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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE TURISMO SUSTENTÁVEL E CAPACIDADE DE CARGA DE ATRATIVOS TURÍSTICOS Por: Bianca Moreira de Frias Nascimento Vilarinho Orientador: Profª Jacqueline Guerreiro Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

TURISMO SUSTENTÁVEL E CAPACIDADE DE CARGA DE ATRATIVOS

TURÍSTICOS

Por: Bianca Moreira de Frias Nascimento Vilarinho

Orientador: Profª Jacqueline Guerreiro

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

TURISMO SUSTENTÁVEL E CAPACIDADE DE CARGA DE ATRATIVOS

TURÍSTICOS

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

Obtenção do grau de especialista em Gestão

Ambiental.

Por: Bianca Moreira de Frias Nascimento Vilarinho

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus

pela vida e pela oportunidade de

fazer esse curso, ao meu marido

pelo apoio e a minha mãe pelo incentivo.

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“(...) Vamos precisar de todo

mundo. Um mais um é sempre

mais que dois. Para melhor juntar

as nossas forças. É só repartir

melhor o pão. Recriar o paraíso

agora. Para merecer quem vem

depois”

Beto Guedes

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu marido, Hildemberg,

que sempre está ao meu lado.

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RESUMO

O Turismo Sustentável, uma tendência atual é um segmento do Turismo

que tem apresentado altos índices de crescimento, sendo uma tendência atual.

Isso implica em um aumento da demanda de turistas para áreas naturais, em

busca de um maior contato com a natureza.

O turismo sustentável apresenta vários benefícios para o ambiente

natural, estimulando uma compreensão dos impactos do turismo nos

ambientes natural, cultural e humano; incorporando planejamento e

zoneamento, assegurando o desenvolvimento do turismo adequado à

capacidade de carga do ecossistema; demonstra a importância dos recursos

naturais e culturais e pode ajudar a preservá-los.

É de fundamental importância para evitar danos aos ambientes naturais

um planejamento de utilização dos espaços. Através desse planejamento

conseguimos um turismo equilibrado no sentido de proporcionar a utilização de

meios naturais, sem provocar impactos danosos para o meio ambiente.

Á consulta a literatura específica sobre o tema de pesquisa nos leva a

refletir sobre como conservar os recursos naturais e ao mesmo tempo, tornar

viável a crescente prática do turismo sustentável procurando apresentar meios

de atingir turismo sustentável com qualidade para o meio ambiente.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado através de diversas pesquisas bibliográficas,

em várias bibliotecas como da Universidade Estácio de Sá, entre outras.

Foram também coletados dados em sites que continham informações

sobre o Turismo Sustentável.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

TURISMO 10

CAPÍTULO II

TURISMO SUSTENTÁVEL 19

CAPÍTULO III

PLANEJAMENTO TURÍSTICO 23

CAPÍTULO IV

CAPACIDADE DE CARGA 30

CONCLUSÃO 31

BIBLIOGRAFIA 34

ANEXOS 35

ÍNDICE 40

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FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

INTRODUÇÃO

O Turismo sustentável é baseado na preservação ambiental. Para a

concretização dessa atividade faz-se necessário, planejar, desenvolver

programas e estabelecer metas para a promoção da sustentabilidade desse

segmento, estimulando à participação da comunidade, de empresários e poder

público.

A característica norteadora do Turismo sustentável à condição de seus

atrativos turísticos serem ambientalmente adequados, economicamente viáveis

e socialmente justos. Portanto, torna-se fundamental para a prática do turismo

o estudo da capacidade de carga dos atrativos turísticos, ou seja, uma

mensuração de qual o limite máximo suportável de impacto pode sofrer

determinado recurso.

O critério de avaliação de capacidade de carga é muito subjetivo.

Devem-se levar em conta fatores como, por exemplo, o perfil do turista,

freqüência de visitação, o tempo de permanência no atrativo, o desgaste

ocorrido pela ação tanto física/ biológica quanto da assiduidade de visitação.

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CAPÍTULO I

TURISMO

1.1 Conceito

Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT, 2001): o Turismo é

um fenômeno social, que compreende as atividades realizadas pelas pessoas

durante suas viagens e estadas em lugares diferentes de seu entorno habitual

por um período consecutivo inferior a um ano com a finalidade de lazer,

negócios ou outros. O turismo se tornou uma forma particular do uso do tempo

livre, que é o tempo utilizado para aproveitar o ócio, ou seja, o tempo dedicado

ao espairecimento, à distração ou ao entretenimento, e que deve atender as

necessidades correspondentes às novas exigências da qualidade de vida.

Em termos globais, Turismo é o maior setor econômico no que se refere

ao faturamento e número de pessoas empregadas. Hoje, um em cada dez

postos de trabalho surge a partir do turismo. Os números relacionados a esta

indústria são extraordinários e tem crescido ano após ano devido à

globalização, estabilidade e crescimento econômico mundial. Além da grande

movimentação de pessoas e de divisas entre os países, o setor movimenta

outros setores em sua cadeia produtiva.

1.2 História do Turismo

Segundo autores, existe duas linhas de pensamentos, no qual a História

do Turismo se divide. A primeira seria que o Turismo se inicia no Século XIX

com deslocamento cuja finalidade principal é o ócio, descanso, cultura, saúde,

negócios ou relações familiares. Estes deslocamentos se diferenciam por sua

finalidade, dos outros tipos de viagens motivados por guerras, movimentos

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migratórios, conquista ou comércio. Depois, se concretizaria com o então

movimento da Revolução Industrial. Já a segunda linha de pensamento se

baseia em que o Turismo realmente se iniciou com a Revolução Industrial, visto

que os deslocamentos tinham como intuito o lazer.

Na História da Grécia Antiga, dava-se grande importância ao turismo e

para o tempo livre em que dedicavam à cultura, diversão, religião e desporto.

Os deslocamentos mais destacados eram os que se realizavam com a

finalidade de assistir as olimpíadas (que ocorriam a cada 4 anos na cidade de

Olímpia). Para lá se deslocavam milhares de pessoas. Também existiam

peregrinações religiosas, como as que se dirigiam aos oráculos de Delfos e ao

de Dódona.

Durante o Império Romano os romanos frequentavam águas termais

(como as das termas de Caracalla). Eram assíduos de grandes espectáculos,

como os teatros, e realizavam deslocamentos habituais para a costa (muitos

conhecidos como o caso de uma vila de férias a "orillas del mar"). Estas

viagens de prazer ocorreram possivelmente devido ao desenvolvimento de

importantes vias de tráfego e a prosperidade econômica que possibilitou a

alguns cidadãos meios financeiros e tempo livre.

Durante a Idade Média ocorreu num primeiro momento um retrocesso

devido ao maior número de conflitos e a recessão econômica, entretanto surge

nesta época um novo tipo de viagem, as peregrinações religiosas. Embora já

tenha existido na época antiga e clássica, entretanto o Cristianismo como o Islã

estenderam a um maior número de peregrinos e deslocamentos ainda maiores.

São famosas as expedições desde Veneza a Terra Santa e as peregrinações

pelo Caminho de Santiago (desde 814 em que se descobriu à tumba do santo),

foram contínuas as peregrinações de toda Europa, criando assim mapas e todo

o tipo de serviço para os viajantes. Quanto ao Turismo Islâmico de Hajj a

peregrinação para Meca e um dos cinco Pilares do Islamismo obrigando a

todos os crentes a fazerem esta peregrinação ao menos uma vez em sua vida.

As peregrinações continuam durante a Idade Moderna.

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E neste momento quando aparecem os primeiros alojamentos com o

nome de hotel (palavra francesa que designava os palácios urbanos). Como as

viagens das grandes personalidades acompanhadas de suas comitivas cada

vez mais numerosas, sendo impossível alojar a todos em palácio, ocorre à

criação de novas edificações hoteleiras.

Esta é também a época das grandes expedições marítimas de

espanhóis, britânicos e portugueses que despertam a curiosidade e o interesse

por grandes viagens.

Ao final do século XVI surge o costume de mandar os jovens aristocratas

ingleses para fazerem um gran-tour ao final de seus estudos, com a finalidade

de complementar sua formação e adquirir certas experiências. Sendo uma

viagem de larga duração (entre 3 e 5 anos) que se fazia por distintos países

europeus, e desta atividade nascem as palavras: turismo, turista, entre outras.

Existindo um ressurgir das antigas termas, que haviam decaído durante

a Idade Média. Não tendo somente como motivação a indicação medicinal,

sendo também por diversão e o entretenimento em estâncias termais como,

por exemplo, em Bath (Inglaterra). Também nesta mesma época data o

descobrimento do valor medicinal da argila com os banhos de barro como

remédio terapêutico, praias frias, onde as pessoas iam tomar os banhos por

prescrição médica.

Com a Revolução Industrial se consolida a burguesia que volta a dispor

de recursos econômicos e tempo livre para viajar. O invento do maquinário a

vapor promove uma revolução nos transportes, que possibilita substituir a

tração animal pelo trem a vapor tendo as linhas férreas que percorrem com

rapidez as grandes distâncias cobrindo grande parte do território europeu e

norte-americano. Também o uso do vapor nas navegações reduz o tempo dos

deslocamentos.

Inglaterra torna-se a primeira a oferecer passagens de travessias

transoceânicas e dominam o mercado marítimo na segunda metade do século

XIX, o que favorecerá as correntes migratórias européias para a América.

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Sendo este o grande momento dos transportes marítimos e das companhias

navais.

Começa a surgir na Europa o turismo de montanha ou saúde: se

constroem famosos sanatórios e clínicas privadas européias, muitos deles

ainda existem como pequenos hotéis guardando ainda um certo charme.

Em 1840, Thomas Cook, considerado o pai do Turismo Moderno,

promove a primeira viagem organizada da historia. Mesmo tendo sido um

fracasso comercial é considera como um rotundo sucesso em relação a

organização do primeiro pacote turístico, pois se constatou a enorme

possibilidade econômica que, este negócio poderia chegar a ter como

atividade, criando assim em 1851 a Agência de Viagens “Thomas Cook and

son”.

Em 1867 inventa o bono, o “voucher”, documento que permite a

utilização em hotéis de certos serviços contratados e propagados através de

uma agência de viagens.

Henry Wells e William Fargo criam à agência de viagens American

Express que inicialmente se dedica ao transporte de mercadorias e que

posteriormente se converte em uma das maiores agências do mundo.

Introduzindo o sistema de financiamento e emissão de cheques de viagem,

como por exemplo o travel-check (dinheiro personalizado feito com papel

moeda de uso corrente que protege o viajante de possíveis roubos e perdas).

Ao explodir a Primeira Guerra Mundial no verão de 1914 acredita-se que

havia aproximadamente 150.000 turistas americanos na Europa.

Ao finalizar a guerra começa a fabricação em massa de ônibus e carros.

Nesta época as praias e os rios se convertem em centros de turismo na Europa

começando a adquirir grande importância o turismo costeiro.

O avião, utilizado por minorias em longas distâncias, vai se

desenvolvendo timidamente para acabar impondo-se sobre as companhias

navais.

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A crise de 1929 repercute negativamente em todo o setor turístico

limitando seu desenvolvimento até aproximadamente 1932.

A Segunda Guerra Mundial paralisa absolutamente o setor em todo o

mundo e seus efeitos se estendem até o ano de 1949.

Entre 1950 e 1973 se inicia a falar de “boom” turístico. O turismo

internacional cresce a um ritmo superior ao de toda a sua história. Este

desenvolvimento é conseqüência da nova ordem internacional, a estabilidade

social e o desenvolvimento da cultura do ócio no mundo ocidental. Nesta época

se começa a legislar sobre o setor.

A recuperação econômica, especialmente da Alemanha e do Japão, foi

uma assombrosa elevação dos níveis de renda destes países e fazendo surgir

uma classe média estável que começa a interessar-se por viagens.

Entretanto com a recuperação elevando o nível de vida de setores mais

importantes da população dos países ocidentais. Surge a chamada sociedade

do bem-estar que uma vez com as suas necessidades básicas atendidas passa

a buscar o atendimento de novas necessidades. Aparecendo neste momento a

formação educacional e o interesse por viajar e conhecer outras culturas. Por

outra parte a nova legislação trabalhista adotando a semana inglesa de 5 dias

de trabalho, a redução da jornada de 40 horas semanais, a ampliação das

coberturas sociais, potencializam em grande medida o desenvolvimento do

turismo.

Também estes são os anos em que se desenvolvem os grandes núcleos

urbanos e se evidencia a massificação, surge também o desejo de evasão,

escapar da rotina das cidades e descansar as mentes da pressão.

Nestes anos se desenvolve a produção de carros em série o que permite

acesso cada vez maior a população deste bem, assim com a construção de

mais estradas, permite-se um maior fluxo de viajantes. De fato, a nova estrada

dos Alpes que atravessa a Suíça de norte a sul supondo a perda da hegemonia

deste país como núcleo receptor, pois eles iam agora cruzar a Suíça para

dirigir-se a outros países com melhor clima.

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A evasão é substituída pela recreação, o que se supõem um golpe

definitivo para as companhias navais, que se vêem obrigadas a destinar seus

barcos aos cruzeiros.

Todos estes fatores nos levam a era da estandardização padronizando

os produtos turísticos. Os grandes operadores turísticos lançam ao mercado

milhões de pacotes turísticos idênticos. Na grande maioria utiliza-se de vôos

charter, que barateiam o produto e o popularizam. No princípio deste período

(1950) havia 25 milhões de turistas, e ao finalizar (1973) havia 190 milhões.

No obstante esta etapa também se caracteriza pela falta de experiência,

o que implica nas seguintes conseqüências. Como a falta de planejamento (se

constrói sem fazer nenhuma previsão mínima da demanda ou dos impactos

ambientais e sociais que se podem surgir com a chegada massiva de turistas)

e o colonialismo turístico (existe uma grande dependência dos operadores

estrangeiros estadunidenses, britânicos e alemães fundamentalmente).

Na década de 1970 a crise energética e a conseqüente inflação,

especialmente sentida no setor dos transportes ocasionam um novo período de

crise para a indústria turística que se estende até 1978. Esta recessão implica

em uma redução da capacidade de abaixar os custos e preços para propor

uma massificação da oferta e da demanda. Na década de 1980 o nível de vida

volta a elevar-se e o turismo se converte no motor econômico de muitos

países. Esta aceleração do desenvolvimento ocorre devido a melhoria dos

transportes com novos e melhores aviões da Boeing e da Airbus, trens de alta

velocidade e a consolidação dos novos charter, também observa-se um duro

competidor para as companhias regulares que se vem obrigadas a criar suas

próprias filiares charter.

Nestes anos se produz uma internacionalização muito marcante das

grandes empresas hoteleiras e das operadoras. Buscam novas formas de

utilização do tempo livre (parques temáticos, deporte, resorts, saúde) e

aplicando, ainda mais técnicas de marketing, pois o turista tem cada vez mais

informação e maior experiência, buscando novos produtos e destinos turísticos,

o que gera uma forte competição entre eles.

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Na década de 1990 ocorre grandes acontecimentos, como a queda dos

regimes comunistas europeus, a Guerra do Golfo, a unificação alemã, a guerra

da Bósnia, que incidem de forma direta na história do turismo. Trata-se de uma

etapa de amadurecimento do setor que seguiu crescendo, sendo que de uma

maneira mais moderada e controlada.

Os significativos problemas desta época ocasionaram limitações à

capacidade receptiva gerando a necessidade de adequar a oferta à demanda

existente, empenhando-se no controle de capacidade de carga dos ambientes

patrimoniais de importância histórica e diversificando a oferta de produtos e

destinos. Tendo ainda a percepção da diversificação da demanda aparecendo

novos tipos perfis de turistas que exigiam uma melhor qualidade.

O turismo entra como parte fundamental da agenda política de

numerosos países que desenvolvem políticas públicas focadas na promoção,

no planejamento e na sua comercialização como peça chave do

desenvolvimento econômico. Objetivando alcançar um desenvolvimento

turístico sustentável mediante a captação de novos mercados e a regulação da

sazonalidade.

1.3 Importância econômica do Turismo

O Turismo é a atividade do setor terciário que mais cresce no Brasil

(dentre as espécies, significativamente, o turismo ecológico e o turismo de

aventura e os cruzeiros marítimos) e no mundo, movimentando, direta ou

indiretamente mais de US$ 4 trilhões (2004), criando também, direta ou

indiretamente, 170 milhões de postos de trabalho, o que representa 1 de cada

9 empregos criados no mundo. Tal ramo é de fundamental importância para o

profissionalismo do setor turístico e necessário para a economia de diversos

países com excelente potencial turístico, como o Brasil.

No Brasil, cidades médias e pequenas que são desprovidas de um

próprio centro financeiro, precisam de meios para o crescimento de sua

economia e de seu desenvolvimento. Alguns exemplos sobre esse caso são:

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Vitória, Guarujá, Ilha Bela, Ubatuba, Santos, Ouro Preto, Tiradentes, Paraty,

Angra dos Reis, Armação dos Búzios, entre outras.

Grandes metrópoles globais também usam o turismo para sua fonte

econômica, apesar de terem uma ampla economia de influência nacional ou

internacional, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Nova York, Los

Angeles, Londres, Paris, Tóquio, entre outras. Muitas delas utilizam diversos

tipos de turismo, como: de negócios, lazer, cultural, ecológico(mais aplicado em

cidades menores com maior área rural, apesar de existirem reservas florestais

em algumas metrópoles), etc.

Em outros países, entre desenvolvidos e subdesenvolvidos, ocorre o

mesmo. Nos Estados Unidos da América, o estado do Havaí, além de ser uma

ilha distante do continente, possui também pouca população, em comparação à

outros estados, sendo assim, difícil de ter um maior maior crescimento na sua

economia. Portanto, o estado teve de optar para o turismo, e hoje é um dos

mais famosos pontos turísticos dos Estados Unidos, sendo conhecido por suas

belas praias e resorts.

Atualmente, um dos locais que mais crescem com o turismo, é a cidade

de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Pela sua localização, próxima à

regiões de conflitos étinicos e religiosos, a cidade teve de enfrentar muitos

obstáculos para ser conhecida em diferentes partes do mundo. Conta com os

mais exóticos e originais arranha-céus, sendo muitos deles, hotéis, tendo

destaque para o Burj Al Arab, cartão postal da cidade, e para o Rose Tower, o

hotel mais alto do mundo.

1.4 Turismo no Brasil

O Turismo no Brasil se caracteriza por oferecer tanto ao turista brasileiro

quanto ao estrangeiro uma gama mais que variada de opções. Nos últimos

anos, o governo tem feito muitos esforços em políticas públicas para

desenvolver o turismo brasileiro, com programas como o Vai Brasil procurando

baratear o deslocamento interno, desenvolvendo infra-estrutura turística e

capacitando mão-de-obra para o setor, além de aumentar consideravelmente a

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divulgação do país no exterior. São notáveis a procura pela Amazônia na

região Norte, o litoral na região Nordeste, o Pantanal e o Planalto Central no

Centro-Oeste, além do interesse pela arquitetura brasiliense, o turismo histórico

em Minas Gerais, o litoral do Rio de Janeiro e os negócios em São Paulo

dividem o interesse no Sudeste, e os pampas, o clima frio e a arquitetura

germânica no Sul do país.

Contudo, a imagem de que o Brasil é um país muito procurado por

turistas estrangeiros, e que esta terra recebe um número enorme de visitantes

oriundos de outros países é relativamente enganosa. Apesar das opções

variadas e do enorme território a ser visitado, o Brasil não figura sequer entre

os trinta países mais visitados do mundo. Alguns fatores como o medo da

violência, da má estrutura e falta de pessoal capacitado (como a carência

falantes de inglês no serviço público do turismo, por exemplo) podem ser

motivos para explicar esta relativamente baixa procura pelo Brasil como

destino. Contudo, ao que tudo indica, a razão principal pela baixa procura por

estrangeiros pelo Brasil, se deve pelo fato deste país se encontrar distante dos

países grandes emissores de turistas. 85% das viagens aéreas feitas no

mundo acontecem em, no máximo, duas horas de vôo[carece de fontes?]. Os

problemas estruturais e socioeconômicos do Brasil parecem não interferir tanto

no fluxo de turistas estrangeiros, uma vez que, segundo o Plano Aquerela,

conduzido pela Embratur, 92% dos estrangeiros que estiveram neste país

pretendem voltar.

Mas situação do turismo no Brasil aos poucos tem melhorado. Em 2005

o Brasil recebe 564.467 turistas a mais que em 2006. Mas ainda assim o

número de estrangeiros é muito pequeno se compararmos, por exemplo, à

França, um país com o território de tamanho semelhante ao do estado de

Minas Gerais, mas que recebe 14 vezes mais visitantes estrangeiros que o

Brasil.

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CAPÍTULO II

TURISMO SUSTENTÁVEL

2.1 Conceito

Ao mesmo tempo em que o turismo pode ser um importante instrumento

transformador de economias e sociedades, promovendo a inclusão social,

oportunidades de emprego, novos investimentos, receitas e

empreendedorismo, se mal administrado e planejado, pode gerar impactos

ambientais, sociais econômicos irreversíveis ao planeta.

A partir deste raciocínio, surgiu o turismo sustentável, que de acordo

com a OMT “turismo sustentável é aquele ecologicamente suportável em longo

prazo, economicamente viável, assim como ética e socialmente equitativo para

as comunidades locais”, isto e, o estudo do turismo diretamente relacionado ao

desenvolvimento sustentável, quer dizer, desenvolver sem esgotar os recursos

naturais e culturais, nem deteriorar o meio ambiente, sem comprometer a

capacidade das futuras gerações de satisfazerem suas próprias necessidades.

Desta forma entende-se que a preservação do meio ambiente e o êxito

do desenvolvimento turístico são inseparáveis.

2.2 Impactos positivos e negativos do Turismo Sustentável

O crescimento da atividade turística acarreta impactos, que podem ser

positivos e negativos, sendo esses últimos, quase sempre em maior

freqüência. Daí a necessidade de se encontrar alternativas que promovam a

sustentabilidade local, sem que espaço físico e sócio-cultural seja degradado.

O objetivo principal do planejamento do turismo sustentável é procurar

maximizar os impactos positivos e minimizar ou até mesmo eliminar os

impactos negativos.

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O turismo sustentável apresenta vários benefícios para o ambiente

natural. Ele estimula uma compreensão dos impactos do turismo nos

ambientes natural, cultural e humano; incorpora planejamento e zoneamento

assegurando o desenvolvimento do turismo adequado à capacidade de carga

do ecossistema; demonstra a importância dos recursos naturais e culturais e,

pode ajudar a preservá-los.

Ferreti (2002) afirma que se a atividade turística for bem planejada,

auxiliará na minimização dos problemas ambientais. Dentro da atividade

turística, o turismo sustentável vem sendo defendido como um segmento que

busca o equilíbrio dos ecossistemas atrelado a sustentabilidade local, onde o

visitante capta a identidade do lugar, respeitando os costumes da comunidade

local.

Para se tornar possível o desenvolvimento sustentável do turismo é

preciso utilizar os recursos naturais do destino da melhor forma; respeitar a

autenticidade sociocultural da comunidade local; assegurar a viabilidade

econômica de uma operação de longo prazo, proporcionando benefícios

socioeconômicos igualmente distribuídos; manter o alto nível de satisfação do

turista assegurando uma experiência significativa, elevando a conscientização

sobre a sustentabilidade e promovendo práticas sustentáveis entre turistas.

Deve-se garantir a proteção dos recursos naturais das áreas e também

gerar renda para a comunidade local, a fim de tornar a preservação possível.

Turismo sustentável é um processo contínuo e requer monitoramento

constante dos impactos no destino. Entretanto, o destino turístico que assume

essa prática obtém melhor utilização dos recursos naturais e culturais, melhora

da qualidade de vida da população, uma base econômica justa e auto

sustentada com foco no visitante, saudável parceria entre governo, iniciativa

privada, terceiro setor e comunidade local e o mais importante, garantir a

preservação ambiental através dos próprios moradores da comunidade.

A integração entre o empreendedor e a comunidade pode conduzir a um

processo de gestão ambiental benéfico para ambas as partes, onde todos

estão interessados numa qualidade de vida melhor.

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Por outro lado os impactos negativos do turismo, quase sempre, são

difíceis de sanear. De acordo com Seabra (apud Marinho, 2003:105) os

impactos ambientais provocam “a compactação do solo e processos erosivos;

a fuga da fauna silvestre; a exposição das raízes das árvores às pragas; a

poluição dos corpos líquidos, por meio do despejo de efluentes não tratados,

pelos hotéis e pousadas e embarcações turísticas; os incêndios, provocados

por fogueiras de acampamentos; a poluição sonora e atmosférica, pela

presença de automóveis; os desvios de cursos de rios; a introdução de

espécies exógenas; pixações em grutas, sítios arqueológicos etc”.

Os impactos culturais e sociais sofridos pela comunidade envolvida no

atrativo turístico merecem ser avaliados. Tanto é bom para a localidade a

visitação turística, porque está gerando renda em diversas atividades

econômicas como, também, se não houver um cuidadoso planejamento,

gestão e monitoramento da prática turística, a “invasão” de turistas na

localidade pode acarretar em diversos problemas como, por exemplo, perda

das tradições, dos costumes, aculturação, problemas de saneamento básico,

problemas crescentes com drogas, prostituição, violência, entre outros.

Desse modo, a população vai passar a rejeitar o visitante que vai optar

por outro ponto turístico e, conseqüentemente, acarretará na queda da

economia local. Dessa maneira, chega-se à conclusão de que para o turismo

ser sustentável é preciso que se tome conhecimento, inicialmente, de quais os

impactos negativos que podem existir na prática e quais medidas existem para

evitá-los ou minimizá-los, a partir do planejamento turístico.

O desenvolvimento rápido e descontrolado do turismo em localidades

com recursos naturais de excepcional beleza provoca excesso da demanda,

descaracterizando a paisagem e fazendo com que o destino perca as

características que deram origem à atratividade.

É preciso identificar no planejamento do turismo o conceito de

capacidade de carga, considerando que se trata de uma noção que reconhece

que tanto os recursos naturais, como os construídos pelo homem têm um limite

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para receber visitantes; esse limite, quando ultrapassado, provoca sua

degradação.

O turismo sustentável, ao envolver-se com a problemática dos impactos

ambientais, incorpora na sua prática planejamento e zoneamento que

determine a capacidade de carga dos ecossistemas envolvidos. Não pode

existir sustentabilidade na atividade turística se não houver equilíbrio ambiental.

Então, o planejamento contribui para minimizar o impacto ambiental das

atividades turísticas, procurando alternativas de recuperação das áreas

degradadas e sua conservação.

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CAPÍTULO III

PLANEJAMENTO TURÍSTICO

3.1 Conceito

O turismo sustentável pode ser compreendido como um segmento do

turismo que tem apresentado altos índices de crescimento, devido a

necessidade de lazer e tempo livre, como resultado de um cotidiano vivido em

cidades grandes, poluídas e rotina estressante.

Esta tendência atual implica em uma demanda crescente de turistas

para áreas naturais, em busca de um maior contato com a natureza.

Aumentando assim a necessidade da preservação do meio ambiente, para

minimizar os impactos caudados pelos visitantes.

O equilíbrio para este impasse pode ser obtido através de um

planejamento consciente, que consiste em ordenar as ações do homem sobre

o território, buscando a preservação das áreas naturais através de estratégias

de desenvolvimento turístico sustentável.

O planejamento turístico deve ordenar as ações do homem sobre o

território a fim de evitar que este cause danos irreparáveis para o meio

ambiente.

Este planejamento deve ser ecologicamente suportado, direcionar o

comportamento dos turistas para a educação ambiental e capaz de gerar

benefícios, tanto econômicos, quanto ambientais, ou seja, deve maximizar os

benefícios sócio-econômicos e minimizar os custos, visando o bem estar da

comunidade receptora e a rentabilidade dos empreendimentos do setor.

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3.2 História do Planejamento

O planejamento é uma importante ferramenta administrativa. Sua

principal função é a construção do caminho para alcançar o futuro desejado.

Segundo Rattner (1979) “no âmbito do poder público, o planejamento pode ser

definido como uma técnica de tomada de decisão que dá importância para a

escolha de objetivos bem determinados e indica os meios mais apropriados

para atingí-los” e tendo o Estado a função de construir o bem comum torna-se

implícito que o bom planejamento tem como finalidade para o Estado

desempenhar a sua primordial função.

O Planejamento por parte do Estado teve início quando a sociedade

encontrava-se com a necessidade de se reconstruir. Após o fim da primeira

guerra mundial, com a crise de 1929, a antiga União Soviética tornou-se a

primeira nação a aplicar o planejamento como ferramenta de reconstrução.

Segundo Dias (2003) “como instrumento governamental de orientação

econômica” o planejamento da URSS teve a sua construção de forma

sistemática e centralizada, o que deu ao planejamento um caráter centralizador

e demasiadamente controlador dentro da ótica dos países de economia livre.

Após a Segunda Guerra Mundial a prática do planejamento foi estendida

aos países periféricos do bloco comunista e iniciada em países de economias

mais abertas chegando, segundo Dias (2003), à França e ao Japão e tendo a

sua aplicação em países “subdesenvolvidos” apenas na década de 50 a 60.

O planejamento ganha destaque no cenário internacional, após

momentos de crise global, sendo as crises de mercado as principais

motivadoras da adoção do planejamento por países de economia de mercado.

Tendo como exemplos as crises do México em 1994-1995, dos “Tigres

Asiáticos” e outras economias do Sudeste Asiático em 1997-1998, da Rússia e

do Brasil em 1998-1999, e a recente crise da Argentina de 2001-2002 que

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impulsionaram os governos para atuarem orientando as suas economias;

segundo Ángel (2003).

3.2.1 Planejamento Estatal no Brasil

No Brasil, como em outros países da América Latina, o planejamento

teve como principal foco, à tentativa de mudança na estrutura de divisão

internacional do trabalho, na tentativa de substituir as importações e proteger o

mercado interno, tendo ainda a sua execução como pré-requisito para a

obtenção de empréstimos internacionais junto a organismos como o Banco

Interamericano de Desenvolvimento.

O planejamento por parte do Estado só foi efetivamente empregado a

partir de 1956, com o Plano de Metas, no governo de Juscelino Kubitschek,

fruto do trabalho da comissão mista Brasil e Estados Unidos. Considerando

cinco setores da economia, este trabalho, segundo Dias (2003), produziu “um

plano setorial, pois incorporou somente 25% do PIB brasileiro”. Este plano teve,

grande importância devido ao sucesso obtido e seu valor está presente na

percepção econômica, sendo o mais bem estruturado planejamento brasileiro

em sua época (1987 apud Dias (2003), “o Plano de Metas foi um caso bastante

bem-sucedido na formulação e implementação do planejamento”.

A segunda contribuição refere-se ao Plano Trienal de 1963 a 1965, que,

segundo Dias (2003), “embora malsucedido [...] trouxe uma concepção de

desenvolvimento” contribuindo significativamente quanto à idéia de divisão de

renda, tendo na distribuição de renda entre as diferentes regiões, a sua maior

contribuição. Segundo Dias (2003) “as experiências obtidas com o Plano

Trienal foram fundamentais na elaboração dos planos posteriores” tendo,

portanto, a sua importância na contribuição teórica.

No ano de 1964, surge o Programa de Ação Econômica do Governo de

1964 a 1966. Tendo contribuído pouco para o desenvolvimento do

planejamento, pois segundo Dias (2003) a sua construção ocorreu na cúpula

do governo, refletindo a pressa, a centralização e a ação de tecnocratas. Outra

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experiência ocorre entre 1968 e 1970 com a elaboração do Plano Estratégico

de Desenvolvimento. Um plano fragmentado que propunha a aceleração

econômica, contenção inflacionária, progresso social e ampliação de empregos

a partir do estímulo ao setor privado e a ampliação das responsabilidades do

governo. O programa de Metas e Bases para a Ação do Governo surge no ano

de 1970 a 1973 tendo sido o mais ambicioso segundo Mendes (1978), pois

pretendia transformar a nação brasileira em uma grande potência mundial.

Embora não tenha a estrutura de um plano, sendo, um programa parcial

dependente dos planos seguintes, este contribuiu com um norteamento para os

planos que o sucederam.

Outra importante contribuição para a cultura do planejamento no Brasil

foi dada em 1972, com o Plano Nacional de Desenvolvimento, pois este foi

construído a partir de uma visão mais ampla, tendo uma maior integração dos

setores. Incluiu setores produtivos da economia, indicadores econômicos e

investimento social, o que permitiu uma percepção mais clara e gerou melhores

resultados. No segundo Plano Nacional de Desenvolvimento aplicado entre

1975 a 1979, os panoramas de crescimento e de equilíbrio na balança

comercial influíram no plano durante o governo Geisel, propondo a manutenção

dos indicadores positivos. Tendo a sua maior contribuição ocorrida na questão

ambiental, este plano teve, portanto, uma contribuição para o início do

pensamento sustentável na política do Brasil, embora por pressão internacional

devido aos reflexos da acelerada industrialização ocorrida no período anterior,

tendo esta contribuição influenciado a elaboração do terceiro Plano Nacional de

Desenvolvimento para os anos de 1980 a 1985. Este novo trabalho tem como

maior contribuição à percepção de que o problema ambiental se constitui como

uma tarefa intersetorial, segundo Dias (2003), aparecendo “juntamente com

Ciência e Tecnologia”.

Com o fim do período de regime militar, tivemos como Presidente um

civil a governar o país. Tendo pouco êxito sócio-econômico o governo civil

passou por um período de intensa crise e o planejamento aplicado não

produziu reflexos positivos. A primeira contribuição relevante no âmbito do

planejamento ocorreu no governo do Presidente Itamar Franco com o Plano

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Real em 1994 idealizado pelo Ministro e posterior Presidente Fernando

Henrique Cardoso. O Plano Real possibilitou um controle inflacionário,

permitindo construir um cenário econômico menos turbulento o que permitiu

maiores investimentos externos e facilitou na administração financeira

empresarial.

3.2.2 Planejamento no setor turístico no Brasil

No ano de 1991 cria-se o primeiro Plano de Desenvolvimento do

Turismo, que por conta da deposição do Presidente Fernando Collor de Mello

não chega a ser implantada neste governo.

No governo seguinte aplica-se o Plano de Desenvolvimento do Turismo,

sem grandes efeitos.

O Plano Nacional de Ecoturismo surge em 1994 como um planejamento

setorial de um importante segmento turístico.

Para o Setor Turístico, surgiu em 1994, no governo do então Presidente

Fernando Henrique, o Programa Nacional de Municipalização do Turismo

(PNMT), correspondendo ao mais bem estruturado planejamento do setor

propondo uma integração e descentralização do planejamento e da gestão do

setor. O PNMT que segundo Dias (2003) “adota a metodologia da Organização

Mundial de Turismo”, abordando a sustentabilidade como importante temática

para a discussão do planejamento nas localidades, tendo na criação do

Conselho Municipal do Turismo o espaço desta argumentação dos envolvidos

com o turismo. É uma tentativa de criar um consenso de propostas para o

desenvolvimento local. Este mesmo modelo reflete-se no Comitê Estadual do

PNMT e na sua coordenação geral, o Comitê Executivo Nacional do PNMT.

Este plano possibilitou uma ordenação do turismo que se refletiu nas

prefeituras, Unidades Federadas e na União, possibilitando garantir a presença

da temática do turismo em todos os estados e em muitos municípios com

potencial turístico.

Segundo Dias (2003), como resultado do PNMT “o município deve

construir sua política dentro da perspectiva do desenvolvimento sustentável.

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[...] tendo como baliza a Política Nacional de Turismo”. Este norteamento

possibilitou descentralizar a construção da política, tendo entretanto a crítica

quanto a centralização da execução e do controle.

Surge no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o Plano

Nacional de Turismo para o ano de 2003 ao ano de 2007 na gestão do então

ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia.

3.3 Planejamento Sustentável do Turismo

Por sustentabilidade no turismo entende-se o atendimento das

necessidades dos visitantes sem comprometer a possibilidade de uso dos

recursos pelas gerações futuras. Ainda sob a luz das definições, cabe alertar

que meio ambiente é constituído pelos recursos da natureza e por aqueles

construídos pelas pessoas.

Considera-se planejamento sustentável do turismo aquele que envolve e

considera: meio ambiente, profissionais, a sociedade local, a economia, e

política no sentido de abranger a máquina estatal.

Molina (1998) cita alguns princípios da sustentabilidade do turismo, que

devem ser observadas pelo planejamento: respeitar e cuidar da comunidade

dos seres viventes; melhorar a qualidade da vida humana; conservar a

vitalidade e a diversidade da Terra; reduzir ao mínimo a utilização dos recursos

não renováveis; manter-se dentro da capacidade de carga da Terra; modificar

as atitudes e práticas pessoais; facultar às comunidades o cuidado com seu

próprio ambiente; proporcionar um marco nacional para a integração do

desenvolvimento e da conservação; e formar uma aliança mundial.

Modificar a atitude e práticas pessoais e manter-se dentro da

capacidade de carga da Terra, são dois princípios do Planejamento

sustentável.

A mudança de atitude da comunidade local, dos visitantes e até mesmo

dos gestores do turismo, no sentido de conhecer e respeitar o ambiente, é

fundamental quando se quer sustentabilidade, e dentro deste quesito entrará a

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preservação mediante não vandalismo, reconhecimento da necessidade dos

pagamentos da taxas, aquisição de artesanato e mercadorias locais

(fomentando a micro economia local), consumo de pratos típicos, interpretação

do patrimônio, a diminuição da produção de resíduos, programas de reciclagem

dos resíduos, e tantos outros que podem levar à satisfação tanto por parte do

turista (pois ações como esta, irão garantir uma experiência turística rica),

como por parte do visitado (que terá a economia mais ativa e a cultura

valorizada).

E o estudo da capacidade de carga irá acrescentar sobremaneira o

planejamento do turismo na localidade, pois é o resultado deste estudo que irá

determinar a política de uso do patrimônio a fim de determinar quanta presença

humana ele suporta, por exemplo, tamanho da área utilizável pelo turista; e

fragilidade do patrimônio.

Daí surge com mais força a necessidade do planejamento sustentável

para o turismo, de modo que o turismo possa ser preservado enquanto

atividade e não conheça o declínio onde são deixadas edificações vazias,

ambiente degrado e todos os impactos negativos que deste advém.

Manter os recursos para que outros também possam fruí-lo. E esta

fruição reservada às futuras gerações depende sobremaneira de planejamento

adequado e preocupado com a sustentabilidade (ambiental, social, profissional,

política e econômica).

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CAPÍTULO IV

CAPACIDADE DE CARGA

4.1 Conceito

O estudo de capacidade de carga turística está atrelado a métodos de

identificação e avaliação de impactos ambientais. Dentre esses, foram

escolhidos para esse trabalho, indicadores definidos por Boullón (2002), para

detectar o índice da capacidade de carga, coeficiente de rotação, o máximo

ganho sustentável. A identificação e caracterização dos atrativos naturais e

artificiais, patrimônio histórico e cultural, vias de acesso à região, serviços

turísticos ofertados, condições gerais da poluição local, infra-estrutura básica

na região, capacidade de carga dos atrativos turísticos, contribuirá para o

zoneamento ambiental e turístico com objetivo de construir um cenário

sustentável na região.

De acordo com Marinho (2003), a Organização Mundial de Turismo

(OMT), em 2001, definiu capacidade de carga sendo “o máximo de uso que se

pode fazer dele sem que causem efeitos negativos sobre seus próprios

recursos biológicos, sem reduzir a satisfação dos visitantes ou sem que se

produza efeito adverso sobre a sociedade receptora, a economia ou cultura

local.”

4.2 Estudo da Capacidade de Carga

O critério de avaliação de capacidade de carga é muito subjetivo. Deve-

se levar em conta fatores como, por exemplo, o perfil do turista, a freqüência de

visitação, o tempo de permanência no atrativo, o desgaste deste pela ação

física e biológica, entre outros.

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Baseado na metodologia de Boullón (2002) existe três tipos de

capacidade de carga, que são a ecológica, material e psicológica.

A capacidade ecológica está relacionada à quantidade de dias por ano

ao número de visitações e a rotatividade diária de um atrativo pode receber

sem que seu equilíbrio ecológico seja alterado.

A capacidade material está relacionada às características geográficas,

geológicas, topográficas, da vegetação e das condições de segurança

estabelecidas aos visitantes.

A capacidade psicológica está relacionada à distância pessoal, invisível

que circunda o corpo da pessoa, ou seja, “pode variar desde 10.000m² para o

campista solitário, até 100m² para quem se aloja em um acampamento com

alta concentração de pessoas ou não mais de 20m² por visitante em um

mirante, que fica reduzido a 1m² na frente do parapeito”, de acordo com

Boullón (2002:179).

4.3 Dificuldades do Estudo de Capacidade de Carga

Segundo Dias (2003), existem algumas razões que dificultam a

operacionalização do estudo de capacidade de carga como: o ponto de

capacidade de carga pode ser visto de forma diferente e conflitante por

diferentes grupos; no contexto do turismo, a capacidade de carga incorpora o

meio ambiente físico e a qualidade da experiência do visitante; os aspectos a

serem considerados e analisados variam de acordo com as características do

turista ou visitante; os aspectos físicos podem ser ampliados por meio do

desenvolvimento dos equipamentos, que diminuam os impactos do uso; a

comunidade fica exposta a influências externas, às diferenças sócio-

econômico-culturais; a capacidade de carga social pode ser determinada por

fatores como a capacidade das instalações que influenciarão a expectativa dos

residentes em relação aos visitantes, podendo aumentar a resistência à vinda

dos turistas; de acordo com os aspectos temporais, a capacidade de carga

pode mudar com a época do ano, ou seja, durante os meses do ano e suas

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estações, o meio ambiente sofre alterações que influenciam na capacidade de

carga.

A proposta de estudar a capacidade de carga dos atrativos é alcançar o

modelo ideal de turismo sustentável, este é baseado na preservação ambiental,

para a concretização dessa atividade faz-se necessário planejar, desenvolver

programas e estabelecer metas para a promoção da sustentabilidade desse

segmento, estimulando a participação da comunidade, empresários e poder

público.

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CONCLUSÃO

É de grande importância a conscientização humana com o uso do meio

ambiente. Deve-se haver mais respeito ao meio ambiente, para que futuras

gerações possam ter conhecimento e possam desfrutar do meio ambiente e

das belezas nelas inseridas.

O fomento do turismo sustentável juntamente com o planejamento

ordenado dos espaços, dos equipamentos e das atividades turísticas, podem

gerar renda para a área contribuindo assim para a preservação de seus

recursos naturais relevantes e garantindo a conservação e proteção dos

mesmos através do controle dos turistas.

O Turismo sustentável deve ser uma ferramenta que, além de conservar

as áreas naturais possa auxiliar economicamente nas melhorias das áreas e

também ajudar a conscientizar as pessoas da importância do planejamento

ordenado da prática turística na Área para evitar danos ambientais.

Desse modo, o trabalho atingiu seus objetivos ao determinar a

importância do planejamento consciente para o desenvolvimento turístico de

determinada região.

Tanto gestores ambientais como moradores da comunidade têm que

fazer seu papel de preservar, auxiliar aos turistas, enfim se conscientizar que

cada um tem sua responsabilidade perante a sociedade, de preservar e mais

do que isso, ajudar a não degradar....

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BIBLIOGRAFIA

BOULLÓN, R. C. Planejamento do espaço turístico.Tradução: Josely Vianna Baptista. Bauru/SP: Edusc, 2002. DIAS, R. Turismo Sustentável e meio ambiente. São Paulo:Atlas, 2003. 208 p. FERRETI, E. Turismo e meio ambiente: Uma abordagem integrada. São Paulo: Roca, 2002. MARINHO, A.; BRUHNS, H.(org).Turismo, lazer e natureza.São Paulo: Manole, 2003. ANSARAH, Marília Gomes dos Reis (Org.). Turismo. Como aprender, como ensinar. São Paulo: Editora SENAC, 2001. 406 p. MOLINA E., Sergio. Turismo y Ecologia. México: Trillas, 1998. 198 p.

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ANEXO I

ARTIGO

TURISMO SUSTENTÁVEL NO BRASIL

Helenio Waddington

Presidente da Associação de Hotéis Roteiros de Charme

Eco 21 - Ano XIV - nº 93 - Agosto - 2004 www.eco21.com.br

A experiência da Associação de Hotéis Roteiros de Charme Colocar o turismo no caminho sustentável é um desafio de vulto que requer o comprometimento e parcerias entre a indústria, governos e a sociedade civil. Como uma das mais promissoras fontes econômicas do Planeta, o turismo tem um tremendo potencial para o desenvolvimento sócio-econômico e cultural de um país, se for conduzido com um planejamento adequado às características biológicas, físicas, econômicas e sociais das localidades em que opera.

No Brasil, como no mundo, o setor de hospedagem é constituído majoritariamente de pequenas e médias empresas, principalmente quando se fala de turismo sustentável ou aquele mais associado aos destinos ecológicos. Por sua rica diversidade de fauna, flora, ecossistemas e variedade socioeconômica, o debate sobre o desenvolvimento do turismo no Brasil (incluindo o ecoturismo) vem buscando caminhos para maior conscientização e compromisso de parte do setor privado com posturas responsáveis, capazes de contribuir à sustentabilidade ambiental, econômica e social do setor.

Se os códigos voluntários de conduta ambiental vêm sendo reconhecidos internacionalmente como elementos importantes no conjunto de medidas adequadas para alcançar o desenvolvimento sustentável do turismo, por entidades como a Organização Mundial do Turismo (OMT) e o PNUMA, no Brasil as referências neste tema ainda são incipientes.

A experiência pioneira da Associação de Hotéis Roteiros de Charme demonstra que a sustentabilidade abraçada pelos novos conceitos é hoje uma realidade no País. É possível praticar uma hotelaria ambientalmente adequada, economicamente viável e socialmente justa. No entanto, o processo de desenvolvimento e implantação do turismo sustentável no Brasil precisa lidar ainda com realidades e desafios, tais como: alto grau de informalidade da atividade turística; falta de conhecimento e educação

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dos princípios ambientais; e, estabelecimento de normas e critérios factíveis e legítimos.

Buscando garantir este equilíbrio ecológico-social tem-se discutido recentemente em vários fóruns a certificação do turismo no Brasil. Processos de certificação geralmente emitem um selo para empreendimentos e serviços que declaram e atestam possuir determinada qualidade. No caso do turismo, trata-se da adoção voluntária de normas operacionais que visem aprimorar o desempenho sócio-ambiental do empreendimento e seu entorno.

A certificação vem de encontro a uma tendência internacional de estabelecer produtos realmente sustentáveis e de atender ao consumidor mais consciente, também refletindo novas formas e modalidades operacionais, compatíveis com princípios de conscientização empresarial, que vêm se expandindo consideravelmente no Brasil. A conservação do meio ambiente não só tem importância ecológica, mas vem trazendo em muitos casos, incluindo a hotelaria e ecoturismo, benefícios financeiros e sociais, tornando-se ainda mais importante sob o ponto de vista empresarial.

O processo para estabelecimento de um sistema de certificação confiável, necessita de normas e critérios adequados ao contexto em que serão aplicados, gerados por um processo participativo envolvendo diversos segmentos do turismo: sociedade civil, governo e setor privado. Tal processo possibilita um diálogo entre os atores, conhecimento dos interesses e barreiras vividas por cada setor, e a busca de soluções comuns. Fazendo com que esta trajetória, gere uma desejada “apropriação” do sistema a elaborar, fator determinante na adesão às práticas sustentáveis, já que o sistema é voluntário.

Isto quer dizer que a certificação não é a única solução para a sustentabilidade, mas sim uma das ferramentas para se chegar lá.

Neste contexto, é fundamental prosseguir através de um processo verdadeiramente participativo, em base as experiências brasileiras (e aquelas internacionais de relevância) com definição e elaboração de normas e indicadores ambientais possíveis de serem adotados pelo pequeno e médio empresário.

A Associação de Hotéis Roteiros de Charme foi fundada, como entidade privada e sem fins lucrativos por cinco empresários em 23 de junho de 1992, logo após a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. Atualmente a Associação congrega 40 hotéis, pousadas e refúgios ecológicos independentes, do Norte ao Sul do País, que buscam praticar a arte da hotelaria, reconhecendo a importância de uma responsabilidade social e ambiental para a sustentabilidade de suas operações e para a sobrevivência de gerações futuras.

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A localização crítica de seus hotéis em áreas de conservação e em ecossistemas frágeis, como o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pantanal, demonstra a importância de um contínuo programa ambiental voltado à sustentabilidade do meio ambiente, dos 32 destinos turísticos e das comunidades onde operam em 10 Estados.

Código de Ética

Ao adotar um Código de Ética e Conduta Ambiental em 1999, que permanece ainda como exemplo único no contexto nacional, Roteiros de Charme demonstra seu compromisso com o meio ambiente e um espírito empresarial inovador, imprescindível ao desenvolvimento de um turismo sustentável no Brasil.

Esse Código de Conduta Ambiental (disponível na íntegra via www.roteirosdecharme.com.br) tem por objetivo conseguir, através de sua aplicação, o levantamento, a análise e redução dos impactos causados pela atividade hoteleira. Suas normas observam, em seu contexto, a realidade sociocultural local, sua viabilidade operacional, econômica e financeira, e, finalmente, os direitos e as expectativas dos hóspedes, sem os quais a atividade não sobrevive. Nele procura-se um objetivo comum e não o conflito entre preservação do meio ambiente e a sobrevivência da empresa hoteleira.

Áreas temáticas abordadas no Código:

• Conservação de energia • Conservação de água • Tratamento de esgoto • Preservação de áreas de importância ambiental, fauna e flora e de valores culturais/históricos • Redução de poluição sonora e atmosférica • Redução de impactos ambientais em novos projetos e construções/obras • Reutilização, redução e reciclagem de materiais • Controle de substâncias tóxicas e adversas • Eliminação de queima de lixo e desmatamento • Envolvimento de fornecedores e prestadores de serviços ao hotel

Em nossa experiência, fica claro que um empreendimento para atuar de forma responsável necessita estar engajado em minimizar os impactos ambientais de sua operação e estar compromissado não só com os aspectos sociais de seu empreendimento (funcionários e respectivas famílias), mas também com os de seu entorno, ou seja, do destino turístico onde opera. Todos os hotéis da Associação buscam servir como

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centros de excelência ambiental, visando multiplicar e expandir as experiências adquiridas, compartindo as barreiras e desafios encontrados.

Além da conscientização ambiental empresarial buscamos promover o desenvolvimento social de funcionários dos hotéis associados, suas famílias e das comunidades de entorno onde operamos. Procura-se fornecer treinamento adequado aos funcionários e conscientização ambiental às comunidades anfitriãs, de acordo com as nossas realidades. Um dos pilares essenciais ao sucesso e aos princípios defendidos pela Roteiros de Charme é a educação e capacitação de recursos humanos. Seguir informando, capacitando e treinando, são objetivos imprescindíveis para a sustentabilidade e um dos mais importantes desafios.

Não há verdadeira sustentabilidade num hotel que funciona como perfeito paraíso enquanto fora de suas paredes reina o caos. Perde o hotel, a comunidade, o destino como um todo, e o nosso País.

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ANEXO II

ARTIGO

A HISTÓRIA E O TURISMO

Revista Turismo – 11/2002

A princípio, o que seria do Turismo sem a História, e, de certa forma, o que

seria da História sem o Turismo, nesse segundo aspecto de uma forma mais

branda.

Temos observado não só no Brasil, mas no mundo todo, que a História tem

dado uma contribuição primordial ao Turismo. Ao mesmo tempo em que a

História é utilizada como atrativo para o Turismo, ele também o é utilizado

como um fator a mais de preservação e conservação de nosso Patrimônio

Cultural como um todo, seja ele cultural, arquitetônico, natural, histórico.

Já parou para observar quantas cidades históricas brasileiras dependem quase

que exclusivamente do turismo cultural e histórico? Na verdade, não são

poucas e poderiam ser muito mais, para isso é necessário um planejamento

sério e profissional. Só no nosso estado podemos citar algumas mais

conhecidas e outras menos: Goiás, Pirenópolis, Corumbá de Goiás, Pilar de

Goiás, Luziânia, Abadia de Goiás. Se pegarmos o Brasil como um todo, a lista

então seria gigantesca.

Na verdade, a História existe desde os princípios de nossa Criação, não

importa qual seja a sua crença.

Tudo em nossa vida é História, seja para saber de nossos antepassados, de

nossa cidade, nosso país, até mesmo de uma grande invenção. Pode até

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parecer exagero, mas, por trás de um simples lápis tem uma história, aquele

objeto tem um por quê de ter sido inventado ou descoberto, isso também é

história. Não é apenas ficar falando de fatos que marcaram época em nosso

mundo.

O profissional do Turismo passou a enxergar na História um grande vilão. Às

vezes, de uma forma que chega a ser sarcástica, como por exemplo o turismo

"tragédia" que se mistura ao histórico. As pessoas daqui uns dias irão à Nova

Iorque para ver o que sobrou do WTC, onde ocorreu o que muitos chegaram a

chamar de início da Terceira Guerra Mundial.

Cabe a nós, profissionais do Turismo, a correta utilização da História como um

elo a mais em nossa cadeia produtiva. Fazer um planejamento sério e

responsável para que um título de Patrimônio Histórico da Humanidade não

seja utilizado apenas como forma política e sim, como forma de proteção e

manutenção de nossa história, envolvendo principalmente a comunidade e

cultura local.

Enfim, vamos cuidar de nossa História com todo carinho e amor possíveis, para

que, nossas futuras gerações possam compreender o que se passou antes

deles virem ao mundo e tentar compreender um pouco dos "por quês" da vida.

Autor:

Paulo Rogerio Bizzotto de Carvalho

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ANEXO III

ARTIGO

GORILAS CONTRAEM BACTÉRIAS AO ENTRAR EM CONTATO COM HUMANOS EM ÁREAS DE CONSERVAÇÃO NA ÁFRICA

Revista do Meio Ambiente – 11/2008

As atividades de ecoturismo e mesmo de pesquisa podem favorecer a

emergência de novos agentes causadores de doenças em grandes primatas na

África, indica um estudo feito em Uganda. A pesquisa mostra que os gorilas

que entram em contato com humanos, sejam eles guias de turismo ou

cientistas, contraem bactérias patogênicas e manifestam resistência a

antibióticos.

A situação é preocupante porque os primatas têm tido seu hábitat

progressivamente invadido pelos humanos. “As populações nativas de gorilas

não tiveram contato com humanos antes e têm a mesma fisiologia que nós, o

que as torna vulneráveis a contrair doenças”, disse à CH On-line o veterinário

Innocent Rwego, autor do estudo.

Rwego, pesquisador da Universidade Makerere, em Kampala, capital da

Uganda, apresentou ontem os resultados da pesquisa no Fórum Internacional

de Ecossaúde, realizado em Mérida, no México. O estudo foi feito na região do

Parque Nacional Impenetrável de Bwindi, no sudoeste desse país da África

Central.

Para avaliar se o contato crescente entre humanos e grandes primatas

estava pondo em risco a saúde desses animais, Rwego trabalhou com três

grupos de gorilas-da-montanha (Gorilla beringei beringei), com diferentes graus

de interação com humanos: animais que tinham contato regularmente com

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turistas, aqueles que só lidavam com pesquisadores e os que não tinham

qualquer contato com humanos.

As bactérias Escherichia coli presentes em amostras de fezes desses

animais foram comparadas com as encontradas nas populações que vivem no

entorno do parque, nos guias turísticos e nos cientistas que lidavam com os

primatas. Os resultados acusaram uma grande similaridade genética entre as

bactérias presentes em humanos e nos gorilas que tinham contato mais

freqüente com eles. O parentesco era progressivamente menor nos animais

que só lidavam com cientistas e nos gorilas selvagens.

Resistência a antibióticos

Rwego avaliou também se as bactérias encontradas nas fezes dos

animais manifestavam resistência aos antibióticos comumente usados na

região. Cerca de 22% das bactérias E. coli identificadas nos animais expostos

ao ecoturismo tinham resistência a pelo menos um dos antibióticos testados –

índice próximo aos 26% identificados em humanos. Nos animais em contato

com pesquisadores, a taxa foi de 10%, e nos gorilas selvagens, de apenas 2%.

Os resultados deixam claro que os gorilas que entram em contato com

humanos estão em risco. Isso significa que deveriam ser adotadas políticas de

restrição ao ecoturismo? Rwego acredita que haja outras soluções. “Limitar o

ecoturismo, que é uma fonte de renda para as populações locais, teria um

grande impacto sobre elas”, pondera. “Se respeitarmos as regras de saúde e

vacinação, é provável que consigamos reduzir o problema da transmissão.”

Segundo o autor, uma solução para minimizar a transmissão de

patógenos entre humanos e primatas seria controlar a população no entorno

das áreas protegidas. “Com o ecoturismo, vem a modernização, surgem lojas e

mais pessoas são atraídas”, explica. “Deveria haver políticas públicas para

reduzir a migração para a região das áreas de conservação, onde o ecoturismo

tem florescido.”

Bernardo Esteves*

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(*) O repórter viajou a Mérida financiado pela Federação Mundial dos

Jornalistas de Ciência.

ANEXO IV

ARTIGO

COMO A HOTELARIA BRASILEIRA ESTÁ SE INTEGRANDO AO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE

Revista Viagem e Turismo - 11/2007

O amanhecer no Vale do Sertãozinho é um espetáculo capaz de arrancar aplausos de quem se dispõe a levantar cedo para conferir. Quando os primeiros raios de sol banham de dourado as montanhas da Serra da Mantiqueira, uma névoa se levanta, descortinando as árvores da mata ciliar que acompanha um ribeirão.

No alto das colinas, entre araucárias e pastagens, as vacas aparecem como pequenos pontos brancos, enquanto a parte baixa do vale é tomada pelo cultivo de hortaliças, ervas e frutas. O vale fi ca a apenas 140 quilômetros da cidade de São Paulo, no município de Joanópolis, próximo da divisa com Minas Gerais.

Ali funciona, há 13 anos, o Ponto de Luz, hotel e spa holístico que busca a harmonia com a natureza, a responsabilidade social e a adoção de um modelo de negócio que permita ganhar dinheiro sem incomodar nem causar prejuízos a ninguém.

O Ponto de Luz foi idealizado por Ma Dhyan Bhavya, uma ex-empresária do setor de alimentos que decidiu criar em Joanópolis uma pousada sob o signo da sustentabilidade. Construídos com materiais rústicos e aproveitando o declive da montanha, os prédios da pousada ficam discretamente aninhados entre a vegetação.

Nos quartos, decorados segundo os preceitos do feng shui, o frigobar dá lugar a um pote de água fresca de mina, o ar-condicionado é trocado por sacadas

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amplas pelas quais entra a brisa amena da serra, e a TV, pelo barulhinho constante das cachoeiras vizinhas e pelo trinar dos pássaros.

A água quente para o banho é garantida por um sistema de aquecimento solar - embora haja chuveiros elétricos para os dias nublados. A comidinha caseira tem a maior parte dos ingredientes retirada da horta da própria pousada ou, então, comprada nas propriedades rurais vizinhas.

A maioria dos funcionários do hotel vive no Vale do Sertãozinho, o que configura dezenas de empregos diretos e indiretos. Eles têm carteira de trabalho assinada, e o hotel oferece bolsas de estudo para quem deseja melhorar sua qualificação.

Os hóspedes também são convidados a entender e praticar a sustentabilidade. Uma caminhada de apresentação pelas dependências do hotel, acompanhada por um guia, explica o funcionamento ecológico. Depois de entender o conceito, os hóspedes são convidados a participar da separação do lixo que produzem nos quartos e a trocar as toalhas apenas quando necessário.

O Ponto de Luz é um bom exemplo de uma tendência cada vez mais forte na hotelaria brasileira: adotar práticas sustentáveis. Preservar a paisagem, usar materiais de construção que não dependam da destruição da natureza, adotar um projeto arquitetônico que integre os prédios à paisagem e à cultura locais, reduzir o consumo de recursos como água e energia elétrica, eliminar a produção desnecessária de resíduos - como lixo e esgoto -, promover a educação ambiental e envolver a comunidade local no negócio são alguns de seus preceitos.

"Até pouco tempo, essas eram iniciativas de alguns empresários conscientes, mas já estão se tornando uma exigência do mercado", afirma Reinaldo Dias, autor do livro Turismo Sustentável e Meio Ambiente. "Os turistas mais bem-informados, que também são os que mais viajam e consomem produtos turísticos, estão dando preferência cada vez maior às hospedagens sustentáveis."

O conceito de sustentabilidade não é novo. Surgiu na década de 80, na esteira do movimento ecológico que protestava contra a instalação das usinas nucleares de Angra dos Reis e a destruição da Floresta Amazônica.

Ficou popular no Brasil durante a Rio 92, o encontro de cúpula que reuniu chefes de Estado do mundo inteiro para discutir o futuro do planeta, mas só agora, 15 anos mais tarde, começa realmente a fazer parte do modelo de negócios do turismo.

Isso se deve, de um lado, ao sentimento de urgência ecológica que vem se difundindo em conseqüência da divulgação de dados cada vez mais dramáticos sobre o futuro do planeta. Não em um futuro distante, que se conta em séculos,

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mas num futuro de poucas décadas e que se anuncia na forma de mudanças climáticas e extinção de espécies.

Por outro lado, as práticas sustentáveis são estimuladas pelo barateamento da matériaprima. Hoje, os materiais de procedência certificada custam praticamente o mesmo que os não-certificados. Em contrapartida, apenas a redução no consumo de água e energia elétrica que se verifica quando a sustentabilidade entra em cena produz uma economia que pode chegar a 15% dos custos fixos de uma pousada.

Não há dúvida de que sustentabilidade se tornou um bom negócio também do ponto de vista econômico.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - Turismo 10

1.1 Conceito 10

1.2 História do Turismo 10

1.3 Importância econômica do Turismo 16

1.4 Turismo no Brasil 17

CAPÍTULO II - Turismo Sustentável 19

2.1 Conceito 19

2.2 Impactos positivos e negativos 19

CAPÍTULO III – Planejamento Turístico 23

3.1 Conceito 23

3.2 História do Planejamento 24

3.2.1 Planejamento estatal no Brasil 25

3.2.2 Planejamento no setor turístico no Brasil 27

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3.3 Planejamento Sustentável do Turismo 28

CAPÍTULO III – Capacidade de Carga 30

3.1 Conceito 30

3.2 Estudo de Capacidade de Carga 30

3.3 Dificuldades do Estudo de capacidade de Carga 31

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 34

ANEXOS

ANEXO I - Turismo sustentável no Brasil 35

ANEXO II - A História e o Turismo 38

ANEXO III - Gorilas contraem bactérias 40

ANEXO IV – A hotelaria brasileira 43

ÍNDICE 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 48

ATIVIDADES EXTRA CURRICULARES 49

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

ATIVIDADES EXTRA CURRICULARES

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