ser valioso, raro, inimitvel e
insubstituvel.
Por conhecimento entende-se informao relevante, j processada pela mente humana e
que acrescenta algum tipo de valor. Por seu turno, Davenport e Prusak [26] definem
conhecimento como a combinao da experincia dos especialistas, dos valores, da informao
adquirida em determinados contextos e das competncias profissionais. Deste modo, o
conhecimento assume um papel fundamental no processo de tomada de decises e aces, pelo
que, de acordo com Carneiro [27], a sua integrao e divulgao entre departamentos deve ser
incentivada.
Existem dois tipos de conhecimento: tcito e explcito. Polanyi [28] definiu o
conhecimento tcito como altamente pessoal, enquadrado num contexto especfico e como tal,
de difcil formalizao e comunicao. Este tipo de conhecimento reside na mente humana e
resulta da experincia dos indivduos. Segundo Nevo e Chan [29], o conhecimento tcito pode
ser de carcter tcnico, representando competncias e engenho, ou cognitivo, referenciando
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Dissertao de Mestrado Integrado
Criao
Recolha Conjugao
Seleco
Ad
crenas, ideias e modelos me
atravs de uma representao
e Takeuchi [30], este con
eficazmente aplicado. O c
podendo ser articulado, codifi
documentos, quer electronica
O facto do conhecime
linguagem formal, torna fun
que cada um tem de serconhecimento tcito ou impl
gesto do conhecimento e par
A gesto do conheci
organizado de gerao e di
explcito so seleccionados e
usada pela organizao para
Kasvi, Vartiainen e Hailikari
actividades:
Figur
Procedimento de Preparao e
em Engenharia Civil
ministrao
Compilao Organizao
Disseminao
ntais. Por outro lado, o conhecimento expl
formal, como a linguagem, e facilmente tra
ecimento pode ser representado, arma
nhecimento explcito resulta de dados c
cado e formalizado quer de uma forma fsic
ente.
to tcito ser difcil de capturar e no poder
amental a distino entre estes dois tipos d
ratado de forma diferente. Assim, a recito em conhecimento explcito fundamenta
a manter esse conhecimento como proprieda
ento foi definida, por Hult [31] como um
sseminao de informao, no qual os c
dissecados, com vista criao de uma m
alcanar uma vantagem competitiva no mer
[32], a gesto do conhecimento compost
a 2.4 Actividades da gesto do conhecimento
companhamento de Obra
25
Utilizao
Integraonos produtos edecises
Aplicaonoutrosprojectos
cito pode ser expresso
smitido. Para Nonaka
enado, partilhado e
ncretos e acessveis,
, como seja atravs de
er documentado numa
e conhecimento, visto
olha e converso dol para pr em prtica a
e da empresa.
rocesso sistemtico e
nhecimentos tcito e
is-valia que possa ser
cado. De acordo com
por quatro grupos de
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26 Instituto Superior Tcnico
Aquisio Extraco/RecolhaArmazenamento/
Compilao Partilha Actualizao
Relativamente ao ciclo da gesto do conhecimento, Lin e Tserng [33] identificaram cinco
fases:
Figura 2.5 Ciclo da gesto do conhecimento
Adicionalmente, Kasvi, Vartiainen e Hailikari [32] referem outros dois conceitos
importantes associados temtica da reutilizao do conhecimento:
Project Memory (Memria do projecto) os autores [32] definem como sendo ainformao retirada do histrico de um projecto que pode ser trazida para aplicao ao
presente.
Project Organisation Memory (Memria organizacional) conhecimento acumuladodos anteriores projectos da empresa que trazido para aplicao ao presente[32].
Em suma, o conhecimento quando visto como um objecto, pode ser uma ideia,competncia, know-what, know-how ou qualquer tipo de informao relevante que possa ser
usada para alcanar os objectivos estabelecidos.
2.3.2.2. Reutilizao do conhecimento no contexto da preparao de obra
Os projectos de construo so complexos e consomem muito tempo, devido
complexidade e diversidade dos processos que envolvem. Actualmente, as empresas esto
sujeitas a enormes presses para obter melhores resultados em menos tempo, com menores
custos e a mesma qualidade. Na indstria da construo, uma das formas de alcanar melhores
resultados consiste na reutilizao do conhecimento proveniente de obras j concludas, evitando
a repetio dos erros do passado, pois a natureza dos projectos de construo (limite de prazos e
recursos, elevada presso, grau de dificuldade e constante formao de novas equipas) adequa-se
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aprendizagem. Adicionalmente, Tserng e Lin [33] afirmam que a partilha de experincias e a
reutilizao do conhecimento auferem outras vantagens, como minimizar a necessidade de
consultar projectos anteriores, melhorar a qualidade das solues e reduzir o tempo e o custo
associados resoluo de problemas, pois evita que se esteja constantemente a procurar solues
para as mesmas questes.
Para Edum-Fotwe e McCaffer [34] a competncia profissional na gesto de projectos
resulta da integrao e aplicao do conhecimento existente, adquirido atravs do estudo, e das
competncias desenvolvidas com a experincia, em projectos semelhantes. Assim, o know-how
e a experincia dos engenheiros de obra muito valiosa, porque a sua acumulao um processo
moroso, que envolve no s recursos humanos como tambm acarreta custos. Recentemente, aliteratura tambm tem vindo a dar uma importncia crescente ao know-why, alm do know-how,
pois a combinao de ambos que permite encontrar respostas para as questes ou problemas
que surgem durante a preparao ou no decurso das obras.
A identificao do conhecimento relevante e a capacidade para o usar constituem assim
um desafio para qualquer empresa de projectos, pelo que necessria uma gesto do
conhecimento excepcionalmente eficiente para poder aprender com as suas experincias.
Todavia, nem sempre fcil recolher a informao apreendida, sobretudo no que se
refere ao conhecimento tcito. Este est, por definio, ligado s pessoas directamente
envolvidas nos correspondentes processos de resoluo de problemas, pelo que na maior parte
dos casos difcil obter a colaborao dos profissionais mais experientes, que sentem as suas
posies e a sua utilidade na empresa ameaadas. Outros problemas na recolha do conhecimento
passam pela falta de vontade para aprender com os erros dos outros colaboradores, falhas na
divulgao da experincia adquirida devido a falsa modstia e a inexistncia de mtodos e
procedimentos para recolha de conhecimento, constantes da poltica da empresa.
Segundo Lin e Tserng [33], a maior parte da aquisio do conhecimento efectuada nos
escritrios, ainda que a principal fonte de gerao de conhecimento seja a obra. Toda a
informao e conhecimento tcito que enviado da obra para a sede deve ser transformado em
conhecimento explcito para que possa ser reutilizado. Nos estudos desenvolvidos por Kasvi,
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Vartiainen e Hailikari [32], as fontes de conhecimento explcito e tcito mais importantes so,
respectivamente, os documentos em papel (relatrios) e a interaco com os colegas. Contudo,
esta aprendizagem s se verifica enquanto a obra est em curso, pois quando esta termina os
conhecimentos dispersam-se e por vezes perdem-se, devido criao de novas equipas. Por este
motivo, fundamental proceder a uma recolha sistemtica do conhecimento e das competncias
adquiridos nas vrias obras. Assim, os autores Schindler e Eppler [35] defendem a
implementao de tcnicas como o debriefing, que consiste numa retrospectiva da obra, ou seja,
na anlise detalhada dos factores de sucesso e insucesso, no final de cada obra. Tambm Lin,
Wang e Tserng [36] defendem a elaborao de registos relativos a todas as obras, quer estas
sejam bem ou mal sucedidas, com vista a identificar as melhores e piores prticas das empresas.
Na sequncia destes estudos, surge o conceito delessons learned(lies aprendidas), que
Schindler e Eppler [35] definiram como as experincias-chave de projecto que apresentam uma
certa relevncia para a generalidade dos futuros projectos.
A reteno sistemtica da experincia da obra possibilita a comparao entre obras e a
identificao dos mecanismos de resoluo de problemas mais eficientes. Se juntamente com
este conhecimento se registarem as falhas, os erros e as potenciais ms prticas, est-se a
contribuir para reduzir o risco associado s obras e a poupar empresa elevados custos,
resultantes da realizao de trabalho redundante e da repetio de erros. Alm disso, contribuir-
se- grandemente para que os processos de preparao de obra decorram de uma forma mais
sustentada e informada, permitindo assim prever eventuais problemas e encontrar solues
antecipadamente, sem que estes cheguem a ter impactos negativos na execuo da obra.
Adicionalmente, o registo das solues alternativas permite desenvolver as obras mais
rapidamente, com menores custos e a mesma qualidade, logo com maior probabilidade de
sucesso e aumento do lucro.
Em seguida, apresentam-se alguns modelos de sistemas de reutilizao do conhecimento
na construo.
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Lin, Wang e Tserng [36] estudaram a aplicao da gesto do conhecimento s obras de
construo. Para tal, desenvolveram um sistema baseado em mapas de gesto do conhecimento,
o qual permite ao utilizador o acesso fcil e rpido a conceitos-chave, a identificao dos
processos e ferramentas utilizadas e o conhecimento das condicionantes das obras, consoante o
contexto em que se inserem. Esta rede de mapas de conhecimento composta por trs
componentes:
- a representao grfica do conhecimento atravs de ns (obras), sub-ns
(conhecimento apreendido) e ligaes;
- a descrio do item;
- um pacote de outros ficheiros ilustrativos desse conhecimento.
Este sistema foi desenvolvido com base em seis casos de estudo, relativos construo de
fbricas de alta-tecnologia localizadas em Taiwan e tendo como principal fonte de conhecimento
o know-how resultante da experincia dos engenheirosseniors.
Tserng e Lin [33] tambm elaboraram um modelo de gesto do conhecimento baseado
nas actividades de construo. Todo o conhecimento tcito e explcito relativo a cada actividade
recolhido e guardado numa categoria diferente. O conhecimento tcito abrange registos de
processos, problemas encontrados e respectivas solues, sugestes dos colaboradores, know-
how, alternativas inovadoras e testemunhos de experincias vividas. No que respeita ao
conhecimento explcito, so armazenados contratos, especificaes, relatrios, desenhos e outros
dados relevantes. Para que o sistema fosse efectivamente til, estabeleceram-se ligaes entre
actividades correntes e de obras semelhantes j terminadas. Este modelo foi desenvolvido com
base no caso da construo de uma auto-estrada em Taiwan.
Em 2001, a construtora Skanska estabeleceu uma rede interna de conhecimento, atravs
da qual os colaboradores podem ter acesso a informao relativa a projectos anteriores,
desenvolvidos em qualquer parte do mundo onde a empresa actue. Posteriormente, foi
desenvolvido o Banco de Informao, contendo detalhadas descries das obras e os contactos
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dos profissionais com experincia em cada tipo de obras. Desta forma, este modelo funciona
como um sistema de recolha de conhecimento. [37]
Por ltimo, apresenta-se o exemplo do banco suo UBS. Ainda que no se trate de uma
empresa ligada indstria da construo, serve para demonstrar como a necessidade de
documentar e reutilizar o conhecimento e a experincia adquiridos no desenvolvimento dos
projectos j tinha sido identificada h mais tempo e, nalgumas situaes, at posta em prtica. No
caso do UBS, a recolha e compilao das lies aprendidas um requisito do manual de
procedimento de projecto, implementado na empresa, e constitui um dos elementos do relatrio
de projecto final, obrigatrio para todos os tipos de projecto. Deste modo, pretende-se promovera transferncia de conhecimento para os projectos seguintes, visto que estes relatrios incluem
concluses e recomendaes, sintetizando o que pode ser melhorado no futuro. [35]
2.4. Concluso
A partir da anlise acima apresentada possvel conhecer os principais conceitos, modelos e
ideias sobre as temticas abordadas, bem como a importncia do papel que desempenham no
sucesso das obras.
No que se refere preparao de obra, conclui-se que esta no se limita ao planeamento e ao
reoramento, os quais so etapas fundamentais neste processo, mas que no constituem a sua
totalidade. Uma correcta e completa preparao de obra envolve muitos outros elementos, como
sejam: a elaborao de toda a documentao necessria abertura do dossier de obra, o estudo
do projecto e solues alternativas, a procura de informao para complementar as Peas