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GEOTÉCNICA DE SOLOS

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  • PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS

    COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM

    TIMB DO SUL (SC)

    RODRIGO MORAES DA SILVEIRA

    Porto Alegre (RS)

    Novembro de 2003

  • RODRIGO MORAES DA SILVEIRA

    PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS

    COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM

    TIMB DO SUL (SC)

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia na modalidade Acadmico.

    Porto Alegre (RS)

    Novembro de 2003

  • S527p SILVEIRA, Rodrigo Moraes da

    Propriedades Geotcnicas dos Solos Coluvionares do Gasoduto Bolvia-Brasil em Timb do Sul (SC) / Rodrigo Moraes da Silveira. Porto Alegre:PPGEC/UFRGS, 2003.

    Dissertao de Mestrado, Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Mestre em Engenharia.

    Orientao: Ph.D Adriano Virglio Damiani Bica e Ph.D Luiz Antnio Bressani.

    1. Estabilidade de Taludes 2. Solo Coluvionar Propriedades 3. Mecnica dos Solos Ensaios orient. I. Bica, Adriano Virglio Damiani, orient. II. Bressani, Luiz Antnio.

    CDU-624.131.4(043)

  • RODRIGO MORAES DA SILVEIRA

    PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM

    TIMB DO SUL (SC)

    Esta dissertao foi julgada adequada para a obteno do ttulo de MESTRE EM

    ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelos professores orientadores e pelo

    Programa de Ps-Graduao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    Porto Alegre, 21 de Novembro de 2003

    Prof. Adriano Virglio Damiani Bica Ph.D pela University of Surrey, U.K.

    orientador

    Prof. Luiz Antnio Bressani Ph.D pela University of London, U.K.

    orientador

    Prof. Amrico Campos Filho Coordenador do PPGEC/UFRGS

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Milton Assis Kanji (USP) D.Sc. pela Universidade de So Paulo

    Prof. Rinaldo Jos Barbosa Pinheiro (UFSM) D.Sc. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Profa.Wai Ying Yuk Gehling (UFRGS) D.Sc. pela Universidade Politcnica da Catalunya

  • Dedico este trabalho minha famlia

  • Imagination is more important than knowledge,

    knowledge is limited.

    Imagination encircles the world.

    Albert Einstein

  • AGRADECIMENTOS

    PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)

    AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS

    A concluso desta Dissertao de Mestrado s foi possvel devido contribuio de

    vrias pessoas. A todos, que de alguma forma ou de outra contriburam para a execuo deste

    trabalho, gostaria de dedicar meus mais sinceros agradecimentos. Especialmente, refiro-me :

    Deus pela minha vida, pela minha famlia, pela minha sade, por guiar-me sempre

    pelos melhores caminhos, por colocares ao meu lado sempre pessoas boas e especiais e por

    todas as oportunidades que me foram concedidas;

    A minha famlia em especial aos meus pais Amaro Machado da Silveira e Ivone

    Moraes da Silveira por sempre terem apoiado todas as minhas decises e por terem me

    auxiliado da melhor forma possvel a evitar os possveis erros que surgem durante a vida.

    Antes destes agradecimentos ressalto que serei eternamente grato por serem meus pais e por

    gostarem muito de mim. Pai, Me, esta conquista tambm de vocs;

    No posso esquecer os agradecimentos aos meus avs paternos e maternos; que

    tambm so a minha famlia: Feliciano Silveira e Ordalina Machado da Silveira (in

    memorian), e Palmira Moraes. Gostaria de deixar claro neste momento to importante da

    minha vida que, esta conquista foi construda desde os primeiros ensinamentos dados tambm

    pela pessoa mais vivida, sbia, perseverante e auto confiante que tenho ao meu lado, meu av

    Feliciano Silveira, exemplo de vida e fortaleza. V, contigo aprendi: Querer poder. Ento,

    est aqui mais um resultado que eu quis e consegui e que dedico tambm ao senhor.

    Aos meus professores orientadores Adriano Virglio Damiani Bica e Luiz Antnio

    Bressani dedico meus mais sinceros agradecimentos, pois, se hoje sou um profissional ps-

    graduado, porque vocs acreditaram em mim. Agradeo tambm pelo convvio, amizade,

    inmeros ensinamentos e pelo precioso tempo dedicado sem esquecer dos exemplos

    irreparveis; que serviro para toda minha vida; recebidos desde o inicio dos meus trabalhos

    no Laboratrio de Mecnica dos Solos (LMS/UFRGS) at a concluso deste trabalho. Espero

    sinceramente que nossa convivncia e amizade sejam muito duradouras. Enfim,

    agradecimentos so muito pouco em relao a considerao que sinto por vocs, mas mesmo

    assim muito obrigado a vocs;

  • AGRADECIMENTOS

    RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.

    Aos demais professores da rea geotcnica do Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia Civil (PPGEC/UFRGS) agradeo profundamente pelos inestimveis ensinamentos

    em especial aos professores Wai Ying Yuk Gehling e Washington Peres Nez pela amizade,

    pelo carinho, e por todos os momentos de agradvel convvio que passamos;

    Aos professores da Universidade Federal de Santa Maria, Jos Mario Doleys Soares e

    Rinaldo Jos Barbosa Pinheiro por terem me recomendado muito bem ao PPGEC/UFRGS

    assim como aos meus orientadores. Em especial, agradeo ao professor Jos Mario Doleys

    Soares por ter me concedido a honra de poder ter trabalhado a seu lado e pela inesquecvel

    lembrana de eu ter tido minha iniciao cientifica como bolsista com a sua orientao;

    Ao funcionrio do LMS/UFRGS, Jair Francisco Floriano da Silva agradeo por toda

    ajuda, ensinamentos, amizade, conselhos, incentivos e divertida convivncia. Desde minha

    chegada ao LMS/UFRGS foste uma das melhores amizades conquistadas em Porto Alegre e

    tenho muita considerao e admirao pelo senhor. Sem sua ajuda este trabalho seria muito

    mais rduo. Espero sinceramente que nossa convivncia e amizade sejam muito duradouras.

    Muito obrigado a voc;

    Ao colega e grande amigo Marcelo Luvison Rigo. Tenha certeza que voc encontra-se

    entre as poucas pessoas que posso chamar de melhor amigo e que considero voc um grande

    exemplo de pessoa e profissional. Acredito que esta conquista tambm seria bem mais difcil

    se voc no estivesse sempre disposto a me ajudar. Tenho muito a agradecer a voc, entre os

    principais agradecimentos encontram-se os incentivos, e a amizade. Agradeo tambm pelos

    ensinamentos e simplesmente pelo fato de voc ter estado comigo tanto nas horas ruins

    quanto nas horas boas. Muito obrigado de corao;

    Aos bolsistas de iniciao cientifica do LMS/UFRGS lvaro Pereira, Francisco

    Brugger Issler, Wagner Lima dos Santos e em especial ao bolsista Isac Alexandre Martinello

    que trabalhou intensamente na ajuda de execuo dos ensaios de laboratrio e na formatao

    final desta dissertao. Ao bolsista de iniciao cientifica do Laboratrio de Pavimentao

    (LAPAV/UFRGS) Llio Antnio Teixeira de Brito pela ajuda no melhoramento das figuras

    digitalizadas. Ao funcionrio do LAPAV/UFRGS Carlos Ivan Horn Ribas pelo respeito e pala

    divertida convivncia;

  • AGRADECIMENTOS

    PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)

    Aos funcionrios do PPGEC/UFRGS, muito obrigado pelo apoio logstico fornecido e

    aos colegas pesquisadores componentes do Projeto FINEP CTPETRO 0682/01;

    Aos colegas Carolina Feuerharmel, Cludio Renato Castro Dias, Danielle de Souza

    Clerman, Diana Morussi Azambuja, Diego Vendramin, Eli Antnio da Costa, Leandro

    Scheffer, Marco Antnio, Raymundo Carlos Machado Ferreira Filho, Rafael Menna Barreto

    Azambuja, Rodrigo Caberlon Cruz e Rodrigo Silveira Lovato e especialmente ao grande

    amigo Rodrigo Malysz. Ainda aos colegas do mestrado em estruturas Ana Ceclia Libreloto,

    Daniel Fraga Sias e Uziel Cavalcanti de Medeiros Quinino e as colegas do doutorado em

    geotecnia Cristiane Salermo Schmitz e Luciana Rohde. Agradeo a vocs por terem sido uma

    das melhores turma de colegas que tive, com vocs me diverti muito. Muito obrigado pelos

    bons momentos que passamos juntos;

    Aos amigos Gelogos Andra Valli Nummer e Firmino Constantino Moraes Neto,

    obrigado pela amizade e pelo apoio em relao aos assuntos geolgicos desta dissertao;

    minha querida e amada namorada Lisiane Figueiredo Fernandes, muito obrigado

    pelo apoio, incentivo, compreenso da distncia, amor e carinho a mim concedidos. Essa

    minha conquista tambm pode ser considerada tua, s em grande parte motivo das minhas

    alegrias e da minha motivao. Eu te amo muito.

  • SSUUMMRRIIOO

    CCAAPPTTUULLOO II IINNTTRROODDUUOO ..................................................................................................................................................................................................................................11

    1.1 ESTRUTURA DA DISSERTAO......................................................................................... 2

    CCAAPPTTUULLOO IIII RREEVVIISSOO BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA ..............................................................................................................................................................................44

    2.1 PROCESSOS DE MOVIMENTOS DE MASSA....................................................................... 4

    2.1.1 Tipos de movimentos de massa .............................................................................................. 5

    2.1.1.1 Fatores condicionantes ............................................................................................... 6

    2.1.1.2 Classificao dos movimentos de massa ..................................................................... 9

    2.2 INSTABILIDADE DE COLVIOS ......................................................................................... 11

    2.2.1 Definio e caractersticas................................................................................................... 12

    2.2.2 Origem de colvios ............................................................................................................ 12

    2.2.3 Caractersticas dos escorregamentos de solos coluvionares .................................................... 16

    2.2.4 Ensaios geotcnicos em solos coluvionares .......................................................................... 18

    2.3 FLUXOS DE DETRITOS....................................................................................................... 28

    2.3.1 Descrio ......................................................................................................................... 28

    2.3.2 Ocorrncia de fluxo de detritos ......................................................................................... 30

    2.3.3 Ensaios triaxiais especiais....................................................................................................... 33

    CCAAPPTTUULLOO IIIIII CCAARRAACCTTEERRIIZZAAOO DDAA RREEAA IINNVVEESSTTIIGGAADDAA ................................................................................................3355

    3.1 LOCALIZAO DA REA INVESTIGADA ....................................................................... 35

    3.2 NDICES PLUVIOMTRICOS PRXIMOS REA INVESTIGADA..................................... 37

    3.3 GEOLOGIA REGIONAL....................................................................................................... 38

    3.3.1 Formao Botucatu (Grupo So Bento) ............................................................................. 42

    3.3.2 Formao Serra Geral (Grupo So Bento) ......................................................................... 43

    3.4 LOCAIS DE AMOSTRAGEM ............................................................................................... 43

    CCAAPPTTUULLOO IIVV AAMMOOSSTTRRAAGGEEMM EE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA DDEE EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO ..........4477

    4.1 AMOSTRAGEM.................................................................................................................... 47

    4.2 ENSAIOS DE EXPANSO.................................................................................................... 50

    4.2.1 Planejamento dos ensaios.................................................................................................. 50

    4.2.2 Equipamentos ................................................................................................................... 51

    4.2.3 Moldagem dos corpos de prova para os ensaios de expanso............................................. 51

  • 4.2.4 Procedimento dos ensaios ................................................................................................. 52

    4.3 ENSAIOS DE CARACTERIZAO ..................................................................................... 52

    4.3.1 ndices Fsicos .................................................................................................................. 53

    4.3.2 Limites de Atterberg......................................................................................................... 53

    4.3.3 Ensaios de Granulometria ................................................................................................. 53

    4.4 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO .............................................................................. 54

    4.4.1 Consideraes gerais ........................................................................................................ 55

    4.4.2 Planejamento dos ensaios.................................................................................................. 55

    4.4.3 Equipamentos ................................................................................................................... 57

    4.4.4 Moldagem dos corpos de prova para os ensaios de cisalhamento direto ............................. 57

    4.4.5 Procedimento dos ensaios ................................................................................................. 57

    4.5 ENSAIOS RING SHEAR ........................................................................................................ 58

    4.5.1 Planejamento dos ensaios.................................................................................................. 58

    4.5.2 Equipamento .................................................................................................................... 59

    4.5.3 Procedimentos dos ensaios................................................................................................ 60

    4.6 ENSAIOS TRIAXIAIS ........................................................................................................... 61

    4.6.1 Planejamento dos ensaios ..................................................................................................... 61

    4.6.2 Equipamentos utilizados ................................................................................................... 63

    4.6.3 Moldagem e procedimentos dos ensaios triaxiais .............................................................. 64

    4.6.3.1 Ensaios triaxiais (CIU) corpo de prova indeformado.............................................. 66

    4.6.3.2 Ensaios triaxiais (CIU) corpo de prova remoldado ................................................. 67

    4.6.3.3 Ensaios triaxiais especiais corpo de prova indeformado ......................................... 67

    CCAAPPTTUULLOO VV AAPPRREESSEENNTTAAOO EE AANNLLIISSEE DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS DDOOSS EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO....................................................................................................................................................................................................................................6699

    5.2 ENSAIOS DE EXPANSO.................................................................................................... 70

    5.3 ENSAIOS DE CARACTERIZAO ..................................................................................... 71

    5.4 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO........................................................................... 73

    5.4.1 Resultados dos ensaios de cisalhamento direto bloco RO1 (km 1000)............................. 74

    5.4.2 Resultados dos ensaios de cisalhamento direto bloco AV1 (km 998) .............................. 79

    5.4.3 Resultados dos ensaios de cisalhamento direto bloco ES1 (km 998) ............................... 83

    5.6 ENSAIOS RING SHEAR ........................................................................................................ 88

    5.5 ENSAIOS TRIAXIAIS ........................................................................................................... 91

  • 5.5.1 Correo de rea dos corpos de prova dos ensaios triaxiais................................................ 92

    5.5.2 Ensaios triaxiais (CIU) com corpos de prova remoldados .................................................. 96

    5.5.3 Ensaios triaxiais (CIU) com corpos de prova indeformados............................................... 99

    5.5.3.1 Resultados dos ensaios triaxiais bloco RO1 (km 1000) .......................................... 99

    5.5.3.2 Resultados dos ensaios triaxiais bloco RO2 (km 1000) ........................................ 102

    5.5.3.3 Resultados dos ensaios triaxiais bloco AV1 (km 998) .......................................... 105

    5.5.3.4 Resultados dos ensaios triaxiais bloco ES1 (km 998) ........................................... 107

    5.5.4 Ensaios triaxiais especiais ............................................................................................... 109

    5.5.4.1 Clculo das tenses efetivas de campo.................................................................... 110

    5.5.4.2 Resultados dos ensaios triaxiais especiais ............................................................... 113

    CCAAPPTTUULLOO VVII CCOONNCCLLUUSSEESS EE SSUUGGEESSTTEESS PPAARRAA TTRRAABBAALLHHOOSS FFUUTTUURROOSS......................................111166

    6.1 CONCLUSES .................................................................................................................... 116

    6.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................. 118

    CCAAPPTTUULLOO VVIIII RREEFFEERRNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAASS ......................................................................................................................................111199

  • LLIISSTTAA DDEE FFIIGGUURRAASS

    CCAAPPTTUULLOO IIII RREEVVIISSOO BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA ..............................................................................................................................................................................44

    Figura 2.1 Bloco diagrama de um deslizamento/fluxo complexo de material fino (Varnes,1978) ............10

    Figura 2.2 Ilustrao do processo de formao de um colvio (Deere e Patton, 1971)..............................13

    Figura 2.3 Material resultante de deposio (alvio) (Lacerda, 2002) .......................................................15

    Figura 2.4 Poro de solo residual escorregado e depositado sobre a prpria encosta (Lacerda, 2002) ....15

    Figura 2.5 Aparncia do colvio enganosa (Lacerda, 2002) ......................................................................15

    CCAAPPTTUULLOO IIIIII CCAARRAACCTTEERRIIZZAAOO DDAA RREEAA IINNVVEESSTTIIGGAADDAA ................................................................................................3355

    Figura 3.1 Mapas com a localizao do municpio de Timb do Sul (SC) e a trajetria do gasoduto Bolvia Brasil em destaque ..................................................................................................35

    Figura 3.2 Localizao da Bacia Sedimentar do Paran (adaptado por Melfi et al, 1998).........................39

    Figura 3.3 Coluna Estratigrfica da Bacia Sedimentar do Paran, com a identificao da rea estudada (quadro vermelho; Bizzi et al, 2001) ......................................................................................41

    CCAAPPTTUULLOO VV AAPPRREESSEENNTTAAOO EE AANNLLIISSEE DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS DDOOSS EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO....................................................................................................................................................................................................................................6699

    Figura 5.1 Distribuio granulomtrica com e sem o uso de defloculante km 1000 (Bloco RO1) .........71

    Figura 5.2 Distribuio granulomtrica com e sem o uso de defloculante km 1000 (Bloco RO2) .........72

    Figura 5.3 Distribuio granulomtrica com e sem o uso de defloculante km 998 (Bloco AV1)...........72

    Figura 5.4 Distribuio granulomtrica com e sem o uso de defloculante km 998 (Bloco ES1) ............73

    Figura 5.5 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal obtida nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 1000 (Bloco RO1) ......................................75

    Figura 5.6 Curvas deslocamento vertical versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 1000 (Bloco RO1) ................76

    Figura 5.7 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 1000 (Bloco RO1) .........................................76

    Figura 5.8 Curvas deslocamento vertical versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 1000 (Bloco RO1) ...................77

    Figura 5.9 Envoltrias de ruptura no grfico de tenso cisalhante versus tenso vertical, obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados e com corpos de prova remoldados km 1000 (Bloco RO1). .....................................................................................77

    Figura 5.10 Curvas tenso cisalhante versus deformao horizontal acumulada obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco AV1)..................80

    Figura 5.11 Curvas deformao vertical versus deformao horizontal acumulada obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco AV1)..................80

    Figura 5.12 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco AV1) ...........................................81

    Figura 5.13 Curvas deformao vertical versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco AV1).....................81

    Figura 5.14 Envoltria de ruptura no grfico de tenso cisalhante versus tenso vertical, obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados e com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco AV1)........................................................................................82

  • Figura 5.15 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco ES1).........................................84

    Figura 5.16 Curvas deslocamento vertical versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco ES1)...................85

    Figura 5.17 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco ES1). ...........................................85

    Figura 5.18 Curvas deslocamento vertical versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco ES1) ......................86

    Figura 5.19 Envoltria de ruptura no grfico de tenso cisalhante versus tenso vertical obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados e com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco ES1).........................................................................................86

    Figura 5.20 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal km 1000 (Bloco RO1) ..............89

    Figura 5.21 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal km 998 (Bloco AV1) ................89

    Figura 5.22 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal km 998 (Bloco ES1) .................90

    Figura 5.23 Envoltrias de ruptura de resistncia ao cisalhamento residual, obtidas com ensaios ring shear........................................................................................................................................90

    Figura 5.24 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO1), com as correes de rea cilndrica e parablica dos corpos de prova ensaiados. .......95

    Figura 5.25 Curvas tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO1), com correes de rea cilndrica e parablica dos corpos de prova ensaiados .................................................................................................................................96

    Figura 5.26 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU) com corpos de prova remoldados, referente ao km 1000 (Bloco RO1). ...................................................................98

    Figura 5.27 Curvas tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU) com corpos de prova remoldados, referente ao km 1000 (Bloco RO1) ..........................................................98

    Figura 5.28 Curvas de variao de poropresso versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU) com corpos de prova remoldados referente ao km 1000 (Bloco RO1)...................................99

    Figura 5.29 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO1) .....................................................................................................................................100

    Figura 5.30 Curvas tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO1)...........................................................................................................101

    Figura 5.31 Curvas de variao de poropresso versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO1).......................................................................................101

    Figura 5.32 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU) referente ao km 1000 (Bloco RO2)......................................................................................................................................103

    Figura 5.33 Curvas tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU) referente ao km 1000 (Bloco RO2).................................................................................................................103

    Figura 5.34 Curvas de variao de poropresso versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO2).......................................................................................104

    Figura 5.35 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 998 (Bloco AV1) .....................................................................................................................................105

    Figura 5.36 Curvas de tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 998 (Bloco AV1) ............................................................................................................106

    Figura 5.37 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU) referente ao km 998 (Bloco ES1) ......................................................................................................................................108

    Figura 5.38 Curvas de tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 998 (Bloco ES1) .............................................................................................................108

  • Figura 5.39 Curvas de variao da poropresso versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU) referente ao km 998 (Bloco ES1)..........................................................................................108

    Figura 5.40 Trajetrias de tenses (p x q) obtidas nos ensaios triaxiais (CIU) e tenses de campo........112

    Figura 5.41 Trajetrias de tenses (p x q) obtidas nos ensaios triaxiais especiais com corpos de prova indeformados, referente ao km 1000 (Bloco RO1)...............................................................113

    Figura 5.42 Curvas de tenso desvio versus deformao axial, obtidas nos ensaios triaxiais especiais com corpos de prova indeformados, referente ao km 1000 (Bloco RO1) ....................................114

    Figura 5.43 Curvas q versus variao de poropresso obtidas nos ensaios triaxiais especiais com corpos de prova indeformados, referente ao km 1000 (Bloco RO1)................................................114

    Figura 5.44 Curvas variao da poropresso versus deformao axial obtidas nos ensaios triaxiais especiais com corpos de prova indeformados, referente ao km 1000 (Bloco RO1) .............115

  • LLIISSTTAA DDEE FFOOTTOOSS

    CCAAPPTTUULLOO IIIIII CCAARRAACCTTEERRIIZZAAOO DDAA RREEAA IINNVVEESSTTIIGGAADDAA ................................................................................................3366

    Foto 3.1 Trajetria do gasoduto (linha amarela), municpios que envolvem a rea de investigao do projeto e indicao de onde foram amostrados os solos para ensaios de laboratrio (rea investigada). ............................................................................................................................37

    Foto 3.2 Perfil de solo coluvionar (km 998) ..............................................................................................44

    Foto 3.3 Perfil de solo coluvionar (km 1000).............................................................................................45

    Foto 3.4 Perfil de solo coluvionar, (km 998) ..................................................................................... 45

    CCAAPPTTUULLOO IIVV AAMMOOSSTTRRAAGGEEMM EE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA DDEE EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO ..........4477

    Foto 4.1 Local onde forma amostrados os Blocos AV1 e AV2, no km 998 ..............................................48

    Foto 4.2 Local onde forma amostrados os Blocos AV1 e AV2, no km 998 (atrs de um avirio) ............48

    Foto 4.3 Preparao da bancada para moldagem dos blocos ES1 e ES2, no km 998 ................................48

    Foto 4.4 Detalhe dos blocos RO1 e RO2 amostrados no km 1000, prontos para serem parafinados.........49

    Foto 4.5 Bloco RO1, moldado em solo coluvionar, amostrado do km 1000..............................................49

    Foto 4.6 Bloco RO1 km 1000 parcialmente parafinado no talude do km 1000 .........................................50

    Foto 4.7 Detalhe do bloco R01, com a base regularizada e parafinada, pronto para o transporte..............50

    Foto 4.8 Equipamento para ensaio de cisalhamento direto instrumentado.................................................56

    Foto 4.9 Detalhe do equipamento para ensaio de cisalhamento direto instrumentado...............................56

    Foto 4.10 Equipamento ring shear de amostras deformadas, do tipo deformao controlada, da marca Wikeham Farrance Int. ...........................................................................................................59

    Foto 4.11 Processo de moldagem do corpo de prova para ensaio ring shear.............................................60

    Foto 4.12 Equipamento para controle automtico de presses no ensaio triaxial, desenvolvido por Ferreira (2002)......................................................................................................................................63

    Foto 4.13 Equipamento para ensaio triaxial instrumentado........................................................................63

    Foto 4.14 Apresentao geral do equipamento triaxial instrumentado.......................................................64

    Foto 4.15 Detalhes da amostra para posterior moldagem do corpo de prova para ensaios triaxiais...........65

    Foto 4.16 Moldagem do corpo de prova para ensaios triaxiais ..................................................................65

    Foto 4.17 Regularizao do topo e da base do corpo de prova moldado para ensaios triaxiais. ................65

    CCAAPPTTUULLOO VV AAPPRREESSEENNTTAAOO EE AANNLLIISSEE DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS DDOOSS EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO....................................................................................................................................................................................................................................6699

    Foto 5.1 Deformao ps-pico do corpo de prova ensaiado com tenso confinante efetiva de 50 kPa, referente ao km 1000 (Bloco RO1).........................................................................................93

    Foto 5.2 Deformao ps-pico do corpo de prova ensaiado com tenso confinante efetiva de 50 kPa referente ao km 998 (Bloco AV1) ..........................................................................................94

    Foto 5.3 Deformao ps-pico do corpo de prova ensaiado com tenso confinante efetiva de 400 kPa, referente ao km 1000 (Bloco RO1).........................................................................................94

    Foto 5.4 Deformao ps-pico do corpo de prova ensaiado com tenso confinante efetiva de 20 kPa, referente ao km 1000 (Bloco RO1).........................................................................................95

  • LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS

    CCAAPPTTUULLOO IIII RREEVVIISSOO BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA ..............................................................................................................................................................................44

    Tabela 2.1 Parmetros de caracterizao e resistncia ao cisalhamento de pico e residual para os solos do talude de Faxinal do Soturno (Pinheiro et al, 1997)................................................................23

    Tabela 2.2 Resultados dos ensaios de caracterizao de solos coluvionares da rua Licurgo, em Madureira, no Rio de Janeiro (Clementino e Lacerda, 1992)....................................................................24

    Tabela 2.3 Resultados dos ensaios de cisalhamento direto de solos coluvionares da rua Licurgo, em Madureira, no Rio de Janeiro (Clementino e Lacerda, 1992). ................................................24

    Tabela 2.4 Resultados dos ensaios de caracterizao da encosta urbana instvel em Santa Maria (RS) (Soares et al, 2001). ................................................................................................................25

    Tabela 2.5 ndices fsicos do solo coluvionar da encosta urbana instvel em Santa Maria (RS) (Soares et al, 2001). .................................................................................................................................26

    Tabela 2.6 Parmetros de resistncia ao cisalhamento do solo coluvionar da encosta urbana instvel em Santa Maria (RS) (Soares et al, 2001). ...................................................................................26

    Tabela 2.7 ndices fsicos dos corpos de prova de solos coluvionares de Bananal/SP ensaiados por Fonseca et al (2002)................................................................................................................27

    Tabela 2.8 Parmetros de resistncia ao cisalhamento de solos coluvionares de Bananal (SP) obtidos com ensaios de cisalhamento direto (Fonseca et al, 2002) .............................................................27

    CCAAPPTTUULLOO VV AAPPRREESSEENNTTAAOO EE AANNLLIISSEE DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS DDOOSS EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO....................................................................................................................................................................................................................................6699

    Tabela 5.1 Ensaios de laboratrio realizados..............................................................................................69

    Tabela 5.2 ndices fsicos dos ensaios de expanso sv=1,3 kPa..............................................................70

    Tabela 5.3 ndices fsicos dos ensaios de expanso sv=30 kPa...............................................................70 Tabela 5.3 Resultados dos ensaios de expanso.........................................................................................71

    Tabela 5.5 Resumo dos resultados dos ensaios de caracterizao..............................................................73

    Tabela 5.6 ndices fsicos dos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 1000 (Bloco RO1)...................................................................................................................75

    Tabela 5.7 ndices de vazios iniciais e os ndices de vazios aps o adensamento dos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 1000 (Bloco RO1) ...................75

    Tabela 5.8 ndices fsicos dos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco AV1) ....................................................................................................................79

    Tabela 5.9 ndices de vazios iniciais e os ndices de vazios aps o adensamento dos ensaios de cisalhamento direto com corpo de prova remoldado km 998 (Bloco AV1) ........................79

    Tabela 5.10 ndices fsicos dos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco ES1)......................................................................................................................83

    Tabela 5.11 ndices de vazios iniciais e os ndices de vazios aps o adensamento dos ensaios de cisalhamento direto com corpo de prova remoldado km 998 (Bloco ES1) .........................84

    Tabela 5.12 Parmetros de resistncia ao cisalhamento obtidos nos ensaios de cisalhamento direto ........88

    Tabela 5.13 Valores de ndice de plasticidade e ngulo de atrito interno residual para os solos ensaiados91

    Tabela 5.14 reas dos corpos de prova remoldados km 1000 (Bloco RO1)...........................................97

    Tabela 5.15 ndices fsicos iniciais dos corpos de prova indeformados para os ensaios triaxiais (CIU) km 1000 (Bloco RO1)...........................................................................................................100

  • Tabela 5.16 ndices fsicos iniciais dos corpos de prova indeformados para os ensaios triaxiais (CIU) km 1000 (Bloco RO2)...........................................................................................................102

    Tabela 5.17 ndices fsicos iniciais dos corpos de prova indeformados para os ensaios triaxiais (CIU) km 998 (Bloco AV1) ............................................................................................................105

    Tabela 5.18 ndices fsicos iniciais dos corpos de prova indeformados para os ensaios triaxiais (CIU) km 998 (Bloco ES1) .............................................................................................................107

    Tabela 5.19 Parmetros de resistncia ao cisalhamento obtidos nos ensaios triaxiais CIU......................109

    Tabela 5.20 Fatores de segurana do talude do km 1000 calculados para diferentes profundidades de solo, profundidades de nvel dgua a partir da superfcie e interceptos coesivos.........................110

    Tabela 5.21 Tenses cisalhantes e tenses verticais para as condies de campo a determinadas profundidades de solo e profundidades de nvel d'gua........................................................112

  • LLIISSTTAA DDEE QQUUAADDRROOSS

    CCAAPPTTUULLOO IIII RREEVVIISSOO BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA ..............................................................................................................................................................................44

    Quadro 2.1 Lista das causas de movimentos de massa (Cruden e Varnes, 1996) ........................................7

    Quadro 2.2 Principais tipos de movimentos de encosta no Brasil (Augusto Filho, 1992) ...........................8

    Quadro 2.3 Comparao entre as principais propostas de classificao de movimentos de massa no Brasil (Fernandes e Amaral, 1998)....................................................................................................11

    CCAAPPTTUULLOO IIIIII CCAARRAACCTTEERRIIZZAAOO DDAA RREEAA IINNVVEESSTTIIGGAADDAA ................................................................................................3355

    Quadro 3.1 Histrico pluviomtrico do final do ms de Dezembro nas reas de Jacinto Machado (SC) e Timb do Sul (SC), (Gramani, 2001)......................................................................................38

  • LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS

    RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.

    LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS,, SSIIGGLLAASS EE SSMMBBOOLLOOSS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ASTM American Society for Testing Materials

    BS British Standards

    eo ndice de vazios inicial

    e ndice de vazios

    IP ndice de plasticidade

    LL Limite de liquidez

    LP Limite de plasticidade

    FS Fator de Segurana

    S Grau de saturao

    U Poropresso

    U0 Poropresso inicial

    cr Intercepto coesivo efetivo residual

    cpico Intercepto coesivo efetivo de pico

    fpico ngulo de atrito interno efetivo de pico

    fr ngulo de atrito interno efetivo residual

    gs Peso especfico real dos gros

    gt Peso especfico aparente mido

    gd Peso especfico aparente seco

    w - Teor de umidade

    sv Tenso vertical efetiva

    t Resistncia ao cisalhamento

  • RESUMO

    PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)

    RREESSUUMMOO

    SILVEIRA, R. M. Propriedades Geotcnicas dos Solos Coluvionares do Gasoduto Bolvia-Brasil em Timb do Sul (SC). 2003. Dissertao (Mestrado em Geotecnia) Programa de Ps Graduao em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.

    Esta dissertao de mestrado apresenta estudos sobre as propriedades geotcnicas dos

    solos coluvionares existentes ao longo do gasoduto Bolvia-Brasil em Timb do Sul (SC), na

    regio sul do Brasil. Estas propriedades devero ser utilizadas em anlises de estabilidade de

    taludes naturais e de corte ao longo do gasoduto, principalmente na avaliao da

    suscetibilidade iniciao de fluxos de detritos (debris flows), j constatados na regio em

    Dezembro de 1995. Os fluxos de detritos so os movimentos de massa que representam maior

    risco integridade fsica do gasoduto na regio investigada. Ressalta-se que rupturas de

    gasodutos, como a ocorrida no Mxico em Junho de 2003, em funo de um fluxo de detritos,

    podem ter conseqncias devastadoras em termos de perda de vidas e danos a propriedades e

    ao meio ambiente. A rea investigada formada por depsitos coluvionares originados da

    Formao Serra Geral, geralmente associados existncia de perfis com horizontes de solo

    residual e blocos de rocha, originrios de macios rochosos fraturados. Dois depsitos

    coluvionares investigados foram identificados como provenientes da decomposio de rochas

    vulcnicas. Estes depsitos encontram-se assentes sobre solo residual de basalto. Outro depsito

    coluvionar estudado foi identificado como oriundo da degradao de arenito intertrap. Os ensaios

    de laboratrio realizados foram ensaios de expanso, ensaios de caracterizao, ensaios de

    cisalhamento direto, ensaios ring shear e ensaios triaxiais (CIU) e especiais. Os ensaios

    triaxiais especiais consistiram em uma fase de cisalhamento inicial realizada sob condies

    drenadas at prximo do estado de tenses existente no campo, seguida de um carregamento

    no drenado at a ruptura. Estes ensaios demonstraram que, na fase no drenada e sob baixas

    tenses de confinamento, ocorre um aumento de poropresso seguido pela diminuio da

    mesma at valores negativos. Mostram tambm que, carregamentos no drenados em baixas

    tenses confinantes sobre este solo no induzem tendncia a liquefao.

    Palavra Chave: colvios, ensaios de laboratrio, estabilidade de taludes.

  • ABSTRACT

    RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.

    AABBSSTTRRAACCTT

    SILVEIRA, R. M. Geotechnical proprieties of colluvium soils of Bolvia-Brazil Gas Pipeline in Timb do Sul (SC). 2003. M.Sc Dissertation (Masters in Geotechnical Engineering) Programa de Ps Graduao em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.

    This dissertation presents studies on the geotechnical properties of colluvial soils

    sampled along the Bolivia-Brazil gas pipeline near the city of Timb do Sul, Santa Catarina

    state, Brazil. These properties shall be used in slope stability analyses of natural and cut

    slopes along the pipeline, mainly on the evaluation of the triggering mechanism of Debris

    Flows, which have already taken place in the region in December 1995. Debris Flows are the

    kind of mass movement associated to the investigated region that represent major risk to the

    integrity of the pipeline. It should be emphasized that failures on pipelines, like the one that

    occurred in Mexico in June 2003 due to a debris flow, may have devastating consequences in

    terms of loss of lives and damages to private properties and the environment. The investigated

    area is constituted of colluvial deposits originated from the Serra Geral Formation. These

    deposits are generally associated with profiles of residual soils and rock from fractured rock

    masses. From the investigated colluviums, two were identified as resulting from the

    weathering of volcanic material and one from the weathering of intertrap sandstone, which is

    sometimes found sandwiched between lava flows in the Serra Geral Formation. The

    laboratory tests performed in this study included expansion tests, characterization tests, direct

    shear tests, ring shear tests and triaxial CIU and special tests. In the special triaxial tests the

    specimen reached the in situ stress state under drained loading and was then sheared

    undrained until failure. During the undrained phase of the tests and under low effective

    confining stresses there was a small increase in pore pressure followed by a decrease of the

    pressure to negative values. The tests have also shown that undrained loadings under low

    confining stresses do not lead to liquefaction.

    Keywords: colluvium, laboratory tests, slope stability.

  • CAPTULO I INTRODUO

    PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)

    1

    CCAAPPTTUULLOO II IINNTTRROODDUUOO

    A necessidade cada vez maior de energia condiciona a busca de alternativas visando

    gerao econmica e a segurana ambiental. A implantao de gasodutos em busca de

    alternativas energticas e ambientais sustentveis depara-se com condicionantes dos meios

    fsico e bitico que podem ser benficas ou adversas.

    Esta dissertao de mestrado apresenta estudos sobre as propriedades geotcnicas dos

    solos coluvionares do gasoduto Bolvia-Brasil em Timb do Sul (SC), na regio sul do Brasil.

    Estas propriedades devero ser utilizadas em anlises de estabilidade de taludes naturais e de

    corte ao longo do gasoduto, principalmente na avaliao da suscetibilidade iniciao de

    fluxos de detritos (debris flows), j constatados na regio em Dezembro de 1995. Esta

    dissertao foi desenvolvida com o apoio do Projeto FINEP CTPETRO 0682/01 (Segurana

    em Tubulaes com Gs Natural: Monitoramento e Previso de Problemas Geotcnicos e

    Ambientais em Pontos Crticos com Base Georreferenciada) no Laboratrio de Mecnica dos

    Solos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (LMS/UFRGS).

    A rea de investigao direta do projeto, na regio dos Aparados da Serra, foi definida

    antes dos primeiros trabalhos de campo desta dissertao, a partir da anlise de imagens de

    satlite e de trabalhos de campo realizados pelos pesquisadores envolvidos no projeto. A rea

    definida para os trabalhos est situada na divisa dos estados do Rio Grande do Sul e Santa

    Catarina, onde o Gasoduto Bolvia-Brasil sobe a Serra Geral. Essa rea envolve basicamente

    os municpios de Timb do Sul (SC) e de So Jos dos Ausentes (RS). O traado do gasoduto

    - na rea de investigao direta do Projeto FINEP CTPETRO 0682/01 - atravessa quatro

    regies de geomorfologia bastante distinta: (a) campos de cima da serra (planalto); (b) escarpa

    da Serra Geral; (c) depsitos coluvionares e depsitos aluvionares; e (d) colvios de regies

    planas. Estas distintas regies se refletem nos problemas geotcnicos encontrados.

    A grande parte da regio sul do Brasil coberta por uma seqncia de derrames

    baslticos conhecidos como Formao Serra Geral. No estado do Rio Grande do Sul, a

    espessura destes derrames possui at 1200 m. Cada derrame constitudo de litologia e

    estrutura complexa. As partes superiores e inferiores consistem geralmente de um conjunto

    irregular de brecha basltica, basalto vesicular e amigdalide, com algum material vtreo. A

  • CAPTULO I INTRODUO

    RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.

    2

    parte central do derrame consiste de basalto macio com juntas predominantemente verticais

    (basalto colunar), embora algumas vezes estejam presentes juntas horizontais (Bressani et al,

    1997). Os solos coluvionares da Formao Serra Geral esto associados existncia nessas

    encostas de horizontes de solo residual e blocos de rocha originrios de macios rochosos

    fraturados. Partculas de solo e blocos de rocha s e alterada so transportados por ao da

    gravidade e da eroso. Esses materiais se depositam na base e ao longo das encostas dessas

    serras. A percolao de gua dentro de camadas de solos coluvionares aumenta a poropresso

    podendo causar a instabilidade da encosta.

    A caracterizao de solos coluvionares situados nos taludes dos km 998 e km 1000 do

    gasoduto Brasil-Bolvia em Timb do Sul (SC) e seu comportamento sob condies

    climticas adversas so informaes essenciais para a interpretao das instabilidades de

    taludes observadas na regio. Para a determinao das propriedades geotcnicas desses solos

    coluvionares foi realizado nesta dissertao um conjunto de ensaios de laboratrio (ensaios de

    caracterizao, ensaios de cisalhamento direto, ensaios triaxiais, ensaios ring shear e alguns

    ensaios triaxiais especiais). Atravs de alguns ensaios triaxiais especiais, foram analisadas as

    condies de instabilidades que podem ocorrer em campo devido s chuvas de grande

    intensidade e curta durao. Os resultados destes ensaios devero ser utilizados em anlises de

    estabilidade de taludes naturais e de corte ao longo do gasoduto, principalmente na avaliao

    da suscetibilidade iniciao de fluxos de detritos (debris flows), j constatados na regio em

    Dezembro de 1995.

    Os fluxos de detritos so os movimentos de massa que representam maior risco

    integridade fsica do gasoduto na regio investigada. Deve-se notar que acidentes em

    gasodutos, como o ocorrido no Mxico em Junho de 2003, envolvendo fluxos de detritos,

    podem ter conseqncias devastadoras em termos de perda de vidas e danos a propriedades e

    ao meio ambiente.

    1.1 ESTRUTURA DA DISSERTAO

    Uma reviso da bibliografia nacional e internacional apresentada no Captulo II desta

    dissertao. Este captulo dividido em trs temas principais: (a) processos de movimento de

    massa, (b) instabilidade de colvios e (c) fluxos de detritos. Na reviso esto apresentadas

  • CAPTULO I INTRODUO

    PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)

    3

    caractersticas geotcnicas de colvios com o objetivo de embasar os resultados e as

    discusses que sero apresentados no Captulo V.

    A caracterizao da rea investigada apresentada no Captulo III. So descritas as

    localizaes da rea investigada, ndices pluviomtricos prximos rea investigada, geologia

    regional e locais de amostragem dos solos para os ensaios de laboratrio.

    O Captulo IV se refere s tcnicas experimentais para os ensaios de laboratrio

    convencionais e especiais. So descritos em detalhe os ensaios de laboratrio realizados bem

    como os procedimentos adotados na execuo dos mesmos. O Captulo V apresenta e discute

    os resultados desses ensaios de laboratrio. O Captulo VI apresenta as concluses e as

    sugestes para pesquisas futuras.

  • CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA

    RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.

    4

    CCAAPPTTUULLOO IIII RREEVVIISSOO BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA

    2.1 PROCESSOS DE MOVIMENTOS DE MASSA

    Os processos que modelam a paisagem esto relacionados s foras atuantes na

    superfcie da Terra. Dentre estas se destacam a gravidade, as mars, a radiao solar e o calor

    interno. A dinmica externa tende a nivelar a superfcie do planeta pelos fenmenos de eroso

    e sedimentao e os processos de dinmica interna originam novos relevos e depresses, com

    a formao de cadeias orognicas, planaltos, fossas tectnicas e cadeias vulcnicas. As

    modificaes oriundas dos processos da dinmica interna podem ser ou no perceptveis

    nossa capacidade de observao, dependendo da velocidade do processo ou da relao de

    foras. Assim sendo, as dinmicas externa e interna constituem processos antagnicos que,

    desde os mais remotos tempos geolgicos, mantm a superfcie da terra em permanente

    evoluo.

    O territrio brasileiro foi palco de mltiplos processos geolgicos que deram origem a

    uma grande variedade de rochas com distribuio geogrfica complexa. Segundo Leinz e

    Leonards (1977), a origem das principais escarpas e encostas est geralmente associada aos

    movimentos orogenticos ou ento decorre da epirognese, ou seja, tem sua origem motivada

    por movimentos tectnicos e magmticos envolvendo pores importantes da crosta terrestre,

    a nvel continental ou regional.

    Conforme Fernandes e Amaral (1998), os processos de escorregamento, assim como o

    intemperismo e a eroso, so fenmenos naturais contnuos de dinmica externa, que

    modelam a paisagem da superfcie da Terra. As transformaes ambientais realizadas, no

    tempo e no espao, pelas manifestaes da dinmica externa so conseqncias das seguintes

    causas:

    - Variaes climticas;

    - Movimentos tectnicos, ditos epirognicos, de soerguimento e afundamento;

    - Deslocamento das placas litosfricas, sofrendo deformaes e conseqentes

    variaes ambientais;

  • CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA

    PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)

    5

    - Soerguimento de grandes cadeias de montanhas nas faixas de dobramentos nos

    stios de colises de placas (orognese), assim como outros reflexos na superfcie da Terra, de

    fenmenos da dinmica interna.

    Segundo Wolle (1980), a natureza, atravs de dobramentos e flexuras ou atravs de

    tectnica rgida, falhamentos e basculamentos, cria os relevos acidentados. A elevao da

    crosta d origem a serras e montanhas e os afundamentos do origem a vales, plancies, lagos

    e mares. Na dinmica de evoluo das encostas, os relevos atuais de reas montanhosas,

    serranas e regies mais antigas, vm sendo determinados pelos processos erosivos mais

    recentes que, atuando incessantemente, esculpem a morfologia de vales, espiges e patamares,

    especialmente aqueles localizados em locais de clima tropical e subtropical. Segundo o autor,

    a dinmica destas duas formas antagnicas de atuao das foras da natureza determina a

    morfologia dos relevos e a situao das encostas, situao esta que no nunca esttica ou

    definitiva, mas representa um determinado estgio de evoluo (parcial) na escala geolgica

    do tempo.

    2.1.1 Tipos de movimentos de massa

    Existem vrias formas e processos de movimentos de massa, que recebem na literatura

    vrias denominaes, muitas vezes correlacionadas entre si. A grande confuso em relao ao

    conceito de landslides est no fato de que alguns autores consideram o termo como sinnimo

    de movimentos de massa e outros como um processo semelhante a um slide (deslizamento).

    Dentre os vrios processos de movimentos de massa associados gravidade, os

    escorregamentos nas encostas assumem uma grande importncia em funo da interferncia

    das atividades do homem, da extrema varincia de sua escala, da complexidade das causas e

    mecanismos, alm da variabilidade dos processos envolvidos. A influncia das atividades do

    homem contribui para modificar o regime de escoamento, infiltrao e evapotranspirao da

    gua das chuvas, provocando a acelerao dos processos erosivos dos solos, a diminuio da

    infiltrao dgua na recarga dos aqferos, a desertificao e a salinizao de aqferos

    dentre outros aspectos negativos. Por outro lado, recupera reas degradadas ou ocupa com

    critrios adequados.

    Na literatura internacional, os movimentos de solo e rocha so conhecidos como

    landslides pelos autores americanos, landslips pelos ingleses, mass movements por alguns

    engenheiros e geomorflogos, slope movements pela maioria dos engenheiros e mass wasting

  • CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA

    RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.

    6

    pela maioria dos geomorflogos. De uma maneira geral pode-se definir landslide como um

    termo utilizado para denominar diversos tipos de movimento de massa, quedas, tombamentos,

    deslizamentos, fluxos e/ou afundamento ao longo de placas. Skempton e Hutchinson (1969)

    definiram o termo landslide como movimentos que englobam movimentos de massas de solo

    e/ou rocha resultantes de uma ruptura por cisalhamento ao longo de um plano ou superfcie.

    Cruden (1991) definiu o termo landslide como o movimento de uma massa de rocha, detritos

    ou terra, proveniente das partes mais altas de um talude que se move em direo s partes

    mais baixas.

    O esclarecimento desses conceitos importante no contexto da geotcnica brasileira.

    Segundo Pinheiro et al (1997), as regies sul e sudeste do Brasil, por suas condies

    climticas e pelas grandes extenses de macios montanhosos (Serra Geral e Serra do Mar),

    esto sujeitas a desastres associados aos movimentos de massa nas encostas. Alm da grande

    quantidade dos escorregamentos de origem natural, ocorre nestas regies um elevado nmero

    de escorregamentos induzidos pela ao do homem.

    2.1.1.1 Fatores condicionantes

    A instabilizao de taludes e encostas controlada por uma cadeia de eventos, muitas

    vezes de carter cclico, que tem origem com a formao da prpria rocha e toda a sua histria

    geolgica e geomorfolgica subseqente, como movimentos tectnicos, intemperismo,

    eroso, ao antrpica, etc (Augusto Filho e Virgili, 1998). Na maioria dos processos de

    instabilizao de encostas e taludes, atuam, concomitantemente, mais de um fator

    condicionante. Apesar desta complexidade de eventos, possvel tentar estabelecer um

    conjunto de condicionantes que atuam de forma mais direta e imediata na deflagrao destes

    processos. Vrios autores discutem estas relaes; entre estes, destacam-se os trabalhos de

    Terzaghi (1950), Guidicini e Nieble (1984), Varnes, (1978), Cruden e Varnes (1996) e

    Augusto Filho e Virgilli (1998).

    Para Varnes (1978), os principais fatores que contribuem para a reduo da resistncia

    ao cisalhamento so o estado inicial do material (composio, textura, estrutura e geometria

    do talude), mudanas devidas ao intemperismo e outras reaes qumicas, mudanas nas

    foras intergranulares devidas ao teor de umidade e presso nos poros e fraturas, mudanas

    na estrutura e outras causas. Estes fatores esto relacionados aos fenmenos naturais. Os

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    autores resumiram os processos e as caractersticas que contribuem para os movimentos de

    massa. Esto listadas as causas destes movimentos, divididas em 4 grupos prticos de acordo

    com as ferramentas e os procedimentos necessrios para iniciar-se uma investigao,

    conforme mostrado no Quadro 2.1.

    Quadro 2.1 Lista das causas de movimentos de massa (Cruden e Varnes, 1996)

    CAUSAS GEOLGICAS

    CAUSAS MORFOLGICAS

    CAUSAS FSICAS CAUSAS HUMANAS

    - Materiais fracos - levantamento

    tectnico ou vulcnico

    - chuvas intensas - escavaes de taludes

    - materiais sensveis - alvio por degelo - derretimento rpido de neve

    - sobrecarga no talude ou na crista

    - materiais intemperizados

    - eroso fluvial no p do talude

    - precipitaes excepcionalmente prolongadas

    - rebaixamento (reservatrios)

    - materiais fissurados ou fraturados

    - eroso glacial no p do talude

    - Terremotos - Irrigao

    - orientao desfavorvel de descontinuidades (acamamento, xistosidade, etc.)

    - eroso nas margens laterais

    - erupes vulcnicas - minerao

    - Orientao desfavorvel de descontinuidades estruturais (falhas, contatos, inconformidades, etc.)

    - Eroso subterrnea (Soluo e piping) - descongelamento

    - vibrao artificial

    - contraste de permeabilidade

    - deposio de cargas no talude ou na crista

    - intemperismo por congelamento e descongelamento

    - vazamento de gua

    - contraste de rigidez (materiais densos, rgidos sobre materiais plstico)

    - remoo da vegetao (fogo, seca)

    - intemperismo por expanso e retrao

    Augusto Filho (1992) apresentou de forma sucinta os principais tipos de movimentos

    de massa que ocorrem com mais freqncia no Brasil, relativos com a dinmica de ambientes

    tropicais e subtropicais. O Quadro 2.2 apresenta as caractersticas de um conjunto de

    diferentes tipos de movimentos gravitacionais de massa, diretamente relacionados dinmica

    das encostas brasileiras.

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    RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.

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    Quadro 2.2 Principais tipos de movimentos de encosta no Brasil (Augusto Filho, 1992)

    PROCESSOS CARACTERSTICAS DO MOVIMENTO, MATERIAL E GEOMETRIA

    Rastejo (creep)

    - Vrios planos de deslocamento (internos); - Velocidades muito baixas a baixas (cm/ano) e decrescentes com a

    profundidade; - Movimentos constantes, sazonais ou intermitentes; - Solo, depsitos, rocha alterada e/ou fraturada; - Geometria indefinida.

    Escorregamentos (slides)

    - Poucos planos de deslocamento (externo); - Velocidades mdias (m/h) a altas (m/s); - Pequenos a grandes volumes de material; - Geometria e materiais variveis: - Planares solos pouco espessos, solos e rochas com um plano de fraqueza; - Circulares solos espessos homogneos e rochas muito fraturadas; - Em cunha solos e rochas com dois planos de fraqueza.

    Corridas (flows)

    - Muitas superfcies de deslocamento (internas e externas massa em movimentao);

    - Movimento semelhante a um lquido viscoso; - Desenvolvimento ao longo de drenagens; - Velocidades mdias a altas; - Mobilizao de solo, rocha, detritos e gua; - Grandes volumes de material; - Extenso raio de alcance, mesmo em reas planas.

    Augusto Filho e Virgili (1998) resumem os principais fatores condicionantes dos

    processos de instabilizao de encostas na dinmica ambiental brasileira:

    - Caractersticas climticas, com destaque para o regime pluviomtrico;

    - Caractersticas e distribuio dos materiais que compem o substrato das

    encostas e taludes, abrangendo solos, rochas, depsitos e estruturas geolgicas (xistosidade,

    fraturas, etc.);

    - Caractersticas geomorfolgicas, com destaque para a inclinao, amplitude e

    forma do perfil das encostas (retilneo, convexo e cncavo);

    - Regime das guas superficiais e subsuperficiais;

    - Caractersticas do uso e ocupao, incluindo cobertura vegetal e as diferentes

    formas de interveno antrpica das encostas, como cortes, aterros, concentrao de gua

    pluvial e servida, etc.

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    2.1.1.2 Classificao dos movimentos de massa

    Para os escorregamentos ou movimentos de encostas, existem inmeras classificaes.

    Sistemas recentes e com esquemas ilustrativos foram apresentados por Varnes (1978),

    Skempton e Hutchinson (1969), Bromhead (1986), Hutchinson (1988), Sassa (1989) e Cruden

    e Varnes (1996).

    A importncia destas classificaes na aplicao prtica est no fato de associar um

    determinado tipo de movimento s suas caractersticas (profundidade, raio de alcance,

    material, etc.). Estas caractersticas, em conjunto com o entendimento dos condicionantes,

    permitem formular modelos que tm sido utilizados para orientar medidas preventivas e/ou

    corretivas. As classificaes de movimentos de massa baseiam-se geralmente na combinao

    dos seguintes critrios bsicos: velocidade, direo e recorrncia dos deslocamentos; natureza

    do material, textura, estrutura e teor de umidade; geometria da massa movimentada e

    velocidade de deformao do movimento.

    Movimentos de massa podem ser classificados e descritos atravs de duas formas

    segundo Varnes (1978) e Cruden e Varnes (1996). A primeira forma descreve o material e a

    segunda o tipo de movimento. Em relao aos materiais, estes so divididos em rochas,

    detritos (20% a 80% das partculas so > 2mm) e solo (80% ou mais das partculas so <

    2mm). Os tipos de movimentos dividem-se em quedas, tombamentos, deslizamentos

    (rotacionais e translacionais), expanses laterais/espraiamentos, fluxos (solo, detritos e rocha)

    e complexos (combinao de dois ou mais dos principais tipos de movimentos).

    A classificao de movimentos de massa proposta por Varnes (1978) simples e

    baseia-se no tipo de movimento e no tipo de material transportado. a mais utilizada

    internacionalmente, sendo adotada pela International Association of Engineering Geology

    (IAEG). Uma das razes para o grande uso da classificao proposta pelo autor a

    apresentao de bloco-diagramas tri-dimensionais dos movimentos como o da Figura 2.1,

    onde est representado um deslizamento/fluxo complexo de material fino (solo).

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    Figura 2.1 Bloco diagrama de um deslizamento/fluxo complexo de material fino (Varnes,1978)

    Skempton e Hutchinson (1969) apresentaram um sistema de classificao de

    escorregamentos em taludes argilosos propondo o reconhecimento de 5 tipos bsicos e 6

    formas complexas de movimentos de massa. Os tipos bsicos de movimentos de massa foram

    classificados em quedas, escorregamentos rotacionais, escorregamentos compostos,

    escorregamentos translacionais e corridas. Os movimentos complexos foram classificados em

    escorregamentos sucessivos, escorregamentos retrogressivos mltiplos, fluxo de solo,

    escorregamentos em colvios, expanso lateral e escorregamento.

    O sistema de classificao proposto por Hutchinson (1988) um dos mais completos e

    complexos que se tem conhecimento at o momento. Este sistema baseia-se na morfologia da

    massa em movimento e em critrios associados ao tipo de material, ao mecanismo de ruptura,

    velocidade do movimento, s condies hidrogeolgicas e s caractersticas da estrutura do

    solo (fabric). Contudo, devido a sua complexidade, este sistema de classificao requer um

    volume grande de informaes que muitas vezes dificulta a sua utilizao no campo. Os tipos

    principais de movimentos de massa foram classificados em movimentos devidos ao alvio de

    tenso (rebound), rastejo (creep), deformaes significativas em cristas de montanha e taludes

    (sagging), escorregamentos, movimento de detritos na forma de fluxos, tombamentos, quedas

    e movimentos complexos.

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    Cruden e Varnes (1996) revisaram e adicionaram novos termos classificao de Varnes

    (1978), internacionalmente adotada. Os tipos de movimentos e os materiais no foram

    modificados. Os movimentos foram novamente divididos em 5 tipos: quedas, tombamentos,

    escorregamentos, espraiamentos e fluxos. O sexto tipo proposto por Varnes (1978),

    escorregamentos complexos, foi retirado da classificao formal, embora o termo complexo foi

    mantido para descrever o estilo de atividade de um escorregamento.

    A seqncia recomendada para a classificao proposta Cruden e Varnes (1996) descreve

    a atividade dos escorregamentos (incluindo o estado, distribuio e estilo), seguida pela descrio

    de todos os movimentos (incluindo a velocidade, teor de umidade, material e tipo). Movimentos

    posteriores ou subseqentes em escorregamentos complexos e compostos podem ser descritos

    pela repetio, quantas vezes for necessrio, da descrio proposta neste quadro. Segundo os

    autores, a terminologia sugerida consistente com os mtodos sugeridos e o glossrio da

    UNESCO, (1990).

    As classificaes dos movimentos de massa mais utilizadas no Brasil foram apresentadas

    por Freire (1965), Guidicini e Nieble (1984) e a proposta pelo grupo de pesquisa do IPT (1991),

    segundo Fernandes e Amaral (1998). Esto resumidas no Quadro 2.3.

    Quadro 2.3 Comparao entre as principais propostas de classificao de movimentos de massa no Brasil

    (Fernandes e Amaral, 1998)

    Freire (1965) Guidicini e Nieble (1984) IPT (1991) ESCOAMENTOS: Rastejos e corridas

    ESCOAMENTOS: Rastejos e corridas

    RASTEJOS CORRIDAS DE MASSA

    ESCORREGAMENTOS: Rotacionais e translacionais

    ESCORREGAMENTOS: Rotacionais, translacionais, queda de

    blocos e queda de detritos

    ESCORREGAMENTOS

    SUBSIDNCIAS E DESABAMENTOS

    SUBSIDNCIAS: Subsidncias, recalques e

    desabamentos

    QUEDAS E TOMBAMENTOS

    Formas de Transio Movimentos Complexos

    2.2 INSTABILIDADE DE COLVIOS

    Na rea de estudo do Projeto FINEP CTPETRO 0682/01 relativa a esta dissertao foram

    identificados pelos pesquisadores do projeto dois tipos de colvios: (a) colvios oriundos de

    rochas vulcnicas, (b) colvios oriundos de arenito. Com base nesta identificao, nesta seo

    sero revistos aspectos do comportamento geotcnico tpico de colvios.

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    2.2.1 Definio e caractersticas

    Lacerda e Sandroni (1985) definiram colvio como um depsito composto por blocos

    e/ou gros de qualquer dimenso, transportados por gravidade e acumulados no sop ou a

    pequena distncia de taludes mais ngremes ou escarpas rochosas. De maneira geral, podem ser

    descritos como materiais com grande variabilidade de textura, comportamento mecnico dctil-

    plstico sem pico definido e com rede de fluxo bem estabelecida nos perodos chuvosos. Essas

    massas coluvionares, devido ao seu prprio processo de formao, geralmente apresentam

    movimentos lentos de rastejo, seja por carregamentos impostos por novos aportes de material, seja

    por eroso do sop pelas drenagens (arroios e rios), seja pelo prprio comportamento do material,

    que muitas vezes apresenta aspectos reolgicos particulares (fluncia sob tenso constante).

    Schilling (1993) definiu solo coluvionar como sendo a camada formada por solo e/ou

    fragmentos de rocha localizados no p e ao longo da encosta, transportados das cotas mais altas,

    pela ao da gravidade e das guas. Este processo de formao tem ao intensa das guas

    superficiais e subterrneas que escoam ao longo da encosta e contribuem para a ocorrncia da

    eroso e dos escorregamentos. Esses escorregamentos deslocam a massa terrosa e rochosa para as

    cotas mais baixas da encosta. Filho (1997) definiu colvios como depsitos de encosta que se

    deslocaram pela ao do prprio peso e por ao das guas da chuva, incluindo nesta definio os

    depsitos de tlus, constitudos por fragmentos de rocha. Segundo Nogami (1995), colvios

    referem-se ao processo geolgico atravs do qual materiais existentes na superfcie so

    acumulados no sop das encostas, pela ao da gravidade. O autor afirma que a ocorrncia

    comum de linhas de seixo indica que os colvios so mais freqentes do que se pensa.

    2.2.2 Origem de colvios

    Os solos coluvionares podem se originar em encostas de formaes geolgicas diversas,

    em diferentes locais do Brasil como nos Estados de So Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do

    Sul. Sua ocorrncia nas encostas das serras brasileiras est associada existncia de horizontes de

    solo residual e blocos de rocha originrios de um macio rochoso fraturado. Partculas de solo,

    rochas e blocos de rocha s e alterada so transportados por ao da gravidade e da eroso. Esses

    materiais se depositam na base e ao longo das encostas dessas serras. A percolao de gua dentro

    de camadas de solo coluvionar e sua deposio no seu interior completam a sua caracterizao

    (Massad, 2003).

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    A formao do solo coluvionar est associada com seu modo de ruptura. O movimento

    lento, quase contnuo, da massa deste solo ao longo da encosta substitudo pelo movimento mais

    acelerado aps perodos de chuvas intensas e tende a acelerar, quando a infiltrao de gua no

    interior desses taludes causa aumentos significativos de poropresso. Esses movimentos so

    responsveis pela acomodao das camadas de solo coluvionar na encosta; entretanto, quando

    rompido o equilbrio, o movimento rpido constitui o modo de ruptura do talude. A Figura 2.2,

    proposta por Deere e Patton (1971), ilustra o processo de formao desse tipo de solo, por vrios

    escorregamentos que se sucederam ao longo do tempo.

    Coluvio

    N. A. Mx.

    N. A. Mn.

    Figura 2.2 Ilustrao do processo de formao de um colvio (Deere e Patton, 1971)

    Segundo Deere e Patton (1971), a origem de muitos solos coluvionares parece ser de

    rupturas de massas de solo que ocorreram em nveis superiores ao sop de um talude. Por isso, o

    conceito de solo coluvionar abrange escorregamento de fragmentos de solo e rocha assim como

    vrios depsitos de um talude. Segundo os autores, escorregamentos em camadas rasas de solos

    coluvionares so comuns em regies de clima tropical e subtropical.

    A camada de solo coluvionar freqentemente mais permevel do que os horizontes A e

    B do solo residual existente abaixo. Portanto, comum se encontrar nessa camada nveis de gua

    elevados e isolados. Esta gua ajuda a reduzir a resistncia ao cisalhamento dos materiais das

    camadas inferiores e a formao de percolaes adversas no solo coluvionar. Durante perodos de

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    RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.

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    chuvas intensas, as guas superficiais e subsuperficiais promovem a desagregao

    retroprogressiva de camadas rasas de solos coluvionares. O processo pode continuar at que toda

    a camada seja removida da encosta, ou at esse processo erosivo remover o solo que no retido

    pelas razes da vegetao (Deere e Patton, 1971).

    Conforme Massad (2003), solos situados acima do nvel fretico sofrem ainda a ao de

    processos fsico-qumicos e biolgicos complexos, em regies de clima quente e mido, presente

    em clima tropicais e subtropicais como o brasileiro. Esses processos compreendem a lixiviao

    (carreamento pela gua) de slica e bases, e mesmo de argilominerais, das camadas mais altas para

    as camadas mais profundas, deixando na superfcie um material rico em xidos hidratados de

    ferro e alumnio.

    Segundo Lacerda (2002), em vales fechados existem dois processos erosivos atuando

    continua e intermitentemente, quase sempre associados aos perodos de chuva prolongada. O

    primeiro processo a eroso superficial, ou laminar, em que a gua ao escorrer pela superfcie

    carreia partculas de solos para cotas mais baixas. Uma parcela destas partculas atinge o talvegue,

    e ali se acumula ou, se a chuva for de grande intensidade, carreada pela enxurrada at o rio mais

    prximo, e vai se depositar como aluvio em locais de guas tranqilas, lagos ou mar. A outra

    parcela permanece depositada na prpria encosta, e vai somar-se ao colvio pr-existente. Alguns

    autores chamam o solo resultante desta deposio de "alvio". Este processo est ilustrado na

    Figura 2.3.

    Outro processo de instabilizao de colvios, mais violento, de acordo com Lacerda

    (2002), ocorre quando uma poro do solo residual escorrega e se deposita sobre a prpria

    encosta. Este novo acrscimo na capa de colvio, ao contrrio daquele que depositado

    suavemente e que acrescenta apenas alguns centmetros camada superficial da encosta a cada

    evento, pode acrescentar vrios metros de uma s vez aos depsitos de encosta. Esta massa pode

    existir no estado desagregado, com aumento de volume do solo residual e conseqentemente

    aumento do ndice de vazios, como est ilustrado na Figura 2.4. Esta massa pode apresentar

    caractersticas do solo residual intacto, se este deslocou como um corpo rgido. Neste ltimo

    processo a aparncia do colvio enganosa, e tem levado a alguns insucessos quando se trata de

    fundaes de obras em encosta (Figura 2.5).

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    Encosta rochosa fraturada

    Talus

    Figura 2.3 Material resultante de deposio

    (alvio) (Lacerda, 2002)

    Rocha

    Escorreagamento em solo residual saproltico

    Massa escorregadatotalmente desagregada

    Figura 2.4 Poro de solo residual escorregado e depositado sobre

    a prpria encosta (Lacerda, 2002)

    Deposioparcial do

    material erodido

    Sulcos eravinas

    Figura 2.5 Aparncia do colvio enganosa (Lacerda, 2002)

    Nogami (1985) salienta que muitos solos tropicais so produtos diretos do intemperismo

    qumico da rocha in situ (solos residuais) mas podem tambm ser originados do intemperismo

    qumico de solos transportados, incluindo solos coluvionares. Solos tropicais formados por

    intemperismo de rochas sedimentares consistem usualmente de misturas de argilo-minerais de

    forma lamelar, particularmente caulinita e montmorilonita, e partculas granulares grosseiras no

    degradveis, principalmente quartzo e de rocha vulcnica. Os solos tropicais mais comuns so os

    solos laterticos, solos ricos em esmectitas, solos de cinza vulcnica, solos originados do

    intemperismo de rochas sedimentares e solos saprolticos originados do intemperismo de rochas

    de granulao grosseira, gneas e metamrficas. Pesquisas em solos tropicais esto concentradas

    nas propriedades de resistncia ao cisalhamento de pico, compressibilidade e condutividade

    hidrulica. Existem poucos dados disponveis sobre a resistncia ao cisalhamento residual. Uma

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    RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.

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    possvel razo para isto que as pesquisas tm sido freqentemente direcionadas para o

    comportamento de solos laterticos. Para estes solos, a mobilizao da resistncia ao cisalhamento

    residual no um problema crtico. Entretanto, algumas classes de solos tropicais so conhecidas

    por apresentarem uma proporo significativa de argilas expansivas (Blight, 1997; Fookes, 1997).

    Segundo Bica et al (1997), solos com argilas expansivas apresentam valores baixos de ngulo de

    atrito residual (fr), parmetro que controla a estabilidade de muitos taludes naturais.

    Conforme Pinheiro (2000), muitos solos tropicais, particularmente solos residuais e alguns

    solos coluvionares tm sido afetados por processos de laterizao em vrios graus. As condies

    favorveis para este processo so o calor, a umidade e boas condies de drenagem. As principais

    caractersticas dos solos laterticos so a cor vermelha, a presena de sesquixidos de ferro e

    alumnio, a presena de agregados de argila, a ausncia de esmectita e a presena de algum

    quartzo e caulinita, alm da baixa massa especfica aparente e elevada condutividade hidrulica.

    2.2.3 Caractersticas dos escorregamentos de solos coluvionares

    Quando h um escorregamento de massa, os solos localizados na superfcie de

    cisalhamento principal ou nas superfcies secundrias, formadas durante o escorregamento,

    perdem sua estrutura, se transformando em um material desagregado e perdendo suas

    caractersticas de origem. Mas, na maioria das vezes, grande parte da massa escorregada

    formada por blocos de variadas dimenses que mantm suas caractersticas originais. Sendo

    assim, em um dado colvio, pode haver resqucios das caractersticas do solo residual que lhe deu

    origem, o que influenciaria seus parmetros de resistncia ao cisalhamento.

    De acordo com Lacerda (2002), a instabilizao ou o aumento dos movimentos de

    fluncia de taludes coluvionares pode ocorrer de acordo com as situaes:

    - Espontaneamente com lenol permanentemente elevado devido precipitao

    contnua. Nesse caso as velocidades de fluncia aumentam, mas no h ruptura sbita, pois o solo

    se deforma plasticamente;

    - Escavaes, mesmo de pequena altura, feitas no p do talude;

    - Carregamento na crista do talude;

    - Por choque (Avelar, 1996 apud Lacerda, 2002) ou carregamento sbito devido a

    novo escorregamento a montante.

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    17

    Segundo Borda Gomes (1996) apud Lacerda e Diniz (2001), quando no saturados, os

    solos coluvionares no apresentam em geral problemas de estabilidade. Porm, quando saturados

    e com a presena do lenol dgua, sofrem movimentao devida reduo da suco e ao

    aparecimento de poropresses positivas ao longo da superfcie de escorregamento. Esta

    movimentao cclica e sazonal, ou seja, pequena e lenta durante o perodo de seca e acentuada

    durante o perodo de chuvas. A saturao do colvio ocorre atravs da infiltrao ao longo de toda

    sua extenso superficial e atravs do fluxo de gua infiltrado no contato da escarpa, quando

    existente, com o colvio e ainda por injees de gua sob presso no contato entre o colvio e

    veios permeveis da rocha subjacente. Como a condutividade hidrulica do solo coluvionar em

    geral alta, sua saturao ocorre com rapidez, fazendo com que, muitas vezes, no se tenha tempo

    de tomar providncias para atenuar seus efeitos (Barata, 1969; Campos et al, 1992 e Lacerda,

    1997).

    Conforme Avelar (1996) apud Lacerda (2002), as lnguas coluvionares saturadas exibem

    caractersticas tpicas de movimentao. Geralmente, elas vm se movimentando h muito tempo

    e o movimento da massa coluvionar se faz como um todo sobre uma superfcie de cisalhamento,

    nas condies de resistncia ao cisalhamento residual do solo desta superfcie. Lacerda (2002)

    concluiu que, de acordo com as situaes citadas anteriormente, o que acontece na realidade a

    reativao de um escorregamento pr-existente, com a superfcie de escorregamento situada na

    fronteira entre o colvio e o solo residual. A interface solo residual e do colvio est quase sempre

    na condio residual de resistncia ao cisalhamento do colvio, devido, s vezes, ao colvio estar

    assente diretamente sobre a rocha, previamente denudada por um escorregamento pretrito do

    solo residual primitivo.

    Bressani e Bica (1998) analisaram os condicionamentos mecnicos de algumas rupturas

    de taludes no Rio Grande do Sul incluindo vrios colvios. O colvio de Itati (colvio de basalto),

    um exemplo de massa coluvionar de matriz argilosa em que a resistncia ao cisalhamento

    residual foi mobilizada devido ao processo de formao do talude e magnitude das deformaes

    decorrentes da sua prpria instabilidade. Estas condies se refletem na forma do talude original.

    A geomorfologia resultado do tipo de deposio do solo, da ao do intemperismo, da

    movimentao do talude e conseqente reduo de resistncia ao cisalhamento.

    Nummer (2003) estudou um trecho da rodovia RS 230/486, Rota do Sol, situado entre os

    municpios de Tainhas (RS) e Terra de Areia (RS). O trecho corta um pacote de rochas vulcnicas

    cidas e bsicas da Formao Serra Geral, arenitos da Formao Botucatu e sedimentos

  • CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA

    RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.

    18

    cenozicos da Plancie Costeira. Um dos principais problemas geotcnicos da rodovia reside na

    instabilizao de taludes em regio de rocha basltica. Nummer (2003) i