santo_agostinho_-_contra_os_acadêmicos

Upload: arpfaria

Post on 06-Apr-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    1/67

    SANTO AGOSTINHO

    C O N T R A O S A C A D M I C O SDILOGO EM TRS LIVROS

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    2/67

    DO A UT OR

    OPUSCULA PHILOSOPHICA (dispersos).OPUSCULA C R I T I C A ( d i s p e r s o s ) .LACRIMAE RERVM(poemas) [publ, I Buclica, II Nocturna].GARRET Sn /ftfff. /7 V. /-;>-,'. n&S SC$r XIX 0 jKXG A B R I E L A I / A K K U H J H O in Cst, um. em Portugal, n, i, AMPAN-ELLA &&F, n.Q 2.PIRANBELLO tfjtf.A ATITUDE KEffTAL DE MONTAlGNI - n / &/, *>/ ^tf/rf. rftf$ Cincias,

    v o l . V.AHTFJRO DE QUENTAL - in BitlL des iudes portugaUes, 1938.DECADNCIA DO MI\ PORT, NO OKUNTE n I/isL da expanso port.no mu mio.F A R U O L A VIVA (romance) (ed. Ocidente, 1941)*AMORES DO POETAtrad- do Dichteriiebe, de le ine Coimbra,edit, 1942.FILOSOFIA DA A R T E (Cot, Studinm, Coimbra, 1933),T E A T R O CAHOKEANQ 1 Anfitr ies , u KL-Rei Se leu co ed. Ocidente (1942 e 1944),INTRODUO A FILOSOFIA (Col. Stndiumf Coimbra, 1943).L G I C A ELEMENTAR (Col. Studium, Coimbra, 1944),A MSCARA DE EA (ed. Romcro, 1945). J A N E L A DE T O R M E S ed. Rev. de Portuga/, 1945J.C Q L U K A T A (romance) ed. Ocidente, 1945).C O N T R A os A C A D M I C O S trad. pref. e notas in Arq* da Univ. deLisboa, 1945*os LTIMOS FINS DO HOMEM pre. e notas (ed. RCZK de Portugal, 1946).EA Df, Q U E I R S - in Pers. da HL portuguesa.PARADOXOS S O C I O L G I C O S (Col. Studium, Coimbra, 1947).ESBOO DE HIST. DA TEORIA DO REAL E DO IDEAL, de Shopenhaner trad, e pref, ed, Atln tida, 1948.A LNGUA PORT, E O C A N T O in Boi. do Conservatrio JV>J> vol. I, n.n 2,HOMENS DA N D I A DE Q U I N H E N T O S ed, Em p, N-> de Publ ici dade, 1955.J UDlTH ed. Ociden te , 1950,O R A O DA COROA trad., pref, e notas - ed. S da Costa, [956.INICIAO LGICA e d. Euro pa- Am ri ca, 1956.

    PREFCIOl ) Itaqu avidissime arripiti vemrabihm silum spintu s tui et prae caeteris apostolum Patdtim et perieruntillae quaestiones in quius mihi aliquando visus est adver-sari sibi et non congruere tesiimoniis Legis et Propketarumtextus sermonis ejus. Et apparuxt mihi una fcies eto-qu ioru tn cas to rum et exsu Itare cu ? n ire m o rc didic i [co T *. ,

    VII, 27] .No por acaso que o apstolo Paulo aparece nasCONFISSES de Agostinho, como alavanca do seu movimentopara a doutrina que to larga- e profundamente haviade ilustrar ( l); entusiasmo semelhante parece animar 03(l) Sant o Agostinho (Au rl io Agostin ho) n. 354, nos Idos deNovembro (dia 13 Cf. i)e beata vila, 6) m. 430, Moci dad e aventu-rosa. Professo r de retrica em Milo, deixa ess e cargo (386) dep oisde conv erti do do man iqu es mo ao cris tian ismo por influnciade Mnica, sua me (Santa Mnica) e do bisp o milans Am brs io,mais tarde canonizado, que o baptizou. Quere ndo meditar livre-

    mente, retira-se para Cassiciacum aonde o acompanham seu irmoNavgio, sua me, seu filho Adeodato, Alpio, seu amigo, Licencio e Trigccio, seus discpulos; o primeiro, filho de outro senamigo e protector, Romanano, a qnem dedicado o CONTRA ACAD M I C O S .

    Pelo contexto o dilogo verdadeiramente preliminar na obraagostin iana, porq ue nele se proc ura inval idar o cepti cismo da Nova

    5

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    3/67

    dois homens na misso que tm por sua; vibrao ea rdnc i a an logas t r anspare cem da obra e da a t i tude deum e de outro ; em ambos se produz cr ise espi r i tua lp ro funda ; ambos pe rguntam ans iosamente que l he s cumpre fazer. E um ouve no caminho a voz que o mandaespe ra r em Damasco a o rdem d iv ina [ACTOS, IX, 7 ] ; o u t r o ,informado da vida de Santo A nto ( ), e das co nvers espor e l e ope radas , ouve t ambm na so l i do do campo oA c a d e m i a , ( A r c e s i l a a , I V e I I I s c . a . C . , C a r n a d e s , I I s c . a . C . ,F i lon de L a r i s sa> 11 e 1 s c* a . C . ) pa r a p od e r a s s e n ta r b a s e dog m t i c a e s i m u l t a n e a m e n t e l i g a r d e n o v o e m s e n t i d o c r i s t o o c o n h e c i m e n t o c o m a t i c a e c o m a f e l i c i d a d e d o h o m e m .E s ta l i g ao r e a pa r e c e n o r> B EAT A V I T A e n o D E O R D I N , c o mp o s t o s e m u m i n t e r v a l o d a r e a l i z a o d o C O N T R A A C A D M I C O S , C* ko n c l e o d a s i s t e m a t i z a o d e q u e S a n t o A g o s t i n h o o i o m a i s n o t av e l r e p r e s e n t a n t e n a p a t r s t i c a o c i d e n t al .V r i o s p a s s o s o c o n f i r m a r i a m . H a s t e c i t a r , o r a d e e s t a o b r a ,

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    4/67

    como no fim do Livro VIII, em que a expresso, simultaneamente desolada e esperanada, ressoa com extraordinria pl&ngOncta: *Logo que uma reflexo profunda me revelou aocorao toda a minha misria, uma furiosa tempestadedesencadeou torrencial chuva de lgrimas.Ksta agitao de temperamento arrebatado serve emum e outro caso para compreender os dois aspectoscaractersticos da obra de cada um de eles, ou antesa intensidade notvel que vieram a alcanar, e fonteviva da sua repercusso. Colocados perante uma oposio que para Paulo, apstolo, mais violenta e perigosa e para Agostinho, bispo, j mais erudita e espec u l a t i v a , a obra naturalmente se desenvolve em doispianos correlatos e complementares: polmico e doutrin r i o .A polmica de Paulo parte da sua mesma vida

    a p o s t l i c a ; s suas discusses de Atenas se referem osAC T OS dos Apstolos (xvn, 18): . .E alguns filsofos epicrcos e esticos disputavamcom ele e diziam : %Qu quer dizer este falador ?* E outros: Parece que prega novos deuses Porque lhes anunciavafesus e a ressurreio.A parte doutrinria a coleco das EPSTOLAS,2) A polmica de Agostinho dirige-se contra here

    sias do cristianismo; a parte doutrinria est contida nosOPSCULOS, obra vasta, de notvel importncia histrica;cerca de nove sculos depois, no auge da Escolstica, aobra agostiniana um dos pilares da sistematizao.A tradio aristotlica funde-se em So Toms com afilosofia de Santo Agostinho, de ntida e confessada8

    influncia platnica e neo-platnica (em certos pormtnores corrigida nas RETRATAES (l)); e se Aristteles serve(*) O Livro primeiro das RETRATAES respeita aos livros quns. ripsit nondum episcopus, e o Captulo 1 obra que e le cha ma

    CONTRA ACADKM1COS Ve DE ACADEMICIS,As restri es so poucas e quase purame nte verbais. Refere-sea primeira (Liv, I, 1, 1) palavra fortuna, vrias vezes empregada.receando que algum a entendesse como nome de uma deusa, aopasso que ele apenas a usara no sentido de evento fortuito; e aceutua o passo em que no texto o deixou bem claro ; Etenim fortas>quae vulgo fortuna nomlnatur oceulto quodam ordine regitur nthitqwatiud in rehus casam vocatnas nisi cujas ratio et causa secreta esLA segunda (ibi.) a da desnecessidade da disjuntiva: sivepromeritis nostris sive pro :tecessitate naturae, pois essa dura necessidaderesulta do pecado de Ado,A terceira (i, I, 3) explicita que em vez de quidquid ullns sensusadtingitf deveria ter dito quidquid mortalis corporis ullus Snsuadtirtgit, para evitar qualquer ambiguidade.A quarta (1,11, 5) mantendo a verd ade da afirmao de que a nunstt ratio constitui o melhor do homem, restringe que se tratada natureza humana, pois no sentido amplo, Deo meus nostra suhcttnda est*A quinta (I, IV, a) repele a palavra omen (augrio) que empregara no a serio mas jocosamente, por ser de carcter pago.No Livro segundo (III, 7 rejeita em primeiro lugar aquela comofbula da Philocalia et Philosophin, a que ch ama inepta e insulsa :mas como evidente, o dilogo uada perde e nada ganha com essa**Jxnhas colaterais.A se gunda (11, LX, 22) refere -se frase secaras rediturus itt:aetum-t em que para evitar interpretaes erradas teria sido prefrrvel dizer i/urus, se bem que no seu pensamento in caelum sejaequivalente a ad Deum.Finalmente quanto ao Livro terceiro:Na primeira observao diz que julgaria prefervel dizerin Deo*.em vez de in mente arbitrar esse snmmum hominis honttm (XII, 27).Na segunda declara desagrada r-lhe a frase liquet dejerare p*omne divinum (XVI, 35).Na terceira corrige um porm enor de inte rpreta o (XVIII, 40)Fendo dito que os Acadmicos conheciam a verdade, e chamado

    9

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    5/67

    l ie base ao P o e t o ? - Ingelicus , q u e o in t e rp re t a e m s e n t i d o c r i s t o , A g o s t i n h o a p a r e c e c o m o a u t o r i d a d e p r i m a c i a l , e b a s t a c i t a r - l b e a o p i n i o p a r a h a v e r m o t i v o d er e c o n s i d e r a r n a t e s e q u e o a u t o r p a r e c i a l e v a d o a a p r e s e n t a r c o m o e x a c t a , e m b o r a v e r d a d e i r a m e n t e j p e n s a s s ee m c h e g a r a u m a c o n c l u s o i n c o m p a t v e l c o m e l a . T a l f r e q u e n t e m e n t e a m a r c h a d o r a c i o c n i o n o s c a p t u l o sd a SUMMA d e S o T o m s ,N a f as e a p o s t l i c a , Pa u l o t e m d e a f i rm a r p o n t o s c a p i t a i s d e d o g m t i c a , d e e n c o n t r o a u m a r e l i g i o t r a d i c i o n a ld e f i n i d a , n o m e n o s e x c l u s i v i s t a d o q u e u m a r e l i g i on a s c e n t e j e p o r e l a t o r n a d a m a i s z e l o s a m e n t e c o m b a t i v a .I m p o r t a p o r t a n t o f i x ar d o u t r i n a , p r e g a r a C r i s t o c r u c i - i c a d o q u e e s c n d a l o p a r a j u d e u s e e s t u l t c i a p a r ag e n t io s (AD COK., 1 , i, 2 3 ^ ; n a p o c a d e A g o s t in h o c o n s u -m a r a - s e a q u e l a p u l v e r i z a o d e q u e h s i n t o m a s a l u d i d o sn a s E P S T O L A S d e S o P a u l o , e m p e n h a d o n o s e m p r o p a g a r a d o u t r i n a m a s e m m a n t e r - l h e u n i d a d e , e v i t a n d oa t o g r m e n d e d i v i s o q u e s e r i a s u p e r s t i c i o s a [AO CQH.,I, 1, 10 e se gs ]*A p o l m i c a d e S a n t o A g o s t i n h o f o i o b j e c t o d e v r i o so p s c u l o s s o b r e o s p a g o s , m a n i q u e u s , n o v a c i a n o s , a r i a n o s , d o n a t i s t a s e p e l a g i a n o s ; c o n t r a o s m a n i q u e u s A g o s -fa lso ao verosmil por e les aprovado , S an to A gos t inho r e conhe ceduas c ausas de e r ro : p r ime i ro , o ve ros mi l ve rdade i ro tambm ing en t r e suo; e les Do o aprovaram porque o sbio nada devia aprovar . O erro proveio, diz Santo A gostinho, da pa lavra provve l*^por e le s tambm usada .Na quarta res tr inge o louvor exagerado a P la to e aos P la tnicosou A cadm icos (XVI I , 37 )*Na quinta e lt ima (XX, 45) contra o que d i s se ra ao te rmina r odilogo considera ter refutado CfceTO cert ssima rat ionc e s pori ron ia pude ra d ize r o con t r r io . O a rgume n to pe rmane c ia ; a con vico que se reforara .

    I O

    t i h h o , a l m d a o p o s i o d o u t r i n r i a , t i n h a o r e s s e n t i m e n t od o c o n v e r t i d o , a p a i x o n a d o p e l a r e f u t a o d o e r r o e m q u ee l e m e s m o c a r a .H a v i a a i n d a o u t r a r a z o e e s s a n o a p e n a s p s i c o l g i c ae f c i l d e s u p o r , s e n o q u e d o c u m e n t a d a c l a r a m e n t e n ao b r a . A o p a s s o q u e m u i t a s h e r e s i a s p o d i a m d i z e r- s e n oa s p e c t o g e r a l c o m o f o r m a s a b e r r a t i v a s i n t e r n a s a o s i s t e m a , a d o s m a n iq u e u s t in h a p o r b a s e u m a n o o t r a d i c i o n a l , d o m i n a n t e , s u g e s t i v a o p r i n c p i o d o s c o n t r r i o s t r a n s e u n t e d a o rd e m f si c a o rd e m m o ra l , e q u es e p o r u m l a d o e r a i n c o m p a t v e l c o m a o r d e m h i e r r q u i c ad o s i s t e m a , p o r o u t r o s e m a n t i n h a e m a n t e v e p o r s c u l o sa t n o d o m n i o d o c o n h e c i m e n t o f s i c o, C o n s e r v a n d o - s ea p e n a s n e s s e d o m n i o , a h i e r a r q u i a a r i s t o t l i c a t i n h a n ot e rm o u m h ia t o l g i c o , a l i s q u a s e p e rm a n e n t e n a f i l o s o f i a a n t e r io r , e q u e o Es t a g i r i t a n o p e n s a ra s e q u e re l i m i n a r a c a n s a p r i m a ; s a i n d o d e e s s e d o m n i o , oh i a t o a d q u i r e a s p e c t o d u p l o : l g i c o e o n t o l g i c o ,H u i n e , e m b o r a p a r a c o n c l u i r p e l a i n d i f e r e n a d a f o n t eo r ig i n a l d e t o d a s a s c o i s a s q u a n t o a o b e m e a o m a l , vn o m a n i q u e s m o u m a p r i m e i r a e n a t u r a l s o l u o :*Here the ma n ichaean sysi em occu r s as a p roper hypothsis to solve the difficulty ; and no dou t , i n some r espec ts ,i t is very specious , a nd kas mor e probabihty han thecom mo n hypo thsi s by g iv ing a p iaus ib le acco un t o fthe s trange m ixture of good an d i ll which appea rs inlif*.A d i f i c u l d a d e s u r g i u a S a n t o A g o s t i n h o e p e r t u r b o u - od e m o r a d a * e p r o f u n d a m e n t e : E t q u a e r eb a m u n d e m a ~lutn. . * Ubi ergo ma lum?*. . Unde es t wia lum? [ C O N F , .VII, C ap . v , 73** q u a e r eb a m a e s t u a n s u n d e s it m a l u w t .Ouae i lla to rme n ta par tu r i en t t s cora i s mc i , qu i gemi lus ,D eu s m eu s ? [iid. Cap vn-11] .

    1 1

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    6/67

    j u lgou , r e so lv - l a ao conc lu i r que o ma l no umas u b s t n c i a * , quia s i subs tan ia cz^c buuu m vsse t [ttd.C a p . xu- i8] . Era uma degradao metafsica , de base t i ca , i so l adora do Sumo Bem na sua omnipo tnc i a , maspunha em pe r igo a opos i o subs tanc i a l do ve rdade i roe do fa lso , que tambm no so da natureza exter ioropos i o imp l c i t a no desenro l a r de todo aque l e r a c io cnio- Cer to que o Ma l no uma subs tnc i a , admi t ido que a rase tem sent ido r igoroso; mas s- lo- o Bem rCur e t hoc? como d i r i a Santo A gos t inho . S por va lo r izao arb i t rr ia . O deseq ui l br io era c l aro. Se a dual i dade do maniqueu aba l ava a h i e ra rquia , a degradaode um dos p r inc p ios apor tava i ncongrunc i a .E sempre an logo o r e su l t ado quando se p re tendeo absurd o nes te c aso uma demo ns t rao me ta f s i ca ,Na discusso Bayle-Leibni tz , o ingls , com ar de boa fq u a s e i n g n u a , p e r g u n t a M a s d e v o n a v e r d a d e a c re *d i t a r que e s t e i nundo seja o me lhor dos m undos poss ve i s?E Le ibni t z com desnor teante segurana re sponde : Sem dvida ; po rque se a ss im no fosse , Deus t e r i ae sco lh ido out ro ,Es ta pe t i o de p r inc ip io , p ra t i cada por um homemsupe r io r , de nome so l i damente i nc rus tado na h i s tr i a dac i nc i a , a ssombra pe lo desvar io a que pode l eva r qua l -que r a t i tude me ta f s i ca enra i zada e pe r turbadora ,

    3) O di logo CONTRA ACADKMICOS no apesa r do t tu loobra e ssenc i a lmente po l m ica . N em o amb iente em quese t rava nem o probl ema de que t ra ta provoc am o entus i a smo ou convidam exa l t ao . A l m de i s so , A gost i nho no c r que a dout r ina ve rdade i ra dos Acadmicosfosse ta l qual e les de ixaram crer aos profanos e a i sso serefere no fim do dilogo,

    1 2

    A expos i o e an l i se da t e se dos Acadmicos const i tuem ponto de par t ida para cer ta base de teor ia doco nhec imento aque l a mesma por ond e d eve r i a f ica rl i gado e t r ansponve l o h i a to abe r to na h i e ra rquia ; e po ri sso inevi t ave lm ente imagina t iva e t i ca . O e squemap o d e r i a a s s i m e n u n c i a r - s e :) Ningum pode se r fe l i z sem achar a ve rdade(cond i c iona l i smo t i co do conhec imento )*b) Mas o homem capaz de achar a verdade*c ) Podem refutar-se os que o negaram, em especia lo s s e c t r i o s d a N o v a A c a d e m i a .S por si o esquema j bem e lucidat ivo; com efe i to ,a an l i se dos a rgumentos dos Acadmicos , a que se r e fe rea a l nea c t pode co ns ide ra r - se ques to t cn i ca , A a f i rmao da a l nea a t como ponto de pa r t i da e de te rminantedo ponto de chegada, funde em modo racional st i co umarea l i dade ps qui ca , um es tado a f e l i c i d a d e ( s u b s t a n

    t ivado me ta f i s icamente e no apenas voc abu l a rm ente )com um a re l ao ad je c t iva a ve rdade s u b s t a n t i v a d apor i gua l .Quanto a l nea t ponte i nsegura , dependente naaparncia da pr imeira ; mas s pode ser ace i ta depois dedemons t ra r - se gene ra l i zve l a conc luso da l t ima ; esupondo a inda conced ido que e s t ce r t a a p ropos i o dapr ime i ra .Recusa r a subs tan t ivao da ve rdade* no sposs ve l ; con c luso exac ta . A e s t e r e spe i to o d i logo na tu ra lm ente i ncom ple to bem o m ost ra a p rpr i aconc luso do au to r e t em ca rc t e r p rovi sr io , como sev do l t imo pa rgra fo , apesa r de co r re sponde r a umaconvi co s l i da ; pos i t i vamente cons i s t e na r e fu taodo cep t i c i smo e na conc luso de que o homem, necess i t ado de p rocura r a rdentemente a ve rdade (ou t ra a / i r-13

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    7/67

    m ao ps icolgica fa l vel , t om ada c om o ponto de par t idalgico) tem o caminho l ivre , pois so fa lsos os argumentos cont ra a poss ib i l i dade de encont r - l a .C l a ro que Santo Agos t inho v na sua f aque l ave rdade p r imac i a l a que as ou t ras so a fe ren te s ; mas dei sso no cu ra em espec i a l e s t e d i logo,* ex te r io rm entemant ido no p i ano da e s t r i t a d i scusso das cond ies doconhece r ( sa lvo o in t r i to de cada l i v ro e un ia a luso nofinal do terc e i ro) ; assim qu e iniciado o deb ate pe lap e r g u n t a r a d i c a l : D u v i d a is d e q u e p re c i s a m o s d econ hece r a ve rdad e ? o di logo sem transio ou fr-mula exp l i ca t iva se desenvo lve sob a i n f l unc i a dos pia-cita dos A cad micos , c omo se a pe rgunta i n ic i a l fo ra :Duvida i s , com os Acadmicos , de que possamos a t ing i rv e r d a d e s ? *O q ue i n t e i ram ente d ive r so . N o p r ime i ro caso t r a -t a r - se - i a da Verdade t r anscendente , mode lo e o r igem deve rdades : no segundo , tudo se passa no domnio doconhece r , sem re cur so a lgum t r anscendnc i a .

    4) De no ta r que Desca r t e s p rocurou t ambm, noDiscurso do Mtodo e nas Meditaes metaf s icas a n l o g ajus t i f i cao t r anscendente da va l i dade do conhec imento ,n i ca fo rma que ju lgou poss ve l pa ra quebra r a cade i ada sua dvida me td i c a ; a sua t r ansc endnc i a jus t i f i -cava-se mora lmente ; e ra o pos tu l ado ingnuo com pe r do do gn io de D esc a r t e s de que D eus no pod ia t e rque r ido i l ud i r o hom em ; mas mui to mai s s imp le sadm i t i r a va l i dade pe lo menos p ragmt i ca do c onhec i mento object ivo ( o que faz o homem na genera l idade)do que p re tende r em vo a l i ce r - l o sobre base mui tomenos evidente , embora o grande f i lsofo , preso a essai d e i a q u e m s a b e p o r q u e l a o ! i ns i s t i s se em que

    14

    e la era mais evidente do que as proposies da geome t r i a .A cre sc e have r aqui um c i r cu lo , po is a asp i rao*onto lgi ca s v inha reve l a r - se depo i s , quando pod iaves t i r - se - ihe o a spec to de r e l ao l g i ca . Es ta a t i tudementa l f r equente e p ro te i fo rme na h i s tr i a do pensa mento ! e a l m do mai s , o s pos tu l ados , como das rvore se dos homens diz a Bbl ia , pe los frutos se conhecero*Pos tu l ado e s t r i l , f an tas i a i n t i l ,A a f i rmao s im t r i ca e vu l ga r de que D eus a ve rd a d e * t em desde l ogo aspec to me ta fr ico e sug es t ivo ; dea o seu xi to pr imeiro ; mas reduzida a signif icado purointe l igv e l , ou vem dar a af i rmao c ar tesi ana j dem o d o n e n h u m e v i d e n t e - o u c o r r e s p o n d e e m t e r m o smodernos a f i rmao p i t agr i ca de que o in te l i g ve lhumano l abor iosamente obt ido re f l e c t e o i n t e l i g ve ld iv ino , o pensamento da causa abso lu tamente i n te l i g e n t e ,M a i s uma vez uma expre sso pa re ce r e so lve r umadif iculdade que apenas reexpe em forma di ferente ,T ra ta - se de mai s um aspec to ve rba l da concepo quelevou ao princpio (fuso hbr ida do lgico e do mater ia l ) dos jnios , ao WJCF o r d e n a d o r , d e A n a x g o r a s , a odua l i smo p i t agr i co , ao cogi to-sum de Desca r t e s , i de i ada rac iona l i dade in t r nse ca do rea l ( fon te , ao l ongo dahistr ia , da repet ida confuso do absurdo com o aimposs ve l ) e r e c p roca a de que todo rac iona l r ea i oque t em favore c ido imponente s a f i rmaes de ex i s t nc i acom o auxi l i o de pobre s i ogo inaquias . T udo a spec to 3mult modos do hiato refer ido anter iormente (cf . 2) .O ra , c omo as verd ades da cincia ou da f i losofia n oso reve l adas e ne l a s o e r ro sempre poss ve l , a r eve l a o da ex i s tnc i a de D eus que a l i s no nos pe rmi te

    15

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    8/67

    abrange r - l he a e ssnc i a no nos e luc ida sobre ve rda des da f i losofia , onde s indi rectamente e sem eficciapodemos l imi ta r -nos a g losa r com maio r ou menor en tus i a smo e ssa a f i rmao fundamenta l ; que r d i ze r , e ssa ve r dade (neste caso afi rmao de existncia*) funcionarcomo or igem mas no como me t ro de ve rdades ou comopr inc p io de c onh ec ime nto ; s o fe rvor de co mbate rdout r ina opos ta ou incompat ve l pode da r a i l uso deque a posse de ta is verdades se prenda com a da Verdade subs tan t ivada , cous i f i cada .T anto mai s quan to o jogo d i a l c t i co pa ra e s t abe l e c e rpor v i a puramente humana qua lque r ve rdade reve l ada l uxo e s t t i co que no a conf i rma , po i s e l a de snecess i t a -r i a d e c o n f i rm a o ; t u d o q u e p os s a a c r e s c e n t a r - s e ( od e s e n v o l v i m e n t o q u a s e ad l ibitum ) no passa de e scl i o sem in te re sse i n te l e c tua l de maio r , a no se r comoprova de a rgc i a , imaginao , ou t a l en to do e sco l i a s t e .5 ) Es t ranho u Pasc a l que D esc a r t e s com o seu mecan i smo se t i ve sse l imi tado a r e conhece r o impul so in i c i a lda divindade , f i cando sem saber de a por diante o pape lque devia da r a co d iv ina : Je ne puis pardonne r Descar t es ; i i aur ai t k ien vouu dans touie sa philosophiepouvoir se passer de Dieu; m ais i l na pu s*empcher del u i f a ir e donne r un e ch iquena ude pour me t r e h m onde enmo uvem ent ; aprs cela^ i l na plus qu e fa ire de Dieu (PEN-SKS, A r t . x, xu ) .No entan to aqui e ra Desca r t e s que t i nha razo , i nde pendentemente do mecani smo ou de qua lque r ou t ra t eo r i ade o rdem f s ica . N enhu ma fo rma de exp l i cao pode de r i -va r - se l og i camente de aque l a cond io p r v i a , cons tan tee por i s so inap l i cve l como p r inc p io de conhec imento emdomnios que o mtodo ind iv idua l i za e d i s t i ngue .

    16

    D e a q u i n o CONTRA ACADMICOS a independnc i a do p r i me i ro l i v ro r e l a t i vamente aos out ros , po i s as ve rdadesimposs ve i s de a l canar , segundo a dout r ina da NovaAcadem ia^ no podem se r a ve rdade* de que dependea vida fel iz, s possvel se a m e n s ou ra t io achou a ve r dade una , r a c iona l , exem pla r , e con d i c ion ante . O s exemp los de ve rdades i r r e fu tve i s a que Santo Agos t inho dnome d i a l c t i cas ou obt idas d i re c t amente pe l a d i a l c t i ca ,no cons t i tuem de modo a lgum base ou e l em ento de fe l ic i d a d e .Ass im, exc lu da a ve rdade fundamenta l da sua f que reve l ada , e po r t an to , a inda quando se p re tenda t r a t - l arac iona lmente , no se ob t m por exe r c c io r a c iona l puxo ,o que f i ca para a vida fe l iz entendida por este modo a af i rmao de que possve l achar a verdade , e de ai aconvi co de que o e s fo ro de p rocur - l a no i n t i limas aqui j o contedo do t e rm o d i fe ren te e comp lexo ) ; e en to a t e se ap roxima-se t angenc i a lmente dade L i cenc io , que na busca e no no achado ( mane i rade Less ing mas ca to rze scu los an te s ) faz i a cons i s t i r afe l ic i dade . D emai s , o p rpr io Santo A gos t inho , p ensa ndona ve rdade por e l e encont rada ao conve r t e r - se , a f i rmano f inal estar a inda longe de a lcanar a sapincia ( I I I ,x ix , 43) ; e s t por t an to , r e l a t i vamente ao que impor tasabe r , na fa se da inves t igao ; e embora se ju lgueimper fe i to , segundo a t e rmino logia a l i empregada , nose tem dec er to por infe l iz , pois enc ontro u o seu sent i do da v ida . Que r d i ze r, o que ve r dad e i ra me nte l h eimpo r ta jus t i f ica r a poss ib i l i dade do co nhe c im ento poruma ve rdade o r ig in r i a em que se fundem por h ipt e se ex i s t nc i a e va l i dade , subs tnc i a e r e l ao l g i ca . t salva a forma de expos io, o objec t ivo da soluo (?)ca r t e s i ana .

    I?

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    9/67

    O a jus tamento e r e sumo da a l tu ra da d i scusso , fe i tospor A go st in ho no f im do Livro I (C ap. x) e o seu apoioa T r igc io e luc idam bem sobre o seu pensame nto , sobrere l aes imp l c i t a s , que tomam a conhec ida fo rma de de fi n i es por pos tu l ados :i) S o sb io feliz (L m, 7).2) O sbio deve ser perfe i to (ibid.)3) Que m ign ora a verd ade no perfe i to {(ibid., 9) .4) Logo no sbio e po rtan to no fe l iz .Este concei to de fe l i cidade-racional -defini ve l socrt i co e depois estico , sem querer dizer neste caso queSanto Agos t inho o r e ceba de t a l fon te , dada a sua repu l sape l a pos io e s t i ca . N a e ssnc i a , a d i scu sso de Scra te scom Po lus e Ca l l i c l s [GORGIAS] o e s t a b e l e c i m e n t o d aconcepo rac iona l s t i ca (l) e normat iva da fe l i c i dade ;e a s ime t r i a comple ta com a d i scusso L i cenc io --T r igc io ao l ongo de e s t e d i l ogo , sobre a c i nc i a e avida fe l iz ; com a de Scrates e Eut fron [EUTFRON]sobre o bem, necessa r i amente amado pe los deuses , ou i nve r s ame nte co ns t i tu do por aqui l o que e l e s amam ;com a pos i o de Duns Sco t t e a de S . Toms , conf i ado o segundo na rea l i dade do bem-em-s i , a f i rmandoo pr imeiro ser o bem ex inst i tuto da l i v re vontade d iv ina .Como se v , a cade i a l onga e pode r i am busca r - se mai se l o s .Procurar a fe l i c idade com a i l imi tao do desejo , conduz impotnc i a pe lo l imi te da capac idade humana ,excepto se o esforo mesmo const i tui r a fe l i c idade dohomem; o que r e so lve r o p rob l ema por uma a t i tudeps i co lg i ca . A t i tude ind iv idu a l , no t eo r i a . P roc ur - l a

    ( l) N o devem confundir-se racionalstico e racional. O p r i meiro pode se r oposto ao segundo.1 8

    pe l a c i nc i a e pe l a r ennc i a a a t i tude nega t iva co r re s pondente : un i r emendo hbi l , no uma t eo r i a .O a l to , embora va r i ve l , coe f i c i en te de sub je c t iv idadeda chamada vida fe l i z como desprezve l pa ra SantoAgos t inho , co locado na l i nha da t eo r i zao rac iona l i s t a .A ssim , R om anian o ser ia infe l iz ( I , 1 , 2) ape sar de todasas honras e do thea t r icus plausus , se i gnorasse o que ve rd ade i ra men te a v ida fe li z. e sse o t em a do d i logoDE B EAT A VIT A , escr i to em um in te rva lo da execuo dost rs l i v ros C ONT RA AC ADMIC OS. A Santa Mni ca , mede Agos t inho , que re sponde pe rgunta do f i l ho , fe i t asobre af i rmao idnt ica do di logo CONTRA ACADMICOS,de que o homem deseja ser fe l iz : E fe liz quem tem o que de seja? Si bon a velit ethabeat beatus es t ; s i au t em m ala vel i t qua m vis habeatmiser es t . Se quer e possue o bem, fe l iz ; se quer omal , a inda que o possua desgraado (ro) .

    A g o s t i n h o a p l a u d e v i v a m e n t e c i t a n d o o HORTENSIO d eC c e r o , q u e t a m b m e m o u t r o p a s s o e s c r e v e u : Nihilal iud es t bene e t beat e v ivere n is i rede e t hones t e v ivere;mas a ide ia igua lm ente soc rt i ca e estic a . Pa r te da defi -n ib i l i dad e de vida fel iz . E o a rgum ento de Sa nta M ni cade que o homem que se conten tasse com ce r tos bens t e r i aa fe l i c idade no pe la posse do desejado mas pe la moderao do dese jo , ap l i ca - se r e f l examente ao sb io model a r que se ju lgasse fe l i z embora despo jado de qua lque rbem mate r i a l ; a sua fe l i c i dade e s t a r i a t ambm na a t i tude rac iona l i zada , n o na subs tanc i a l i dade do bem usuf ru do .O desenvo lv imento do rac ioc n io sobre e s t a baseexige a inda , como em um e out ro d i logo expre ssa m en te se l (c . A., I , i i, 9; DK . v., pass im) a d i s juno c l a ss i f i cadora fe liz ou infe l iz sem grad ao

    19

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    10/67

    ou e sca l a de in tens idade e sem var i ao poss ve l notempo .Li cenc io vac i l a como inexpe r i en te sobre uma t endncia de viso re lacional e jus ta da d i f i cu ldade , emboradepo i s se ja e smagado pe lo apa ra to b l i co da e rud io , epe lo r ea l i smo desor i en tador e s vezes um pouco e spessode T r ig c io , como se v nos seus exemplos e comparaes .A opos i o L i cnc io -T r igc io uma de mui tas fo rmasconhec idas do conf l i to en t re um pseudo- rea l i smo conce i tuai e uma intuio que se debate , por se aperceber deque o cont rad i to r e s t em e r ro e no sabe r como demonst r - lo , Se na mor par te dos casos no aproximamos ta isformas da sua raiz comum pe la distncia no tempo,pe la di ferena de tema (o que lhes d por vezes aspectode ques to pa r t i cu l a r ) pe lo mr i to r ea l ou supos to daspessoas ou por a lguns e r ros i nc lusos na a rgumentaode um ou de ambos os l ados e que subje c t ivamenteva lo r i zados pos i t i va - ou nega t ivamente bas tam a rea l a rou p re jud i ca r o conjun to de a rgum entao .Assim, no ser ia di f ci l mostrar por exemplo que ajus ta ob jeco de Ca l i c l s a Sc ra te s : fa la s segundoa l e i ao t r a t a r - se da na tureza e segundo a na tureza aot ra ta r - se da lei& reve l a que S cra te s passa sem t ran s i o do normat ivo ao rea l e r e c ip rocamente , como se domesmo p l ano fossem, ju lgando o conce i to ponte seguraem todos os casos . C e r t a c l a sse de conc e i tos comefei to ponte mas entre o empr ico e o racional , no entreexemplos e norma , o que cons t i tu i pseudo-ap l cao j ea ponte como ta l sempre mve l e subs t i tu ve l po rinsuficincia ou runa , o que Scrates no ace i tar ia .T amb m q uan do Eut f ron p re tende que * jus to ap enasse ja o que os deuses que rem no s cu lo xn i D uns Sco t tveio a re tomar a tese em sent ido cr isto Scra te s p re -

    2 0

    tende uma definio intemporal do justo , o *justo-em--s i* . D ef in i o impossve l* O d i logo no conc lu i .O que no di logo platnico parece t i rar fora srazes de Ca l i c l s , a ssen te s na in tu i o v iva de umarea l i dade ps i co lg ica , em pr im e i ro l u gar o e s t a r P l a t odo iado de Scrates e deixar ver que o seu oposi tor noLevaria ta lvez mui to ionge o escrpulo da injust ia seosse e l e p rpr io o agente e qua lque r ou t ro o pac i en te .Is to que no deveria ter s ignificao no caso torn a-seuma e spc i e de a rgumento ad hom inem cont ra a s r azes .O que t i ra a lgum valor ao raciocnio de Licencio , suaviso rpida e justa da rea l idade , em primeiro lugar asua inse gur ana de nefi to , e a ac e i tao do ponto depart ida: possibi l idade de defini r vida fe l iz ; em segundolugar os exemplos concre tos e de pura imaginao deque se se rve , t ambm nesse ponto de aco rdo com T r igc iocom qu em d i scu te . N essa d i scusso apare ce ( I, i v , 2 )o dup lo sen t ido da pa l avra e r ra r , co r re spondente aerror e a erro*. A definio de Lic enc io inc om ple ta ;basta notar que tanto erra quem toma o fa lso por verdadei ro como quem toma o verdadei ro por fa l so ; mas a deT r igc io de todo me ta fr i ca e i nadequada , como noDE BEATA vfTA a analogia da a l imentao da a lma e docorpo (8),E t an to ass im que Santo Agos t inho , ence r rando oLivro I cons ide ra i n t i l p rossegui r na d i scusso , de sdeque um e out ro Licenc io e T r igc io davam o m ximova lo r i nves t igao da ve rdade .

    6 ) A ques to concent ra -se po i s em d i l uc ida r osmotivos para af i rmar que a verdade a t ingve l , vistohave r a co rdo (que no demons t ra t ivo mas cons t i tu ium dos pos tu l ados in i c i a i s ) sobre a nece ss idade de p ro -2 1

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    11/67

    cur -l a Sendo os A cad micos os impu gnado res da t e se ,e havendo no grupo quem no ju lgue desa r razoada a suaop in i o Licenc io e Navg io impunha-se a an l i se ere fu tao da dout r ina a t r i bu da Nova Academia .No e sboo de d i scusso com Li cenc io , depo i s conve r t i do ao pa re ce r c ont r r io , A gos t inho , con vi c to com oreve l a ma i s t a rde , de que os Acadmicos nunca t i nhamnegado s ince ramente que a ve rdade osse a t i ng ve l , eapenas p rocuravam ocu l t a r o seu pensamento exac to aprofanos, insiste sobre o duplo absurdo de ia lar de veros mi l desc onhec endo o ve rdade iro e de po ss ib i l i dadede ag i r quand o o e sp i r i to no t enha dado assent im ento ,No parece haver for te razo histr ica para supor ta lhe rme t i smo nos se c t r ios da Nova Academia , an te s c r ve l que e l e s r ep re sentassem a fase cp t i ca r e l a t i va aodogmat i smo an te r io r ; mas os a rgum entos ap re s entado scontra os dois absurdos, assim como o aplauso defi -nio do verdadei ro dada por Zeno, merecem decer tore fe rnc i a .S a n t o A g o s t i n h o q u e r e c o n h e c e o t a l e n t o d o s A c a d micos e de C ce ro , seu grande comentador e admi rador ,s inonimiza de l ibe radamente ve ros mi l e provve l ,a l egando a compe tnc i a de uns e ou t ro em dar nome sco i sas e l embrando que eles assim t inham fe ito ( I I , xi ,26). No entan to a dvida de L i cGncio chama jus tamentea a t eno . Veros mi l e provve l podem equiva l e rem l inguagem corrente , onde est longe de r igorosa ad i s t i no en t re ve rdade e rea l i dade , como tambmocorre em alguns passos do di logo,P re c i samente , ve ros mi l ap l i ca - se a uma re l ao , auma proposio, e provvel diz-se do que pode ser , te rs ido , ou vi r a ser rea l . Verosmi l ca rac ter st i c a daa f i rmao ; provve l , ca rac t e r s t i ca do fac to a f i rmado .

    2 2

    Pode da r - se ou t ro sen t ido aos t e rmos , de ce r to , contan toque expl ici temos o uso que de e les vamos fazer ; mas ad i s t i no aqui e s t abe l e c ida , a ma i s p rxima do uso co r rente e a melhor ta lvez para o uso lgico dos dois te rmos,t em de faze r -se em qua l que r caso p orque bas i l a r ; a.s inonmizao fei ta pe los A ca d mic os e por C ceroimp l i ca pos i o d i fe ren te da de Agos t inho re l a t i vamente; i af i rmat iva de Zeno.Si tuados no passado a confuso fci l , pois de ixade have r e spec ta t iva poss ve l e a for t t or i confi rmao,pe lo que facto e afi rmao parecem assimptt icos.Por exemplo , h quase conve r t ib i l i dade en t re a p robabi l i dade de que os por tugueses t e nham chegado A m r i c aantes de Colombo, e a a i rmao verosmi l de que e lesdevem ter l chegado* M as no futuro , dom nio pr ivi le giado do provvel , e le no nem deixa de ser veros mi l , J A r i s t te l e s no ta ra que a ca t egor i a dup l a esuplementar do fa lso e do verdadei ro no se apl i caao fu turo co nt inge nte :No a l so nem ve rdade i ro que amanh chova noPireu.E pode ac re scenta r - se , se o conhec imento emp r i codo estado do tempo nos leva pe lo aspecto do cu, hoje ,a e spe ra r chuva amanh no P i reu , a a f i rmao ve ros mi l po i s se funda em conhec imento emp r i co v l i doembora no r igoroso ; e a v inda da chuva p rovve l ,pois se t ra ta de facto futuro.

    Em que pode o provvel vi r a ser objecto de af i rmao verosmi l , no sent ido est r i to , quer dizer , semelhanteao ve rd ade i ro? Em pode r v i r a se r ve rda de i ra a a f irmao que ^e lhe refere , A afi rmao do prov vel um afuno proposicional em que se conhece o domnio dosva lo re s das va r i ve i s mas em que a subs t i tu i o no pode23

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    12/67

    faze r - se i n t empora lmente pa ra va l i da r ou inva l i da r ap ropos i o .Di r - se - que a d i s t i no embora exac ta u l t e r io r enao fora e s t abe l e c ida pe los A cad m icos? O u que umaespc i e de d i s t i no t cn i ca , de r ivada da necess idade defixar domnio di ferente a dois te rmos anter iormente usad o s e m e q u i v a l n c i a ?Em qualquer hiptese e se jam quais forem os termosempregados , se e l e s se mant ive rem no sen t ido o r ig ina lapenas com modi f i cao do mbi to r e spec t ivo , c l a ro quepodemos pr de par te raciocnios em que e les apareamconfund idos , i n t enc io na lm ente ou no . Ent re ta n to a confuso dos dois te rmos no impede no di logo um esboode dist ino, logo apagado na fuso voluntr ia entre ove ros mi l r e l a t i vo ao conhec imento e o provve l ,r e l a t i vo ao conhec ido .

    7) Vagam ente ( I I , vm t 20) e apesar de ver a sua posi o apo iada por Agos t inho , T r igc io p re ssente a d i fe rena en t re os Acadmicos e o homem do exemplo agost i n i ano , que rea l i za em ca r i c a tura o a rg umento deca rc t e r f il o lgi co , pode r i a d i ze r - se con s i s t en te empergunta r como pode conhece r o seme lhante ao ve rdade i ro* quem o ve rdade i ro desconheceEste o absurd o endossado aos A cad mico s . S - l o -?S u p o n h a m o s d iz Agos t inho a L i cenc io (II , vn, 16)que um homem, vendo t eu i rmo e no t endo conhec idoteu pa i , de c l a re : Bem me t i nham d i to que so mu i topare c idos Quem no r i r ia de e le ?Ora o caso , como T r igc io pa lp i tou , no o mesmode modo a lgum. N o exemplo de Ag os t inho h a semelhana sensve l de dois objectos de percepo, que porisso apenas pode afi rmar-se por comparao percept iva

    24

    d i r e c t a . N o v e r o s m i l d o s A c a d m i c o s o u d e q u e m q u e rque se ja, t a l com parao no t em sent ido . A t su rp reend eum pouco ve r que Santo Agos t inho nes te passo no re ce i ea aparente faci l idade da objeco formulada, tanto maisquanto a sua cons ide rao pe los Acadmicos deve r i al ev- l o apesa r da d ive rgnc i a a supo r menor s imp l ic i dade no caso ,Com e fe i to , em que que uma ve rdade (ou umare lao verdadei ra , que o mesmo, pois em teor ia doconhec imento no se r e conhece ve rdade subs tan t iva ) separe ce com ou t ra ; ou em que que uma a f irmao se pa re cecom uma v e rdade ? Em se r ou pode r se r a ve rdade , agoraad je c t iva , seu p red i cado comum* S pode passa r - se deuma out ra por e l o demons t ra t ivo i nadmiss ve l pa rao c p t i co rad i ca i mas nunc a por seme lhana expre s so imagina t iva , aqui de s t i tu da de sen tido* M esmoquanto s verdades i r refutveis de que fa la SantoA gos t inho e a e l a s t emos de re fe r i r -nos a inda aseme lhana no t em s ign i f i cado nem a ve ros imi lhanaal i se estabe lece em funo de qualquer verdade defi n ida .A ide i a genr i ca e s por i s so apa rentemente s l i da , e s t a : S e n o c o n h e c s s em o s a l g u m a v e r d a d e c o m oconhece r amos e a t como bap t i za r amos o ve ros mi l ?Ora o Acadmico p re c i samente conte s ta a posse de umaverd ade po r fa lta de cr i t r io exacto ( l) , JE nes te ponto see sc l a re ce o mot ivo por que o Acadmico s inonimiza pro vve l e ve ros mi l ; po i s que sempre , i nev i t ave lmente ,se ver i f i cam factos , i s to , a lguma coisa se passa , o conhec imento emp r i co do que se r epe te d -nos p robabi l i dade

    ( i ) Jn lgo ter fe ito a p rova de e s ta ind i spe nsab i l idade do c r i t r io ,se ja qual for a noo da verdade , na Revista Filosfica, D .* 3-1051.3 5

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    13/67

    mas no ce r t eza de que se passem como prevemos ; aa f i rmao de que t a l se d po r t an to ve ros mi l . N es tecaso a ve rdade se r i a expre sso de encadeamento r go-roso i que t ambm a expe r i nc i a desmente , A verdade-- t ipo con cei to- imi t e de essa maior ou men or probabil idade; no , nunca foi , no pode ser base sobre queassente qua lque r ve rdade em qua lque r domnio .Que r d i ze r ; o concei to do veros mil ex ige um concei tode v e rdade , ma s no um a v e rdade achada (abso lu t a ) n emseque r a ex istncia de am a verdade. Nfto esquecer que umconcei to no pode deixar de ter sent ido mas pode deixarde t e r contedo . D igo uma verdade e no a ve rdade ,porque en to en t ra r amos no domnio do t r anscendenteem que l eg i t imo re cusa rmo-nos a en t ra r ne s te caso .Af i rmao ve rdade i ra e ve rdade so t e rmos s inni mos, exc luso e i t a do t r anscendente ; apenas o p r ime i rol i ngui s t i c amen te mai s ana l t i co . C omo se sabe , equi va l en te a i nnar a ve rdade de uma p ropos i o ou a f i rmara p ropos i o mesma. K o chamado em lg i ca princpiode assero.Ora e sse conce i to de ve rdade pode se r e r rado , comoo da ve rdade subs tan t iva ; e a t qua lque r supos ta ve r dade pod e ser um erro sem de ixar de serv i r de pon to dere fe rnc i a , de o r igem do ve ros mi l e do p rovve l . Qu andoos homens , e en t re e l e s A r i s t te l e s , supo se ram imposs ve l a v ida humana pa ra aqum de ce r t a l a t i tude , pe loca rc t e r t r r i do do c l ima o que fez so r r i r s c u los depo i sa lguns missionrios que sent i ram fr io nessa mesma zona par t i am de um a ide ia t i da por ve rdade i ra e t i r avamuma consequnc i a ; que nada t em que ve r com esse conce i to au to -cont rad i tr io a v e r d a d e * .S e q u i s e r m o s p r i v i l e g i a r q u a l q u e r v e r d a d e n e n h u m aout r a fo rma poss ve l seno a aven tura da me ta f s i ca

    2 6

    onto lgi ca ; n i sso conve rgem e no pode r i am de ixa r dec o n c o r d a r D e s c a r t e s e A g o s t i n h o ; s e f os se n e c e s s r i ove r i f i ca r a imposs ib i l i dade de uma ve rdade t r anscendente se rv i r de r efe rnc i a e base a ve rda des p a r t i cu l a re s;L hi s tr i a do sabe r e mos t ra r i a com suas i l uses r i d cu l ase suas suficiCncias grotescas ; mas no vale a pena, porqueta l ta possibi l idade de der ivao lgica ,D e modo que no podendo qu a lque r a f i rmao t r anscend ente se r padro ou mode lo o que jus t i f i ca r i a , pe lomenos , p ragmat i camente , a sua inco rporao s i s t emt i ca , o problema no deve pr-se nem tem sent ido re la t ivamente aos A cad micos , de sc onhec edore s de aque l a ve r dade que no l he s t i nha s ido reve l ada e por t an to nopode se rv i r de ponto de pa r t i da cont ra e l e s . A d i scusso s po r t an to admiss ve l no p l ano das ve rdades c i ent i fi cas ou f i losficas. T ud o mais c o late ra l ,E aqui se desa r t i cu l a o d i logo , po rque a r e l ao daprimeira parte (onde se fala de vida fel iz, da posse daverdade, do conhec imento das co i sas d iv inas e humanas ,da de f in i o abso lu tam ente i nde fensve l de c i nc i a , dadapor T r igc io I , vn ) com as out ras duas , pode se rte leolgica e t i ca mas no de forma a lguma l igaolgica .

    I I9 ) Pospondo o que n o s Livros segundo e t e r ce i ro

    pene t rao do p r ime i ro , no l t imo se concent ra a an l i seda pos i o dos Acadmicos e Agos t inho desenvo lve asua t e se em d i scur so seguido ,Apesa r do aco rdo em pr inc p ios comuns , como se vna definio de sbio e fi lsofo, desenha-se a oposio en t re Agos t inho e A l p io , como ante s se p roduz i ra27

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    14/67

    ent re aque l e e L i cenc io , que sa lvos os exemplos ana lg i cos e imprpr ios com razo a f i rmara no pode rem e l e smesmos , os i n t e r l ocu to re s , cons ide ra r - se i n fe l i ze s , apesa rde nada t e rem encont rado no t e rmo da d i scusso an te r io r .Como para mos t ra r que a a r t i cu l ao en t re a s duaspartes do di logo se fazia em plano di ferente , e era port an to i l usr i a , Agos t inho vo l t a a a cen tua r que o separados A cad mic os ju lga r e l e m esmo p rovv e l e e l e s improvve l o a ch ado da ve rdad e . N o que e l e a t enha encont r ado , mas o sb io pode r descobr i - l a : illis probabilev isum es i vcr i ia t em non posse com prehendi m ihi au iemnondum qu idem a me inv en t am inven i r i t amen pos se asapien t e v ideatur ( I I I , m, 5) .Es ta improbabi l i dade po i s pa ra os Acadmicosre su l t ado de uma induo , t a l vez aventurosa mas norma lcomo p rocesso , r e fo rada pe l a ve r i f i cao re su l t an te deap l i ca r concre tamente o c r i t r i o de Zeno ; o n o n d u m ame i nv en t am t ransform a a af i rmat iv a ago st inian a eminduo seme lhante , a pa r t i r das ve rdades d i a l c t i cas ,e s t re i s pa ra conc luso a f i rmat iva , como e l e s pa r t i am dai l uso e do e r ro , pa ra conc luso nega t iva ; e se e l e p rp r io no a encont rou s pode ju lga r p rovve l que o sb ioa enc ont re por um ac to de f , de que os A cad mico s nop o d i a m c o m p a r t i l h a r .J an te s , em out ro passo ca rac t e r s t i co do d i logo l l , nrf 9) Santo A gos t in ho d i z que s se sabe a lgum aco i sa quando a sabemos como que um mai s do i s ma i sc rs ma i s qua t ro so dez . E ac re sc enta : M as no ju l g u e i s . . . que a verdade em fi losofia no possa conhecer-sede essa forma.Es ta du p l i c id ade a ve rdade , ca rac t e r s t i ca ad je c t ivada p ropos i o ve rdade i ra , e a ve rd ade sub s tan t iv a informa todo o di logo e domina a marcha da refutao;

    28

    mas o t r ns i to da p r ime i ra pa ra a segunda (que a t osAcadmicos pod iam ace i t a r como h ipte se , cons ide -rando-a i r rea l izve l por no ace i tarem a pr imeira) nopode e e c t i va r - se r a c iona lmente ; e Agos t inho d i z comr a z o : plus a dhuc / ide concep i quam ra t i one com prehend ilid. 11, 4).Par t i r de a f i rmaes t i das por ev idente s pode l eva rconcepo (e ob teno) de ve rdade abs t rac t a e ge ra l ,no de ve rdade subs tan t iva .Pode r i a L i cenc io nes ta a l tu ra , r e co rdando o co lquioa n t e r i o r , a l e g a r : Logo s i n fe l iz , po rque no a en co nt ras t e e a indaa p r o c u r a s .E en to p rovave lmente o a rgumento cont r r io emrespos ta se r i a o de que encont ra ra aque l a ve rdade sobretodas impor tan te , a ssunto p r inc ipa l do DE I KATA VITA;l i ca r i a nesse caso bem esc l a re c ido o que no d i logo ev idente como in tu i to e como contedo ge ra l , emborave l ado na fo rma d i a l c t i ca da expos i o : que tudo quantoa l i apa re ce como conc luso d i scur s iva cons t i tu a ao invsponto de pa r t i da p l enamente ace i to por v i a d i fe ren te ; eque a rac iona l i zao de a lgumas p ropos i es , i ndependentem ente da a rgc i a e do t a l en to com que se r ea l i ze , eoperao di ferente da que leva por via lgica est r i ta au m a c o n c l u s o d e m o n s t r a d a .Es ta h ipo t t i ca r e spos ta de L i cenc io t e r i a a inda out raimpor tnc i a : e que no momento da dec l a rao de Agost i nho de que o sb io pode r encont ra r a ve rdade j nose t r a t a da ve rdade t r anscendente mas de uma ve rdadegera l e por assim dizer medianei ra para at ingi r aque laque e l e p rpr io , Agos t inho j encont ra ra pe i a f . Usandouma frase sua neste di logo, Agost inho poderia dizer aoseu sbio conjectura l , ou dizermos ns por e le , parafra-

    2 9

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    15/67

    seand o-o : A cha , se podes , u ma ve rdade med iane i ra ,capaz de se r ponte en t re uma ex i s t nc i a t r anscendenteque no verdadei ra nem fa lsa mas s rea l ou i r rea l ,pois s a af i rmao de ex istncia pode ser fa l sa , duvidosa ou ve rdade i ra ] e a s ve rdades que p rocuramos nonosso conhec imento ;A l p io e s t abe l e c e d i s t i no en t re sabe r e ju lga r sabe r ,ident i f i cando sapincia* com invest igao e dst in-guindo-a por tan to da ve rdade . Embora pos ta ma i s agudamente , a i de i a a mesma que L i cenc io no conseg uiude fende r ; mas Agos t inho ins i s t e pe l a r e spos ta ca t egr i ca ,fo rmulando ass im a pe rgunta : Parece - t e , s im ou no , que o sb io conhece as a p i n c i a ?Al p io , ape r t ado pe i a i ns i s t nc i a mas sen t indo obscuramente , ao que pa re ce , que o p rob l ema no compor taaque l a so luo d i l emt i ca , r e sponde : Se ex i s t e um sbio c omo a razo no- lo ap re senta ,e l e conhece a sap inc i a .A g o r a a c o n c l u s o a g o s t i n i a n a : Por tan to , ou a sap inc i a nada ou a r azo desconhece o sb io desc r i to pe los Acadmicos*10) Com a l ibe rda de f i losfica rec onh ec ida por San toAgos t inho e por e l e l ouvada em T r igc io , poss ve lr e c o n h e c e r q u e A l p i o , e m b o r a c o n t r a v o n t a d e , c o n c e deu mai s do que devia e Agos t inho conc lu i mui to rap ida mente sobre t a l concesso . A l p io pode r i a t e r - se r e cusadoa cons ide ra r a sapincia uma co i sa que o sb io conheceou possu i , cons ide ran do an te s a pa l avra como r ea l m e n t e n o m e a b s t r a c t o d a q u a l i d a d e a t r i b u d a ( e s u s cep t ve l de grau) ao homem de ce r to t i po de menta l i dade ,quando a t in ja h ipo t t i co n ve l de i n tens idade ou vas t i do , no de te rminve l exac tamente* Nes te sen t ido e s

    30

    nes t e a sap inc i a a l guma co i sa , i s to , sabemos o s ign i ficado do termo*Pode por tan to ace i t a r - se a a f i rmao de A l p io se osbio como a razo no- lo apresenta* for apenas a desi gnao do sbio ideal em funo dos sbios mais ou menosprofundos que a observao nos mostra , e a sapinciao l imi te de e ssa qua l i dade ca rac t e r s t i ca do sb io* O quetan to va l e como d ize r que o sb io como a razo no - l oapresenta no difere e o sb io co mo a imag inao nossugere . E c o m o n o p e n s a m e n t o d e A g o s t i n h o s e m p r ea sua verdade fundamenta l que est no ncleo da sapincia (v, g* I I I , vi) i sso co rresp ond e a af i rmar q ue nun ca nomundo houve sbios antes de e la ser possve l , nem depois ,se e la no lhes for nuclear .No en tan to A l p io , a inda que fugid i amente , consegueapreen de r o a rgum ento que no caso to rna r i a i n te i s todosos d i logos com soas c i r cunvo lues acumuladas e a indaq u a n d o s i n c e r a s , d i l a t r i a s e p e r t u r b a d o r a s ; q u a n d oaf i rma ( I I I , v , 12) quu ss Acadmicos podem compara r - secom Prote io , s possve l de apanhar com o aux l io de umn u m e ; e c o n c l u i : Que e l e venha most ra r -nos a ve rdade p rocuradae confe ssa re i que os A cad mico s fo ram venc idos , o queno creio*Es ta a r e spos ta r ad i ca l t e se da ve rdade subs tan t i vada* No vale a pena discut i r com esforo se e la ou noposs ve l , em que cond ies , sobre que p l ano ou em quebase . Tudo se r r e tr i ca , e s uma p rova nes te caso adequada : ap re sent - i a ; enquanto ass im no fo r h d i re i tode se r cp t i co , mesmo sem re cur so s r azes ho je c l a rasem que se mos t ra o cont r r io ,Impor ta a inda no ta r que a r eduo in te rp re ta t iva ee squemt i ca das a f i rmaes dos Acadmicos frmula

    31

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    16/67

    de q ue o sbio nada sabe ( I I I , iv , 10) lhe d o aspe ctov io len to de a f i rmao au to - con t r ad i t r ia , e o senso c omumope-se- lhe i r r edu t ive lmen te nessa fo rma ; mas t r a t a - sede uma fa lsa passagem ao l imite , po is se sbio pordef inio aquele que sabe, saber fora do uso corr en t e no pa lav ra un voca . Se qu is s semo s emprega rl inguagem de t ipo cous i f i can t e ( a nosso ver sempreer r ada ) poder amos a f i rmar , d e a co rdo com a h is t r iada c inc ia , que a sap inc ia aque la a t i t ude po r queo sb io comea a duv ida r do que lhe pa recera exac to ,enquan to de a co rdo com o senso comum.H decer to uma so luo ; mas es sa cons is t e em mod if icar o conceito do saber f a c to co r r en t e po r ex ignc iade p rec i so e necess idade de genera l iz a r e de modonenh um em con te s t a r inu t i l me n te o p rogresso da dv i da .P o r q u e o c o n h e c i m e n t o exacto pa rece fug i r -nos que or igo r se nos t o rna cada vez ma is p r ec io so . O no poderh a v e r m e d i d a s e x p e r i m e n t a i s a b s o l u t a m e n t e e x a c t a s l e v a de l i cadeza ex t r em a das m ed ie s ; e se a lgum v iessed izer -nos que a ex is t nc ia de uma med ida t r anscenden teexac t a que dava sen t ido s nossa s , t eo r i camen te semp re imper fe i t a s , no hes i t a r amos em cons idera r a a f i r mao des t i t u da de sen t ido .

    n ) Se uma va r ive l t ende pa ra um l im i t e f in it o ,es se l im i t e um dos e lemen to s da compreenso que dee la t emos , a s s im como o con jun to o rdenado de seusva lo res poss ve is nos d a in t e l ig ib i l idade do l im i t e ;mas ao pa sso que no domn io bem es t ru tu rado doconhecer a r e lao no se a l t e r a , em meta f s i ca semp re poss ve l e t em s ido f r equen temen te p ra t i cado c o n s iderar o l im i t e o r igem da varivel e sua in t erpre taocausa l .32

    Qu ando D esc a r t es a f i rma que t emo s a ide ia do per -leito, de aqu is io imposs ve l pe la exper inc ia , f a la comev idnc ia p lena , quase d iz um t ru smo no que se r e fe r e; i uma exper inc ia per fe i t a , i s t o , d e r esu l t ado abso lu to ;ou t ro t an to no pode d izer - se quan to a t e rmos ide ia doperfeito. A n oo do perfei to um a var i ve l que tendepa ra o in f in i t o e a que no a spec to imag ina t ivo , con t r ad i t o r iamen te , quere r amos a t r ibu i r l im i t e f in i t o . A noodo perfei to no pode em verdade provir da exper inc ia d i r ec t amen te po is o per fe i t o no exper ienc ive l ,m a s ta m b m n o c o n c e b v e l e s t a t i c a m e n t e ; n o e n t a n to ,c ia exper incia se par te para a noo de var ivel de l imiteigua l ao inf inito ; demais nesta ideia do perfei to fun-d iam-se pa ra D esc a r t es como pa ra t odos um a spec tova lo ra t ivo e um a spec to de r ea l idade .D e modo que ao ver D esc a r t es con s idera r a ide ia doperfeito produzida - a l i s mis t e r i o sam ente pe la per fe io t r ansc end en te r ea l , nem todo o seu gn io pode j n,od i r e i demons t r a r mas sequer f azer a ce i t a r como s l ida asua afirmao. to fa lso fa la r da perfeio-or igem 5es t t i ca , t r anscenden te e con t r ad i t r ia , como a f i rmar quena sr ie dos nmeros inteiros o f ina l da sr ie que dor igem e sent ido s nossas sr ies rea is , que foram objectode especu lao mui to s s cu lo s an t es de poder se r o in f i n i t o ba se especu la t iva .S imet r i camen te , t an to a ide ia de p rovve l nodepende da de cer to que o c l cu lo da s p robab i l idades ,in comparve l no r igo r com a vaga noo sub j ec t iva dot empo de A gos t inho , a s sen t a ho je p r e fe r en t em en te noconhec imen to da f r equnc ia , onde no h luga r pa ra apriori c o n d i c i o n a n t e o u c a u s a l i d a d e e s t r i t a ; e as s im ocer to* (p robab i l idade igu a l a 1 ) ca so espec ia l do p rov ve l - N o que se t r a t e apenas de conc epo espec u la t iva ,

    33

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    17/67

    mas por ser na rea l idad e a zona do pro vv el incompa-Jr ve lmen te ma is va s t a , como a da op in io mui to ma teamp la do que a da c incia* Por isso a verd ade-o r igem uma i lu so , co r r esponden te ao conhec ido p ro cesso de it ransformar em pr incp io {muita vez sem ap licao t i l )o que no pode a t ing i r - se como con c lu so . Que ser ia )da navegao sem a f ixidez da es t re la po lar*? p e r g u n t ava um d ia a rgumentando , um poe t a enamorado da verndade subs t an t iva como t ipo e j u s t i l i cao da verdadere la t iva e pa r t i cu la r . In fe l izmen te pa ra o a rgum ento aest re la po lar nao f ixa , o que no impediu que poi ls cu lo s e a fo sse o r ien t ado ra da navegao .Poder d izer - se quan to s t eo r ia s da p robab i l idadeque se e la s so verdade i r a s , a lgo sabe quem as sabe*E o a r g u m e n t o e s s e n c i a l d e S a n t o A g o s t i n h o , e s p e c i a l men te desenvo lv ido ao examina r a def in io dada po rZeno , o es t ico . Imp or t a po r i s so exam ina r es t e pon to , Se a def inio verdadeira , d iz e le (111, ix ) quem aconhece a lgo verdade i ro conhece , a inda quando ma isnada conhea ; se f a l sa no deve t e r aba lado n imosfor tes (Sin fa l sa non debui t con s tan t ss imos com m overe) .Ponha-se de par te a fora ou f raqueza dos nimosque no es t em causa e nada in t e r es sa va l idade dadef in io , A ce i t ando -a , como exp re ssame nte dec la r a ,A g o s t i n h o c o n c o r d a c o m o c r i t r i o d o s A c a d m i c o s ;O verdade i ro nada deve t e r comum c om o fa l so . * Sabe- seho je da Lg ica e lemen ta r que o f a l so imp l i ca o verda deiro e que a rec proc a falsa* N o ser aspec to suf ic i e n t e d e c o m u n i d a d e p o s s v e l ? N o o s e r i a m t a m b mteor ias c ient if icas de as t ronomia ou de f s ica em que verdades e e r ro s e r am e lemen to s da cons t ruo ? No podemsM o os devane io s p t agr i co s ( j u s t amen te quan do e lesp re t end iam pa r t i r da s sua s concepes pa ra a r ea l idade)

    \ cons t ruo p to lema ica , o ec lec t i smo r eg ress ivo deTycho -Brahe , o e r ro da fo ra v iva , de Desca r t es , a m is tu ra de verdade e e r ro na s ide ia s f ecundas de Ca rno t , et an to s ou t ro s exemp lo s , s em con ta r o que t ambm b om e x e m p l o o r e n a s c i m e n t o e m f or m a n o v a d e t eo r ia s an t e r io rme n te pos t a s de pa r t e? E se aque le nadacomum no r espe i t a ao domn io da lg ica pu ra nem ao-lo saber conc re to , onde se ver i f i ca es sa negao r ad ica l ?M as diz San to A gos t inho ( I II , ixf 21) que nada haver ia a opor se a lgum pedisse a demonst rao de que 3prpr ia def inio pode ser fa lsa . Por que se ta l fosse poss ve l ces sa r ia o obs t cu lo per cepo jus t a ; s e no fo sseposs ve l t e r amos nesse ca so uma p ropos io ce r t a .O que no pa rece exac to , A demons t r ao da f a l s i dade da def inio provar ia apenas que ter ia de modif i-ca r - se a concepo do verdade i ro , supos t a a necess idade-que no ex is t e de t a l d e l in io p r v ia , que nessaorma s pode const i tu ir uma espcie de molde ou idea lep is t emo lg ico , inap l i cve l , p r e jud ic ia l e ho j e p r e jud i cado . Com e le se r ia in compa t ve l , po r exemp lo , o m todoitxiomt ico .Po r ou t ro lado , a imposs ib i l idade de dem ons t r a r que1 p ropos io f a l sa t ambm no t e r ia como consequnc ia a sua verdade mas a poss ib i l idade de se r verdade i r a ;a sua p robab i l idade aumenta r ia com o emprego t i l comopos tu lado da t eo r ia do con hec imen to . A ss im a p ro pos io po r h ip t ese c r i t r io* idea l de conhec imen tov l ido sem ser e la mesma conhec imen to n o m e s m o s e n t ido, O pa recer j u s t a a homens de op in io con t r r ia , opoder conc lu i r - se de e la con t r a a poss ib i l idade do conhec imen to verdade i ro (Acadmicos ) ou a f avo r de es saposs ib i l idade (Agos t inho ) p rova a suaambigu idade quan to10 conhec imen to e po r t an to a sua insu f i c inc ia e inade-

    34 35

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    18/67

    quao . S a ap l i cao pode r i a mos t r - l a fe cunda o uint i l e cone r i r - i he ve rdade i ro s ign i f i cado .Enquanto o Acadmico d i z : e l a ve rdade i ra , e a ce i -t ando-a como c r i t r i o conc luo pe l a imposs ib i l i dade doconhec imento exac to , i s so mos t ra que e l e a u t i l i za comobase metodolgica e faz depender da ver i f i cao saberse e l a se ap l i ca pos i t i vamente a a lgum conhec imento .S a n t o A g o s t i n h o t a m b m a c o n s i d e r a v e rd a d e i r a porqueh conhec imentos que nada t m comum com o fa l so .E c i t a exemplos .12} Exempl i f i ca r pode pa re ce r nes ta a l tu ra ob je ct i va r . , mas no sa t i s fa to r i amente . Supon do i r r e fu t ve i s os exemplos aduz idos , c l a ro que e l e s no podemse r base , como vamos ve r , pa ra i nduo segura ; e a ss im,a inda quando o pa re ce r dos Acadmicos f i casse r e fu tadoquanto i n t e rp re tao , consequnc i a t o t a l que da defi

    n i o t i r avam, nem por i s so a pos i o de A gos t inho , quee le reconhece no ser defini t iva , f i ca a l te rada em qual que r sen t ido ; pode cont inuar a a cha r provve l a descobe r ta da ve rdade .No pa re ce mui to a p rops i to c i t a r a rgumentos t i r a dos de i l uses dos sen t idos , do sonho , da a luc inao , j por t r a t a r - se de p rob l ema se cundr io , j po rque as a l e gaes dos Acadmicos embora d ignas de a t eno , med i tao , e resposta , no t inha m intere sse igua l ao do seucr i t r i o genr i co de e s t abe l e c imento da ve rdade . A penasimpor ta l embra r que no u l t r apassa r a convi co de que -as coisas nos parec em de cer ta forma (111, x , 26) parano e r ra r , no ponto de pa r t i da pa ra r e fu ta r os A ca d micos ; an te s fo rma pa r t i cu l a r d e con corda r com e l e s ,por sing ula r que parea . Pois se sob re a fa l s idade d aaparnc i a em par t e a ssen tava a sua re cusa de da r a ssen-

    36

    imento , l imi ta r a a f i rmao a e ssa mesma aparnc i a e l iminar a rb i t r a r i amente a ques to .C l a ro que , po r exemplo ao saborea r um f ru to , umhomem pode afi rmar com razo que e le tem paladarsuave ; e nenhuma a rgumentao grega pode desv i - l ode e sse conhec imento ( I I I , x , 26) ; mas t ambm ce r to|ue o conhec imento das impresses r e ceb idas , va r i ve i scom o suje i to , e a t var iveis no mesmo suje i to , comoS a n t o A g o s t i n h o r e c o r d a (id. iidj no t m o ca rc t e robje c t ivo , ex ig ido pe lo c r i t r i o em que ambas as pa r t e sconc ordavam. A a f i rmao ve rd ade i ra mas no comum e obr iga tr i a e a e ssas se r e fe r i am os Acadmicos .E se o bode guloso das fo lhas do zambuje i ro , to amargas pa ra o homem (out ro exemp lo c i t ado) i sso p rovaque para o bode , se e le pudesse exprmir-se , ser ia fa l sa: af i rmao de que e l a s so in t rag ve i s . N a ve rdad e oaxemplo dos sen t idos no pa re ce adequado ; a rma de^ume dup lo , pe lo menos ; a i nd i scu t ib i l i dade de t a i sa f i rmaes e s t na sua re l a t i v idade , ou me lhor , na suas u b j e c t i v i d a d e .

    13) Tam en qu od Zeno def in iv i t q uan tum s tu l t i possu-mus , discui iamt t s (III , ix, 21).O t a m e n do incio de este pargrafo resul ta da i roniaem que no an te r io r Santo Agos t inho acentuava a cont rad i o j a l ud ida : se r sb io e i gnora r a sap inc i a .O ra , em prime iro lugar , a l i no h definio. Spode ace i t a r - se como ve rdade i ro o que no t enha qua l que r apa rnc i a comum com o fa l so (Id visam ait possecom prcheud i qu od s ic appare re t u t f a ls um appare re nonposset) . No se define aqui o fa l so , o que impl ici tamentese r i a def ini r o ve rdade i ro e r e c ip ro cam ente . A dmi tem -secomo noes p r imi t ivas e i r r edut ve i s a s de ve rdade i ro37

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    19/67

    e fa l so ; e supondo-as abso lu tamente adequadas r ea l i dade , e s t abe l e ce -se um cr i t r i o genr i co de d i s t i nop a r a em dom n io de t e rm inado pode r d i s t i ngui - l os . Faz -seimp l c i t a a f i rmao ex i s t enc i a l ; concebe -se d i s t i no d i l e -mt i ca r e l a t i va r ea l i dad e ; e nega-se depo i s a e f icc i a doprocesso , a poss ib i l i dade de d i s t i ngui r r a c iona lmente a sduas pontas do d i l ema , a ve r i f i cao no concre to de e ssaimpos s ib i l i dade t er ica . Em re su mo : a f i rma-se um cr i t r i o i dea l ; con te s ta - se - l he ap l i c ab i l i dade . A p rova deque ass im d -no- l a a a ce i t ao in tegra l po r ambas aspa r t e s , do c r i t r i o de Zeno ; a cont rap rova t emo- l a nad u p l a c o n c l u s o o p o s t a .Chegados a e s t e ponto o p rocesso de an l i se e d i s cusso parece deveria ser o exame das noes de fa lsoe ve rdade i ro , i n tu i t i vas , i ncompat ve i s , sup l ementa re s ,no pensamento de todos ; e em consequnc i a ped i r c re denc i a i s a um cr i t r i o a f i rmado como idea lmente v l i do , ,e r eve l ado como ambguo na ap l i cao ; mas t a l caminhono ocor reu , a ss im como durante scu los fo i imposs ve lpr em discusso ou suje i tar anl i se as de causa ee fe ito. C omo o c r i t r i o de Zeno assenta na va l i dadein tegra l da b iva l nc i a l g i ca ( e r ea l ) nem podia ser deout ro modo e c o m o a S a n t o A g o s t i n h o s u c e d e u o u t r o -t an to , o re cur so agos t in i ano s pod ia se r o da ve rdadet ranscendente , a fuso de ve rdade e rea l i dade noacumen da s r i e h i e r rqui ca de ve rdades ; po r i s so a l egacont ra os Acadmicos a ve rdade de aque l a p ropos i ode Zeno , que se r i a s imul t aneamente de f in i o e exemplod o q u e p o d e c o m p r e e n d e r - s e : I taque comprehens ibi l ibusrebus e t def tn i t io es t e t exem plum (id. , ibid.).Exemplo pa ra os Acadmicos no pode se r , po rque ni ca . D e f in io , v imos que no . Santo A gos t inhoexamina-a como se se t r a t a sse de uma p ropos i o au to -

    38

    - r e fe renc i a l subs i s t en te e por t an to i r r e fu tve l , mas a f i rmaque se fosse fa l sa servi r- lh e-ia de igua l modo, por que n opode r i a nesse caso conte s ta r - se a poss ib i l i dade de umc o n h e c i m e n t o ( a b s o l u t a m e n t e ) v e r d a d e i r o : s i au t em refe l - er is unde a percipiendo impediaris non habes . u m a v a r i e d a d e d o a r g u m e n t o m u l t i p l a m e n t e u s a d ocont ra cp t i cos e p robabi l i s t a s .A p ropos i o uma fo rma de r iva da por se r umcr i t r i o da a f i rmao de ca rc t e r cp t i co (ou pseudo--cp t ico ) de que nada ve rda de i ro em abso lu to . Sees ta p ropos i o ve rdade i ra diz-se e l a mesma noc v e r d a d e i r a e m a b s o l u t o ; p o r t a n t o a u t o - c o n t r a d i t r i a .Sendo ass im te r amos a conc luso de ser a sua fa lsidadecompat vel com a s i t a veracidade. E s t e r e s u l t a d o m o s t r aque se cons t ru iu um paradoxo por confuso ve rba l .Em pr ime i ro l ugar a s in taxe , com o su je i to i l usr io evago nada pde a t ra i oa r a Lgi ca ; se de rmos proposio outra forma de perfe i ta equivalncia lgica ,por exemplo : ve rdade abso lu ta uma cont rad io noste rmos , o pa radoxo desvanece -se , a p ropos i o ve rda de i ra ; em segundo l ugar o t e rmo em abso lu to , tomadol i t e ra lmente , fa l se i a a expre sso , l evando a cons ide r - l ae l emento cont rad i tr io de um conjunto quando podetomar -se como expre sso ( ce r t a ou inexac ta ) de induocom ple ta r e l a t i va a um conjunto . C aso an logo ocor reem ce r t a s expre sses a lgbr i cas ou l g i cas onde o c l cu lod i re c to pa ra ce r to va lo r da va r i ve l d em re su l t ado umainde te rminao ; mas a i nves t igao do ve rdade i ro va lo rd- lhes va lo r de te rminado .Se c e r to que em M atemt i ca e em Lgi ca su rg i ramparadoxos (a lguns no entanto j resolvidos) fora das cinc i a s exac tas pode surg i r mui to mai s fa c i lmente o pa ra doxo ou a i l uso do pa radoxo . N a f rase a lud id a expr ime-se

    39

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    20/67

    uma c onsequn c ia de ce r t a conce po da verdad e , e aincompa t ib i l idade da concepo r e la c iona l e func iona lcom a a ce i t ao de um conhec ime n to abso l u to . N adama is s imp les , c e r t o , e c la ro do que o an t es e o depo is ,q u a n d o r ef e r e n c i v e i s a c o o r d e n a d a s c o n h e c i d a s . T os imp les e t o c la ro que se j u lgou abso lu to , a t o momentoem que a amp l i t ude do domn io cons iderado mos t rou aimposs ib i l idade da genera l iz ao i l im i t ada .Po r t an to o que poder ia con t r apo r - se que la a f i rmaono e r a o f a c to de se r con t r ad i t r ia , po r ab rang ida nare lao que enunc ia ; mas a ap resen tao de um conhec i m e n t o a b s o l u t a m e n t e v e r d a d e i r o ( e n o a p e n a s t o ta ism e n t e , em domn io def in ido ) e i s so que con t r ad i t r io ,A t ese dos Acadmicos ( e a f rmu la de Zeno t ambm"co r r espond iam , embora com rea l iz ao imper fe i t a e semconhec imen to c la ro , t en t a t iva de sepa ra r do que cha mar amos ho j e a ax iom t i ca de uma t eo r ia , o conhec i men to exac to em domn io defin ido . D a ma tem t i ca pded izer - se que exac t a quando puro especu la t iva , inexac t aquan do ap l i c ada ao r ea l ; o que no impede que fossedese j ve l em mui to s domn io s a ap rox imao po r es semeio ob t ida . E o s a rgum entos c on t r a a va l id ade da a fi rmao an t e r io r , po r v c io quase c i r cu la r poder iam faze il e m b r a r a c o n c l u s o d e G o n s e t h : O que v i c io so ai d e i a d e u m a d e m o n s t r a o c o m p l e t a m e n t e r e c o r r e n t e ,14) R e s ta a d i a l c t i c a d i z S a n t o A g o s t in h o J

    O sb io decer to a sabe bem e n ingum pode saber dfalso.Ser ce r to que o sb io embora o sb io segundo umdc o n c e p o d e t e r m i n a d a e m u i t o d i s c u t v e l s a b e b e m adialct ica? N o es t a r aq u i ( I I I , xn i , 29) a d ia l c t i ca , a s s idc o m o a n t e s a s a b e d o r i a , a r b i t r a r i a m e n t e c o u s i f i c a d a l4 0

    O s b i o s a b e a d i a l c t i c a ? O u n o d e v e m o s te r p o rsb io quem no se j a d ia lec t a ?Ningum pode saber o fa lso, is to , o fa lso no podeser ob j ec to de conhec imen to exac to ; mas se t odos podeme r r a r m e s m o s e m l i c e n a d e T r i g c i o to d o s p o d e mju lga r saber e po r t an to em sua op in io saber o que ju l gam verdade i ro e f al so . Vo l t a r amos t ese dos A ca d micos da ind is ce rn ib i l idade en t r e o f a l so e o verda de i ro . A a f i rmao apen as cons is t e em d izer -nos o quedeve ser o saber m as no c r i t r io d i s c r im ina do r . E devese r po rqu? Pe la t r ans fo rmao ap r io r s t i ca da incompa t ib i l idade r e la t iva e es ca la r que r a c iona l , em incomp a t i b i l i d a d e a b s o l u t a o u c o n t r a r i e d a d e i r r e d u t v e l , ees t t i ca , ex is t en t e na s co isa s . Sobre es t a ba se deco r r e aa rgumentao de Sc ra t es no Protgoras , q u e a p e r t a d ope la in s i s t nc ia de Sc ra t es a ce i t a con t r a von tade a un i c idade do con t r r io e se v depo is i l aqueado pe la conces s o ; mas a p rova de que o a rgumento no pa rece dec i s ivo: t P la t o cons is t e em que o d i logo verdade i r amen te noconc lu i e a t ese de Sc ra t es f i ca suspensa .E n t r e t a n t o e m qu e c o n s i s t e m f u n d a m e n t a l m e n t e a q u e la s verdades d ia l c t i ca s sem qua lquer in c idnc ia lg icacom o fa l so ? Em d is jun t iva s i r r e fu t ve is que o p rp r ioA g o s t i n h o , s e m r e c e i o d a a b u n d n c i a , d e c l a r a p o d e r e mrepe t i r - se quase i l i m i t ada me nte : Se h um so l no hd o i s ; a q u i n o s i m u l t a n e a m e n t e n o i t e e d i a ; n e s t emome nto ou es t amos a c o rdados ou a do rmir , e t c .fui, XIII , 29].Diz que pe la d ia l c t i ca f i cou sabendo , nos exemp loscomo o p r imei ro , que a s sumido o an t eceden te , d e neces s idade se segue o cond ic ionado ; nos do t ipo do t e r ce i ro ,que uma (ou ma is ) pa r t e da d is juno uma vez negada ,a ou t r a se r verdade i r a .

    4 1

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    21/67

    Pode r i a exam inar - se t a l vez se um co nhec imento dad o ou no de mo da l idade d i a l c t i ca e o sen t ido poss ve l dees ta a f i rmao ; o que ce r t amente me ta fr i co a a f i r mao de que a dialct ica ensin e se ja o que for . M as vol t e m o s a o s e x e m p l o s :O p r i m e i r o e x e m p l o e q u a i s q u e r o u t r o s d e i g u a le s t r u t u r a no p ropos i o cond i c iona l ; d i s jun t iva ,pos ta em i l usr i a fo rma cond i c iona l , a qu e se a t r i bu i nocond i c ionado fa l sa p re c i so po i s qua lque r nmero se r vi r ia ; reduz-se a o sol um ou so mais , af i rmaotau to lg i ca e no p l ano ex i s t enc i a l em que apare ce , decomple ta e s t e r i l i dade . Por e sse ca rc t e r ex i s t enc i a l subst i tu na t r aduo a fa l sa apa rnc i a de p red i cao pe l aa f i rmao de ex i s t nc i a ; o no se rem do i s no umacon c luso . N o h po is an te c edente e co nsequ ente ouhipte se e t e se . A ex i s t nc i a de um so l no umahipte se ; o se r ou no se r n i co pode se r h ipo t t i co emdado m omen to do sab e r ; ne sse caso o se rem m ui tos ou t ra h ipte se , sup l ementa r da p r ime i ra e que pori sso e sgo ta com e l a o domnio re spec t ivo da poss ib i l i d a d e .Acre scente -se que o so l d no exemplo fa l so aspec tode conhec imento , po rque a f r a se pode r i a se r a mesmapara qua lque r ob je c to r ea l ; r eduz ida ao e squema s imp l e s , a a f i rmao se r i a :Seja qual for x, x s i n g u l a r o u p l u r a l ;e subs t i tu da a va r i ve l pe lo t e rmo o so l t e remos ad i s junt iva , onde a f ina l um s conhec imento se encont rae e sse ex i s t enc i a l pe r cep t ivo : h um so l .O conhec imento se r i a nes te caso a e l iminao de umdos ramos da a l t e rna t iva ; e a t se a al t ernat iva verdadeira jus tamen te por a branger o fa lso , a b r a n g e n d otambm a nossa ignornc i a no p rob l ema de que se t r a t a .

    42

    De e s t e modo , cons t i tu das por t e rmos l g i cos sup l ementa res , pode r amos e fe c t ivamente cons t ru i r um nmeroinca l cu l ve l de d i s junes , po i s que fundadas na Lgi cabva l en te e l a s co r re spondem a out ras t an tas a f i rmaesda d i s juno g e ra l ou ve rd ade i ro ou fa l so d i s juno(jue s o em domnio determinado.Por tan to a ex ignc i a da opo e ra pe r fe i t amente jus tapa ra t r ansfo rmar em conh ec im ento a a l t e rn a t iva duv i dosa e t an to mai s duvidosa quanto no se demons t ra raa sup l ementa r idade dos seus t e rmos ou se ja a exc lus iv i dade mtua . A imposs ib i l i dade de op ta r suge re um te r ce i ro va lo r o p rovve l e m o s t r a q u e o s A c a d m i c o sparece terem t ido como Pro tg oras a in tu i o deque a mtua exc lus iv idade pod ia p rocura r - se mas no caso ge ra l . T ipo de e ssa fo rma o t e r ce i ro exemploem que a gradao v is ve l . E a a l t e rn a t iva a l i impe r fe i ta por os termos signif icarem estados psicolgicos reaise no sup l em enta re s . R igorosa , aque l a soma lg ica se r i a i . . . e s t a m o s a c o r d a d o s o u n o - a c o r d a d o s . Dece r to no va l e a pena re fe r i r e spec i a lmente a ss u p o s t a s c o n s e q u n c i a s i m o r a i s d o p r o b a b i l i s m o ; e s s e o fru to conhec ido do en tus i asm o , a inda quan do no bree gene roso , dos adve rs r ios veem ente s . de supo r queo desc r d i to nesse aspec to l anado sobre os Sof i s t a s j .t enha t i do o r igem em grande pa r t e no dese jo de de r ruba r de f in i t i vamente adve rs r ios i ncmodos ; o d i logode P l a to (Eut demo) ou uma ca r i ca tura ou rep re sentade fac to do i s r r i to s pedante s que s de nome e abus iva mente podem inc lu i r - se na c l a sse de P ro tgoras .

    15) A lgum a co i sa impor ta a inda re fe ri r .Santo Agos t inho cons ide ra r i d cu lo um ponto de v i s t aem que na p r t i ca se segue o provve l e mons t ruosa a43

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    22/67

    af i rmao de que a lgum procure a ve rdade convi c to den o pode r encont r - l a ,A e s t e ponto fazem a lguns exemplos .D esca r t e s , bem longe de se r se c t r io da nova A cade mia , e a dezo i to scu los de d i s t nc i a , vendo a imposs ib i l idade de bem ar t i cular no seu sistema a soluo do prob l ema t i co ( t en ta t iva ma lograda t an to na Ant igu idadecomo na Idade M ode rna) a ce i tou o opor tu ni sm o o p ro v ve l da m ora l v igente no tempo e no e spao co nt raa asp i rao do seu rac iona l i smo mas de aco rdo com aexigncia do seu r igor .P a s c a l e s c r e v e u n o s Pensamen t os que se apenasdevssemos lutar pe lo cer to no poderamos faztVlo pe lare l i g i o que no ce r t a ca r e l le n es t pas c e r t ame .Dada a f ardente de Pascal v-se que o provvel e ove ros mi l * se i ns inuam a t em esp r i tos de convi coprofunda.Quanto a p rocura r com grande dvida de a l canaro f im, no preciso i r em busca de grandes exemp los como Desca r t e s ou Pasca l ; o homem md io const an temente p rocura o que sabe se r pouco p rovve lencont ra r ; j oga na l o ta r i a , a r r i s ca a v ida em aventur a s , forma projectos audaciosos e desproposi tados* Ja propsi to de vos esforos de metafsicos escreveuh mui tos anos R ibo t que procura r sem espe ranano i nsensa to nem vu lga r {La psyck . angl . con t em-pora ine t lnt rod .) . Poderia ter ac resc entad o ser essa precisamente a just i f i cao dos metafsicos e da meta s icaonto lg i ca .Pouco impor ta agora concorda r ou d i sco rda r de e s t aa f i rma o ; bas ta que t enha s ido poss ve l enunc i - l a comoevidente pa ra se ve r i fi ca r a mud ana rad i ca l . O que aSanto Agos t inho pa re c i a absurdo pa re ce a um homem

    44

    cu l to do scu lo x ix supe r io r ao vu lga r ; e i ndependente mente de qua lque r pa re ce r abs t rac to , dado em funod o r e s u l t a d o a que s e p re t ende chegar t o homem cons tantemente luta e se esfora por aqui lo que tem escassaprobabi l i dade de enc ont ra r . E t ambm es t l onge deser cer to que n ada faa quem na da aprov a. Pe lo cont r r i o : ca rac t e r s t i ca ou nd i ce de supe r io r idade ( conquanto s por s i no bas te pa ra demons t r - l a ) p rocede rapesa r da dvida . N o da dvid a do x i to , po rque en l cnem va l e r i a a pena exempl i f i ca r , t an to vu lga r o fa c to ;mas da dvida at do valor ou da legi t imidade do acto ,Compreende -se pe r fe i t amente a a t i tude de um homemcont r r io ao due lo , convenc ido de que e r rado ba te r - se ,e ao mesmo tempo capaz , se o p rovocam, de p rocede rcomo se fosse pa r t i d r io do com bate s ingu l a r . ques tode a t i tude , de r eaco da sens ib i l i dade e no de in te l igncia ,Nada de i s to d iminui o s ign i f i cado do d i logo , comodef in idor de uma pos io . O p r pr io Santo A gos t inho ,embora mai s t a rde t i ve sse r e t i r ado e ssas f r a se s , r e co nheceu no termo do di logo a probabi l idade da soluoa d o p t a d a ; m a s a pos io nec ess idade pragm t ica^ noreal idade c ien t i f ica . O prob l ema ass im pos to r e so lve -sepor uma at i tude , resolve-se psicolgica- no logicamente , com o re comendou Pasca l em caso d i fe ren te :devem segurar-se f i rmemente os dois extremos da cadeiae no l a rga r um nem outro* A ss im , po rqu e o c o r t eexiste*C la ro que t ambm de modo nenhum o que f ica d i topode s ign i f i ca r va l i dade da a rgumentao acadmica empormenor , S gni ca apenas como ni ca conc luso poss ve l ne s te caso que a ve rdade subs tan t iva e exempla r ,concei to em que estavam de acordo tanto a t radio dos

    45

  • 8/3/2019 Santo_Agostinho_-_Contra_os_Acadmicos

    23/67

    h o m e n s d a N o v a A c a d e m i a q u e a s u p u n h a m p r o v v e l *mente i na t ing ve l , quanto o seu no tve l opos i to r , que at inha como ce r t amente ace ss ve l ao homem, l evava apr o p rob l ema em p l ano onde a so luo imposs ve l .16) Unia verd ade ou uma afirmao verd ade i ra no se descob re , con s t roe -se . N o 6 como uma i l ha queo navegador encont ra mas como um ed i f c io que o a rqui

    t e c to p l ane i a e t r aa , uma e s t ru tur a que o invento r e l evasob cond ies mate r i a i s e menta i s a que no pode ex i -mir-se (por i sso as af i rmaes so re la t ivas) mas em queas segundas do ao mesmo tempo poss ib i l i dade de e s t rutura r , J na pe rcepo a e s t ru tura e ssenc i a l como sesabe h mui to t empo . T anto va l e d i ze r que a ve rdade func iona l .Dada a expre ssoa2 = f/ _|_ C2

    t e remos uma P cond i c iona l i nde te rminad a , que a sub st i tuio das var iveis por valores definidos tornar fa l saou ve rdade i ra , po i s na sua gene ra l i dade , e apesa r de const i tuda por uma re lao simtr ica , e la no uma nemout ra co i sa . N o e spao in tu i t i vo b id imens iona l se supus e r m o s = , e pe rpend i cu l a re s en t re s i (duas cond ies)a expre sso , to rnada v e rdade i ra por qua i sq ue r va lo re sdefinidos que a ver i f iquem traduzir a so luo do prob l ema pa r t i cu l a r da dup l i cao do quadrado , t r a t ado noMnon f de P l a to , pa ra jus t i f i ca r a ma iut i ca socr t i ca ;pa ra ^=c a re lao mais gera l do teorema de Pi tgo ra s , que engloba a anter ior como caso l imi te da desi gua ldade decre scente de b e c \ e se e s t abe l e ce rmos uras i s t ema de coordenadas r e c t angu l a re s , expr imindo as

    4 6

    re l aes em d i s t nc i a aos e ixos r e spec t ivos , a i gua ldade a equao da c i r cun fe rnc i a . T udo ve rdades r e l a t i vase em fu no de *.Sabemos que os menores i n t e i ros capazes de to r na