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Trata-se agravo regimental contra deciso em que neguei seguimento a esta reclamao, nos seguintes termos:

Trata-se agravo regimental contra deciso em que neguei seguimento a esta reclamao, nos seguintes termos:

Bem examinados os autos, v-se que a pretenso no merece acolhida, pois o pedido formulado pelo reclamante no se enquadra em nenhuma das duas hipteses permissivas inscritas no art. 102, I, l, da Constituio Federal, seja para preservar a competncia desta Corte, seja para garantir a autoridade de suas decises.

Esta reclamao utiliza como paradigma a deciso deste Tribunal proferida na ADI 2.652/DF, Rel. Min. Maurcio Corra, que porta a seguinte ementa:

AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. IMPUGNAO AO PARGRAFO NICO DO ARTIGO 14 DO CDIGO DE PROCESSO CIVIL, NA REDAO DADA PELA LEI 10358/2001. PROCEDNCIA DO PEDIDO.

1.Impugnao ao pargrafo nico do artigo 14 do Cdigo de Processo Civil, na parte em que ressalva os advogados que se sujeitam exclusivamente aos estatutos da OAB da imposio de multa por obstruo Justia. Discriminao em relao aos advogados vinculados a entes estatais, que esto submetidos a regime estatutrio prprio da entidade. Violao ao princpio da isonomia e ao da inviolabilidade no exerccio da profisso. Interpretao adequada, para afastar o injustificado discrmen.

2.Ao Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente para, sem reduo de texto, dar interpretao ao pargrafo nico do artigo 14 do Cdigo de Processo Civil conforme a Constituio Federal e declarar que a ressalva contida na parte inicial desse artigo alcana todos os advogados, com esse ttulo atuando em juzo, independentemente de estarem sujeitos tambm a outros regimes jurdicos.

Com efeito, constato que a deciso proferida na ADI 2.652/DF deu interpretao conforme ao pargrafo nico do art. 14 do Cdigo de Processo Civil, para determinar que a ressalva contida na parte inicial desse artigo alcana todos os advogados, com esse ttulo atuando em juzo, independentemente de estarem sujeitos tambm a outros regimes jurdicos.

O pargrafo nico do art. 14 do CPC determina a aplicao de multa, por ato atentatrio ao exerccio da jurisdio, no caso de violao ao inciso V do citado artigo, verbis:

Art. 14. So deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo:

(...)

V - cumprir com exatido os provimentos mandamentais e no criar embaraos efetivao de provimentos judiciais, de natureza antecipatria ou final.

Pargrafo nico. Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente aos estatutos da OAB, a violao do disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatrio ao exerccio da jurisdio, podendo o juiz, sem prejuzo das sanes criminais, civis e processuais cabveis, aplicar ao responsvel multa em montante a ser fixado de acordo com a gravidade da conduta e no superior a vinte por cento do valor da causa; no sendo paga no prazo estabelecido, contado do trnsito em julgado da deciso final da causa, a multa ser inscrita sempre como dvida ativa da Unio ou do Estado (grifei).

Ora, a sentena que aplicou multa por litigncia de m-f no tem fundamento do art. 14, pargrafo nico, do CPC, porm, como afirmado pelo prprio reclamante, est embasada nos arts. 14, II, 17, II, e 18 do CPC, o qual transcrevo por oportuno:

Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofcio ou a requerimento, condenar o litigante de m-f a pagar multa no excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrria dos prejuzos que esta sofreu, mais os honorrios advocatcios e todas as despesas que efetuou (grifos meus).

Assim, diante da ausncia de identidade material entre os fundamentos do ato reclamado e aqueles emanados da Ao Direta ora invocada, no merece seguimento a pretenso do reclamante.

Ressalte-se, ainda, que o Plenrio deste Tribunal reconheceu a validade constitucional da norma legal que inclui, na esfera de atribuies do Relator, a competncia para negar seguimento, por meio de deciso monocrtica, a recursos, pedidos ou aes, quando inadmissveis, intempestivos, sem objeto ou que veiculem pretenso incompatvel com a jurisprudncia predominante do Supremo Tribunal:

A tese dos impetrantes, da suposta incompetncia do relator para denegar seguimento a mandado de segurana, encontra firme repdio neste Tribunal. A Lei 8.038/90, art. 38, confere-lhe poderes processuais, para, na direo e conduo do processo, assim agir. Agravo regimental improvido (MS 21.734-AgR/MS, Rel. Min. Ilmar Galvo).

Nesse sentido, nos termos do art. 21, 1, do RISTF, poder o Relator:

negar seguimento a pedido ou recurso manifestamente inadmissvel, improcedente ou contrrio jurisprudncia dominante ou a Smula do Tribunal, deles no conhecer em caso de incompetncia manifesta, encaminhando os autos ao rgo que repute competente, bem como cassar ou reformar, liminarmente, acrdo contrrio orientao firmada nos termos do art. 543-B do Cdigo de Processo Civil (grifei).

Isso posto, nego seguimento a esta reclamao (RISTF, art. 21, 1) (fls. 1547-1551).

Sustenta o agravante que

resta claro que a Suprema Corte no admite qualquer tipo de multa contra qualquer tipo de multa contra qualquer advogado no exerccio de sua profisso, derrubando qualquer possibilidade de ser imposta multa por litigncia de m-f contra os advogados.

Afirma, ademais, que

a interpretao dada ao pargrafo nico do artigo 14 do CPC, em que pese remeter ao seu inciso V, tambm estendida s demais situaes trazidas no referido artigo, de modo que resta afastada a possibilidade de imposio de multa pessoa do representante judicial da causa, tendo em vista que (sic) ser manifestamente incompatvel com a garantia constitucional de inviolabilidade pelos atos praticados no exerccio da advocacia.

(...)

Isso demonstra que a Corte entende que a deciso da ADI n 2652-6 no se limitou ao art. 14, V, do CPC, mas sim que o nico do CPC ressalva a imunidade dos advogados contra multas, submetendo-lhes unicamente s penalidades da OAB (fl. 1556).

o relatrio.

Passo a decidir.

Uma vez que neguei seguimento a esta reclamao liminarmente, entendo necessrio solicitar informaes e ouvir a Procuradoria-Geral da Repblica antes de decidir o agravo.

Isso posto, solicitem-se informaes.

Imediatamente aps, oua-se a Procuradoria-Geral da Repblica.

Publique-se.

Braslia, 20 de agosto de 2009.

Ministro RICARDO LEWANDOWSKI

- Relator -