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  • 8/3/2019 ProcedimentodePreparacaoeAcompanhamentodeObra

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    PROCEDIMENTO DE PREPARAO E ACOMPANHAMENTO DE

    OBRA

    Vanessa Leito Tomsio Ferreira

    Dissertao para obteno do Grau de Mestre em

    Engenharia Civil

    Jri

    Presidente: Prof. Jorge Manuel Calio Lopes de Brito

    Orientador: Prof. Francisco Jos Loforte Teixeira Ribeiro

    Co-orientador: Eng. ngelo Ribeiro Batista

    Vogais: Prof. Alberto Martins Pereira da Silva

    Setembro 2008

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    i

    Aos meus Pais por todo o carinho e apoio ao longo da minha vida.

    Obrigada por tudo.

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    ii

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    iii

    Agradecimentos

    Em primeiro lugar, agradeo ao Prof. Francisco Loforte Ribeiro pela forma como orientou o

    meu trabalho e pela disponibilidade demonstrada ao longo deste percurso.

    Gostaria tambm de expressar um agradecimento muito especial ao Eng. ngelo Batista pela

    oportunidade para desenvolver esta dissertao na Tecnovia e por todo o apoio prestado.

    Agradeo ainda a todos aqueles dentro da empresa que contriburam para a realizao deste

    trabalho, em particular ao Eng. Lus Serra, Eng. Ana Rita Trindade, ao Eng. Paulo Salgado e

    ao Eng. Srgio Conceio.

    Ao Mestre Paulo Vaz Serra e s antigas colegas Mnica Vera-Cruz e Slvia Chaves agradeo

    a disponibilidade para esclarecer dvidas e partilhar conhecimentos.

    Um agradecimento muito especial aos meus Pais, a quem dedico esta dissertao, pela

    compreenso e incentivo constantes, sem os quais no teria sido possvel chegar at aqui.

    Por fim, agradeo aos meus amigos e colegas pela alegria nas horas boas e pelo apoio nas

    menos boas, especialmente ao Daniel, Maria Manuel, Elisa, Ana Maral, Ins Rita e

    Ana Rita Nascimento.

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    Resumo

    Na indstria da construo, o produto final resulta da conjugao de vrios factores, pelo que

    cada vez mais importante antecipar situaes desfavorveis e prever solues mais adequadas.

    Neste contexto, o processo de preparao de obra e a reutilizao do conhecimento interno das

    organizaes surgem como ferramentas fundamentais para optimizar solues, reduzir os

    imprevistos e minimizar os erros, aumentando assim a probabilidade de sucesso durante a

    execuo das obras.

    O modelo proposto nesta dissertao, desenvolvida em parceria com a empresa Tecnovia -Sociedade de Empreitadas S.A, pode ser aplicado a qualquer tipo de obra, com o intuito de

    melhorar o seu processo de preparao. Para tal, apresenta-se uma metodologia e uma check-list,

    compostas pelos principais aspectos a abordar na realizao deste processo, o qual

    complementado pela consulta de informao relevante compilada na Base de Conhecimento,

    elaborada em Microsoft Access 2007. Esta Base de Conhecimento composta por sete

    formulrios e quatro modelos de relatrio. Desta forma, possvel editar, consultar e imprimir

    informao, resultante do conhecimento e das experincias adquiridas nas obras executadas

    anteriormente, que pode ser til para a adopo de medidas estratgicas e resoluo de

    problemas, quer na fase de preparao quer na de execuo das obras futuras.

    Um maior controlo do desenvolvimento da obra e a reduo dos riscos de imprevistos so as

    principais vantagens resultantes da implementao do modelo proposto, o qual foi testado e

    validado atravs da aplicao a uma obra real, j executada pela empresa cooperante.

    Palavras-chave: Preparao de obra, gesto do conhecimento, reutilizao do conhecimento,

    Base de Conhecimento, Microsoft Access

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    Abstract

    In the construction industry, the final product is yielded by a combination of several factors,

    which is why it is more and more important to anticipate adverse situations and foresee the most

    suitable solutions. This is where preparation of works and the re-use of internal knowledge,

    within organizations, come into their own as basic tools for optimizing solutions, reducing the

    occurrence of the unexpected and minimizing errors, thereby increasing the likelihood of success

    during the execution of construction projects.

    The model proposed in this dissertation has been developed in partnership with Tecnovia Sociedade de Empreitadas SA and can be applied to construction projects of any kind, as an aid

    to the preparation of works. It comprises a methodology and a check-list composed of the chief

    issues to be addressed by the process. It is complemented by consulting the relevant information

    compiled in the Knowledge Base, developed in Microsoft Access 2007. This Knowledge Base

    consists of seven forms and four report templates. It is therefore possible to edit, consult and

    print information provided by the knowledge and experience acquired in already-completed

    construction projects. This can help in the adoption of strategic measures and problem resolution,

    at the preparation stage and during the execution of future similar construction projects.

    Greater control over the progress of works and reduction of the risk of unforeseen events

    occurring are the main advantages of implementing the proposed model. It has been tested and

    validated by applying it to a real construction project, which the partner company has already

    finished.

    Keywords: Preparation of works; knowledge management; re-use of knowledge; Knowledge

    Base, Microsoft Access.

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil ix

    ndice

    1. Introduo ................................................................................................................................... 1

    1.1. Justificao ..................................................................................................................... 1

    1.2. Campo de aplicao ........................................................................................................ 1

    1.3. Objectivos ....................................................................................................................... 2

    1.4. Metodologia de investigao .......................................................................................... 3

    1.5. Organizao da dissertao ............................................................................................ 4

    2. Estado do Conhecimento ............................................................................................................ 52.1. Introduo ....................................................................................................................... 5

    2.2. Processo de pesquisa implementado .............................................................................. 6

    2.3. Anlise da informao .................................................................................................... 7

    2.3.1. Preparao de obra ...................................................................................................... 8

    2.3.1.1. Principais conceitos .................................................................................................. 8

    2.3.1.2. Processo de preparao de obra .............................................................................. 11

    2.3.1.3. Regulamentao ..................................................................................................... 21

    2.3.2. A gesto do conhecimento na construo ................................................................. 24

    2.3.2.1. Definio de conhecimento .................................................................................... 24

    2.3.2.2. Reutilizao do conhecimento no contexto da preparao de obra ........................ 26

    2.4. Concluso ..................................................................................................................... 30

    3. Estudo de Casos ........................................................................................................................ 33

    3.1. Introduo ..................................................................................................................... 33

    3.2. Metodologia de investigao ........................................................................................ 34

    3.2.1. Metodologia de observao directa - Fichas de caso de estudo ................................ 34

    3.2.2. Metodologia de observao indirecta - Questionrios .............................................. 39

    3.3. Procedimento e prticas em vigor na empresa ............................................................. 41

    3.4. Descrio dos casos de estudo ...................................................................................... 44

    3.5. Anlise e interpretao da informao recolhida ......................................................... 47

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    ndices

    x Instituto Superior Tcnico

    3.5.1. Procedimento de preparao de obra actualmente em vigor na empresa .................. 48

    3.5.2. Desempenho das obras .............................................................................................. 49

    3.5.3. Principais dificuldades e problemas recorrentes ....................................................... 50

    3.5.4. Aspectos a melhorar .................................................................................................. 54

    3.5.5. Factores de sucesso.................................................................................................... 54

    3.5.6. Base de Conhecimento/Banco de Memria .............................................................. 55

    3.6. Concluses .................................................................................................................... 57

    4. Modelo Proposto ....................................................................................................................... 59

    4.1. Introduo ..................................................................................................................... 594.2. Metodologia de Preparao de Obra ............................................................................ 60

    4.2.1. Procedimento ............................................................................................................. 60

    4.2.2. Documentos ............................................................................................................... 66

    4.2.3. Check-list................................................................................................................... 66

    4.3. Modelo de uma Base de Conhecimento de apoio Preparao de Obra ..................... 69

    4.3.1. Bases do modelo ........................................................................................................ 69

    4.3.1.1. Modelo Relacional.................................................................................................. 72

    4.3.1.2. Modelo Entidade-Relacionamento (E-R) ............................................................... 75

    4.3.2. Descrio do modelo ................................................................................................. 76

    4.3.2.1. Formulrios............................................................................................................. 76

    4.3.2.2. Relatrios ................................................................................................................ 84

    4.4. Campo de aplicao ...................................................................................................... 85

    4.5. Concluses .................................................................................................................... 85

    5. Teste e Validao do Modelo ................................................................................................... 87

    5.1. Introduo ..................................................................................................................... 87

    5.2. Requisitos e aplicao do modelo ................................................................................ 87

    5.3. Teste e validao .......................................................................................................... 88

    5.3.1. Menu inicial ............................................................................................................... 89

    5.3.2. Identificao da obra ................................................................................................. 90

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil xi

    5.3.3. Descrio sumria ..................................................................................................... 90

    5.3.4. Aspectos de execuo ................................................................................................ 91

    5.3.5. Anlise econmica..................................................................................................... 92

    5.3.6. Consulta de obras por grupo ...................................................................................... 94

    5.3.7. Consulta de obras por tipo ......................................................................................... 95

    5.3.8. Relatrio Pontos de melhoria - Materiais .................................................................. 97

    5.3.9. Relatrio Pontos de melhoria Solues construtivas.............................................. 97

    5.3.10. Relatrio Pontos de melhoria Solues tcnicas .................................................. 98

    5.3.11. Relatrio Identificao da obra ............................................................................... 99

    5.4. Teste de tcnicas de programao - Anlise de desempenho ..................................... 1005.5. Concluses .................................................................................................................. 101

    5.6. Propostas de melhoria ................................................................................................. 102

    6. Concluso ................................................................................................................................ 103

    6.1. Introduo ................................................................................................................... 103

    6.2. Avaliao dos resultados ............................................................................................ 103

    6.3. Contribuio e aspectos inovadores ........................................................................... 104

    6.3.1. Contribuio para o conhecimento .......................................................................... 104

    6.3.2. Contribuio para a indstria ................................................................................... 106

    6.4. Limitaes .................................................................................................................. 107

    6.5. Trabalhos futuros ........................................................................................................ 107

    Referncias bibliogrficas ........................................................................................................... 109

    Anexos ......................................................................................................................................... A1

    Anexo I Fichas de caso de estudo (Preparao de obra) ................................................. A3

    Anexo II Fichas de caso de estudo (Acompanhamento de obra) .................................... A7

    Anexo III Questionrios ................................................................................................ A13

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    ndices

    xii Instituto Superior Tcnico

    ndice de figuras

    Figura 1.1 Metodologia da investigao ...................................................................................... 3

    Figura 2.1 Gerao e reutilizao do conhecimento .................................................................... 8

    Figura 2.2 Diligncias para um empreendimento [5] ................................................................ 10

    Figura 2.3 Organizao do plano de trabalhos para a construo [15] ...................................... 20

    Figura 2.4 Actividades da gesto do conhecimento................................................................... 25

    Figura 2.5 Ciclo da gesto do conhecimento ............................................................................. 26

    Figura 3.1 mbito da investigao ............................................................................................ 33

    Figura 3.2 Metodologia de investigao .................................................................................... 34

    Figura 3.3 Organograma das fichas de recolha de dados das obras executadas ........................ 37

    Figura 3.4 - Organograma das fichas de recolha de dados das obras em preparao ................... 38

    Figura 3.5 - Organograma dos questionrios ................................................................................ 41

    Figura 3.6 - Processo de preparao de obra desde a proposta execuo .................................. 43

    Figura 4.1 Articulao do procedimento de preparao de obra com a Base de Conhecimento59

    Figura 4.2 Processo de preparao de obra ................................................................................ 60

    Figura 4.3 Ciclo dados-conhecimento-deciso [39] .................................................................. 69

    Figura 4.4 - Arquitectura do modelo de Base de Conhecimento .................................................. 70

    Figura 4.5 - Fases de desenvolvimento de uma Base de Conhecimento [39]............................... 70

    Figura 4.6 Modelo relacional ..................................................................................................... 74

    Figura 4.7 Diagrama Entidade-Relacionamento [retirado do Microsoft Access 2007] ............. 75

    Figura 5.1 Caractersticas de qualidade exigidas pela norma ISO/IEC 9126 [40] .................... 88

    Figura 5.2 Formulrio Menu inicial........................................................................................... 89

    Figura 5.3 FormulrioIdentificao da obra ............................................................................ 90

    Figura 5.4 FormulrioDescrio sumria................................................................................. 91Figura 5.5 FormulrioAspectos de execuo ............................................................................ 92

    Figura 5.6 FormulrioAnlise econmica................................................................................. 93

    Figura 5.7 Janela de seleco do grupo a consultar ................................................................... 94

    Figura 5.8 Formulrio Consulta de obras por Grupo (Alentejo) .............................................. 94

    Figura 5.9 - Formulrio Consulta de obras por Grupo (Algarve) ................................................ 94

    Figura 5.10 - Formulrio Consulta de obras por Grupo (Sede) ................................................... 95

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil xiii

    Figura 5.11 - Formulrio Consulta de obras por Grupo (Viseu) ................................................. 95

    Figura 5.12 - Janela de seleco do tipo de obra a consultar ........................................................ 95

    Figura 5.13 - Formulrio Consulta de obras por tipo (Requalificao urbana) ........................... 96

    Figura 5.14 - Formulrio Consulta de obras por tipo (Vias de comunicao Estrada Nacional)

    ....................................................................................................................................................... 96

    Figura 5.15 - Formulrio Consulta de obras por tipo (Vias de comunicao Itinerrio

    Complementar) ............................................................................................................................. 96

    Figura 5.16 - Janela para introduo do nmero da obra .............................................................. 97

    Figura 5.17 RelatrioPontos de melhoria - Materiais .............................................................. 97

    Figura 5.18 - Janela para introduo do nmero da obra .............................................................. 98Figura 5.19 - RelatrioPontos de melhoria Solues construtivas........................................... 98

    Figura 5.20 - Janela para introduo do nmero da obra .............................................................. 98

    Figura 5.21 - RelatrioPontos de melhoria Solues tcnicas ................................................. 98

    Figura 5.22 - Janela para seleco da obra pretendida .................................................................. 99

    Figura 5.23 - RelatrioIdentificao da obra .............................................................................. 99

    Figura 5.24 Objectos da Base de Conhecimento analisados.................................................... 100

    Figura 5.25 Ideias de optimizao apresentadas peloAnalisador de desempenho.................. 101

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    ndices

    xiv Instituto Superior Tcnico

    ndice de quadros

    Quadro 2.1 Classificao dos riscos segundo Wideman [18] .................................................... 18

    Quadro 3.1 Casos de estudo ....................................................................................................... 35

    Quadro 3.2 Nmero de inquritos distribudos .......................................................................... 39

    Quadro 3.3 Caracterizao da amostra ...................................................................................... 47

    Quadro 3.4 - Obras com prorrogao legal do prazo de execuo ............................................... 49

    Quadro 3.5 - Distribuio das dificuldades pelas obras em estudo .............................................. 51

    Quadro 3.6 Principais actividades crticas ................................................................................. 53

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil xv

    ndice de grficos

    Grfico 3.1 Experincia profissional dos entrevistados ............................................................. 47

    Grfico 3.2 Classificao do desempenho das obras ................................................................. 49

    Grfico 3.3 Principais dificuldades encontradas ........................................................................ 51

    Grfico 3.4 Utilidade da Base de Conhecimento e dos relatrios de fecho de obra e

    disponibilidade para colaborar ...................................................................................................... 56

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    ndices

    xvi Instituto Superior Tcnico

    ndice de tabelas

    Tabela 4.1 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrioDatas ............................................................................................................................................. 77

    Tabela 4.2 Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulrio

    Identificao da obra.................................................................................................................... 77

    Tabela 4.3 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio

    Principais quantidades finais ....................................................................................................... 78

    Tabela 4.4 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulrio

    Descrio sumria........................................................................................................................ 78

    Tabela 4.5 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio

    Pontos de melhoria Materiais.................................................................................................... 79

    Tabela 4.6 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio

    Pontos de melhoria Solues construtivas ................................................................................ 79

    Tabela 4.7 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio

    Pontos de melhoria Solues tcnicas....................................................................................... 79

    Tabela 4.8 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulrioAspectos

    de execuo ................................................................................................................................... 80

    Tabela 4.9 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio

    Actividades crticas....................................................................................................................... 80

    Tabela 4.10 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrio

    Quadro comparativo ..................................................................................................................... 81

    Tabela 4.11 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulrioAnlise

    econmica ..................................................................................................................................... 82

    Tabela 4.12 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulrioActividades positivas..................................................................................................................... 83

  • 8/3/2019 ProcedimentodePreparacaoeAcompanhamentodeObra

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 1

    1. Introduo

    1.1. Justificao

    Na indstria, em especial na da construo, o produto final resulta da conjugao de vrios

    factores como a seleco das tecnologias de construo, as particularidades do projecto, a

    localizao geogrfica, a meteorologia, entre outros. Assim, existem inmeras condicionantes

    que podem influenciar o desempenho das obras, tanto pela positiva como pela negativa, pelo que

    cada vez mais importante antecipar os riscos e prever solues mais adequadas. Neste contexto,

    o processo de preparao de obra surge como uma ferramenta crucial.

    Por outro lado, a elevada competitividade dos mercados actuais faz com que as empresas j

    no encontrem vantagens competitivas no exterior das mesmas, pois o acesso aos meios

    necessrios a esta actividade est facilitado. Ento, a verdadeira vantagem competitiva resulta do

    conhecimento interno das prprias organizaes, o qual nico, raro e valioso. A reutilizao

    deste conhecimento no processo de preparao de obra permite optimizar as prticas das

    empresas e minimizar os erros, aumentando assim a probabilidade de sucesso das obras.

    1.2. Campo de aplicao

    Este projecto de investigao foi desenvolvido em parceria com a empresa Tecnovia,

    Sociedade de Empreitadas S.A, pelo que o modelo desenvolvido e apresentado nos Captulos 4 e

    5 surge no seguimento das prticas e procedimentos em vigor na empresa, ainda que possa ser

    aplicado a qualquer tipo de obra alm das de vias de comunicao, caso se efectuem algumas

    adaptaes.

  • 8/3/2019 ProcedimentodePreparacaoeAcompanhamentodeObra

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    Captulo 1 Introduo

    2 Instituto Superior Tcnico

    1.3. Objectivos

    A presente dissertao tem como objectivo contribuir para a consolidao do procedimento de

    preparao das obras, especialmente rodovirias, assim como o acompanhamento e

    implementao de uma Base de Conhecimento de boas prticas construtivas, na empresa

    cooperante a Tecnovia.

    No que se refere ao procedimento de preparao de obra, pretende-se minimizar os riscos de

    imprevistos na execuo das obras e estabelecer bases de partida, para uma consistente gesto de

    recursos e adequado controlo fsico e econmico do projecto, face s metas e objectivos

    previamente traados.Por outro lado, pretende-se compilar de forma ordenada os aspectos mais relevantes

    identificados durante o perodo de execuo das obras, atravs da criao da Base de

    Conhecimento/Banco de Memria, de modo a, no futuro mais ou menos prximo, ser consultada

    para adopo de medidas estratgicas, de situaes idnticas, quer em fase de oramentao,

    quer em fase de execuo.

    Para atingir estes objectivos necessrio:

    - efectuar uma pesquisa e anlise bibliogrfica das tcnicas, conceitos e regulamento

    relacionados com a preparao de obra, especialmente das obras rodovirias;

    - proceder ao levantamento e abordagem do procedimento existente e aplicado na empresa at

    data;

    - identificar e recolher a informao necessria para a elaborao da Base de Conhecimento;

    - desenvolver o sistema de gesto de conhecimento (Base de Conhecimento) atravs dacompilao de informao relevante para a preparao de futuras obras;

    - implementar e promover o recurso Base de Conhecimento como prtica fundamental no

    complemento aos processos de preparao e execuo da obra.

  • 8/3/2019 ProcedimentodePreparacaoeAcompanhamentodeObra

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 3

    1.4. Metodologia de investigao

    A presente dissertao resulta de um trabalho de investigao de aproximadamente um ano,

    realizado em parceria com a empresa Tecnovia, Sociedade de Empreitadas S.A.

    A Figura 1.1 mostra as principais etapas desta investigao. O primeiro passo consistiu na

    realizao de algumas reunies com vista a identificar as necessidades da empresa no mbito

    desta temtica e estabelecer os objectivos do estudo e o seu planeamento. Seguidamente,

    efectuou-se uma pesquisa e consequente anlise da bibliografia relevante para a elaborao do

    fundamento terico, no qual esta dissertao se baseia. Simultaneamente, foi-se tomandoconhecimento e acompanhando as prticas da empresa. Aps a determinao do estado do

    conhecimento, procedeu-se recolha e anlise de dados na empresa, relativos s obras pr-

    seleccionadas, para identificar os pressupostos e oportunidades nos quais o modelo desenvolvido

    assenta. Por fim, testou-se o modelo proposto para aperfeioamento e validao, atravs da sua

    aplicao a uma das obras em estudo.

    Figura 1.1 Metodologia da investigao

    Integrao na empresa e definio dos objectivos

    Pesquisa e anlise bibliogrfica

    Levantamento das prticas e procedimentos em vigor naempresa

    rRecolha, tratamento estatstico e anlise dos dadosrelativos s obras em estudo

    Desenvolvimento do modelo proposto

    Teste e validao do modelo

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    Captulo 1 Introduo

    4 Instituto Superior Tcnico

    1.5. Organizao da dissertao

    A organizao desta dissertao reflecte a metodologia de investigao seguida, pelo que est

    organizada em seis captulos. Assim, a estrutura do trabalho :

    Captulo 1 introduo, objectivos e metodologia da investigao e organizao dadissertao;

    Captulo 2 anlise da informao relevante, como conceitos, modelos e estudos,resultantes da pesquisa bibliogrfica efectuada, com vista a estabelecer a base tericadesta dissertao;

    Captulo 3 levantamento das prticas e procedimentos em vigor na empresacooperante e recolha e anlise dos dados relativos s obras pr-seleccionadas em

    estudo;

    Captulo 4 descrio do modelo proposto, onde se inclui uma metodologia para arealizao da preparao de obra, uma check-liste uma Base de Conhecimento/Banco

    de Memria, desenvolvido com base na anlise bibliogrfica e nos casos de estudo;

    Captulo 5 teste do modelo proposto, atravs da sua aplicao a um caso de estudo eapresentao dos resultados para consequente demonstrao da validao do modelo;

    Captulo 6 avaliao do cumprimento dos objectivos propostos, apresentao daslimitaes da investigao, descrio do contributo deste trabalho para a comunidade

    cientfica e para a indstria e exposio de sugestes de trabalhos futuros.

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 5

    2. Estado do Conhecimento

    2.1. Introduo

    O presente captulo constitui o fundamento terico, baseado em trabalhos e conhecimentos

    anteriores, imprescindvel para a elaborao do restante estudo.

    Esta dissertao desenrola-se segundo duas vertentes que se complementam, pois ainda que se

    pretenda aperfeioar o procedimento de preparao de obra existente na empresa cooperante, tal

    s possvel atravs de um maior conhecimento interno, resultante da anlise dos dados relativos

    s obras j executadas. Assim sendo, decidiu-se organizar a informao resultante da pesquisa

    bibliogrfica em dois subtemas.

    Primeiramente, abordou-se a temtica da preparao de obra, expondo modelos defendidos

    por alguns autores sobre os elementos e etapas que este procedimento deve englobar. Para

    melhor compreender este tema, apresenta-se uma sntese dos principais conceitos que importa

    conhecer para desenvolver este processo e efectua-se um breve enquadramento regulamentar,realando os artigos fundamentais respeitantes a esta prtica.

    No segundo subtema, explorou-se a aplicao da gesto do conhecimento metodologia da

    preparao de obra. Analogamente estrutura adoptada no subtema anterior, tambm aqui se

    desenvolveu uma seco onde se apresentam as definies mais relevantes neste contexto, como

    sejam a de conhecimento e os seus tipos, bem como o papel que este desempenha e a sua

    importncia. Em seguida, expem-se alguns modelos de sistemas de gesto do conhecimento no

    mbito da construo, estabelecidos por especialistas internacionais. Deste modo, possvel

    efectuar uma anlise crtica, demonstrando, de uma forma explcita e objectiva, a aplicabilidade

    desta temtica construo, nomeadamente, metodologia da preparao de obra.

    Na seco seguinte, explicita-se o processo de pesquisa desenvolvido, com vista recolha de

    informao relevante para a elaborao deste estudo.

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    Captulo 2 Estado do Conhecimento

    6 Instituto Superior Tcnico

    2.2. Processo de pesquisa implementado

    No mbito da temtica em questo, realizou-se uma pesquisa bibliogrfica dividida em duas

    componentes, de acordo com os subtemas considerados.

    O primeiro passo consistiu na procura em sites de referncia, nomeadamente no Science

    Direct, de artigos de revistas conceituadas no meio cientfico, recorrendo a palavras-chave

    relacionadas com a preparao de obra e a gesto do conhecimento na construo. de salientar

    a dificuldade em encontrar literatura actual e internacional relativa ao primeiro tema, pelo que foi

    necessrio efectuar uma pesquisa mais aprofundada, recorrendo a outros meios, especialmentelivros tcnicos existentes nas bibliotecas do Instituto Superior Tcnico e do Laboratrio Nacional

    de Engenharia Civil, nas livrarias nacionais e on-line. Simultaneamente, utilizaram-se os motores

    de busca da Biblioteca do Conhecimento Online e de outras bibliotecas de universidades e

    institutos do pas. Foram tambm consultados estudos e trabalhos, sobretudo teses de mestrado

    de autores nacionais, bem como os decretos-lei mais relevantes, associados preparao de obra.

    No que se refere ao subtema da gesto do conhecimento, constatou-se existir pouca literatura

    portuguesa sobre o assunto, visto tratar-se de um tema inovador. Assim, a principal fonte de

    informao foram os artigos de revistas e jornais de referncia internacionais, onde se destacam

    o International Journal of Project Management, o Automation in Construction e o Journalof

    Knowledge Management.

    Nesta seleco foi dada preferncia s publicaes mais recentes, com vista recolha da

    informao mais actualizada.

    Aps triagem das publicaes com interesse para este trabalho, efectuou-se a leitura e

    identificao dos conceitos, definies e modelos, resultando na anlise que em seguida se

    expe.

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 7

    2.3. Anlise da informao

    A elevada competitividade dos mercados tem vindo a tornar cada vez mais importante a

    difuso do conhecimento interno nas organizaes. medida que as tcnicas e processos vo

    evoluindo e o acesso aos meios vai sendo mais fcil, aumenta a dificuldade em encontrar

    vantagens competitivas no exterior das organizaes, pelo que estas se viraram para si prprias,

    em busca de uma aprendizagem interna que lhes permitisse aperfeioar e melhorar

    continuamente os seus desempenhos. neste contexto que a gesto do conhecimento ganha uma

    importncia crescente.

    No caso especfico da construo, o produto final so as obras, ou seja, a concretizao dos

    projectos, os quais, segundo aAssociation for Project Management[1] consistem num conjunto

    de actividades coordenadas com instantes de incio e fim bem definidos, executadas por uma

    dada entidade individual ou colectiva com vista realizao de um objectivo bem definido,

    dentro de determinadas restries de tempo, oramento e performance. Por seu turno Walker

    [2] definiu as obras como objectos com caractersticas individuais nicas na concepo e

    execuo.

    Deste modo, cada obra apresenta caractersticas especficas, resultantes de diversos factores,

    tais como: as particularidades do projecto, a utilizao, os processos construtivos e a localizao.

    Esta ltima condicionante influencia no s a natureza do terreno, mas tambm as condies em

    que os trabalhos vo ser executados. De acordo com Domingues [3], cada obra como nica nas

    suas caractersticas e especificidades, apresenta um grau elevado de incerteza, que se traduz

    numa vasta gama de situaes e imprevistos com potenciais impactos negativos no processo de

    execuo da obra. Assim, compreensvel que as empresas procurem cada vez mais, prevenir e

    minimizar todas as situaes que possam ter efeitos nefastos no seu desempenho, bem como

    assegurar o sucesso das actividades mais favorveis atravs de preparaes de obra mais

    completas e eficazes.

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    Captulo 2 Estado do Conhecimento

    8 Instituto Superior Tcnico

    Preparao de obra

    Acompanhamento daexecuo da obra

    Fecho da obra

    Conhecimento

    Para servir tal objectivo, h que evitar incorrer nos mesmos erros e aprender com a

    experincia para optimizar os resultados. A Figura 2.1 mostra como o conhecimento gerado ao

    longo de todo o processo de execuo das obras constitui um factor chave na melhoria da

    preparao das obras futuras.

    Figura 2.1 Gerao e reutilizao do conhecimento

    2.3.1. Preparao de obra

    2.3.1.1. Principais conceitos

    Quando se aborda a temtica da preparao de obra, necessrio ter presente os

    principais conceitos e definies que lhe esto associados.

    Pela designao de obra entende-se todo o trabalho de construo, reconstruo,

    restauro, ampliao, alterao, reparao, conservao ou adaptao e demolio de bens

    imveis [4]. Estas podem ser pblicas ou particulares, consoante se trate de um dono de obra

    pblico ou particular, ou seja, consoante a pessoa, individual ou colectiva, proprietria dos bens e

    que executa ou manda executar a obra, seja pblica ou no.

    Por outro lado, o empreiteiro corresponde entidade responsvel pela execuo de uma

    obra em regime de contrato de empreitada [4]. Note-se que podem existir vrias empreitadas

    numa mesma obra, pois uma empreitada a forma de contrato pelo qual uma das partes se obriga

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 9

    em relao outra a executar um conjunto de trabalhos, mediante um preo, os quais podem

    englobar ou no a totalidade da obra. Existe ainda a figura do subempreiteiro, correspondente a

    pessoa singular, ou colectiva, autorizada a exercer a actividade de empreiteiro de obras

    pblicas ou de industrial de construo civil, que executa parte da obra mediante contrato com

    a entidade executante [5].

    A realizao de uma obra divide-se em vrias fases:

    Concurso/Convite processo atravs do qual as propostas apresentadas pelosconcorrentes so avaliadas, de modo a seleccionar os empreiteiros que iro executar a

    obra;

    Adjudicao nesta fase, aps a anlise das propostas, o dono da obra decide contratarcom o concorrente que apresentou a proposta mais vantajosa, notificando-o e dando

    seguimento ao processo que conduz assinatura do contrato;

    Consignao acto pelo qual o representante do dono da obra faculta ao adjudicatrio oslocais e as peas escritas ou desenhadas complementares do projecto e necessrios execuo da obra;

    Preparao de acordo com a definio dada por Correia dos Reis [5], consiste naelaborao de um conjunto de documentos que possibilitam a programao das aces a

    empreender no decorrer da execuo da obra;

    Execuo corresponde realizao fsica da obra, segundo o plano anteriormenteestabelecido e que vai sendo adaptado medida que vo surgindo condicionantesdiferentes das consideradas inicialmente;

    Recepo esta ltima etapa tem duas componentes: uma provisria e outra definitiva. Arecepo provisria, na qual a obra entregue ao cliente, ocorre aps a realizao da

    vistoria final pela fiscalizao, com a assistncia do empreiteiro, e caso no se verifiquem

    deficincias resultantes de infraco s obrigaes contratuais e legais do empreiteiro. A

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    Captulo 2 Estado do Conhecimento

    10 Instituto Superior Tcnico

    recepo definitiva formalizada quando na nova vistoria, efectuada aps decorrido o

    prazo de garantia, no se detectarem deficincias.

    Na Figura 2.2 apresenta-se todo o processo desde a deteco das necessidades que

    originam o projecto at entrada em funcionamento da obra construda.

    Figura 2.2 Diligncias para um empreendimento [5]

    Em geral, a preparao de obra realizada pelo director tcnico da obra, ou seja, pelo

    tcnico designado pelo dono da obra, quando se trate de uma obra dividida em vrias

    empreitadas ou pelo tcnico do empreiteiro, nos casos em que tal previsto no contrato. Para

    Alves Dias [4], o papel do preparador consiste na orientao do modo de execuo da obra,

    planeando as aces que iro constituir as linhas gerais da realizao da obra, em conjunto com

    os seus colaboradores. Adicionalmente, Correia dos Reis [5] considera que o estudo do projecto,

    a deteco de erros e a proposta de solues ou alteraes tambm se englobam nas tarefas do

    responsvel pela preparao de obra.

    Deteco denecessidades

    Estudos Tcnico-EconmicosEstudos prvios de Engenharia Estudo de mercado

    Anteprojecto Projecto de execuo eprograma de concurso Anncio do Concursoou Convite

    Oramento Proposta

    Recepo daspropostas

    Anlise daspropostas

    ContratoAdjudicao Consignao

    ExecuoPreparao Funcionamento

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 11

    2.3.1.2. Processo de preparao de obra

    frequente assumir que a preparao de obra se limita ao planeamento da mesma, o que

    no corresponde de todo verdade. Uma boa e eficiente preparao de obra engloba muitos

    outros aspectos, ainda que se baseie em apenas quatro pilares fundamentais:

    1 a identificao dos trabalhos e das suas principais caractersticas;

    2 a programao prvia, correspondente ao plano de trabalhos;

    3 a previso dos recursos, tanto de equipamentos como de materiais;

    4 o reoramento.

    Para Mouro Reis [6], a preparao de obras de construo, pblicas ou privadas, uma

    actividade complexa, cujo principal objectivo passa por fornecer s vrias frentes de trabalho

    elementos grficos que permitam compreender, de forma clara e exacta, o que se pretende

    construir. Esta actividade deve ser metdica e sistemtica, sempre focada no objectivo, visto

    que se existirem erros, a preparao de obra torna-se ineficaz. Assim sendo, este processo s se

    apresenta vantajoso quando resolve e colmata as insuficincias do projecto, constituindo neste

    caso uma das mais importantes actividades da construo. Tambm Cardoso [7] reala aimportncia deste procedimento, na medida em que permite corrigir e ultrapassar dificuldades e

    deficincias, antecipando-as. Assim, no s se evitam os resultados negativos e incumprimento

    de prazos, que levam ao aumento dos custos, como tambm permite melhorar os resultados

    positivos.

    Segundo Alves Dias [4], a preparao de obra compreende a organizao de um conjunto

    de elementos que permitam executar a obra nas melhores condies de qualidade, segurana,prazo e custo. Por seu turno, para Correia dos Reis [5], a preparao de obra visa optimizar um

    conjunto de factores, como qualidade, segurana, prazo, custo e ambiente, sendo por isso um

    processo complexo, devido interligao entre eles. Contudo, todas estas condies devem ser

    verificadas, de modo a que a obra atinja o desempenho esperado. Para tal, necessrio saber o

    que se pretende construir e de que forma, o que implica o estudo do projecto e do regime

    pretendido para a construo, bem como o conhecimento de todas as condies de execuo.

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    12 Instituto Superior Tcnico

    Todavia, na prtica que se encontram os fundamentos para um bom trabalho de

    preparao de obra, visto que todos os conhecimentos relativos execuo, materiais e

    problemas se adquirem apenas na obra, atravs da observao e aprendizagem. [6]

    A lista que se segue, compilada por Alves Dias [4], apresenta os principais elementos que

    devem ser preparados antes do incio da execuo da obra:

    - Organizao do dossier de empreitada;

    - Preparao do livro de registo de obra;

    - Anlise do contrato e caderno de encargos da obra;

    - Estudo do projecto da obra e respectivas especificaes tcnicas;

    - Estudo dos processos construtivos mais adequados;

    - Identificao dos fornecedores de materiais, subempreiteiros e tarefeiros;

    - Projecto do estaleiro;

    - Projecto de sinalizao de carcter temporrio;

    - Plano de demolio;

    - Plano de escavao e conteno perifrica;

    - Projecto de implantao e piquetagem da obra;- Plano definitivo de trabalhos;

    - Plano de pagamentos e cronograma financeiro da obra;

    - Diagramas de cargas da mo-de-obra por especialidades;

    - Cronograma da mo-de-obra total;

    - Curva de progresso fsico da obra;

    - Lista de erros e omisses do projecto (no caso de empreitadas por preo global);

    - Plano de utilizao dos equipamentos de estaleiro afectos obra;

    - Sistema de gesto ambiental;

    - Sistema de gesto da qualidade;

    - Sistema de gesto da segurana e sade no trabalho;

    - Procedimentos de execuo dos trabalhos;

    - Sistema de controlo de subcontratados;

    - Sistema de controlo de custos;

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    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 13

    - Sistema de controlo de tempos de execuo;

    - Reoramento da obra.

    O dossier da empreitada serve de apoio ao controlo tcnico, econmico e administrativo

    da obra, atravs da compilao de informao relativa mesma, como: ficha de empreitada,

    contrato, auto de consignao, proposta do empreiteiro, lista de preos unitrios contratuais,

    plano de trabalhos, plano de pagamentos, cronograma financeiro e matriz de definio de tarefas

    e respectivas competncias.

    O livro de registo de obra, obrigatrio pela regulamentao, consiste num conjunto de

    folhas numeradas e rubricadas pelo empreiteiro e pela fiscalizao na data da assinatura do autode consignao, contendo informao organizada e de fcil consulta dos acontecimentos mais

    significativos relativos execuo dos trabalhos.

    Com vista elaborao de todos os documentos necessrios para o incio da execuo

    dos trabalhos, Mouro Reis [6] considera fundamental a leitura antecipada e procura de

    diferenas entre as informaes contidas nas Peas Escritas e Desenhadas, bem como eventuais

    pedidos de esclarecimento ao dono da obra.

    De acordo comCorreia dos Reis[5], o processo de preparao de obra deve assentar nas

    seguintes etapas:

    - Compilao e estudo de toda a documentao do projecto, de modo a completar

    eventuais elementos em falha;

    - Organizao dos planos de execuo dos trabalhos;

    - Reviso rigorosa das medies e do oramento apresentado, estabelecendo

    rectificaes;

    - Realizao do planeamento da obra, atendendo s disponibilidades de equipamento do

    empreiteiro e aos programas de execuo.

    Cardoso [7] define o processo de preparao de obra como a adaptao do projecto

    obra, decompondo-a nos seguintes aspectos:

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    14 Instituto Superior Tcnico

    - Eliminao de dvidas, erros e omisses;

    - Anlise das Peas Escritas e Desenhadas para a definio das fases e mtodos de

    execuo;

    - Elaborao de desenhos distintos de fabrico e colocao, pormenores de execuo, de

    modo legvel e adequado aos conhecimentos de quem vai executar os diferentes trabalhos;

    - Medio e rectificao das quantidades de trabalho a executar de cada tarefa;

    - Elaborao de notas explicativas dos aspectos particulares, pouco usuais ou

    desconhecidos.

    A comparao das quantidades nos desenhos com a lista de quantidades do Articulado crucial, pois no so raras as vezes em que se verificam discrepncias, sendo nesses casos

    necessrio accionar o processo de erros e omisses com a maior celeridade possvel, dado

    existirem prazos estabelecidos para o efeito. Pretende-se assim rectificar as diferenas, de modo

    a que o empreiteiro no seja prejudicado, ao incorrer em custos no previstos resultantes destas

    incorreces.

    Salienta-se tambm, tal como defende Mouro Reis [6], a importncia das Peas Escritas,

    na medida em que o seu conhecimento fundamental para que o responsvel pela preparao de

    obra complemente os seus desenhos de execuo com toda a informao necessria s frentes de

    obra. Ainda que os encarregados tenham acesso aos elementos do projecto, so os desenhos do

    preparador os mais significativos na obra, pois corrigem o projecto, constituindo o guia para a

    execuo dos trabalhos.

    Paralelamente s etapas acima mencionadas, este autor refere ainda outras actividades

    relevantes neste processo, tais como:

    - Organizao e separao da informao do projecto necessria s vrias consultas e

    encomendas;

    - Procura de informao necessria, tanto na Internet como atravs de outros meios, para

    complementar as informaes do projecto, nos casos em que este se apresente insuficiente em

    determinados aspectos;

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 15

    - Gesto das preparaes desenvolvidas pelos respectivos subempreiteiros, fornecendo-

    lhes todos os dados relevantes actualizados e notificando-os de todas as condicionantes relativas

    a outras subempreitadas susceptveis de criar conflitos;

    - Proposta de solues alternativas.

    Este ltimo ponto requer alguns cuidados. Por um lado, se depois do estudo aprofundado

    das possveis solues, houver uma alternativa favorvel obra, a sua escolha deve ser encarada

    com seriedade. Contudo, ao propor solues alternativas, a responsabilidade da concepo

    transferida para o empreiteiro, alm da bvia responsabilidade pela execuo da obra,

    implicando maiores responsabilidades durante o perodo de garantia da empreitada. Assim, antesde efectuar propostas de solues alternativas, h que assegurar a sua aplicabilidade e viabilidade

    no contexto da obra em causa. Adicionalmente, o empreiteiro pode ainda ser responsabilizado

    pela aplicao de materiais ou tcnicas de execuo inapropriadas, sem ter tido o cuidado de

    alertar o dono da obra sobre as possveis consequncias ou prejuzos da decorrentes.

    Dada a constante evoluo das tecnologias no sector da construo, existem diversas

    alternativas para a execuo de uma mesma actividade, as quais, de acordo com Fonseca [8],

    podem influenciar o custo, o rendimento, a disponibilidade e a fiabilidade, pelo que as diferentes

    hipteses devem ser sempre analisadas. Para Cardoso [7], a seleco dos processos construtivos

    constitui um dos passos imprescindveis no processo de preparao de obra, uma vez que assim

    se podem obter significativas economias, quer directamente atravs da escolha, em cada caso,

    do mtodo mais adequado execuo da obra, quer indirectamente atravs do aumento da

    produtividade e consequente reduo de prazos. Tambm Hendrickson e Au [9] referem a

    escolha dos mtodos e tcnicas a utilizar na execuo de uma obra como um dos factores cruciais

    para assegurar o cumprimento dos objectivos estabelecidos.

    Quando se perspectiva o incio de uma obra h outras etapas a ter em conta com vista a

    uma eficaz preparao dessa obra, sendo uma delas as visitas ao local da obra [10]. A

    necessidade da sua realizao advm da possibilidade de recolha de dados relativos ao local da

    construo, destacando-se aspectos como a topografia do terreno e o seu estado, os acessos por

    estrada e caminho-de-ferro, os abastecimentos de gua, energia e materiais, o recrutamento de

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    Captulo 2 Estado do Conhecimento

    16 Instituto Superior Tcnico

    mo-de-obra, facilidades de comunicaes por telefone e correio e a existncia de linhas de gua,

    que possam interferir na execuo da obra. Correia dos Reis [5] refere a natureza do terreno

    como outro dos factores a analisar, no s para avaliar as suas caractersticas, mas tambm o seu

    comportamento superficial nos perodos de chuva, o que poder ter consequncias no rendimento

    ou andamento dos trabalhos.

    Por seu turno, Ruz [11] acrescenta ainda a verificao das dimenses do terreno, de

    forma a evitar conflitos com os proprietrios dos terrenos confinantes. Por vezes, mesmo

    necessrio chegar a um acordo relativo ocupao parcial dessas propriedades para instalao de

    oficinas e contentores ou para a utilizao destas para acesso. A visita ao local tambm crucial para a elaborao do plano do estaleiro e para averiguar o tipo de ocupao da propriedade,

    determinando assim a necessidade de demolies ou decapagens.

    Este autor evidencia tambm a consulta, junto das autarquias ou semelhantes entidades

    locais, de elementos adicionais que permitam um melhor conhecimento da zona, nomeadamente

    a proximidade a pontos de fornecimento de materiais, a abundncia de mo-de-obra, as

    distncias a percorrer at vazadouros e o clima da regio. Maria [10] sugere mesmo o recurso

    Internet para consultar as previses meteorolgicas, visto que o estado do tempo pode influenciar

    consideravelmente o andamento dos trabalhos, pelo que se deve conhecer tais previses quando

    se efectua o planeamento das actividades. Alm disso, alguns trabalhos ou materiais requerem

    condies especficas que tm maior probabilidade de ocorrncia nalgumas pocas do ano, o que

    tambm deve ser tido em considerao no planeamento.

    Naturalmente, estas consideraes tm maior expresso nas obras situadas fora das zonas

    urbanas.

    Como se verificou pelo exposto acima o processo de preparao de obra engloba vrios

    aspectos, mas dois deles, nomeadamente o reoramento e o planeamento, revestem-se de uma

    especial importncia em qualquer obra.

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 17

    Reoramento:

    O reoramento assemelha-se ao oramento ideal, na medida em que traduz a adaptaodo oramento comercial obra, com o objectivo de minimizar os custos. Assim, o oramento

    comercial tem de ser trabalhado, procurando aplicar processos construtivos e materiais que se

    apresentem mais vantajosos, bem como a utilizao dos equipamentos que melhor se adequam

    aos trabalhos a executar, de modo a optimizar o planeamento e consequentemente, o oramento.

    Desta forma, possvel maximizar o resultado econmico final, ou seja, o lucro, que constitui o

    objectivo ltimo de qualquer empresa.

    Segundo Cardoso [7], importante descriminar o mapa oramental, o que facilita a

    deteco dos possveis erros de oramentao ou incoerncias face realidade da obra,

    permitindo antecipar derrapagens. Assim, possvel procurar, na fase de preparao de obra,

    alternativas ou solues que minimizem esses efeitos.

    A optimizao dos custos deve ser alcanada atravs da minimizao dos preos secos,

    ou seja, os preos sem margem, correspondentes apenas execuo do trabalho, de modo a

    aumentar as respectivas margens relativamente aos preos de venda.

    A estrutura de custos de uma obra a seguinte:

    Valor de Venda = Custos + Margem

    Custos = Custo Industrial + Custo No Industrial

    Custo Industrial = Custos Directos + Custos Indirectos

    Custos Directos = Mo-de-Obra + Materiais + Equipamentos + Subempreitadas +

    Diversos

    Custos Indirectos = englobam todos os encargos que dizem respeito empreitada e

    que no incidem directa e exclusivamente sobre a execuo das vrias actividades que

    constituem a obra

    Custo No Industrial = Encargos de Estrutura + Encargos Industriais

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    Captulo 2 Estado do Conhecimento

    18 Instituto Superior Tcnico

    Planeamento:

    Segundo Raz, Shenhar e Dvir [12], os projectos de construo acarretam um elevadorisco, visto que demasiados factores podem provocar atrasos, custos excessivos, resultados

    insatisfatrios ou at mesmo falhar por completo os objectivos. Adicionalmente, Flanagan [13]

    afirma que as especificidades dos projectos de construo, como o prazo de execuo, as

    condies meteorolgicas, as condicionantes financeiras e a complexidade tecnolgica tambm

    so factores causadores de riscos. Assim, lgico que as empresas procurem aumentar a

    probabilidade de sucesso das suas obras e projectos, implementando um planeamento mais

    eficaz. Para atingir este objectivo, Smith [14] afirma que necessrio saber gerir a incerteza e

    conhecer os eventuais imprevistos, pelo que a identificao e avaliao antecipada dos

    problemas essencial.

    Rodrigues [15] definiu o planeamento como uma actividade fundamental para a gesto

    e execuo dos projectos de construo. Envolve por isso, a escolha da tecnologia de

    construo, a definio de actividades, a estimao de duraes e recursos necessrios para as

    tarefas e a identificao das suas inter-relaes. Por seu turno, Kerzner [16] defende a reduo

    do grau de incerteza como uma das razes fundamentais para se proceder ao planeamento deuma obra.

    O planeamento assume desta forma um papel crucial, pois, de acordo com Zwikael e

    Sadeh [17], nesta fase que os riscos devem ser identificados e analisados. O Quadro 2.1 mostra

    a classificao dos riscos, em cinco grupos, estabelecida por Wideman [18].

    Quadro 2.1 Classificao dos riscos segundo Wideman [18]

    Riscos

    Externos - imprevisveis e incontrolveis

    Externos previsveis e incontrolveis

    Internos no tcnicos e controlveis

    Internos tcnicos e controlveis

    Legais e controlveis

  • 8/3/2019 ProcedimentodePreparacaoeAcompanhamentodeObra

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 19

    Por sua vez, Abdou [19] classificou os riscos na construo em trs categorias:

    - financeiros,

    - associados aos prazos,

    - de projecto.

    Uma das ferramentas mais importantes nesta fase o plano de trabalhos, o qual, de

    acordo com o artigo 159 do Decreto-Lei n59/99 de 2 de Maro [20], se destina fixao da

    sequncia, prazo e ritmo de execuo de cada uma das espcies de trabalhos que constituem a

    empreitada e especificao dos meios com que o empreiteiro se prope execut-los. Para

    Cardoso [7], o planeamento do trabalho consiste na definio da ordem e da forma como este vaiser executado e em que tempo, permitindo assim evitar interrupes, repeties e incrementos de

    custos, o que requer um estudo metdico, organizado e aprofundado aos pormenores na

    procura de solues que, adoptadas, conduzam a uma execuo racional dos diferentes

    trabalhos. Assim sendo, h que ter em considerao todos os factores que podem influenciar a

    execuo da obra, sobretudo a durao das actividades, a qual funo da natureza dos trabalhos

    de construo, pelo que a prtica e experincia do responsvel por esta fase assume especial

    importncia.

    Um conceito relevante para a determinao das duraes dos trabalhos o de rendimento,

    o qual traduz, de acordo com Alves Dias [4], a quantidade de tempo de trabalhador/mquina,

    necessria realizao de uma unidade de trabalho. Inversamente, a produtividade representa a

    quantidade de trabalho produzida por determinada equipa/mquina num dado intervalo de tempo.

    Silva [21] defende que os mtodos mais frequentemente usados na determinao das

    duraes das actividades so: o Critical Path Method (CPM) e o Program Evaluation and

    Review Technique (PERT). A principal diferena entre estas metodologias reside no facto de no

    CPM se admitirem duraes determinsticas, enquanto no PERT estas so consideradas

    probabilsticas e resultantes da combinao de trs duraes possveis: uma optimista (durao

    da actividade caso tudo corra bem valor mnimo), uma mais provvel (durao normal da

    actividade) e outra pessimista (durao da actividade se tudo correr mal valor mximo). Ambos

    se baseiam no conceito de caminho crtico, ou seja, o caminho composto pelas actividades

  • 8/3/2019 ProcedimentodePreparacaoeAcompanhamentodeObra

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    Captulo 2 Estado do Conhecimento

    20 Instituto Superior Tcnico

    Plano de Trabalhos daConstruo

    Orientao para

    custos

    Custos Directos Custos Indirectos

    Orientao para

    calendarizao

    Duraes(Definio do

    Caminho Crtico)

    Recursos(Calendarizao de

    utilizao de recursos)

    crticas. Estas actividades tm folga nula, pelo que qualquer atraso na sua execuo condiciona

    directamente o prazo final. Por actividades no crticas entenda-se as que tm alguma folga, isto

    , tm alguma margem para atrasos na sua execuo, sem afectar a data de concluso da obra.

    Segundo o mesmo autor [21], a durao do caminho crtico define a durao do projecto.

    Resta salientar que o plano de trabalhos elaborado na fase de preparao de obra visa

    maximizar o lucro que a empresa pode obter, atravs da reduo do tempo de execuo, o que

    implica uma diminuio dos custos associados ao estaleiro. Contudo, para reduzir o prazo pode

    ser necessrio aumentar os recursos, o que nem sempre vivel. Assim, h que encontrar o ponto

    de equilbrio no qual o benefcio resultante da reduo do prazo superior ao custo do aumentodos recursos. A Figura 2.3 mostra as duas vertentes de orientao do plano de trabalhos.

    Figura 2.3 Organizao do plano de trabalhos para a construo [15]

    Em suma, o planeamento constitui a base para uma boa oramentao e calendarizao

    dos trabalhos.

  • 8/3/2019 ProcedimentodePreparacaoeAcompanhamentodeObra

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 21

    2.3.1.3. Regulamentao

    No processo de preparao de obra importa conhecer as principais directrizes legais e

    regulamentares que regem a actividade da construo, o que permite ao empreiteiro no s

    exercer os seus direitos, mas tambm estar ciente das suas responsabilidades.

    Em seguida, apresenta-se uma sntese dos principais artigos considerados relevantes para

    o enquadramento deste estudo.

    A legislao portuguesa estipula que, para a execuo das obras, as empresas podem

    constituir agrupamentos temporrios de trs tipos:

    Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) consiste num contratoconstitutivo entre as empresas agrupadas que regula a actividade comum a desenvolver.

    Este agrupamento possui personalidade jurdica, mantendo os seus membros

    individualidade jurdica e podendo ser constitudo com ou sem capital prprio. [22]

    Consrcio: neste tipo de contrato os seus membros obrigam-se a realizar de forma

    concertada uma actividade, no possuindo personalidade jurdica. [22]

    - Interno quando: (i) as actividades ou os bens so fornecidos a um

    dos membros do consrcio e s este estabelece relaes com terceiros; (ii) as actividades

    ou os bens so fornecidos directamente a terceiros por cada um dos membros do

    consrcio, sem expressa invocao dessa qualidade.

    - Externo quando as actividades ou os bens so fornecidos

    directamente a terceiros por cada um dos membros do consrcio, com expressa invocao

    dessa qualidade. Neste caso, os membros do consrcio devero designar um chefe de

    consrcio ao qual competir, entre outras funes que lhe sejam atribudas, coordenar a

    actividade do consrcio.

    Associao em participao consiste na associao de uma pessoa (associada) auma actividade econmica exercida por outra (associante), ficando a associada a

  • 8/3/2019 ProcedimentodePreparacaoeAcompanhamentodeObra

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    Captulo 2 Estado do Conhecimento

    22 Instituto Superior Tcnico

    participar nos lucros ou nos lucros e perdas que desse exerccio resultarem para a

    segunda. [22]

    Note-se que as empreitadas podem ser de um de trs tipos existentes:

    Por preo global o montante da remunerao a receber pelo empreiteiro,correspondente realizao de todos os trabalhos necessrios para a execuo da obra

    objecto do contrato, previamente fixado;

    Por srie de preos a remunerao do empreiteiro resulta da aplicao dos preosunitrios, estabelecidos no contrato para cada espcie de trabalho a realizar, s

    quantidades desses trabalhos realmente executadas;

    Por percentagem o empreiteiro compromete-se a executar a obra pelo preocorrespondente ao seu custo, acrescido de uma percentagem relativa aos encargos de

    administrao e remunerao da empresa.

    No mbito da preparao de obra, os conceitos anteriores reflectem-se no modo deresoluo das questes respeitantes aos custos a mais a assumir em determinadas situaes.

    Como o regime mais frequente o de preo global, sero as disposies que lhe correspondem as

    abordadas a seguir.

    Um prazo que assume especial relevncia o relativo a reclamaes quanto a erros e

    omisses do projecto. De acordo com o Decreto-Lei n18/2008 de 29 de Janeiro [38], o

    empreiteiro deve reclamar contra erros ou omisses do projecto ou contra erros de clculo, erros

    de materiais e outros erros num prazo estabelecido para o efeito no caderno de encargos, em

    geral de um ms contados a partir da data da consignao. Outra noo importante a de

    trabalhos a mais, definida no artigo 370 do mesmo decreto-lei, os quais correspondem aos

    trabalhos cuja espcie ou quantidade no tenha sido prevista ou includa no contrato, mas se

    tenham tornado necessrios devido ocorrncia de uma circunstncia imprevista e no possam

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 23

    ser tcnica ou economicamente separveis do objecto do contrato sem inconvenientes graves ou,

    sendo separveis, sejam estritamente necessrios para a concluso da obra.

    No que se refere s responsabilidades do empreiteiro, o artigo 350 do decreto-lei acima

    mencionado [38] estabelece que este obrigado a realizar sua custa os trabalhos preparatrios

    ou acessrios necessrios execuo da obra, como seja a montagem e desmontagem do

    estaleiro, o restabelecimento das servides e serventias alteradas ou destrudas para a execuo

    dos trabalhos, a construo dos acessos ao estaleiro, entre outros. O artigo 35 do Decreto-Lei

    n59/99 de 2 de Maro [20] tambm estipula as responsabilidades do empreiteiro no que se refere

    a erros de execuo, sendo este responsvel por todas as deficincias e erros relativos execuo

    dos trabalhos ou qualidade, forma e dimenses dos materiais aplicados, caso o projecto nofixe as normas a aplicar ou estes difiram dos aprovados. Nas situaes em que o empreiteiro

    autor do projecto, dever tambm responder pelas deficincias tcnicas e erros de concepo

    deste.

    Independentemente do tipo de empreitada, o Decreto-Lei n18/2008 de 29 de Janeiro [38]

    estabelece que o contrato entre o empreiteiro e o dono da obra deve ser assinado no prazo de 30

    dias contados a partir da data de aceitao da respectiva minuta e da prestao da cauo, a qual

    deve ser prestada pelo concorrente preferido, num prazo de 10 dias, aps a notificao pelo dono

    da obra (artigo 90). Aps a celebrao do contrato h que proceder consignao da obra num

    prazo mximo de 30 dias, na falta de estipulao contratual (artigo 359). esta a data a partir da

    qual se inicia a contagem do prazo para a apresentao do plano definitivo de trabalhos, para o

    incio dos trabalhos e do prazo, fixado no contrato, para a execuo da obra (artigo 362).

    Todavia, sempre que se verifiquem trabalhos a mais, quer por imposio do dono da obra quer

    por deferimento de reclamao do empreiteiro, o prazo contratual para a execuo da obra pode

    ser prorrogado a requerimento do empreiteiro (artigo 374). O auto de consignao assume assim

    um papel preponderante no s para a contagem dos prazos, mas tambm porque todas as

    reclamaes do empreiteiro devem ser exaradas neste documento. Caso contrrio, assumir-se-o

    como definitivos os resultados deste auto, excepo das reclamaes contra erros ou omisses

    do projecto.

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    Captulo 2 Estado do Conhecimento

    24 Instituto Superior Tcnico

    Por fim, a regulamentao em vigor estabelece que antes de iniciar qualquer elemento da

    obra, o empreiteiro deve ter em sua posse, devidamente autenticados, todos os documentos e

    indicaes necessrias para a perfeita identificao e execuo da mesma.

    2.3.2. A gesto do conhecimento na construo

    2.3.2.1. Definio de conhecimento

    Na economia tradicional, o conhecimento sempre foi visto como um factor externo e semligao ao processo econmico, tal como refere Beijerse [23]. Todavia, Civi [24] e outros autores

    defendem que a nica vantagem competitiva que as organizaes tero no sculo XXI ser o

    conhecimento e a forma como o utilizam. Ento, possvel afirmar que o verdadeiro valor e

    sucesso das empresas advm do conhecimento que reside nas mentes dos seus colaboradores,

    resultante das experincias e ideias destes. De acordo com Bollinger e Smith [25], o

    conhecimento organizacional uma mais-valia estratgica, visto ser valioso, raro, inimitvel e

    insubstituvel.

    Por conhecimento entende-se informao relevante, j processada pela mente humana e

    que acrescenta algum tipo de valor. Por seu turno, Davenport e Prusak [26] definem

    conhecimento como a combinao da experincia dos especialistas, dos valores, da informao

    adquirida em determinados contextos e das competncias profissionais. Deste modo, o

    conhecimento assume um papel fundamental no processo de tomada de decises e aces, pelo

    que, de acordo com Carneiro [27], a sua integrao e divulgao entre departamentos deve ser

    incentivada.

    Existem dois tipos de conhecimento: tcito e explcito. Polanyi [28] definiu o

    conhecimento tcito como altamente pessoal, enquadrado num contexto especfico e como tal,

    de difcil formalizao e comunicao. Este tipo de conhecimento reside na mente humana e

    resulta da experincia dos indivduos. Segundo Nevo e Chan [29], o conhecimento tcito pode

    ser de carcter tcnico, representando competncias e engenho, ou cognitivo, referenciando

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    Dissertao de Mestrado Integrado

    Criao

    Recolha Conjugao

    Seleco

    Ad

    crenas, ideias e modelos me

    atravs de uma representao

    e Takeuchi [30], este con

    eficazmente aplicado. O c

    podendo ser articulado, codifi

    documentos, quer electronica

    O facto do conhecime

    linguagem formal, torna fun

    que cada um tem de serconhecimento tcito ou impl

    gesto do conhecimento e par

    A gesto do conheci

    organizado de gerao e di

    explcito so seleccionados e

    usada pela organizao para

    Kasvi, Vartiainen e Hailikari

    actividades:

    Figur

    Procedimento de Preparao e

    em Engenharia Civil

    ministrao

    Compilao Organizao

    Disseminao

    ntais. Por outro lado, o conhecimento expl

    formal, como a linguagem, e facilmente tra

    ecimento pode ser representado, arma

    nhecimento explcito resulta de dados c

    cado e formalizado quer de uma forma fsic

    ente.

    to tcito ser difcil de capturar e no poder

    amental a distino entre estes dois tipos d

    ratado de forma diferente. Assim, a recito em conhecimento explcito fundamenta

    a manter esse conhecimento como proprieda

    ento foi definida, por Hult [31] como um

    sseminao de informao, no qual os c

    dissecados, com vista criao de uma m

    alcanar uma vantagem competitiva no mer

    [32], a gesto do conhecimento compost

    a 2.4 Actividades da gesto do conhecimento

    companhamento de Obra

    25

    Utilizao

    Integraonos produtos edecises

    Aplicaonoutrosprojectos

    cito pode ser expresso

    smitido. Para Nonaka

    enado, partilhado e

    ncretos e acessveis,

    , como seja atravs de

    er documentado numa

    e conhecimento, visto

    olha e converso dol para pr em prtica a

    e da empresa.

    rocesso sistemtico e

    nhecimentos tcito e

    is-valia que possa ser

    cado. De acordo com

    por quatro grupos de

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    Captulo 2 Estado do Conhecimento

    26 Instituto Superior Tcnico

    Aquisio Extraco/RecolhaArmazenamento/

    Compilao Partilha Actualizao

    Relativamente ao ciclo da gesto do conhecimento, Lin e Tserng [33] identificaram cinco

    fases:

    Figura 2.5 Ciclo da gesto do conhecimento

    Adicionalmente, Kasvi, Vartiainen e Hailikari [32] referem outros dois conceitos

    importantes associados temtica da reutilizao do conhecimento:

    Project Memory (Memria do projecto) os autores [32] definem como sendo ainformao retirada do histrico de um projecto que pode ser trazida para aplicao ao

    presente.

    Project Organisation Memory (Memria organizacional) conhecimento acumuladodos anteriores projectos da empresa que trazido para aplicao ao presente[32].

    Em suma, o conhecimento quando visto como um objecto, pode ser uma ideia,competncia, know-what, know-how ou qualquer tipo de informao relevante que possa ser

    usada para alcanar os objectivos estabelecidos.

    2.3.2.2. Reutilizao do conhecimento no contexto da preparao de obra

    Os projectos de construo so complexos e consomem muito tempo, devido

    complexidade e diversidade dos processos que envolvem. Actualmente, as empresas esto

    sujeitas a enormes presses para obter melhores resultados em menos tempo, com menores

    custos e a mesma qualidade. Na indstria da construo, uma das formas de alcanar melhores

    resultados consiste na reutilizao do conhecimento proveniente de obras j concludas, evitando

    a repetio dos erros do passado, pois a natureza dos projectos de construo (limite de prazos e

    recursos, elevada presso, grau de dificuldade e constante formao de novas equipas) adequa-se

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    Procedimento de Preparao e Acompanhamento de Obra

    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 27

    aprendizagem. Adicionalmente, Tserng e Lin [33] afirmam que a partilha de experincias e a

    reutilizao do conhecimento auferem outras vantagens, como minimizar a necessidade de

    consultar projectos anteriores, melhorar a qualidade das solues e reduzir o tempo e o custo

    associados resoluo de problemas, pois evita que se esteja constantemente a procurar solues

    para as mesmas questes.

    Para Edum-Fotwe e McCaffer [34] a competncia profissional na gesto de projectos

    resulta da integrao e aplicao do conhecimento existente, adquirido atravs do estudo, e das

    competncias desenvolvidas com a experincia, em projectos semelhantes. Assim, o know-how

    e a experincia dos engenheiros de obra muito valiosa, porque a sua acumulao um processo

    moroso, que envolve no s recursos humanos como tambm acarreta custos. Recentemente, aliteratura tambm tem vindo a dar uma importncia crescente ao know-why, alm do know-how,

    pois a combinao de ambos que permite encontrar respostas para as questes ou problemas

    que surgem durante a preparao ou no decurso das obras.

    A identificao do conhecimento relevante e a capacidade para o usar constituem assim

    um desafio para qualquer empresa de projectos, pelo que necessria uma gesto do

    conhecimento excepcionalmente eficiente para poder aprender com as suas experincias.

    Todavia, nem sempre fcil recolher a informao apreendida, sobretudo no que se

    refere ao conhecimento tcito. Este est, por definio, ligado s pessoas directamente

    envolvidas nos correspondentes processos de resoluo de problemas, pelo que na maior parte

    dos casos difcil obter a colaborao dos profissionais mais experientes, que sentem as suas

    posies e a sua utilidade na empresa ameaadas. Outros problemas na recolha do conhecimento

    passam pela falta de vontade para aprender com os erros dos outros colaboradores, falhas na

    divulgao da experincia adquirida devido a falsa modstia e a inexistncia de mtodos e

    procedimentos para recolha de conhecimento, constantes da poltica da empresa.

    Segundo Lin e Tserng [33], a maior parte da aquisio do conhecimento efectuada nos

    escritrios, ainda que a principal fonte de gerao de conhecimento seja a obra. Toda a

    informao e conhecimento tcito que enviado da obra para a sede deve ser transformado em

    conhecimento explcito para que possa ser reutilizado. Nos estudos desenvolvidos por Kasvi,

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    Captulo 2 Estado do Conhecimento

    28 Instituto Superior Tcnico

    Vartiainen e Hailikari [32], as fontes de conhecimento explcito e tcito mais importantes so,

    respectivamente, os documentos em papel (relatrios) e a interaco com os colegas. Contudo,

    esta aprendizagem s se verifica enquanto a obra est em curso, pois quando esta termina os

    conhecimentos dispersam-se e por vezes perdem-se, devido criao de novas equipas. Por este

    motivo, fundamental proceder a uma recolha sistemtica do conhecimento e das competncias

    adquiridos nas vrias obras. Assim, os autores Schindler e Eppler [35] defendem a

    implementao de tcnicas como o debriefing, que consiste numa retrospectiva da obra, ou seja,

    na anlise detalhada dos factores de sucesso e insucesso, no final de cada obra. Tambm Lin,

    Wang e Tserng [36] defendem a elaborao de registos relativos a todas as obras, quer estas

    sejam bem ou mal sucedidas, com vista a identificar as melhores e piores prticas das empresas.

    Na sequncia destes estudos, surge o conceito delessons learned(lies aprendidas), que

    Schindler e Eppler [35] definiram como as experincias-chave de projecto que apresentam uma

    certa relevncia para a generalidade dos futuros projectos.

    A reteno sistemtica da experincia da obra possibilita a comparao entre obras e a

    identificao dos mecanismos de resoluo de problemas mais eficientes. Se juntamente com

    este conhecimento se registarem as falhas, os erros e as potenciais ms prticas, est-se a

    contribuir para reduzir o risco associado s obras e a poupar empresa elevados custos,

    resultantes da realizao de trabalho redundante e da repetio de erros. Alm disso, contribuir-

    se- grandemente para que os processos de preparao de obra decorram de uma forma mais

    sustentada e informada, permitindo assim prever eventuais problemas e encontrar solues

    antecipadamente, sem que estes cheguem a ter impactos negativos na execuo da obra.

    Adicionalmente, o registo das solues alternativas permite desenvolver as obras mais

    rapidamente, com menores custos e a mesma qualidade, logo com maior probabilidade de

    sucesso e aumento do lucro.

    Em seguida, apresentam-se alguns modelos de sistemas de reutilizao do conhecimento

    na construo.

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    Dissertao de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 29

    Lin, Wang e Tserng [36] estudaram a aplicao da gesto do conhecimento s obras de

    construo. Para tal, desenvolveram um sistema baseado em mapas de gesto do conhecimento,

    o qual permite ao utilizador o acesso fcil e rpido a conceitos-chave, a identificao dos

    processos e ferramentas utilizadas e o conhecimento das condicionantes das obras, consoante o

    contexto em que se inserem. Esta rede de mapas de conhecimento composta por trs

    componentes:

    - a representao grfica do conhecimento atravs de ns (obras), sub-ns

    (conhecimento apreendido) e ligaes;

    - a descrio do item;

    - um pacote de outros ficheiros ilustrativos desse conhecimento.

    Este sistema foi desenvolvido com base em seis casos de estudo, relativos construo de

    fbricas de alta-tecnologia localizadas em Taiwan e tendo como principal fonte de conhecimento

    o know-how resultante da experincia dos engenheirosseniors.

    Tserng e Lin [33] tambm elaboraram um modelo de gesto do conhecimento baseado

    nas actividades de construo. Todo o conhecimento tcito e explcito relativo a cada actividade

    recolhido e guardado numa categoria diferente. O conhecimento tcito abrange registos de

    processos, problemas encontrados e respectivas solues, sugestes dos colaboradores, know-

    how, alternativas inovadoras e testemunhos de experincias vividas. No que respeita ao

    conhecimento explcito, so armazenados contratos, especificaes, relatrios, desenhos e outros

    dados relevantes. Para que o sistema fosse efectivamente til, estabeleceram-se ligaes entre

    actividades correntes e de obras semelhantes j terminadas. Este modelo foi desenvolvido com

    base no caso da construo de uma auto-estrada em Taiwan.

    Em 2001, a construtora Skanska estabeleceu uma rede interna de conhecimento, atravs

    da qual os colaboradores podem ter acesso a informao relativa a projectos anteriores,

    desenvolvidos em qualquer parte do mundo onde a empresa actue. Posteriormente, foi

    desenvolvido o Banco de Informao, contendo detalhadas descries das obras e os contactos

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    Captulo 2 Estado do Conhecimento

    30 Instituto Superior Tcnico

    dos profissionais com experincia em cada tipo de obras. Desta forma, este modelo funciona

    como um sistema de recolha de conhecimento. [37]

    Por ltimo, apresenta-se o exemplo do banco suo UBS. Ainda que no se trate de uma

    empresa ligada indstria da construo, serve para demonstrar como a necessidade de

    documentar e reutilizar o conhecimento e a experincia adquiridos no desenvolvimento dos

    projectos j tinha sido identificada h mais tempo e, nalgumas situaes, at posta em prtica. No

    caso do UBS, a recolha e compilao das lies aprendidas um requisito do manual de

    procedimento de projecto, implementado na empresa, e constitui um dos elementos do relatrio

    de projecto final, obrigatrio para todos os tipos de projecto. Deste modo, pretende-se promovera transferncia de conhecimento para os projectos seguintes, visto que estes relatrios incluem

    concluses e recomendaes, sintetizando o que pode ser melhorado no futuro. [35]

    2.4. Concluso

    A partir da anlise acima apresentada possvel conhecer os principais conceitos, modelos e

    ideias sobre as temticas abordadas, bem como a importncia do papel que desempenham no

    sucesso das obras.

    No que se refere preparao de obra, conclui-se que esta no se limita ao planeamento e ao

    reoramento, os quais so etapas fundamentais neste processo, mas que no constituem a sua

    totalidade. Uma correcta e completa preparao de obra envolve muitos outros elementos, como

    sejam: a elaborao de toda a documentao necessria abertura do dossier de obra, o estudo

    do projecto e solues alternativas, a procura de informao para complementar as Peas