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MANUAL DE ORIENTAÇÕES TÉCNICAS PARA ELABORAÇÃO DE PROPOSTAS PARA O PROGRAMA DE MELHORIAS SANITÁRIAS DOMICILIARES - FUNASA

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  • MANUAL DE ORIENTAES TCNICAS PARA ELABORAO DE PROPOSTAS PARA O PROGRAMA DE

    FUNASAFUNDAO NACIONAL DE SADE

    Misso

    Promover a sade pblica e a incluso social por meio de aes de saneamento e sade ambiental.

    Viso de Futuro

    At 2030, a Funasa, integrante do SUS, ser uma instituio de referncia nacional e internacional nas aes de saneamento e sade ambiental, contribuindo com as metas de universalizao de saneamento no Brasil.

    Valores

    tica; Eqidade; Transparncia; Eficincia, Eficcia e Efetividade; Valorizao dos servidores; Compromisso socioambiental.

    MELHORIAS SANITRIAS DOMICILIARES - FUNASA

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa

    Braslia, 2014

    Fundao Nacional de Sade

  • Esta obra disponibilizada nos termos da Licena Creative Commons Atribuio No Comercial Compartilhamento pela mesma licena 4.0 Internacional. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

    A coleo institucional do Ministrio da Sade pode ser acessada, na ntegra, na Biblioteca Virtual em Sade do Ministrio da Sade: .

    Tiragem: 1 edio 2014 5.000 exemplares

    Elaborao, distribuio e informaes: MINISTRIO DA SADE Fundao Nacional de Sade Departamento de Engenharia de Sade Pblica (Densp) Coordenao-Geral de Engenharia Sanitria (Cgesa) Coordenao de Programas de Saneamento em Sade (Cosas) SAS Quadra 4, Bloco N, 6 andar, Ala Sul CEP: 70.070-040 Braslia/DF Tel.: (61) 3314-6614 / 6622 / 6404 Homepage: http://www.funasa.gov.br

    Editor: Coordenao de Comunicao Social (Coesc/GabPr/Funasa/MS) Diviso de Editorao e Mdias de Rede (Diedi) SAS Quadra 4, Bloco N, 2 andar, Ala Norte CEP: 70.070-040 Braslia/DF Capa, projeto grfico e diagramao:

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

    Ficha Catalogrfica__________________________________________________________________________________ Brasil. Ministrio da Sade. Fundao Nacional de Sade. Manual de orientaes tcnicas para elaborao de propostas para o programa de melhorias sanitrias domiciliares - Funasa / Ministrio da Sade, Fundao Nacional de Sade. Braslia : Funasa, 2014. 44 p. 1. Abastecimento de gua. 2. gua. 3. Esgoto. I. Ttulo. II. Srie.

    CDU 628.1 __________________________________________________________________________________

  • Sumrio

    Apresentao 51 Objetivo 72 Melhorias Sanitrias Domiciliares MSD 9

    2.1 Sistemas para o suprimento de gua 92.1.1 Ligao domiciliar/intradomiciliar de gua 102.1.2 Poo fretico (raso) 102.1.3 Sistema para captao e armazenamento de gua de chuva 132.1.4 Reservatrio elevado 152.1.5 Reservatrio semielevado 16

    2.2 Utenslios sanitrios 162.2.1 Conjunto sanitrio 172.2.2 Pia de cozinha 182.2.3 Tanque de lavar roupas 182.2.4 Filtro domstico 202.2.5 Recipiente para resduos slidos 21

    2.3 Sistemas para destinao de guas residuais 212.3.1 Ligao intradomiciliar de esgoto 222.3.2 Tanque sptico + filtro biolgico 222.3.3 Sumidouro 242.3.4 Valas de infiltrao 252.3.5 Valas de filtrao 262.3.6 Tanque de evapotranspirao com bananeiras 272.3.7 Aproveitamento das guas servidas 28

    3 Oficina Municipal de Saneamento 314 Documentao tcnica para proposta 33

    4.1 LENE Levantamento das necessidades de MSD 334.1.1 Orientaes para o preenchimento da LENE 344.1.2 Exemplo de preenchimento da LENE 35

    4.2 Planta da localidade ou bairro 374.3 Projeto tcnico de engenharia 37

    4.3.1 Especificaes tcnicas 374.3.2 Planilha oramentria 374.3.3 Cronograma fsico-financeiro 384.3.4 Peas grficas 38

    4.4 Plano de trabalho 395 Consideraes Finais 41Referncias Bibliogrficas 43

  • Apresentao

    O presente manual objetiva subsidiar os estados, municpios, Distrito Federal e r-gos ou entidades pblicas ou privadas sem fins lucrativos, interessadas na elaborao de proposta para repasse de recursos no onerosos para implantao de Melhorias Sanitrias Domiciliares.

    Melhorias Sanitrias Domiciliares so intervenes promovidas nos domiclios, com o objetivo de atender s necessidades bsicas de saneamento das famlias, por meio de instalaes hidrossanitrias mnimas, relacionadas ao uso da gua, higiene e ao destino adequado dos esgotos domiciliares.

    O programa surgiu com a necessidade de promover solues individualizadas de saneamento em diversas situaes, principalmente nas pequenas localidades e periferias das cidades. O nome da atividade originou-se da abordagem feita pelos auxiliares de sanea-mento da antiga Fundao de Servio Especial de Sade Pblica junto aos interessados, no sentido de que estes promovessem melhorias em seus domiclios. A partir dessa prtica, o nome melhorias passou a conceituar a atividade que, pioneiramente, tornou-se um dos programas de saneamento desenvolvidos, hoje, pela Funasa.

    O programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares tem os seguintes objetivos:

    I. Implantar solues individuais e coletivas de pequeno porte, com tecnologias apropriadas;

    II. Contribuir para a reduo dos ndices de morbimortalidade, provocados pela falta ou inadequao das condies de saneamento domiciliar;

    III. Dotar os domiclios de melhorias sanitrias, necessrias proteo das fam-lias e promoo de hbitos higinicos; e

    IV. Fomentar a implantao de oficina municipal de saneamento.

  • 1 Objetivo

    Este manual apresenta orientaes tcnicas e modelos das melhorias sanitrias individuais mais usuais, com a descrio e orientaes quanto a sua execuo, operao e manuteno, alm de apresentar os critrios para a solicitao de recursos da Funasa para a execuo de tais melhorias.

    Podero ser propostas tecnologias diferenciadas na forma e modelo adequados para cada regio e ou domiclio, uma vez que este manual no tem a pretenso de se limitar s solues e aos modelos de saneamento individuais propostos.

    Os modelos de projetos tcnicos de engenharia para Melhorias Sanitrias Domiciliares apresentadas neste manual, com os respectivos detalhamentos, especificaes tcnicas e planilhas oramentrias, esto disponveis no site da Funasa e podero ser utilizados pelo proponente. Estes projetos so disponibilizados a ttulo de exemplo e podem ser alterados conforme a necessidade e caracterstica regional, devendo ser submetidos anlise e aprovao dos tcnicos da Funasa.

    Quando a soluo individual de melhorias sanitrias domiciliares no for vivel por questes tcnicas ou situaes diversas, podero ser adotadas solues coletivas de pequeno porte. A soluo coletiva est condicionada aceitao conjunta dos moradores a serem atendidos. Entretanto, antes de decidir pela interveno coletiva, importante observar algumas questes:

    Dever ser comprovada a posse do terreno onde a soluo ser construda, conforme legislao vigente;

    Dever ser apresentado o licenciamento ambiental ou sua dispensa emitida por rgo ambiental competente;

    Dever ser apresentado termo de responsabilidade pela operao e manuten-o da soluo proposta pelo proponente.

  • 2 Melhorias Sanitrias Domiciliares MSD

    O conceito de melhorias sanitrias, neste programa de repasse de recursos no onerosos, est relacionado ao saneamento individual do domiclio. Na Figura 1 so apresentados esquematicamente os eixos de atuao e exemplos de itens que podero ser solicitados dentro do programa.

    Estes itens podem e devem fazer parte da proposta apresentada Funasa, na medida exata da necessidade domiciliar percebida de forma integrada e devem ser combinados de acordo com as caractersticas da localidade.

    Suprimento de gua potvel

    Utensliossanitrios

    Destinao deguas residuais

    Tanque sptico /ltro biolgico

    Sumidouro

    Valas de ltraoou inltrao

    Sistemas de aproveitamento

    de gua

    Ligaointradomiciliar

    de esgoto

    Conjuntosanitrio

    Pia de cozinha

    Tanque de lavarroupa

    Filtro domstico

    Recipiente pararesduos slidos

    (lixeiras)

    Ligao domiciliar /

    intradomiciliarde gua

    Poo fretico(raso)

    Sistema de captao e

    armazenamentoda gua de chuva

    Reservatrios

    Figura 1 Itens passveis de solicitao de repasse de recursos no programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares.

    2.1 Sistemas para o suprimento de gua

    Neste tpico so detalhados alguns itens para suprimento de gua em um domiclio, considerando as disponibilidades ou no de rede pblica de abastecimento de gua. Para a definio da tecnologia a ser implantada em cada domiclio, devero ser consideradas as caractersticas locais.

  • Fundao Nacional de Sade 10

    2.1.1 Ligao domiciliar/intradomiciliar de gua

    Item de saneamento recomendado quando a localidade for provida de sistema pblico de abastecimento de gua e a rede estiver prxima residncia, possibilitando a instalao da ligao domiciliar/intradomiciliar de gua.

    Ser imprescindvel a observao das normas e regulamentos do operador do ser-vio de abastecimento de gua para realizar a correta instalao do ramal. Geralmente, utiliza-se um colar de tomada, para a ligao na rede, cavalete com ou sem hidrmetro e a tubulao at o reservatrio elevado do domiclio (Figura 2).

    Figura 2 Esquema de ligao domiciliar/intradomiciliar de gua.

    2.1.2 Poo fretico (raso)

    A construo de um poo fretico recomendada quando no h disponibilidade de rede pblica de abastecimento de gua na localidade ou quando a mesma no se encontra prxima ao domiclio a ser beneficiado. Desta forma, considera-se vivel a utilizao do lenol fretico.

    O poo escavado ou perfurado no solo uma instalao utilizada para aprovei-tamento do lenol fretico, com profundidade de at 20 metros, revestido, tampado e equipado com bomba eltrica ou manual (Figura 3).

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 11

    Figura 3 Esquema do poo raso.

    Alguns cuidados devem ser tomados quando da construo do poo raso:

    Verificar a necessidade de autorizao junto ao rgo responsvel, para a execuo do poo;

    Observar a distncia mnima de 15 metros de fossas seca, sumidouro (poo absorvente) e 45 metros de qualquer outra fonte de contaminao, pocilgas, lixes, galeria de infiltrao, entre outros;

    O poo dever ser preferencialmente perfurado em local livre de inun-dao e em nvel mais alto do terreno.

    A instalao deve ser provida de bomba submersa conectada tubulao de recalque para o reservatrio domiciliar.

    Poder ser previsto dispositivo para a desinfeco da gua captada no poo. No caso da utilizao de bomba eltrica submersa, um equipamento do tipo clorador dever ser instalado na tubulao entre o poo e o reservatrio elevado (Figura 4).

  • Fundao Nacional de Sade 12

    Figura 4 Esquema do clorador instalado na tubulao.

    Em localidades desprovidas de energia eltrica, a bomba manual o equipamento indicado para retirar a gua do poo, conforme apresentado na Figura 5.

    Figura 5 Exemplo de bomba manual.

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 13

    O processo de desinfeco dever ser feito diretamente na gua de consumo, no filtro, em vasilhas ou no reservatrio, utilizando hipoclorito de sdio a 2,5%, na quantidade de 2 ml de hipoclorito de sdio para cada 20 litros de gua, ou conforme Tabela 1.

    Tabela 1 Dosagem de hipoclorito de sdio para desinfeco da gua.

    Volume de gua

    Hipoclorito de sdio a 2,5%

    Tempo de contatoDosagem

    ml gotas

    1.000 litros 100 ml -

    30 minutos200 litros 20 ml -

    20 litros 2 ml 40

    1 litro 0,1 ml 2

    2.1.3 Sistema para captao e armazenamento de gua de chuva

    Em localidades onde houver baixa ou nenhuma disponibilidade de gua potvel, recomendada a utilizao de reservatrios (cisternas) que armazenam a gua de chuva coletada dos telhados das casas por meio de calhas, conforme apresentado na Figura 6.

    Figura 6 Sistema completo da cisterna para captao e armazenamento da gua de chuva.

  • Fundao Nacional de Sade 14

    Geralmente, nos pequenos municpios, a gua de chuva de tima qualidade e o armazenamento em cisternas com capacidade de at 16 mil litros pode garantir o su-primento de gua para uma famlia de 5 pessoas, por 6 a 8 meses. Essa gua poder ser utilizada para cozinhar, lavar alimentos, beber e escovar dentes.

    Os tipos de cisternas variam conforme o material e tcnicas de construo utilizadas, podendo ser de placas pr-fabricadas em concreto, argamassa armada (ferrocimento), de polietileno, entre outras, no sendo recomendado o uso de reservatrios que contenham amianto.

    Em localidades de difcil acesso, com pouca ou nenhuma disponibilidade de gua potvel, onde a ocorrncia de chuvas constante o ano inteiro, como em muitos locais da regio norte, recomenda-se a utilizao de pequenos reservatrios de at 2.000 litros para a captao da gua da chuva (Figura 7).

    Figura 7 Reservatrio para pequenos volumes.

    Alguns cuidados so importantes para manter o sistema funcionando adequadamente. Para qualquer tipo de cisterna recomenda-se:

    Utilizar sistema que descarta os primeiros cinco minutos de chuva, perodo em que a gua lava o telhado, carreando poeira, folhas e pequenos insetos;

    Manter o reservatrio sempre fechado, protegido contra a luz solar e insetos;

    Manter as calhas limpas e sem folhas;

    Realizar a limpeza do reservatrio periodicamente; e

    Utilizar hipoclorito de sdio a 2,5% para a desinfeco da gua que ser consumida, adicionando dentro do filtro ou em vasilhas a quantidade de 2 ml de hipoclorito de sdio para cada 20 litros de gua, ou conforme Tabela 2.

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 15

    Tabela 2 Dosagem de hipoclorito de sdio para desinfeco da gua.

    Volume de gua

    Hipoclorito de sdio a 2,5%

    Tempo de contatoDosagem

    ml gotas

    1.000 litros 100 ml -

    30 minutos200 litros 20 ml -

    20 litros 2 ml 40

    1 litro 0,1 ml 2

    2.1.4 Reservatrio elevado

    Recipiente destinado ao armazenamento de gua no domiclio, podendo ser de fibra de vidro, polietileno, pr-fabricado de concreto armado ou alvenaria, no devendo ser utilizado material com amianto na sua composio.

    Nas localidades providas de sistema pblico de abastecimento de gua com presso suficiente, indicado o reservatrio elevado.

    O reservatrio elevado poder ser instalado sobre a estrutura do conjunto sanitrio ou sobre torre em madeira, alvenaria com estrutura de concreto, concreto pr-moldado, ou outro tipo de estrutura que garanta altura suficiente para que a gua chegue com presso adequada nos utenslios sanitrios (Figura 8).

    Figura 8 Esquema de reservatrios elevados.

  • Fundao Nacional de Sade 16

    2.1.5 Reservatrio semielevado

    Nas localidades em que no exista rede pblica de gua ou onde o sistema p-blico de abastecimento de gua no tenha presso suficiente para elevar a gua at o reservatrio elevado, recomenda-se a instalao do reservatrio em uma altura de 1,20 m, dotado de torneira, possibilitando o seu abastecimento com pouca presso ou de forma manual, conforme apresentado na Figura 9.

    Figura 9 Esquema do reservatrio semielevado.

    Na instalao do reservatrio, devero ser levadas em considerao as instrues do fabricante do modelo escolhido, principalmente no que diz respeito ao suporte de apoio do reservatrio.

    2.2 Utenslios sanitrios

    Neste tpico so detalhados alguns utenslios de higiene e segurana sanitria. A escolha da tecnologia a ser implantada em cada domiclio deve levar em considerao as necessidades do domicilio e as caractersticas locais.

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 17

    2.2.1 Conjunto sanitrio

    um espao fsico comumente chamado de banheiro, dotado de vaso sanitrio, lavatrio e chuveiro (Figura 10).

    Figura 10 Conjunto sanitrio.

    O conjunto sanitrio dever ser construdo preferencialmente na parte interna ou integrado ao domiclio para facilitar o acesso dos moradores. importante ressaltar que nenhum material de construo utilizado na construo do conjunto sanitrio possua amianto em sua composio.

    A rea destinada para o banho no conjunto sanitrio deve conter instalaes que permitam o uso de gua corrente, com chuveiro eltrico ou no, alimentado preferen-cialmente pelo reservatrio domiciliar.

    Sero considerados tambm os banheiros com reservatrio que permitam o banho de caneco, sem o reaproveitamento da gua.

  • Fundao Nacional de Sade 18

    O lavatrio destinado lavagem das mos, rosto e escovao dentria, entre outras aes de higiene pessoal e dever ser equipados com torneira resistente, vlvula e sifo.

    Em domiclios que tenham morador com dificuldade de locomoo, o conjunto sanitrio dever atender s condies de acessibilidade, tais como rampa de acesso, barras de apoio, torneiras adaptadas, entre outros, conforme projeto disponibilizado no site da Funasa (www.funasa.gov.br).

    Considerando que a instalao e utilizao de um conjunto sanitrio geram guas residuais, a proposta dever, obrigatoriamente, prever itens de destinao com sistema de tratamento adequado, conforme descrito no item 3.3.

    2.2.2 Pia de cozinha

    Utenslio domstico dotado de torneira e cuba, destinado lavagem de louas, vasilhas e alimentos, podendo ser instalada dentro da residncia ou na rea externa, devendo sempre ter uma estrutura adequada para seu suporte, conforme apresentada na Figura 11.

    Figura 11 Pia de cozinha separada da casa.

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 19

    Considerando que a instalao e utilizao da pia de cozinha geram guas residuais, a proposta dever obrigatoriamente prever uma caixa de gordura entre a pia e o sistema de tratamento adotado.

    2.2.3 Tanque de lavar roupas

    Utenslio domstico destinado lavagem de roupas (Figura 12) podendo ser instalado na parede externa do conjunto sanitrio ou junto residncia.

    Figura 12 Tanque de lavar roupa.

    Nos domiclios que j utilizam mquina ou tanquinho de lavar roupa, dever ser prevista a instalao sanitria adequada para o desgue do efluente gerado nestes utenslios. O efluente gerado no tanque ou mquina de lavar roupa dever passar por caixa de sabo/decantador antes de seguir para o sistema de tratamento de esgoto adotado no domiclio.

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    2.2.4 Filtro domstico

    Trata-se de utenslio domstico, preferencialmente de barro, utilizado para filtrar gua no domiclio conforme apresentado na Figura 13. A gua passa lentamente pelo sistema de filtragem de partculas finas, retendo os microrganismos e sedimentos, gotejando para o compartimento de gua filtrada.

    Figura 13 Filtro cermico comum.

    O filtro dever ser instalado em local arejado e protegido da incidncia de luz solar.

    Para manter o adequado funcionamento, o filtro dever ser lavado periodicamente, a cada dois dias ou at uma vez por semana, dependendo da qualidade da gua. A vela dever ser limpa com gua corrente e esponja macia e sua substituio dever ser reali-zada a cada seis meses.

    Quando a gua no tiver recebido tratamento de desinfeco, recomenda-se sem-pre utilizar o hipoclorito de sdio a 2,5%, a ser adicionado na parte superior do filtro a quantidade de 1 ml (20 gotas) de hipoclorito de sdio para cada 10 litros de gua.

    2.2.5 Recipiente para resduos slidos

    um recipiente destinado disposio temporria do resduo slido (lixo) produzido no domiclio, adaptado para colocao de sacos plsticos de lixo, at que sejam recolhidos

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 21

    pelo veculo de coleta do municpio (Figura 14). Dever ser preferencialmente metlico, protegido com pintura antioxidante, instalado a uma altura mnima de 80 cm do cho, fixado na frente da residncia.

    Figura 14 Tipos de recipientes para resduos slidos.

    Nos locais em que j exista coleta seletiva implantada, o recipiente poder ser dividido em dois compartimentos, para facilitar a separao do resduo seco e mido.

    2.3 Sistemas para destinao de guas residuais

    Neste tpico so detalhados alguns tipos de tratamento e destinao de guas residuais. A escolha da tecnologia a ser implantada em cada domiclio dever levar em considerao as caractersticas locais, principalmente aquelas relacionadas constituio do solo e ao espao fsico disponvel.

    2.3.1 Ligao intradomiciliar de esgoto

    Nas localidades dotadas de rede coletora de esgoto prxima ao domiclio, devi-damente interligada estao de tratamento de esgoto ETE, poder ser feita a ligao intradomiciliar (Figura 15), conectando a caixa de inspeo, que rene as tubulaes dos utenslios sanitrios, rede existente.

    importante observar as normas do operador do sistema de esgotamento sanitrio, para a correta ligao intradomiciliar.

  • Fundao Nacional de Sade 22

    Figura 15 Esquema da ligao domiciliar de esgoto.

    2.3.2 Tanque sptico + filtro biolgico

    A utilizao do tratamento complementar visa garantir melhor qualidade ao efluente que ser disposto em solo. Deste modo, a combinao do tanque sptico e filtro biolgico (sistema fossa/filtro) apresenta-se como a tecnologia mais indicada para o tratamento sanitrio domiciliar (Figura 16).

    Figura 16 Sistema combinado tanque sptico/filtro biolgico.

    O tanque sptico (fossa sptica) uma unidade cilndrica ou de seo retangular, utilizada para o tratamento de esgotos por processos de sedimentao, flotao e digesto. Pode ser construda em alvenaria, argamassa armada (ferrocimento), ou outro sistema construtivo que garanta a impermeabilidade, a durabilidade e as dimenses definidas no projeto tcnico.

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 23

    Em terrenos que ficam temporariamente ou sempre encharcados, recomenda-se a utiliza-o de tanque sptico em material pr-fabricado, tipo polietileno, fibra de vidro, entre outros.

    As dimenses do tanque sptico podero variar em funo do nmero de moradores do domiclio. Outras informaes necessrias elaborao do projeto tcnico, constru-o e operao do tanque sptico esto disponveis na norma tcnica NBR 7.229/1993.

    A manuteno do tanque sptico consiste na limpeza ou remoo peridica do lodo e escuma, cuja operao deve ser feita por profissionais especializados que disponham de equipamentos para realizar a retirada e a disposio do lodo em local apropriado. A freqncia de limpeza deve ser definida no projeto tcnico.

    Antes de entrar em funcionamento, o tanque sptico deve ser submetido ao ensaio de estanqueidade, realizado aps ele ter sido saturado por, no mnimo, 24h, conforme NBR 7.229/1993.

    O efluente que sai do tanque sptico dever passar por mais um processo de trata-mento, sendo preferencialmente um filtro biolgico, a fim de garantir que o efluente final esteja em condies de ser disposto em solo ou reaproveitado na irrigao de pomares (ver item 3.3.6).

    Este filtro biolgico um tanque em forma cilndrica, retangular ou quadrada. Pode ser construdo em alvenaria, argamassa armada (ferrocimento), ou outro sistema construtivo que garanta a impermeabilidade, a durabilidade e as dimenses definidas no projeto tcnico.

    Seu interior dotado de leito filtrante, que poder ser em brita, seixo rolado ou outro material que exera a funo desejada. Os parmetros e critrios para dimensionamento do filtro devero ser justificados.

    Existem diversos tipos de filtros biolgicos, sendo que a sua dimenso e forma de funcionamento dependero do tipo de sistema adotado. No site da Funasa so disponi-bilizados alguns modelos de projeto que podero ser utilizados pelo proponente.

    O filtro biolgico dever dispor de tubulao para remoo do lodo acumulado, sendo que esta operao dever ser feita por profissionais especializados, que disponham de utenslios adequados e realizem a disposio do lodo retirado em local apropriado. A frequncia de limpeza dever ser definida no projeto tcnico.

    Para definir o local de construo do sistema tanque sptico/filtro biolgico devero ser respeitadas algumas distncias mnimas:

    a. 1,50 m das construes, dos limites de terreno, dos sumidouros, das valas de infiltrao e do ramal predial de gua;

    b. 3,0 m de rvores e de qualquer ponto da rede pblica de abastecimento de gua;

    c. 15,0 m de poos freticos e de corpos de gua de qualquer natureza.

    O efluente que sai do filtro biolgico ser destinado a uma vala de infiltrao, vala de filtrao, sumidouro, reaproveitamento em pomares ou outra soluo tecni-camente indicada.

  • Fundao Nacional de Sade 24

    2.3.3 Sumidouro

    Poo escavado no solo, destinado disposio final do efluente tratado em tanque sptico/filtro biolgico, devendo ser revestido internamente e tampado, contendo sempre dispositivo de ventilao. um poo seco, no ipermeabilizado, que orienta a infiltrao de gua residuria no solo (NBR 7229/1993). Dever ser revestido com alvenaria em crivo ou anis de concreto furados. (Figura 17).

    Figura 17 Esquema do sumidouro.

    As dimenses do sumidouro podero variar em funo do tipo de solo do local e do nmero de pessoas que moram no domiclio e que utilizam os utenslios domsticos.

    Para definir o local de construo do sumidouro devero ser respeitadas algumas distncias mnimas:

    a. 1,50 m das construes, dos limites de terreno, dos sumidouros, das valas de infiltrao e do ramal predial de gua;

    b. 3,0 m de rvores e de qualquer ponto da rede pblica de abastecimento de gua;

    c. 15,0 m de poos freticos e de corpos de gua de qualquer natureza.

    2.3.4 Valas de infiltrao

    So valas escavadas no solo, prximo superfcie, no impermeabilizadas, destinadas disposio final do efluente tratado em tanque sptico/filtro biolgi-co, sob o solo, sem o contato com as pessoas e animais, conforme apresentado na Figura 18.

    So utilizadas geralmente quando o lenol fretico bastante raso no sendo pos-svel o uso de sumidouros. O tamanho e a forma das valas de infiltrao dependero do tipo de solo e da quantidade de moradores do domiclio.

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 25

    Figura 18 Esquema de vala de infiltrao.

    2.3.5 Valas de filtrao

    So valas escavadas no solo, prximas superfcie, preenchidas com pedras, areia ou carvo, onde o efluente tratado no tanque sptico/filtro biolgico lanado por gravidade, por meio de tubulao perfurada, conforme apresentado na Figura 19. O efluente percola pela vala de filtrao e passa por processo de filtragem biolgica aumentando assim o tratamento do efluente.

    Esse sistema indicado para locais onde o solo pouco permevel e o lenol fretico raso, sendo que a forma e o tamanho das valas de filtrao sero definidos em funo do tipo de solo e quantidade de pessoas que moram no domiclio.

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    Figura 19 Esquema de vala de filtrao.

    2.3.6 Tanque de evapotranspirao com bananeiras

    Conhecido tambm como Fossa Verde, este sistema reaproveita o efluente gerado nos utenslios sanitrios por meio de um processo de biorremediao. Consiste

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 27

    em um tanque construdo em alvenaria, ferrocimento ou outro material que imper-meabilize o tanque.

    No seu interior utiliza-se estrutura em tijolos furados, em forma de cmara, de modo que o efluente percole por esta cmara, saindo pelos furos at atingir o material filtrante.

    Na parte superior do tanque, sob o solo, devem ser plantados alguns cultivares que funcionam como zona de razes, tais como banana, tomate, pimenta, etc., podendo ser consumidas sem prejudicar a sade (Figura 20).

    Figura 20 Tanque de evapotranspirao.

    Os efluentes de todos os utenslios sanitrios sero destinados diretamente para a Fossa Verde, ressaltando que a pia de cozinha dever ser sempre equipada com caixa de gordura.

    Assim como o tanque sptico, a manuteno da Fossa Verde consiste na remoo peridica do lodo acumulado no fundo do tanque, cuja operao deve ser feita por profissionais especializados que disponham de equipamentos adequados para realizar a retirada e a disposio do lodo em local apropriado.

    O tamanho, a forma e a frequncia de limpeza das valas dependero do tipo de solo e quantidade de moradores do domiclio, devendo ser definidos no projeto tcnico.

    2.3.7 Aproveitamento das guas servidas

    Em algumas regies do Brasil onde a disponibilidade de gua restrita ao uso do-mstico e a quantidade de chuva durante o ano insuficiente para viabilizar a irrigao de pomares, recomenda-se o aproveitamento das guas servidas.

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    Aps o tratamento do esgoto domstico no tanque sptico/filtro biolgico ou na Fossa Verde, o efluente tratado pode ser destinado irrigao de pomares nos quintais, por meio de tubulao sob o solo, sem permitir o contato com pessoas e animais.

    O efluente que sai do tanque sptico/filtro biolgico ou da Fossa Verde segue para uma caixa de distribuio/inspeo. A partir desta caixa saem as tubulaes sob o solo, com dimetro mnimo de 40 mm, por onde o efluente percola por gravidade at chegar regio das razes das rvores (Figura 21).

    Figura 21 Esquema de irrigao de pomares com aproveitamento de guas servidas.

    possvel tambm que ao longo dos tubos sejam feitas perfuraes, em trechos onde for conveniente realizar o plantio de cultivares, de forma a umedecer levemente o solo ao seu redor, aproveitando, assim, os nutrientes presentes no efluente.

    Existem outras formas de aproveitamento do efluente tratado. Contudo, a adoo de qualquer tecnologia dever ser acompanhada de informaes tcnicas que compro-vem sua viabilidade tcnica. O morador beneficiado dever receber instrues quanto operao e manuteno do sistema.

    Os efluentes provenientes da pia de cozinha podem tambm ser conduzidos dire-tamente para um sistema conhecido como crculo de bananeiras, devendo sempre ter uma caixa de gordura entre a pia e o sistema (Figura 22).

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 29

    Figura 22 Crculo de bananeiras para efluente de pia de cozinha.

    Quando da deciso pela utilizao deste sistema, necessrio que os moradores recebam informaes, de forma a conhecerem o sistema, sua segurana sanitria e os benefcios de seu uso.

  • 3 Oficina Municipal de Saneamento

    Como alternativa para impulsionar a universalizao das aes municipais em sa-neamento domiciliar, o programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares tambm apresenta a possibilidade de solicitao de recursos para a construo de Oficinas Municipais de Saneamento, bem como mobilirio e equipamentos necessrios.

    A Oficina Municipal de Saneamento um espao fsico organizacional, estruturado e equipado para a fabricao de utenslios sanitrios com a utilizao de tecnologias apropriadas, simplificadas e de baixo custo. Devero ser empregados materiais locais, voltados para a confeco de peas pr-moldadas, tais como: produo de manilhas e tampas de concreto, tanque de lavar roupa, reservatrios de gua, caixas de gordura e de passagem, placas pr-moldadas, dentre outras.

    A confeco dessas peas na oficina de saneamento proporciona a participao efetiva da comunidade nas aes de saneamento domiciliar.

    Essa oficina um espao aberto populao e tem como funo principal, fomentar e difundir o conceito de saneamento como ao de sade pblica para a melhoria da qualidade de vida da populao.

    O programa oferece tambm orientaes iniciais para a implementao da oficina. Porm, o municpio dever comprovar a disponibilidade de pessoal para a gesto do em-preendimento, alm de oferecer profissionais para a confeco e instalao de utenslios sanitrios e para a conduo das atividades de educao em sade.

    Podero ser solicitados recursos para os seguintes itens:

    Infraestrutura fsica da oficina: galpo com rea de trabalho coberta, depsito fechado, escritrio e sanitrios, alm de rea descoberta para armazenagem de utenslios de concreto;

    Equipamentos: betoneira eltrica, dosador de trao, talha, entre outros; e

    Formas: para produo de manilhas e tampas de concreto, tanque de lavar roupa, pia de cozinha, lavatrios, reservatrios de gua, placas pr-moldadas, entre outras.

    A implantao da oficina no impossibilita a obteno de recursos para o custeio de Melhorias Sanitrias Domiciliares, sendo, portanto, um complemento para as aes integradas de saneamento no municpio.

    Para projeto visando implantao de oficina municipal de saneamento, o municpio (proponente) dever apresentar:

    Posse do terreno onde a oficina de saneamento ser construda, conforme legislao vigente;

    Termo de responsabilidade garantindo a operao e manuteno da oficina;

  • Fundao Nacional de Sade 32

    Descrio sucinta do municpio e da localidade a ser contemplada pelo projeto, com sua localizao, principais atividades econmicas, infraestrutura em sade, saneamento, energia eltrica, etc.;

    Concepo da obra incluindo a justificativa da alternativa tcnica adotada;

    Projetos tcnicos de engenharia a serem executados;

    Relao de equipamentos a serem adquiridos.

  • 4 Documentao tcnica para proposta

    A solicitao de recursos no oneroso do Governo Federal, por meio da Funasa, requer a apresentao de documentao tcnica elaborada de acordo as caractersticas locais. Esta documentao parte integrante do instrumento de repasse de recurso, devendo ser analisada tcnica e administrativamente, para fins de aprovao e liberao do recurso.

    A seguir detalhada a documentao a ser apresentada para anlise tcnica pela Funasa:

    1. Ficha de Levantamento de Necessidades de MSD LENE;

    2. Planta contendo os pontos georreferenciados dos domiclios a serem beneficiados nas localidades indicadas;

    3. Projeto Tcnico de Engenharia;

    4. Plano de Trabalho.

    4.1 LENE Levantamento das necessidades de MSD

    A ficha de Levantamento das Necessidades de Melhorias Sanitrias Domiciliares LENE, o documento base para a apresentao consolidada dos itens de saneamento a serem executados em cada domiclio a ser contemplado com recursos do programa de MSD.

    Na LENE esto dispostas, em tabela, as solues de saneamento domiciliares mais usuais, podendo ser considerada a possibilidade de combinao das diversas aes a serem adotadas.

    A ficha dever ser preenchida por tcnico capacitado do municpio, durante a visita ao domiclio, o qual dever observar as condies locais de saneamento, as diversas formas do uso da gua, a disposio dos efluentes, as caractersticas do solo, o nmero de moradores, dentre outros aspectos que auxiliaro no preenchimento da LENE.

    Na definio dos domiclios a serem beneficiados dever ser observado o princpio de continuidade, no podendo excluir qualquer domiclio que necessite da ao do programa de MSD, na rea de abrangncia do projeto.

    Nos casos em que as solues de saneamento domiciliar apresentadas na LENE no se apliquem para uma residncia, outras tecnologias podero ser apresentadas. Contudo, devero ter comprovada indicao tcnica e o consentimento do bene-ficiado, o qual dever ser esclarecido sobre o funcionamento e procedimentos de manuteno e operao da tecnologia.

  • Fundao Nacional de Sade 34

    4.1.1 Orientaes para o preenchimento da LENE

    A LENE dever ser preenchida a partir das observaes realizadas pelo tcnico, nos domiclios a serem beneficiados, conforme orientao a seguir:

    4.1.1.1 Informaes da localidade

    Este campo dever ser preenchido com informaes sobre o nome da localidade e a existncia ou no de prestao de servios de saneamento conforme apresentado:

    Localidade informar o nome da localidade (bairro, distrito, povoado, etc.), muni-cpio e UF.

    Possui sistema de abastecimento de gua? verificar se na localidade existe sistema de abastecimento de gua com rede passando prximo ao domiclio. Marcar sim ou no.

    Possui sistema de esgotamento sanitrio? verificar a existncia de sistema de coleta e tratamento de esgoto com a rede passando em frente ao domiclio. Marcar sim ou no.

    Possui sistema de coleta de resduos slidos? verificar se existe coleta de lixo regular. Marcar sim ou no.

    4.1.1.2 Informaes do domiclio

    Nmero: preencher com numerao para identificar e ordenar lista de beneficirios de forma contnua.

    Nome do beneficirio: preencher com o nome do responsvel pelo domiclio a ser beneficiado.

    Endereo: preencher com o nome da rua (travessa, logradouro, etc.) e nmero do domiclio a ser beneficiado.

    Coordenadas geogrficas: preencher com as coordenadas geogrficas em UTM, obtidas com auxlio de equipamento GPS, do domiclio a ser beneficiado.

    Nmero de habitantes: preencher com a quantidade de moradores do domiclio a ser beneficiado.

    4.1.1.3 Informaes sobre as melhorias sanitrias a serem implantadas

    Com as informaes do domiclio preenchidas, inicia-se o preenchimento das colu-nas referentes s melhorias sanitrias necessrias em cada domiclio. importante que as melhorias sejam realmente necessrias, seja complementando o que j existe, seja para implantar algo que o domiclio no tenha. No dever ser marcado sistema ou utenslio j existente e que esteja em boas condies de uso. As opes da LENE so:

    Ligao domiciliar de gua: instalao que liga o domiclio rede pblica de distri-buio de gua. Preencher quando houver sistema de abastecimento de gua com a rede passando prximo residncia;

  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 35

    Poo raso (cacimba ou poo amazonas): poo escavado ou perfurado no solo, para aproveitamento do lenol fretico, com profundidade de at 20 metros, revestido, tampado e equipado com bomba eltrica ou manual. Preencher quando houver disponibilidade de lenol fretico em profundidade e qualidade da gua passveis de utilizao;

    Cisterna: reservatrio que armazena a gua de chuva coletada do telhado das casas por meio de calhas. Quando a disponibilidade de gua potvel na loca-lidade for restrita, esta tecnologia atende aos usos essenciais de uma famlia;

    Reservatrio elevado: recipiente destinado ao armazenamento de gua no domiclio, podendo ser de fibra de vidro, polietileno, pr-fabricado de cimento armado ou alvenaria, exceto de material com amianto. Preencher quando for possvel elevar a gua at 3metros de altura;

    Reservatrio semielevado: reservatrio instalado a uma altura de 1,20 m, re-comendado para locais em que a presso disponvel no for capaz de elevar a gua at um reservatrio elevado;

    Conjunto sanitrio: um espao fsico dotado de vaso sanitrio, lavatrio e chuveiro. O conjunto sanitrio dever ser construdo preferencialmente na parte interna ou integrado ao domiclio;

    Pia de cozinha: Utenslio domstico destinado a lavagem de loua, vasilhas e alimentos. As guas servidas devem ter destinao adequada;

    Tanque de lavar roupas: Utenslio domstico destinado a lavagem de roupa e outros objetos. As guas servidas devem ter destinao adequada;

    Filtro domstico: Utenslio domstico dotado de vela e torneira, destinado a filtrar gua para consumo humano, devendo ser instalado na parte interna do domicilio, em local arejado e protegido da incidncia de luz solar.

    4.1.2 Exemplo de preenchimento da LENE

    Para exemplificar o preenchimento da LENE ser apresentada uma situao hipottica:

    Um tcnico visitou a residncia do Seu Jos, que mora com trs filhos e a esposa, e observou que na localidade So Joo no havia sistema de esgotamento sanitrio nem de abastecimento de gua. O caminho de coleta de lixo passava regularmente. Observou tambm que a famlia retirava gua de um poo fretico em pssimas condies, no tinha banheiro nem tanque de lavar roupa e o filtro estava quebrado.

    O tcnico perguntou ao Seu Jos se o domiclio era atendido por rede de energia eltrica, e o mesmo confirmou que sim, sendo o atendimento realizado de maneira regular. Por ltimo, observou-se que o solo era bastante arenoso e o lenol fretico estava bem prximo da superfcie.

    Feita as observaes, o tcnico iniciou o preenchimento da LENE, sempre perguntan-do ao morador se ele concordava com as sugestes de melhorias sanitrias domiciliares. O preenchimento da ficha ficou assim:

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    Pia de Cozinha

    Tanque de Lavar Roupas

    Filtro Domstico

    Tanque Sptico/Filtro

    Biolgico

    Sumidouro

    Vala de Infiltrao

    Sistema de Reuso

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  • Manual de Orientaes Tcnicas para Elaborao de Propostas para o Programa de Melhorias Sanitrias Domiciliares Funasa 37

    4.2 Planta da localidade ou bairro

    A planta da localidade dever conter os domiclios a serem beneficiados, elabo-rada a partir das coordenadas geogrficas, em UTM, coletadas em campo. Devero ser identificados na planta as ruas, os logradouros e as residncias que sero beneficiadas.

    O desenho dever ser elaborado a partir das informaes coletadas com o equipa-mento GPS, utilizado no levantamento em campo.

    Dever haver compatibilidade entre as informaes prestadas na LENE e o nmero de domiclios beneficiados apresentados no croqui.

    4.3 Projeto tcnico de engenharia

    O projeto tcnico de engenharia consiste no conjunto de documentos que descrevem as caractersticas da obra e possibilitam o total entendimento do projeto bsico, visando sua execuo.

    A Funasa disponibiliza modelos de projetos tcnicos de engenharia para as melhorias sanitrias domiciliares apresentadas neste manual, com os respectivos detalhamentos, especificaes tcnicas e planilhas oramentrias.

    Estes modelos podem ser utilizados pelo Proponente, a ttulo de exemplo, podendo ser alterados conforme a necessidade e as caractersticas locais, sendo obrigatria a Anotao da Responsabilidade Tcnica ART, para apresentao Funasa.

    4.3.1 Especificaes tcnicas

    Especificaes tcnicas consistem na descrio dos materiais e servios a serem empregados, em conformidade com as normas tcnicas. Devero manter coerncia entre o projeto tcnico e a planilha oramentria.

    4.3.2 Planilha oramentria

    A planilha oramentria dever ser apresentada de forma clara, contendo a descrio dos servios e dos materiais, indicando unidade de medida, quantidade, preo unitrio e preo total.

    A composio do BDI dever ser discriminada em separado, indicando o seu per-centual.

    O percentual relativo aos encargos sociais utilizados na composio dos preos dever ser indicado na planilha de custo unitrio.

    Ressalta-se que para cada interveno de melhoria sanitria domiciliar prevista na LENE dever ser apresentada uma planilha especfica.

  • Fundao Nacional de Sade 38

    4.3.3 Cronograma fsico-financeiro

    O cronograma fsico-financeiro utilizado para relacionar os servios a serem executados na obra, com seu respectivo custo financeiro em relao ao tempo de sua durao, compatvel com o cronograma de desembolso do plano de trabalho. Contm os critrios de medio e pagamento definidos.

    4.3.4 Peas grficas

    As peas grficas consistem na apresentao da obra por meio de desenhos tc-nicos, em escala adequada, cotas de dimensionamento e detalhes grficos necessrios ao entendimento do projeto. Devero ser apresentadas, preferencialmente, em papel tamanho ofcio ou A4, para cada tipo de melhoria sanitria domiciliar, compreendendo os seguintes itens:

    Planta baixa;

    Cortes ou sees transversais;

    Fachadas ou elevaes;

    Projeto de instalaes hidrulicas, incluindo isomtrico quando necessrio;

    Projeto de instalaes sanitrias; e

    Projeto de instalaes eltricas.

    No caso de Oficina Municipal de Saneamento, alm dos projetos descritos acima, necessrio a apresentao do projeto estrutural e de fundaes.

    O projeto tcnico dever conter o nome, assinatura e o nmero do registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia CREA, ou no Conselho de Arquitetura e Urbanismo CAU do profissional responsvel em cada uma das pranchas (folhas de desenho).

    Tratando-se de solues individualizadas, apresentar projeto especfico para cada tipo de melhoria sanitria.

    O projeto dever ser adaptado a realidade local, podendo inclusive ser discutido com a equipe tcnica da Superintendncia Regional da Funasa em cada unidade federada.

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    4.4 Plano de trabalho

    As propostas de Melhoria Sanitria Domiciliar, a serem encaminhadas Funasa, sero realizadas em meio eletrnico, em sistema a ser divulgado oportunamente. As propostas sero elaboradas considerando a exigncia legal de preenchimento do Plano de Trabalho que, usualmente possui os seguintes itens:

    Justificativa da proposta;

    Objeto da proposta;

    Discriminao de metas e etapas de execuo com prazos e valores relacionados;

    Plano de aplicao;

    Cronograma de desembolso.

    O plano de trabalho dever ser preenchido cuidadosamente em consonncia com o projeto e com o cronograma fsico-financeiro referente implantao das melhorias sanitrias domiciliares.

  • 5 Consideraes Finais

    A placa de obra padro Funasa dever estar em conformidade com as normas dispo-nibilizadas no site www.funasa.gov.br. necessrio apenas uma placa, contendo o nome do responsvel tcnico pela execuo da obra e o nmero da ART no rodap inferior.

    Ressalta-se que todos os projetos devero conter a Anotaes de Responsabilidade Tcnica ART do autor, devidamente quitadas e que, taxas diversas bem como a elabo-rao de projetos no sero financiadas no programa de MSD.

  • Referncias Bibliogrficas

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 7229: Projeto, construo e operao de sistemas de tanques spticos. Rio de Janeiro, 1993.

    ______. NBR 13969: Tanques spticos: unidades de tratamento complementar e disposio final de efluentes lquidos: projeto, construo e operao. Rio de Janeiro 1997.

    BRASIL. Ministrio da Sade. Fundao Nacional de Sade. Elaborao de projetos de melhorias sanitrias domiciliares. Braslia, 2013.

    ______. Ministrio da Sade. Fundao Nacional de Sade. Manual de saneamento. 3. ed. rev. Braslia, 2006.

    ______. Ministrio da Sade. Fundao Nacional de Sade. Manual integrado de preveno e controle da clera. Braslia, 1994.

    ______. Ministrio da Sade. Fundao Nacional de Sade. Saneamento ambiental, sustentabilidade e permacultura em assentamentos rurais. Braslia, 2013.

    GUERRA, C. Avaliao da eficincia do clorado simplificado por difuso na desinfeco da gua para consumo humano em propriedades rurais na Bacia do Ribeiro da Laje. Caratinga: [s.n.], 2006.

    INSTITUTO DE PROJETOS E PESQUISAS SOCIOAMBIENTAIS (IPESA). Manejo apropriado da gua. So Paulo, 2012.

    NETTO, A. et al. Utilizao da fossa verde como biorremediao do esgoto domiciliar no estado de Alagoas. In: BRASIL. Ministrio da Sade. Fundao Nacional de Sade. IV Seminrio Internacional de Sade Pblica. Braslia, 2013.

  • Equipe Tcnica

    Profissionais que participaram da elaborao deste manual

    Coordenao-Geral de Engenharia Sanitria Jos Antnio da Motta Ribeiro Coordenador-Geral

    Coordenao de Programas de Saneamento em Sade Liege Cardoso Castelani Coordenadora

    Frederico Rosalino da Silva Consultor

    Carlos Antnio da SilvaCristiane Fernanda da SilvaDorival Rabelo SantanaEliezer da Silva Santiago JuniorGernimo Ribeiro da SilvaJnio Fernandes dos Santos Joo Libnio de SousaJos Dias Correa Vaz de LimaJos Eduardo Litran dos SantosJos Pereira FilhoKilmia de Carvalho AlvesLuiz Antnio da SilvaMaximiano Monteiro MaiaPatrcia da Silva AntunesRodrigo Passos BarretoVirginia Maria Jorge

  • MANUAL DE ORIENTAES TCNICAS PARA ELABORAO DE PROPOSTAS PARA O PROGRAMA DE

    FUNASAFUNDAO NACIONAL DE SADE

    Misso

    Promover a sade pblica e a incluso social por meio de aes de saneamento e sade ambiental.

    Viso de Futuro

    At 2030, a Funasa, integrante do SUS, ser uma instituio de referncia nacional e internacional nas aes de saneamento e sade ambiental, contribuindo com as metas de universalizao de saneamento no Brasil.

    Valores

    tica; Eqidade; Transparncia; Eficincia, Eficcia e Efetividade; Valorizao dos servidores; Compromisso socioambiental.

    MELHORIAS SANITRIAS DOMICILIARES - FUNASA