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7/23/2019 RecensoIVaup
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Recenso
VARANDA, Isabel,Da preocupao
ecolgica como retorno ao Deus criador,
THEOLOGICA, 2 Srie, 3, 2 !2""3#$
Duarte da Costa
Mundo
2012/2013
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No artigoDa preocupao ecolgica como retorno ao Deus criador, a autora,
Dta. Isabel Varanda, prope-nos uma rele!"o a#er#a da problem$ti#a e#ol%gi#a, tendo
em #onta o desen&ol&imento do pr%prio #on#eito, suas di&ersas pro'e#(es, suas
limita(es e o modo #omo os relatos da #ria("o b)bli#os apelam para uma base
e#ol%gi#a, onde a dignidade das #riaturas e a 'usta rela("o entre elas * sal&aguardada.
+ e#ologia in#idia ini#ialmente na rele!"o a#er#a dos organismos &i&os nos
seus meios ambientais. Contudo, tornou-se num #on#eito mer#antiliado em di&ersos
dom)nios. desen&ol&imento da rele!"o e#ol%gi#a, ao mesmo tempo ue se oi
prolierando, a#abou por #air num antropo#entrismo, su'eitando a e#ologia aos
interesses umanos.
endo sido um tema bastante debatido nos ltimos anos, os mo&imentos
ambientalistas #ontemporneos baseiam-se, essen#ialmente, em trs teses4 a 5#ologia
6rounda (Deep Ecology), a 5#ologia 7uperi#ial (Shallow Ecology)e a 5#ologia M*dia
(Medium Ecology). + 5#ologia 6rounda airma a ne#essidade de o omem se
autorrealiar em rela("o #om o mundo orgni#o (Self-Realiation e Self in Self), &isto
ue $ uma igualdade e um direito 8 &ida inerentes a todos os organismos (!iocentric
E"uality)#5m #ontrapartida, a 5#ologia 7uperi#ial, nega um &alor intr)nse#o da
naturea, sustentando ue a deesa desta &isa undamentalmente a deesa da &ida
umana. + 5#ologia M*dia, partindo da 5#ologia 6rounda, pre#onia a ne#essidade de
sal&aguardar asa$dedo meio ambiente, em un("o do bem-estar de todos os seres. No
entanto, estas teorias ora negligen#iaram a naturea, ao negarem a sua essn#ia pr%pria,
ora negligen#iaram o omem, reduindo-o a um animal, entre outros animais.
Como pode o omem, ent"o, re#on#iliar-se #om a naturea e al#an(ar uma9armonia #%smi#a:; 6ara responder a esta uest"o, a autora prope-nos
uma rele!"o a partir da heur%stica do medode ?ans @onas. 6ara este il%soo alem"o, o
omem * #orpo-esp)rito. 6or um lado, o esp)rito assegura ao #orpo a satisa("o das suas
ne#essidades, por outro, sus#ita-le outras no&as. Conseuentemente, o pr%prio esp)rito
torna-se tormento para a naturea, pois * le&ado a agredir a naturea, a im de satisaer
as ne#essidades )si#as e espirituais. 5sta #ons#in#ia #ondu o omem a um abismo
e!isten#ial e apela para uma responsabilidade4 responsabilidade angustiada, porue#olo#a o omem diante da realidade amea(ada. 5sta responsabilidade angustiada
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#ondu a uma *ti#a de uturo, isto *, a uma *ti#a ue sal&aguarde as #onseun#ias
uturas nas a#(es presentes. 6ara tal, ne#essita de ante#ipar a realidade utura, a im de
ue o omem, a#e a um destino amea(ado, #one(a o ue le #on&*m e possa garantir
um 9uturo aberto e poss)&el: .
No entanto, a heur%stica do medon"o * sui#iente, &isto ue o problema
e#ol%gi#o ad&*m de uma #rise mais prounda, #omo mostra B*li! uattari. 7egundo este
il%soo, $ trs tipos de e#ologias4 ambiental ,
so#ial e mental . 5stes trs
tipos de e#ologias s"o a base para uma ecosofia glo&al, 9uma sabedoria e#ol%gi#a
#%smi#a ue de&er$ passar pre#isamente pela assun("o simultnea destes trs pontos de
&ista e#ol%gi#os : .
+pesar de esta tese ter o m*rito de pro'e#tar a uest"o e#ol%gi#a para ora de
uma estrita rela("o #om a naturea, ela apresenta, segundo a autora, duas insui#in#ias4
n"o 'ustii#a a e!pans"o do termo e#ologia para &$rios dom)nios e #olo#a-se numa
perspe#ti&a meramente oriontal, sem #onsiderar o trans#endente, tal #omo alerta a
autora4
9No uadro de uma pretensa e#osoia global, nenuma dimens"o do umano
poder$ ser ignorada ou negligen#iada ou mesmo e!#lu)da. 7e'a esta dimens"o de
trans#endn#ia #onsiderada real ou imagin$ria, negati&a ou positi&a, pre'udi#ial ou til
n"o * leg)timo ignor$-la, mormente no #onte!to de uma rele!"o sobre a e#ologia e os
deseuil)brios e#ol%gi#os: .
5sta uest"o reporta-nos para as #r)ti#as eitas ao pretenso antropo#entrismo da
tradi("o 'udai#o-#rist" ue, segundo FGnn Hite, undamenta-se em n1, 24 J
en#ei e dominai a terraK. Como nos mostra Isabel Varanda, esta #r)ti#a ad&*m de uma
leitura b)bli#a in#orre#ta, ue pro#ura nos te!tos sagrados airma(es de car'cter
cient%fico-positiista .
5m #ontrapartida, a * na #ria("o, a partir do relato sa#erdotal, sustenta-se no
re#one#imento da origem di&ina de todas as #oisas. 6or outro lado, Deus #ria #om a
do#ilidade da sua pala&ra, por um pro#esso de separa("o. +o separar, impe limites,
distinguindo #ada #riatura entre si e #onerindo a #ada uma a sua un("o. ra,
re#one#er a dieren(a L entre Deus e a #ria("o e dentro da #ria("o L * airmar, por um
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lado, o limite e, por outro, a alteridade. 6ortanto, o seu dom)nio n"o * absoluto e
desp%ti#o, #omo #riti#ou Hite.
al dom)nio insere-se na miss"o de #olaborar #om Deus na #ria("o, presente no
relado 'a&ista. Como #olaborador de Deus, o omem nomeia os animais e * #olo#ado
no 'ardim, para o Jguardar e #ulti&arK . No entanto, o umano a#aba por
roub$-lo. o resultado da alta de modera("o e dom)nio, estabele#idos pelo 7enorO
7egundo as pala&ras de Isabel +l(ada4 9+ &iolenta airma("o de 7i #ondu,
ine&ita&elmente, 8 nega("o, 8 absor("o, 8 redu("o do outro a 7i. + #obi(a ue
le&ou 8 desobedin#ia inaugura, deste modo, no&as rela(es entre eles e as #oisas e
entre as #riaturas e Pa&e Criador: .
+ #riatura a#aba por in&erter de tal orma a l%gi#a do Criador, ue a
desobedin#ia ini#ial e&olui para a in&e'a do irm"o, a ponto de o matar. ra, os relatos
da #ria("o do *nesis mostram pre#isamente ue 9a l%gi#a da #obi(a e da &ioln#ia
* estrangeira Qao ser umanoR. s autores sagrados &em a do(ura e o dom da &ida
#omo undamental para o umano, e n"o a &ioln#ia, a #obi(a e a morte: .
Con#luindo, podemos &er ue Isabel Varanda, neste artigo, apela para a
importn#ia de uma e#ologia mais prounda e mais &asta . 7em des#onsiderar
por #ompleto as di&ersas teses e#ol%gi#as, airma ue n"o de&em #air numa 9#rispa("o:
umanista, naturalista ou animalista. 5m #ontrapartida, s% se des#entrando de si
mesmas, podem abrir-se 8 trans#endn#ia, ue n"o nega o umanismo ini#ial, mas
#onere-le no&os oriontes, tal #omo re#one#e a tradi("o 'udai#o-#rist". 5sta
undamenta-se na 7agrada 5s#ritura ue, tal #omo #ompro&a o e!er#)#io ermenuti#o
eito pela autora, n"o est$ no mesmo plano epistemol%gi#o das #in#ias naturais.