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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA SUPERIOR NOVA PERSPECTIVA DA REALIDADE EDUCACIONAL BRASILEIRA O ARTIGO 52 INCISO II, DA LEI 9394/96 - SUA FINALIDADE E EFETIVIDADE Por: Giselle Maria Gomes Lopes de Siqueira Orientador: Prof. Ms. Marco A. Larosa Rio de Janeiro, 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPÓS-GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA SUPERIOR

NOVA PERSPECTIVA DA REALIDADE EDUCACIONALBRASILEIRA O ARTIGO 52 INCISO II, DA LEI 9394/96 -

SUA FINALIDADE E EFETIVIDADE

Por: Giselle Maria Gomes Lopes de Siqueira

Orientador:Prof. Ms. Marco A. Larosa

Rio de Janeiro, 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPÓS-GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA SUPERIOR

NOVA PERSPECTIVA DA REALIDADE EDUCACIONALBRASILEIRA O ARTIGO 52 INCISO II, DA LEI 9394/96 -

SUA FINALIDADE E EFETIVIDADE

Monografia final apresentadano Curso de Especialização emDocência Superior daUniversidade Cândido Mendessob orientação do ProfessorMarco Larosa, orientador.

Por:Giselle Maria Gomes Lopes deSiqueira

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AGRADECIMENTOS

Ao meu PAI do Céu , que me concedeu um grande pai na terra,Amado e idolatrado,Amigo, confidente, orientador e também professor,Cardiologista de profissão,Professor de coração,Com amor e dedicação,A vida inteira se doou,À família, aos pacientes e aos discentes.

Aos professores: Dr. Luiz de Gonzaga de Britto Nobre e à professora (futuradoutora) Elizabeth da Silva Gomes de Almeida.

Ao primeiro por ser responsável pela minha maturidade acadêmica desde aminha adolescência. Meu padrasto por imposição e mais um pai porconvicção. Militar, professor, e sobretudo educador. Sempre orientou-me paraexercer o pensamento crítico/reflexivo, defendendo a ideologia de umasociedade justa, igualitária, participativa em oportunidades e condições.

À professora Elizabeth que me ensinou a aprender. Profissional que fazdiferencial no ensino público fundamental, honrando e enobrecendo adocência brasileira.

À William OliveiraO homem que escolhi amar.

Aos meus filhos Brenno e Bernardo, que me ensinam a difícil arte de educaramando.

À Rosa Maria Nobre, minha mãe, exemplo de dedicação, amor e entrega.

Ao meu professor e orientador Marco A. Larosa, pela paciência orientandosobre os novos caminhos do aprendizado.

- III -

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DEDICATÓRIA

À minha avó, Maria Luíza do Santos,noventa anos,nove décadas de amor e dedicação,à todos nós doando-se em coração,dedico essa monografia e Pós-graduação,e com alegria e emoção,meu eterno amor e gratidão.

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PENSAMENTO

Quem são esses filhos do mundo?

Quem são esses filhos do mundo, muitas vezes , imundos, sem identidade, nem

personalidade?

Quem são esse filhos do mundo esquecidos por muitos, amparados por poucos?

Quem são esses filhos do mundo, falsos cidadãos, eis que excluídos de quase tudo!

E quem são essas filhas do mundo, que diante de tantas mazelas, muitas, nem mais

donzelas?

Quem são elas?

Filhas da mãe ou mães de ninguém também?

Quem são realmente esses tais filhos do mundo?

Estigmatizados, posto que marginalizados,

Sem educação por carência de instrução,

Sem nenhuma opção.

Esses filhos do mundo são os excluídos; os esquecidos que vivem, não convivem,

E quem são os outros filhos do mundo?

Os filhos do futuro, do progresso, que têm nome de pai e de mãe..

Os filhos da oportunidade, boa qualidade, com igualdade,

São lembrados,

Esses são realmente amados .

Pretensos personagem reais ou virtuais dessa realidade,

Feita de desigualdades, injustiças e falsas ideologias,

Engodo da vida, dor da maioria,

Quantas realidades distintas! Quanta verdade nessa diversidade!

Tal disparidade poderia ser minimizada.

E quem sabe, com mais igualdade haja mais nacionalidade?

Apreciaria, quem sabe, em um futuro , um dia,

Aos excluídos, pelo menos um pouco mais de cidadania.

Giselle Siqueira

- V -

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RESUMO

A presente monografia pretende tratar de um tema atual de grande relevância para a

estrutura educacional em nível superior. Trata-se da exigência inserida no art. 52 inciso II

da atual Lei de Diretrizes e Bases, que determina que: “um terço do corpo docente, pelo

menos, com titulação acadêmica de Mestrado ou Doutorado”, a partir de oito anos a

contar da data da publicação da Lei, segundo exigência do art. 88 § 2º. Exige ainda o artigo

52 no seu inciso III , que um terço do corpo docente trabalhe e se dedique à instituição em

tempo integral. Esse prazo expira-se portanto em dezembro de 2004.

Pretende-se analisar e questionar a exigência da norma, em confronto com a

realidade sócio-educacional brasileira. A nova Lei de Diretrizes e Bases foi formulada sob a

égide de uma Constituição qualificada como Democrática e Liberal, instaurando um

verdadeiro Estado de Direito. O trabalho vai tentar subsumir o desiderato da lei à realidade

brasileira com todos os seus contornos, paradoxos e complexidades.

- VI –

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METODOLOGIA

O tema proposto possui como referencial análise de livros, jornais, revistas,artigos, sites na internet e pesquisa de campo através de questionáriosrespondidos por docentes, visitas à universidades, bem como os estágiosrealizados em duas instituições superiores de ensino privado e uma instituiçãopública de nível fundamental, que serviram como metodologia para aelaboração dos problemas apontados. A discussão tem como ponto de partidaa praxis educacional do ensino na sua totalidade, mormente no ensinosuperior.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

CAPÍTULO II

CAPÍTULO III

CAPÍTULO IV

CAPÍTULO V

CAPÍTULO VI

CAPÍTULO VII

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E CITADA

ANEXOS

ÍNDICE

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo analisar o art. 52 inc.II da Leide Diretrizes e Bases; sua prática e efetividade. Entender se a aspiraçãoproposta pela lei está realmente sendo implantada na rede educacional. Istoporque uma lei possui legitimidade e legalidade no plano jurídico uma vezpromulgada, sancionada e publicada, mas nem sempre alcança eficácia noplano social. No contexto sócio-político-econômico os interesses da sociedademuitas vezes não são satisfeitos. A consequência é que a sociedade torna-seorfã das suas necessidades e aspirações. A nova LDB foi criada como leiinfra-constitucional respaldada e amparada por uma Constituição Federalprogressista . A lei quando é criada se propõe a regularizar e estabilizar aordem social de um país no plano jurídico. A sua elaboração pelo PoderLegislativo (nesse cado federal), através do Congresso Nacional, baseia-se emlongos estudos dos fatos sociais. Estes, quando elevados em nível jurídico,propõem-se a produzir equilíbrio nas relações sociais.

A proposta da monografia é saber através de pesquisas de jornais,revistas, sites na internet, entrevistas, literaturas específicas, se a norma doart. 52,inc.II da LDB no que tange à preparação do corpo docente superiorestá sendo cumprida e implementada pelas instituições superiores. A questãoa ser respondida é se a exigência legal do artigo supra está em vigência naprática educacional .

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CAPÍTULO IHISTÓRICO DO ENSINO NO BRASIL

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CAPITULO IHISTÓRICO DO ENSINO NO BRASIL

A questão educacional brasileira remonta desde o início da colonização. Como

marco histórico podemos citar a chegada dos primeiros jesuítas em 1549, chefiados pelo

Padre Manoel de Nóbrega. Eles cumpriram mandato do Rei de Portugal D. João III, onde

formularam o chamado “ Regimentos”, que pode ser considerado a nossa primeira política

educacional. O ensino jesuíta tinha apoio e subsídio da coroa portuguesa. Esse tipo de

educação ficou conhecida como “educação pública religiosa” e preponderou até 1759,

quando os jesuítas foram expulsos pelo Marquês de Pombal.

Pombal instalou uma nova concepção educacional, que ficou conhecida como “as

reformas pombalinas da instrução pública”. Uma característica muito importante dessa

reforma foi que se contrapôs à idéia de educação religiosa. Com influência do Iluminismo

implantou uma educação laica, bem como, transferiu a educação para responsabilidade do

Estado. A educação continuou a ser pública mas agora estatal e não mais religiosa.

Importante destacar, que em um primeiro momento, houve isolamento cultural da

Colônia. Havia o receio de idéias novas implantadas dentro da Colônia, que obviamente

não era do interesse da Metrópole. No entanto, em meados do sec. XVIII foi inexorável a

influência do Iluminismo e seus pensamentos liberais.

Oficialmente com a proclamação da República houve a separação entre a Igreja e o

Estado em relação à Educação. Durante os primeiros anos da República a educação

permaneceu desorganizada e descentralizada. O ensino primário estava sob a

responsabilidade das antigas províncias transformadas em estados federados com a

República.

Apenas no início do século passado, na década de 20, o analfabetismo é visto como

uma “vergonha nacional”. Esse quadro deu-se em razão da industrialização e urbanização,

onde ocorreram pressões sociais em torno da educação pública. O quadro histórico

educacional começa a se efetivar, quando em 1930 (após a vitória da Revolução) é criado

o Ministério da Educação e Saúde. A partir desse momento, a educação passa a ser

considerada de ordem nacional. Senão vejamos:

- 1931 – as reformas do Ministro Francisco Campos;

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- 1932 – o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova;

- 1934 – a Constituição exigia a fixação das diretrizes da educação nacional de

competência da União, segundo o que dispunha o art. 5º incisoXIV;

- 1942/1946 – foram criadas várias leis orgânicas do ensino pelo Ministro da Educação

Gustavo Capanema. Exemplificando, foi nesse período que foram criados o SENAI e o

SENAC;

- 1946 – A Constituição de 18 de setembro foi considerada liberalista e nesse contexto

foi definido no bojo das suas leis, que a educação era um direito de todos. Foi a partir

do que a Constituição de 46 dispunha sobre educação, que em 1947 inicia-se a

elaboração da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que no entanto, só foi

aprovada treze anos depois em 1961 com a Lei 4024/61.

As primeiras universidades no Brasil:

- Durante o período Colonial e depois no Império, o Brasil não teve universidade. Em

1592 os jesuítas tiveram uma iniciativa nesse sentido, mas receberam a desaprovação

do Papa e em 1669 a Coroa portuguesa proibiu que o Colégio da Bahia fosse elevado a

categoria de Universidade. O marco histórico para o início da implantação do ensino

superior no Brasil foi a transferência da Corte portuguesa em 1808. Nesse primeiro

momento não tivemos efetivamente instauração do ensino superior. O que ocorreu é

que foram estabelecidas no país as primeiras instituições isoladas de ensino superior

nos moldes de Faculdades, para atender às profissões de oficiais militares, médicos e

engenheiros. D. João VI criou as seguintes Faculdades dos cursos acimas descritos:

- 1808 – Escola de Cirurgia no Hospital Real na Bahia e instituiu a Real Academia de

Guardas Marinhas;

- 1809 – Escola de Medicina e Cirurgia no Hospital Militar também na Bahia e em

Pernambuco criou uma Cadeira de Cálculo Integral, Mecânica e Hidrodinâmica;

- 1810 – Real Academia Militar que foi convertida em 1857 em Escola Politécnica;

- 1812 – Laboratório Químico-Prático na Corte do Rio de Janeiro.

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- 1827 - Faculdade de Direito em Olinda . O ensino jurídico teve grande relevância

nessa época pela formação de profissionais como magistrados, promotores públicos,

advogados, professores, administradores, jornalistas e políticos.

- A primeira Universidade brasileira foi criada em 1912 no Paraná. A segunda

Universidade foi instalada no Rio de Janeiro em 1920 e em 1927 e 1934 as

Universidades de Minas Gerais e São Paulo, respectivamente;

- 1940 – Surge a primeira universidade particular brasileira, a Pontifícia Universidade

Católica (PUC), no Rio de Janeiro.

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CAPÍTULO IIRESUMO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

DA DÉCADA DE SESSENTA AOS DIAS DE HOJE

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CAPÍTULO IIRESUMO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA DA DÉCADA DESESSENTA AOS DIAS DE HOJE

A primeira LDB (Lei 4024/61) foi criada na década de sessenta antes do Golpe

Militar e consequência de um trabalho que tramitou treze anos até finalmente ter sido

promulgada. A idéia da implantação de uma lei educacional que tratasse não somente das

diretrizes, mas também das bases da educação brasileira nasceu sob o império da

Constituição Federal de 1946, que tinha na sua essência idéias liberais, resultado do

momento político e econômico que o país atravessava. Só para efeito de referência, com a

crise do café, o país precisava começar a produzir seus produtos manufaturados para sair da

sua base econômica que era essencialmente monoculturista.

Com a industrialização e consequentemente menos importações, o país passa a

adotar uma ideologia nacionalista. Industrialização e nacionalismo praticamente tornaram-

se sinôminos. Quanto a questão econômica a riqueza concentrou-se nas mãos de poucos;

os detentores dos meios de produção capitalista. Os assalariados continuaram a ter

participação ínfima no processo de distribuição da riqueza; as desigualdades acentuaram-se

na medida que os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres. A migração para os

centros urbanos aumentou significativamente na medida que a propriedade da terra foi

negada àqueles que nela trabalhavam. Portanto, sem terra, sem saneamento, saúde e

condições básicas no campo, o homem rural migra em direção a cidade . A consequência é

que aumentaram os problemas urbanos, pois as cidades ficaram “inchadas” repentinamente

sem infra-estrutura para abarcar o intenso fluxo populacional. O que se deu foi que esse

contingente de migrantes foi viver em cortiços, favelas, ruas ou sob viadutos.

Concomitantemente ao empobrecimento e a marginalização do povo brasileiro, as

multinacionais se apoderaram de vários setores da economia nacional. O processo de

industrialização foi uma atividade bastante lucrativa pra os empresários internacionais. A

dívida externa brasileira crescia vertiginosamente. O momento que antecedeu ao Golpe era

de instabilidade política e social o que propiciou a tomada do poder pelas Forças Armadas.

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O Golpe de l964 provocou uma ruptura política. Na década de sessenta já não

dependíamos tanto da importação de manufatura dos países estrangeiros, pois a meta da

industrialização estava sendo atingida. Essa ruptura aconteceria ou no nível político ou

econômico, pois havia uma contradição entre ambos. A ruptura política se deu para

preservar a ordem sócio-econômica. Foi nessa contradição entre modelo econômico e

político que a educação encontra uma brecha para novas perspectivas . Exemplos dessas

novas possibilidades encontram-se elencados abaixo:

- Movimento de Educação de Base;

- Campanhas de alfabetização de adultos;

- MOBRAL criado com a tentaiva de erradicar o analfabetismo do Brasil em dez anos.

Nesse momento o índice de analfabetos era de 32,05%. Mas apesar de ser criado na

década de sessenta, só se efetiva a partir da década de setenta;

- Decreto 68.908 que tenta resolver a crise dos chamados “excedentes” com a criação

do vestibular classificatório.

Mas em 1968 houve uma reforma no ensino superior através da Lei nº 5540/68 e

em 1971 tivemos a reforma do 1º e 2º grau com a Lei nº 5692/71.

A lei 4024/61 embora tivesse a pretensão de tratar das diretrizes e das bases

educacionais na verdade limitou-se a tratar da organização escolar. A afirmação se

depreende da interpretação de seus artigos. Os verdadeiros problemas educacionais

permaneceram intocados e a educação desejada pelos interessados na mudança sequer foi

considerada. A educação foi usada como aparelho reprodutor das relações sociais vigentes.

Infelizmente os objetivos educacionais não foram realmente efetivados e trazer para a

presente monografia todas as questões sociais, políticas e ideológicas, que culminaram

com o Golpe Militar em 31 de março de 1964 demandaria um trabalho mais acurado e

complexo. A contextualidade do momento político serve apenas para não deixar o trabalho

sem referência histórica.

Como a Lei 4024/61 não preencheu as necessidades educacionais da época

tivemos duas reformas posteriormente. Vale ressaltar rapidamente que a reforma do

ensino superior em 1968 foi realizada “de cima para baixo”. O governo como que

raciocinando: “ Façamos a reforma antes que outros o façam” apressou-se em desencadeá-

la. Os principais agentes representantes dos anseios populares: docentes, discentes e demais

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membros da sociedade, não tiveram participação, que portanto foi realizada pela camada

dominante; a elite. Como exemplo, podemos constatar o que disse Marilena Chauí a um

jornal: “ Abrir vagas, ampliar o corpo docente, aumentar verbas e recursos, criar cursos

básicos para a integração de toda a universidade, pôr um fim na tirania da cátedra, instaurar

os departamentos com seus colegiados. Fora com a universidade elitista e de classe/

Universidade crítica. Livre, aberta”. (CHAUI, Marilena. Folha de São Paulo, 22-01-84).

Após o Golpe de 64 a Universidade passa a ser o lugar das reivindicações

reformistas, verdadeiro foco de resistência ao regime instaurado em 1964. Com a

implementação do modelo econômico capitalista a escolarização caracteriza-se como a

principal via de ascensão social. A classe média pressiona para que haja mais

“democratização” do ensino superior.

A reforma do ensino superior ocorrida no ano de 1968 foi feita pelo Governo, ante

pressões dos estudantes que nesse período ocuparam as Universidades, criaram a União

Nacional dos Estudantes (UNE), fizeram passeatas, manifestações de atos públicos e

instalaram cursos pilotos. Os principais articuladores do movimento de reforma

universitária, estudantes, professores universitários e intelectuais propuseram programas de

reestruturação da universidade. Importante destacar ,por exemplo, que havia aspirações da

universidade tornar-se efetivamente centro de pesquisa e ensino. Uma das lutas dos

estudantes universitários foi em relação ao aumento do número de vagas nas universidades

públicas. Passava-se no vestibular ao atingir-se a nota mínima, mas não havia oferta de

vagas para todos. Eram os chamados “excedentes”. O Decreto 68.908 supra-citado foi

criado justamente para tentar resolver a questão.

Vale destacar no presente trabalho a diferença na essência da Lei 4024/61 que

possuía um ideal liberalista e as reformas do ensino nas Leis 5540/68 e 5692/71, que eram

tecnicistas. Deixa-se de primar tanto pela qualidade e passa-se a valorizar mais a

quantidade. A grande mudança operada pelas reformas nas leis 5540/68 e 5692/71 foram de

ordem política com o objetivo de garantir a continuidade sócio-econômico do país. A

reforma universitária só garantiu e ratificou o domínio da classe dominante e de uma

estrutura educacional superior voltada para a minoria . Em 1969 a Reforma Universitária

começou a ser posta em prática. Lembremos a criação do vestibular classificatório, onde só

seriam aprovados tantos candidatos quantas fossem as vagas. Deixa de existir os

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“excedentes”. Aumenta-se o número de escolas superiores particulares, pois até então o

ensino superior possuía a hegemonia do setor público.

II . 1 - RESUMO CRONOLÓGICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL (PERÍODOS DE 1937 A 1955 E 1955 A 1968)

1937 : Constituição (Estado Novo)

1942/3 : Reforma Capanema

- Decreto 4073 - Lei Orgânica do Ensino Industrial

- Decreto 4048 – Criação do SENAI

- Decreto 4244 - Lei Orgânica do Ensino Secundário

- Decreto 6141 – Lei Orgância do Ensino Comercial

1945: Queda de Getúlio Vargas - Governo Provisório

1946 :

-Decreto 8529 – Lei Orgânica do Ensino Primário

-Decreto 8530 – Lei Orgânica do Ensino Normal

-Decreto 8621 – Criação do SENAC

-Decreto 9613 – Lei Orgânica do Ensino Agrícola

-Constituição em 18 de setembro

1947: Surgimento do Ensino Supletivo

1961: Lei 4024 – “Carta de Libertação da Educação Nacional”

1962: Instalação do Conselho Federal de Educação e Aprovação do Plano Nacional de

Educação (1962 – 1970)

1964:

-Decreto 53465 – Programa Nacional de Alfabetização

-Acordo MEC-USAID

-Instituição do Salário Educação

-Lei 4464 – Lei Suplicy » Determinação da ilegalidade das instituições estudantis.

1966:

-Decreto-Lei nº 53 » Determina mudança na organização das Universidades e cria

um órgão central com atribuições deliberativas para supervisão.

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- Decreto – Lei 252 – Reestruturação das Universidades Brasileiras.

1968: Lei 5537 - Criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

Complementada pelo Decreto-lei nº 872.

- Decreto 63341 – Estabelece critérios para a expansão do Ensino Superior.

- Decreto-lei nº 405 – Fixa normas para um incremento das matrículas do Curso

Superior.

- Lei 5540 – Institui princípios para organização e funcionamento do Ensino Superior e a

sua articulação com a escola média.

1968 (13 de dezembro) – Ato institucional nº 5 (AI 5)

1969 « Decreto-lei 477- 26/02/69 – Reflexo do AI 5 no Sistema Educacional,

impedindo a organização dos estudantes.

II . 2 - BREVE COMENTÁRIO DO ENSINO DE 1º E 2º

GRAUS E A REFORMA - LEI Nº 5692/71

O governo tornou o 2º grau obrigatoriamente profissionalizante, por isso, escrevemos

que a reforma possuía na sua essência um aporte tecnicista procurando desviar os alunos

do ensino universitário através da expedição de um diploma técnico. A proposta era a

formação rápida de profissionais para o mercado de trabalho. Necessitava-se da

profissionalização rápida , com mão-de-obra especializada para um mercado nacional em

expansão. Havia preocupação com a quantidade como já escrevemos, relegando a

qualidade da formação profissional da maioria. A ideologia era integrar o sistema de ensino

técnico à realidade social do país. Marilena Chauí foi entrevistada pela Folha de São Paulo

e entre outras coisas disse: “ ...escola-comunidade propunha transformar a escola em

empresa encarregada de reproduzir com sucesso o capital.” ( Chauí, Marilena. Folha de São

Paulo,6 de julho de 1977). Importante ressaltar que essa reforma também foi realizada

sem a participação popular. O projeto de lei teve que ser submetido ao Congresso para

apreciação da matéria no prazo de quarenta dias, sob pena de ser considerado

automaticamente aprovado pelo decurso de prazo. É irônico quando comparado ao prazo de

tramitação da Lei 4024/61 que durou treze anos!

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Duas considerações a respeito da lei reformadora: primeiro quanto aos objetivos

gerais da educação nacional foram mantidos os mesmos estabelecidos pela Lei nº 4024/61 ,

em relação ao ensino de 1º e 2º graus, vale transcrever o que prescrevia o artigo 1º da

5692/71: “ O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a

formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-

realização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania”. O ensino

do 1º grau destinava-se á formação geral, já o de 2º grau era obrigatoriamente

profissionalizante sendo posteriormente reformado pela Lei nº7044/82. No entanto, a partir

de 1983, por força da Lei nº 7044/82 os estabelecimentos de ensino ficaram com direito a

escolher se ministrariam ensino de 2ºgrau profissionalizante ou educação geral.

II . 3 - RESUMO GERAL DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA DÉCADA DE SESSENTA AOS DIAS ATUAIS

- Lei nº 4024/61- Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional;

- Lei nº 5540/68 - Lei da Reforma Universitária;

- Lei nº 5692/71 - Lei da Reforma do 1º e 2º graus;

- Lei nº7044/82 - Determina que o 2º grau pode ser direcionado para a educação geral ou

para o ensino profissionalizante;

- Estrutura do ensino:

- 1º grau – educação geral (mínimo de 8 anos);

- 2º grau – profissionalizante ( ¾ anos) » auxiliar técnico em 3 anos e técnico em 4 anos

ou formação geral;

- Ensino superior – requisitos : conclusão do 2º grau e aprovação no vestibular.

- Lei nº 9394/96 – Atual Lei de Diretrizes e Bases ( LDB);

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CAPÍTULO IIIA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E

A LEI DE DIRETRIZES E BASES

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CAPÍTULO III :A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A LEI Nº 9394/96 (LDB)

III . 1 – CONSIDERAÇÕES RELEVANTES SOBRE A EDUCAÇÃO NA ESSÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de

1988, inicia-se com os fundamentos do Estado Brasileiro elencando os direitos civis,

políticos e sociais dos cidadãos. A LDB, nasceu sob a égide da atual Constituição com a

proposta de um novo modelo educacional no Estado Democrático de Direito, cujos

fundamentos constitucionais dispostos no artigo 1º são:

I) soberania;

II) cidadania;

III) dignidade da pessoa humana;

IV) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V) pluralismo politico;

Constituem objetivos fundamentais: “construir uma sociedade livre, justa e

solidária; garantir o desenvolvimento nacional; irradicar a pobreza e a marginalização e

reduzir as desigualdades sociais e regionais, promovendo o bem de todos, sem preconceitos

de origem raça, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” (art. 3º da CF/88).

Tudo com base em uma sociedade democrática e o reconhecimento dos sujeitos de direito.

A conquista desses direitos sociais constitui um longo e árduo processo

político/democrático. A Educação faz parte do projeto nação está disposta no Título VIII -

Da Ordem Social - Capítulo III que trata: social da “DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E

DO DESPORTO”. Na seção I encontramos dez artigos dispondo sobre os novos caminhos

ambicionados para a educação brasileira permeados pelos mesmos objetivos, nobres e

altruístas, que nortearam toda a essência da Carta Magna.

“Nós representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional

Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos

direitos sociais e individuais , liberdade, segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a

igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem

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preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e

internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos sob a proteção de

Deus , a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil”.

O texto acima foi extraído do preâmbulo que inaugura o novo estado brasileiro,

posto que, juridicamente, a cada nova Carta Magna, tem-se início um novo Estado

jurídico. As palavras em negrito foram destacadas propositadamente, pois a educação

brasileira está inserida juridicamente no corpo da Ordem Social em nível constitucional.

Hodiernamente encontramos os objetivos educacionais brasileiro, dispostos nos dez

artigos constitucionais, amplamente contemplados na Lei 9394/96 distribuídos em noventa

e dois artigos. Trataremos novamente do assunto no capítulo IV, item IV. 2 . No mesmo

ano em que houve a promulgação da atual Constituição surgiu o primeiro projeto completo

de uma nova LDB. Um breve resumo da tramitação do projeto de Lei nas duas casas:

1ª etapa na Câmara dos Deputados:

- em 1988 « projeto Otávio Eliseo;

- em 1989 « substitutivo Jorge Hage;

- em 1990 « projeto substitutivo Sandra Cavalcante;

- em 1991 « projeto substitutivo Angela Amin;

- em 1993 « aprovação do Projeto pela Câmara.

2ª etapa no Senado Federal:

- 1993 « projeto substitutivo Cid Sabóia;

- 1996 « projeto substitutivo Darcy Ribeiro – aprovado no Senado no mesmo ano.

Da Lei nº 9394/96:

A lei está estruturada em nove títulos:

- Título I Da Educação art1º

- Título II Dos Princípios e Fins da Educação Nacional art.2º e 3º

- Título III Do Direito à Educação e do Dever de Educar art.4º a 7º

- Título IV Da Organização da Educação Nacional art.8º a 20º

- Título V Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino art. 21º a 60º

- Título VI Dos Profissionais da Educação art. 61º a 67º

- Título VII Dos Recursos Financeiros art. 68º a 77º

- Título VIII Das Disposições Gerais art. 78º a 86º

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- Título IX Das Disposições Transitórias art. 87º a 92º

Normalmente os projetos que envolviam o tema educacional nasciam da iniciativa do

Poder Executivo. A atual LDB, ao contrário, teve iniciativa do Poder Legislativo.

III . 2 -DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: ARTIGOS 43 A 57 DA LDB

Artigo 43 « Trata das finalidades da educação superior. O legislador preferiu tratar das

finalidades da educação superior à tratar dos objetivos. Importante também ressaltar que a

educação superior entrou para o corpo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

Artigo 44 « Preceitua a respeito da organização da educação superior. São quatro

categorias de cursos:

a) seqüenciais;

b) graduação;

c) pós-graduação;

d) extensão.

Em relação ao ítem “a” ou seja cursos seqüenciais constitui uma inovação da lei. Esses

cursos seqüenciais foram regulamentados pelo Parecer CES 672/98 do CNE transformado

na Resolução nº 1 de 27 de janeiro de 1999. Os alunos devem preencher as exigências que

a instituição que oferecer os cursos determinar. Há necessidade de conclusão do ensino

médio. Esses cursos conferem qualificação acadêmica, técnica ou profissional. Os alunos

que finalizarem o curso com aproveitamento receberão um diploma ou um certificado

dependendo do curso seqüencial : de formação específica ou complementar de estudos cuja

destinação pode ser coletiva ou individual.

Artigo 45 « São instituições de ensino superior:

a) Universidades;

b) Centros Universitários;

c) Faculdades Integradas;

d) Institutos Superiores ou Escolas Superiores.

A educação na sua essência é pública. Quando ministrada por instituições privadas estão

permissionárias de um serviço público. No capítulo VI trataremos com mais profundidade

25

dos critérios de avaliação. O Ministério da Educação editou, através do Decreto nº 2.026

de 10 de outubro de 1996, o Exame Nacional de Cursos (O Provão), que estabelece os

processo de avaliação dos cursos das instituições de ensino superior. Para avaliação dos

cursos de Pós-Graduação em sentido estrito a responsabilidade cabe ao CAPES. Há ainda

uma portaria editada pelo MEC de nº 878 de 30/07/97 fixando o prazo de até 30 de

setembro de cada ano para as Instituições de Ensino Superior tornarem públicas as

informações sobe as condições do seu ensino.

Artigo 46 « A instituição de ensino superior deverá passar por três critérios para poder ter

autorização e reconhecimento para se estabelecer:

1º) autorização para seu funcionamento;

2º) reconhecimento;

3º) credenciamento.

Podemos citar como exemplo de instituições de nível superior que estão utilizando formas

avançadas de critérios de avaliações as Universidades como a UnB, UNICAMP e USP.

Artigo 47 « O ano letivo do ensino superior terá duração mínima de 200 dias letivos.

Artigo 48 « Uma inovação da lei no § 1º determina que a própria instituição pode registrar

seus diplomas.

Artigo 49 « Em relação à tranferência só é possível em cursos regulares, ou seja, nos cursos

de graduação e pós-graduação, já nos cursos seqüenciais não é possível.

Artigo 50 « Neste artigo encontra-se uma aspiração social do papel que a universidade

pode e deve ocupar no seio da sociedade. Trata-se da possibilidade de qualquer pessoa,

mediante processo seletivo, que não necessariamente o vestibular, estando apto, poderá

matricular-se em disciplina isolada. Seria um aluno “eventual” que busca novos

conhecimentos beneficiando-se profissionalmente sem ter que parar de trabalhar.

Artigo 51 « Importante questão educacional tratada neste artigo, cuja proposta espera-se

que seja realmente alcançada. O artigo prescreve a necessidade de articulação entre os

diferentes níveis de ensino: fundamental, médio e superior. Principalmente do ensino médio

com o superior, onde as universidades informar-se-ão sobre as diretrizes adotadas pelo

sistema de ensino médio. Existem críticas no sentido de que o ensino superior vem se

distanciando do ensino médio. Atualmente o ensino médio com formação geral para quem

pretende cursar o nível superior tem que ser feito em cursinhos especializados em macetes

26

para admissão no vestibular. Prioriza-se assim o acesso ao ensino superior em detrimento à

construção do conhecimento. Uma proposta progressista seria o diálogo entre os

professores de ensino superior com professores de ensino médio freqüente, não apenas para

tratar de vestibular, mas da educação como um todo (escreveremos novamente no cap. IV).

Artigo 52 « Este artigo é o tema principal da presente monografia e trata de três ítens

muito importantes:

a) A universidade como instituição pluridisciplinar = no inciso I a universidade

desempenha função social na medida que trata de temas e problemas relevantes

(lembrar a finalidade proposta pelo artigo 43 inciso VI).

b) Aqui desempenha um grande avanço no quadro de corpo docente das instituições

superiores quando determina que, pelo menos um terço, do corpo docente tenha

titulação em Mestrado ou Doutorado.

c) Tempo integral = representa quarenta horas semanais de trabalho dedicados à

instituição de ensino através do ensino, pesquisa e extensão.

d) O único parágrafo do artigo trata de outra grande inovação na sistemática do ensino

superior. Representa a possibilidade da criação de universidades centradas em um

determinado campo do saber específico, quer dizer, universidades especializadas.

O prazo para implantação das normas dos incisos II e III supra é de oito anos, segundo

disposição legal do artigo 88§2º.

Artigo 53 « Neste artigo é tratado uma das questões mais debatidas pelas universidades;

sua autonomia. O assunto encontra amparo constitucional no artigo 207 da CF/88. Essa

autonomia é uma necessidade e uma conquista principalmente no que se refere à gestão

financeira e autogestão das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Vale uma resssalva ;

que os dez incisos do artigo dispondo sobre autonomia não diferencia instituição pública

ou privada.

Artigo 54 « Aqui se tratou propriamente do ensino superior público cujos recursos

financeiros são provenientes dos entes públicos. Para tal, a lei prevê a criação de um

estatuto jurídico especial. O estatuto será o documento jurídico da conduta institucional e

regulará os recursos humanos e financeiros da instituição.

Artigo 55 « Trata do financiamento para a manutenção das instituições federais de ensino

que é responsabilidade da União na forma do § 1º do artigo 211 da CF/88 e artigo 9º inciso

27

II da LDB, cabendo à União a obrigação de organizar e financiar o sistema federal de

ensino.

Artigo 56 « O disposto no artigo encontra-se elencado constitucionalmente no artigo 206,

inc.VI da CF/88. Dispõe a lei a respeito da gestão democrática no ensino público. O

parágrafo único trata da ocupação no percentual de setenta por cento do docentes nos

órgãos colegiados de cada instituição, inclusive das comissões. Essa posição de hegemonia

se deve ao fato de que é o corpo docente o responsável pela qualidade do ensino ministrado

na instituição da qual faz parte .

Artigo 57 « Dispõem sobre a carga horária mínima do professor em sala de aula. Não

esquecer que o artigo 52 no seu inciso III determina que 1/3 do corpo docente trabalhe em

regime integral.

28

CAPÍTULO IVENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO

29

CAPÍTULO IVENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO

Não podemos tratar da Educação no ensino superior que está no ápice da pirâmide

educacional sem uma breve análise da base desta estrutura do ensino que é a educação

básica.

A nova Lei não poderá oferecer nível mais elevado de ensino enquanto os níveis

inferiores não forem atendidos plenamente. Seus princípios políticos e filosóficos estão

voltados para uma aprendizagem que não vise somente o aluno, mas também o professor;

que como educador deverá ter um compromisso político, ético, profissional. Uma grande

preocupação da LDB é desafiar o seu corpo docente e discente a encontrar seu próprio

caminho através da conscientização de se fazer cidadão. Isto porque é a primeira vez, que

uma lei estabelece as obrigações do professor, definindo as atividades inerentes à docência.

A educação escolar pela atual LDB está dividida em educação básica e educação

superior. A educação básica, por sua vez, se subdivide em educação infantil, ensino

fundamental e ensino médio. A Educação infantil é a primeira etapa da educação básica e

tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, sendo

oferecida em creches (crianças até 3 anos de idade) e pré-escolas (crianças de 4 a 6 anos).

O ensino fundamental terá por objetivo a formação básica do cidadão. O artigo 32

possui quatro incisos e quatro parágrafos estabelecendo os critérios a serem adotados para

essa fase da educação básica. . O ensino fundamental, dever do Estado, é público, gratuito

e obrigatório, com duração mínima de oito anos. Seu objetivo é a formação básica do

cidadão.

O ensino médio finaliza a etapa da educação básica e a princípio habilita o

educando a ter capacidade para atuar inicialmente no mercado de trabalho. Portanto deve se

empreender uma relação intensa de diálogo entre professores do ensino médio e superior

como forma de possibilitar concretamente o ingresso cada vez maior de estudantes nos

bancos universitários. Há necessidade de uma relação efetiva em prol do conhecimento

científico como prioridade da educação, pois atualmente ensino médio é sinônimo de

vestibular. Esse diálogo deve passar por questões como: conteúdos das disciplinas,

metodologias, avaliação dos materiais didáticos do ensino médio. Não existem simpósios,

30

reuniões, congressos, seminários, entre o corpo docente de ensino médio e superior para

tratar destas questões. Os encontros que acontecem são apenas para tratar do vestibular. O

papel fundamental do ensino médio deve ser o estabelecimento concreto entre o

conhecimento teórico e a prática do exercício profissional, pois sua finalidade é preparar o

educando para a competição no mercado de trabalho. Os art. 35 e 36 estabelecem a

finalidade e o currículo do ensino médio. A metodologia adotada e as avaliações devem

estimular a iniciativa do estudante levando-o a ter cada vez mais vontade de aprender e

evoluir.

Infelizmente vamos abordar por vezes no presente trabalho que a educação

brasileira é altamente seletiva e excludente em todos os seus níveis. Conforme o grau do

ensino a seletividade e exclusão tornam-se maiores principalmente no nível superior, mas

ainda no ensino fundamental percebemos essas características. Os princípios elencados nos

artigos 3º da LDB e 206 da CF/88 teoricamente conferem a todos igualdade no ingresso na

escola. O inciso I do art. 3º da LDB dispõe: “ igualdade de condições para o acesso e

permanência na escola”. Ainda como princípio constitucional podemos lembrar o artigo 5º

da CF/88 caput que determina: “ todos são iguais perante a lei...”. Apesar de percebermos

um avanço gradativo do sistema educacional que conta com parceria da sociedade, a teoria

do ensino brasileiro ainda não alcançou plenamente as metas e objetivos reais. Em anexo à

presente monografia colhemos material retirado de jornais e revistas como exemplos dessa

prática social que está sendo aos poucos implantadas.

Quando se fala em igualdade estamos relacionando camadas populacionais de todas

as regiões do país. Não apenas a parcela social do perímetro urbano. Um país de grandes

proporções geográficas como o Brasil possui várias realidades distintas e

consequentemente várias sub-culturas. Bem verdade, que nem sempre em perfeita

harmonia, portanto igualdade para todos não é necessariamente, em termos educacionais,

sinônimo de uma política pedagógica hegemônica. Há que se adaptar a realidade

educacional à situação social de cada região, desde as populações rurais às periferias

urbanas.

Na década de 90 as estimativas indicavam que 25,03% da população brasileira

vivia em zonas rurais enquanto 74,97% em zonas urbanas. Tratar da educação somente, é

esquecer que a questão social passa por outros valores tais como saneamento, saúde,

31

transporte, alimentação. Oferecer ensino é possibilitar o estudante a exercitar sua cidadania

através de meios efetivos tais como: locomoção até a escola, material didático, alimentação

adequada, eis que na maioria das vezes o alimento escolar é a única ou a principal refeição

que ele tem para receber, permitir que se dedique somente aos estudos sem ter que

contribuir para a renda familiar e apoiá-lo e orientá-lo nas tarefas escolares. Enfim,

percebemos que a educação que se busca nos preceitos legais ainda está distante da

realidade.

Outra questão importante a ressaltar é quanto a dotação orçamentária dos entes

públicos destinados ao sistema de ensino. Municípios, Estados e o DF têm que aplicar pelo

menos 25% da arrecadação proveniente dos seus impostos, enquanto que cabe à União o

percentual mínimo de 18% (CF/88, art. 212). Apesar disso, em 1990 apenas 2,4% do total

dos gastos da União foram destinados à Educação e em 1991 apenas 4,2%.

Educar é também garantir a permanência do aluno na escola, pois historicamente

2/5 dos alunos não permanecem na mesma. O Censo Escolar 2000 e o Censo de Educação

Superior 1999 realizado pelo Inep/MEC apontam estatisticamente a seguinte situação

escolar brasileira: 4.421.332 alunos na Pré-escola, 35.717.948 no Ensino Fundamental,

8.192.948 no Ensino Médio e 2.369.945 no Ensino Superior totalizando cerca de

50.702.173 estudantes, ou seja, pouco menos de 1/3 da população brasileira.

Em relação ao ano letivo a lei inovou ao aumentar o ciclo anual. Atualmente a lei

determina o mínimo de 200 dias e 800 horas (e não apenas 800 aulas). A freqüência é

requisito para a aprovação do aluno no percentual de 75%.

A Lei no artigo 87 instituiu a Década da Educação. Importante ressaltar os

objetivos que os legisladores esperaram alcançar no prazo de dez com a Década da

Educação. Em 1993 vários órgãos como MEC, CONSED, UNDIME, entre outras entidades

governamentais e não-governamentais, sob a égide do Ministério da Educação também

elaboraram um Plano Decenal de Educação para Todos para o período de 1993/2003. Esse

plano foi conseqüência da Conferência de Jombien na Tailândia. Nessa Conferência o

Brasil ficou posicionado entre os nove maiores países com baixos índices de produtividade

do seu sistema educacional. Só para efeito de referência para o trabalho elencamos:

Bangladesh, Brasil, China, Egito, Índia, Indonésia, México, Nigéria e Paquistão. Só que o

32

compromisso não se efetivou. A esperança se renova com a Década da Educação que

iniciou-se em dezembro de 1997 e terminará em 2007.

“ A nova Lei, infelizmente, confirma: o nosso maior atraso histórico não está na

economia, reconhecida como já importante no mundo, mas na educação. Ou

resolvemos isso, ou ficaremos para trás. O resgate completo do professor básico é a

premissa primeira”

(Pedro Demo)

IV . 1 – ALGUNS ACONTECIMENTOS NA ÁREA EDUCACIONAL NA DÉCADA DE NOVENTA :

- 55% do total de estudantes universitários estavam concentrados no eixo RJ-SP-MG.

- Nas regiões Norte-Nordeste do Brasil ainda era muito freqüente a figura do professor

leigo, algumas vezes sem o 1º grau completo.

- Segundo relatório do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica cerca de 59%

dos professores não prestaram concurso público. Foram indicados por políticos ou

técnicos.

- Em 1992, Carlos Chiarelli, Ministro da Educação declarou que no Brasil “ os

professores fingem que ensinam, os alunos fingem que aprendem e o governo finge que

controla”.

- Nos últimos 45 dias do ministro Murilo Hingel no MEC foram aprovados 172 novos

cursos superiores e quatro novas universidades.

- Segundo a OAB dos 89 cursos de direito apenas sete formam bons advogados.

- Paulo Renato de Souza foi indicado ministro da Educação.

- Entrou no ar a TV Escola para promover a atualização dos professores.

- O MEC criou um sistema de avaliação de alunos formados nos cursos superiores, o “

PROVÃO”.

- Em 1997 as escolas de 2º grau também passaram a ser avaliadas.

- Em 1996 o Presidente da República sancionou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

( LDB).

- Morrem: Paulo Freire e Darcy Ribeiro.

33

- O país contava com 894 instituições de ensino superior das quais 222 são públicas, 127

universidades sendo 68 públicas.

IV . 2 - ENSINO BÁSICO PELA LDB:

O art. 1º define o que é educação, diz que juridicamente o conceito de educação é limitado.

A educação que se deseja alcançar com o seu novo conceito (na legislação anterior o

conceito de educação era comumente confundido com o conceito de ensino) é muito mais

abrangente. Ela é extensiva a todas as formas de aprendizado nos diversos ambientes

sociais desde o lar, até a escola, passando pelo trabalho e as diversas organizações sociais.

Com ênfase a grupos culturais como museus, bibliotecas, teatros, acervos, tombamentos.

Como forma de incentivo à cultura essas entidades culturais promovem exposições,

amostras e ensaios gratuitos para os alunos de ensino público. Importante destacar o §1º

que especifica que a educação escolar deve ser desenvolvida preferencialmente nas

Creches, Escolas, Colégios, Faculdades, Institutos, Universidades, etc.

O art. 2º preceitua as finalidades que se deseja obter com a educação. Determina que a

educação é dever da família e do Estado, diferente do art. 205 da CF/88 que inverte a

ordem do dever. Primeiro prescreve que é dever do Estado e depois da família. É tão

importante o estabelecimento desse dever de amparo legal a criança e ao adolescente que

além de encontrarmos vários dispositivos na Constituição tratando do assunto (art.203 inc.I,

205, 227, 229), ele aparece em outros dispositivos legais, como por exemplo, no Código

Penal no seu art. 246 e no Estatuto da Criança e do Adolescente no art. 53.

Quanto a finalidade constituem:

a) desenvolvimento do educando;

b) exercício de sua cidadania;

c) qualificação para o trabalho.

O artigo 3º trata dos princípios da educação os quais são tão importantes que foram

elencados à ordem de preceitos constitucionais estando dispostos no artigo 206 da CF/88.

Esse artigo é extenso e dividido em onze incisos. Resumidamente de uma forma muito

simples poderíamos fazer algumas considerações:

34

• A igualdade de condições de acesso e permanência do aluno na escola conforme já

escrevemos começa com suporte dentro do lar, acesso de transporte e oferecimento gratuito

do material escolar. No município do Rio de Janeiro o transporte nos ônibus municipais é

gratuito para estudantes uniformizados e com a apresentação da caderneta. Atualmente para

se evitar o êxodo escolar o ensino público, também do Município do Rio de Janeiro, está

oferecendo a matrícula dos alunos através de ligação telefônica para 0800 (gratuito) ou pela

Internet evitando as desumanas e humilhantes filas de pais para garantirem vagas para seus

filhos. Tão importante quanto oferecer condições para o ingresso à rede escolar é

possibilitar a permanência do aluno. Já colocamos acima as diferentes realidades brasileira

nas diversas regiões e o reflexo que isso apresenta para o sistema educacional. São essas

realidades sociais gravíssimas que o Governo deve equacionar para diminuir tamanha

desigualdade de oportunidades e consequentemente educacionais.

• A formação profissional do corpo docente para lecionar na educação básica está disposta

no art. 62 da Lei.

• Quanto ao inciso II podemos destacar a escola-social que forma o indivíduo para ser um

verdadeiro cidadão: Educação com autonomia de ser, pensar, refletir, expressar. O diálogo,

senão o único, é o primeiro passo para a implantação desse novo modelo educacional. Em

relação ao inciso VII que trata da valorização do profissional da educação escolar

trataremos no próximo capítulo.

• No inciso VIII ressaltemos a questão da gestão democrática do ensino público que requer

que se considere o conceito da verdadeira cidadania, ou seja, a escola-cidadã*1. Aqui há

construção da vontade comum com a participação de vários interessados como diretores,

coordenadores, professores, profissionais administrativos e comunidade. O projeto político-

pedagógico, além de contar com os participantes diretos e indiretos do processo

educacional, determina que há necessidade de competência profissional/técnica. E ainda a

vontade e consciência da implantação de um novo modelo distante do antigo modelo

tradicional . Defendem seus articuladores que somente através de uma gestão democrática

do ensino público as diferenças sociais serão diminuídas.

*1 Expressão cunhada por BORDIGNON, Genuíno e OLIVEIRA, Luís S. Macedo de, “A escolacidadã: uma utopia municipalista”. Revista Educação Municipal. São Paulo, Cortez/Undime/Cead,nº4,

,mai.-1989,p. 5-13.

35

O artigo 4º trata do direito e do dever de educar. O Poder Público tem o dever de oferecer

ensino fundamental gratuito às crianças de 7 a 14 anos e todas àquelas que não puderam

freqüentar na idade própria. Apenas para registro estatístico em 1998 o Brasil atingiu uma

taxa de escolarização líquida de 95%. Ressaltando-se para esse percentual que grande parte

desses estudantes estão concentrados nas cidades das regiões Sul e Sudeste, comprovando

os desníveis regionais concentrados principalmente nos municípios localizados nas regiões

Norte e Nordeste. Mesmo com o percentual supra citado, que corresponde a uma média

nacional, ainda em 1998, havia 1,3 milhão de crianças na faixa etária escolar obrigatória

fora da escola. Deste número 84% eram crianças da região Nordeste. No mesmo ano, em

relação ao ensino médio a oferta de matrículas gratuitas era limitada. Foram 6.967.905

vagas, com 1,8% na esfera federal, 76,1% estadual e 4,6% municipal (dados fornecidos

pelo MEC/INEP/SEEC).

Situação muito mais complexa ocorre com a discriminação e o sectarismo racial.

Sem escolaridade e qualificação profissional que atenda ao mercado de trabalho, 45,3% da

população negra trabalha desempenhando funções subalternas, 75 milhões de brasileiros

negros não conseguem concluir nem o ensino fundamental. Dados estatísticos do IBGE

mostram que dos 29,4% dos analfabetos, 80% são negros. Cristovam Buarque, professor da

UnB e um dos responsáveis pela criação do projeto Bolsa-Escola escreveu no Jornal “O

Globo” em 10 de setembro último sobre o título de “Discriminação Decente”. Critica o fato

de que há discriminação e diferença social no país em razão da condição de pobreza e do

racismo. Escreve que há ausência de negros nos bancos das universidades. Hoje são

somente 2,2% e há um projeto em que o governo pretende criar cotas raciais. O Frei Davi

Raimundo dos Santos é um dos responsáveis pela implantação do projeto. Ele criou

cursinhos comunitários que oferecem oportunidades aos alunos carentes de ingressarem

nas universidades. Atualmente são cerca de 800 cursinhos de pré-vestibulares que atendem

quase 60 mil alunos de classe baixa. Muitos têm conseguido ingressar em universidades

públicas. Parte das reportagens encontram-se no anexo da monografia. As reportagens

informam também que enquanto as instituições privadas contribuem e mostram disposição

para ajudar, as universidades públicas resistem em facilitar o acesso de alunos carentes às

instituições defendendo a idéia de que o nível de qualidade cairiam de conceito. Só para

referência, em São Paulo, de cada 20 alunos de cursos comunitários que entram para a

36

universidade apenas, um vai para instituição pública. No Rio de Janeiro de 20 alunos que se

preparam em cursos comunitários, 16 ingressam nas instituições públicas. Segundo o MEC

59,5% dos universitários possuem renda familiar de pelo menos vinte salários mínimos.

Diferente do ensino fundamental, o ensino médio embora gratuito não é obrigatório.

Sem esquecermos que suas ofertas são mais reduzidas em relação ao ensino fundamental.

Na década de 90 também observou-se aumento no acesso ao ensino médio, mas ainda

assim, abaixo do nível esperado.

Estimativa brasileira de matrículas na Educação Básica desde 1995 a 2010:

Ano total(em mil) 1ª a 4ª 5ª a 8ª(%) Ensino médio(%)

1995 37.857 52,9 33,0 14,0

1998 42.451 49,9 33,7 16,4

2002 44.968 42,9 34,8 22,3

2006 43.936 40,9 35,3 23,7

2010 42.594 40,5 35,2 24,3

Um rápido registro para duas questões contempladas pela Lei:

- Educação especial: portadores de deficiência (mental, física, auditiva, visual, múltipla);

portadores de condutas típicas; crianças de alto risco (apresentam desenvolvimento

fragilizado em decorrência de fatores como: gestação inadequada, alimentação

imprópria, nascimento prematuro, etc.); portadores de altas habilidades (superdotados).

- Creches e pré-escolas que constituem a 1ª etapa da educação básica.

A família constitui o primeiro círculo social do indivíduo. Aonde ele vai vivenciar

suas primeiras experiências de vida em todos os seus níveis, seja social, afetivo,

educacional, sendo a principal responsável pelo interesse da criança pelo seu

desenvolvimento. Quanto mais cedo o indivíduo é estimulado e orientado; maior será seu

interesse pelo saber. Várias são as maneiras com que a criança precocemente pode ser

estimulada: programas de televisão adequados através dos canais internos de TV a cabo:

37

Futura, Senai, Cultura, Discovery, National Geografic, programas educativos como visitas

a museus, monumentos históricos, bibliotecas, estímulo à leitura, brincadeiras lúdicas,

atividades extra-classe implantada como parte efetiva do projeto pedagógico escolar. As

atividades extra-classe seriam, por exemplo, visitação à fábricas, empresas, passeios

turísticos ensinando na prática como vivenciar o mundo. Abaixo alguns exemplos

concretos que já estão sendo implantados no Brasil como tentativa de elevar o nível

educacional do país através da participação ativa da família e da comunidade.

O Governo implantou o Bolsa-Escola e em julho o programa contou com a parceria

de 1.974 municípios e a expectativa foi de que até o final do mês de setembro passado

mais de 3 mil municípios estivessem recebendo o Bolsa-Escola. Para que o município

possa aderir ao projeto, o Prefeito precisa enviar a documentação para a Secretaria em

Brasília e entregar os cadastros na Caixa Econômica Federal mais próxima da região.

Depois que o processo chega, é encaminhado à equipe técnica, a qual analisa a Lei

Municipal que institui o Programa, que segue a aplicação de 25% (mínimo) na Educação de

acordo com a Lei de Diretrizes e Bases e o comprovante do cadastramento das famílias na

CEF. Após a publicação no Diário Oficial, a Caixa Econômica Federal é responsável pela

inclusão das famílias que entram na folha de pagamento do município no mês seguinte.

Criado no governo de Cristovam Buarque o projeto ganhou destaque internacional sendo

exportado para vários países, como o México, Bolívia, Chile, Equador. Ganhou prêmio da

Unesco e até a ONU adotou o nome original. Cristovam Buarque concedeu uma entrevista

a revista “Isto é”, nº pg. 79, onde falou que um dos homens mais ricos do mundo,

George Soros deseja implantar o Bolsa-Escola na Guatemala, Zimbábue , na África do Sul

e em Moçambique, por haver muita exclusão social e trabalho infantil.

Outro programa educacional que tem alcançado papel de destaque no cenário

internacional é o programa de Alfabetização Solidária. Esse programa foi lançado há

quatro anos pela primeira-dama D. Ruth Cardoso. O Alfabetização Solidária possui 2,4

milhões de pessoas matriculadas e conta com a participação de universidades. A

expectativa é a implantação no Timor Leste, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

O Geração 21 é o projeto que conta com a parceria do Banco de Boston, a

Fundação Palmares e o Geledés (uma ONG). Esse projeto, também referência na área da

Educação, investe em 21 adolescentes negros que foram escolhidos para serem

38

acompanhados até o curso superior. O projeto iniciou-se em 1999 e dos 116 jovens somente

21 foram aprovados. Atualmente o Geração 21 virou uma referência a ser copiada. Os

alunos selecionados são de escolas públicas e os critérios são raciais, faixa etária,

escolaridade e renda per capita (um ou dois salários mínimos). A família também recebe

apoio.

Resultado obtido pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saesb),

comprovou que alunos cujos pais acompanham o desenvolvimento escolar, conhecem os

professores dos seus filhos e participam frequentemente das reuniões, tiveram suas notas

em português e matemática elevadas.

O MEC resolveu criar o Dia Nacional da Família na Escola. O objetivo é

universalizar a prática e estimulá-la, aproximando pais, alunos e professores. Exemplos

concretos de pais que atuam como voluntários acontece no Colégio Estadual Brasílio

Vicente de Castro, em Curitiba. A diretora da escola admite que a participação da

comunidade é imprescindível para melhorar a qualidade do ensino. Na Escola Municipal

Pedro de Oliveira, em Jundiaí (SP), mães em parceria promovem vários eventos sociais

além de acompanharem a rotina escolar dos filhos.

Relatos como esses fizeram com que o Ministro da Justiça Paulo Renato venha

convocando pais e professores para participarem do Dia da Família na Escola.

Estudantes da sexta série do Colégio Salesiano em São Gonçalo, Cuiabá (MT),

inspirados em reportagens sobre o pantanal realizado pela revista “Isto É” enviaram à

revista postais feitos pelos estudantes do colégio. Eles destacam a beleza do pantanal e

alertam para a preservação do mesmo. Enviaram postais até para o Presidente da República.

Esses postais fazem parte do Projeto Pantanal criado há três anos com a finalidade de

conscientizar os estudantes. Duas vezes por mês eles deixam a escola para atividade extra-

classe e com os professores, biólogos e guias turísticos têm aulas práticas sobre o meio

ambiente. De barcos pelos rios vão identificando peixes, animais, plantas aquáticas e

vegetações típicas da região. Segundo a psicopedagoga Elenir Proença essas atividades

estimulam o interesse dos alunos: “Muitos sentem dificuldades em algumas disciplinas

mas, nessas viagens, eles se mostram muito interessados e participam com entusiasmo. Há

uma interação total entre o meio ambiente e os estudantes”.

39

No Rio de Janeiro a comunidade da Mangueira recebeu o título de menor índice de

criminalidade infantil e o de maior índice de escolaridade de todas as comunidades carentes

da cidade. Em 1999 os 35 mil moradores do morro iniciaram um projeto que possui hoje 22

oficinas profissionalizantes do Centro Cultural da Mangueira, que mantém 5.800 alunos e

188 funcionários. Eles recebem patrocínios e fizeram parceria com a Universidade Federal

do Rio de Janeiro para ampliar a oferta de oficinas na área hospitalar. O Centro Cultural

mantém cursos de inglês, francês e espanhol. O projeto permite que os estudantes

continuem sua educação nos bancos escolares e oferecem uma cesta básica para as famílias.

Os jovens são acompanhados até que ingressem no mercado de trabalho, segundo

informação da coordenadora-geral das oficinas Célia Regina Domingues.

Em anexo à monografia também apontamos profissionais altamente gabaritados que

optaram em exercer suas profissões voltadas para a ação social e cidadania por absoluta

convicção pessoal e como projeto de vida. Podemos citar um professor de História formado

pela UFRJ, com Mestrado que optou por “fazer história” no lugar de ensiná-la.

Em setembro de 1990 em Nova York ocorreu um encontro: “Cúpula Mundial pela

Criança” e vinte e sete metas assumidas pelos 157 países participantes deveriam ter sido

cumpridas. Infelizmente muitos não o fizeram. O Brasil consegui cumprir dez das metas,

mas em relação a taxa de analfabetismo adulto foi reprovado. A meta era baixar a taxa de

20,11% de 1991 para a metade. O último dado de 1999 informou que conseguimos um

percentual de 13,3%. Quanto a colocar toda criança na escola também ficou devendo

alguns pontos.

O economista Sergei Soares do Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (Ipea)

realizou uma simulação matemática em que demonstra a importância da universalização do

ensino. Utilizando dados do IBGE, o trabalho do economista demonstra como o baixo

índice de escolaridade da população gera as desigualdades sociais. Pelas equações, se todos

os brasileiros tivessem no mínimo oito anos de ensino básico, nada menos que 13,1 milhões

de brasileiros, que se encontram abaixo da linha de pobreza, seriam resgatados. Brasileiros

mais pobres são os que possuem renda familiar igual ou menor que R$63,00. Hoje apenas

68% das crianças matriculadas no ensino básico conseguirão concluir o curso. Para o

Ministro da Educação, Paulo Renato os resultados da simulação mostram o peso de uma

triste herança do nosso sistema educacional. “Estamos pagando o preço da falta de

40

investimentos em educação ao longo de décadas”. Pois como reiteradamente já escrevemos

tão importante quanto possibilitar o acesso à educação básica é permitir meios de mantê-la.

Não é possível que se ofereça nada pela metade: amor, respeito, dignidade,

oportunidade, educação. Quando se promete algo que não se pode cumprir pratica-se uma

violência e os que perdem suas possibilidades tornam-se órfãos do seu próprio sistema. O

país poderá tornar-se uma nação de verdade quando parar de prometer o que não consegue

cumprir e assumir verdadeiramente as suas responsabilidades. Várias considerações a

respeito da educação básica brasileira poderiam ser aqui tratadas, pois muitas são as

questões; maiores ainda poderiam ser as soluções. Mas sairíamos muito da abordagem

principal da monografia centrada em questões do nível superior.

FORA AUSÊNCIA DE INSTRUÇÃO, ABAIXO A FALTA DE OPÇÃO,

ADEUS Á EVASÃO,VIVA A EDUCAÇÃO,

CUMPRA-SE A CONSTITUIÇÃO!

IV . 3 - ALGUNS CONCEITOS SOBRE EDUCAÇÃO:

“... MAS O QUE SE PODE ENTENDER COMO EDUCAÇÃO”?

Educação – conceito:

- Proveniente do latim educatione, substantivo feminino. Processo de desenvolvimento

da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando

à sua melhor integração individual e social. O conceito de Educação não possui

somente o sentido estrito de ação de ensinar ou de instruir. Consiste em ministrar ou

fazer ministrar lições, que possam influir na formação do indivíduo a fim de prepará-lo

para ser útil à sociedade. No artigo 1º da Lei o termo educação possui uma conceituação

abrangente, onde a educação escolar significa a forma principal e dominante de

educação, bem como, deve estar vinculada ao mundo do trabalho e sua prática.

Cidadania – conceito:

41

- substantivo feminino, qualidade ou estado de cidadão. É a qualidade da pessoa que,

estando na posse de plena capacidade civil, também se encontra investida no uso e gozo

de seus direitos políticos, que se indicam, pois, o gozo dessa cidadania.

Cidadão – conceito:

- substantivo masculino, indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado,

ou no desempenho de seus deveres para com este.

Paulo Freire escreveu em sua obra “ Pedagogia do Oprimido” que a palavra ajuda o

homem a tornar-se homem. A linguagem passa a ser cultura, uma vez que, com a

decodificação da palavra o alfabetizando vai se descobrindo como homem e

consequentemente sujeito do processo histórico. Paulo Freire diz que alfabetizar é ensinar o

aluno a utilizar a palavra, pensar o mundo e ser apto a julgá-lo. Nessa obra o autor escreve

que a pedagogia liberta tanto o opressor, quanto o oprimido. Defende a idéia de que não há

possibilidade de desenvolvimento econômico que não caminhe no campo da questão

educacional. Vale destacar a crítica que o autor faz ao que ele qualificou como “ Educação

bancária”, na qual o professor apenas deposita o conteúdo do conhecimento aos alunos.

Nesse tipo de educação o discente participa passivamente como receptor e depositário do

conhecimento alheio sem participar ativamente desse processo utilizando sua própria

autonomia e consciência crítica. Diz que tem-se então uma relação de sujeito (educador) e

objeto (educando). A educação que Paulo Freire defende é por ele qualificada como

prática da liberdade em oposição à educação bancária que seria a prática da dominação.

Vale transcrever o que diz o autor: “Mas ninguém se conscientiza separadamente dos

demais. A consciência se constitui como consciência do mundo. Se cada consciência

tivesse o seu mundo, as consciências se desencontrariam em mundos diferentes e separados

– seriam mônadas incomunicáveis”. (Paulo Freire).

Não podemos também deixar de trazer para a presente monografia o pensamento de

Edgar Morin, que em 1999 foi solicitado a sistematizar um conjunto de reflexões para

servirem como ponto de partida para repensar-se a educação do atual milênio. O convite foi

iniciativa da UNESCO . Edgar Morin escreveu a obra que chamou “ Os Sete Saberes

Necessários à Educação do Futuro”. Abaixo transcrevemos:

1º) As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão;

42

2º) Os princípios do conhecimento pertinente;

3º) Ensinar a condição humana;

4º) Ensinar a identidade terrena;

5º) Enfrentar as incertezas;

6º) Ensinar a compreensão;

7º) A ética do gênero humano.

É uma obra que vale apena ler pois repensa as práticas pedagógicas ao mesmo tempo que

propõe novas perspectivas. Morin trata do paradigma certeza/incerteza fazendo parte do

processo cognitivo o que ele chamou de “princípio da incerteza racional”. Edgar Morin

ensina ainda que a educação será sempre o espaço da “ordem-desordem”.

43

CAPÍTULO VOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

44

CAPÍTULO VOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

“ Hei de vencer mesmo sendo professor!”

Os artigos 61 a 67 tratam dos Profissionais da Educação, mas o artigo 13 estabelece

as incumbências do corpo de docentes.

O artigo 61 traz os fundamentos que nortearão o exercício dos profissionais da

educação. O professor que é o mediador e orientador do conhecimento e demais

profissionais que oferecerão apoio no processo educacional. A lei determina que a

formação de docente ministrando na educação básica será feita em nível superior, em curso

de licenciatura, de graduação plena nas universidades ou institutos superiores de educação,

objetivando melhorar a qualidade da formação dos profissionais em todos os níveis. Mas

admite também para a educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino

fundamental, a formação de nível médio na modalidade Normal (art.62 da Lei).

Instituições Superiores vêm a ser uma nova concepção e estão contemplados no

artigo 63. Esses institutos têm por finalidade oferecer maior organização no processo de

formação de educadores, visando uma modalidade específica de curso para o magistério

que trabalhará com a educação infantil e nas primeiras séries do ensino fundamental. Esse

tipo de organização do magistério foi criado anteriormente na Alemanha: ”Pädagogische

Hochschule” e na Itália chamados de “Institutos de Magistério”. Importante ressaltar a

relevância dessa inovação na lei desde que não se transformem em cursos de segunda

categoria em relação às universidades como ocorreu nos exemplos alemão e italiano.

Demerval Saviani (A nova Lei de Educação: Trajetória, limites e perspectivas pg.219)

escreve que é preciso considerar a criação dos Institutos Superiores de Educação com

cautela. Escreve ainda que: “...podem vir a ser um espaço apropriado para a implantação de

propostas”.

O artigo 64 dispõem sobre os profissionais que atuam na área de educação e

preceitua que sua formação acadêmica far-se-á na graduação em pedagogia e nos cursos de

pós-graduação. Os profissionais de educação que a lei contempla possuem maior incidência

basicamente na formação do Administrador Escolar, Supervisor e Orientador Educacional.

45

Esses profissionais apóiam todo o processo educacional e juntamente com o corpo docente

são eles que farão a diferença educacional e a preparação eficiente do discente. Apenas

para efeitos estatísticos, pelo Censo Escolar e Censo da Educação Superior 1999 –

Inep/MEC, o número de professores na Educação Infantil apontou 228.335 profissionais,

enquanto que no Ensino Fundamental mostrou o nº de 1.538.011, 430.467 professores no

Ensino Médio e 173.836 encontravam-se no Ensino Superior.

O que a lei obriga é um avanço cada vez maior no grau de qualificação profissional

do corpo docente. Não podemos esquecer as pedras e percalços pelos quais passam esses

profissionais no decorrer do seu desempenho profissional. Desafios tais como: acumulação

de empregos, dificuldade de obtenção de recursos para as pesquisa, desinteresse dos

discentes, deficiência de instalações adequadas que permitam uma boa estrutura e suporte

técnico, necessidade de reciclagem e aperfeiçoamento profissional e distanciamento entre

teoria e prática. O verdadeiro professor não é aquele que transmite, ainda que muito bem o

conhecimento, mas aquele que cria um diálogo entre o saber e o aluno e se interpõe entre

ambos como mediador e orientador. O bom professor é o que convida os alunos para

conhecerem, descobrirem e pesquisarem juntos. Merleau-Ponty escreve que o bom

professor não é aquele que diz “ faça como eu” e sim, “ faça comigo”. É o que trataremos

no capítulo seguinte ao analisarmos os cursos de pós-graduação estrito senso.

46

“Vejo vocês professores,

Correndo alegres nos corredores,

Cheios de cores, odores,

O relógio bate e marca,

O tempo, o dia , a hora,

Mais um dia, mais uma jornada,

Por vezes amada, também odiada,

Diária,

Percebo vocês professores,

Nas salas frequentes,

Luzes incandescentes,

Alunos displicentes, discentes obedientes,

Discentes e docentes até ausentes,

O ensino está doente, dói, corrói, destrói,

Sadio; constrói,

E quem educa decente; um discente,

Forma até mais um docente,

Caminhando à frente, no tempo presente,

Plantando um futuro,

Incerto, por certo,

Com a ânsia da esperança que não cansa,

Refletida no rosto de uma criança,

Saúde, saneamento, alimento, educação

Indiscutivelmente ,

A solução para qualquer naçãoª

Giselle Siqueira

47

CAPÍTULO VIO ENSINO SUPERIOR NA ATUALIDADE

48

CAPÍTULO VIO ENSINO SUPERIOR NA ATUALIDADE

Em 2000 houve um debate em torno do Ensino Superior na América Latina.

Representando o Brasil participaram do encontro representantes da Universidade de

Brasília composto por uma casta de cientistas e intelectuais brasileiros. A intenção foi

discutir e entender as novas perspectivas da educação mundial e criar novos paradigmas

para a educação na atualidade. A globalização propõem e impõe uma nova visão social do

mundo e obviamente novos valores. As mudanças sociais ocorridas no mundo século

passado, foram intensas principalmente pela era tecnológica com a robótica, a informática,

a telefonia...As instituições educacionais fazem parte desse complexo contexto.

Quais serão as propostas para o futuro?

O novo milênio iniciou-se com iniciativas sociais, econômicas e políticas que

precisam ser concretizadas na prática social. Não existe realidade social sem a prática das

normas e objetivos desejados. Mas não adianta criar valores utópicos e inalcansáveis. Os

novos rumos devem ocorrer de acordo com a realidade de cada sociedade e as diversidades

devem ser entendidas e respeitadas. À estrutura educacional cabe a responsabilidade de

repensar seu retrato, analisando suas estruturas, seus objetivos e funções. O Estado-Nação

precisa dialogar em bases concretas com o ensino brasileiro para cumprir sua função

social no que pertine à educação. Deve estar ciente da sua parcela de responsabilidade nas

bases do que dispõem o Título VIII – DA ORDEM SOCIAL – Cap. III, seção I na forma

dos artigos 205 a 214 da Constituição Federal.

Existem vários participantes nesse jogo sócio/educacional, Governo Federal,

Governos Estaduais e Municipais, Ministério da Educação, representantes políticos, a

própria sociedade; na essência, a maior interessada.

Desde o seu surgimento no século XIII europeu, a universidade conquistou o status

de uma instituição social. No exercício dessa prática está inserida na questão democrática e

nas lutas sociais através de reivindicações e questões próprias pertinentes à educação. A

sociedade a fundamenta e justifica por sua autonomia e legitimidade.

Marilena Chauí apresentou um trabalho na conferência de encerramento do

“Colóquio Antonio Candido; Pensamento e Militância”, na USP, em agosto de 1998. No

49

entanto as questões levantadas pela socióloga permanecem atuais, porquanto justificada

trazer as questões levantadas na presente monografia. A autora depois de tecer o papel

social da universidade e qualificá-la como instituição social afirma que as mesmas estão se

distanciando (desfigurando) desse papel para transformarem-se em organização social .

Questiona o que significa passar de uma instituição social para uma organização social ?

Tentando responder à questão trava uma diferenciação entre ambas: uma organização difere

de uma instituição porque sua prática social é distinta, se caracterizando pela obtenção de

meios para atingir seus objetivos particulares. Não está preocupada nem articulada para

questionar seu papel social, sua função no seio da sociedade, nem ingressar em lutas de

classes, mas tão somente em discutir suas idéias de planejamento, gestão, controle e êxito.

Já a instituição social tem a sociedade como sua referência institucional, seu princípio e seu

fim, discute, questiona e se preocupa com seu papel social e sua possibilidade e

responsabilidade nas transformações. Uma tem si mesma como referencial, a organização

social, já a outra possui a sociedade como seu referencial. Marilena Chauí analisa como foi

possível à universidade passar de instituição social para organização social prestadora de

serviços. Responde a autora que a passagem da universidade de instituição para

organização está inserida na mudança geral da sociedade sob os efeitos da nova forma do

capital. Afirma que a forma atual do capitalismo tem como característica a fragmentação de

todas as esferas da vida social. A transformação ocorreu em dois momentos sucessivos:

primeiro a Universidade funcional e depois a Universidade operacional. A universidade

funcional é voltada para a formação rápida de profissionais e para tal adaptou seu currículo

às exigências do mercado de trabalho. A universidade operacional, por sua vez, está voltada

para si mesma como estrutura de gestão e de arbitragem de contratos, eis que é regida por

contratos de gestão. Suas características estão definidas e estruturadas alheia ao

conhecimento e à formação intelectual, possui uma quantidade grande na grade curricular

de horas-aula, diminuição no tempo dos cursos de mestrado e doutorado, baseia sua

avaliação na qualidade de publicações, colóquios e congressos. A universidade operacional

opera, não age. Conseqüência é sua desmoralização pública e seu descrédito social. Quanto

à docência nestas instituições é entendida como a rápida transmissão de conhecimentos

para formar graduados que precisam ingressar logo no mercado de trabalho.

50

Ainda da professora e socióloga, a seguir publicamos parte da entrevista concedida

ao Jornal “ O Liberal” (Belém/Pará, 18/06/2001).

OL: Você diz que a Universidade brasileira é uma prestadora de serviços, administrada

como uma montadora de automóveis ou uma rede de supermercados. Mas ninguém está

satisfeito. As empresas se queixam da formação deficitária dos profissionais; os alunos

estão insatisfeitos com o pouco prestígio dos diplomas e as incertezas do mercado. A quem

agrada o modelo universitário atual, afinal de contas?

MC: A ninguém. Esse modelo é um equívoco porque a Universidade não tem essa função e

por isso não pode agradar a ninguém. A universidade não é uma escola técnica profissional

voltada para os interesses imediatos do mercado. Essa não é a natureza da universidade. A

universidade tem uma destinação no conhecimento e a realização de pesquisa a longo

prazo. Então ela não satisfaz às empresas e não realiza expectativa nenhuma. É um grande

colegial avançado. Um modelo operacional que é sobretudo um processo destruidor.

OL: O modelo das universidades brasileiras pode ser comparado a algum outro no mundo

que tenha semelhantes características?

MC: Ele é, na verdade, uma mescla de modelos europeus como o francês e o alemão.

Depois a partir da ditadura, houve a superposição do modelo norte americano, sobretudo

nas grandes universidade públicas, criando com isso um perfil híbrido e não definido. A

tradição formadora que a universidade tinha se inverteu ao se acoplar ao modelo americano,

não houve como efetuar o ajuste. Isso no que se refere às grandes universidades federais.

Por outro lado há uma ausência de modelo e de perfil para a enorme maioria das

universidades públicas brasileiras e, em particular, às universidades privadas, que não têm

nenhuma vocação para a formação. Elas não formam professores e nem pesquisadores,

lançando às toneladas no mercado de trabalho pessoas totalmente despreparadas.

OL: Qual a principal característica das universidades na Europa e nos Estados Unidos ?

51

MC: Na França e na Alemanha, são as universidades de formação. Inserem-se em um

contexto histórico-cultural amplo no qual não há uma separação rígida entre as

humanidades e as ciências duras e são voltadas à graduação e à pós-graduação. Enquanto

isso, o modelo americano não se preocupa com formação e sim com a preparação para um

estágio superior do trabalho universitário. Então, a graduação é altamente escolarizada.

OL: Existe algum modelo universitário que poderia ser copiado pelo Brasil?

MC: Não. Cada universidade está ligada ao seu contexto histórico-cultural e deve criar seu

próprio modelo.

OL: Mas existe um modelo a ser privilegiado?

MC: Eu privilegio as universidade formadoras que não escolarizam a educação, nas quais a

formação deve trazer o conhecimento crítico e a pesquisa não é fragmentada e dissolvida

em minúsculas questões que fazem com que o pesquisador não venha a produzir

conhecimento e saber novo.

OL: Você citou os modelos da França e Alemanha. E lá, os modelos são bem sucedidos?

MC: Não. O neo-liberalismo não deixam nada intacto. As universidades lá também estão

sendo destruídas pelas determinações do mercado. Nada escapa à essa marca de barbárie.

OL: Você escreve que o diálogo dos estudantes não é com o professor mas com o saber. Os

professores devem ser mediadores desse diálogo e não seu obstáculo. De que forma eles

emperram essa comunicação?

MS: O diálogo principal não deve ser com o professor, que apenas deve assegurar a

mediação do diálogo. Isso porque o professor não é proprietário do saber, que é sempre um

lugar vazio. Os alunos, então, sentem-se capazes de ocupar esse lugar. Isso é o saber

democrático. O mesmo acontece nas eleições. O poder pertence à sociedade e deve estar,

52

como o saber, sempre vazio. A sociedade escolhe alguém para a mediação. Ninguém é

senhor, rei, príncipe do poder. Com o saber é a mesma coisa, e por isso o diálogo deve ser

estabelecido com o conhecimento e não com o professor.

OL: Afirma-se que o governo vem distribuindo concessões para a abertura de faculdades

particulares da mesma forma como se distribuía canais há algum tempo canais de televisão.

Quais são as conseqüências a longo prazo dessa política?

MC: São basicamente duas. De um lado o descrédito da universidade. A sociedade não vai

distinguir as universidades, não vai pensar nelas como um espaço crítico e formador. Não

vai valorizá-la, se em cada esquina tem uma; por outro lado, haverá um rebaixamento da

cultura nacional e um empobrecimento do pensamento crítico, além de um conseqüente

enfraquecimento da pesquisa, com a dependência da pesquisa estrangeira. Além, é claro, de

um número enorme de mão-de-obra despreparada e desempregada. Não se pode confundir

democratização com massificação.

“ A docência é formadora quando aceita que seu ponto de partida é a assimetria entre

professor e aluno e seu ponto de chegada, a simetria entre ambos”

Marilena Chauí

(Professora do Departamento de Filosofia da USP e Socióloga).

53

VI . 1 - UNIVERSIDADES BRASILEIRAS:

Já fizemos um breve resumo histórico da educação brasileira, os anos sessenta

apresentaram-se como uma década de grande expansão das matrículas no ensino

universitário. O que ocorre em situações como essa é que o ensino cresceu

indiscriminadamente sem maiores critérios e controle.

O ensino privado inicia-se em 1940 com a Pontifícia Universidade Católica (PUC).

Aumenta-se a quantidade e de algum modo, despreza-se a qualidade. Depreendemos essa

afirmação a partir da entrevista acima narrada e pelas questões discutidas que a seguir serão

abordadas.

Existem vários autores que analisam e explicam o processo acelerado e crescente

das Universidades e o que se constata é que a universidade deixa de ser um espaço

formador de conhecimento e da construção do saber para passar a fazer frente à questão

econômica /política do mercado de trabalho.

Uma questão é inegável; a educação brasileira está sendo difundida, propagada,

discutida, criticada e analisada, já é um avanço, mas ainda precisamos de uma participação

mais ativa da atuação governamental.

Questão extremamente delicada e relevante é quanto ao ensino superior público e

privado. Não podemos negar que há um divisor de águas profundas à separar as duas

instituições. Sobre alguns aspectos é difícil saber qual das duas é mais elitista. Em verdade

ambas o são, apenas sob enfoques e características diferentes. A notoriedade do ensino

público é de per si seu status quo, já enraizado pela sociedade. Por sua vez é inegável que a

parcela da sociedade que possui condições de ingressar em uma instituição privada e poder

arcar com os custos do ensino privado, também constitui um privilégio de poucos. O

problema é que a maior parte da sociedade brasileira está excluída de ambas as instituições.

O Brasil possui 47 milhões de estudantes de nível médio e cerca de 85% estão

concentrados em escolas públicas. A maioria não tem preparo para competir com alunos

que estudam em cursinhos particulares. Um estudo estatístico levantado por legisladores da

Câmara dos Deputados constatou os seguintes dados: as chances de um estudante da rede

54

pública ingressar nas universidades públicas é de 1 em 104 candidatos, enquanto que para

os alunos da rede privada a proporção é apenas de 1 em 9 candidatos. Esses são

preparados basicamente para o ingresso em uma universidade pública. Estatisticamente

portanto é inegável que o grande número de vagas ocupadas nas universidades públicas

são provenientes de alunos que estudaram , pelo menos no nível médio, em escolas

particulares. A competição é ingrata.

A conclusão que se chega é que a educação brasileira encontra-se em um grande

paradoxo: constitui status estudar no ensino fundamental e médio em uma escola particular,

pois possivelmente é a melhor oportunidade de ingressar em uma universidade pública. De

outro parte, a maior parcela dos estudantes oriundos do ensino no mesmo nível, ou seja

fundamental e médio, realizado em escolas públicas estatisticamente possuem menos

chances de ingresso às universidades públicas eis que não foram suficientemente

preparados. Quer dizer estudam-se anos em escolas particulares aspirando cursar

Graduação e Pós-Graduação nas universidades públicas e os que estudaram quase toda uma

vida em escolas públicas vêm suas possibilidades da seguinte forma: uma parcela muito

pequena estatisticamente consegue ingressar na instituição pública, outra parcela poderá

estudar ,se puder pagar, em uma universidade privada, ou terminar sua escolaridade no

ensino médio. Conseqüência; vai ser locado no mercado de trabalho em subempregos. O

país deve implementar mudanças estruturais na base da pirâmide educacional para que no

ensino médio, público ou privado, haja efetivamente possibilidade de igualdade de

condições.

Algumas universidades superiores especializam-se na formação de licenciatura ou

graduação, enquanto que outras rumam para a formação de pós-graduação. Nesse tipo de

instituição o enfoque é centrado no conhecimento científico e na pesquisa. Observa-se uma

predominância pelas instituições privadas quanto ao primeiro modelo. Já escrevemos a

respeito de que há uma linha divisória entre o ensino superior público e privado, ou seja, o

sistema educacional superior não é homogêneo.

Existem instituições privadas que oferecem graduação com Teste de Acesso Direto

com teste gratuito. Atualmente oferecem cursos de especialização em quase tudo, como

dança, teatro, moda. A Anhembi-Morumbi é uma faculdade que oferece a graduação em

quiropraxia e aguarda habilitação no MEC. O curso iniciou-se em fevereiro de 2000 e tem

55

duração de cinco anos. A PUC-SP oferece o curso de artes do corpo com duração de quatro

anos e o de comunicação em multimeios. Isto porque as instituições privadas concentram

sua área de atuação em cursos, na maioria das vezes, voltados para atender as

necessidades de qualificação profissional para o mercado de trabalho.

São perfis da mesma realidade social. É importante e fundamental analisar os papéis

das instituições e saber que colocação no meio educacional e profissional elas possuem.

Principalmente avaliar se esse papel está efetivado e funcionando eficazmente na proposta

que assumem.

Tão importante quanto as instituições públicas voltadas para o campo do

conhecimento científico e pesquisa é a importância dos cursos de graduação e pós-

graduação que as universidades privadas oferecem . Muitas instituições podem até realizar

cursos enusitados como demonstramos, mas não significa que todas possuem o mesmo

perfil educacional.

A produção acadêmica pode ser distinta nas duas instituições. As públicas estão

concentradas predominantemente nas pesquisas. Não negam com isso a docência, muito

pelo contrário, apenas parte do tempo semanal dos doutores é priorizada em pesquisas. Os

professores da rede privada possuem sua área de concentração na docência. Observamos

que os profissionais de instituições pública dão ênfase tanto a pesquisa quanto a docência.

Normalmente não exercem atividades extra-acadêmica. Enquanto que os docentes das

instituições privadas acumulam a atividade da docência com o exercício de atividades

extra-acadêmicas. Atividades que muitas vezes é complementar à atividade de docência em

por questões econômicas.

É inegável que as mudanças estão ocorrendo dentro das universidades e alteram o

quadro geral da realidade da educação superior brasileira e que as instituições de ensino

superior enfrentam uma realidade mais dinâmica, competitiva e exigente em relação à

qualidade oferecida. A Universidade se caracteriza pela indissociabilidade do ensino, da

pesquisa e da extensão. Espera-se que a Lei inovadora imponha um novo padrão

profissional com docentes altamente qualificados que tenham comprometimento tanto

interno do país, quanto no cenário mundial.

A globalização assim determina. Um país que tenha o conhecimento como

ferramenta da informação terá ingresso no mercado global.

56

Maria Zélia Borba Rocha, Historiadora, Mestre em Sociologia pela UnB e

professora assistente da Universidade de Brasília na Faculdade de Educação, defende a

tese de que a unidade de valor da sociedade moderna com a globalização é a informação .

Diz ainda que as economias que forem capazes de gerar e divulgar novos conhecimentos e

depois transformá-los em tecnologia e em informação farão diferencial no mercado.

Defende que não é qualquer tipo de informação, mas o que ela chama de informação

especializada oriunda do conhecimento científico. A profissão acadêmica será muito

valorizada, pois o conhecimento é seu valor intrínseco. Diz ainda a autora, que as

estatísticas demostram que não existe desemprego nas atividades de ensino e de pesquisa.

O que há é carência de profissional qualificado.

Maria Zélia estabelece distinção entre titulares como categoria funcional e doutores

como titulação. Adjetiva de alto clero da universidade tanto um quanto outro. E justifica

afirmando que tanto os titulares quanto os doutores compõem a Excelência do ensino

formando a casta intelectual . Tanto pela alta qualificação profissional, quanto pela

dedicação em tempo integral.

No anexo da presente monografia encontra-se a íntegra do e-mail respondido pela

professora, bem como, da Dr.ª Elizabeth Balbachevsky, Doutora em Ciência Política pelo

Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (1995), professora do

Departamento de Ciência Política da USP; pesquisadora do Núcleo de Pesquisas em

Relações Internacionais – NUPRI/USP e do Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior

NUPES/USP.

Solicitamos a opinião de ambas sobre o tema da monografia . Abaixo transcrevemos parte

das respostas.

Resposta da Mestre Maria Zélia Borba Rocha:

...” Trata-se de uma clara reivindicação dos grupos sociais organizados oriundos da

sociedade civil do setor educacional, mobilizados quando da elaboração da Constituição

Federal e da LDB. O objetivo é o fortalecimento da Universidade...”

...” O art. 52 estabelece o conceito de Universidade. Os parlamentares de 1986 a 1993 (2

legislaturas) que deram o “martelo final” na redação do artigo estabeleceram uma redução

do conceito humboldtiano de Universidade – assim, o que “passou” , foi o que os grupos

organizados conseguiram salvar”...

57

...” Se se estabelece o cruzamento com os artigos 54 e 55, observa-se que a qualificação do

quadro docente nas instituições pública é concerne ao Poder Público; o artigo 66 reafirma o

inciso citado por você..

...” Manule Castells em “A Rede” e outros autores em outras obras, demonstram que o

contexto social globalizante requer cada vez mais escolaridade. “

...” Trabalho de Ricardo Paes de Barros, Ricardo Henriques e Rosane Mendonça ...

demonstra como a desigualdade social só será superada com a democratização do acesso à

escolaridade. “

...” Pesquisas recentes de Carlos Benedito Martins-UnB e outros demonstram dados do

aumento da Pós-Graduação no Brasil”. Finaliza a professora: “Assim, o estabelecido no

artigo é desejável e o Estado e a sociedade devem se empenhar para operacioná-lo, em prol

do fortalecimento da Universidade Brasileira, o que redundará em benefício à sociedade

brasileira”.

Acrescentando igualmente conteúdo ao presente trabalho abaixo transcrevemos a resposta

da Dr.ª Elizabeth Balbachevsky:

“ A aplicabilidade é controvertida. Afinal, por grande que seja o nosso sistema de

Pós-Graduação, ele ainda está longe de responder às necessidades de formação de todo o

sistema de ensino superior. Isso é particularmente verdade quando se considera o caso de

áreas específicas, como, por notícias que tenho, é o caso da contabilidade por exemplo.

Com relação à eficácia eu também tenho dúvidas, se o que se está almejando é a

qualidade do ensino. Sem dúvida, soluções cartoriais são péssimas alternativas para esse

problema que é mais substantivo. Mas a alternativa, que seria deixar aflorar e reconhecer

as diferenças e alternativas, não parece ser da parte de nossos hábitos culturais”.

Ambas as contribuições foram de muita valia para elucidar e auxiliar na conclusão

da monografia

Extremamente delicada é a análise da estrutura interna das instituições públicas e

privadas. Mesmo no contexto público federal e estadual percebe-se uma certa diferença

entre as instituições federais em relação às estaduais. No que tange ao funcionamento

interno das instituições existe uma certa “vaidade” no meio acadêmico federal

principalmente porque elas têm apresentado as melhores notas nos cursos da Graduação e

Pós-Graduação na avaliação realizada pelo Ministério da Educação.

58

A respeito das particulares no cenário comparativo em relação às públicas, o

critério de avaliação é muito mais crítico. Professores, principalmente do sistema público,

ao se reportarem às instituições particulares genericamente falando, são tendenciosamente

preconceituosos em suas análises ao conceituar essas instituições como “fabriquetas de

diplomas” e que ministram “cursos de fins de semana”. É a opinião de alguns autores. Mas

a análise não pode ser tão simplista assim. Não se pode negar que esse tipo de instituição

tem crescido desde o início dos anos oitenta. Elas têm atendido as demandas do mercado de

trabalho, oferecendo diferentes tipos de cursos e em vários níveis de qualificação

profissional e as mais tradicionais também possuem centros formadores de pesquisadores e

acadêmicos, muitos dos quais reconhecidos e respeitados no cenário educacional.

A partir da LDB e o que determina o artigo 52 inc. II as instituições privadas, para

fazer frente competitiva com as instituições públicas, bem como, para se adequar ao que

determina a nova Lei tem exigido a qualificação de Mestres e Doutores para seu quadro de

docentes.

Existe também o outro lado da moeda e a análise deve ser feita sob óticas e

observações diversas. Tivemos a oportunidade de pesquisar em universidades privadas e

infelizmente alguns cursos em nível de Mestrado de instituições conceituadas ainda não

tiveram seu reconhecimento pelo MEC/CAPES. Em relação aos cursos de Pós-Graduação

lato senso, pela autonomia constitucional, as instituições podem criar os cursos livremente.

Nem por isso deve haver ausência de critérios para tais cursos.

Selecionamos no anexo diversas informações sobre a educação no país.

Infelizmente lamenta-se quando se depara com matérias cujo título é “ Sacoleiros do

Ensino”, reportando-se à Universidade Iguaçu (Unig). Essa instituição sofreu denúncias de

que oferece cursos de fim de semana, onde vêm pessoas de vários estados pois só há aula

uma vez ao mês. Na reportagem um ex-integrante do esquema revelou que os cursos

rendem mensalmente R$ 3 milhões. Parte iria para a Fundação e o Centro de Ensino

Ulysses Guimarães e a Unig ficaria com 20 a 30 %. O Ministro da Educação determinou

que a Unig passe por processo de recredenciamento.

É a primeira vez, segundo a reportagem, que o MEC determina o recredenciamento

de uma universidade. O MEC suspendeu os cursos de formação pedagógica e obrigou a

59

universidade a recredenciar todos os seus outros cursos. Alunos do curso de fisioterapia

reclamaram que depois de formados descobriram que o curso não foi reconhecido.

Casos como esse, são exemplos isolados, não representando a realidade de todas as

instituições privadas. Nesse caso o estigma de “fábrica de diplomas” parece ser merecido.

Os cursos de Pós-Gaduação estrito senso precisam obter o reconhecimento do

MEC/CAPES. Esse tipo de controle necessita de ser realizado com acurada cautela pois

desse modo correm o risco de descrédito no meio acadêmico. O ensino precisa achar um

ponto de equilíbrio a fim de que possa equacionar duas variáveis: qualidade X quantidade.

Ambas são importantes. Quanto à qualidade dispensa-se maiores considerações, eis que o

adjetivo de ,per si, já possui conteúdo próprio. Em relação à quantidade faz-se necessário o

aumento de cursos de Pós-Graduação estrito senso, uma vez que, o mercado profissional e

acadêmico exigem um perfil profissional cada mais mais diferenciado e elitizado.

A educação brasileira sempre foi usada no Brasil como sectarismo social, fazendo

assim, distinção de pessoas e grupos sociais. Apesar do aumento estatísticos de alunos no

campo educacional ainda existem problemas ligados à educação, especialmente na superior

pública.

Não haverá democracia eficiente e concreta, tão pouco crescimento econômico e

político que ingresse o país na era globalizante, sem que haja um sistema nacional de

educação melhor preparado capaz de equilibrar as diferenças e as desigualdades sociais.

Uma Nação para ingressar na era da globalização necessita de avanços tecnológicos e

científicos, portanto o conhecimento científico deve ser reconhecido e valorizado como a

possibilidade de entender, explicar e transformar a realidade. A globalização possui suas

bases ancoradas no conhecimento científico e na informação, então é inviável pensar no

ingresso do país nesse contexto econômico se persistirem as condições do nosso sistema de

ensino básico e médio. Nesse cenário o ensino superior tem o encargo e o relevante papel

de modificar os padrões educacionais e para tanto, deve ser menos hierarquizado, mais

diversificado e inclusivo.

A avaliação estatística indica que apenas 11% dos jovens entre 19 e 24 anos estão

ingressos no ensino superior, onde 37,9% encontram-se no setor público e 62,1% no setor

privado. Com tudo isso o Brasil tem realizado um enorme desempenho para ampliar sua

oferta de ensino superior. Apenas como referência estatística podemos apontar que em

60

1994 o sistema público e privado ofereceu 574 mil vagas e em 1998 a oferta aumentou

para 766 mil. A taxa de aumento no setor público foi de 16% e no setor privado 44%.

Apesar da estatística apontada em 2000 houve um déficit de cerca de dois milhões de

vagas! Em um dos anexos destacamos duas entrevistas concedidas pelo Ministro Paulo

Renato; uma para a revista “Isto é” e outra para o jornal “O Globo”. Na entrevista

concedida ao jornal o Ministro afirma que houve crescimento no ensino público brasileiro

em todos os seus níveis. Informa que o aumento deu-se principalmente na camada pobre da

população. Dados realizados pelas Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) mostram

o avanço ocorrido nos últimos anos na universidade pública.

Na Pós-Graduação houve aumento no número de conclusão nos cursos de Mestrado

e Doutorado. O dado mais significativo se deu na qualidade em nível profissional do corpo

docente das instituições. As avaliações que atualmente são aferidas as instituições

superiores também vêm contribuindo significativamente para a melhora na qualificação do

ensino.

VI . 2 - AVALIAÇÕES:

Desde 1996 que o Sistema Federal de Educação é supervisionado pelo Ministério da

Educação. As avaliações são realizadas nas instituições públicas e privadas. São dois os

critérios de avaliação utilizados:

a) Exame Nacional de Cursos (O Provão);

b) Avaliação das Condições de Oferta.

A) EXAME NACIONAL DE CURSOS - avalia os cursos de graduação através dos

formandos no seu último ano. Criado em 1995 pela Lei nº9.131, possui por objetivo

melhorar os cursos de graduação avaliando as instituições e seus cursos de nível superior.

Analisam os fatores determinantes da qualidade e da eficiência das atividades de ensino,

pesquisa e extensão. O “Provão”, como ficou conhecido é realizado anualmente e constitui

condição obrigatória para a obtenção do registro do diploma. São avaliados três critérios:

61

a) Qualificação do Corpo Docente – essa avaliação leva em conta qualificar as atividades

de ensino, pesquisa e extensão e o desempenho dos professores. A qualificação do corpo

docente constitui um dos pilares para o aperfeiçoamento do ensino.

b) Organização Didático-Pedagógica – esse item analisa a estrutura curricular, as atividades

permanentes de extensão, a pesquisa e a produção científica, bem como, a execução do

currículo e estágios desenvolvidos.

c) Instalações – essa avaliação é pertinente à infra-estrutura das instalações tais como:

bibliotecas, laboratórios, oficinas, salas de aula e equipamentos.

Cada curso avaliado será considerado renovado através do reconhecimento de seus

cursos revalidados a cada ano. O Exame, na realidade, avalia o discente formando, o

docente formador e a própria instituição. Em 2001 tivemos a 6ª edição do Provão. Esse ano

além dos dezoito cursos que foram avaliados em 2000 entraram Pedagogia e Farmácia. A

saber:

« Administração (1996,1997,1998,1999,2000,2001);

« Agronomia (2000 e 2001);

« Biologia (2000 e 2001);

« Comunicação Social – habilitação em jornalismo (1998,1999,2000 e 2001);

« Direito (1996,1997,1998,1999,2000 e 2001);

« Economia (1999,2000 e 2001);

« Engenharia Civil (1996,1997,1998,1999,2000,2001);

« Engenharia Elétrica (1998,1999,2000 e 2001);

« Engenharia Mecânica (1999,2000 e 2001 );

« Engenharia Química (1997,1998,1999,2000 e 2001);

« Farmácia (2001);

« Física (2000 e 2001);

« Letras (1998,1999,2000 e 2001);

« Matemática (1998,1999,2000 e 2001);

« Medicina ( 1999,2000 e 2001);

« Medicina Veterinária (1997,1998,1999,2000,2001);

« Odontologia (1997,1998,1999,2000 e 2001);

« Pedagogia (2001);

62

« Psicologia (2000 e 2001);

« Química (2000 e 2001).

“ O Provão” revolucionou o sistema de ensino, sacudiu a universidade por dentro,

acabou com o marasmo e aumentou o nível de exigência de alunos e professores” –

declaração do Ministro da Educação Paulo Renato de Souza em entrevista para a Revista do

Provão, Brasília, 2000 – nº5 pg.7. Defendeu o Provão como “... um dos meios que vão nos

levar nessa passagem de um sistema de ensino, por vezes simples reprodutor de

conhecimentos, para uma Universidade criativa e geradora de novos saberes e dos quadros

profissionais indispensáveis à transformação do Brasil e à melhoria da qualidade de vida

dos brasileiros” – idem pg.53.

Com a quantidade de cursos que existem, por vezes, fica difícil saber o tipo de

profissionais que ingressam no mercado. As grandes faculdades particulares têm

mensalidades caras e, nas mais baratas, o ensino é “sofrível” como demonstra o Provão. A

avaliação também demostrou que as instituições públicas não ficam inócuas às baixas

notas. Vide anexo, além da entrevista do Ministro Paulo Renato (revista “Isto é”, nº 1658

de 11/07/2001) informando as novas mudanças feitas no Conselho Nacional de Educação,

há dois quadros demonstrativos das melhores e piores instituições de nível superior

avaliadas e as notas dos cursos. Em ambos os quadros encontramos instituições públicas e

privadas. Portanto, algumas universidades públicas do país também necessitam de

reavaliação dos seus cursos para serem recredenciados. A Universidade Gama Filho, por

exemplo, recebeu quatro notas E como conceito em um dos seus cursos (a matéria não

informa o nome do curso) na Graduação, mas ao mesmo tempo, obteve boa avaliação do

CAPES/MEC nos cursos de Pós-Graduação stricto sensu: Direito, Educação Física,

Filosofia e Psicologia e Sexologia em relação à produção científica e a infra-estrutura.

Crítica feita pelo Presidente do Conselho Regional de Odontologia do Distrito

Federal, Orlando Ayrton de Toledo, arrisca uma denúncia: “Algumas das instituições que

oferecem os cursos não têm o objetivo de educar, mas apenas de ganhar dinheiro”.

Independente do ensino ser oferecido por instituição pública ou privada, todas

devem exigir qualificação do seu corpo docente e investir na infra-estrutura. Desde a

63

primeira avaliação realizada em 1996 até 1999, o número de professores com doutorado

aumentou em 29,58% e o de professores com mestrado ficou em torno de 23,30%.

O Provão além de possuir uma função avaliadora também mostra a complexa

realidade do ensino universitário no país, nos seus diversos segmentos. Melhorar a

qualidade de ensino exige uma postura crítica de discentes e docentes.

B) AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE OFERTA – consiste no tipo de avaliação

realizada por: especialistas, mestres e doutores, que através de visitas técnicas, avaliam a

qualidade acadêmica dos cursos a partir de um conjunto de indicadores: corpo docente,

organização didático-pedagógica e instalações, em especial os laboratórios e as bibliotecas.

Esse tipo de avaliação existe desde 1998 iniciada pela SESu/MEC. Foram analisados 2.729

cursos das 18 áreas de conhecimento submetidas ao Provão. A SESu realiza relatórios com

as avaliações e apresenta às instituições analisadas com as recomendações dos técnicos para

adequar seus cursos aos padrões de qualidade exigidos pelo MEC. Ela também se encarrega

de acompanhar o cumprimento das recomendações.

No dia oito de outubro último, o Ministro da Educação divulgou em uma entrevista

coletiva para a imprensa em São Paulo, o resultado da Avaliação das Condições de Oferta

de mais seis cursos de graduação, feita no ano passado. Foram avaliados 1.122 cursos da

área de Agronomia, Biologia, Física, Letras, Psicologia e Química, em todo o país e

incluindo as instituições públicas e as privadas: o corpo docente das instituições federais

está melhor conceituado no campo das pesquisas. Já as instalações das instituições privadas

são mais modernas.

O MEC criou o Programa de Modernização e Consolidação da Infra-estrutura

Acadêmica das Ifes, desenvolvido pela Secretaria de Educação Superior (SESu/MEC) para

superar as deficiências em relação a infra-estrutura das instalações federais.

A partir de julho desse ano o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais (Inep/MEC) substituiu a SESu na Avaliação das Condições de Oferta.

Apenas para referendarmos a efetividade da prática das avaliações no sistema

educacional e seus reflexos que já estão sendo sentidos, podemos exemplificar a

recomendação feita pelo MEC para fechamento de dois cursos deficitários. São os cursos

de Direito da Faculdade de Direito de Sete Lagoas em Minas Gerais e da Faculdade

64

Brasileira de Ciências Jurídicas no Rio de Janeiro. Os cursos poderão ser desativados se o

Conselho Nacional de Educação (CNE) acatar a recomendação do MEC. Seus alunos serão

transferidos para outras instituições caso ocorra o fechamento. Por sua vez o Ministro Paulo

Renato recomendou a renovação do reconhecimento dos seguintes cursos de Administração

e Direito que conseguiram sanar as deficiências avaliadas pela comissões de professores

especialistas:

Administração:

« Faculdade Matogrossense de Ciências Contábeis e Administrativas – Cuiabá/MT;

« Faculdades Integradas do Tapajós – Santarém/PA;

« Faculdade de Economia e Finanças do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ;

« Centro de Ensino Superior de Catalão – Catalão/GO;

« Faculdades de Ciências Humanas do Vale do Rio Grande – Olímpia/SP;

« Faculdade de Ciências Contábeis e Administração – Avaré/SP;

Direito:

« Universidade Santa Úrsula – Rio de Janeiro/RJ;

« Universidade Católica de Petrópolis – Petrópolis/RJ;

« Faculdade Anhanguera de Ciências Humanas – Goiânia/GO;

« Faculdades Integradas de Tapajós – Santarém/PA.

O MEC recomenda o fechamento dos cursos que não passaram nas avaliações

realizadas, o Conselho Nacional de Educação delibera e o Ministro da Educação homologa.

O MEC também coordena a transferência dos alunos para outras instituições.

65

CAPÍTULO VIIPÓS-GRADUAÇÃO

66

CAPÍTULO VIIPÓS-GRADUAÇÃO

Conceito – Grau de ensino superior, para aqueles que já obtiveram a conclusão do curso degraduação. A Pós-Graduação stricto sensu tem por objetivo formar e aperfeiçoar pessoaldocente para o ensino de nível superior , estimular o desenvolvimento da pesquisacientífica e tecnológica e proporcionar o treinamento de técnicos de alto padrão. Os cursosde pós-graduação lato sensu são direcionados para o aperfeiçoamento e reciclagemobjetivando melhor qualificação para o mercado de trabalho.

Pós-Graduação:

Espécies:

a) LATO SENSU « especialização.

- Esses cursos não oferecem titulação.

b) STRICTO SENSU « mestrado

« doutorado

- Oferecem titulação.

Extensão – são cursos de curta duração, voltados para áreas que privilegiam a abordagem

de um único tema. Esses cursos são ideais para quem quer direcionar a carreira para uma

disciplina da graduação.

Especialização – esses cursos possuem objetivo técnico específico, voltado para o

aprimoramento profissional de curta duração e para o mercado de trabalho. Seu público

alvo são os profissionais que desejam atingir o domínio científico em uma determinada área

de conhecimento.

Mestrado – dirigido para o profissional que deseja se dedicar ao meio acadêmico, ou seja,

produção de pesquisas e salas de aulas. Somente as universidades aprovadas pelo MEC

podem oferecer os cursos de Mestrado. O Mestrando é obrigado a formular uma tese e

defendê-la ao final do curso e aprovado, recebe o título de Mestre.

Doutorado – assim como o Mestrado o Doutorado é direcionado para os que optam para a

carreira acadêmica e aqui também somente as universidades autorizadas pelo MEC podem

oferecer o Doutorado. A diferença em relação ao Mestrado é que o Doutorado exige maior

dedicação e aprofundamento no tema estudado. Como o Mestrado, para a obtenção do

título é necessário a defesa de uma tese.

67

VII . 1 - OS PAPÉIS DO CAPES E DO CNPq:

A Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) é uma entidade pública vinculada ao Ministério da Educação. Seu principal

objetivo é subsidiar o MEC na formulação das políticas de Pós-Graduação stricto sensu

coordenando e estimulando a formação de recursos humanos altamente qualificados para a

docência em grau superior e pesquisa. A CAPES é a única agência de formento à Pós-

Graduação, no Brasil, a manter um sistema de avaliação de cursos que são reconhecidos e

utilizados por outras instituições nacionais.

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

também é uma fundação de formento a pesquisa, possuindo personalidade jurídica de

direito privado e vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O objetivo do CNPq é

promover e formentar o desenvolvimento científico e tecnológico do país, bem como,

contribuir na formulação das políticas nacionais de ciência e tecnologia. A função formento

é a principal ação realizada pelo CNPq. É dirigido para a formação de recursos humanos e

para o apoio à realização de pesquisas, formando pesquisadores altamente capacitados.

VII.2 – ANALISANDO O QUESTIONÁRIO:

O presente trabalho contou como material metodológico questionários respondidos

por professores em todos os níveis educacionais. Ao todo foram entrevistados vinte e cinco

profissionais, mas um dos entrevistados não leciona. Fizemos uma divisão para podermos

analisarmos os resultados:

1º) Foram entrevistados doze mulheres e treze homens;

2º) Quanto à faixa etária obtivemos os seguintes números:

- 20/30 anos = 5 entrevistados.

- 30/40 anos = 8 entrevistados.

- 40/50 anos = 7 entrevistados.

- 50/60 anos = 5 entrevistados.

3º) Em relação a educação dos entrevistados nos níveis: fundamental, médio e superior a

pesquisa conseguiu os seguintes dados:

68

Ensino fundamental : *

« público = 19 entrevistados

« privado = 5 entrevistados

Ensino médio: *

« público = 12 entrevistados.

« privado = 12 entrevistados.

* Um entrevistado não informou sua formação nos níveis fundamental e médio.

Ensino superior:

« público = 12 entrevistados.

« privado = 13 entrevistados.

4º) Na pergunta nº5 perguntamos sobre o nível de Pós-Graduação que é o tema central da

presente monografia.

- Pós-Graduação:

- Lato sensu = 22 dos entrevistados

- Estrito sensu :

Mestrado – 6 entrevistado

Doutorado – 1 entrevistado

5º) Quando perguntamos sobre o motivo que levou o entrevistado a fazer Pós-Graduação

17 entrevistados responderam que foi para atender ao mercado de trabalho e reciclagem

profissional e 8 responderam para cumprir a exigência do artigo 52, II da LDB, uma vez

que pretendem lecionar em nível superior.

6º) Na pergunta número 7 foi perguntado se o entrevistado é professor e em que nível.

Obtivemos os dados abaixo:

- Um entrevistado não é professor;

- Três lecionam no ensino fundamental;

- Dois lecionam no ensino fundamental e médio;

- Nove exercem o magistério no nível médio/técnico;

- Dez são professores universitários.

7º) Apesar de 24 dos entrevistados serem professores, 4 responderam que não conhecem a

exigência da LDB, para lecionar no ensino superior, 1 respondeu que conhece parcialmente

69

apesar de ser professor universitário e 20 conhecem a Lei. Os que pretendem lecionar em

instituições superiores pretendem fazer o Mestrado, a fim de cumprir a Lei.

8º) A pergunta nº11 foi unânime ou seja, todos atuam profissionalmente na área em que se

graduaram.

9º) Quanto as respostas da pergunta número 12 vale a pena ler cada uma individualmente.

Servirá de referência para a conclusão do trabalho. A maioria respondeu que não está

satisfeito com o ensino superior no país. Basicamente as críticas foram em relação à

formação do corpo docente e deficiência na infra-estrutura.

10º) Por último foi perguntado a opinião do entrevistado quanto a educação brasileira na

sua totalidade. Quase todos responderam que a educação brasileira, em todos os níveis, é

seletista e excludente.

11º) Quatro dos entrevistados que não conhecem a Lei lecionam no ensino fundamental e

médio e não pretendem lecionar no nível superior, nem fazer Mestrado. Um dos que

respondeu que não conhece a LDB é professor universitário com especialização e formado

há nove anos. Outro professor respondeu que conhece parcialmente a Lei, leciona no nível

superior é formado há vinte e seis anos com especialização. Ambos são formados por

instituições públicas.

12º) Analisamos a relação entre o ensino médio e superior e o questionário apontou o

seguinte resultado:

- Seis profissionais formados no ensino superior privado fizeram o ensino médio em

instituição pública;

- Seis profissionais se formaram no ensino superior público tendo realizado o ensino

médio na rede pública;

- Sete profissionais formados em instituição superior privada fizeram seu ensino médio

também na rede privada. Vale destacar que quatro desses professores são da faixa etária

de 50/60 anos;

- Seis profissionais que cursaram o ensino médio na rede privada, ingressaram em

instituições superiores públicas. As considerações sobre a pesquisa encontram-se na

conclusão da monografia.

70

VII.3 - O ARTGO 52 INCISO II

A nova Lei de Diretrizes e Bases obriga o sistema educacional brasileiro a se

repensar e reestruturar nos moldes legais. Isso significa maior exigência na formação do

quadro docente das instituições, indistintamente, públicas ou privadas. Observa-se na letra

fria da lei o preceituado no inciso II do artigo 52. Apesar da Lei exigir titulação de Pós-

Graduação estrito senso para um terço do corpo docente o que se tem observado na prática

das universidades é que a Lei está sendo aplicada como se abarcasse todo o corpo docente.

Inclusive o prazo jurídico determinado pela Lei ainda está em curso até dezembro de 2004.

A Lei deverá ser cumprida oito anos a contar da sua publicação, que se deu em 23 de

dezembro de 1996, segundo inteligência do artigo 88 § 2º.

Podemos fazer duas considerações em relação à exigência jurídica do art. 52, II da

Lei de Educação: primeiro que as instituições já estão se empenhando em efetivar o

determinado pela Lei, independente do prazo legal para cumprimento do preceito; segundo

indagar se as universidades conseguirão cumprir o dispositivo integralmente em todo o

território nacional, ou seja, o cumprimento legal é possível como realidade educacional em

qualquer Estado do país? Em relação à segunda consideração talvez ainda não tenhamos

uma resposta imediata. Os primeiros resultados como conseqüência do determinado pela

lei no interior do setor privado é melhoria de seu quadro de formação e na qualidade de seu

ensino. Para que haja realmente oferecimento de um ensino de qualidade faz-se necessário

que à médio prazo haja institucionalização do potencial de pesquisa através de

recrutamento de doutores. As instituições privadas devem buscar um novo modelo de

organização da pesquisa.

Graduados tanto da rede pública, quanto privada encontram sérias dificuldades para

ingressar em um curso de Pós-Graduação estrito senso. As instituições públicas possuem

critérios rígidos e o número de vagas não é o suficiente para abarcar toda a comunidade

académica e nas instituições privadas o alto preço cobrado impossibilita a maior parte da

população que não possui recursos para arcar com os custos.

Dados divulgados pelo MEC informam que a formação de mestres e doutores no

país tem crescido significativamente desde 1994. O número de mestres aumentou 25% e os

doutorados mais de 50%. No início da década de noventa o número de alunos no curso de

71

mestrado formando-se por ano era menor que nove mil e no final da mesma década já

contabilizavam o índice de quatorze mil. Quanto ao doutorado o número inicial era de 2,5

mil e aumentou para 4,7 mil por ano.

No anexo do trabalho apresentamos um mapa que mostra o perfil da pós-graduação

estrito sensu no Brasil por cada região. Pode parecer um contra-senso, mas diante de todas

as reais dificuldades pelas quais o ensino brasileiro vem atravessando ao longo de sua

evolução histórica, o Brasil contabiliza o reconhecimento de ser o país mais avançado em

Pós-Graduação da América Latina. Não há como negar que a expansão da pós-graduação

no país vem crescendo anualmente.

As instituições superiores públicas ainda fazem diferença no cenário educacional.

Têm um implemento e direcionamento voltado para os cursos de Pós-Graduação estrito

sensu, sendo esses cursos altamente seletistas, criteriosos e valorizados. Um exemplo dessa

afirmativa é o Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Coppead), da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, que foi escolhido pelo jornal inglês Financial

Times como uma das 100 melhores do mundo na área de negócios. É a primeira vez que

uma faculdade latino-americana aparece no renomado ranking. O principal diferencial do

Coppead é o corpo docente formado por professores altamente qualificados e com

dedicação exclusiva. Só consegue ingressar na instituição 5% dos alunos mais bem

colocados no exame da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em

Administração (Anpad).

Muitas instituições privadas concentram sua área de atuação em nível de pós-

graduação latu-senso, cujos cursos, na maioria das vezes são voltados para atender as

necessidades de qualificação profissional e do mercado de trabalho, no entanto, várias

instituições privadas têm feito diferencial na vida acadêmica em nível de pós-graduação

stricto sensu.

Um dos nossos maiores desafios será a reforma estrutural do sistema de ensino

brasileiro como um todo. Por mais que já estejamos fazendo e de certo já obtivemos

avanços, principalmente no ensino superior, as mudanças devem partir das iniciativas que

comecem principalmente na base estrutural do sistema , na educação fundamental e média.

Não se modifica uma estrutura superior sem alterar suas bases e alicerces, sob pena de todo

o sistema desmoronar.

72

“Portanto, incentivemos a pesquisa e a produção intelectual, condições do progresso

do conhecimento, mas restauremos o “ser docente”, no sentido ontológico e ético,

configurando profissionais que queiram ser professores e não se acanhem disso”

Antônio Cândido

73

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO :CONSIDERAÇÕES FINAIS

Questiona-se na monografia a aplicabilidade e efetividade prática da exigência

curricular na superestrutura da educação brasileira nos cursos de Pós-Graduação.

Nossa sociedade ainda vive os resíduos do seu colonialismo, escravismo e

coronelismo. O sistema educacional é reflexo da realidade social brasileira. Somos

sectaristas e inegavelmente elitistas; separamos, selecionamos e por isso, excluímos.

Vivemos realidades distantes e diferentes em um mesmo Brasil.

Impossível imaginarmos um país democrático e desenvolvido sem um sistema

nacional de educação reformado e consolidado em bases de igualdade de oportunidades.

Mas essas mudanças não ocorrerão em pouco tempo, possivelmente precisaremos de mais

alguns anos para a implantação de uma efetiva mudança educacional.

Maior participação política do Governo, em todos os seus níveis, e o seu

comprometimento com o nosso sistema de ensino é desiderato mais que almejado. A

parcela de contribuição estatal nos diversos níveis públicos de educação poderá ser feita

incentivando pesquisas, implementando subsídios, dividindo responsabilidades, criando

parcerias e investimentos.

A pirâmide educacional no Brasil é invertida: melhor em cima, no nível

universitário e ainda insatisfatória nos níveis fundamental e médio.

Quanto ao papel que as universidades vêm desempenhando podemos perceber

gradativamente que o ensino superior, apesar dos descaminhos de muitos anos, começa a

definir novos rumos.

A globalização possui suas bases ancoradas no conhecimento científico e na

informação. Uma nação, para ingressar na era da globalização, necessita de avanços

tecnológicos; portanto, o conhecimento científico deve ser reconhecido e valorizado como a

possibilidade de entender, explicar e transformar o mundo. É necessário que haja um

sistema nacional de educação mais bem preparado, equilibrando as diferenças e as

desigualdades sociais. Somente assim haverá democracia eficiente e concreta,

74

desenvolvimento econômico, social e político, ingressando o país na era da globalização. É

inviável pensar no ingresso do nosso país nesse contexto, se persistirem as condições do

nosso sistema de ensino básico e médio.

Nesse cenário, o ensino superior tem o encargo e o relevante papel de modificar os

padrões educacionais, para tanto, deve ser menos hierarquizado, diversificado e mais

inclusivo.

Uma realidade é até questionável: a educação superior não é para todos. A maioria

é e continuará sendo colocada à margem sem participar ativamente desse papel.

Pelo material colhido no trabalho, podemos considerar, que em relação ao tema

principal da monografia: o artigo 52 inciso II da LDB, já começou a ser aplicado e

efetivado nos ensinos superiores, ainda que com alguns percalços e arestas a serem

aparadas. Provavelmente os oito anos preceituados não serão suficiente para a efetivação

ampla da Lei em todas as instituições públicas e privadas do país. Nas grandes capitais é

comprovado o aumento da qualidade profissional dos docentes. Espera-se que, da mesma

forma, haja um efetivo implemento nos demais estados brasileiros.

Alguns entrevistados criticaram o ensino superior brasileiro e o despreparo dos

profissionais que anualmente se graduam e ingressam no mercado de trabalho. Mas é

inegável que a qualidade do profissional acadêmico tem melhorado. Alguns desses

entrevistados não vivenciam a experiência da docência superior. Os que escolhem a

profissão acadêmica superior possuem a oportunidade de experimentar uma rica

experiência: a possibilidade de mudar a realidade através da transformação, ação e

mobilização.

A Drª Elizabeth Balbachevsky, cujo artigo serviu de referencial para o presente

trabalho, contribuiu também através de e-mail respondendo a pergunta que é tema da nossa

abordagem. Não se pode discutir que uma boa alternativa para os problemas brasileiros,

seria interpretar para entender as suas diversidades. Reconhecendo as diferenças e

conduzindo caminhos em sua direção, respeitaríamos as peculiaridades regionais. Pondera

a Drª, que algumas áreas ainda apresentam problemas na formação acadêmica. É verdade,

mas leva-se tempo para transformações sociais como as aspiradas pela Lei. Afinal, trata-se

de uma exigência curricular que até bem pouco tempo era privilégio de uma parcela ínfima

da população acadêmica e dos profissionais de um modo geral.

75

Há alguns anos, possuir especialização já era exceção para poucos, Mestrado e

Doutorado, só para profissões específica tais como Medicina, Engenharia, Biologia.

Tornar mais aplicável e efetivo o que, até bem pouco tempo, constituía uma exceção

na educação brasileira, demanda certo lapso temporal . Muitas críticas ainda hão de ser

feitas, muitos vão se rebelar, criticar, banalizar.

A Mestre Maria Zélia Borba Rocha coloca em sua resposta questões relevantes que

já consideramos no trabalho. Trata-se das desigualdades sociais e a democratização do

ensino, bem como, a necessidade de escolaridade para ingresso na globalização. Finaliza

opinando que os objetivos da Lei são realidades alcançáveis e que depende do implemento

do Estado e da sociedade para que haja maior crescimento da Universidade Brasileira.

Uma questão é inegável; a educação brasileira está sendo difundida, propagada,

discutida, criticada e analisada; já é um avanço.

Escolher uma profissão é antes de tudo definir um projeto de vida. Que os docentes

possam contribuir com o papel que lhes é reservado no meio social, desenvolvendo o

potencial dos discentes para serem formadores de opinião e profissionais com aptidão.

A luta é árdua, mas os profissionais da educação hão de vencer o bom combate.

A sociedade agradecerá.

76

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E CITADA

1- SCHMIDT, Benício Viero. Entre escombros e alternativas: ensino superior na

América Latina/ Benício Viero Schmidt, Renato de Oliveira, Virgílio Alvarez Aragon.

Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2000.

2 – SAVIANI, Dermeval. A nova lei de educação: trajetória, limites e perspectivas.Campinas, SP: Editora Autores Associados, 6ª ed., 2000. – ( Coleção educaçãocontemporânea).

3 - MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro/ tradução deCatarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de AssisCarvalho. São Paulo: Editora Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2ª ed., 2000.

4 – CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil: leitura crítico-compreensiva: artigo a artigo.Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 5ª ed., 1998.

5 – FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. SãoPaulo: Editora Paz e Terra, 16ª ed.,1996.

6 – FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 28ªed.,1987.

7 – FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa.Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1ª ed., 1975.

8 – SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Editora Forense, 13ª ed.,1997.

9 – Constituição Federal / coordenação Maurício Antônio Ribeiro Lopes. – 6ª ed. Ver. Eatual.- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. (RT Códigos).

10 -- Revista do Provão. Ministério da Educação e Cultura. Investindo na qualidade.Brasília – DF: MEC, 2000.

11 – CHAUI, Marilena . Massificação emburrece universidade. O LIBERAL, Belém, 18de junho de 2001 pg, 3, caderno variedades.

12 – SOUZA, Paulo Renato. Um falso dilema na educação. O GLOBO, Rio de Janeiro,

10 de setembro de 2001, pg. 7, 1º caderno.

77

13- BUARQUE, Cristovam. Discriminação decente. O GLOBO, Rio de Janeiro/RJ, 10

de setembro de 2001, pg.7, 1º caderno.

14 – http://www.inep.gov.br/enc/ INEP – Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais,

1-3 p.,2001.

15 – http://www.mec.gov.br/sesu Secretaria de Educação Superior / Ministério da

Educação – MEC – 1-1 p.,2001.

16 – http://www.cnpq.br/ CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico – 1-1.,2001.

17 – SAVIANI, Demerval. Análise Crítica da Organização Escolar Brasileira Através das

LEIS 5.540/68 e 5.692/71 /Cap. IX, pg – 175/194 – (Educação Brasileira

Contemporânea) Mimeo.

18 – FILHO, Casemiro dos Reis. Reforma Universitária e Ciclo Básico: Modelo Viável/

Cap. X, pg – 195/223 – (Educação Brasileira Contemporânea) Mimeo.

78

ÍNDICE

AGRADECIMENTO III

DEDICATÓRIA IV

PENSAMENTO V

RESUMO VI

METODOLOGIA VII

SUMÁRIO VIII

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I - HISTÓRICO DO ENSINO NO BRASIL 10

CAPÍTULO II - RESUMO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA DA 14 DÉCADA DE SESSENTA AOS DIAS DE HOJE

II . 1 – Resumo cronológico da Educação no Brasil 18 II . 2 – Breve comentário do ensino de 1º e 2º graus 19 e a reforma – Lei 5692/71 II . 3 - Resumo geral da educação brasileira na década 20 de sessenta aos dias atuais

CAPÍTULO III - A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A LEI 21 DE DIRETRIZES E BASES

III . 1 - Considerações relevantes sobre a educação na 22 essência da Constituição Federal III . 2 - Considerações da educação superior: 24 Artigos 43 a 57

79

CAPÍTULO IV -ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO 28

IV . 1 – Alguns acontecimentos na área educacional 32 na década de noventa IV . 2 – Ensino básico pela LDB 33 IV . 3 - Alguns conceitos sobre Educação 40

CAPÍTULO V - OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 43

CAPÍTULO VI - O ENSINO SUPERIOR NA ATUALIDADE 47

VI . 1 – Universidades Brasileiras 53 VI . 2 - Avaliações 60 VI . 2.a ) Exame Nacional de Cursos (O Provão) 60 VI . 2.b ) Avaliação das Condições de Oferta 63

CAPÍTULO VII - PÓS-GRADUAÇÃO 65

VII . 1 – Os papéis do CAPES e do CNPq 67 VII . 2 - Analisando o questionário 67 VII . 3 - O artigo 52 Inciso II 70

CONCLUSÃO 73

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E CITADA 77

ÍNDICE 79

ANEXOS

FOLHA DE AVALIAÇÃO

80

ANEXOS

81

ANEXO 1ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS

82

ANEXO 2ATIVIDADES EXTRA-CLASSE

83

ANEXO 3REPORTAGENS

84

ANEXO 4E-MAILS

85

ANEXO 5QUESTIONÁRIOS

86

ÍNDICE

AGRADECIMENTO III

DEDICATÓRIA IV

PENSAMENTO V

RESUMO VI

METODOLOGIA VII

SUMÁRIO VIII

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I - HISTÓRICO DO ENSINO NO BRASIL

CAPÍTULO II - RESUMO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA DA DÉCADA DE SESSENTA AOS DIAS DE HOJE

II . 1 – Resumo cronológico da Educação no Brasil II . 2 – Breve comentário do ensino de 1º e 2º graus e a reforma – Lei 5692/71 II . 3 - Resumo geral da educação brasileira na década de sessenta aos dias atuais

CAPÍTULO III - A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A LEI DE DIRETRIZES E BASES

III . 1 - Considerações relevantes sobre a educação na essência da Constituição Federal III . 2 - Considerações da educação superior: Artigos 43 a 57

87

CAPÍTULO IV -ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO

IV . 1 – Alguns acontecimentos na área educacional na década de noventa IV . 2 – Ensino básico pela LDB IV . 3 - Alguns conceitos sobre Educação

CAPÍTULO V - OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

CAPÍTULO VI - O ENSINO SUPERIOR NA ATUALIDADE

VI . 1 – Universidades Brasileiras VI . 2 - Avaliações VI . 2.a ) Exame Nacional de Cursos (O Provão) VI . 2.b ) Avaliação das Condições de Oferta

CAPÍTULO VI - PÓS-GRADUAÇÃO

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E CITADA

ANEXOS