000444963
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GEOTÉCNICA DE SOLOSTRANSCRIPT
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PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS
COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM
TIMB DO SUL (SC)
RODRIGO MORAES DA SILVEIRA
Porto Alegre (RS)
Novembro de 2003
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RODRIGO MORAES DA SILVEIRA
PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS
COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM
TIMB DO SUL (SC)
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia na modalidade Acadmico.
Porto Alegre (RS)
Novembro de 2003
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S527p SILVEIRA, Rodrigo Moraes da
Propriedades Geotcnicas dos Solos Coluvionares do Gasoduto Bolvia-Brasil em Timb do Sul (SC) / Rodrigo Moraes da Silveira. Porto Alegre:PPGEC/UFRGS, 2003.
Dissertao de Mestrado, Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Mestre em Engenharia.
Orientao: Ph.D Adriano Virglio Damiani Bica e Ph.D Luiz Antnio Bressani.
1. Estabilidade de Taludes 2. Solo Coluvionar Propriedades 3. Mecnica dos Solos Ensaios orient. I. Bica, Adriano Virglio Damiani, orient. II. Bressani, Luiz Antnio.
CDU-624.131.4(043)
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RODRIGO MORAES DA SILVEIRA
PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM
TIMB DO SUL (SC)
Esta dissertao foi julgada adequada para a obteno do ttulo de MESTRE EM
ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelos professores orientadores e pelo
Programa de Ps-Graduao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, 21 de Novembro de 2003
Prof. Adriano Virglio Damiani Bica Ph.D pela University of Surrey, U.K.
orientador
Prof. Luiz Antnio Bressani Ph.D pela University of London, U.K.
orientador
Prof. Amrico Campos Filho Coordenador do PPGEC/UFRGS
BANCA EXAMINADORA
Prof. Milton Assis Kanji (USP) D.Sc. pela Universidade de So Paulo
Prof. Rinaldo Jos Barbosa Pinheiro (UFSM) D.Sc. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Profa.Wai Ying Yuk Gehling (UFRGS) D.Sc. pela Universidade Politcnica da Catalunya
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Dedico este trabalho minha famlia
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Imagination is more important than knowledge,
knowledge is limited.
Imagination encircles the world.
Albert Einstein
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AGRADECIMENTOS
PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)
AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS
A concluso desta Dissertao de Mestrado s foi possvel devido contribuio de
vrias pessoas. A todos, que de alguma forma ou de outra contriburam para a execuo deste
trabalho, gostaria de dedicar meus mais sinceros agradecimentos. Especialmente, refiro-me :
Deus pela minha vida, pela minha famlia, pela minha sade, por guiar-me sempre
pelos melhores caminhos, por colocares ao meu lado sempre pessoas boas e especiais e por
todas as oportunidades que me foram concedidas;
A minha famlia em especial aos meus pais Amaro Machado da Silveira e Ivone
Moraes da Silveira por sempre terem apoiado todas as minhas decises e por terem me
auxiliado da melhor forma possvel a evitar os possveis erros que surgem durante a vida.
Antes destes agradecimentos ressalto que serei eternamente grato por serem meus pais e por
gostarem muito de mim. Pai, Me, esta conquista tambm de vocs;
No posso esquecer os agradecimentos aos meus avs paternos e maternos; que
tambm so a minha famlia: Feliciano Silveira e Ordalina Machado da Silveira (in
memorian), e Palmira Moraes. Gostaria de deixar claro neste momento to importante da
minha vida que, esta conquista foi construda desde os primeiros ensinamentos dados tambm
pela pessoa mais vivida, sbia, perseverante e auto confiante que tenho ao meu lado, meu av
Feliciano Silveira, exemplo de vida e fortaleza. V, contigo aprendi: Querer poder. Ento,
est aqui mais um resultado que eu quis e consegui e que dedico tambm ao senhor.
Aos meus professores orientadores Adriano Virglio Damiani Bica e Luiz Antnio
Bressani dedico meus mais sinceros agradecimentos, pois, se hoje sou um profissional ps-
graduado, porque vocs acreditaram em mim. Agradeo tambm pelo convvio, amizade,
inmeros ensinamentos e pelo precioso tempo dedicado sem esquecer dos exemplos
irreparveis; que serviro para toda minha vida; recebidos desde o inicio dos meus trabalhos
no Laboratrio de Mecnica dos Solos (LMS/UFRGS) at a concluso deste trabalho. Espero
sinceramente que nossa convivncia e amizade sejam muito duradouras. Enfim,
agradecimentos so muito pouco em relao a considerao que sinto por vocs, mas mesmo
assim muito obrigado a vocs;
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AGRADECIMENTOS
RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.
Aos demais professores da rea geotcnica do Programa de Ps-Graduao em
Engenharia Civil (PPGEC/UFRGS) agradeo profundamente pelos inestimveis ensinamentos
em especial aos professores Wai Ying Yuk Gehling e Washington Peres Nez pela amizade,
pelo carinho, e por todos os momentos de agradvel convvio que passamos;
Aos professores da Universidade Federal de Santa Maria, Jos Mario Doleys Soares e
Rinaldo Jos Barbosa Pinheiro por terem me recomendado muito bem ao PPGEC/UFRGS
assim como aos meus orientadores. Em especial, agradeo ao professor Jos Mario Doleys
Soares por ter me concedido a honra de poder ter trabalhado a seu lado e pela inesquecvel
lembrana de eu ter tido minha iniciao cientifica como bolsista com a sua orientao;
Ao funcionrio do LMS/UFRGS, Jair Francisco Floriano da Silva agradeo por toda
ajuda, ensinamentos, amizade, conselhos, incentivos e divertida convivncia. Desde minha
chegada ao LMS/UFRGS foste uma das melhores amizades conquistadas em Porto Alegre e
tenho muita considerao e admirao pelo senhor. Sem sua ajuda este trabalho seria muito
mais rduo. Espero sinceramente que nossa convivncia e amizade sejam muito duradouras.
Muito obrigado a voc;
Ao colega e grande amigo Marcelo Luvison Rigo. Tenha certeza que voc encontra-se
entre as poucas pessoas que posso chamar de melhor amigo e que considero voc um grande
exemplo de pessoa e profissional. Acredito que esta conquista tambm seria bem mais difcil
se voc no estivesse sempre disposto a me ajudar. Tenho muito a agradecer a voc, entre os
principais agradecimentos encontram-se os incentivos, e a amizade. Agradeo tambm pelos
ensinamentos e simplesmente pelo fato de voc ter estado comigo tanto nas horas ruins
quanto nas horas boas. Muito obrigado de corao;
Aos bolsistas de iniciao cientifica do LMS/UFRGS lvaro Pereira, Francisco
Brugger Issler, Wagner Lima dos Santos e em especial ao bolsista Isac Alexandre Martinello
que trabalhou intensamente na ajuda de execuo dos ensaios de laboratrio e na formatao
final desta dissertao. Ao bolsista de iniciao cientifica do Laboratrio de Pavimentao
(LAPAV/UFRGS) Llio Antnio Teixeira de Brito pela ajuda no melhoramento das figuras
digitalizadas. Ao funcionrio do LAPAV/UFRGS Carlos Ivan Horn Ribas pelo respeito e pala
divertida convivncia;
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AGRADECIMENTOS
PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)
Aos funcionrios do PPGEC/UFRGS, muito obrigado pelo apoio logstico fornecido e
aos colegas pesquisadores componentes do Projeto FINEP CTPETRO 0682/01;
Aos colegas Carolina Feuerharmel, Cludio Renato Castro Dias, Danielle de Souza
Clerman, Diana Morussi Azambuja, Diego Vendramin, Eli Antnio da Costa, Leandro
Scheffer, Marco Antnio, Raymundo Carlos Machado Ferreira Filho, Rafael Menna Barreto
Azambuja, Rodrigo Caberlon Cruz e Rodrigo Silveira Lovato e especialmente ao grande
amigo Rodrigo Malysz. Ainda aos colegas do mestrado em estruturas Ana Ceclia Libreloto,
Daniel Fraga Sias e Uziel Cavalcanti de Medeiros Quinino e as colegas do doutorado em
geotecnia Cristiane Salermo Schmitz e Luciana Rohde. Agradeo a vocs por terem sido uma
das melhores turma de colegas que tive, com vocs me diverti muito. Muito obrigado pelos
bons momentos que passamos juntos;
Aos amigos Gelogos Andra Valli Nummer e Firmino Constantino Moraes Neto,
obrigado pela amizade e pelo apoio em relao aos assuntos geolgicos desta dissertao;
minha querida e amada namorada Lisiane Figueiredo Fernandes, muito obrigado
pelo apoio, incentivo, compreenso da distncia, amor e carinho a mim concedidos. Essa
minha conquista tambm pode ser considerada tua, s em grande parte motivo das minhas
alegrias e da minha motivao. Eu te amo muito.
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SSUUMMRRIIOO
CCAAPPTTUULLOO II IINNTTRROODDUUOO ..................................................................................................................................................................................................................................11
1.1 ESTRUTURA DA DISSERTAO......................................................................................... 2
CCAAPPTTUULLOO IIII RREEVVIISSOO BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA ..............................................................................................................................................................................44
2.1 PROCESSOS DE MOVIMENTOS DE MASSA....................................................................... 4
2.1.1 Tipos de movimentos de massa .............................................................................................. 5
2.1.1.1 Fatores condicionantes ............................................................................................... 6
2.1.1.2 Classificao dos movimentos de massa ..................................................................... 9
2.2 INSTABILIDADE DE COLVIOS ......................................................................................... 11
2.2.1 Definio e caractersticas................................................................................................... 12
2.2.2 Origem de colvios ............................................................................................................ 12
2.2.3 Caractersticas dos escorregamentos de solos coluvionares .................................................... 16
2.2.4 Ensaios geotcnicos em solos coluvionares .......................................................................... 18
2.3 FLUXOS DE DETRITOS....................................................................................................... 28
2.3.1 Descrio ......................................................................................................................... 28
2.3.2 Ocorrncia de fluxo de detritos ......................................................................................... 30
2.3.3 Ensaios triaxiais especiais....................................................................................................... 33
CCAAPPTTUULLOO IIIIII CCAARRAACCTTEERRIIZZAAOO DDAA RREEAA IINNVVEESSTTIIGGAADDAA ................................................................................................3355
3.1 LOCALIZAO DA REA INVESTIGADA ....................................................................... 35
3.2 NDICES PLUVIOMTRICOS PRXIMOS REA INVESTIGADA..................................... 37
3.3 GEOLOGIA REGIONAL....................................................................................................... 38
3.3.1 Formao Botucatu (Grupo So Bento) ............................................................................. 42
3.3.2 Formao Serra Geral (Grupo So Bento) ......................................................................... 43
3.4 LOCAIS DE AMOSTRAGEM ............................................................................................... 43
CCAAPPTTUULLOO IIVV AAMMOOSSTTRRAAGGEEMM EE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA DDEE EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO ..........4477
4.1 AMOSTRAGEM.................................................................................................................... 47
4.2 ENSAIOS DE EXPANSO.................................................................................................... 50
4.2.1 Planejamento dos ensaios.................................................................................................. 50
4.2.2 Equipamentos ................................................................................................................... 51
4.2.3 Moldagem dos corpos de prova para os ensaios de expanso............................................. 51
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4.2.4 Procedimento dos ensaios ................................................................................................. 52
4.3 ENSAIOS DE CARACTERIZAO ..................................................................................... 52
4.3.1 ndices Fsicos .................................................................................................................. 53
4.3.2 Limites de Atterberg......................................................................................................... 53
4.3.3 Ensaios de Granulometria ................................................................................................. 53
4.4 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO .............................................................................. 54
4.4.1 Consideraes gerais ........................................................................................................ 55
4.4.2 Planejamento dos ensaios.................................................................................................. 55
4.4.3 Equipamentos ................................................................................................................... 57
4.4.4 Moldagem dos corpos de prova para os ensaios de cisalhamento direto ............................. 57
4.4.5 Procedimento dos ensaios ................................................................................................. 57
4.5 ENSAIOS RING SHEAR ........................................................................................................ 58
4.5.1 Planejamento dos ensaios.................................................................................................. 58
4.5.2 Equipamento .................................................................................................................... 59
4.5.3 Procedimentos dos ensaios................................................................................................ 60
4.6 ENSAIOS TRIAXIAIS ........................................................................................................... 61
4.6.1 Planejamento dos ensaios ..................................................................................................... 61
4.6.2 Equipamentos utilizados ................................................................................................... 63
4.6.3 Moldagem e procedimentos dos ensaios triaxiais .............................................................. 64
4.6.3.1 Ensaios triaxiais (CIU) corpo de prova indeformado.............................................. 66
4.6.3.2 Ensaios triaxiais (CIU) corpo de prova remoldado ................................................. 67
4.6.3.3 Ensaios triaxiais especiais corpo de prova indeformado ......................................... 67
CCAAPPTTUULLOO VV AAPPRREESSEENNTTAAOO EE AANNLLIISSEE DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS DDOOSS EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO....................................................................................................................................................................................................................................6699
5.2 ENSAIOS DE EXPANSO.................................................................................................... 70
5.3 ENSAIOS DE CARACTERIZAO ..................................................................................... 71
5.4 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO........................................................................... 73
5.4.1 Resultados dos ensaios de cisalhamento direto bloco RO1 (km 1000)............................. 74
5.4.2 Resultados dos ensaios de cisalhamento direto bloco AV1 (km 998) .............................. 79
5.4.3 Resultados dos ensaios de cisalhamento direto bloco ES1 (km 998) ............................... 83
5.6 ENSAIOS RING SHEAR ........................................................................................................ 88
5.5 ENSAIOS TRIAXIAIS ........................................................................................................... 91
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5.5.1 Correo de rea dos corpos de prova dos ensaios triaxiais................................................ 92
5.5.2 Ensaios triaxiais (CIU) com corpos de prova remoldados .................................................. 96
5.5.3 Ensaios triaxiais (CIU) com corpos de prova indeformados............................................... 99
5.5.3.1 Resultados dos ensaios triaxiais bloco RO1 (km 1000) .......................................... 99
5.5.3.2 Resultados dos ensaios triaxiais bloco RO2 (km 1000) ........................................ 102
5.5.3.3 Resultados dos ensaios triaxiais bloco AV1 (km 998) .......................................... 105
5.5.3.4 Resultados dos ensaios triaxiais bloco ES1 (km 998) ........................................... 107
5.5.4 Ensaios triaxiais especiais ............................................................................................... 109
5.5.4.1 Clculo das tenses efetivas de campo.................................................................... 110
5.5.4.2 Resultados dos ensaios triaxiais especiais ............................................................... 113
CCAAPPTTUULLOO VVII CCOONNCCLLUUSSEESS EE SSUUGGEESSTTEESS PPAARRAA TTRRAABBAALLHHOOSS FFUUTTUURROOSS......................................111166
6.1 CONCLUSES .................................................................................................................... 116
6.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................. 118
CCAAPPTTUULLOO VVIIII RREEFFEERRNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAASS ......................................................................................................................................111199
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LLIISSTTAA DDEE FFIIGGUURRAASS
CCAAPPTTUULLOO IIII RREEVVIISSOO BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA ..............................................................................................................................................................................44
Figura 2.1 Bloco diagrama de um deslizamento/fluxo complexo de material fino (Varnes,1978) ............10
Figura 2.2 Ilustrao do processo de formao de um colvio (Deere e Patton, 1971)..............................13
Figura 2.3 Material resultante de deposio (alvio) (Lacerda, 2002) .......................................................15
Figura 2.4 Poro de solo residual escorregado e depositado sobre a prpria encosta (Lacerda, 2002) ....15
Figura 2.5 Aparncia do colvio enganosa (Lacerda, 2002) ......................................................................15
CCAAPPTTUULLOO IIIIII CCAARRAACCTTEERRIIZZAAOO DDAA RREEAA IINNVVEESSTTIIGGAADDAA ................................................................................................3355
Figura 3.1 Mapas com a localizao do municpio de Timb do Sul (SC) e a trajetria do gasoduto Bolvia Brasil em destaque ..................................................................................................35
Figura 3.2 Localizao da Bacia Sedimentar do Paran (adaptado por Melfi et al, 1998).........................39
Figura 3.3 Coluna Estratigrfica da Bacia Sedimentar do Paran, com a identificao da rea estudada (quadro vermelho; Bizzi et al, 2001) ......................................................................................41
CCAAPPTTUULLOO VV AAPPRREESSEENNTTAAOO EE AANNLLIISSEE DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS DDOOSS EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO....................................................................................................................................................................................................................................6699
Figura 5.1 Distribuio granulomtrica com e sem o uso de defloculante km 1000 (Bloco RO1) .........71
Figura 5.2 Distribuio granulomtrica com e sem o uso de defloculante km 1000 (Bloco RO2) .........72
Figura 5.3 Distribuio granulomtrica com e sem o uso de defloculante km 998 (Bloco AV1)...........72
Figura 5.4 Distribuio granulomtrica com e sem o uso de defloculante km 998 (Bloco ES1) ............73
Figura 5.5 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal obtida nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 1000 (Bloco RO1) ......................................75
Figura 5.6 Curvas deslocamento vertical versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 1000 (Bloco RO1) ................76
Figura 5.7 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 1000 (Bloco RO1) .........................................76
Figura 5.8 Curvas deslocamento vertical versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 1000 (Bloco RO1) ...................77
Figura 5.9 Envoltrias de ruptura no grfico de tenso cisalhante versus tenso vertical, obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados e com corpos de prova remoldados km 1000 (Bloco RO1). .....................................................................................77
Figura 5.10 Curvas tenso cisalhante versus deformao horizontal acumulada obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco AV1)..................80
Figura 5.11 Curvas deformao vertical versus deformao horizontal acumulada obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco AV1)..................80
Figura 5.12 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco AV1) ...........................................81
Figura 5.13 Curvas deformao vertical versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco AV1).....................81
Figura 5.14 Envoltria de ruptura no grfico de tenso cisalhante versus tenso vertical, obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados e com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco AV1)........................................................................................82
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Figura 5.15 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco ES1).........................................84
Figura 5.16 Curvas deslocamento vertical versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco ES1)...................85
Figura 5.17 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco ES1). ...........................................85
Figura 5.18 Curvas deslocamento vertical versus deslocamento horizontal obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco ES1) ......................86
Figura 5.19 Envoltria de ruptura no grfico de tenso cisalhante versus tenso vertical obtidas nos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados e com corpos de prova remoldados km 998 (Bloco ES1).........................................................................................86
Figura 5.20 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal km 1000 (Bloco RO1) ..............89
Figura 5.21 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal km 998 (Bloco AV1) ................89
Figura 5.22 Curvas tenso cisalhante versus deslocamento horizontal km 998 (Bloco ES1) .................90
Figura 5.23 Envoltrias de ruptura de resistncia ao cisalhamento residual, obtidas com ensaios ring shear........................................................................................................................................90
Figura 5.24 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO1), com as correes de rea cilndrica e parablica dos corpos de prova ensaiados. .......95
Figura 5.25 Curvas tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO1), com correes de rea cilndrica e parablica dos corpos de prova ensaiados .................................................................................................................................96
Figura 5.26 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU) com corpos de prova remoldados, referente ao km 1000 (Bloco RO1). ...................................................................98
Figura 5.27 Curvas tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU) com corpos de prova remoldados, referente ao km 1000 (Bloco RO1) ..........................................................98
Figura 5.28 Curvas de variao de poropresso versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU) com corpos de prova remoldados referente ao km 1000 (Bloco RO1)...................................99
Figura 5.29 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO1) .....................................................................................................................................100
Figura 5.30 Curvas tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO1)...........................................................................................................101
Figura 5.31 Curvas de variao de poropresso versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO1).......................................................................................101
Figura 5.32 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU) referente ao km 1000 (Bloco RO2)......................................................................................................................................103
Figura 5.33 Curvas tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU) referente ao km 1000 (Bloco RO2).................................................................................................................103
Figura 5.34 Curvas de variao de poropresso versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 1000 (Bloco RO2).......................................................................................104
Figura 5.35 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 998 (Bloco AV1) .....................................................................................................................................105
Figura 5.36 Curvas de tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 998 (Bloco AV1) ............................................................................................................106
Figura 5.37 Trajetrias de tenses (p x q) para os ensaios triaxiais (CIU) referente ao km 998 (Bloco ES1) ......................................................................................................................................108
Figura 5.38 Curvas de tenso desvio versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU), referente ao km 998 (Bloco ES1) .............................................................................................................108
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Figura 5.39 Curvas de variao da poropresso versus deformao axial para os ensaios triaxiais (CIU) referente ao km 998 (Bloco ES1)..........................................................................................108
Figura 5.40 Trajetrias de tenses (p x q) obtidas nos ensaios triaxiais (CIU) e tenses de campo........112
Figura 5.41 Trajetrias de tenses (p x q) obtidas nos ensaios triaxiais especiais com corpos de prova indeformados, referente ao km 1000 (Bloco RO1)...............................................................113
Figura 5.42 Curvas de tenso desvio versus deformao axial, obtidas nos ensaios triaxiais especiais com corpos de prova indeformados, referente ao km 1000 (Bloco RO1) ....................................114
Figura 5.43 Curvas q versus variao de poropresso obtidas nos ensaios triaxiais especiais com corpos de prova indeformados, referente ao km 1000 (Bloco RO1)................................................114
Figura 5.44 Curvas variao da poropresso versus deformao axial obtidas nos ensaios triaxiais especiais com corpos de prova indeformados, referente ao km 1000 (Bloco RO1) .............115
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LLIISSTTAA DDEE FFOOTTOOSS
CCAAPPTTUULLOO IIIIII CCAARRAACCTTEERRIIZZAAOO DDAA RREEAA IINNVVEESSTTIIGGAADDAA ................................................................................................3366
Foto 3.1 Trajetria do gasoduto (linha amarela), municpios que envolvem a rea de investigao do projeto e indicao de onde foram amostrados os solos para ensaios de laboratrio (rea investigada). ............................................................................................................................37
Foto 3.2 Perfil de solo coluvionar (km 998) ..............................................................................................44
Foto 3.3 Perfil de solo coluvionar (km 1000).............................................................................................45
Foto 3.4 Perfil de solo coluvionar, (km 998) ..................................................................................... 45
CCAAPPTTUULLOO IIVV AAMMOOSSTTRRAAGGEEMM EE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA DDEE EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO ..........4477
Foto 4.1 Local onde forma amostrados os Blocos AV1 e AV2, no km 998 ..............................................48
Foto 4.2 Local onde forma amostrados os Blocos AV1 e AV2, no km 998 (atrs de um avirio) ............48
Foto 4.3 Preparao da bancada para moldagem dos blocos ES1 e ES2, no km 998 ................................48
Foto 4.4 Detalhe dos blocos RO1 e RO2 amostrados no km 1000, prontos para serem parafinados.........49
Foto 4.5 Bloco RO1, moldado em solo coluvionar, amostrado do km 1000..............................................49
Foto 4.6 Bloco RO1 km 1000 parcialmente parafinado no talude do km 1000 .........................................50
Foto 4.7 Detalhe do bloco R01, com a base regularizada e parafinada, pronto para o transporte..............50
Foto 4.8 Equipamento para ensaio de cisalhamento direto instrumentado.................................................56
Foto 4.9 Detalhe do equipamento para ensaio de cisalhamento direto instrumentado...............................56
Foto 4.10 Equipamento ring shear de amostras deformadas, do tipo deformao controlada, da marca Wikeham Farrance Int. ...........................................................................................................59
Foto 4.11 Processo de moldagem do corpo de prova para ensaio ring shear.............................................60
Foto 4.12 Equipamento para controle automtico de presses no ensaio triaxial, desenvolvido por Ferreira (2002)......................................................................................................................................63
Foto 4.13 Equipamento para ensaio triaxial instrumentado........................................................................63
Foto 4.14 Apresentao geral do equipamento triaxial instrumentado.......................................................64
Foto 4.15 Detalhes da amostra para posterior moldagem do corpo de prova para ensaios triaxiais...........65
Foto 4.16 Moldagem do corpo de prova para ensaios triaxiais ..................................................................65
Foto 4.17 Regularizao do topo e da base do corpo de prova moldado para ensaios triaxiais. ................65
CCAAPPTTUULLOO VV AAPPRREESSEENNTTAAOO EE AANNLLIISSEE DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS DDOOSS EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO....................................................................................................................................................................................................................................6699
Foto 5.1 Deformao ps-pico do corpo de prova ensaiado com tenso confinante efetiva de 50 kPa, referente ao km 1000 (Bloco RO1).........................................................................................93
Foto 5.2 Deformao ps-pico do corpo de prova ensaiado com tenso confinante efetiva de 50 kPa referente ao km 998 (Bloco AV1) ..........................................................................................94
Foto 5.3 Deformao ps-pico do corpo de prova ensaiado com tenso confinante efetiva de 400 kPa, referente ao km 1000 (Bloco RO1).........................................................................................94
Foto 5.4 Deformao ps-pico do corpo de prova ensaiado com tenso confinante efetiva de 20 kPa, referente ao km 1000 (Bloco RO1).........................................................................................95
-
LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS
CCAAPPTTUULLOO IIII RREEVVIISSOO BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA ..............................................................................................................................................................................44
Tabela 2.1 Parmetros de caracterizao e resistncia ao cisalhamento de pico e residual para os solos do talude de Faxinal do Soturno (Pinheiro et al, 1997)................................................................23
Tabela 2.2 Resultados dos ensaios de caracterizao de solos coluvionares da rua Licurgo, em Madureira, no Rio de Janeiro (Clementino e Lacerda, 1992)....................................................................24
Tabela 2.3 Resultados dos ensaios de cisalhamento direto de solos coluvionares da rua Licurgo, em Madureira, no Rio de Janeiro (Clementino e Lacerda, 1992). ................................................24
Tabela 2.4 Resultados dos ensaios de caracterizao da encosta urbana instvel em Santa Maria (RS) (Soares et al, 2001). ................................................................................................................25
Tabela 2.5 ndices fsicos do solo coluvionar da encosta urbana instvel em Santa Maria (RS) (Soares et al, 2001). .................................................................................................................................26
Tabela 2.6 Parmetros de resistncia ao cisalhamento do solo coluvionar da encosta urbana instvel em Santa Maria (RS) (Soares et al, 2001). ...................................................................................26
Tabela 2.7 ndices fsicos dos corpos de prova de solos coluvionares de Bananal/SP ensaiados por Fonseca et al (2002)................................................................................................................27
Tabela 2.8 Parmetros de resistncia ao cisalhamento de solos coluvionares de Bananal (SP) obtidos com ensaios de cisalhamento direto (Fonseca et al, 2002) .............................................................27
CCAAPPTTUULLOO VV AAPPRREESSEENNTTAAOO EE AANNLLIISSEE DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS DDOOSS EENNSSAAIIOOSS DDEE LLAABBOORRAATTRRIIOO....................................................................................................................................................................................................................................6699
Tabela 5.1 Ensaios de laboratrio realizados..............................................................................................69
Tabela 5.2 ndices fsicos dos ensaios de expanso sv=1,3 kPa..............................................................70
Tabela 5.3 ndices fsicos dos ensaios de expanso sv=30 kPa...............................................................70 Tabela 5.3 Resultados dos ensaios de expanso.........................................................................................71
Tabela 5.5 Resumo dos resultados dos ensaios de caracterizao..............................................................73
Tabela 5.6 ndices fsicos dos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 1000 (Bloco RO1)...................................................................................................................75
Tabela 5.7 ndices de vazios iniciais e os ndices de vazios aps o adensamento dos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova remoldados km 1000 (Bloco RO1) ...................75
Tabela 5.8 ndices fsicos dos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco AV1) ....................................................................................................................79
Tabela 5.9 ndices de vazios iniciais e os ndices de vazios aps o adensamento dos ensaios de cisalhamento direto com corpo de prova remoldado km 998 (Bloco AV1) ........................79
Tabela 5.10 ndices fsicos dos ensaios de cisalhamento direto com corpos de prova indeformados km 998 (Bloco ES1)......................................................................................................................83
Tabela 5.11 ndices de vazios iniciais e os ndices de vazios aps o adensamento dos ensaios de cisalhamento direto com corpo de prova remoldado km 998 (Bloco ES1) .........................84
Tabela 5.12 Parmetros de resistncia ao cisalhamento obtidos nos ensaios de cisalhamento direto ........88
Tabela 5.13 Valores de ndice de plasticidade e ngulo de atrito interno residual para os solos ensaiados91
Tabela 5.14 reas dos corpos de prova remoldados km 1000 (Bloco RO1)...........................................97
Tabela 5.15 ndices fsicos iniciais dos corpos de prova indeformados para os ensaios triaxiais (CIU) km 1000 (Bloco RO1)...........................................................................................................100
-
Tabela 5.16 ndices fsicos iniciais dos corpos de prova indeformados para os ensaios triaxiais (CIU) km 1000 (Bloco RO2)...........................................................................................................102
Tabela 5.17 ndices fsicos iniciais dos corpos de prova indeformados para os ensaios triaxiais (CIU) km 998 (Bloco AV1) ............................................................................................................105
Tabela 5.18 ndices fsicos iniciais dos corpos de prova indeformados para os ensaios triaxiais (CIU) km 998 (Bloco ES1) .............................................................................................................107
Tabela 5.19 Parmetros de resistncia ao cisalhamento obtidos nos ensaios triaxiais CIU......................109
Tabela 5.20 Fatores de segurana do talude do km 1000 calculados para diferentes profundidades de solo, profundidades de nvel dgua a partir da superfcie e interceptos coesivos.........................110
Tabela 5.21 Tenses cisalhantes e tenses verticais para as condies de campo a determinadas profundidades de solo e profundidades de nvel d'gua........................................................112
-
LLIISSTTAA DDEE QQUUAADDRROOSS
CCAAPPTTUULLOO IIII RREEVVIISSOO BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA ..............................................................................................................................................................................44
Quadro 2.1 Lista das causas de movimentos de massa (Cruden e Varnes, 1996) ........................................7
Quadro 2.2 Principais tipos de movimentos de encosta no Brasil (Augusto Filho, 1992) ...........................8
Quadro 2.3 Comparao entre as principais propostas de classificao de movimentos de massa no Brasil (Fernandes e Amaral, 1998)....................................................................................................11
CCAAPPTTUULLOO IIIIII CCAARRAACCTTEERRIIZZAAOO DDAA RREEAA IINNVVEESSTTIIGGAADDAA ................................................................................................3355
Quadro 3.1 Histrico pluviomtrico do final do ms de Dezembro nas reas de Jacinto Machado (SC) e Timb do Sul (SC), (Gramani, 2001)......................................................................................38
-
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS
RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.
LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS,, SSIIGGLLAASS EE SSMMBBOOLLOOSS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ASTM American Society for Testing Materials
BS British Standards
eo ndice de vazios inicial
e ndice de vazios
IP ndice de plasticidade
LL Limite de liquidez
LP Limite de plasticidade
FS Fator de Segurana
S Grau de saturao
U Poropresso
U0 Poropresso inicial
cr Intercepto coesivo efetivo residual
cpico Intercepto coesivo efetivo de pico
fpico ngulo de atrito interno efetivo de pico
fr ngulo de atrito interno efetivo residual
gs Peso especfico real dos gros
gt Peso especfico aparente mido
gd Peso especfico aparente seco
w - Teor de umidade
sv Tenso vertical efetiva
t Resistncia ao cisalhamento
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RESUMO
PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)
RREESSUUMMOO
SILVEIRA, R. M. Propriedades Geotcnicas dos Solos Coluvionares do Gasoduto Bolvia-Brasil em Timb do Sul (SC). 2003. Dissertao (Mestrado em Geotecnia) Programa de Ps Graduao em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.
Esta dissertao de mestrado apresenta estudos sobre as propriedades geotcnicas dos
solos coluvionares existentes ao longo do gasoduto Bolvia-Brasil em Timb do Sul (SC), na
regio sul do Brasil. Estas propriedades devero ser utilizadas em anlises de estabilidade de
taludes naturais e de corte ao longo do gasoduto, principalmente na avaliao da
suscetibilidade iniciao de fluxos de detritos (debris flows), j constatados na regio em
Dezembro de 1995. Os fluxos de detritos so os movimentos de massa que representam maior
risco integridade fsica do gasoduto na regio investigada. Ressalta-se que rupturas de
gasodutos, como a ocorrida no Mxico em Junho de 2003, em funo de um fluxo de detritos,
podem ter conseqncias devastadoras em termos de perda de vidas e danos a propriedades e
ao meio ambiente. A rea investigada formada por depsitos coluvionares originados da
Formao Serra Geral, geralmente associados existncia de perfis com horizontes de solo
residual e blocos de rocha, originrios de macios rochosos fraturados. Dois depsitos
coluvionares investigados foram identificados como provenientes da decomposio de rochas
vulcnicas. Estes depsitos encontram-se assentes sobre solo residual de basalto. Outro depsito
coluvionar estudado foi identificado como oriundo da degradao de arenito intertrap. Os ensaios
de laboratrio realizados foram ensaios de expanso, ensaios de caracterizao, ensaios de
cisalhamento direto, ensaios ring shear e ensaios triaxiais (CIU) e especiais. Os ensaios
triaxiais especiais consistiram em uma fase de cisalhamento inicial realizada sob condies
drenadas at prximo do estado de tenses existente no campo, seguida de um carregamento
no drenado at a ruptura. Estes ensaios demonstraram que, na fase no drenada e sob baixas
tenses de confinamento, ocorre um aumento de poropresso seguido pela diminuio da
mesma at valores negativos. Mostram tambm que, carregamentos no drenados em baixas
tenses confinantes sobre este solo no induzem tendncia a liquefao.
Palavra Chave: colvios, ensaios de laboratrio, estabilidade de taludes.
-
ABSTRACT
RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.
AABBSSTTRRAACCTT
SILVEIRA, R. M. Geotechnical proprieties of colluvium soils of Bolvia-Brazil Gas Pipeline in Timb do Sul (SC). 2003. M.Sc Dissertation (Masters in Geotechnical Engineering) Programa de Ps Graduao em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.
This dissertation presents studies on the geotechnical properties of colluvial soils
sampled along the Bolivia-Brazil gas pipeline near the city of Timb do Sul, Santa Catarina
state, Brazil. These properties shall be used in slope stability analyses of natural and cut
slopes along the pipeline, mainly on the evaluation of the triggering mechanism of Debris
Flows, which have already taken place in the region in December 1995. Debris Flows are the
kind of mass movement associated to the investigated region that represent major risk to the
integrity of the pipeline. It should be emphasized that failures on pipelines, like the one that
occurred in Mexico in June 2003 due to a debris flow, may have devastating consequences in
terms of loss of lives and damages to private properties and the environment. The investigated
area is constituted of colluvial deposits originated from the Serra Geral Formation. These
deposits are generally associated with profiles of residual soils and rock from fractured rock
masses. From the investigated colluviums, two were identified as resulting from the
weathering of volcanic material and one from the weathering of intertrap sandstone, which is
sometimes found sandwiched between lava flows in the Serra Geral Formation. The
laboratory tests performed in this study included expansion tests, characterization tests, direct
shear tests, ring shear tests and triaxial CIU and special tests. In the special triaxial tests the
specimen reached the in situ stress state under drained loading and was then sheared
undrained until failure. During the undrained phase of the tests and under low effective
confining stresses there was a small increase in pore pressure followed by a decrease of the
pressure to negative values. The tests have also shown that undrained loadings under low
confining stresses do not lead to liquefaction.
Keywords: colluvium, laboratory tests, slope stability.
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CAPTULO I INTRODUO
PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)
1
CCAAPPTTUULLOO II IINNTTRROODDUUOO
A necessidade cada vez maior de energia condiciona a busca de alternativas visando
gerao econmica e a segurana ambiental. A implantao de gasodutos em busca de
alternativas energticas e ambientais sustentveis depara-se com condicionantes dos meios
fsico e bitico que podem ser benficas ou adversas.
Esta dissertao de mestrado apresenta estudos sobre as propriedades geotcnicas dos
solos coluvionares do gasoduto Bolvia-Brasil em Timb do Sul (SC), na regio sul do Brasil.
Estas propriedades devero ser utilizadas em anlises de estabilidade de taludes naturais e de
corte ao longo do gasoduto, principalmente na avaliao da suscetibilidade iniciao de
fluxos de detritos (debris flows), j constatados na regio em Dezembro de 1995. Esta
dissertao foi desenvolvida com o apoio do Projeto FINEP CTPETRO 0682/01 (Segurana
em Tubulaes com Gs Natural: Monitoramento e Previso de Problemas Geotcnicos e
Ambientais em Pontos Crticos com Base Georreferenciada) no Laboratrio de Mecnica dos
Solos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (LMS/UFRGS).
A rea de investigao direta do projeto, na regio dos Aparados da Serra, foi definida
antes dos primeiros trabalhos de campo desta dissertao, a partir da anlise de imagens de
satlite e de trabalhos de campo realizados pelos pesquisadores envolvidos no projeto. A rea
definida para os trabalhos est situada na divisa dos estados do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina, onde o Gasoduto Bolvia-Brasil sobe a Serra Geral. Essa rea envolve basicamente
os municpios de Timb do Sul (SC) e de So Jos dos Ausentes (RS). O traado do gasoduto
- na rea de investigao direta do Projeto FINEP CTPETRO 0682/01 - atravessa quatro
regies de geomorfologia bastante distinta: (a) campos de cima da serra (planalto); (b) escarpa
da Serra Geral; (c) depsitos coluvionares e depsitos aluvionares; e (d) colvios de regies
planas. Estas distintas regies se refletem nos problemas geotcnicos encontrados.
A grande parte da regio sul do Brasil coberta por uma seqncia de derrames
baslticos conhecidos como Formao Serra Geral. No estado do Rio Grande do Sul, a
espessura destes derrames possui at 1200 m. Cada derrame constitudo de litologia e
estrutura complexa. As partes superiores e inferiores consistem geralmente de um conjunto
irregular de brecha basltica, basalto vesicular e amigdalide, com algum material vtreo. A
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CAPTULO I INTRODUO
RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.
2
parte central do derrame consiste de basalto macio com juntas predominantemente verticais
(basalto colunar), embora algumas vezes estejam presentes juntas horizontais (Bressani et al,
1997). Os solos coluvionares da Formao Serra Geral esto associados existncia nessas
encostas de horizontes de solo residual e blocos de rocha originrios de macios rochosos
fraturados. Partculas de solo e blocos de rocha s e alterada so transportados por ao da
gravidade e da eroso. Esses materiais se depositam na base e ao longo das encostas dessas
serras. A percolao de gua dentro de camadas de solos coluvionares aumenta a poropresso
podendo causar a instabilidade da encosta.
A caracterizao de solos coluvionares situados nos taludes dos km 998 e km 1000 do
gasoduto Brasil-Bolvia em Timb do Sul (SC) e seu comportamento sob condies
climticas adversas so informaes essenciais para a interpretao das instabilidades de
taludes observadas na regio. Para a determinao das propriedades geotcnicas desses solos
coluvionares foi realizado nesta dissertao um conjunto de ensaios de laboratrio (ensaios de
caracterizao, ensaios de cisalhamento direto, ensaios triaxiais, ensaios ring shear e alguns
ensaios triaxiais especiais). Atravs de alguns ensaios triaxiais especiais, foram analisadas as
condies de instabilidades que podem ocorrer em campo devido s chuvas de grande
intensidade e curta durao. Os resultados destes ensaios devero ser utilizados em anlises de
estabilidade de taludes naturais e de corte ao longo do gasoduto, principalmente na avaliao
da suscetibilidade iniciao de fluxos de detritos (debris flows), j constatados na regio em
Dezembro de 1995.
Os fluxos de detritos so os movimentos de massa que representam maior risco
integridade fsica do gasoduto na regio investigada. Deve-se notar que acidentes em
gasodutos, como o ocorrido no Mxico em Junho de 2003, envolvendo fluxos de detritos,
podem ter conseqncias devastadoras em termos de perda de vidas e danos a propriedades e
ao meio ambiente.
1.1 ESTRUTURA DA DISSERTAO
Uma reviso da bibliografia nacional e internacional apresentada no Captulo II desta
dissertao. Este captulo dividido em trs temas principais: (a) processos de movimento de
massa, (b) instabilidade de colvios e (c) fluxos de detritos. Na reviso esto apresentadas
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CAPTULO I INTRODUO
PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)
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caractersticas geotcnicas de colvios com o objetivo de embasar os resultados e as
discusses que sero apresentados no Captulo V.
A caracterizao da rea investigada apresentada no Captulo III. So descritas as
localizaes da rea investigada, ndices pluviomtricos prximos rea investigada, geologia
regional e locais de amostragem dos solos para os ensaios de laboratrio.
O Captulo IV se refere s tcnicas experimentais para os ensaios de laboratrio
convencionais e especiais. So descritos em detalhe os ensaios de laboratrio realizados bem
como os procedimentos adotados na execuo dos mesmos. O Captulo V apresenta e discute
os resultados desses ensaios de laboratrio. O Captulo VI apresenta as concluses e as
sugestes para pesquisas futuras.
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CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA
RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.
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CCAAPPTTUULLOO IIII RREEVVIISSOO BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA
2.1 PROCESSOS DE MOVIMENTOS DE MASSA
Os processos que modelam a paisagem esto relacionados s foras atuantes na
superfcie da Terra. Dentre estas se destacam a gravidade, as mars, a radiao solar e o calor
interno. A dinmica externa tende a nivelar a superfcie do planeta pelos fenmenos de eroso
e sedimentao e os processos de dinmica interna originam novos relevos e depresses, com
a formao de cadeias orognicas, planaltos, fossas tectnicas e cadeias vulcnicas. As
modificaes oriundas dos processos da dinmica interna podem ser ou no perceptveis
nossa capacidade de observao, dependendo da velocidade do processo ou da relao de
foras. Assim sendo, as dinmicas externa e interna constituem processos antagnicos que,
desde os mais remotos tempos geolgicos, mantm a superfcie da terra em permanente
evoluo.
O territrio brasileiro foi palco de mltiplos processos geolgicos que deram origem a
uma grande variedade de rochas com distribuio geogrfica complexa. Segundo Leinz e
Leonards (1977), a origem das principais escarpas e encostas est geralmente associada aos
movimentos orogenticos ou ento decorre da epirognese, ou seja, tem sua origem motivada
por movimentos tectnicos e magmticos envolvendo pores importantes da crosta terrestre,
a nvel continental ou regional.
Conforme Fernandes e Amaral (1998), os processos de escorregamento, assim como o
intemperismo e a eroso, so fenmenos naturais contnuos de dinmica externa, que
modelam a paisagem da superfcie da Terra. As transformaes ambientais realizadas, no
tempo e no espao, pelas manifestaes da dinmica externa so conseqncias das seguintes
causas:
- Variaes climticas;
- Movimentos tectnicos, ditos epirognicos, de soerguimento e afundamento;
- Deslocamento das placas litosfricas, sofrendo deformaes e conseqentes
variaes ambientais;
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CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA
PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)
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- Soerguimento de grandes cadeias de montanhas nas faixas de dobramentos nos
stios de colises de placas (orognese), assim como outros reflexos na superfcie da Terra, de
fenmenos da dinmica interna.
Segundo Wolle (1980), a natureza, atravs de dobramentos e flexuras ou atravs de
tectnica rgida, falhamentos e basculamentos, cria os relevos acidentados. A elevao da
crosta d origem a serras e montanhas e os afundamentos do origem a vales, plancies, lagos
e mares. Na dinmica de evoluo das encostas, os relevos atuais de reas montanhosas,
serranas e regies mais antigas, vm sendo determinados pelos processos erosivos mais
recentes que, atuando incessantemente, esculpem a morfologia de vales, espiges e patamares,
especialmente aqueles localizados em locais de clima tropical e subtropical. Segundo o autor,
a dinmica destas duas formas antagnicas de atuao das foras da natureza determina a
morfologia dos relevos e a situao das encostas, situao esta que no nunca esttica ou
definitiva, mas representa um determinado estgio de evoluo (parcial) na escala geolgica
do tempo.
2.1.1 Tipos de movimentos de massa
Existem vrias formas e processos de movimentos de massa, que recebem na literatura
vrias denominaes, muitas vezes correlacionadas entre si. A grande confuso em relao ao
conceito de landslides est no fato de que alguns autores consideram o termo como sinnimo
de movimentos de massa e outros como um processo semelhante a um slide (deslizamento).
Dentre os vrios processos de movimentos de massa associados gravidade, os
escorregamentos nas encostas assumem uma grande importncia em funo da interferncia
das atividades do homem, da extrema varincia de sua escala, da complexidade das causas e
mecanismos, alm da variabilidade dos processos envolvidos. A influncia das atividades do
homem contribui para modificar o regime de escoamento, infiltrao e evapotranspirao da
gua das chuvas, provocando a acelerao dos processos erosivos dos solos, a diminuio da
infiltrao dgua na recarga dos aqferos, a desertificao e a salinizao de aqferos
dentre outros aspectos negativos. Por outro lado, recupera reas degradadas ou ocupa com
critrios adequados.
Na literatura internacional, os movimentos de solo e rocha so conhecidos como
landslides pelos autores americanos, landslips pelos ingleses, mass movements por alguns
engenheiros e geomorflogos, slope movements pela maioria dos engenheiros e mass wasting
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CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA
RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.
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pela maioria dos geomorflogos. De uma maneira geral pode-se definir landslide como um
termo utilizado para denominar diversos tipos de movimento de massa, quedas, tombamentos,
deslizamentos, fluxos e/ou afundamento ao longo de placas. Skempton e Hutchinson (1969)
definiram o termo landslide como movimentos que englobam movimentos de massas de solo
e/ou rocha resultantes de uma ruptura por cisalhamento ao longo de um plano ou superfcie.
Cruden (1991) definiu o termo landslide como o movimento de uma massa de rocha, detritos
ou terra, proveniente das partes mais altas de um talude que se move em direo s partes
mais baixas.
O esclarecimento desses conceitos importante no contexto da geotcnica brasileira.
Segundo Pinheiro et al (1997), as regies sul e sudeste do Brasil, por suas condies
climticas e pelas grandes extenses de macios montanhosos (Serra Geral e Serra do Mar),
esto sujeitas a desastres associados aos movimentos de massa nas encostas. Alm da grande
quantidade dos escorregamentos de origem natural, ocorre nestas regies um elevado nmero
de escorregamentos induzidos pela ao do homem.
2.1.1.1 Fatores condicionantes
A instabilizao de taludes e encostas controlada por uma cadeia de eventos, muitas
vezes de carter cclico, que tem origem com a formao da prpria rocha e toda a sua histria
geolgica e geomorfolgica subseqente, como movimentos tectnicos, intemperismo,
eroso, ao antrpica, etc (Augusto Filho e Virgili, 1998). Na maioria dos processos de
instabilizao de encostas e taludes, atuam, concomitantemente, mais de um fator
condicionante. Apesar desta complexidade de eventos, possvel tentar estabelecer um
conjunto de condicionantes que atuam de forma mais direta e imediata na deflagrao destes
processos. Vrios autores discutem estas relaes; entre estes, destacam-se os trabalhos de
Terzaghi (1950), Guidicini e Nieble (1984), Varnes, (1978), Cruden e Varnes (1996) e
Augusto Filho e Virgilli (1998).
Para Varnes (1978), os principais fatores que contribuem para a reduo da resistncia
ao cisalhamento so o estado inicial do material (composio, textura, estrutura e geometria
do talude), mudanas devidas ao intemperismo e outras reaes qumicas, mudanas nas
foras intergranulares devidas ao teor de umidade e presso nos poros e fraturas, mudanas
na estrutura e outras causas. Estes fatores esto relacionados aos fenmenos naturais. Os
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CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA
PROPRIEDADES GEOTCNICAS DOS SOLOS COLUVIONARES DO GASODUTO BOLVIA-BRASIL EM TIMB DO SUL (SC)
7
autores resumiram os processos e as caractersticas que contribuem para os movimentos de
massa. Esto listadas as causas destes movimentos, divididas em 4 grupos prticos de acordo
com as ferramentas e os procedimentos necessrios para iniciar-se uma investigao,
conforme mostrado no Quadro 2.1.
Quadro 2.1 Lista das causas de movimentos de massa (Cruden e Varnes, 1996)
CAUSAS GEOLGICAS
CAUSAS MORFOLGICAS
CAUSAS FSICAS CAUSAS HUMANAS
- Materiais fracos - levantamento
tectnico ou vulcnico
- chuvas intensas - escavaes de taludes
- materiais sensveis - alvio por degelo - derretimento rpido de neve
- sobrecarga no talude ou na crista
- materiais intemperizados
- eroso fluvial no p do talude
- precipitaes excepcionalmente prolongadas
- rebaixamento (reservatrios)
- materiais fissurados ou fraturados
- eroso glacial no p do talude
- Terremotos - Irrigao
- orientao desfavorvel de descontinuidades (acamamento, xistosidade, etc.)
- eroso nas margens laterais
- erupes vulcnicas - minerao
- Orientao desfavorvel de descontinuidades estruturais (falhas, contatos, inconformidades, etc.)
- Eroso subterrnea (Soluo e piping) - descongelamento
- vibrao artificial
- contraste de permeabilidade
- deposio de cargas no talude ou na crista
- intemperismo por congelamento e descongelamento
- vazamento de gua
- contraste de rigidez (materiais densos, rgidos sobre materiais plstico)
- remoo da vegetao (fogo, seca)
- intemperismo por expanso e retrao
Augusto Filho (1992) apresentou de forma sucinta os principais tipos de movimentos
de massa que ocorrem com mais freqncia no Brasil, relativos com a dinmica de ambientes
tropicais e subtropicais. O Quadro 2.2 apresenta as caractersticas de um conjunto de
diferentes tipos de movimentos gravitacionais de massa, diretamente relacionados dinmica
das encostas brasileiras.
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CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA
RODRIGO MORAES DA SILVEIRA, [email protected], DISSERTAO DE MESTRADO, Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, Novembro/2003.
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Quadro 2.2 Principais tipos de movimentos de encosta no Brasil (Augusto Filho, 1992)
PROCESSOS CARACTERSTICAS DO MOVIMENTO, MATERIAL E GEOMETRIA
Rastejo (creep)
- Vrios planos de deslocamento (internos); - Velocidades muito baixas a baixas (cm/ano) e decrescentes com a
profundidade; - Movimentos constantes, sazonais ou intermitentes; - Solo, depsitos, rocha alterada e/ou fraturada; - Geometria indefinida.
Escorregamentos (slides)
- Poucos planos de deslocamento (externo); - Velocidades mdias (m/h) a altas (m/s); - Pequenos a grandes volumes de material; - Geometria e materiais variveis: - Planares solos pouco espessos, solos e rochas com um plano de fraqueza; - Circulares solos espessos homogneos e rochas muito fraturadas; - Em cunha solos e rochas com dois planos de fraqueza.
Corridas (flows)
- Muitas superfcies de deslocamento (internas e externas massa em movimentao);
- Movimento semelhante a um lquido viscoso; - Desenvolvimento ao longo de drenagens; - Velocidades mdias a altas; - Mobilizao de solo, rocha, detritos e gua; - Grandes volumes de material; - Extenso raio de alcance, mesmo em reas planas.
Augusto Filho e Virgili (1998) resumem os principais fatores condicionantes dos
processos de instabilizao de encostas na dinmica ambiental brasileira:
- Caractersticas climticas, com destaque para o regime pluviomtrico;
- Caractersticas e distribuio dos materiais que compem o substrato das
encostas e taludes, abrangendo solos, rochas, depsitos e estruturas geolgicas (xistosidade,
fraturas, etc.);
- Caractersticas geomorfolgicas, com destaque para a inclinao, amplitude e
forma do perfil das encostas (retilneo, convexo e cncavo);
- Regime das guas superficiais e subsuperficiais;
- Caractersticas do uso e ocupao, incluindo cobertura vegetal e as diferentes
formas de interveno antrpica das encostas, como cortes, aterros, concentrao de gua
pluvial e servida, etc.
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2.1.1.2 Classificao dos movimentos de massa
Para os escorregamentos ou movimentos de encostas, existem inmeras classificaes.
Sistemas recentes e com esquemas ilustrativos foram apresentados por Varnes (1978),
Skempton e Hutchinson (1969), Bromhead (1986), Hutchinson (1988), Sassa (1989) e Cruden
e Varnes (1996).
A importncia destas classificaes na aplicao prtica est no fato de associar um
determinado tipo de movimento s suas caractersticas (profundidade, raio de alcance,
material, etc.). Estas caractersticas, em conjunto com o entendimento dos condicionantes,
permitem formular modelos que tm sido utilizados para orientar medidas preventivas e/ou
corretivas. As classificaes de movimentos de massa baseiam-se geralmente na combinao
dos seguintes critrios bsicos: velocidade, direo e recorrncia dos deslocamentos; natureza
do material, textura, estrutura e teor de umidade; geometria da massa movimentada e
velocidade de deformao do movimento.
Movimentos de massa podem ser classificados e descritos atravs de duas formas
segundo Varnes (1978) e Cruden e Varnes (1996). A primeira forma descreve o material e a
segunda o tipo de movimento. Em relao aos materiais, estes so divididos em rochas,
detritos (20% a 80% das partculas so > 2mm) e solo (80% ou mais das partculas so <
2mm). Os tipos de movimentos dividem-se em quedas, tombamentos, deslizamentos
(rotacionais e translacionais), expanses laterais/espraiamentos, fluxos (solo, detritos e rocha)
e complexos (combinao de dois ou mais dos principais tipos de movimentos).
A classificao de movimentos de massa proposta por Varnes (1978) simples e
baseia-se no tipo de movimento e no tipo de material transportado. a mais utilizada
internacionalmente, sendo adotada pela International Association of Engineering Geology
(IAEG). Uma das razes para o grande uso da classificao proposta pelo autor a
apresentao de bloco-diagramas tri-dimensionais dos movimentos como o da Figura 2.1,
onde est representado um deslizamento/fluxo complexo de material fino (solo).
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Figura 2.1 Bloco diagrama de um deslizamento/fluxo complexo de material fino (Varnes,1978)
Skempton e Hutchinson (1969) apresentaram um sistema de classificao de
escorregamentos em taludes argilosos propondo o reconhecimento de 5 tipos bsicos e 6
formas complexas de movimentos de massa. Os tipos bsicos de movimentos de massa foram
classificados em quedas, escorregamentos rotacionais, escorregamentos compostos,
escorregamentos translacionais e corridas. Os movimentos complexos foram classificados em
escorregamentos sucessivos, escorregamentos retrogressivos mltiplos, fluxo de solo,
escorregamentos em colvios, expanso lateral e escorregamento.
O sistema de classificao proposto por Hutchinson (1988) um dos mais completos e
complexos que se tem conhecimento at o momento. Este sistema baseia-se na morfologia da
massa em movimento e em critrios associados ao tipo de material, ao mecanismo de ruptura,
velocidade do movimento, s condies hidrogeolgicas e s caractersticas da estrutura do
solo (fabric). Contudo, devido a sua complexidade, este sistema de classificao requer um
volume grande de informaes que muitas vezes dificulta a sua utilizao no campo. Os tipos
principais de movimentos de massa foram classificados em movimentos devidos ao alvio de
tenso (rebound), rastejo (creep), deformaes significativas em cristas de montanha e taludes
(sagging), escorregamentos, movimento de detritos na forma de fluxos, tombamentos, quedas
e movimentos complexos.
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Cruden e Varnes (1996) revisaram e adicionaram novos termos classificao de Varnes
(1978), internacionalmente adotada. Os tipos de movimentos e os materiais no foram
modificados. Os movimentos foram novamente divididos em 5 tipos: quedas, tombamentos,
escorregamentos, espraiamentos e fluxos. O sexto tipo proposto por Varnes (1978),
escorregamentos complexos, foi retirado da classificao formal, embora o termo complexo foi
mantido para descrever o estilo de atividade de um escorregamento.
A seqncia recomendada para a classificao proposta Cruden e Varnes (1996) descreve
a atividade dos escorregamentos (incluindo o estado, distribuio e estilo), seguida pela descrio
de todos os movimentos (incluindo a velocidade, teor de umidade, material e tipo). Movimentos
posteriores ou subseqentes em escorregamentos complexos e compostos podem ser descritos
pela repetio, quantas vezes for necessrio, da descrio proposta neste quadro. Segundo os
autores, a terminologia sugerida consistente com os mtodos sugeridos e o glossrio da
UNESCO, (1990).
As classificaes dos movimentos de massa mais utilizadas no Brasil foram apresentadas
por Freire (1965), Guidicini e Nieble (1984) e a proposta pelo grupo de pesquisa do IPT (1991),
segundo Fernandes e Amaral (1998). Esto resumidas no Quadro 2.3.
Quadro 2.3 Comparao entre as principais propostas de classificao de movimentos de massa no Brasil
(Fernandes e Amaral, 1998)
Freire (1965) Guidicini e Nieble (1984) IPT (1991) ESCOAMENTOS: Rastejos e corridas
ESCOAMENTOS: Rastejos e corridas
RASTEJOS CORRIDAS DE MASSA
ESCORREGAMENTOS: Rotacionais e translacionais
ESCORREGAMENTOS: Rotacionais, translacionais, queda de
blocos e queda de detritos
ESCORREGAMENTOS
SUBSIDNCIAS E DESABAMENTOS
SUBSIDNCIAS: Subsidncias, recalques e
desabamentos
QUEDAS E TOMBAMENTOS
Formas de Transio Movimentos Complexos
2.2 INSTABILIDADE DE COLVIOS
Na rea de estudo do Projeto FINEP CTPETRO 0682/01 relativa a esta dissertao foram
identificados pelos pesquisadores do projeto dois tipos de colvios: (a) colvios oriundos de
rochas vulcnicas, (b) colvios oriundos de arenito. Com base nesta identificao, nesta seo
sero revistos aspectos do comportamento geotcnico tpico de colvios.
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2.2.1 Definio e caractersticas
Lacerda e Sandroni (1985) definiram colvio como um depsito composto por blocos
e/ou gros de qualquer dimenso, transportados por gravidade e acumulados no sop ou a
pequena distncia de taludes mais ngremes ou escarpas rochosas. De maneira geral, podem ser
descritos como materiais com grande variabilidade de textura, comportamento mecnico dctil-
plstico sem pico definido e com rede de fluxo bem estabelecida nos perodos chuvosos. Essas
massas coluvionares, devido ao seu prprio processo de formao, geralmente apresentam
movimentos lentos de rastejo, seja por carregamentos impostos por novos aportes de material, seja
por eroso do sop pelas drenagens (arroios e rios), seja pelo prprio comportamento do material,
que muitas vezes apresenta aspectos reolgicos particulares (fluncia sob tenso constante).
Schilling (1993) definiu solo coluvionar como sendo a camada formada por solo e/ou
fragmentos de rocha localizados no p e ao longo da encosta, transportados das cotas mais altas,
pela ao da gravidade e das guas. Este processo de formao tem ao intensa das guas
superficiais e subterrneas que escoam ao longo da encosta e contribuem para a ocorrncia da
eroso e dos escorregamentos. Esses escorregamentos deslocam a massa terrosa e rochosa para as
cotas mais baixas da encosta. Filho (1997) definiu colvios como depsitos de encosta que se
deslocaram pela ao do prprio peso e por ao das guas da chuva, incluindo nesta definio os
depsitos de tlus, constitudos por fragmentos de rocha. Segundo Nogami (1995), colvios
referem-se ao processo geolgico atravs do qual materiais existentes na superfcie so
acumulados no sop das encostas, pela ao da gravidade. O autor afirma que a ocorrncia
comum de linhas de seixo indica que os colvios so mais freqentes do que se pensa.
2.2.2 Origem de colvios
Os solos coluvionares podem se originar em encostas de formaes geolgicas diversas,
em diferentes locais do Brasil como nos Estados de So Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do
Sul. Sua ocorrncia nas encostas das serras brasileiras est associada existncia de horizontes de
solo residual e blocos de rocha originrios de um macio rochoso fraturado. Partculas de solo,
rochas e blocos de rocha s e alterada so transportados por ao da gravidade e da eroso. Esses
materiais se depositam na base e ao longo das encostas dessas serras. A percolao de gua dentro
de camadas de solo coluvionar e sua deposio no seu interior completam a sua caracterizao
(Massad, 2003).
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A formao do solo coluvionar est associada com seu modo de ruptura. O movimento
lento, quase contnuo, da massa deste solo ao longo da encosta substitudo pelo movimento mais
acelerado aps perodos de chuvas intensas e tende a acelerar, quando a infiltrao de gua no
interior desses taludes causa aumentos significativos de poropresso. Esses movimentos so
responsveis pela acomodao das camadas de solo coluvionar na encosta; entretanto, quando
rompido o equilbrio, o movimento rpido constitui o modo de ruptura do talude. A Figura 2.2,
proposta por Deere e Patton (1971), ilustra o processo de formao desse tipo de solo, por vrios
escorregamentos que se sucederam ao longo do tempo.
Coluvio
N. A. Mx.
N. A. Mn.
Figura 2.2 Ilustrao do processo de formao de um colvio (Deere e Patton, 1971)
Segundo Deere e Patton (1971), a origem de muitos solos coluvionares parece ser de
rupturas de massas de solo que ocorreram em nveis superiores ao sop de um talude. Por isso, o
conceito de solo coluvionar abrange escorregamento de fragmentos de solo e rocha assim como
vrios depsitos de um talude. Segundo os autores, escorregamentos em camadas rasas de solos
coluvionares so comuns em regies de clima tropical e subtropical.
A camada de solo coluvionar freqentemente mais permevel do que os horizontes A e
B do solo residual existente abaixo. Portanto, comum se encontrar nessa camada nveis de gua
elevados e isolados. Esta gua ajuda a reduzir a resistncia ao cisalhamento dos materiais das
camadas inferiores e a formao de percolaes adversas no solo coluvionar. Durante perodos de
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chuvas intensas, as guas superficiais e subsuperficiais promovem a desagregao
retroprogressiva de camadas rasas de solos coluvionares. O processo pode continuar at que toda
a camada seja removida da encosta, ou at esse processo erosivo remover o solo que no retido
pelas razes da vegetao (Deere e Patton, 1971).
Conforme Massad (2003), solos situados acima do nvel fretico sofrem ainda a ao de
processos fsico-qumicos e biolgicos complexos, em regies de clima quente e mido, presente
em clima tropicais e subtropicais como o brasileiro. Esses processos compreendem a lixiviao
(carreamento pela gua) de slica e bases, e mesmo de argilominerais, das camadas mais altas para
as camadas mais profundas, deixando na superfcie um material rico em xidos hidratados de
ferro e alumnio.
Segundo Lacerda (2002), em vales fechados existem dois processos erosivos atuando
continua e intermitentemente, quase sempre associados aos perodos de chuva prolongada. O
primeiro processo a eroso superficial, ou laminar, em que a gua ao escorrer pela superfcie
carreia partculas de solos para cotas mais baixas. Uma parcela destas partculas atinge o talvegue,
e ali se acumula ou, se a chuva for de grande intensidade, carreada pela enxurrada at o rio mais
prximo, e vai se depositar como aluvio em locais de guas tranqilas, lagos ou mar. A outra
parcela permanece depositada na prpria encosta, e vai somar-se ao colvio pr-existente. Alguns
autores chamam o solo resultante desta deposio de "alvio". Este processo est ilustrado na
Figura 2.3.
Outro processo de instabilizao de colvios, mais violento, de acordo com Lacerda
(2002), ocorre quando uma poro do solo residual escorrega e se deposita sobre a prpria
encosta. Este novo acrscimo na capa de colvio, ao contrrio daquele que depositado
suavemente e que acrescenta apenas alguns centmetros camada superficial da encosta a cada
evento, pode acrescentar vrios metros de uma s vez aos depsitos de encosta. Esta massa pode
existir no estado desagregado, com aumento de volume do solo residual e conseqentemente
aumento do ndice de vazios, como est ilustrado na Figura 2.4. Esta massa pode apresentar
caractersticas do solo residual intacto, se este deslocou como um corpo rgido. Neste ltimo
processo a aparncia do colvio enganosa, e tem levado a alguns insucessos quando se trata de
fundaes de obras em encosta (Figura 2.5).
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Encosta rochosa fraturada
Talus
Figura 2.3 Material resultante de deposio
(alvio) (Lacerda, 2002)
Rocha
Escorreagamento em solo residual saproltico
Massa escorregadatotalmente desagregada
Figura 2.4 Poro de solo residual escorregado e depositado sobre
a prpria encosta (Lacerda, 2002)
Deposioparcial do
material erodido
Sulcos eravinas
Figura 2.5 Aparncia do colvio enganosa (Lacerda, 2002)
Nogami (1985) salienta que muitos solos tropicais so produtos diretos do intemperismo
qumico da rocha in situ (solos residuais) mas podem tambm ser originados do intemperismo
qumico de solos transportados, incluindo solos coluvionares. Solos tropicais formados por
intemperismo de rochas sedimentares consistem usualmente de misturas de argilo-minerais de
forma lamelar, particularmente caulinita e montmorilonita, e partculas granulares grosseiras no
degradveis, principalmente quartzo e de rocha vulcnica. Os solos tropicais mais comuns so os
solos laterticos, solos ricos em esmectitas, solos de cinza vulcnica, solos originados do
intemperismo de rochas sedimentares e solos saprolticos originados do intemperismo de rochas
de granulao grosseira, gneas e metamrficas. Pesquisas em solos tropicais esto concentradas
nas propriedades de resistncia ao cisalhamento de pico, compressibilidade e condutividade
hidrulica. Existem poucos dados disponveis sobre a resistncia ao cisalhamento residual. Uma
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possvel razo para isto que as pesquisas tm sido freqentemente direcionadas para o
comportamento de solos laterticos. Para estes solos, a mobilizao da resistncia ao cisalhamento
residual no um problema crtico. Entretanto, algumas classes de solos tropicais so conhecidas
por apresentarem uma proporo significativa de argilas expansivas (Blight, 1997; Fookes, 1997).
Segundo Bica et al (1997), solos com argilas expansivas apresentam valores baixos de ngulo de
atrito residual (fr), parmetro que controla a estabilidade de muitos taludes naturais.
Conforme Pinheiro (2000), muitos solos tropicais, particularmente solos residuais e alguns
solos coluvionares tm sido afetados por processos de laterizao em vrios graus. As condies
favorveis para este processo so o calor, a umidade e boas condies de drenagem. As principais
caractersticas dos solos laterticos so a cor vermelha, a presena de sesquixidos de ferro e
alumnio, a presena de agregados de argila, a ausncia de esmectita e a presena de algum
quartzo e caulinita, alm da baixa massa especfica aparente e elevada condutividade hidrulica.
2.2.3 Caractersticas dos escorregamentos de solos coluvionares
Quando h um escorregamento de massa, os solos localizados na superfcie de
cisalhamento principal ou nas superfcies secundrias, formadas durante o escorregamento,
perdem sua estrutura, se transformando em um material desagregado e perdendo suas
caractersticas de origem. Mas, na maioria das vezes, grande parte da massa escorregada
formada por blocos de variadas dimenses que mantm suas caractersticas originais. Sendo
assim, em um dado colvio, pode haver resqucios das caractersticas do solo residual que lhe deu
origem, o que influenciaria seus parmetros de resistncia ao cisalhamento.
De acordo com Lacerda (2002), a instabilizao ou o aumento dos movimentos de
fluncia de taludes coluvionares pode ocorrer de acordo com as situaes:
- Espontaneamente com lenol permanentemente elevado devido precipitao
contnua. Nesse caso as velocidades de fluncia aumentam, mas no h ruptura sbita, pois o solo
se deforma plasticamente;
- Escavaes, mesmo de pequena altura, feitas no p do talude;
- Carregamento na crista do talude;
- Por choque (Avelar, 1996 apud Lacerda, 2002) ou carregamento sbito devido a
novo escorregamento a montante.
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Segundo Borda Gomes (1996) apud Lacerda e Diniz (2001), quando no saturados, os
solos coluvionares no apresentam em geral problemas de estabilidade. Porm, quando saturados
e com a presena do lenol dgua, sofrem movimentao devida reduo da suco e ao
aparecimento de poropresses positivas ao longo da superfcie de escorregamento. Esta
movimentao cclica e sazonal, ou seja, pequena e lenta durante o perodo de seca e acentuada
durante o perodo de chuvas. A saturao do colvio ocorre atravs da infiltrao ao longo de toda
sua extenso superficial e atravs do fluxo de gua infiltrado no contato da escarpa, quando
existente, com o colvio e ainda por injees de gua sob presso no contato entre o colvio e
veios permeveis da rocha subjacente. Como a condutividade hidrulica do solo coluvionar em
geral alta, sua saturao ocorre com rapidez, fazendo com que, muitas vezes, no se tenha tempo
de tomar providncias para atenuar seus efeitos (Barata, 1969; Campos et al, 1992 e Lacerda,
1997).
Conforme Avelar (1996) apud Lacerda (2002), as lnguas coluvionares saturadas exibem
caractersticas tpicas de movimentao. Geralmente, elas vm se movimentando h muito tempo
e o movimento da massa coluvionar se faz como um todo sobre uma superfcie de cisalhamento,
nas condies de resistncia ao cisalhamento residual do solo desta superfcie. Lacerda (2002)
concluiu que, de acordo com as situaes citadas anteriormente, o que acontece na realidade a
reativao de um escorregamento pr-existente, com a superfcie de escorregamento situada na
fronteira entre o colvio e o solo residual. A interface solo residual e do colvio est quase sempre
na condio residual de resistncia ao cisalhamento do colvio, devido, s vezes, ao colvio estar
assente diretamente sobre a rocha, previamente denudada por um escorregamento pretrito do
solo residual primitivo.
Bressani e Bica (1998) analisaram os condicionamentos mecnicos de algumas rupturas
de taludes no Rio Grande do Sul incluindo vrios colvios. O colvio de Itati (colvio de basalto),
um exemplo de massa coluvionar de matriz argilosa em que a resistncia ao cisalhamento
residual foi mobilizada devido ao processo de formao do talude e magnitude das deformaes
decorrentes da sua prpria instabilidade. Estas condies se refletem na forma do talude original.
A geomorfologia resultado do tipo de deposio do solo, da ao do intemperismo, da
movimentao do talude e conseqente reduo de resistncia ao cisalhamento.
Nummer (2003) estudou um trecho da rodovia RS 230/486, Rota do Sol, situado entre os
municpios de Tainhas (RS) e Terra de Areia (RS). O trecho corta um pacote de rochas vulcnicas
cidas e bsicas da Formao Serra Geral, arenitos da Formao Botucatu e sedimentos
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cenozicos da Plancie Costeira. Um dos principais problemas geotcnicos da rodovia reside na
instabilizao de taludes em regio de rocha basltica. Nummer (2003) i