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33 ANO IV / Nº 6 o dia 7 de novembro de 1936, reuniu-se no salão nobre do Clube Militar um grupo formado por oficiais do Exército e da Mari- nha, idealistas e intelectuais, sob a feliz ins- piração do então Capitão de Infantaria Severino Som- bra de Albuquerque, para tratar da fundação da So- ciedade Militar Brasileira de História e Geografia que entraria em funcionamento oficialmente em 15 de novembro de 1938, já com o nome de Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB). A mesa que presidiria os trabalhos daquela memorável sessão seria constituída pelos Generais Moreira Guimarães e Azeredo Coutinho e Almiran- te Raul Tavares, secretariada pelo Capitão Sombra. O secretário abriu a sessão expondo os moti- vos da reunião. Começou por declarar dispensável a apresentação de qualquer justificativa para a cria- ção da instituição que se pretendia fundar. No en- Instituto de Geografia e História Militar do Brasil tanto, havendo tomado a iniciativa da sua organiza- ção, devia aos presentes uma explicação de como concebia e compreendia a sua existência. Apresen- tou três razões que reputava essenciais para a fun- dação da sociedade. Primeiro, a especialização cada vez maior na História demandava a criação de um Instituto em que se estudasse o aspecto militar da nossa História, coletiva e sistematicamente. Seria a contribuição dos profissionais das armas à obra a ser desenvolvida pelos futuros historiadores. Em se- gundo lugar, salientava que a História Militar re- presentava a fonte mais rica de ensinamentos para todos os chefes militares; as lições estratégicas, polí- ticas e táticas do passado sempre constituíram moti- vos de meditação de todos os grandes capitães; a História Militar proporcionava a melhor explica- ção do estágio alcançado pelas Forças Armadas e a base para promover sua evolução. Finalmente, dis- se: “Os povos se afirmam e sobrevivem pela existên- cia de uma personalidade nacional característica e esta se mantém, manifesta-se e passa de geração a geração graças à continuidade histórica. O esque- L. P. Macedo Carvalho N Ad augusta per augusta

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33ANO IV / Nº 6

o dia 7 de novembro de 1936, reuniu-se nosalão nobre do Clube Militar um grupoformado por oficiais do Exército e da Mari-nha, idealistas e intelectuais, sob a feliz ins-

piração do então Capitão de Infantaria Severino Som-bra de Albuquerque, para tratar da fundação da So-ciedade Militar Brasileira de História e Geografia queentraria em funcionamento oficialmente em 15 denovembro de 1938, já com o nome de Instituto deGeografia e História Militar do Brasil (IGHMB).

A mesa que presidiria os trabalhos daquelamemorável sessão seria constituída pelos GeneraisMoreira Guimarães e Azeredo Coutinho e Almiran-te Raul Tavares, secretariada pelo Capitão Sombra.

O secretário abriu a sessão expondo os moti-vos da reunião. Começou por declarar dispensávela apresentação de qualquer justificativa para a cria-ção da instituição que se pretendia fundar. No en-

Instituto de Geografiae História Militar

do Brasil

tanto, havendo tomado a iniciativa da sua organiza-ção, devia aos presentes uma explicação de comoconcebia e compreendia a sua existência. Apresen-tou três razões que reputava essenciais para a fun-dação da sociedade. Primeiro, a especialização cadavez maior na História demandava a criação de umInstituto em que se estudasse o aspecto militar danossa História, coletiva e sistematicamente. Seria acontribuição dos profissionais das armas à obra aser desenvolvida pelos futuros historiadores. Em se-gundo lugar, salientava que a História Militar re-presentava a fonte mais rica de ensinamentos paratodos os chefes militares; as lições estratégicas, polí-ticas e táticas do passado sempre constituíram moti-vos de meditação de todos os grandes capitães; aHistória Militar proporcionava a melhor explica-ção do estágio alcançado pelas Forças Armadas e abase para promover sua evolução. Finalmente, dis-se: “Os povos se afirmam e sobrevivem pela existên-cia de uma personalidade nacional característica eesta se mantém, manifesta-se e passa de geração ageração graças à continuidade histórica. O esque-

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Ad augusta per augusta

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34 ANO IV / Nº 6

e autor do vade-mecum para determinação de coor-denadas geográficas à noite.

Liberato Bittencourt, devotado mestre de ge-rações passadas de militares e autor de uma sériede obras didáticas.

João Borges Fortes, o estudioso profundo doRio Grande do Sul, responsável pelo levantamento

dos primeiros casais açorianos quese estabeleceram em plagas gaúchas.

Rego Monteiro, notável pes-quisador e antigo Diretor do Arqui-vo do Exército, que nos legou obrasde fôlego como A Dominação Es-panhola no Rio Grande do Sul e Co-lônia do Sacramento.

Henrique Boiteux, ilustre ofi-cial de Marinha catarinense, infa-tigável pesquisador que escreveu

Marquês de Tamandaré, Anita Garibaldi, SantaCatarina no Exército e outras obras.

Nogueira da Gama, dedicado estudioso dosproblemas de navegação, freqüentador assíduo daspáginas da Revista Marítima Brasileira.

Lisias Rodrigues, veterano do Correio AéreoMilitar, geopolítico invulgar, conhecido por inúmerasobras deixadas, entre as quais se destacam Geopolíti-ca do Brasil e Formação da Nacionalidade Brasileira.

Álvaro Otávio de Alencastre, profundo conhe-cedor da vida de Caxias e do regionalismo do RioGrande do Sul.

Souza Docca, homem de letras, citado até naInglaterra, membro do Instituto Histórico e Geográ-fico Brasileiro, maior esteio na organização e consoli-dação desta casa, orador oficial da sessão inauguraldo Instituto, presidente da comissão eleita para reda-ção dos estatutos, juntamente com o Capitão-de-Fra-gata Pinto Guimarães e o Capitão Lima Figueiredo.

Francisco José Pinto, sócio honorário do Insti-tuto Histórico e Geográfico Brasileiro, chefe da Casa

cimento do passado, as rupturas com a tradição, aignorância da História nacional são elementos deci-sivos na descaracterização dos povos, na sua assimi-lação por outros e no enfraquecimento do orga-nismo nacional.”

Com a aclamação de tais palavras do CapitãoSeverino Sombra pelos presentes estava lançada apedra fundamental do Instituto deGeografia e História Militar do Bra-sil, que hoje conta 68 anos de lutase vitórias, de altos e baixos, mas queresiste impavidamente às agruras dotempo, para ofertar às gerações fu-turas uma lição edificante de defe-sa constante de nossos valores mai-ores, de preservação da memória edas tradições nacionais e de amor àPátria sem esmorecimentos.

Assinaram a histórica ata de fundação consa-grados nomes, que deixaram marcas indeléveis nacultura militar brasileira.

Tasso Fragoso, o renomado historiador, autorda História da Guerra entre a Tríplice Aliança e oParaguai e da Batalha do Passo do Rosário, que sedestacara na Proclamação da República.

Raul Tavares, o estudioso de Geografia Mili-tar, presidente da Sociedade Brasileira de Geogra-fia e grande incentivador da Sociedade Brasileirade Filosofia.

Cândido Mariano Rondon, o bandeirante doséculo XX, o pacificador de índios e patrono dasComunicações, que teve o nome inscrito ao lado deAmundsen, Peary, Bird e outros, na Sociedade deGeografia de Nova York.

Dídio Costa, o pesquisador dos arquivos daMarinha e famoso biógrafo de Saldanha da Gamae de Tamandaré.

Alípio di Primo, fundador e organizador doServiço Geográfico do Exército, respeitado geógrafo

Severino Sombra

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35ANO IV / Nº 6

importante nas lutas ao lado de Bolivarna Venezuela.

Raul Bandeira de Melo, ativogeólogo, crítico da divisão territorial bra-sileira e escritor do magnífico trabalhoGeobélica do Brasil.

Cordolino de Azevedo, insigneprofessor de História Militar da EscolaMilitar de Realengo, que nos legou avaliosa História Militar, em dois volumes.

Genserico de Vasconcelos, histo-riador famoso, precursor dos estudos deHistória Militar do Brasil.

Moreira Guimarães, figura deprestígio histórico, que colaborou deci-sivamente para a criação do Instituto.

Augusto Carlos de Souza e Silva,renomado escritor de temas navais e téc-nicos, que nos deixou vasta e excelentebibliografia, na qual se destaca O Almi-rante Saldanha e a Revolta da Armada.

A esses nomes, responsáveis dire-tos pela fundação do Instituto, vieramjuntar-se outros não menos célebrescomo o de Affonso de Carvalho, o bió-grafo de Caxias e de Rio Branco; o deGodofredo Vidal, voltado para temas daAeronáutica; Augusto Correia Lima, es-tudioso de nosso passado militar; DjalmaPoly Coelho, geógrafo renomado, dedi-cado ao estudo de um novo local para anossa capital; Estevão Leitão de Car-valho, laureado autor de A Paz no Cha-co; Sebastião Fernandes de Sousa, ditoGastão Penalva, o escritor da Marinha;Paula Cidade, o imortal da literaturamilitar brasileira; Altamirando Nunes Pe-reira, autoridade em língua portuguesa;Jaguaribe de Matos, emérito historiador

Militar do Presidente Getúlio Vargas,agraciado com as Palmas de Ouro da Aca-demia de Ciências de Lisboa.

Danton Garrastazu Teixeira, au-tor da História da Guerra do Paraguai eincansável pesquisador de temas socio-econômicos, e que, mais tarde, se tor-naria presidente do Instituto.

Valentim Benício da Silva, ba-luarte da fundação, organização e con-solidação do IGHMB, que por trêsvezes exerceu a sua presidência, reor-ganizador e diretor da Biblioteca doExército e Secretário-Geral do Minis-tério da Guerra na gestão de EuricoGaspar Dutra.

Lima Mindelo, reverenciado pro-fessor de tempos idos.

Jônatas de Morais Correia, emé-rito pesquisador e ilustre conferencista,que cedo abandonou o nosso convívio.

Lima Figueiredo, integrante dacomissão de redação dos estatutos e au-tor de Grandes Soldados do Brasil, Ca-sernas e Escolas, Cidades e Sertões, Cen-tenário do Marechal Bormann e UmAno de Observação no Extremo Oriente.

Raja Gabaglia, biógrafo de Fer-nandes Vieira e articulista da RevistaMarítima Brasileira.

Luiz Lobo, primeiro secretário doInstituto, na fase inicial, a quem muitose deve, que nos brindou com HistóriaMilitar do Pará.

César Xavier, membro da Socie-dade Brasileira de Geografia, que se no-tabilizou pela obra Descoberta da Amé-rica e por estudos sobre José Inácio deAbreu e Lima, brasileiro que se tornou

Gen Valentin Benício da Silva

Mar Tristão de Alencar Araripe

Gen Jonas de Morais Correia Filho

Alm Gerson de Macedo Soares

V Alm Herick Marques Caminha

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36 ANO IV / Nº 6

militar; Egon Prates, criador da insígnia do Instituto,versado em Heráldica; Umberto Peregrino, inques-tionável homem de letras; Jonas Correia, educador in-cansável, que veio a conduzir os destinos do Institutopor longos anos, Humberto de Alencar Castello Bran-co, já figura destacada na vida militar, que assumiria aPresidência da República, Aurélio de Lyra Tavares,membro da Academia Brasileira de Letras e depoisMinistro do Exército, J. B. Magalhães, o inesquecívelhistoriador, Mário Travassos, o geopolítico de Proje-ções Continentais do Brasil, Werneck Sodré, LavanèreWanderley, Dioclécio de Siqueira e muitos outros.

Especial referência merecem nossos confradescivis, dentre os quais avultam as figuras de GustavoBarroso, Afonso Taunay, Vilhena de Moraes, PedroCalmon, Jacobina Lacombe, Carneiro de Mendon-ça, Morales de los Rios, Arthur Reis, Gilberto Freyre,Alberto Lima, David Carneiro, Augusto de LimaJunior, Ferreira da Cunha, Vicente Tapajós, ArnoWehling etc.

Destinado, precipuamente, a promover estudosde Geografia e História Militar do Brasil, bem comoo culto cívico dos vultos e fatos gloriosos da Histó-ria Pátria, nasceu o Instituto com cinqüenta cadeiras.

O primeiro número da tradicional Revista doIGHMB, hoje com 64 anos de existência, foi progra-mado para ser lançado em abril de 1941 porém, re-almente, só viria a ser distribuído em 10 de outubrodaquele mesmo ano.

Fundado o Instituto em 1936, provocaria eleo ressurgimento e a reorganização, em novas bases,de outra tradicional instituição militar centenária,em junho de 1937 – a Bibliotheca Militar, hoje de-nominada Bibliotheca do Exército ou Casa do Ba-rão de Loreto. Irmanados desde esses tempos, emperfeita interação, quis o destino que as duas entida-des culturais crescessem juntas. Propunha-se o Insti-tuto à pesquisa seletiva e sistematizada do aspectomilitar da nossa História e da nossa Geografia, en-

quanto que a Bibliotheca à difusão do resultado des-ses trabalhos, que encontrariam no Arquivo do Exér-cito fontes de consulta inesgotáveis. Com esse tripé,visualizava-se desenvolver um centro de excelênciade pensadores militares nacionais.

Decisivo papel no início da vida do IGHMB eno renascimento da Bibliotheca do Exército tiveramSeverino Sombra e Valentim Benício. Sombra, lan-çando as sementes que germinariam tão fecundasinstituições; Benício, encarregando-se de dar os pri-meiros passos junto ao Ministro Dutra para que sepublicasse uma História Militar do Brasil.

Ainda em 1937, foi eleita, por aclamação, a pri-meira diretoria do Instituto, que era assim constituí-da: Presidente, General Tasso Fragoso; Vice-Presidente,Almirante Raul Tavares; Primeiro-Secretário, Capi-tão Severino Sombra; Segundo-Secretário, Coman-dante Dídio Costa; Primeiro-Tesoureiro, Comandan-te Feliciano Xavier; Segundo-Tesoureiro, CapitãoAdailton Pirassununga. Tasso Fragoso, declarando-se impossibilitado de aceitar o honroso cargo, por seencontrar em idade avançada, levou a assembléia asubstituí-lo por Raul Tavares. Para o biênio de 1939-1941, foi eleito presidente o General Estevão Leitãode Carvalho porém, com a sua transferência para o

Atual Revistado IGHMB

Antiga Revistado IGHMB

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37ANO IV / Nº 6

Sul e o falecimento do vice-presidente, viria a assu-mir a presidência, pela primeira vez, Valentim Benício,que a exerceu por três mandatos. Nesse período sefez sentir a atuação de Benício como Presidente doIGHMB, o que posteriormente lhe valeria a eleva-ção a sócio benemérito, pelos relevantes serviços pres-tados. A sobrevivência do Instituto nessa difícil fasede consolidação dependia de se obter uma subven-ção do governo para atender ao seu funcionamentoadministrativo e uma sede própria onde pudesse ins-talar-se definitivamente. Voltava-se a falar também deser atribuído ao Instituto o encargo de elaboração daHistória Militar do Brasil. Impunha-se a criação daRevista e a definição dos respectivos patronos das ca-deiras. Quanto à subvenção, só lhe seria concedida aquantia de 10 contos de réis, a partir de 16 de maiode 1941. A sede prometida então – a Casa Históricade Deodoro – tão cedo não poderia ser ocupada,por se achar ali instalado o comando da ArtilhariaDivisionária e encontrar-se em estado precário de

conservação. Desse modo, por intervenção de Benício,a Bibliotheca Militar acolheu o Instituto, cedendo-lhe espaço para instalação da secretaria e para suasreuniões, enquanto não lograsse um lugar condignono Silogeu Brasileiro, futura sede do IBGE.

Triste sina do Instituto! Desde a sua fundaçãona antiga sede do Clube Militar até hoje não mere-ceu um lugar adequado para sede permanente, játendo sido acolhido generosamente pelo Instituto His-tórico e Geográfico Brasileiro em quatro oportuni-dades, na Bibliotheca do Exército por duas vezes, noantigo Palácio Monroe (de 1970 a 1974), no torreãodo Palácio Duque de Caxias e, afinal, na Casa His-tórica de Deodoro, onde funciona, desde 24 de mar-ço de 1998, por convênio firmado com o Exército.

Ainda em 1941, Benício faz publicar o pri-meiro número da Revista do Instituto e soluciona aquestão dos patronos das cadeiras.

Muito deve o Instituto a esse batalhador pre-sidente do período de consolidação de sua existência.

1. Salgado Filho, Min Aer2. Eurico G. Dutra, Min Guerra3. Valentim Benício, Gen4. Gustavo Capanema, Min Edu5. Aristides Guilhem, Min Mar6. Ataulfo de Paiva, Min7. José Carlos de Macedo Soares, Emb8. Augusto Tasso Fragoso, Gen9. Genserico de Vasconcelos, Cel10. Danton Garrastazu Teixeira, Gen11. Severino Sombra, Cap12. Frederico Vilar, Alm13. Adailton Sampaio Pirassinunga, Cap14. Egon Prates, Ten Av15. Francisco Jaguaribe Gomes de Matos, Cel16. Cândido Mariano Rondon, Gen17. João Fulgêncio de Lima Mindello, Gen18. Jonathas de Morais Correia, Cap19. Luiz Lobo, Cel20. José de Lima Figueiredo, Maj21. Manuel Nogueira da Gama, Alm22. Antônio Leôncio Ferreira Ferraz, Maj23. Cesar Xavier, Cap Frag24. Álvaro de Alencastro, Cel25. Francisco de Paula Cidade, Cel

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38 ANO IV / Nº 6

A dinâmica atuação de Benício no Institu-to encerra-se com a passagem da presi-dência a outra figura não menos ilustre – oGeneral Tristão de Alencar Araripe. Ara-ripe permaneceria, com raro brilhantismo,à testa do IGHMB durante seis mandatos.

Só comparável ao mandato de seusilustres predecessores seria o do GeneralJonas de Morais Correia Filho, estenden-do-se de 1969 a 1982, pleno de realizações.

Tornaram-se credores, também, denosso imorredouro reconhecimento, os no-mes dos Presidentes Souza Docca, Gar-rastazu, Gerson de Macedo Soares, JoãoBatista de Mattos, Francisco de Paula e Aze-vedo Pondé, Artur Saldanha da Gama, Ed-mundo de Macedo Soares, Herick MarquesCaminha e Jonas de Morais Correia Neto.

Comprova-se, assim, a sábia afirma-ção de grande pensador francês de que“nada nasce do nada”. Imensamente injustoé pretender, nesta vida tão curta, não datar,não relatar, não reverenciar os fatos e aque-les que nos antecederam, pois a evolução e oprogresso só se fazem pela transmissão dacultura e pela reconstrução de experiências.

A vida das entidades culturais é ava-liada pelas suas atividades e realizações nocampo da razão e dos valores do espírito.Seus frutos, às vezes imperceptíveis, só ger-minam no íntimo de cada um. Desempe-nham relevante papel na solução dos pro-blemas multiformes da humanidade.

O IGHMB situa-se, precisamente,dentre essas instituições que contribuem,anonimamente, para a interpretação e so-lução dos problemas nacionais, medianteo estudo dos fatores geográficos, históricos,sociopolíticos e econômicos. Nossos prede-

Antiga sede do Clube Militar

Silogeu Brasileiro

Palácio Monroe

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39ANO IV / Nº 6

cessores semearam, denodadamente, e nós continua-mos lavrando, modestamente, o campo da Estraté-gia, da Geopolítica, da Geografia e da História Mili-tar sem idéias preconcebidas, sem distorções ideoló-gicas, facciosismos, ufanismos e revisionismos infun-dados, para que as gerações do futuro se beneficiemdesse labor silencioso. Infelizmente, até hoje sem odevido apreço à obra meritória por ele conduzida noanonimato, o Instituto persiste nesses esforços, orgu-lhoso do que lhe tem sido dado realizar, na esperançade ver, algum dia, sua finalidade e atuação prestigiadase mais bem compreendidas. Para isso, clama por mai-ores recursos, que garantam a pesquisa e a divulga-ção do trabalho por ele realizado; necessita articular-se com as demais entidades culturais civis e militares,de maneira profissional, a fim de preservar a memó-ria e os valores militares, além de transmitir, pelos es-tabelecimentos de ensino bélico, os conhecimentosindispensáveis à formulação de uma doutrina deemprego das Forças Armadas.

O Instituto procura estender sua experiência,também, às universidades, estimulando o estudo dovasto campo da moderna História Militar multidis-ciplinar, de modo a que se dissipem as barreiras entre

civis e soldados, em benefício da Nação. Se bem com-preendidos os seus desígnios e prestigiada a suaatuação, temos absoluta certeza de que a obra se mos-trará mais fecunda.

No elenco de suas realizações, podemos lembrar:a priorização do culto aos valores cívicos e históricos, osimportantes trabalhos de pesquisa, a organização deseminários e simpósios, a participação em congressosinternacionais representando o Brasil, o intercâmbiocom instituições congêneres nacionais e internacionais,a difusão de conhecimentos através da Revista e deseus Boletins Informativos e – talvez suas colabora-ções maiores – a orientação fornecida para a redaçãode O Exército na História do Brasil e a criação do pri-meiro Curso de Especialização Lato Sensu em HistóriaMilitar no País, em colaboração com a UNIRIO e sobo patrocínio do Departamento de Ensino e Pesquisado Exército, contribuindo assim, efetivamente, paramostrar que a História Militar se confunde com aHistória pátria, como bem asseverava Pedro Calmon.

O Instituto de Geografia e História Militar doBrasil é uma associação civil, de caráter cultural e cien-tífico, pessoa jurídica de direito privado, sem fins eco-nômicos, que se destina, primordialmente, a promover

Casa Histórica deDeodoro

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40 ANO IV / Nº 6

sócios são eleitos em Assembléia-Ge-ral, satisfeitos os requisitos estabeleci-dos em seu Estatuto. É dirigido poruma diretoria eleita pelo quadro socialpara um mandato de dois anos, semremuneração. Mantém-se por contri-buição financeira do quadro social oupor doações. Realiza sessões ordináriassemanalmente durante o ano sociocul-tural iniciado na segunda quinzena demarço e encerrado na primeira quin-zena de dezembro.

O Instituto de Geografia e His-tória Militar do Brasil é o órgão con-sultivo oficial de História Militar re-conhecido pelo Governo Federal(Decreto no 27.512 de 28 de novem-bro de 1949) e órgão de utilidade pú-blica do Estado do Rio de Janeiro (Lei

2.217 de 28 de agosto de 1973), filiado à Comis-são Internacional de História Militar. Distinguidocom inúmeras honrarias nacionais e estrangeiras, ci-vis e militares, na sua fulgurante trajetória, ostentana sua bandeira a insígnia da Ordem do Mérito

Militar, pelos relevantes servi-ços prestados ao Exército Bra-sileiro. Orgulha-se, o Institu-to de Geografia e História Mi-litar do Brasil, de ser a mais an-tiga instituição desse gênerono mundo.

Eis, em síntese, a saga doIGHMB até os dias de hoje.

estudos de Geografia e História Militar, bem como aincentivar e realizar o culto cívico de vultos, atos efatos gloriosos de nossa História pátria.

Congrega militares das três Forças Singulares,da ativa ou da reserva, e civis em quatro categorias desócios: titular, emérito, hono-rário e correspondente, alémde colaboradores civis e milita-res não-sócios, que desejemcom ele cooperar. Os sócios ti-tulares ocupam as cinqüentacadeiras que têm por patronosnomes proeminentes da nossaHistória Militar brasileira. Os

L. P. Macedo Carvalho – Coronel de Artilharia e Estado-Maior, é natural do Rio de Janeiro.Iniciou sua carreira militar na Academia Militar das Agulhas Negras, tendo sido declarado Aspirante-a-Oficial em 1954. Cursou a ECEME, a ESG, além de cursos na Inglaterracomo oficial de Estado-Maior: Staff College e Royal Army Educational Center.É bacharel em Ciências Políticas e Econômicas pela Faculdade Cândido Mendes. Atualmente é Presidente do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e Conselheiroda Fundação Cultural Exército Brasileiro.

Sala de reuniõesdo IGHMB

Aspecto do auditóriodo IGHMB

Insígnias de sócio