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ENTREVISTAClement Lefebvre, criador do Linux Minthttp://revista.espiritolivre.org | #005 | Agosto 2009

DESKTOP LIVREGraas ao GNU

MPB - MSICA PARA BAIXARConhea mais sobre esse movimento

CLOUD DESKTOPO desktop nas nuvens

SOFTWARE PBLICOSaiba mais sobre o Linux Educacional

FERRAMENTABoletoPHP - A soluo ideal para gerao de boletos

PROMOESSorteios de kits, cds e camisetas

COM LICENA

Revista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

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EDITORIAL / EXPEDIENTE

[GNU] Linux na mesa... e correria!Em meio a correria do ms de julho, que de frias para uns e um apenas mais um ms para outros, a Revista Esprito Livre traz o [GNU] Linux no desktop, apresentando de forma clara e simples, que isto perfeitamente possvel mesmo nos dias de hoje, onde muitos ainda insistem em dizer que o sistema no amadureceu, e que o mesmo tem como propsito habitar apenas servidores. Nossa entrevista desta edio com Clement Lefebvre, criador do Linux Mint, uma distribuio Linux baseada no Ubuntu, ainda no muito conhecida entre os brasileiros, mas vem conquistando devotos por onde passa, com forte apelo visual, quanto a elegncia do Linux. Clement prova com o Linux Mint que possvel ter um desktop funcional, bonito e direcionado a usurios leigos, com ferramentas que facilitam a vida destes, que ainda esto por entrar no mundo do pinguim. Outros projetos nacionais apontam para o mesmo objetivo, como o Desktop Paran, desenvolvido pela Celepar trazendo um desktop fcil de usar, baseado no Debian. O Ekaaty Linux tambm no segue a regra e tambm traz uma soluo para usurios desktop com um ambiente fcil de usar e bastante completo. A revista traz tambm novos parceiros que trazem a possibilidade dos leitores concorrerem a brindes, entre outros. Os que quiserem participar da revista como parceiros, no se acanhem, entrem em contato! Trazemos ainda novas adies a equipe e que, com certeza, s enriquecero ainda mais nosso trabalho. Boas vindas a Antnio Augusto Mazzi, que vai falar sobre emulao do DOS no Linux, Flvia Jobstraibizer que fala sobre PHPBoleto, Walter Capanema que traz os aspectos jurdicos sobre Spam, Francisco Junqueira com uma matria interessante sobre Google App Engine e Hailton David Lemos, do grupo GoJava, que apresenta como trabalhar com JSP, Ajax e Servlet. Os tantos outros que colaboraram na edio, enviando suas dicas, dvidas, comentrios, participando das promoes, o nosso muito obrigado. Isso muito nos alegra e nos faz seguir em frente, mesmo diante das adversidades. Como no poderia ser diferente em nossa seo de emails trazemos relatos sobre os leitores da revista com suas opinies e relatos. Voc leitor, pode usar este espao tambm para tirar suas dvidas. Aproveite e participe! Envie tambm o seu comentrio! A Revista Esprito Livre trs a relao de ganhadores das duas promoes da edio anterior, que continuam nesta edio. Ento, se voc no participou das promoes da edio passada, no perca tempo e participe. No site oficial da revista [http://revista.espiritolivre.org] e nas redes sociais onde a revista se encontra presente tambm pipocam novidades... A Revista Esprito Livre, por meio da colaborao de sua equipe chegou at aqui e espera ir muito alm. Junte-se tambm ns! Nosso propsito sermos uma publicao de qualidade feito por e para usurios, tcnicos, professores, estudantes, e tantos outros que fazem parte deste universo de leitores. Aproveitamos para agradecer mais uma vez a todos os que ajudam o projeto a seguir adiante. Sem vocs a revista no seria o que .

EXPEDIENTEDiretor Geral Joo Fernando Costa Jnior Editor Joo Fernando Costa Jnior Reviso Marcelo Tonieto Arte e Diagramao Joo Fernando Costa Jnior Capa Cezar Farias Contribuiram nesta edio Acio Pires Alan Lacerda Alexandre Oliva Anderson Goulart Antnio Augusto Mazzi Carlos Donizete Crlisson Galdino Cezar Farias Cezar Taurion Clement Lefebvre Cristiano Furtado Cristiano Roberto Rohling Evaldo Junior Everton Rodrigues Flvia Jobstraibizer Francisco Junqueira Guilherme Chaves Hailton David Lemos Jomar Silva Jonsue Trapp Martins Jos James F. Teixeira Juliana Prado Lzaro Rein Luiz Eduardo Borges Regiane Carvalho Relsi Hur Maron Roberto Salomon Sinara Duarte Tatiana Al-Chueyr Wallisson Narciso Wesley Samp Walter Capanema Yuri Almeida

Contato [email protected] O contedo assinado e as imagens que o integram, so de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, no representando necessariamente a opinio da Revista Esprito Livre e de seus responsveis. Todos os direitos sobre as imagens so reservados a seus respectivos proprietrios.

Joo Fernando Costa Jnior EditorRevista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

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EDIO 005

SUMRIOCAPA

24 27 29

Linux & Desktop:Uma viso de usurio sobre o sistema

Ekaaty Linux:Brazucas vista...

Desktop ParanUma customizao do Debian para o Governo do Paran

COLUNAS

11 14 16 18

Desktop Livre:Graas ao GNU

Pronto, Sim! isso a...

Cloud DesktopDesktop nas nuvens...

A Bola de Fogo AzulPura mgica!

Entrevista com Clement Lefebvre

TECNOLOGIA

PG. 19

32

Interoperabilidade na PrticaUma questo bastante polmica...

MOVIMENTO

36

Msica Para BaixarConhea o MPB, um movimento que tem muitos desafios frente...

FERRAMENTA

95 AGENDA

06 NOTCIAS

39 41

Google App EngineSaiba mais sobre a ferramenta e como contribuir na elaborao do material de referncia em portugus

BoletoPHPA soluo ideal na gerao de boletos

TUTORIAL

65

O modelo "My Precious"Esquea este modelo de desenvolvimento e compartilhe!

43

DOS no LinuxDe volta ao passado...

EM DEBATE

REDE

67

Crise em Honduras:As mdias colaborativas e a censura

45

TCOSGerando as imagens dos clientes magros

SYSADMIN

FRUM

70 73

Conhecendo o NetBSDComeando pela configurao de rede...

50 54

ReactOSUma alternativa real ao Windows?

JURISSpamProblemas da modernidade: O lixo eletrnico na Internet

Google ChromeO que vem por a...

DESENVOLVIMENTO

GRFICOS

56 58 63

Virado pra Lua - Parte 5Rumo a LUA!

77

Computao Grfica e SLSimulaes, jogos e muito mais movidos software livre

JoomlaInstalando e configurando...

SOFTWARE PBLICO

JSP, Ajax e Servlet - Parte 1Trabalhando com essa turma!

80

Linux EducacionalUm sistema para os ambientes de educao

EDUCAO

83

Projetos Educativos com SL o software livre na sala de aula atravs de projetos inovadores

GAMES08 LEITOR 10 PROMOES

89

WINE:Ferramenta em evoluo constante nos jogos exclusivos para plataforma Windows

QUADRINHOS

93

Os Levados da Breca Nanquim2 A profisso mais velha do mundo

NOTCIAS

NOTCIASPor Joo Fernando Costa Jnior e Cristiano Roberto Rohling

Microsoft libera cdigo de drivers sob a GPL Em uma atitude indita, a Microsoft liberou comunidade Open Source cerca de vinte mil linhas de cdigo referentes implementao de drivers. O objetivo da empresa permitir que sistemas Linux rodem sob o Hyper-V, um software de virtualizao que parte do Windows Server 2008. Em declarao para o site da ex-revista Geek, Peter Galli (gerente snior de comunicao na equipe de plataformas da Microsoft) diz que a iniciativa refora o compromisso da Microsoft com a interoperabilidade e padres abertos, de forma a ajudar seus clientes e parceiros em todo o mundo a serem bem-sucedidos em um mundo de tecnologia heterognea. Ainda segundo o site da Geek, a Microsoft entrou para o rol das empresas que contribuem com o kernel do Linux, figurando entre nomes como Red Hat, Intel, Novell, IBM e Oracle. Linux Foundation lana carto de crdito Em parceria com a rede Visa, a Linux Foundation anunciou o lanamento do Linux Foundation Visa Platinum, um carto de crdito especialmente concebido para pessoas que queiram contribuir com os avanos no sistema operacional do pinguim. A Fundao receber 50 dlares a cada carto ativado, alm de uma porcentagem sobre as despesas pagas com cada carto. A verba arrecadada ser redirecionada para custear o deslocamento de membros da comunidade, alm de financiar eventos tcnicos. Por enquanto o carto s est disponvel nos Estados Unidos.Revista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

Banco do Brasil: 100 mil PCs com Firefox Em 2005, o Banco do Brasil iniciou o processo de migrao para o Linux. Hoje, nas mais de quatro mil agncias espalhadas pelo Brasil, cerca de 65 mil equipamentos rodam Linux e BrOffice.org. Agora, so mais de 100 mil mquinas com o Firefox instalado, segundo dados de maio de 2009 fornecidos pela diretoria de Tecnologia do banco. A opo pelo Firefox foi lgica: como ainda existem muitas mquinas rodando Windows, tornou-se necessrio o uso do browser da Mozilla que tem verses para as duas plataformas para que os sistemas baseados na Web corressem sem problemas de compatibilidade. Debian decide adotar novo ciclo de desenvolvimento O Projeto Debian anunciou a adoo de uma nova poltica de congelamento nos lanamentos baseada em um ciclo de dois anos. A partir de 2009, os congelamentos sero efetuados no ms de dezembro de cada ano mpar, fazendo com que os lanamentos das novas verses sejam efetuados na primeira metade de cada ano par. Como consequncia dessa nova poltica, o prximo congelamento do projeto ser feito em dezembro deste ano, e o lanamento da prxima verso (ainda sem nome) ser realizado em meados de 2010.

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NOTCIAS

Co-fundador do projeto CentOS "desaparece" Diversos participantes do projeto CentOS (distribuio Linux baseada no RedHat) publicaram uma carta aberta a Lance Davis, um dos fundadores do projeto. Davis teria desaparecido sem explicaes, o que deixou os membros da equipe sem acesso s doaes financeiras recebidas via PayPal e propensos a perder o registro do domnio CentOS.org. A mensagem que foi publicada na pgina inicial do site oficial do CentOS fala a respeito das inmeras tentativas infrutferas de entrar em contato com Davis. Os desenvolvedores tambm se queixam do fato de Davis manter as finanas do projeto em segredo (o projeto sobrevive graas s doaes e das receitas obtidas atravs de publicidade). Segundo o site do projeto, o desaparecido deu o ar de sua graa somente em 01 de agosto, quando teria sido realizada uma reunio com sua presena de modo a resolver os problemas mais urgentes. Steve Ballmer ironiza Chrome OS em evento "Chrome OS? O que isso?" Foi com estas palavras que Steve Ballmer (atual CEO da Microsoft) comentou o posicionamento de sua empresa quanto ao anncio do novo SO a ser produzido pelo Google. O comentrio foi pronunciado durante a Worldwide Partner Conference realizada em New Orleans, diante de uma platia cheia. "Eu serei... qual a palavra certa? Eu serei respeitoso. Para mim esse negcio de 'Chrome OS' muito interessante." declarou o executivo. Ballmer conhecido por seus comentrios sarcsticos em relao aos concorrentes. Em 2007, o executivo ficou clebre ao comentar que o iPhone seria apenas "o celular mais caro do mercado", e que ningum estaria disposto a pagar por ele.

Cezar Taurion lana ebook sobre o Padro ODF Cezar Taurion, colaborador ativo da Revista Esprito Livre, lanou um livro eletrnico intitulado Adotando o ODF como Padro Aberto de Documentos. De acordo com o autor, o livro aborda as discusses referentes adoo do ODF e a deciso do Brasil em relao votao do OpenXML na ISO. uma coletnea de posts publicados no meu blog entre janeiro de 2007 e julho de 2009. O livro pode ser obtido gratuitamente em http://tinyurl.com/krndh9. Peter Sunde abandona o Pirate Bay O sueco Peter Sunde inimigo nmero um dos executivos da indstria de entretenimento e heri dos partilhadores de arquivos anunciou que deixar o cargo de porta-voz do site de compartilhamento de arquivos Pirate Bay. Em seu blog Copy me Happy, Sunde diz que "as razes (da sada) so muitas, mas a principal delas o fato de o site me tomar muito tempo. Quero construir algo novo e focar minha energia em direes diferentes. Tenho projetos esperando por finalizao, um livro para finalizar e muitos livros aguardando para serem lidos". A sada de Sunde no foi to inesperada, visto que os novos proprietrios do site a rede sueca de lan houses Global Gaming Factory provavelmente no iriam querer ter em seu rol de colaboradores uma pessoa que defenda ferrenhamente o direito ao livre compartilhamento de arquivos. Quer contribuir? Ento participe entrando em contato atravs do email

[email protected]

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COLUNA DO LEITOR

EMAILS, SUGESTES E COMENTRIOSAyhan YILDIZ - sxc.hu

Voc j enviou seu comentrio? Ajude a revista ficar ainda melhor! Contribua, envie suas sugestes e crticas. Abaixo listamos mais alguns comentrios que recebemos: No um projeto inovador, mais a forma com que distribuido, diagramado e oferecido aos amantes da plataforma livre ou mesmo curiosos de planto inovador. Em cada nova edio a revista traz uma linguagem diferente, dinmica e interessante em todos os aspectos, focando sempre o pblico geek ou no. tima revista como referncia da platafrma livre, recomendo. Rafael Leal da Silva - So Paulo/SP Uma revista muito interessante para os usurios de sofware livre. Suas matrias abrangem desde o administrador at o usurio comum, o que muito importante. Ricardo Farinhaki - Curitiba/PR um importante meio de divulgao de notcias de qualidade para a comunidade de software livre brasileira e sem dvida nenhuma uma iniciativa que ajuda a fortalecer ainda mais este cenrio. Saulo Vieira de Almeida Filho - Contagem/MG tima forma de se manter atualizado sobre as novidades do "mundo livre". Era algo que o movimento de Software Livre estava precisando. Parabns a todos! Kelligton Fabrcio de S. Neves - Goinia/GORevista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

uma publicao que j conquistou minha admirao e o desejo de acompanhar com assiduidade. A diversificao dos assuntos pertinentes ao software livre e as diferenas de estilo dos integrantes do corpo editorial faz com que seja acompanhada pelos mais diversos interesses. Manoel Aleksandre - Maracana/CE Uma das melhores publicaes que j li sobre Software Livre. Bem informativa e divertida de ler. Entretenimento certo entre uma folguinha e outra no trabalho(rsrsrs). Compartilhar conhecimento, sabedoria crescer! John Anderson S. dos Santos - Ubaitaba/BA tima revista, chegou pra mim atravs das comunidades do orkut, numa hora muito propcia porque eu sempre quis entrar no mundo do SL e agora tenho uma oportunidade riqussima de saber um pouco de cada coisa de SL!! Sou uma leitora fiel ;-) Tenho certeza que o futuro dessa revista muito "auspicioso". Valeu REL!!! Juliett Figueirdo - Gravat/PE Uma iniciativa muito interessante, com materiais de excelente contedo, uma leitura de fcil compreenso, uma qualidade grfica/visual muito boa, com matrias bem distribuidas. Sugesto: Tutoriais diversos em, no mximo duas pginas, seriam bem vindos. Alexandre Anacleto - Mau/SP

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COLUNA DO LEITOR

Revista com contedo vasto e instrutivo sobre software livre. Nos proporciona grandes reportagens, notcias e dicas! Aprecio bastante! Edinilson Ferreira - Santa Maria/DF Uma oportunidade mpar de conhecer e se atualizar a respeito do SL no Brasil e no mundo, que sem dvida o futuro (sem retorno) da tecnologia. Mrcia Fernanda N. Cardoso - Teresina/PI Leio a Revista Esprito Livre desde sua primeira edio e gostei muito, pois ela nos proporciona um excelente contedo, minha rea no exatamente a informtica, sou Cientista Social e participo de um projeto de Incluso Digital chamado Puraqu, em Santarm do Par. Estou atualmente terminando o curso de especializao em Informtica na Educao e gosto de ler em especial os textos da professora Sinara Duarte. Eles esto me ajudando neste perodo de produo da monografia. Maria Francenilda T. Castro - Santarm/PA Uma oportunidade sem par, que soma na luta desgarrada pela liberdade, algum que infelizmente no tive a oportunidade de ter acesso aos literatura impressa, a Revista Esprito Livre algo que s vem contribuir. O que posso falar dessa revista! LIBERDADE! LIBERDADE! Thiago Frederico da Silva - Macei/AL o melhor meio de informao sobre Software Livre que eu j vi, abrangente, coeso, buscando sempre a imparcialidae na definio e na defesa do tema. Altamente recomendada para entusiastas do assunto, como eu, e tambm para quem acompanha a "causa" j a algum tempo. Alm disso, suas matrias sempre bem escritas, e pensadas, trazem a ns leitores novidades diversas sobre esse mundo que est em franca expanso. Esto de parabns o editor, e todos os colaboradores dessa revista, que um primor na arte de informar. Raphael Silva Souza - Macarani/BA

Parabns.. A comunidade de software livre est carente de publicao no mercado brasileiro que seja levado em considerao o acesso grtis as reportagens publicadas. Mrcio Jos Antunes Gomes - Aracaju/SE Realmente muito boa! Matrias incrveis e bem elaboradas. Um contedo bem interessante que inclusive incita a estudar mais e mais. Virei um leitor de carteirinha. Parabns! Sandalo Salgado Ribeiro - Belo Horizonte/MG Revista de altssimo nvel. Num pas como o Brasil, difundir o software livre e incentiv-lo de fundamental importncia para o desenvolvimento do pas e para a formao das novas geraes. Parabns a todos que contribuem para a Revista Esprito Livre. Vocs difundem o real sentido de ser livre. Alexandre Melo - Rio de Janeiro/RJ O software livre sempre foi a melhor opo no meio acadmico e j realidade nos meios corporativos e governamentais. Como na prpria filosofia de existncia, requerem constamente a troca de conhecimentos entre os participantes. Parabns Esprito Livre pela publicao. Sucesso. Luciano Silva da Silva - Santa Cruz do Sul/RS Uma excelente revista, fundamental para qualquer um que se interesse por Software Livre. Traz contedos atualizados, relevantes e com excelente redao. Everton da Rosa - Santo ngelo/RS Uma excelente iniciativa. Eu, que no sou da rea de informtica, mas que sempre acompanho as novidades, acho que uma revista como essa muito necessria no meio digital. Espero que ela fique ainda melhor com o tempo. Robson Ferreira Vilela - Prata/MG Simplesmente espetacular, de primeira qualidade!!! Manoel Alfredo de Lima - Rio de Janeiro/RJ

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PROMOES RELAO DE GANHADORES E NOVAS PROMOES

PROMOESNa edio #004 da Revista Esprito Livre tivemos 2 promoes [VirtualLink e Clube do Hacker], onde sorteamos diversos brindes, entre eles associaes, kits, cds e camisetas. Abaixo, segue a lista de ganhadores de cada uma das promoes. Para aqueles que no ganharam fica o recado: acompanhem as novas promoes!

Ganhadores da Promoo VirtualLink: 1. Luciano Silva da Silva - Santa Cruz do Sul/RS 2. Alex Sandro G. Rodrigues - Campo Grande/MS 3. Givanaldo Rocha de Souza - Natal/RN 4. Ana Lucia da S. Beraldo - So Jos dos Campos/SP 5. Antonio Carlos da Conceio Marques - Curitiba/PR Ganhadores da promoo Clube do Hacker: 1. Jos Roberto G. de Vasconcelos - Manaus/AM 2. Rodolfo Azevedo Bueno - Aparecida de Goinia/GO 3. Andr Antonio da Silva Neto - Linhares/ES

A promoo continua! A VirtualLink em parceria com a Revista Esprito Livre estar sorteando kits de cds e dvds entre os leitores. Basta se inscrever neste link e comear a torcer!

No ganhou? Voc ainda tem chance! O Clube do Hacker em parceria com a Revista Esprito Livre sortear associaes para o clube. Inscreva-se no link e cruze os dedos!

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COLUNA ALEXANDRE OLIVA

Desktop livre, graas ao GNUPor Alexandre Oliva

By The Nevrax Design Team | Gnu.org

Sabe aquele seu amigo que acha que no bebe da fonte do GNU quando fica s na interface grfica do desktop? Ah, se ele tivesse noo... Tem uma turma da faco Linux que adora minimizar a relevncia do GNU, pra que os louros da combinao GNU+Linux recaiam sobre eles mesmos. Tentam fazer parecer que GNU se limita a Emacs, GCC, GDB e alguns utilitariozinhos mais. Os que caem nesse conto acabam achando que, se no usam ne-

nhum desse programas, o GNU no merece seu respeito ou gratido. Ser que algum dia se perguntaram o que significa o G do GNOME, ou por que ele comea com GN? ... Gnome um dos grandes ramos do projeto GNU. O mesmo G de GNU est l no nome do GIMP, programa dentro do qual nasceu o toolkit GTK, que serve de base ao GNOME e a tantos outros aplicativos de desktop, GNU e no-GNU. Veja l se o navegador ou sua

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COLUNA ALEXANDRE OLIVA

sute de escritrio usado por aquele seu amigo no tem o GTK por baixo! Conte quantos daqueles programas que ele usa, cujos nomes comeam com G, so do projeto GNOME, e portanto do projeto GNU! Ah, mas eu uso KDE!, diz seu amigo. Bom, nesse caso, ele deve agradecer ao GNU no pelo cdigo, mas pela liberdade. Antes da interveno do GNU, nenhum executvel do KDE era Livre. Isso porque o projeto todo se baseou no toolkit Qt que, na poca, era proprietrio. Deu um trabalho pro GNU conseguir liberar o KDE. Como a turma do KDE no se dispunha a mudar de toolkit, e a turma do Qt no se dispunha a liber-lo, nasceu o projeto GNU Harmony, para duplicar a funcionalidade do Qt em Software Livre. Foi pra frente o suficiente pra empresa que controlava o Qt perceber que o negcio era pra valer e decidir licenciar o Qt sob a GNU GPL. No confundir o GNU Harmony com o projeto de mesmo nome da Fundao Apache, que tem a ver com Java Livre. Pena no terem somado foras com o GNU Classpath, o GNU Interpreter for Java e o GNU Compiler for Java, que culminaram na liberao (ainda incompleta) do OpenJDK. Mas est feito, e agora aplicaes Java podem funcionar em desktop Livre, podendo escolher en-

Antes da interveno do GNU, nenhum executvel do KDE era livre...Alexandre Oliva

tre mais de uma mquina virtual inteiramente Livre: tanto a GNU quanto o IcedTea, que substitui os componentes ainda no-Livres do OpenJDK por componentes do GNU Classpath. Chato que justamente o ambiente de desktop do projeto GNU, o GNOME, que est correndo riscos desnecessrios por causa do uso crescente de outra mquina virtual. Embora o Mono em si seja Software Livre, ele implementa uma srie de especificaes da Microsoft. H patentes de software cuja sombra paira sobre essas especificaes, e nem todas essas patentes esto licenciadas para uso em Software Livre. Mesmo as no licenciadas no tornam Mono no-Livre, mas constituem um risco de que, caso a Microsoft resolva agir das formas destrutivas que lhe so tpicas, determinadas aplicaes precisem ser removidas s pressas, ou mesmo reescritas, para desviar do campo minado ou de con-

flitos entre as licenas de patentes e do software. E as licenas disponveis ainda podem ser canceladas unilateralmente pela Microsoft! Por melhor que seja a tecnologia implementada pelo Mono, ser que vale o risco? Infelizmente, as ameaas liberdade no terminam a. Sabe aquelas firulas grficas que tm aparecido nos desktops equipados com Compiz Fusion, envolvendo transparncias, animaes, efeitos 3D, cubos e janelas flexveis? Elas dependem de acelerao grfica das placas de vdeo. At poucos anos atrs, pra fazer uso desses recursos, presentes em praticamente qualquer placa de vdeo, era necessrio usar drivers no-Livres. Hoje em dia, j h drivers ditos Livres que expem essas funcionalidades em praticamente qualquer carto de vdeo. Problema resolvido? Lamentavelmente, no. Os drivers para cartes de vdeo da ATI (AMD) e da nVidia, ainda que tidos co-

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COLUNA ALEXANDRE OLIVA

Quem no valoriza sua liberdade acaba por perd-la, e os reflexos da perda recaem sobre todos ns.Alexandre Oliva

queam dele: quem no valoriza sua liberdade acaba por perd-la, e os reflexos da perda recaem sobre todos ns.Copyright 2009 Alexandre Oliva Cpia literal, distribuio e publicao da ntegra deste artigo so permitidas em qualquer meio, em todo o mundo, desde que sejam preservadas a nota de copyright, a URL oficial do documento e esta nota de permisso. http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/ pub/desktop-livre

mo Livres, so Cavalos de Tria, pois carregam surpresas desagradveis em suas entranhas. Com esses cartes se implementam dois tipos de DRM: a boa Gesto de Renderizao Direta e a m Gesto Digital de Restries. Para ativar as funcionalidades avanadas do carto da boa DRM, sem permitir que o usurio contorne a m DRM que degrada ou bloqueia o sinal de vdeo quando o monitor no reconhecido como Deliberadamente Defeituoso, os drivers carregam trechos de cdigo no-Livre que controlam o funcionamento da placa. Esses trechos de cdigo

esto l, no cdigo fonte dos drivers, disfarados de tabelas de nmeros. Alguns at esto sob licena Livre, mas sem cdigo fonte correspondente, ento no so Software Livre. Pra quem faz questo das firulas grficas, dos jogos ou dos diversos usos srios do poder de processamento das GPUs, h placas e fornecedores que respeitam seus clientes, mas preciso cuidado na hora de comprar. So grandes as chances de que seus amigos usurios de GNU/Linux, *BSDs ou OpenSolaris estejam usando um desktop que deve sua liberdade ao GNU. No deixe que es-

ALEXANDRE OLIVA conselheiro da Fundao Software Livre Amrica Latina, mantenedor do Linuxlibre, evangelizador do Movimento Software Livre e engenheiro de compiladores na Red Hat Brasil. Graduado na Unicamp em Engenharia de Computao e Mestrado em Cincias da Computao.

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COLUNA ROBERTO SALOMON

PRONTO, SIM!Por Roberto Salomon

Craig Jewell - sxc.hu

O Linux est pronto para o desktop faz tempo. Assim como o Windows, o Mac OS, o Amiga, OS/2 e diversos outros sistemas operacionais, o Linux sempre esteve pronto para o desktop. Pode at no ter estado pronto para todos os desktops (assim como o Windows, Mac OS, Amiga e OS/2 entre outros tambm no estiveram), mas que est pronto, est. A questo se um sistema operacional est ou no pronto para o desktop desvia o assunto e torna a discusso uma mera troca de achismos e de verdadeiras listas de compras de aplicativos que consideramos imprescindveis.Revista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

O bordo "O Linux no est pronto para o desktop" na verdade uma forma de FUD. Se no meu dia-a-dia uso um desktop (na verdade um notebook) 100% Ubuntu e com ele realizo todas as minhas tarefas, porque ento o Linux no estaria "pronto" para o desktop? O que quero saber, no fundo, : Quem que determina o que "estar pronto" para o desktop? E sobre o desktop de quem estamos falando? A definio do que "estar pronto para o desktop" um alvo mvel. Sempre que se atende a um determinado rol de requisitos que algum defi-

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COLUNA ROBERTO SALOMON

niu como sendo "estar pronto", uma nova lista aparece e o Linux volta a "no estar pronto" para o desktop. No adianta corremos e acrescentarmos caractersticas a uma distribuio. Amanh algum aparece com uma lista nova e voltamos a correr atrs. Neste quesito, gosto muito de comparar o "estar pronto" do Linux com o "estar pronto" do Windows. Se pararmos para pensar um pouco, (e sei que isso est ficando cada vez mais difcil para determinados setores hoje em dia), veremos que uma distribuio Linux qualquer est muito mais "pronta" que o Windows Vista super-mega-office edition. Se fizermos uma instalao Windows do zero, veremos que no final do processo de instalao temos um desktop completamente funcional e intil. A no ser, claro, que fossemos gastar os sei-lquantos Reais do Windows apenas para navegar na web. Mininimamente, ainda teriamos que instalar o Office e mais uma quantidade razovel de aplicativos para, a sim, termos um desktop funcional e produtivo. E esse o "estar pronto" para o desktop contra o qual vivem nos comparando. Na questo produtividade, a instalao de uma distribuio Linux resulta em um desktop completamente funcional com todas as ferramentas de produtividade que voc selecionou. Se quiser, voc ainda pode instalar mais coisas, au-

mentando a funcionalidade inicial mas uma vez retirado o CD ou o DVD de instalao, voc j est em condies de ser mais uma pessoa produtiva. Enquanto isso, nosso companheiro em Windows ainda est digitando cdigos de licena de n caracteres para poder iniciar a instalao da suite de escritrio... Uma vez que ticamos a caixinha no quesito produtividade, o alvo muda de novo. O Linux no suporta a mesma quantidade de hardware que o Windows. E instalar uma impressora no Linux, por exemplo, muito complicado enquanto o Windows plugand-play. Concordo em parte com este argumento. Instalar hardware em Linux mais complicado que instalar o mesmo hardware no Windows. Mas isso tem melhorado muito. O problema que em Windows, aes simples, como a de instalar uma impressora, vem se tornando festivais de incongruncias e problemas e posso citar uma experincia de primeira mo sobre o problema. Fui "convidado" a instalar uma impressora HP em um netbook HP em Windows XP. Pelo manual sagrado do plug-and-pray, tudo deveria acontecer sem maiores problemas. Pluga-se o CD, pluga-se a impressora na porta correta e.... Erro. A tela do netbook no tem resoluo mnima suficiente e, por isso, o ambiente

incompatvel com a impressora. Sim, como a resoluo de tela insuficiente, a impressora no pode ser instalada. Os crticos que me desculpem mas a partir do momento em que requisito o usurio saber mudar resoluo de tela (que travada no netbook) para poder instalar uma impressora, no podemos mais falar em dificuldade do Linux. Hoje muito mais fcil instalar uma impressora no Ubuntu que no Windows XP em um netbook HP. Isso deixa apenas por descobrir quem o dono do desktop para o qual o Linux no est pronto. Como funciona no meu e em milhares de desktops em instituies como Banco do Brasil, Caixa Econmica e Correios para ficar s no Brasil, o Linux s no deve estar pronto para o desktop do Balmer e do Gates.

Maiores informaes:Blog do Roberto Salomon: http://rfsalomon.blogspot.com

ROBERTO SALOMON arquiteto de software na IBM e voluntrio do projeto BrOffice.org.

Revista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

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COLUNA CZAR TAURION

CLOUD DESKTOPPor Czar Taurion

Wouter Otto - sxc.hu

Esta edio da Esprito Livre vai debater o uso do Linux nos desktops. Vou me juntar a este debate, mas colocando aqui um outro ponto de vista... S para recordar, o Windows e o Office se tornaram padro de fato no contexto do computador pessoal, onde o PC era o centro do universo e as premissas de sua criao eram que estas mquinas poderiam (e geralmente era o caso) funcionar de forma independente, em offline, sem necessidade de conexo Internet. O que vemos hoje uma mudana de conceitos. Tenho a clara percepo que o PCRevista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

no ser mais o centro da ao. Alis, eu acho que em dez anos no teremos mais PCs...Basta ver a crescente popularidade dos equipamentos wireless, sejam eles netbooks ou smartphones. Hoje, para termos uma perspectiva do mercado mundial de celulares, um em cada trs habitantes do planeta tem um celular. So mais de quatro bilhes de celulares, ou seja, 3 vezes mais celulares que PCs e duas vezes mais celulares que cartes de crdito. Todos os dias o nmero de mensagens SMS enviadas e recebidas no mundo inteiro supera a populao

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COLUNA CZAR TAURION

No mundo Internetcentric, um sistema operacional complexo deixa de ser importante...Czar Taurion

mundial. Estes equipamentos evoluem a cada dia e so hoje verdadeiros computadores. Os netbooks, por sua vez, so desenhados para a Internet, e portanto so feitos para operarem quando conectados. No so feitos para trabalhar offline. So ideais para usarem softwares e servios nas nuvens computacionais. Assim, talvez at devam ser chamados de cloudbooks. Para tudo isso precisamos de redes de alta velocidade. E, falando nelas, a prxima gerao de banda larga sem fio, a 4G, poder alcanar 100 megabits por segundo. Isto significa que podemos fazer download de um DVD inteiro (cerca de 4,7 gigabytes) em cerca de oito minutos. Esta tecnologia j est pronta e no ano que vem veremos as primeiras redes funcionando. Portanto, estamos vivendo um novo ciclo, onde o PC deixa de ser o centro da computao, que passa para as nuvens computacionais. Os

dispositivos de acesso podem ser qualquer um, sejam eles smartphones, netbooks e at mesmo desktops. Neste cenrio, o atual sistema dominante, o Windows, passar a ter outro significado. Foi desenhado para operar no mundo PC-centric, e acabou se tornando to grande e complexo que a prpria Microsoft precisa de muitos anos de intenso trabalho para lanar uma nova verso. No mundo Internet-centric, um sistema operacional complexo deixa de ser importante. A ao vai ocorrer na nuvem e no mais no PC. Meus arquivos e programas no mais estaro nos discos rigidos do desktop. Mas, quero acessa-los de meu netbook, de meu smartphone, da minha TV digital interativa e at mesmo do meu desktop. Um exemplo deste novo contexto a proposta do Google, anunciando seu sistema operacional para operar em cloud, o Chrome. Este sistema

parte do pirncipio que quase toda a experincia do usurio se dar na web e portanto oferece caracteristicas como inicializao bem rpida, pois os aplicativos e arquivos esto na nuvem. um sistema open source, construdo em cima do kernel do Linux, voltado para operar nos netbooks. Atividades como backup e anti-vrus acontecero de forma automtica, na nuvem, sem necessidade de instalar qualquer software na mquina. Portanto, neste novo mundo, a discusso se usaremos Linux ou Windows nos desktops vai deixar de existir, pela simples razo que no teremos mais desktops...

Maiores informaes:Revista Esprito Livre - Edio n. 1, com o tema Computao em Nuvem http://revista.espiritolivre.org Artigo sobre Computao em Nuvem na Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Computa% C3%A7%C3%A3o_em_nuvem

CEZAR TAURION Gerente de Novas Tecnologias da IBM Brasil. Seu blog est disponvel em www.ibm.com/develo perworks/blogs/page/ ctaurion

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COLUNA CRLISSON GALDINO

A BOLA DE FOGO AZULPor Carlisson GaldinoIlker - sxc.hu

- Manrlim! O que vossa profunda sabedoria est a articular nesta vasta imensido totalmente desamparado, m fio? - LAN Sem-Lote, meu caro, estou aqui a praticar a Bola de Fogo Azul. - Ah, decerto, meu caro! No aquela magia poderosssima que costumas utilizar desde sempre? Que j foi de suma importncia para nossa sobrevivncia em tantas batalhas? Contra aquela horda de mortos-vivos ano passado, por exemplo... - Esta mesmo, LAN! Esta mesmo... - E por que a praticas? No s j extremamente perito nela? - Estou estudando para execut-la apenas com gestos. - Muito sbio! Por vezes pode ocorrer mesmo de no

poderes pronunciar qualquer palavra. - , bem verdade... Mas no pensando nisso que estou empreendendo tais estudos. - Ento em que, diacho? - Lembra que esta magia utiliza palavras em Latim? - Lembro-me sim! Aquilo que ningum entende nada! Aquele monte de coisas de mago que voc fala... - Pois bem, descobri recentemente que tudo aquilo em Latim est protegido por leis de Direito Autoral. - Cacilda! E agora? - Por isso estou reaprendendo a magia independente de palavras. - Bom garoto! Olha, vim aqui te procurar, sbio Manrlim, para informar que estiveram tua procura l na hospedaria. - Que bom! E quem seria?

- Um povo de um tal de Escritrio Magia e Trovo. No entendi direito, mas eles falaram qualquer coisa sobre Patente da Bola de Fogo...

CARLISSON GALDINO Bacharel em Cincia da Computao e ps-graduado em Produo de Software com nfase em Software Livre. J manteve projetos como IaraJS, Enciclopdia Omega e Losango. Hoje mantm pequenos projetos em seu blog Cyaneus. Membro da Academia Arapiraquense de Letras e Artes, autor do Cordel do Software Livre e do Cordel do BrOffice.

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CAPA ENTREVISTA COM CLEMENT LEFEBVRE

Entrevista exclusiva com Clement Lefebvre, criador do Linux MintPor Joo Fernando Costa Jnior

Clement Lefebvre a mente por trs do Linux Mint, uma distribuio linux irlandesa, baseada no Ubuntu, que traz como um de seus principais atrativos um forte apelo visual. A distribuio constantemente est no topo do Distrowatch e cada vez mais conquista usurios com a prova de que possvel ter um desktop elegante utilizando Linux. Revista Esprito Livre: Quem Clement Lefebvre? Apresente-se aos leitores da revista. Clement Lefebvre: Oi! Meu nome Clement Lefebvre, sou o fundador e lder do projeto Linux Mint. Tenho 30

anos, casado e tenho dois filhos. Fiz mestrado em Cincia da Computao e h nove anos trabalho com tecnologia da informao. Tambm sou professor e desenvolvedor especializado em Java/J2EE. REL: Voc usa Linux e software livre h muito tempo? CL: Eu comecei a usar software livre e Linux em 1996, e usei o Slackware na poca. REL: Como teve a idia de criar o Linux Mint? CL: Eu trabalhei como escritor em artigos e algumas re-

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CAPA ENTREVISTA COM CLEMENT LEFEBVRE

eu no sei ao certo como aconteceu, e em algum estgio o objetivo mudou e o projeto se tornou algo srio,e a meta passou a ser o desenvolvimento de um trabalho que pudesse competir com o Microsoft Windows, Mac OS e as outras distribuies Linux. Acho que aconteceu com o lanamento do Linux Mint 2.2 Bianca, e isto ocorre quando o prprio projeto torna-se mais ambicioso e mais srio do que Figura 1 - Clement Lefebvre, lder do projeto Linux Mint suas metas inicialmenvises de artigos sobre Linux. te estabelecidas e, quando o Eu sempre fui fascinado pelo te- mesmo no deseja somente ma e sempre gostei entender o modificar as coisas e experimotivo pelo qual tudo funciona mentar, mas sim tambm conse por esta razo me tornei de- truir algo inovador que senvolvedor. proporcione ativamente a tentaEu escrevi uma srie de tiva de desenvolvimento e a merevises e eu tenho muita famili- lhoria do ambiente de trabalho. aridade com as principais distribuies. REL: Muitos se referenciE tinha uma percepo am ao Linux Mint como do que o Linux poderia ser e ba- "mais uma distribuio Liseado nisso pensei no que falta- nux." O que voc tem a dizer va. sobre isso? Ento comecei a colocar CL: Gostaria de mentir... algumas idias em prtica e pa- Mas se eu o fizesse no estara a execuo de algumas de- ria me importando com o projelas foi s uma questo de to:) Mas a primeira tempo. Pois antes eu estava preocupao no criar algo brincando com as minhas pr- para convencer usurios de ouprias ISOs. tros sistemas operacionais a Provavelmente comeou usarem o Linux Mint, pois ele como uma experincia, e quan- constantemente aprimorado e do ela se popularizou, e isso com isso conseguimos atraRevista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

los a usar o sistema naturalmente. Porque temos trabalhado at agora sem qualquer comercializao e as pessoas que apreciam o nosso trabalho e tem divulgado para a outros e os convencido sobre as vantagens de nosso projeto em relao as outras distribuies Linux como tambm em relao ao Mac OS e Windows. Estamos agora em uma posio confortvel, atrs do Ubuntu e entre os mais sistemas operacionais mais amplamente utilizados em ambiente domstico e temos muito para crescer ainda. Como o nosso produto novo ainda, naturalmente, em comparao com projetos mais estabelecidos, como Fedora, Mandriva ou Opensuse. Preferimos pelo menos por enquanto no focarmos na customizao de um pacote prprio bsico de aplicativos, Pois isso nos permite centralizar esforos no desenvolvimento de inovaes para o projeto e com isso sem dvida podemos estar entre os mais inovadores projetos perante comunidade de Software Livre. Eu acho que isso muito importante e estou muito feliz com o resultado e com a opinio proveniente de nossa comunidade. Pode levar algum tempo para que todas as pessoas conheam o que estamos fazendo, mas ns temos muito a oferecer e de uma forma lenta e gradual a notcia acaba se

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CAPA ENTREVISTA COM CLEMENT LEFEBVRE

REL: O Linux Mint em seus releases costuma trazer nomes femininos. H alguma razo em especial? E como so escolhidos os nomes? J tem o nome para o prximo lanamento? CL: Primeiro precisvamos de codinomes. Nmeros de verses no so fceis de lembrar, sobretudo depois de alguns anos. Sei que eu estava pesquisando sobre o Slackware em 1996 e por mais que gostasse de us-lo, eu no poderia dizerlhe qual a verso eu estava usando na realidade. Com um cdigo forte, as pessoas acabam se lembrando do tempo gastado com eles. Ento, no h paixo, e como algum passar o tempo em um barco e desenvolvendo uma paixo por ele. A maioria dos usurios Linux to apaixonada que pensamos em algo que pudesse criar uma proximidade maior dos usurios com o Mint e a pensei em colocar nomes femininos como codinomes para podermos fazer a seguinte analogia quando temos um barco queremos dar um nome ao mesmo e torn-lo mais customizado possvel e dando nomes femininos as verses estamos incentivando os usurios no desenvolvimento de proximidade com o produto e isto incentiva a dar algum tipo

de identidade para o sistema operacional. Os nomes so escolhidos por mim. Limito-me aos nomes femininos que terminam com um "a" e o ndice da primeira letra corresponde ao nmero da verso da liberao. Embora este ainda seja o nome oficial, o Linux Mint 8.0 muito provvel que seja "Helena". REL: Voc espera que o Linux Mint possa ser utilizado por outros usurios alm dos usurios domsticos? CL: Seja em casa ou no escritrio, o Linux Mint feito para os usurios domsticos. Tambm pode ser usado como um servidor ou para outros fins, mas os usurios domsticos e o que temos em mente quando ao trabalharmos distribuio. REL: Como o Linux Mint sustentado financeiramente? Voc tem outros projetos de cdigo aberto? CL: No, estou totalmente focado no Linux Mint e eu no tenho a inteno de investir tempo em outros projetos. Se a distribuio crescer e puder liberar mais tempo para que eu venha a desenvolver novas atividades e assumir projetos maiores de desenvolvimento, mas apenas no mbito do Linux Mint.

Figura 2 - rea de trabalho do Linux Mint

espalhando. REL: O Linux Mint est na terceira posio na DistroWatch. O que voc acha isso? CL: O ranking da DISTROWATCH importante para ns, para compreendermos melhor o que pessoas vem e percebem e com isso elas poderem realmente assimilar o que o Linux na realidade. Ele mede o interesse das pessoas na distribuio, como uma espcie de medio de raio ou de ferramenta de medio de curiosidade. O que mais relevante e que indica o nosso sucesso a pgina Distrowatch Awstats. Estes indicadores nos dizem que entre os visitantes da Distrowatch temos atualmente 3 vezes mais utilizadores de nosso sistema do que OpenSUSE e duas vezes mais do que Fedora. Isto para ns uma grande conquista, e estou realmente feliz com isso, naturalmente.

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REL: Alm de liderar o Linux Mint, o que faz voc para sobreviver? Somente projetos de software livre? CL: Eu trabalho em tempo integral para uma empresa de telecomunicaes. Estou atualmente com uns trs meses sem salrio e estou deixando ver como as coisas vo e tambm como a vida sem um salrio. A longo prazo, gostaria de me tornar independendente financeiramente e me dedicar integralmente ao Linux Mint. REL: A distribuio ser sempre lanada aps a prxima verso do Ubuntu, ou est pensando em criar um pacote bsico, desvinculado do irmo mais velho, o Ubuntu? CL: Quanto mais tempo e independncia que tivermos os projetos sero maiores e uma maior quantidade de peas do quebra cabea podero ser assumidas. O pacote bsico representa uma enorme quantidade de trabalho e, embora isso no seja benfico manuteno de tudo isso no projeto. Desejamos contribuir de algum modo para a inovao e o desenvolvimento de novas ferramentas e isto ir baixar o nvel de compatibilidade entre o Linux Mint e Ubuntu. Mas, no h motivos para que isso seja feito em breve. Estamos bastante satisfei-

tos com a qualidade do pacote bsico e antes de sair reinventando a roda h uma srie de outros aspectos que pretendemos melhorar. REL: O que os usurios podem esperar para as verses futuras do Linux Mint?

Figura 3 - Tela de boas vindas

CL: Instalao OEM, melhorias no mintbackup, talvez um pacote central na seo mintinstall. Ns s comeamos a colocar essas idias respeito da distribuio do Linux Mint 8.0 h alguns dias, por isso demasiadamente cedo para dizer o que estar disponvel nele, para no mencionar que a comunidade vem geralmente ajudando com idias fantsticas. REL: Como voc v a ascenso do Linux em desktops? Voc acha que a esttica prejudique o sistema? CL: Bem, vamos continuar falando sobre "O ano do Linux no desktop" e em minha opinio o Linux, como um sistema operacional desktop, foi preparado somente alguns anos, ou seja, recentemente. Linux Mint, PCLinuxOS, PCBSD, Fedora, Mandriva, OpenSUSE, Ubuntu ... E tan-

tos outros sistemas operacionais agora fornecem um sistema que mais fcil de usar e manter do que o Microsoft Windows. Claro que estamos ainda faltam compatibilidade com algumas aplicaes, no podemos competir quando se trata de jogos ou pseudo-compatibilidade com hardware (como em dispositivos que funes so inteiramente colocados nativamente como drivers do Windows), mas quando acontece a utilizao em si... Produtividade, web-browser, temos um produto muito melhor e ns devemos perceber isto. Linux tem sido comercializado como uma alternativa barata para o Windows por empresas como a Asus, e penso que foi um erro. Linux no barato. grtis o design. tambm um produto melhor em muitos aspectos do que o Microsoft Windows ou Apple Mac OS, e eu estou mui-

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to confiante sobre o seu futuro. REL: Onde podemos encontrar informaes sobre o Linux Mint? CL: No guia do usurio do Linux Mint: ftp://ftp.heanet.ie/pub/linuxmint.com/stable /7/user-guide/english.pdf Nos fruns: http://forums.linuxmint.com No chatroom: # linuxmint sobre irc.spotchat.org E no site principal site: http://www.linuxmint.com REL: Muitos dizem que o Linux no um sistema pa-

ra ser utilizado em desktops. O que voc pensa sobre isso? CL: Eu acho que eles esto mal informados. Linux Mint est entre os melhores SO' s para desktop, h muito poucas pessoas que voltam para o Windows depois de tentar usar qualquer distribuio linux e em especial Ubuntu (no sei qual a sua taxa de reteno, mas eu diria para fazer um monte de usurios poder migrar do Windows para o Linux). REL: Existe uma "frmula perfeita" (como-fazer) para a construo de uma base desktop para usurios? (CL: Sim, ouvilos:) REL: Deixe uma mensagem aos leitores da revista Esprito Livre. CL: Bem caros leitores da Revista

Esprito Livre, obrigado por lerem a revista e graas a vocs expus minhas idias. Se voc no tiver tido a oportunidade de ler a revista, tente pesquisar sobre o Mint, e no se esquea de nos enviar o seu feedback.

Maiores informaes:Site oficial do Linux Mint http://www.linuxmint.com Guia do usurio do Linux Mint ftp://ftp.heanet.ie/pub/linuxmint. com/stable/7/user-guide/english.pdf Forum do Linux Mint http://forums.linuxmint.com IRC sobre o Linux Mint Chatroom: #linuxmint em irc.spotchat.org

Figura 4 - Tela do mintinstall

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CAPA LINUX & DESKTOP: UMA VISO DE USURIO SOBRE O SISTEMA

Linux & Desktop: Uma viso de usurio sobre o sistemaPor Guilherme Chaves

um assunto intrigante, muitos se deparam com esse tema e tem possveis reaes conhecidas que caracterizam perfis interessantes de usurios; vamos conhec-los: - Ortodoxo: indivduo que s faz o que foi ensinado pra fazer - Capiau: indivduo que no se envolve com esses assuntos, alheio a inovaes - Xiita: temos dois tipos; - Xiita capitalista: indivduo que defende at morte o domnio do planeta pelo dinheiro - Xiita idealista: indivduo chato, nasceu pra aborrecer a todosRevista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

- Wally(onde est Wally?): indivduo que indeciso, no sabe pra que lado correr, totalmente perdido. - Hermes: indivduo que s quer levar o conhecimento a todo o mundo. Enfim... No precisamos escolher um lado, pelo menos no agora. Essas consideraes so importantes para esclarecer alguns aspectos seguintes. Sistemas abertos tem vivido um crescente avano no contexto de desktop's, contamos com vrias distribuies

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CAPA LINUX & DESKTOP: UMA VISO DE USURIO SOBRE O SISTEMA

... Se voc nunca viu um sistema operacional GNU/Linux em funcionamento, no se assuste, no tenha medo, ao contrrio do que dizem, ele no somente uma tela preta...Guilherme Chaves

gratuitamente em sua casa. Aps o download ou receber o cd, voc tem em mo um LiveCd e isso maravilhoso. Um Live-cd permite que voc teste o sistema, se acostume com ele, sem a necessidade de instalar nada em sua mquina, s colocar o cd e dar boot pelo drive. A primeira considerao muito importante: se voc nunca viu um sistema operacional GNU/Linux em funcionamento, no se assuste, no tenha medo, ao contrrio do que dizem, ele no somente uma tela preta onde somente um Nerd, hacker, cracker, biscoito maria e etc consigam manipular, acredite ele mais fcil do que pode imaginar, muito intuitivo e simples. A segunda considerao importante: No, ele no tem boto iniciar. Uma primeira olhada no Sistema em ao, mostra o quanto simples e como intuitivo achar as funcionalidades, pastas e aplicaes. Com um menu bem intuitivo podemos visualizar o contedo divdido por temas e dentro dos mesmos as aplicaes. Considero o Nautilus uma grande ferramenta do Gnome e que nas ltimas verses do Ubuntu trs muitas inovaes. O Nautilus o navegador de arquivos, com ele temos acesso s pastas (diretorios) do sistema, alm de contar com um campo de pesquisa bastante apurado, alm do top: navega-

GNU/Linux, diversos focos, usurios diferentes; essa uma questo bem interessante; algumas pessoas me perguntam: Porque a comunidade de software livre no se junta pra criar uma nica distribuio? A resposta bem simples, pessoas so diferentes e tem necessidades diferentes, isso liberdade pra ter algo que atenda completamente sua necessidade. Muitas so as distribuies Linux, porm muitas tem seu foco voltado a usurios avanados, programadores, administradores de servidor e etc, quanto ao usurio final temos distribuies que entenderam que o conhecimento tambm deve estar livre de forma que qualquer um o acesse sem dificuldades, de forma simples e intuitiva. Vamos citar algumas: Ubuntu e suas variaes de interface grfica (Kubuntu, Xubuntu, Edubuntu

e etc), Fedora, Open Suse e muitas outras. Falaremos do Ubuntu, uma distribuio com o foco bem embasado para o usurio final, tem como ambiente grfico padro o Gnome ( s um exemplo, esse artigo no sobre Ubuntu ). Mas antes de abordarmos o assunto precisamos esclarecer sobre interfaces gficas; citarei o Gnome por estar nativo ao Ubuntu, mas existem timas interfaces grficas como o KDE (Nativo do Kubuntu) que totalmente customizado com um ambiente muito agradavl, muitos efeitos grficos, recursos de gerenciamento e tima intuitividade. O Ubuntu pode ser adquirido atravs de download no site do projeto www.ubuntu.com, onde voc pode escolher o modelo da distribuio (desktop, servidor ou netbook remix), alm de optar por receber o cd

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CAPA LINUX & DESKTOP: UMA VISO DE USURIO SOBRE O SISTEMA

o por abas (lembra das abas do navegador de Internet? Acredite, o Nautilus navega por abas!), alm de uma infinidade de recursos avanados como marcar suas pastas mais usadas, tornando o acesso a elas mais simplificado na lateral do navegador. Eu tenho que me acostumar com a aparncia nativa do Ubuntu? No! O Gnome permite alterao em toda sua aparncia desde coisas simples como papeis de parede at personalizao apurada de cones, painis, laterais das janelas e etc, basta clicar com o boto direito na rea de trabalho e ir modificando de acordo com sua vontade, teste, experimente (cuidado, a customizao to legal que pode viciar...). No site www.gnomelook.org/ encontramos muitos complementos pra deixar a interface bem interessante. Meus arquivos de texto, mp3, vdeo e outros funcionam? Sim! to simples quanto passar manteiga no po. Ao abrir um determinado tipo de arquivo, o sistema sempre encontra uma soluo pra que possamos execut-lo. A exemplo disso podemos abrir um vdeo em rmvb, naturalmente o codec no est incluso no sistema, mas o reprodutor de filmes abrir e solicitar o download do codec adequado, s confirmar, o codec ser baixado e instalado, tornando possvel a reproduo do mesmo. Em tudo que foi mostrado

sobre um exemplo de GNU/Linux em funcionamento, observamos o quo simples, objetivo e intuitivo o sistema. Possveis dificuldades que podemos encontrar: Drivers de vdeo, wirelless, webcam: as empresas que fabricam esses itens, tem interesse em cobrar royalties sobre os produtos cedidos, assim temos um grande movimento de interesses voltado ao mercado de softwares proprietrios. No entanto a comunidade sempre trabalha pra resolver essas questes, hoje temos at grandes empresas financiando projetos com software livre, um exemplo disso a Intel que apoia o desenvolvimento do Moblin, que agora est na verso 2.0 com um toque todo especial para processadores Atom. Adaptao e simples e puramente a boa vontade de Tentar. Falei difcil? Vou explicar: Desktop termo usado para designar a rea de trabalho do seu sistema, mas tambm usado para nominar os computadores de mesa, esse que voc tem em casa. Linux correto afirmar GNU/Linux, projeto que integra projeto Linux, ncleo do sistema que comunica funes com a parte fsica de seu computador e o projeto GNU, permitindo visualizar seu sistema numa interface grfica (Gnome, KDE, Fluxbox, XFCE e

etc...). O homem tem uma tendncia estranha sabia? Dificilmente largamos conceitos antigos, que antes eram a base de nossos conceitos para aderir a coisas novas, mas precisamos olhar tudo de forma ampla e escolher o melhor. Seja Livre!

Maiores informaes:Site Oficial do Ubuntu: http://www.ubuntu.com Site Gnome Look: http://www.gnome-look.org Site oficial do Gnome: http://www.gnome.org Site oficial GNU: http://www.gnu.org

GUILHERME CHAVES gestor pedaggico pelo CDI (Comit para a Democratizao da Informtica) Telecentros de Vitria; cursando gesto em tecnologia da informao pela Faculdade Novo Milnio; Idealizador e desenvolvedor do Projeto Alforria na Prefeitura de Vila Velha/ES no ano de 2008.

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CAPA EKAATY LINUX

EKAATY LINUX: BRAZUCAS VISTAPor Anderson Goulart e Cristiano Furtado

O incioEm 2005, administradores da comunidade Fedora Brasil se depararam com a situao de que usurios brasileiros estavam tendo problemas com conexo de mouses seriais com o Fedora. Como a comunidade era a nica representante no oficial desta distribuio no Brasil, os administradores mandaram um e-mail para o Fedora Project informando o problema que muitos brazucas estavam enfrentando ao utilizar a distribuio pelo fato de no ter suporte para o mouse serial. Naquele momento, houve vrias tentativas frustradas de conseguir essa faanha. A histria do Ekaaty comeou a partir da, com a idia de criar uma verso Fedora com suporte aos drivers que o time do Fedora Project no suportava mais. Neste mesmo ano, foi feita uma pesquisa perguntando aos usurios o que eles achavam sobre ter uma distro baseada no Fedora com suporte ao hardware utilizado no Brasil. A resposta dos usurios foi positiva! Assim comeava no final de 2005 um estudo para a criao de uma distro com suporte aos drivers. Cinco administradores se juntaram para escolher o nome da distribuio, tarefa nada fcil, pois queramos algo que tivesse ligao com a alma da comunidade Fedora Brasil. Aps longos dias e noites perdidas, pesqui-

samos algo relacionado unio e busca por novos conhecimentos. Foi ento que nasceu o nome Ekaaty, que em tupi significa: EKA de Busca e ATY de Unio. Para completar a idia e criarmos um logotipo, se formou Busca por Unio. O logo do Ekaaty foi criado com a seguinte ideia: da direita para a esquerda a primeira barra remete aos desenvolvedores, a segunda aos usurios e a terceira barra quebrada ao meio significa a unio entre desenvolvedores e usurios na nova distribuio. O resultado dessa formao uma figura semelhante a um 'IK' alternando as cores verde e amarelo (depois bege). Passado algum tempo, o logotipo ganhou um retngulo verde com bordas arredondadas e margem bege ao redor do 'IK'.

Figura 1: A evoluo da logo do Ekaaty

O lanamentoEm janeiro de 2006 foi lanada a primeira verso da distribuio Ekaaty Linux tendo como diferencial ser a primeira distribuio a utilizar o BROffice.org como padro. Em junho desse mesmo ano, o time do Ekaaty - formado por Duda Grass, Christian Tosta e Cristiano Furtado -

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CAPA EKAATY LINUX

apresenta o Ekaaty Linux e a idia inicial do projeto. Na platia estavam presentes membros do BROffice.org, Caixa Econmica Federal, Serpro entre outros. Estava lanado o Ekaaty Linux e a distribuio brazuca com um tema e cores fortes.

O ProjetoO projeto Ekaaty um sistema operacional livre, robusto, seguro e amigvel baseado em GNU/Linux e desenvolvido em conjunto com a comunidade. Seu diferencial em relao s outras distribuies o fato de atender as necessidades especficas dos usurios brasileiros. No Ekaaty, os usurios tm contato direto com os desenvolvedores, em sua lngua nativa, para reportar falhas ou solicitar ajuda na utilizao do sistema. A comunidade Ekaaty se fortalece com a participao ativa de todos os membros da equipe nas listas de discusso disponveis. A distribuio otimizada para o uso em desktops e preparada para uso em laptops. O sistema baseado em KDE, otimizado para ocupar menos espao em disco e menos recursos computacionais, alm de ter uma aparncia polida, possibilitando uma melhor usabilidade e experincia. O Ekaaty vem com todos os programas que o usurio precisa para o uso dirio em casa e no trabalho: editores de textos, planilhas, navegador web, sute groupware, mensageiro eletrnico e muito mais. Associado a sua facilidade de uso, o sistema indicado para estudantes, pequenas empresas e entusiastas de GNU/Linux. Futuro Nos prximos meses, alm do lanamento do Ekaaty 4 que ja vir com o KDE 4.3 e as novas ferramentas existentes, trabalhamos para a criao de 4 sub-projetos: Live, Media Box, Desktop e Educacional. So customizaes elaboradas para usurios com determinado perfil, sendo que uma verso poder se tornar outra apenas com a instalao e/ou remoo de al-

Figura 2: Screenshot do Ekaaty 3

guns pacotes. Alm desse trabalho, estamos elaborando um conjunto de manuais e vdeo-aulas para auxiliar os usurios na utilizao das ferramentas livres: gimp, blender, inkscape, etc. O pacote educacional ganha destaque com a participao de pedagogos, jornalistas e artistas na equipe. Aliado aos desenvolvedores, toda a equipe est trabalhando para criar novos meios para interao infantil com a era digital.

Maiores informaes:Site Oficial Ekaaty Linux http://www.ekaaty.org

ANDERSON GOULART desenvolvedor do Ekaaty Linux, do Sacix e ativista do to movimento de software livre no territrio nacional. Tambm membro da Clula de Software Livre da Faculdade AREA1 em Salvador - Bahia.

CRISTIANO FURTADO um dos fundadores do projeto ekaaty Linux e atualmente o articulador da distribuio. Membro ativo de comunidades de software livre em todo territrio nacional e lider da Clula de Software Livre da Faculdade AREA1 em Salvador - Bahia.

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CAPA DESKTOP PARAN

DESKTOP PARANPor Jonsue Trapp Martins

O Desktop Paran uma customizao do Sistema Operacional Debian GNU/Linux, desenvolvido utilizando a ferramenta Live-Helper, adaptado s necessidades do Governo do Paran pela CELEPAR - Companhia de Informtica do Paran, atravs da Gerncia de Gesto de Ambientes (GGA). Alm do Sistema Operacional personalizado a customizao contm a interface grfica GNOME, alm de inmeros pacotes como a sute de escritrio BrOffice.org (editor de textos, planilha eletrnica e apresentaes) atualizada para a verso 3.1, navegador de internet Iceweasel (Mozilla Firefox), X3270 (Emulador de Terminal para acesso ao Mainframe), entre outros aplicativos. A customizao Desktop Paran torna o ambiente muito amigvel para o usurio alm de reunir num nico CD todos os softwares necessrios para o trabalho dos servidores pblicos do Estado. E livre!

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CAPA DESKTOP PARAN

ma Operacional Debian GNU/Linux, que utiliza o kernel (ncleo de um sistema operacional) Linux, mas a maior parte das ferramentas do Sistema Operacional vm do projeto GNU; da o nome GNU/Linux. Sendo o Debian uma das verses mais aprimoradas do Linux pois possui mais de 25 mil pacotes, softwares pr-compilados e empacotados em um formato amigvel, que permitem fcil instalao no computador. Outra definio foi a escolha da interface grfica GNOME, que a exemplo do Debian faz parte do projeto GNU e foi projetada para oferecer aos usurios e desenvolvedores o mximo de controle sobre sua rea de trabalho, aplicaes e dados. Ao fazer a opo pela verso Debian e pela GNOME, o Desktop Paran procurou oferecer aos usurios o resultado do desenvolvimento de inmeras comunidades que disponibilizam seus conhecimentos para usufruto de todos quantos queiram contribuir para o aperfeioamento e a expanso das ferramentas que possibilitem o acesso informao e aos modernos meios de comunicao.

Figura 1: Equipe de desenvolvimento

Oportunidade para desenvolvimento da soluoA CELEPAR trabalha para que o Governo do Paran maximize os resultados da administrao pblica e dos servios que presta ao cidado, atravs do uso e desenvolvimento de tecnologia da informao e comunicao, instrumento cada vez mais determinante para o sucesso das aes empresariais e de governo. Por isso, seu papel estratgico na estrutura do Estado. Em 2003 quando o atual Governador assumiu e implementou a poltica de rompimento de contratos com empresas terceirizadas e a preferncia pela adoo de software livre para utilizao nos computadores dos rgos do Estado do Paran, foi incumbida a CELEPAR, por sua posio estratgica e responsvel pela informtica pblica do Estado, encontrar uma soluo eficiente e sem custos de licenciamento. Em pouco mais de 2 anos foram testadas vrias solues do mercado e de comunidades de software livre para tentar a definio de uma soluo que atendesse as necessidades e limitasse o escopo de suporte tcnico. Aps os testes optou-se por adotar por uma soluo que possibilitasse uma flexibilidade para adaptaes a realidade do Estado. Como sistema base escolheu-se o SisteRevista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

CaractersticasO Projeto Desktop Paran posui as seguintes caractersticas:

Figura 2: Desktop Paran em execuo

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CAPA DESKTOP PARAN

verses Zandor (2.0) e Thundor (2.1) - customizadas a partir do Debian Lenny - podem ser instaladas em computadores a partir de tecnologia Pentium III 800 MHz com 512 MB de RAM e HD de 40 GB.

Equipe do ProjetoA equipe do projeto composta por Edgar Leandro Machoski Gerente de Gesto de Ambientes, Jonsue Trapp Martins Coordenador de Implantao de Software Livre e os tcnicos de informtica Andr Lucas Falco, David Alves Frana Jnior e Jos Manoel da Pena Roza, que desenvolveram o projeto.

Figura 3: Equipe de suporte

1)Contedo em CD Toda a instalao est em CD para fcil e rpida instalao; 2)Pacotes Customizados Programas e configuraes personalizadas para utilizao pelos rgos do Estado; 3)Instalaes Personalizadas Os clientes que necessitarem podem solicitar o desenvolvimento de pacotes pr-prontos para instalaes das Estaes de Trabalho com personalizao do ambiente de trabalho em relao as configuraes e aos programas utilizados; 4)Autenticao de Rede Pacotes para autenticao das Estaes como cliente de rede para servidores de autenticao Linux (openLDAP) e Windows (NT, 2000 e 2003);

Verses disponveisAtualmente so mantidas duas verses do Desktop Paran: * Verso 1.0 [2007] - Customizada a partir da verso Etch do Debian (codificao ISO 8859-1). * Verso 2.x [2009] - Customizada a partir da verso Lenny do Debian (codificao UTF-8).

Maiores informaes:Site oficial do Desktop Paran http://www.desktopparana.pr.gov.br

Retorno comunidadeComo a customizao Desktop Paran baseada no Debian GNU/Linux e regida pelas leis de GPL, pode ser utilizado, copiado e redistribudo por qualquer indivduo que desejar fazer. Todos os softwares utilizados no projeto esto documentados atravs de Apostilas, Manuais e Procedimentos de Instalao utilizados tanto para treinamentos de usurios como base para outros projetos a quem desejar.

Hardware Mnimo para InstalaoA customizao Desktop Paran em suasRevista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

JONSUE TRAPP MARTINS formado em Sistemas de Informao e psgraduado em Redes e Sistemas Distribudos pela UFPR, trabalha na Celepar - Companhia de Informtica do Paran desde dezembro de 2002 Atualmente Coordenador da rea de Planejamento, Projeto e Capacitao.

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TECNOLOGIA INTEROPERABILIDADE NA PRTICA

INTEROPERABILIDADE NA PRTICAPor Jomar SilvaAriel da Silva Parreira - sxc.hu

Participei nas ltimas semanas de uma extensa, intensa e por vezes at irritante discusso sobre interoperabilidade e gostaria de compartilhar com vocs algumas coisas concluses, ao menos parciais, desta discusso. Cabe apenas um esclarecimento sobre os qualificatrios que utilizei: extensa, pois a discusso durou algumas semanas (e ainda no est propriamente concluda). Intensa, pois em diversos momentos a discusso foi feita com o fgado. Irritante, pois existiam partidrios de uma certa empresa na discusso (e esse pessoal no se enquadra nunca), alm de uma srie de tericos, daque-

les que irritam at o mais paciente dos monges budistas (alis, tem gente trabalhando hoje em padronizao em TI que se daria muito melhor explorando algum ramo da filosofia... ou quem sabe foram expulsos de l e por isso trabalham com TI :) ). Chegamos concluso de que existem basicamente duas formas mais eficientes de se obter interoperabilidade no mundo real: Padres proprietrios e monoplio ou Padres abertos e cdigo aberto. Todos ns j fomos (ou ainda somos) usurios da interoperabilidade descrita pelo primeiro caso, e ela realmente funciona, mas tem como efeito

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colateral o total aprisionamento do usurio. O exemplo clssico no mundo da computao pode ser os formatos binrios de documentos de escritrio criados pela Microsoft e o aprisionamento destes sua sute de escritrios (Microsoft Office), mas este no o nico exemplo deste caso, e temos diversas outras aplicaes que fizeram o mesmo durante anos e anos (olhe para seu telefone celular e vai encontrar alguns bons exemplos: agenda de contatos, agenda de compromissos, carregador e acessrios, para citar apenas alguns deles). importante notar que este tipo de interoperabilidade est sempre restrita aos interesses comerciais da empresa que desenvolve o padro, e por isso, no pense que a utilizao de um padro proprietrio, seja ele qual for, vai te permitir a liberdade plena pois em algum momento, quando a sua liberdade significar queda de receita para o dono do padro, pode ter certeza que sua necessidade ser sumariamente ignorada. Por causa desta limitao gigantesca de liberdade, eu no considero que exista a a interoperabilidade verdadeira, mas sou obrigado a reconhecer que muita gente no mercado acha que isso a interoperabilidade. Ainda olhando este primeiro caso, importante salientar que padres proprietrios nem

...existem basicamente duas formas "mais eficientes" de se obter interoperabilidade no mundo real: Padres proprietrios e monoplio ou Padres abertos e cdigo aberto.Jomar Silva

sempre so desenvolvidos por uma nica empresa, e que comumente so desenvolvidos por consrcios. Recomendo a quem quiser entender melhor como isso funciona, que pesquise sobre o formato de udio MP3 to conhecido e utilizado por todos ns. Aproveite a oportunidade e pesquisem tambm sobre o padro OGG, e as diferenas entre aberto e proprietrio vo ficar muito claras. A segunda forma de se obter Interoperabilidade, para mim a nica que realmente existe, atravs de Padres abertos e cdigo aberto. Acho que aqueles que tm acompanhado meus artigos aqui na revista j sabem muito bem reconhecer um padro aberto de verdade e sabem tambm quais so as suas vantagens e benefcios. Para os que no leram os artigos anteriores, fica aqui a recomendao de leitura (deixe

a preguia de lado, pois a revista excelente e gratuita, vai). Quero explicar aqui o motivo pelo qual o cdigo aberto entra nesta definio. Sei que muita gente j consegue entender o motivo, mas vale a pena o detalhamento dele. Quando falamos em cdigo aberto nesta definio, estamos dizendo que a implementao de referncia do padro aberto citado deveria idealmente ser feita em cdigo aberto. Uma das principais barreiras existente inovao em geral, a barreira enfrentada para que uma empresa (ou pessoa) domine determinada tecnologia para que possa utiliza-la para resolver um determinado problema de forma indita. Imaginemos o caso de uma empresa que trabalha com gesto de documentos, e que j tenha desenvolvido di-

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TECNOLOGIA INTEROPERABILIDADE NA PRTICA

... importante salientar que padres proprietrios nem sempre so desenvolvidos por uma nica empresa, e que comumente so desenvolvidos por consrcios.Jomar Silva

dro DMTF/DMI, amplamente utilizado na indstria de PCS h dcadas. Foram meses de estudo e pesquisa tateando no escuro e s consegui resultados quando parti para a anlise dos cdigos fontes de aplicaes com suporte ao padro em Linux (na raa mesmo, pois a documentao destes softwares era na maioria das vezes feita dentro do cdigo fonte). Voltando ao nosso exemplo, felizmente o ODF possui uma implementao, que considerada como referncia do padro, licenciada em cdigo aberto: o OpenOffice.org (notem que no existe um "reconhecimento oficial" sobre isso, mas eu e muita gente que conheo, pensa assim... e claro, tem sempre a turma do contra, mas deixa pr l). Alm do OpenOffice.org, existem diversas outras aplicaes em cdigo aberto atualmente com suporte ao padro. Por conta destas aplicaes, os desenvolvedores da empresa hoje podem at ler a especificao do ODF inteira (alis, recomendo que o faam), mas na verdade eles podem consultar as partes da especificao que vo precisar utilizar (como empacotamento, estrutura de documentos e contedo de texto), e podem partir para a anlise de alguma das implementaes j existentes. Em poucos dias (para no dizer poucas horas), eles certamente j tero em mos um

versos sistemas de GED em sua histria. Imagine que esta empresa no conhea o padro ODF e que ao assistir uma palestra minha, descubra que o padro pode ser utilizado por ela para resolver um problema, ou atender a uma necessidade de seus usurios (qualquer semelhana aqui com a realidade intencional :) ). Vamos imaginar agora que o ODF no tenha uma implementao em cdigo aberto, sendo ainda um padro aberto. Para poder utilizar o padro, os desenvolvedores desta empresa teriam que ler toda a especificao do padro e iniciar do zero o desenvolvimento do software (incluindo bibliotecas necessrias) para que o ODF pudesse ser suportado dentro de sua aplicao. Se du-

rante o desenvolvimento algum dos desenvolvedores tivesse uma dvida qualquer sobre uma determinada parte da especificao, ou se encontrasse dificuldade para implementar o cdigo necessrio para suportar determinado elemento ou atributo do padro, ele poderia recorrer a fruns na Internet, mas provavelmente no encontraria grande ajuda ali (certamente ele iria encontrar muita gente com a mesma dvida dele, na mesma situao). Isso faria com que o tempo e esforo necessrio para que aquela empresa dominasse a tecnologia e desenvolvesse seu software com suporte ao ODF fosse muito longo, o que poderia at inviabilizar a sua utilizao pela empresa. Eu passei por uma situao dessas h alguns anos, quando precisei desenvolver um software com suporte ao pa-

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prottipo das funcionalidades que gostariam de ver em seu software. Alm do cdigo propriamente dito, existe sempre por trs destas aplicaes a comunidade que a desenvolve e que normalmente est sempre disposta a receber novos membros e pronta para tirar toda e qualquer dvida que novos usurios ou desenvolvedores do software possam ter. Alm do cdigo, se ganha um ecossistema de desenvolvimento e suporte ao software todo montado. importante destacar ainda que apesar do OpenOffice.org ter sido desenvolvido na tecnologia Java, j existem aplicaes e bibliotecas com suporte ao ODF em cdigo aberto desenvolvidas em outras linguagens como Python, Perl e PHP (para citar apenas trs bem conhecidas). Percebem como esta barreira muito menor agora? Eu costumo dizer que o cdigo aberto um anabolizante (ou um catalizador, para os mais chegados qumica) para a adoo e utilizao de pa-

dres abertos e existe um detalhe que passa quase despercebido mas que fundamental nesta histria toda: S um padro verdadeiramente aberto, sem armadilhas de licenciamento de propriedade intelectual, pode ser utilizado e implementado com segurana em cdigo aberto. Por isso que a existncia de uma implementao de referncia em cdigo aberto de um padro, praticamente uma vacina (ou um atestado) de que o licenciamento de propriedade intelectual daquele padro realmente isento de armadilhas. Para finalizar, acho que fica fcil de entender o motivo pelo qual eu tenho defendido internacionalmente que a existncia de uma implementao de referncia em cdigo aberto seja condio primordial para que um padro possa ser chamado de Padro Aberto (e adivinha quem sempre contra esta proposta ???) Alerta final: Cuidado quando ouvirem falar de Interoperabilidade por a... o pessoal "proprietrio" anda se assanhando novamente com a palavrinha mgica !

Maiores informaes:ODF Alliance: http://www.odfalliance.org Site do OpenOffice.org: http://www.openoffice.org Artigo na Wikipedia sobre o ODF http://pt.wikipedia.org/wiki/Open Document Blog do Jomar: http://homembit.com

JOMAR SILVA engenheiro eletrnico e Diretor Geral da ODF Alliance Latin America. tambm coordenador do grupo de trabalho na ABNT responsvel pela adoo do ODF como norma brasileira e membro do OASIS ODF TC, o comit internacional que desenvolve o padro ODF (Open Document Format).

www.blogcampes.com.brRevista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

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MOVIMENTO MSICA PARA BAIXAR

Incio positivo para o MPB, para o futuro da msica, com muitos desafios frentePor Everton Rodrigues

Aps realizarmos o 1 Frum do movimento Msica Para Baixar, faz-se necessria uma reflexo sobre os avanos, e tambm um dimensionamento dos desafios que se apresentam a partir do instante em que decidimos nos envolver com outras pessoas para debater e agir na melhoria da cadeia produtiva da msica. Antes de tudo, preciso referir que mobilizar pessoas que vivem da msica uma tarefa um tanto complexa. Isso porque, historicamente, a indstria cultural, da qual a maioria dos msicos faz parte, desenvolveu uma concepo de que: quem vive da msica no uma pessoa qualquer. A pessoa que vive da msica no tem sequer um valor por sua hora de trabalho, como qualquer outra pessoa que trabalhe em qualquer outra rea. Dessa forma, a grande maioria que entrou para o ramo da msica sonha com fama, muito dinheiro, luxo e que encontrar todas as portas abertas por on-

de passe. Claro que ficar rico com a msica possvel. Mas possvel para poucos que esto alinhados com as margens de lucro da indstria cultural, organizada majoritariamente pelos monoplios dos veculos de comunicao, pelas gravadoras, editoras e sociedades arrecadadoras. Quem no estiver nesse esquema do jab est fora, e sua obra no poder circular. Claro que defendo que as pessoas possam viver muito bem da msica, e isso o mnimo. Entretanto, toda essa forma com que a indstria cultural vem trabalhando est em profunda crise, reflexo tambm da crise mundial pela qual passamos. Ou seja, tudo que as pessoas produzem tem um nico objetivo: transformar-se em mercadoria para ser vendida, e, em ltima instncia, produzir lucro. O MPB j nasce em um momento especial, em uma conjuntura interessante. Um ano

em que iro acontecer boas coisas para a msica e de preparao para muitas outras novidades. O ano de 2009 nos chama reflexo sobre a msica. o ano de aniversrio de 40 anos de Woodstock (aconteceu de 15 a 18 de agosto de 1969), o ano de aniversrio de 10 anos do Frum Internacional de Software Livre onde nasceu o movimento Msica Para Baixar. o ano da conquista da 1 Conferncia Nacional de Comunicao (http:// www.proconferencia.com.br/). o ano onde nasce o movimento de articulao em defesa da 1 Conferncia Nacional da Msica. o ano em que a me Jammie Thomas Rasset, de 32 anos e quatro filhos, foi condenada pelo tribunal americano a pagar US$ 1,9 milho por baixar 24 msicas na Internet. o ano em que o Parlamento Federal Brasileiro quer punir, com at trs anos de priso, quem

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MOVIMENTO MSICA PARA BAIXAR

baixar msica. o ano de preparao da 2 Conferncia Nacional de Cultura que acontecer em maro de 2010. o ano de preparao aos 10 anos do Frum Social Mundial. o ano da maior crise mundial econmica e da indstria cultural. Esse o ano do nascimento do movimento Msica Para Baixar (MPB). Sim! Queremos provocar e fazer um trocadilho com a antiga MPB cujo modelo beneficia apenas algumas pessoas, e ns queremos mudar isso. Em seis meses de vida, o movimento MPB est crescendo muito porque se prope como espao no somente para especialistas da msica, mas para quem cria, produz e usa todos os gneros da msica. Ou seja, um movimento amplo e que, por essncia, no discrimina nenhum agente da msica, e defende conviver como diferentes idias desde que pretenda realmente construir uma nova relao de trabalho que seja mais justa para todas as partes envolvidas. Aps o encontro em Porto Alegre, lanamos o manifesto do movimento Msica Para Baixar, e, em 8 dias, alcanamos mais de 800 assinaturas. Dentro dessas adeses, temos o cantor e compositor Leoni (http://www.leoni.art.br e http:// musicaliquida.blogspot.com) que uns dos principais articuladores do movimento. Tam-

... o MPB um movimento amplo que, por essncia, no discrimina nenhum agente da msica...Everton Rodrigues

bm outros artistas importantes como Zlia Duncan (www.zeliaduncan.com.br), Ritchie (www.ritchie.com.br), Roger Rocha Moreira da banda Ultraje a rigor (http://www.ultraje.com), Trupe o Teatro Mgico (http://www.oteatromagico. mus.br/novo/), Banda Batacl FC (www.bataclafc.com.br), Banda Sol na Garganta do Futuro (http://www.solnagargantadofuturo.com.br/), Fernando Rosa (http://www.senhorf.com. br), Banda Coyote Guar (www.coyoteguara.com.br), Nei Lisboa (http://www.neilisboa.com.br/), Moyss Lopes das bandas Camerata Brasileira e Sombrero Luminoso (www.moyseslopes.mus.br), Juca Culatra da banda Juca Culatra e Power Trio (http://www. myspace.com/jucaculatrapowertrio) e Eduardo Ferreira da banda Osviralata e colaborador do OverMundo, Marcelo Branco coordenador da Associao Software Livre.org (www.softwarelivre. org), Ellen Olria, Cantora e Compositora (http://sapatariadf.wordpress.com/), Kaline Lima, Rapper, Banda Nuvens (http://www.nuvens.net/),

GOG, Rapper e Poeta (http://gograpnacional.com.br), Casaro cultural (http://grioproducoes.blogspot.com/), Pedro Jatob (Diretor de Aes Culturais do Instituto Intercidadania (http://www.intercidadania.org. br/), Sergio Amadeu da Silveira, socilogo e ativista do software livre (http://samadeu. blogspot.com/), , Cabeto Rocker Pas.colato-Msico/Produtor Cultural, Mateus Zimmermann, Jornalista, designer editorial e fotgrafo (www.mateus.jor.br), Sociedade de Usurios da Tecnologia Java SouJava (http://www. soujava.org.br), Richard Serraria, Compositor, msico, poeta e ativista (http://vilabrasilcodigolivre.blogspot.com/), Ponto de Cultura Digital Ganesha (www.projetoganesha.org.br) e tantas outras bandas e ativistas que esto se articulando no MPB. Com a idia de regionalizar, samos de Porto Alegre com o objetivo de articular debates sobre msica para baixar na Feira da Msica de Fortaleza (http://www.feiramusica.com.br/), que acontecer de

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MOVIMENTO MSICA PARA BAIXAR

19 a 22 de agosto. Alm disso, iremos articular debates com esses temas na feira da msica que acontecer entre novembro e dezembro desse ano no RS, e tambm queremos debater o tema na feira Msica Brasil no final do ano. Estamos ainda planejando um seminrio nacional do MPB para debater o direito autoral, e diversos outros debates pelo Brasil. Alm disso, o MPB est se somando ao movimento pr-conferncia nacional da msica. Iremos nos articular para participar de todas as etapas da Conferncia Nacional de Comunicao e das etapas da conferncia nacional de cultura. Em Cuiab (MT), artistas locais iro lanar o MPB durante o REMECNICA DA PALAVRA, que acontecer no dia 13 de agosto. No dia 26 de agosto, em Vitria (ES), na Conferencia Regional de Comunicao, o MPB estar representado para o debate produo cultural e comunicao. Nos dias 19 e 20 de setembro, teremos debate em Florianpolis articulado pelo Ponto de cultura Ganesha. Ainda estamos planejando o 1 Festival de Msica Para Baixar. Alm disso, estamos firmes em combater qualquer atitude repressiva de controle da Internet e as ameaas contra as liberdades civis que impedem inovaes. A rede a nica ferramenta disponvel que realmente possibilita a democra-

tizao do acesso comunicao e ao conhecimento, elementos indispensveis diversidade de pensamento, como est em nosso manifesto. Muito importante poder ler no manifesto MPB: Novos tempos necessitam de novos valores. Temas como economia solidria, flexibilizao do direito autoral, software livre, cultura digital, comunicao comunitria e colaborativa so aspectos fundamentais para a criao de possibilidades de uma nova realidade a quem cria, produz e usa msica, e isso fundamental para o movimento. Entretanto, sentimos dificuldades de mobilizar as pessoas para os nossos debates, pois entendemos que isso fruto de uma sociedade hegemonizada pela idia do espetculo, onde se cria a conscincia de que os artistas so integrantes de uma classe superior com direitos especiais. Diante disso, possvel dizer que o movimento entende que a arte no deve ser tratada como se fosse semente transgnica, passvel de ser propriedade de alguns, e que provoca danos ao ambiente planetrio. Estamos ainda no incio do processo, e temos muito trabalho pela frente. como o Leoni defende: o artista de hoje tem toda a liberdade do mundo, mas, em contrapartida, muito trabalho. Os artistas no podem mais ser crianas mimadas, devem, sim, partir para cui-

dar dos seus negcios de fato. Essa idia fundamental e vai de encontro com algo que os artistas ainda no sabem fazer: a autogesto da suas obras. Est a mais uma questo. preciso que artistas faam a gesto das suas obras sem trabalhar de forma alienada, onde sempre algum precisa resolver tudo no processo de gravao, shows e distribuio das suas msicas. Sim, um outro mundo possvel para todas as pessoas e para quem vive da msica tambm. Para mudar nossa realidade preciso de protagonismo, de atitudes sem medos. Por isso, importante agir, seja escrevendo, articulando, cantando, gritando e assinando o manifesto Msica Para Baixar. Assine e mobilize outras pessoas para assinar. Acesse aqui e assine: http://musicaparabaixar.org.br/?page_id=9.

Maiores informaes:Site oficial Msica Para Baixar http://www.musicaparabaixar.org.br

EVERTON RODRIGUES educador popular, tcnico e consultor em tecnologias livres. Faz parte do Projeto Software Livre Brasil e do movimento de economia solidria. Est na articulao do Movimento Msica para Baixar.

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FERRAMENTA GOOGLE APP ENGINE

GOOGLE APP ENGINEPor Francisco Junqueiraappengine.google.com

MotivaoRecentemente, aproveitando a oportunidade de desenvolver um trabalho relacionado com software livre, optei por fazer um estudo sobre o ambiente Google Application Engine GAE [1]. Resolvi iniciar a criao de um tutorial online [2] pelos seguintes motivos principais: pouco material de estudo existente sobre o tema, alm da documentao oficial e tradicionalmente tutoriais so uma forma rpida de distribuir qualquer tipo de contedo aos interessados de uma forma geral.

to pequeno e o desenvolvimento muito rpido e alm disso no necessrio se preocupar com a parte de hardware (servidores, banco de dados). Sobra mais tempo para o desenvolvedor concentrar-se mais na soluo do problema, ou resolver uma quantidade maior de problemas.

GAE e software livreHoje em dia basta consultar um desses grandes repositrios, por exemplo o Sourceforge [3] para encontrar um software que atenda as nossas necessidades. Na minha opinio, a infra-estrutura GAE no aproveitada adequadamente como poderia ser. Pode-se pensar na idia de migrar software livre de cdigo aberto, que j existe, para verses GAE.

O que GAEBasicamente a possibilidade de voc utilizar da infra-estrutura fsica (servidores) e bibliotecas (API's) Google, para criar aplicativos web. Algumas vantagens mais aparentes do uso do GAE so a velocidade na construo de aplicativos e a facilidade na escalabilidade. A linguagem utilizada na criao dos aplicativos pode ser Java ou Python. Dependendo das necessidades do aplicativo que voc estiver construindo, pode-se usar Javascript, CSS, bibliotecas de terceiros, etc. Pode-se usar de qualquer uma das bibliotecas (API's Google), tais como armazenamento de dados, imagens, mensagens, cache de memria, usurios, entre outras. O cdigo dos aplicativos desenvolvidos e hospedados nessa infra-estrutura GAE fica muiRevista Esprito Livre | Agosto 2009 | http://revista.espiritolivre.org

GAE e educaoLeciono matemtica na rede pblica mineira, e tive a oportunidade de fazer algumas experincias na infra-estrutura GAE. Atualmente, as escolas possuem um laboratrio de informtica que na maioria das vezes no funciona, funciona mal ou o hardware bem ultrapassado e limitado. Nem em pensamento funciona fazer projetos onde haja necessidade de estabelecer um servidor web e um banco de dados. Montar

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FERRAMENTA GOOGLE APP ENGINE

al est sendo construdo, acessar a pgina de login [6] e fornecer a senha de participao appeslufla. Contribua escrevendo algum aplicativo pequeno e comentando, dando sugestes, divulgando para algum que se interesse em participar, etc.

Referncias:[1] Google App Engine http://code.google.com/intl/pt-BR/appengine/Figura 1: Buddypoke utiliza GAE

algo parecido com o Moodle [4], localmente, nem pensar. O GAE traz uma possibilidade ilimitada de criao e uso de ferramentas educacionais em prol de uma real interatividade, em auxlio a uma aprendizagem significativa e mais ldica.

[2] Tutorial sobre GAE (incio) http://lit1.wikidot.com/ [3] Repositrio Sourceforge http://sourceforge.net/ [4] Moodle http://docs.moodle.org/en/About_Moodle [5] Wikidot http://www.wikidot.com/ [6] Tutorial sobre GAE (join) http://lit1.wikidot.com/system:join

Verso gratuitaAt um determinado patamar de utilizao de banco de dados, de requisies e outros quesitos, a utilizao do GAE gratuita. Dependendo da implementao do seu aplicativo, essas cotas so suficientes mesmo quando ele for usado por um nmero grande de usurios.

Objetivo do tutorialO principal objetivo disponibilizar uma quantidade de pequenos exemplos na linguagem Python para uma segunda verso do tutorial. Outro objetivo ir traando um paralelo do que j est pronto, para a linguagem Java.

Maiores informaes:Google App Engine http://code.google.com/intl/pt-BR/appengine/

Como contribuirA todos que quiserem contribuir, isso pode ser feito de vrias formas. Inicialmente, basta fazer um cadastro na wiki wikidot [5], onde o tutori-

FRANCISCO JUNQUEIRA