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Sociologia –Profª Ms. Cecilia Gregorutti Aula 03 Os fundadores da Sociologia A sociologia é o estudo cientifico da vida humana, de grupos sociais e sociedades inteiras e do mundo humano. O âmbito da sociologia é extremamente amplo, variando da análise de encontros passageiros entre indivíduos nas ruas à investigação de relações internacionais e formas globais de terrorismo. O desenvolvimento do pensamento sociológico A sociologia não consiste apenas em coletar fatos, por mais importantes e interessantes que possam ser. Em sociologia queremos saber por que as coisas acontecem e, para fazê-lo, temos de aprender a construir teorias explicativas. Por exemplo, sabemos que a industrialização teve uma grande influência na emergência das sociedades modernas, mas quais são as origens e precondições para a industrialização? Por que a industrialização está associada em formas de punição criminal ou em estruturas familiares e sistemas matrimoniais? Para responder essas questões, temos que desenvolver um pensamento teórico. Os fundadores da Sociologia O estudo sistemático da sociedade é um avanço relativamente recente, com data do final do século XVIII e começo do XIX. A base das origens da sociologia está na série de mudanças avassaladoras trazidas pela Revolução Francesa e pela Revolução Industrial em meados do século XVIII na Europa. A desestruturação nos modos de vida tradicionais causados por essas mudanças resultou nas tentativas de pensadores de entender e explicar como elas ocorreram e quais seriam suas consequências prováveis. Um desenvolvimento-chave foi a utilização da ciência em vez da religião para entender o mundo. Auguste Comte Atribui-se ao autor francês Auguste Comte (1798-1857) ter inventado a palavra Sociologia substituindo o termo "física social". Apesar de ter sido um dos primeiros a fazer uso do termo sociologia, posterior ao termo físico social, as abordagens e a disposição dos conceitos de Comte da teoria do fenômeno social são muito mais um estudo da filosofia histórica do que propriamente a construção de uma teoria ou de uma pesquisa empírica circunscrita à Sociologia. O pensamento de Comte refletia os acontecimentos turbulentos de sua era. A Revolução Francesa de 1789 mudou a sociedade francesa significativamente, enquanto a disseminação da industrialização estava alterando a vida tradicional da população. Página 1

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Sociologia –Profª Ms. Cecilia Gregorutti

Aula 03Os fundadores da Sociologia

A sociologia é o estudo cientifico da vida humana, de grupos sociais e sociedades inteiras e do mundo humano. O âmbito da sociologia é extremamente amplo, variando da análise de encontros passageiros entre indivíduos nas ruas à investigação de relações internacionais e formas globais de terrorismo.

O desenvolvimento do pensamento sociológico A sociologia não consiste apenas em coletar fatos, por mais importantes e interessantes que possam ser. Em sociologia queremos saber por que as coisas acontecem e, para fazê-lo, temos de aprender a construir teorias explicativas. Por exemplo, sabemos que a industrialização teve uma grande influência na emergência das sociedades modernas, mas quais são as origens e precondições para a industrialização? Por que a industrialização está associada em formas de punição criminal ou em estruturas familiares e sistemas matrimoniais? Para responder essas questões, temos que desenvolver um pensamento teórico.

Os fundadores da SociologiaO estudo sistemático da sociedade é um avanço relativamente recente, com data do final do século XVIII e começo do XIX. A base das origens da sociologia está na série de mudanças avassaladoras trazidas pela Revolução Francesa e pela Revolução Industrial em meados do século XVIII na Europa. A desestruturação nos modos de vida tradicionais causados por essas mudanças resultou nas tentativas de pensadores de entender e explicar como elas ocorreram e quais seriam suas consequências prováveis. Um desenvolvimento-chave foi a utilização da ciência em vez da religião para entender o mundo.

Auguste ComteAtribui-se ao autor francês Auguste Comte (1798-1857) ter inventado a palavra Sociologia substituindo o termo "física social". Apesar de ter sido um dos primeiros a fazer uso do termo sociologia, posterior ao termo físico social, as abordagens e a disposição dos conceitos de Comte da teoria do fenômeno social são muito mais um estudo da filosofia histórica do que propriamente a construção de uma teoria ou de uma pesquisa empírica circunscrita à Sociologia. O pensamento de Comte refletia os acontecimentos turbulentos de sua era. A Revolução Francesa de 1789 mudou a sociedade francesa significativamente, enquanto a disseminação da industrialização estava alterando a vida tradicional da população. A visão de Comte para a sociologia era de que ela se tornasse uma "ciência positiva". Ele queria que a sociologia aplicasse os mesmos métodos científicos rigorosos ao estudo da sociedade que os físicos e químicos usam para estudar o mundo físico. O positivismo sustenta que a ciência deve se preocupar apenas com entidades observáveis que sejam conhecidas pela experiência direta. Com base em observações cuidadosas, podem-se inferir leis que expliquem a relação entre os fenômenos observados. Compreendendo as relações entre os fatos, os cientistas podem então prever como serão os acontecimentos futuros. O Positivismo - Devido às transformações desencadeadas pela Revolução Francesa e pela Industrial os pensadores consideravam que a sociedade moderna era dominada pelo caos social pela desorganização e pela anarquia. Preocupados com a ordem, a estabilidade e a coesão social, enfatizaram a importância da autoridade, da hierarquia, da tradição e dos valores morais para a conservação da vida social.As ideias dos conservadores constituíram-se em uma referência para os pioneiros da sociologia, particularmente os “positivistas”, interessados na preservação da nova ordem econômica e política que estava sendo implantada. Os positivistas foram influenciados pelas ideias dos conservadores. A motivação da obra de Auguste Comte repousa nesse estado de “anarquia” e de “desordem” de sua

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Aula 03época histórica. Para que houvesse coesão e equilíbrio na sociedade, seria necessário restabelecer a ordem nas ideias e nos conhecimentos, criando um conjunto de crenças comuns a todos os homens, a que deu o nome de “filosofia positiva”.A Lei dos Três Estados:A lei dos três estágios de Comte assinala que as tentativas humanas de entender o mundo passam por estágios teológicos, metafísicos e positivos. A humanidade passou por fases sucessivas de explicação de tudo o que existe.

1. Estado Teológico: também denominado fictício, baseou-se em explicações transcendentais, sintetizando tudo num Deus Único, o catolicismo marcou o apogeu desse estado. No estado teológico, o pensamento é guiado por ideias religiosas e pela crença de que a sociedade era expressão da vontade divina. Este estado tem por particularidade apreender os fenômenos naturais como manifestações dos deuses. Dentro deste estado, Comte distingue mais três etapas: fetichismo, politeísmo e monoteísmo.

2. Estado Metafísico: também denominado abstrato, provocou a substituição da divindade por entidades metafísicas. Substitui a explicação transcendente pela imanente. No estágio metafísico, que tomou frente por volta da época da Renascença, a sociedade passou a ser vista em termos naturais e não sobrenaturais.

3. Estado Positivo: também denominado cientifico, centralizando-se no relativo, afastando-se de todo e qualquer conceito de absoluto. O estágio positivo, anunciado pelas descobertas e realizações de Copérnico, Galileu e Newton, estimulou a aplicação de técnicas cientificas ao mundo social.

Esses estados, incompatíveis entre si, tendem a suplantar-se. Historicamente, a insuficiência do estado teológico e do metafísico conduziu os homens ao estado positivismo.Comte é considerado pela grande maioria dos sociólogos e dos historiadores como o pai da Sociologia. A originalidade de Comte foi ter sistematizado, colecionado, agrupado todas as ideias em um objetivo único: estudar a sociedade industrial de classes e dar explicações das causas de sua existência, propondo, ao mesmo tempo, soluções capazes de contornar os problemas reais dessa sociedade. Fazendo isto de forma coerente (inicio, meio e fim), com interligação harmoniosa entre as ideias e observações.

Emile Durkheim e o estudo do suicídioAntes da sociologia, a ciência política e a economia pareciam ser suficientes: os governantes controlavam as pessoas, e as leis moldavam as decisões econômicas. A sociologia estuda a sociedade, não o Estado; vê os homens como seres sociais, e não simplesmente como seres políticos; considera que a sociedade é composta e mantida coesa por padrões sociais, e não simplesmente pelos comandos de seus líderes políticos. Enfoca os padrões sociais, e não simplesmente os econômicos, e considera digna de estudo todas as relações humanas, e não apenas as econômicas. Alan Wolfe afirma: é no “eu” que a sociologia se concentra, e não simplesmente no indivíduo, pois com o eu o indivíduo se liga à sociedade em todos os momentos e é socializado por ela no que faz. A sociedade cria o indivíduo, e este é sempre influenciado pela socialização. Os escritos do sociólogo francês, Emile Durkheim (1858-1917), tiveram um impacto mais duradouro na sociologia moderna do que os de Comte. Durkheim argumentava que devemos estudar a vida social com a mesma objetividade que os cientistas estudam o mundo natural.Durkheim a principal preocupação intelectual da sociologia é o estudo de fatos sociais. Ao invés de aplicar métodos sociológicos ao estudo de indivíduos, os sociólogos devem analisar os fatos sociais – aspectos da vida social que moldam nossas ações como indivíduos, como o estado da economia ou a influencia da religião.

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Aula 03Durkheim usou o método sociológico para testar as muitas explicações alternativas de suicídio que estavam sendo debatidas. Sua análise revelou que variações nas taxas de suicído entre grupos diferentes não podiam ser explicadas por enfermidade mental, fundo étnico ou racial, ou até mesmo pelo clima. Emile Durkheim identificou quatro tipos diferentes de suicídio, todos mantendo uma relação entre o indivíduo e o grupo social.1º Suicídio egoísta: acontece sob condições de isolamento excessivo, quando a pessoa é separada do grupo que poderia ter obtido sua lealdade e participação. Um exemplo é quando o individuo é posto à margem de seu grupo de parentesco e que, por qualquer motivo não consegue ser aceito novamente, mantendo-se em ostracismo – para uma pessoa nessas condições poderá não fazer nenhum sentido viver fora do grupo.2° Suicídio altruístico – acontece sob condições de apego excessivo, quando os indivíduos se identificam tão de perto como um grupo ou comunidade que suas próprias vidas não têm nenhum valor independente. São exemplos: os camicases, na Segunda Guerra Mundial, que se jogavam com seus aviões nos navios norte-americanos, e o fenômeno dos terroristas suicidas no Oriente Médio. Os terroristas suicidas perpetraram um dos maiores ataques contra os Estados Unidos, em setembro de 2001.3º Suicídio anômico: ocorre debaixo de condições de anomia, ou ausência de normas, quando os valores tradicionais e as diretrizes para o comportamento desmoronaram, constituindo-se em momentos de desorganização social. Exemplo: jovens adolescentes que tem suas famílias desfeitas abruptamente pela separação dos pais se suicidam. Exemplo: No Japão, no dia 17 de janeiro de 1995, houve um grande terremoto e as vidas das pessoas foram completamente alteradas pelo fenômeno físico, implicando mudanças nas relações sociais e quebras de valores. O estado de anomia que se criou levou muitas pessoas ao suicídio. 4ª Suicídio fatalista: provavelmente acontece em sociedade e grupos sociais nos quais ocorre um alto grau de controle sobre as emoções e motivações de seus membros, que são levados a tomar atitudes que em outras circunstâncias não o fariam. Exemplo: suicídios coletivos cometidos por membros de seitas religiosas, como o caso do Pastor americano Jim Jones e sua seita. O Templo do Povo, mais de 900 pessoas morreram ao ingerirem suco de laranja om cianureto, no dia 18 de novembro de 1978, na Guiana.FATO SOCIALÉ uma categoria sociológica capaz de dar objetividade ao comportamento humano em grupo. Durkheim é seguidor do positivismo de Comte. Sua preocupação é de exatamente dar o status de ciência autônoma à Sociologia, criar categoria que demonstrem empiricamente que existe um objeto de estudo diferente de todas as ciências já conhecidas. Através de experimentos Durkheim prova que o comportamento humano não é, na maioria das vezes, um fato individual, isolado e compreensível apenas a partir do indivíduo, mas que a opção desse comportamento da pessoa esta diretamente determinada pelo convívio social, pelas normas e regras do grupo onde o individuo é educado.A Teoria de Emile DurkheimDurkheim interessou-se pelo estudo das taxas de suicídios por julgar que um estudo assim ajudaria a lançar a sociologia à categoria de disciplina cientifica. Ele queria mostrar a importância dos “fatos sociais”, expressão que empregava para designar os padrões sociais. O suicídio, afirmou Durkheim, sempre será uma escolha pessoal, e há todo tipo de razões psicológicas que levarão um ator e não outro a decidir suicidar-se. Contudo, até mesmo nessa escolha extremamente individual atuam fatos sociais – a taxa (alta ou baixa) de suicídios numa sociedade influência a probabilidade de suicídio de um indivíduo. Essa taxa permanece estável ao longo do tempo, por exemplo, podemos constatar que numa sociedade ocorrem seis suicídios por ano para cada 100 mil pessoas, enquanto em outra, 12 para

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Aula 03cada 100 mil. Essa diferença se verificará no decorrer de um longo período, e por isso podemos dizer que uma sociedade apresenta uma taxa de suicídios duas vezes maior do que a da outra. Para Durkheim a causa de suicídio era outro fato social, que ele denominava “solidariedade social”, o grau em que uma sociedade é integrada, unida, mantida coesa como um todo sólido. O oposto da solidariedade social elevada é um alto grau de individualismo: se as pessoas são altamente individualistas, a solidariedade social é baixa. A baixa solidariedade social (um fato social) levará a uma taxa de suicídios elevada. Durkheim teve acesso a dados sobre suicídios em registros governamentais de vários países e províncias europeias. Acreditava que, como o protestantismo ressaltava a relação individual com Deus e o catolicismo salientava a Igreja como uma comunidade integrada reverenciando em conjunto, os países e províncias protestantes apresentariam taxas de suicídios mais elevadas. Foi exatamente isso que ele constatou. A probabilidade de suicídio era significativamente maior nas comunidades protestantes do que nas católicas. A teoria de Durkheim foi fortalecida, porém não provada: não há nessa constatação evidencias suficientes para concluir que a solidariedade social era a verdadeira influência. Durkheim estava interessado particularmente pela solidariedade social e moral – em outras palavras, aquilo que une a sociedade e a impede de cair no caos. A solidariedade é mantida quando os indivíduos conseguem se integrar aos grupos sociais e são regulados por um conjunto de valores e costumes compartilhados. Em sua primeira obra importante, A Divisão do Trabalho Social, ele faz uma analise das mudanças sociais, argumentando que o advento da era industrial significou a emergência de um novo tipo de solidariedade.Os processos de mudança no mundo modernos são tão rápidos e intensos que dão vazão a grandes dificuldades sociais. Eles podem ter efeitos perturbadores sobre estilos de vida tradicionais, costumes, crenças religiosas e padrões cotidianos sem proporcionar novos valores claros. Durkheim relacionou essas condições perturbadoras com a anomia: sentimentos de falta de propósito, medo e desespero provocados pela vida social moderna. Os controles e padrões morais tradicionais, que antes eram supridos pela religião, são totalmente desfeitos pelo desenvolvimento social moderno, e isso deixa muitos indivíduos sentindo que suas vidas cotidianas carecem de sentido.

Karl MarxNasceu na Alemanha em 05 de maio de 1818, em uma família de classe media, seu pai era um advogado bem conceituado. As ideias de Karl Marx (1818-1883) contrastam nitidamente com as de Comte e Durkheim. Marx procurou explicar as mudanças que estavam ocorrendo na sociedade durante a época da Revolução Industrial. Enquanto a preocupação principal do positivismo foi com a manutenção e a preservação da nova sociedade capitalista, o marxismo procura fazer uma critica radical a esse tipo de ordem social, colocando em evidência seus antagonismos e suas contradições.Na concepção de Marx e de Engels, o estudo da sociedade deveria partir de uma base material, e a investigação de qualquer fenômeno social, da estrutura econômica da sociedade, que constituía a verdadeira base da historia humana. Eles desenvolveram a teoria de que os fatos econômicos são a base sobre a qual se apoiavam os outros níveis da realidade, como a política, a cultura, a arte e a religião. O conhecimento da realidade social deve se converter em um instrumento político, capaz de orientar os grupos e as classes sociais para a transformação da sociedade. Dentro dessa perspectiva, a função da sociologia não era a de solucionar os “problemas sociais”, como o propósito de restabelecer a ordem social, como julgavam os positivistas – ela deveria contribuir para a realização de mudanças radicais na sociedade. Para os marxistas, a luta de classes, e não a “harmonia social” constitui a realidade mais evidente da sociedade capitalista.A obra de Marx é fundamental para a compreensão do funcionamento da sociedade capitalista.

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Aula 03Para Marx, o capitalismo é um sistema de produção que se diferencia radicalmente de todos os sistemas econômicos anteriores, envolvendo a produção de bens e serviços vendidos a uma ampla variedade de consumidores. Marx identificou dois elementos básicos nas empresas capitalistas. O primeiro é o capital – qualquer recurso, incluindo dinheiro, máquinas ou mesmo fábricas, que possa ser usado ou investido para criar recursos futuros. A acumulação do capital acompanha um segundo elemento, a mão de obra assalariada. A mão de obra assalariada refere-se ao conjunto de trabalhadores que não possuem os meios para sua sobrevivência, mas que devem buscar emprego proporcionado pelos donos do capital. Marx argumentava que aqueles que possuem o capital – capitalistas – formam uma classe dominante, ao passo que a massa da população forma uma classe de trabalhadores assalariados – uma classe trabalhadora. À medida que a industrialização avançava grandes quantidades de camponeses que se sustentavam trabalhando na terra se mudaram para as cidades em processo de expansão ajudaram a formar uma classe trabalhadora industrial urbana. Essa classe trabalhadora foi chamada de proletariado.Mudança social: a concepção materialista da históriaO ponto de vista de Marx baseia-se naquilo que chamou de concepção materialista da história. Segundo essa visão, não são as ideias ou os valores que os seres humanos detêm que são as principais fontes de mudanças sociais; ao invés disso, as mudanças sociais são primordialmente induzidas por influências econômicas. Os conflitos entre as classes proporcionam a motivação para o desenvolvimento histórico - eles são o “motor da história”.“A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a historia da luta de classe“ (Marx e Engels).

Max WeberMax Weber nasceu na Alemanha (1864 – 1920) e sempre foi muito estudioso. É considerado um dos mais importantes pensadores do Século XX. Seus escritos cobriram os campos da economia, do direito, da filosofia e a história comparativa, alem da sociologia. Weber buscou entender a natureza e as causas das mudanças sociais. Foi influenciado por Marx, mas foi critico de algumas das principais visões de Marx. Ele rejeitava a concepção materialista da história e considerava os conflitos de classe menos significativos do que Marx. Para Weber, os fatores econômicos são importantes, mas as ideias e os valores também têm um grande impacto nas mudanças sociais.Desenvolveu estudo comparado da história, da economia e da história das doutrinas religiosas, sendo por isso considerado o fundador da disciplina “sociologia da religião”.

• Para Max Weber a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais. Estas são todo tipo de ação que o indivíduo faz, orientando-se pela ação de outros.

• Só existe ação social, quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações com os demais.

• Para ele as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais.• Na sua concepção o método deve enfatizar o papel ativo do pesquisador em face da sociedade.

Max Weber afirmou que o melhor modo de definir sociologia é como o estudo de um tipo de ação social. A ação social, segundo Weber ocorre quando o ator “orienta seus atos” para outras pessoas e, assim, é influenciado por elas. O ator leva essas pessoas em consideração ou atua para, em direção a, contra ou a despeito delas. O ator molda seus atos com o objetivo de influenciar os outros, ou de comunicar-se com eles, elogiá-los, criticá-los, enganá-los, fazê-los rir, chorar ou todas as diversas coisas que as pessoas fazem umas em relação à outras. Sempre que outras pessoas têm alguma importância para o que fazemos, sempre que pensamos em outros quando atuamos, temos um exemplo de ação social.A chave para a ação social é atuar tendo outros em mente. Toda comunicação intencional é ação social, mas a comunicação não é essencial para ação social. Nem toda ação é ação social. A ação social é ação

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Aula 03intencional. Pensar em outros enquanto você atua, o objetivo de seus atos serem os outros ou, no mínimo, levá-los em consideração.A Sociologia para Weber significa “uma ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la casualmente em seu curso e em seus efeitos”.A “ação social” toma o significado de uma ação que, quanto ao sentido visado pelo indivíduo, tem como referência o comportamento de outros, orientando-se por estes em seu curso. A ação social orienta-se pelo comportamento de outros, seja este passado, presente ou esperado como futuro. Os “outros” podem ser indivíduos e conhecidos ou uma multiplicidade de pessoas completamente desconhecidas. Nem todo tipo de contato entre pessoas tem caráter social, senão apenas um comportamento que, quanto ao sentido, se orienta pelo comportamento de outra pessoa; por exemplo: o choque entre dois ciclistas. Segundo Weber a ação social pode ser determinada de quatro modos: racional referente a fins; racional referente a valores; afetivo, especialmente emocional; tradicional.Ação Social Racional Referente aos Fins – é determinada pelo cálculo racional que estabelece aos fins e organiza os meios necessários. Por exemplo: ao fazer a aquisição de um aparelho de televisão o comprador levará em conta o custo, se o tamanho do aparelho é adequado para o alojamento onde ficará instalado, se é colorido, e assim por diante. Um jovem escolherá uma namorada levando em consideração se ela é comunicativa, se está vestida adequadamente, seu nível de escolaridade, etc.Ação Social Referente a Valores – é determinada pela importância do valor, não sendo considerado o êxito que se possa obter assumindo-se esse valor. É uma ação social valorizada socialmente, e é relevante a opinião do grupo social ao qual o indivíduo pertence. Por exemplo: na aquisição de um aparelho de televisão, o comprador dará importância à marca, os outros fatores que determinam a escolha serão secundários. A namorada escolhida tendo em conta os valores que predominam na sociedade da qual faz parte, que terão papel preponderante na escolha, ficando os demais em um segundo plano. Se a beleza feminina é o valor fundamental, este será o critério predominante na ação; se há uma valorização do papel da mulher como dona de casa, a beleza ficar em um plano secundário. Ação Social de Modo Afetivo – é aquela que é determinada pelos afetos ou estados emocionais, a relação entre os indivíduos se expressa em termos de lealdade e antagonismo. Por exemplo: o comprador adquirirá o modelo de televisor de que mais goste, ou não comprará um determinado modelo em hipótese nenhuma. A namorada será escolhida ou rejeitada de modo emocional, incluídas aí manifestações de paixão ou rancor.Ação Social de Modo Tradicional – é aquela determinada pelas tradições, pelos costumes arraigados. Por exemplo: poderá adquirir um televisor da mesma marca da que foi a dos seus pais ou de sua família. A namorada poderá ser escolhida baseada em uma tradição familiar de se escolherem “moças de família”, estereótipo passado de pai para filho.As ações sociais não são determinadas por um único tipo, no caso da escolha da namorada, o jovem pode levar em consideração tanto a tradição (a moça de família), como os valores predominantes na sociedade em que vive (bonita, magra, etc.) A ação social, para Weber, é um componente universal e específico na vida social e fundamental para a organização da sociedade humana. Suas principais obras são: “A ética protestante e o espírito do capitalismo” (1905) e ”Economia e sociedade” (publicação póstuma de 1922).

ReferênciasCHARON, Joel M. Sociologia. São Paulo: Saraiva, 2004.DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. 2ª ed. São Paulo: Pearson Prentice-Hall, 2010.GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6º ed. Porto Alegre: Penso, 2012.IAMUNDO, Eduardo. Sociologia e Antropologia do Direito. São Paulo: Saraiva, 2013.

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