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  • 7/28/2019 Sebenta de QAN.pdf

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    Henrique Silva Fernandes

    Sebenta de Qumica dos

    Alimentos e Nutrio

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    Introduo

    1 [Alimentos so] Todos os materiais sdos e lquidos introduzidos no aparelh

    digestivo e que so utilizados para ma

    ter e construir os tecidos corporais, re

    lar processos vitais e fornecer energia

    contribuindo assim para o sustento da

    vida

    Krause e Mah

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    Os alimentos tm um papel muito impor-

    tante nas actividades que desempenha-

    mos diariamente. Assim como desenvolve-

    mos diferentes tipos de actividades, mais

    ou menos intensas, envolvendo mais oumenos, tambm assim diferentes nutrien-

    tes so mobilizados para essas tarefas de

    modo a satisfazer as necessidades do nos-

    so organismo durante esses perodos de

    tempo.

    Como apresentado na figura, diferentes

    tipos de actividades fsicas condicionam

    diferentes respostas do nosso organismo

    e isso faz com que em certos casos a velo-

    cidade a que acontece a respirao no

    seja suficiente para produzir a energia ne-

    cessria para a actividade corrente. Nes-

    ses casos acontecem, por vezes, outrasvias de produo de energia em condi-

    es de anaerobiose, como a metaboliza-

    o dos carboidratos.

    Em termos da produo de energia por

    parte das 3 grande famlias de nutrientes,

    responsveis pela produo de energia, te

    mos os carboidratos e as protenas, que

    aps metabolizao de uma grama, conse

    guem gerar cerca de 4kcal por grama. Nocaso dos lpidos, a energia produzida su

    perior, ascendendo s 9 kcal por grama de

    lpido metabolizada.

    Por definio, 1 kcal corresponde ener

    gia dispendida no aquecimento de 1kg de

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    gua de modo a elevar a sua temperatura

    em 1C. O conceito de caloria vulgarmen-

    te utilizado pela empresas em termos de

    publicidade de modo a informar o cliente

    da carga calrica do alimento, sendo queisto acontece principalmente ao nvel dos

    produtos alimentares dietticos. Com a vul-

    garizao da caloria quando nos esta-

    mos a referir a kcal, foi aprovado que Ca-

    loria, com C maisculo corresponderia

    a kcal em vez de cal.

    Pirmide alimentarA pirmide alimentar uma outra forma de

    organizar os alimentos e disp-los num ar-

    ranjo grfico que permita transmitir, facil-

    mente, informao acerca dos alimentos e

    das pores que devem ser ingeridas.

    Na base da pirmide da dieta mediterr

    nea temos a actividade fsica, essencial

    para um estilo de vida saudvel e equilibra

    do. Imediatamente a seguir temos os

    alimentos ricos em hidratos de carbono,como o po, arroz e massa. Assim como

    vegetais, legumes, leguminosas, azeite,

    queijo e iogurte que so alimentos que de

    vem ser consumidos diariamente. Imediata

    mente a seguir, e no seguimento do estrei

    tar da pirmide temos o peixe, as carnes

    brancas, os ovos e os doces que devemser consumidos com mais moderao e

    com um frequncia semanal. Por fim, te

    mos as carnes vermelhas que devem ser

    de consumo mensal.

    Roda dos AlimentosContudo, actualmente a roda dos

    alimentos a representao mais correcta

    do tipo de alimentao que cada indivduo

    deve apresentar, considerando dados rela

    3

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    tivos a pores de consumo dirio. Pois,

    como argumentado pela OMS (Organiza-

    o Mundial de Sade), uma alimentao

    saudvel e equilibrada deve basear-se

    num estilo de vida no sedentrio e numaalimentao equilibrada e diversificada.

    NutrientesOs nutrientes so todas as classes de com-

    postos presentes nos alimentos que so

    essenciais para a nossa constituio, des-

    envolvimento e manuteno do nosso or-ganismo. Os nutrientes podem ser classifi-

    cados, e organizados como base na sua

    necessidade. Assim temos os macronu-

    trientes que so necessrios em quantida-

    des da ordem da grama, como as prote-

    nas, lpidos, carboidratos e gua; os micro-

    nutrientes necessrios em quantidades

    da ordem das miligramas, como as vitami-

    nas e os sais minerais. Temos ainda as fi-

    bras importantes na regulao do trnsito

    intestinal e os pigmentos de cor, aroma e

    sabor, presentes em muito menores quanti-

    dades. So estes os compostos que confe-

    rem aos alimentos as suas caractersticas

    nutricionais e sensoriais.

    Assim, podemos definir trs grandes clas-

    ses de factores importantes na avaliao

    da qualidade de um alimento, so eles o

    aspecto sensorial, valor nutricional e se-

    gurana. Dentro dos aspectos sensoriais

    temos vrios factores importantes. Um de

    les a aparncia visual que percepciona

    da ao nvel da viso e avalia a forma, as

    pecto, cor, brilho e possveis defeitos doalimento. Paralelamente, temos a textura

    do alimento que avaliado no s pelo tac

    to, mas tambm como pela audio e

    fundamentalmente importante ao nvel da

    percepo da firmeza, do estaladio, dure

    za e consistncia fibrilar do alimento. Por

    fim, temos o sabor que engloba o gosto(paladar) e o aroma e percepcionado

    pelo gosto e olfacto. Em suma, temos 5 ca

    ractersticas que definem a preferncia do

    consumidor, os chamados aspectos senso

    riais, so eles a textura, a forma, cor, gosto

    e aroma.

    Ao nvel do gosto, a nossa lngua capazde percepcionar 5 sensaes:

    Doce: conferido por acares, dippti

    dos como o aspartame e sais de berlio;

    Salgado: conferido pelo cloreto de sdio

    (NaCl) e dipptidos derivados na ornitina;

    Amargo: conferido pelo quinino, cafena

    e grande parte dos aminocido da srie

    L;

    cido: conferido por partculas que liber

    tam em soluo de protes;

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    Umami: conferido pelo glutamato de s-

    dio, aminocido e pptidos.

    Para alm disso, exis-

    tem na boa sensoresqumicos que percepci-

    onam a temperatura,

    por exemplo associa-

    da ao fresco do mentol

    e o picante associado

    ao calor da pimenta.

    O limite de percepo , por definio, aconcentrao mnima de cada composto

    que capaz de conferir caracterstica sen-

    soriais a um determinado painel de prova-

    dores.

    Os aromas tambm pode ser divididos em

    vrios tipos de cheiros fundamentais,

    como o cheiro a especiarias, flores, frutos,

    resina, queimado e ftido. O cheiro per-

    cepcionado pelo nosso olfacto ao nvel do

    nariz. Isto acontece, porque determinadas

    molculas, responsveis por conferir um

    determinado odor, se ligam a receptores

    especficos das membranas das clulas

    presentes nas mucosas do nariz e desen-cadeiam a despolarizao da membrana

    de modo a emitir um sinal ao crebro de

    que um determinado odor por percepcio-

    nado.

    Existem aromas primrios que existem na

    turalmente nos alimentos, como os terpe

    nos, os steres etlicos, lactonas e pirazi

    nas e outros, designados de secundrios,

    que se formam por reaces de ndole oxi

    dativo, enzimtico ou trmico que degra

    dam outros compostos dos alimentos eque originam novos produtos com proprie

    dades aromticas.

    Neste caso falamos da autoxidao lipdi

    ca, degradao dos carotenos por oxida

    5

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    o, degradao proteca, reaes de

    Maillard e degradao de cidos fenlicos

    e lenhina que originam fenis volteis. Os

    aromas so misturas muito complexas que

    resultam da combinao destes vrios aro-mas primrios e secundrios, num proces-

    so sinrgico.

    Uma tcnica analtica muito utilizada na

    anlise dos aromas e no esmiuar da sua

    complexidade o GC-FID-SNIFFING, uma

    tcnica cromatogrfica que permite sepa-

    rar os compostos que conferem um deter-

    minado aroma aos alimentos e a anlise

    do seus aromas individuais por um especi-

    alista que os est a cheirar.

    Os pigmentos so outra famlia muito im-

    portante nas caractersticas sensoriais dos

    alimentos. As principais famlias respons-

    veis por atribuir cor aos alimentos so de

    ndole natural e podem ser organizadas

    em antocianinas, carotenos, flavonides,

    clorofilas, betalanas e mioglobinas. A cor

    dos alimentos muitas vezes destruda ou

    degrada/alterada, por alteraes de pH,

    por ao de oxidantes ou calor. Estas alte-

    raes da cor so muitas vezes indicao

    do estado de conservao do alimento.

    O aspecto cromtico de um alimento nor

    malmente conferido por um pigmento primrio que d a cor principal ao alimento e

    por outros secundrios, presentes em me

    nores quantidades, que conferem as nuan

    ces cor principal, ou seja variantes dessa

    mesma cor. A intensidade da cor dos alie

    mentos, analiticamente estuda com base

    em espectrofotometria do visvel ou espec

    trocolorimetria.

    As tcnicas espectrofotomtricas para a

    determinao da cor de solues ou lqui

    dos feita por espectros de absoro, medindo a absorvncia da amostra. No caso

    dos slidos e lquidos opacos, recorres-se

    a espectroscopia de reflectncia que

    mede os comprimentos de onda e intensi

    dades das radiaes reflectidas pelos

    alimentos.

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    Em espectrocolorimetria temos a avalia-

    o das cores de um alimento com base

    em 3 parmetros fundamentais, a luminosi-

    dade (L) que avalia a intensidade da cor.

    Sendo que quanto mais negativo for esteparmetro mais opaca a cor em causa. A

    tonalidade (H) que mede o tom da cor e a

    cromaticidade (C) que avalia a qualidade e

    definio da cor com uma determinada to-

    nalidade (H).

    A textura, como vimos, outra das proprie-

    dades importantes para a avaliao senso-

    rial de um alimento. Esta caracterstica en-

    globa as propriedades reolgicas e estrutu-

    rais do produto e que so avaliadas pelos

    receptores tcteis, na manipulao e inges-

    to do alimento, pela viso, no caso da po-

    rosidade do queijo e pelos receptores audi-

    tivos, no caso da caracterstica estaladia

    das batatas fritas e tostas, por exemplo.

    As propriedades reolgicas englobam a

    elasticidade, resistncia e maleabilidade

    dos alimentos slidos e a viscosidade nos

    lquidos. Esta propriedade afectada pe

    las diferentes interaes intra e intermole

    culares dos diferentes compostos que

    compe o alimento em causa. A textura

    afectada pela humidade, uma vez que a

    perda de humidade est vulgarmente asso

    ciada secura e rigidez do alimento. A

    quantidade de lpidos tambm influncia,

    uma vez que os lpidos esto associados cremosidade dos alimentos. Os polissacri

    dos so responsveis por montar estrutu

    ras mais ou menos rgidas e que por hidr

    lise do origem a compostos sem consis

    tncia. A prpria degradao das prote

    nas acaba por ter um resultado idntico

    degradao dos polissacridos.

    Processamento AlimentarNem todos os alimentos so encontrados

    na natureza na forma final e apta para se

    rem consumidos, pelo que necessitam se

    ser processado pelo Homem. O processa

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    mento alimentar baseia-se numa srie de

    operaes unitrias que no seu conjunto

    do origem a um produto final, sendo que

    cada uma delas confere para a atribuio

    das propriedades e qualidade do produtofinal.

    No caso das operaes unitrias podemos

    ter aquelas que se baseiam na transfern-

    cia de calor (aquecimento), como a pasteu-

    rizao e esterilizao, que garantem esta-

    bilidade microbiolgica aos alimentos, por

    degradao de microorganismos patogni-

    cos, inactivao de substncias txicas e

    de enzimas degradativas.

    A fermentao outro processo que se ba-

    seia na alterao do pH e pode ser feito

    por leveduras na fermentao alcolica ou

    por bactrias na fermentao lctica.

    Outras operaes unitrias como a homo-

    geneizao, centrifugao. cristalizao,

    prensagem, filtrao e moagem so de n-

    dole mecnico e permite separar ou redu-

    zir o tamanho das partculas.

    Processamento alimentar do leiteO leite uma das matrias primas mais

    transformada e que origina diversos produ-

    tos, dependendo do tipo de processamen-

    to que sofre. O leite, no tratado, consti-

    tudo por protenas, das quais cerca de

    80% so casena e as restantes so albu-

    minas e globulinas. Possu carboidratos

    como a lactose (95%) e lpidos como os

    trigliceris. Na produo de leite UHT que

    embalado em condies asspticas, o

    leite centrifugado de modo a separar oslpidos (nata do leite) das protenas e glic

    dos (leite desnatado), d-se ento a esterili

    zao do leite a 135-150C durante 2 a 8

    segundos e a homogeneizao, de novo

    com a poro lipdica.

    Na produo do iogurte, o leite inocula

    do com bactrias, a Lactobacillus bulgari

    cus e a Streptocoocus thermophilus duran

    te cerca de 3 a 4 horas a termperaturas

    que rondam os 43C. Neste processo, as

    bactrias degradam a lactose e produzem

    cido lctico que baixa o pH do meio e

    leva precipitao das protenas que for

    ma o enredo proteco que sustenta o iogurte.

    Na produo do queijo, as protenas no

    coaguladas, pela adio de um agente co

    agulante (coalho) d-se a prensagem das

    protenas, que libertam o soro constitudo

    por glcidos e lpidos e que origina o lacto

    soro. Depois da prensagem, segue-se a

    salga e a cura de modo a obter-se o produ

    to final, o queijo.

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    Lpidos

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    Os lpidos so um dos macronutrientes im-

    portantes presentes nos alimentos. Os lp-

    dos esto presentes em grandes quantida-

    des nas carnes e derivados, peixe e al-

    guns legumes. Como vimos, a degradaode uma grama de lpidos origina cerca de

    9kcal de energia.

    Os lpidos so a principal constituio do

    tecido adiposo, para alm de que so o

    principal constituinte dos componentes es-

    truturais das clulas, juntamente com as

    protenas e os carboidratos. Os lpidos so

    fonte de cidos gordos essenciais e ainda

    de vitaminas como a A, D, E e K.

    A nvel dos alimentos, os lpidos conferem

    uma consistncia cremosa e oleosa, pos-

    suem uma aco emulsionante dada a sua

    anfipaticidade, ou seja, possurem carcterapolar a polar. Possuem caractersticas

    aromticas, no caso dos terpenos e crom-

    ticas no caso dos carotenos. No que diz

    respeito aos aromas, so ainda percurso-

    res de aromas secundrios resultantes da

    peroxidao lipdica. Possuem aco antio-

    xidante, principalmente os carotenos e os

    tocoferis. Conferem solubilidade de cer-

    tos compostos lipossolveis que conferem

    gosto e aroma aos alimentos.

    Os lpidos podem ser classificados em ter-

    mos da sua estrutura, em acilados, aque-

    les que so saponificveis, como os ste

    res de glicerol com cidos gordos (exem

    plo: triglicerdeos) e os lpidos polares, fos

    folpidos, glicolpidos e esfingolpidos. Os

    lpidos simples so os no saponificveise so constitudos por cidos gordos com

    mais de 12 carbonos e temos os terpenos,

    fitoesteris, tocoferis e carotenos.

    Existem alguns cidos gordos muito impor

    tantes, como os cido mirstico (14:0), pal

    mtico (16:0), esterico (18:0), leico (18:1

    (9)), linolico (18:2 (9, 12)) e linolnico (18:3

    (9, 12, 15)). Os cidos gordos podem ser

    classificados com base da posio da lti

    ma ligao dupla em relao ao ltimo car

    bono da cadeia, em (merga) 3, 6 e 9,

    consoante a ltima ligao dista 3, 6 ou 9

    carbonos do ltimo carbono da cadeia ali

    ftica. Nos cidos gordos 3 destacam-se

    os cido -linolnico (18:3 (9, 12, 15)), o

    EPA (20:5 (5, 8, 11, 14, 17)) e o DHA (22:6

    (4, 7, 10, 13, 16, 19)). No caso dos 6 te

    mos o cido linolico (18:2 (9, 12)), o cido

    -linolnico (18:3 (6, 9, 12)) e o cido ara

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    Converso de leos lquidos

    em gorduras plsticasO processo de converso de gorduras l-

    quidas em gorduras plsticas, como a mar-garina, pode acontecer por trs processos

    distintos, a hidrogenao, a interesterifi-

    cao e o fraccionamento.

    Na hidrogenao as gorduras lquidas rea-

    gem com hidrognio gasoso, reao catali-

    sada por nquel, de modo a remover uma

    das ligaes duplas. Isto, diminui o graude insaturao dos cidos gordos e permi-

    te o aumento do ponto de fuso, fazendo

    com que a gordura fique mais slida. Este

    processo d origem a margarinas ou a gor-

    duras monoinsaturadas que so mais resis-

    tentes oxidao.

    A hidrlise enzimtica outro processo

    que promove a alterao dos cidos gor-

    dos. As triacilgliceris hidrolases (lipases)

    promovem a reao de hidrlise das liga-

    es ster dos leos e gorduras, preferen-

    cialmente na posio alfa. Este tipo de en-

    zimas preferencialmente activa nas inter-

    faces leo/gua (emulses) dado que ne-

    cessria a interveno de molculas de

    gua no processo reaccional. Existem algu

    mas destas enzimas (lipases) termoresis

    tentes que promovem a degradao dos

    cidos gordos durante a fritura e que originam teores de gua elevados, levando

    perda de qualidade por parte dos

    alimentos. No caso do armazenamento

    das gorduras, por exemplo do leite pasteu

    rizado e UHT, estas enzimas degradam os

    lpidos do leite porque resistiram ao pro

    cesso de esterilizao ou pasteurizaodo leite.

    Os cidos gordos de cadeia curta, entre 4

    a 14 carbonos, tm um efeito direto na pro

    duo de sabores amargos e aromas, por

    vezes indesejveis, como o aroma a rano

    que tem um limite de deteco muito bai

    xo. Este tipo de compostos completamente indesejvel no leite, mas at que

    aceitvel em alguns queijos.

    Nos frutos e vegetais, o corte e a tritura

    o expe os lpidos para que sofram, rapi

    damente, liplise.

    A peroxidao lipdica um dos processos que leva degradao dos lpidos e

    que afetam a qualidade dos alimentos.

    Este mecanismo pode acontece por duas

    vias, por autoxidao lipdica ou por ao

    enzimtica, a designada lipoxigenase. Des

    12

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    tas reaes que ocorrem apenas em lpi-

    dos insaturados, resultam hidroperxidos

    e aromas como o de rano, peixe e metli-

    co.

    Existem vrios fatores

    que influenciam a au-

    toxidao lipdica

    dos alimentos, como a

    composio em ci-

    dos gordos e o seu

    grau de insaturao,

    sendo que quanto mai-

    or for o grau de insatu-

    rao, mais a pro-

    penso desse mesmo

    cido gordo sofrer au-

    toxidao lipdica. A

    presena de pro ou an-

    ti oxidantes, a pressoparcial de dioxignio,

    dado que este um dos reagentes essenci-

    al, da que a prpria natureza da superfcie

    exposta ao dioxignio importante neste

    processo. As condies de armazenamen-

    to, temperatura (factor cintico), humidade

    (actividade da gua) e luz (fotoxidao)tambm interferem de forma aprecivel

    nos processos de autoxidao.

    O mecanismo de peroxidao lipdica

    um processo radicalar e envolve uma eta-

    pa de iniciao onde radicais alquilo, por

    exemplo, atacam os cidos gordos, for

    mando hidroperxidos e dando origem a

    um radical lipdico. Este entrar na fase de

    propagao, na qual se d a reao com

    uma molcula de dixignio, formando-se

    um radical LOO que est apto para reagir

    com outro lpido, gerar outro radical lipdi

    co e um LOOH. As etapas de terminao

    acontecem entre dois radicais e impossibi

    litam a produo de mais radicais.

    A formao de radicais livres oxigenados

    tem consequncias graves para a sade,

    dada a sua enorme reatividade e possibili

    dade de reagir, facilmente, com protenas,

    lpidos, carboidratos e cadeias de ADN. A

    nvel clnico, estes radicais provocam arte

    13

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    rioesclerose, alteraes do metabolismo

    celular, mutaes, alteraes do SNC e he-

    pticas e ainda envelhecimento dos teci-

    dos.

    Durante as reaes de autoxidao lipdi-

    ca, formam-se ainda outros produtos se-

    cundrios, como o malonaldedo, compos-

    tos cabonilados com aromas fortes, como

    aldedos, lcoois e cetonas e ainda levam

    formao de alcanos e alcenos.

    A fase de iniciao da autoxidao lipdicapode acontecer promovida por reaes de

    fotoxidao ou degradao de metais pe-

    sados. No caso da fotoxidao, a radiao

    electromagntica promove a passagem do

    dioxignio da forma tripleto (estado funda-

    mental) para a forma singuleto (estado ex-

    citado) que uma forma reactiva do oxig-nio que pode facilmente atacar as ligaes

    duplas dos cidos gordos. Esta transforma-

    o foto induzidas pode acontecer direta-

    mente, onde a radiao reage diretamente

    com o substracto orgnico e origina radi-

    cais (Tipo I) ou recorrendo a substractos

    intermedirios que so fotosensibilizados,

    como so exemplo as clorofilas, feofitinas

    e riboflavinas (Tipo II). Neste segundo pro-

    cesso, estes compostos absorver rediao

    ficam excitados e voltam ao seu estado de

    mais baixa energia custa da excitao

    do dioxignio da forma tripleto para singu-

    leto. Os carotenides conseguem reverter

    a formao de dioxignio singuleto porque

    conseguem devolv-lo aos estado de mais

    baixa energia (fundamental). O dioxignio

    activado por sofrer reaes de cicloadiocomo as apresentadas abaixo.

    As reaes de degradao por metais pe

    sados acontecem aps prvia fotoxidao, uma vez que se servem dos hidrope

    rxidos para formar novos radicais livres

    que podem continuar o processo de oxida

    o lipdica. Neste processo um metal

    com um estado de oxidao elevado re

    duzido dando origem a radical ROO, poste

    riormente esse mesmo metal oxidado,

    novamente por aco de um hidroperxi

    do e forma um radical RO. Este processo,

    em termos globais resulta na formao de

    dois radicais, o RO e o ROO, a partir de

    dois hidroperxidos. Este tipo de reaes

    promovido por metais de transio que

    possam apresentar vrios estados de oxi

    dao e que sejam biologicamente disponveis, como o ferro, cobre, cobalto e manga

    ns. Uma forma de eliminar este tipo de re

    aes a adio de agentes complexan

    tes de metais pesados de modo a que es

    tes no estejam disponveis para as rea

    14

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    16/57

    es de produo de radicais livres. Os

    metais apresentam maior actividade, neste

    tipo de reaes, quando acontecem a pH

    abaixo de 7 e em meios desidratados.

    A oxidao enzimtica por aco da lipoxi-

    genase uma reao muito mais especfi-

    ca, umas vez que apenas alguns cidos

    gordos so passveis de sofrerem tal rea-

    o, como o cido linolnico e o linoleco.

    Para alm disso, dado que se trata de um

    processo enzimtico, acontece preferenci-

    lamente a uma determinada temperatura e

    pH. Existem, portanto, dois tipos de enzi-

    mas envolvidas nestas reaes, as do Tipo

    I que oxidam cidos gordos com elevada

    estereosselectividade e regioselectividade

    e as de Tipo II, muito menos selectivas e

    especficas que reagem com cidos gor-

    dos livres e esterificados, no discriminan-do em termos regiosselectivos. Estas enzi-

    mas podem degradar certos pigmentos

    como os carotenos e as clorofilas, da que

    so usados como aditivos no branquea-

    mento da farinha.

    Os prprios hidroperxidos podem sofrer

    reaes, por aco de liases, dando ori-

    gem a aldedos de 6 ou 9 carbonos que

    conferem certos aromas.

    Avaliao do grau de oxida-

    o dos cidos gordosComo a oxidao dos cidos gordos um

    parmetro de qualidade, a avaliao dograu de oxidao um fator importante

    nessa mesma avaliao. Para isso exis

    tem, sobretudo, dois mtodos, o do ndice

    de perxidos que recorre a reagentes de

    ferro II ou iodeto e o teste da benzidina.

    A nvel industrial so vrias as tcnicas

    usadas para minimizar as reaes que le

    vem oxidao dos lpidos. A eliminao

    do oxignio dos alimentos aquando do em

    balamento um das tcnicas pois diminui

    a disponibilidade de dioxignio que pode

    ser activado para iniciar o processo de oxi

    15

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    dao lipdica. Esta remoo pode ser fei-

    ta por embalamento em vcuo ou adio

    de glucose oxidase.

    Outra forma de prevenir estas reaes, evitar todas as etapas de oxidao, diminu-

    indo a temperatura de forma a que as lipo-

    xigenases no tenham actividade e guar-

    dar os alimentos ao abrigo da luz de modo

    a que a luz no induza a activao do dio-

    xignio. Contudo o abaixamento da tempe-

    ratura no consegue inibir a actividade das

    lipoxigenases dos frutos e legumes, pelo

    que se recorre a um aquecimento adequa-

    do e controlado de modo a inactivar a enzi-

    ma. A adio de antioxidantes, como os

    carotenides, tambm impede que estas

    reaes acomenteam.

    Actividade antioxidanteOs antioxidantes so molculas que rea-

    gem com os radicais livres e do origem a

    produtos estveis e que no apresentam

    propriedades reactivas. Em termos de an-

    tioxidantes naturais temos os tocoferis (Vi-

    tamina E), o cido ascrbico (Vitamina C),

    os carotenides, os polifenis e as reduto-nas produzidas aquando das reaes de

    Maillard. Existem ainda sistemas enzimti-

    cos que as clulas usam para se verem li-

    vres dos radicais, como a SOD (superdi-

    xo dismutase) e a glutatio peroxidase.

    Os tocoferis (vitamina E) protegem as

    membranas celulares de sofrerem ataque

    por parte de radicais livres, protegem o sis

    tema respiratrio de danos oxidativos pro

    vocados por poluentes atmosfricos, ajudam na preveno do cancro e ainda pro

    tegem pele, olhos e fgado.

    Como a maior parte dos antioxidantes na

    turais so perdidos ao longo do processa

    mento e armazenamento necessria a

    adio de antioxidantes artificiais aos

    alimentos. Estes antioxidantes no podem

    ser txicos, tm de se incuos, fortemente

    ativos para baixas concentraes, grande

    afinidade para a camada lipdica e estveis

    nas condies de armazenamento e pro

    cessamento do alimento. Os antioxidantes

    artificiais mais comuns so o galhato de

    propilo, octilo ou dodecilo, o BHA e o BHT.

    Dentro dos lpidos temos ainda os zooeste

    rides e fitoesterides, baseados no coles

    terol. O colesterol tambm percursor da

    vitamina D3 que formada a partir deste

    por reao com a luz. A vitamina D3 pos

    16

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    18/57

    teriormente transformada em calcitriol

    (uma hormona) no fgado e nos rins.

    Os carotenides so uma famlia de com-

    postos qual pertencem os carotenos e

    as xantofilas e so responsveis pelas co-

    loraes amarelas, laranja e vermelhas de

    alguns alimentos. Os carotenos so lipos-

    sulveis e as suas cores dependem dos lo-

    cais das ligaes duplas. Estes so ainda

    precursores da vitamina A e que do ori-

    gem ao retinal, retinol e cido retinico. Avitamina A possu um papel muito impor-

    tante a nvel da diferenciao celular, vi-

    so, imunidade, reproduo e crescimen-

    to.

    Os carotenides so muito sensveis a al

    gumas reaes, como por exemplo o aque

    cimento em condies anaerbicas, leva

    isomerizao de ligaes trans a cis, levan

    do perda de cor. Descoram ainda por reao com os hidroperixos e por lipoxigena

    o do tipo II (no branqueamento da fari

    nha como j foi referido). Commumente,

    tratam-se de compostos muito sensveis

    luz e ao dixignio

    17

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    Emulses

    3

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    Um sistema disperso formado por uma

    disperso coloidal, cineticamente estvel,

    formada por duas fases imiscveis, em que

    uma delas a fase dispersa (interna) e a

    outra a contnua (exterior).

    Os sistemas dispersos podem ser de vri-

    os tipos, consoante o estado fsico das fa-

    ses. Assim temos emulses quando temos

    um lquido disperso noutro, uma espuma,

    quando temos gs disperso em lquido;

    aeorssis, quando tempos lquidos/slidos

    dispersos em gs e suspenses de slido

    em lquido.

    Assim uma emulso ser uma disperso

    coloidal de 2 lquidos imiscveis como a

    gua e o leo com um dos lquidos disper-so no outro. O lquido que est disperso

    normalmente est na forma de gotas com

    dimenses que vo desde os 0,1 aos

    100m. Aqui temos o exemplo das maione-

    ses, manteigas, molhos e margarinas.

    Quando a emulso do tipo o/a, ou seja

    leo disperso em gua, normalmente esta

    mos na presena de maionese, gelados,

    leite e natas, caso contrrio, nas emulses

    a/o, gua dispersa no leo, os exemplos

    mais comuns so a margarina e a manteiga.

    Numa emulso, por exemplo do tipo o/a,

    as substncias lipossolveis encontram-se

    nas gotculas lipdicas da emulso. Ser

    este, portanto, o meio onde estaro os ci

    dos gordos livres, triglicerdeos, esteris evitaminas lipossolveis. A rodear as gotcu

    las lipdicas existe uma zona interfacial

    que visa estabilizada a emulso e que pos

    su molculas com apetncia para a fase

    dispersa e contnua. Nesta zona concen

    tra-se os agentes emulsionantes, que mui

    tas vezes so adicionados pois diminuem

    a tenso superficial (tensioativos), permitin

    do que as emulso seja estvel durante

    muito tempo. Neste tipo de compostos

    destacam-se molculas anfiflicas como as

    protenas e os fosfolpidos. A fase cont

    nua, neste caso aquosa, conter tudo o

    19

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    que for hidrossolvel, como sais, cidos,

    bases, protenas, carboidratos e vitaminas

    hidrossolveis.

    Durante a instabilizao das emulses,so vrios os mecanismos que podem le-

    var destruio da emulso, como a inver-

    so da fase, quando a fase dispersa est

    presente em grande quantidade, relativa-

    mente fase contnua. Podem acontecer

    ainda fenmenos de separao, em que a

    fase dispersa forma um creme na zona su-

    perior da emulso, formando o chamado

    cremado. Caso a fase dispersa precipite,

    temos a chamada sedimentao da fase

    dispersa. Para alm da separao podem

    acontecer os chamados fenmenos de

    agregao, que podem levar formao

    de flocos (floculao) ou coalescncia

    da fase dispersa.

    Existem vrios emulsionantes, agentesque estabilizam as emulses, de origem

    natural. Estes podem ser inicos como os

    fosfolpidos (lecitina), protenas e cidos bi

    liares ou neutros, como os glicolpidos e

    as saponina. Nos emulsionantes sintticos

    existem vrios inicos como o Citrem e

    o Datem e alguns neutros como mono

    ou diacilgliceris, steres de cidos gor

    dos e sacarose e steres de cidos gordos

    e sorbitan.

    20

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    Normalmente, os emulsionante neutros

    so mais adequados a emulses do tipo

    a/o e os inicos s emulses do tipo o/a.

    O comportamento emulsionante de um de

    terminado tensioactivo pode ser medido

    como a razo do seu carcter hidroflico/li

    poflico. Este parmetro designa-se de

    HLB, do ingls hydrophilic-lipophilic balance. O parmetro calculado com base

    numa expresso que opes das suas ver

    tentes, e que resulta da soma de 7 com o

    somatrio dos parmetros dos grupos hi

    drofilicos, aos quais se subtraem os para

    metros dos grupos lipoflicos.

    Assim, se o HLB for baixo, de 3 a 6, o ten

    sioactivo lipoflico e adequado a emul

    ses do tipo a/o, se o HLB for elevado, de

    8 a 18, temos um tensioactivo hidroflico

    adequado a emulses do tipo o/a. Quando

    temos HLB intermdios, estes no conse

    guem estabilizar a emulso, pois ocorrem

    fenmenos de coalescncia. Se os valoresde HLB forem inferiores a 3 ou superiores

    a 18, os compostos no se conseguem dis

    por na interface das fases, sendo que os

    que tiverem valore inferior a 3, ficaro dis

    solvidos na fase lipdica e os superiores na

    fase aquosa.

    21

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    Hidratos de Carbono

    4

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    Os carboidratos, commumente chamados

    de acares, constituem uma classe nutriti-

    va de elevado cariz energtico. Normal-

    mente, os carboidratos possuem funes

    adoantes, principalmente monossacar-deos e oligossacardeos. O facto de serem

    compostos altamente hidroscpicos, con-

    fere aos alimentos uma maior capacidade

    em conservar a gua. Em termos de pro-

    cessamento alimentar so usados tambm

    como gelificantes e espessantes e apre-

    sentam uma gama variada de texturas.

    Para alm disso, e tal como acontecia

    com os lpidos, os carboidratos so precur

    sores de aromas e compostos cromticos,

    normalmente acastanhados. Este tipo de

    compostos resultam de reaes como acaramelizao a reao com compostos

    azotados (Reao de Maillard) e as rea

    es de Strecker.

    Um monossacardeo, por definio um

    aldedo ou cetona poli-hidroxilado. Os gru

    pos aldedo e cetona conferem as proprie

    23

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    dades redutoras ao acar. Um polissacar-

    deo um polmero que por hidrlise pro-

    duz os respectivos monossacardeos. Os

    monossacardeos pode ser classificados

    consoante ao nmero de carbonos em al-doexoses e aldopentoses.

    Cada um dos monossacardeos tem pro-

    penso para ciclizar e formar a respectiva

    piranose ou furanose, consoante o nmero

    de ligaes que encerram o anel formado.

    A ciclizao leva formao de um carbo-

    no redutor que pode reagir com outros

    compostos atravs de uma ligao glicos-

    dica e dar origem aos glicsidos. Os glic-

    sidos esto impedidos de sofrerem mutar-

    rotao, dado que a estrutura est impossi-

    bilitada de abrir devido ligao do grupo

    ao carbono anomrico pela ligao glicos-

    dica. Os dissacardeos so glicsidos,em que a molcula que se liga ao acar

    no seu carbono anomrico, outro acar.

    Assim quando hidrolisado, o dissacardeo

    ir libertar duas molculas de monossacar-

    deo. A lactose importante durante o pro-

    cesso de elaborao do iogurte, onde se

    forma cido lctico a partir da lactose poraco bacteriana. Para alm disso, a ela-

    borao do Kefir tambm a lactose de-

    grada por leveduras e bactrias, mas para

    formar lcool. A lactose ainda usada

    como substituto da sacarose nos

    alimentos, por ser menos doce. Para alm

    disso, as suas propriedades como excipi

    ente tornam a lactose muito til na inds

    tria farmacutica.

    Amaltose e a celobiose so dois dissacardeos que constitudos por duas unidades

    de D-glucopiranose ligadas pelos carbo

    nos 1 e 4. Contudo, a diferena est, em

    que um deles o anmero alfa e o outro o

    beta, respectivamente. A maltose resulta

    da hidrliso do amido, enquanto que a ce

    lobiose resulta da degradao hidroltica

    da celulose. Devido a esta alterao con

    formarcional, so necessrias diferentes

    enzimas para hidrolisar estes dissacar

    deos, a maltase para degradar a maltose e

    a emulsina para a celobiose.

    Asacarose o acar comum e que ex

    trado essencialmente da cana do acar e

    da beterraba. Tambm ele um dissacar

    deo constitudo por D-glucose e D-fructo

    se. No sofre mutarrotao, porque am

    bos os grupos redutores esto envolvidos

    na ligao glicosdica, o que impossibilita

    a abertura e fecho da molcula.

    24

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    Existem ainda outros oligossacardeos,

    como a rafinose que resulta da ligao de

    D-galactose, D-glucose e D-fructose e a

    estaquiose que possu mais uma D-galac-

    tose do que a rafinose. Estes acares es-to presentes, fundamentalmente em legu-

    minosas. Contudo, o nosso organismo no

    consegue metabolizar estes dois aca-

    res, pelo que a sua metabolizao aconte-

    ce apenas ao nvel da flora intestinal onde

    bactrias como a E. coli procedem sua

    metabolizao com a libertao de hidro-gnio gasoso e dixido de carbono.

    A avaliao da capacidade redutora dos

    acares feita recorrendo a agentes oxi-

    dantes que avaliam se o acar em causa

    pode ser oxidado ou no, ou seja, se se

    trata de um acar redutor ou no. Um

    dos testes consiste na reao do acar

    em causa com cobre II em meio bsico.

    No caso de se tratar de um acar redutor,

    o Cu II reduzido a Cu I que forma um

    composto com o oxignio Cu2O que apre-

    senta colorao vermelha.

    Outro fator importante na indstria alimen

    tar a avaliar o teor de glucose dos

    alimentos, normalmente isso feito atra

    vs de um ensaio enzimtico. Ento, recor

    re-se glucose oxidase, uma enzima queoxida apenas a beta-D-glucose e nesse

    processo liberta perxido de hidrognio. A

    formao de perxido de hidrognio pode

    ser quantificada por ao de uma peroxida

    se e de um composto incolor que aps rea

    o apresenta cor. Assim, a espectrofoto

    metria pode ser usada para determinar aconcentrao do produtor corado que se

    forma e assim inferir acerca da concentra

    o de glucose no alimento analisado.

    Este tipo de tcnicas que levam, tambm,

    eliminao dos acares dos alimentos

    so importantes para prevenir reaes de

    Maillard, conferir a cor amarela dourada

    dos ovos em p, por exemplo. Serve ainda

    para remover o oxignio dos produtos em

    balados de modo a prevenir a degradao

    oxidativa de lpidos, pigmentos e aromas,

    uma vez que a reao envolve o consumo

    de oxignio. Previne a mudana da cor la

    ranja dos crustceos para amarela, para

    alm de ajudar na preveno da deteorizao dos aromas de sumos de fruta.

    Alditiol

    25

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    Os alditiois so molculas que derivam de

    aldoses ou cetoses que so reduzidas

    pelo NaBH4 na presena de gua.

    Os alditiois tm portanto um acar anlo-

    go e so usados, muitas vezes, como

    substitutos dos acares porque apresen-

    ta a mesma capacidade adoante, e por

    vezes superiores, mas com um menor po-

    der calrico. Estes aditivos so frequente-

    mente usados em alimentos dietticos oupara diabticos. Apresentam ainda a vanta-

    gem de no sofrerem reaes de Maillard

    ou caramelizao e apresentam-se ainda

    como melhores compostos no que diz res-

    peito re-hidratao dos alimentos. Actu-

    am, tambm, como agentes humidificado-

    res, reduzindo o grau de liberdade da guanos alimentos e portanto aumento a estabi-

    lidade do alimento.

    Como j foi referido, a maioria dos monos-

    sacardeos e oligossacardeos so doces,

    excepo da beta-D-manose que um

    pouco amarga e a gentibiose que amar

    ga. A intensidade da doura dos acares,

    depende da temperatura da soluo onde

    esto, variando significativamente para o

    caso da D-fructose. Normalmente, verifica-se uma perda gradual do grau de dou

    ra com o aumento da temperatura.

    Para alm disso existem vrias caractersti

    cas que so conferidas aos alimentos pela

    presena de diferentes quantidades de di

    ferentes acares no alimento, da queseja importante o estudo da melhor com

    posio em acares para que o alimento

    veja as suas melhores caractersticas sen

    soriais realadas.

    26

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    AdoantesOs adoantes ou edulcorantes so com-

    postos naturais ou sintticos que confe-

    rem um gosto doce ao alimento, mas que

    possuem um baixo valor nutricional. Exem-

    plos deste tipo de compostos temos a sa-

    carina que muito mais doce que a saca-

    rose, por exemplo, e portanto precise de

    ser ingerido em muito menor quantidade

    para conferir o mesmo grau de doura. O

    mesmo acontece com o acesulfame K e o

    aspartame. O aspartame um tripptidoque apresenta a desvantagem de se de-

    compor com a temperatura. J o acesulfa-

    me K muito utilizado por no ser higros-

    cpico e portanto facilitar o armazenamen-

    to, ser muito estvel (pode ser pasteuriza-

    do) e no confere outros sabores que pos-

    sam de certa forma interferir com as pro-priedades sensoriais do alimento.

    Reao de CaramelizaoOs acares redutores, como a glucose,

    fructose, lactose e maltose sofrem reaes

    de caramelizao quando a temperatura

    ultrapassa os 100C. A reao de carameli

    zao envolve a perda de uma molcula

    de gua de forma a formar a respectiva de

    soxiosona, esta sofre posterior equilbrio

    ceto-enlico, desidratao e ciclizao.

    No caso da caramelizao da glucose te

    mos a formao de HMF (hidroximetil-furfu

    ral) e no caso da fructose temos a formao do maltol que responsvel pelo odor

    a caramelo. Os compostos alfa-dicarboni

    lados, como as desoxiosonas esto aptos

    para se envolverem em reaes de

    Strecker e possuem propriedades antioxi

    dantes.

    27

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    Reao de MaillardAs reaes de Maillard so reaes que ca-

    talisam a caramelizao dos acares,

    mesmo que as condies de pH e tempe-

    ratura no sejam suficientemente drsticas

    para que acontea a caramelizao de for-

    ma isolada. Mais uma vez, este tipo de rea-

    es s acontece com acares redutores

    e envolve a reao com um composto azo-

    tado, principalmente aminas primrias e se-

    cundrias. Neste tipo de reaes, verifica-

    se a participao ativa de resduos de ami-nocidos que possuem grupos amino nas

    suas cadeias laterais, como a lisina, argini-

    na, triptofano e histidina.

    Aps a primeira reao com a amina, o

    acar perde uma molcula de gua e d

    origem ao composto de Amadori, presente

    em alguns frutos secos, vegetais desidrata-

    dos e leite em p. Posteriormente aconte-

    ce a perda do grupo amino e a formao

    de mais um grupo carbonilo de modo a for

    mar a desoxiosona respectiva que dar ori

    gem ao Maltol ou ao HMF como acontecia

    na caramelizao.

    As reaes de Maillard originam, ento,

    compostos volteis com aromas fortes, na

    maioria dos casos agradveis, como o

    caf torrado, carne grelhada, po fresco e

    caramelo. Para alm disso, leva forma

    o de antioxidantes, as redutonas que ac

    tuam de forma anloga ao cido ascrbi

    co, dada a sua enorme semelhana estru

    tural.

    Para alm disso, estas reaes originamainda a formao de pigmentos acastanha

    dos, as melanoidinas que so estruturas

    complexas e pouco conhecidas que confe

    rem o aspecto acastanhado de alguns

    alimentos, de forma desejvel como na car

    ne assada, po e cerveja, por exemplo,

    mas que so indesejveis no leite. A produ

    o de compostos amargos outras carac

    terstica dos produtos deste tipo de rea

    es e que aceitvel no caf, mas repro

    vvel na carne, por exemplo. Contudo,

    este tipo de reaes apresentam ainda al

    guns perigos para a sade como a perda

    28

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    de aminocidos essenciais e a formao

    de compostos mutagnicos.

    Estas reaes so inibidas com o abaixa-

    mento do pH, temperatura, teor de humida-de e utilizao de acares no redutores.

    PolissacardeosOs polissacardeos so polmeros de mo-

    nossacardeos com mais de 10 destas uni-

    dades. Estes apresentam sobretudo fun-

    es de suporte, como a celulose, hemice-

    lulose e pectinas nas paredes celulares

    das plantas e a quitina e mucopolissacar-

    deos nos animais. Para alm disso, so im-

    portantes como reserva energtica, sob a

    forma de amido e dextrinas nas plantas e

    glicognio nos animais. As caractersticas

    destes polmeros faz delas boas molculas

    para a reteno de gua.

    Em termos dos alimentos em si, os polissa-

    cardeos so importantes na gelificao e

    espessamento dos alimentos, pois aumen-

    tam a sua viscosidade (formao de go-

    mas); melhoram a consistncia dos

    alimentos, tornando-os mais macios por

    reteno de gua; so importantes na esta-

    bilizao de emulses e suspenses; no

    revestimento de alimentos e como substn-

    cias excipientes, para aumentar o volume

    do alimento.

    AmidoO amido a principal fonte de energia das

    plantas e encontra-se, sobretudo, na for

    ma de gros de amido constitudos funda

    mentalmente por amilose (cerca de 25%) eamilopectina (cerca de 75%).

    Por exemplo, o gro de trigo uma estrutu

    ra algo complexa e que pode ser divida

    em albmen onde se encontra as clulascom os gros de amido, as protenas, sais

    minerais, gorduras e vitaminas. Esta por

    o que forma a farinha por moagem. O

    revestimento formado por celulose, hemi

    celulose, lenhina e pectinas que constitu

    em as chamadas fibras dietticas, essenci

    ais na nossa alimentao. Temos ainda o

    embrio ou grmen onde se encontram as

    protenas, fosfolpidos, minerais, vitaminas

    e enzimas.

    Como vimos, o amido formado por amilo

    se e amilopectinas. Aamilose um carboi

    29

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    31/57

    drato de cadeia linear, solvel em gua,

    constitudo por vrias unidades de D-glu-

    cose (1000 a 4000 unidades) unidas por li-

    gaes glicosdicas alfa 1-4. Estas estrutu-

    ras costumam organizar-se em duplas hli-ces onde lpidos so intercalados no seu

    interior.

    A amilopectina insolvel em gua e

    constituda por cadeias do mesmo tipo da

    amilose, mas com a adio de ramifica-

    es nos carbonos 6.

    As diastases so as enzimas que que

    bram as ligaes alfa 1-4 do amido e glico

    gnio. Nos cereais, estas enzimas encon

    tram-se sobretudo no embrio durante a

    etapa de germinao. Temos vrios tiposde enzimas, das quais se destacam a alfa-

    amilase que desdobra as macromolculas

    de amido em molculas mais pequenas,

    as dextrinas. Assim, a viscosidade do ami

    do diminui consideravelmente e torna-o

    cada vez mais lquido. Esta enzima ativa

    sobretudo a pHs de 5,2 a 5,4 e temperatura de 55 a 80C. No caso da beta-amila

    se, esta separa, progressivamente, as du

    as unidades terminais do amido, produzin

    do maltose. A amilose passvel de sofrer

    hidrlise completa, o mesmo no aconte

    ce com a amilopectina, devido s suas ra

    mificaes. A glucoamilase liberta a ltima

    unidade terminal de amido formando beta-

    D-Glucose.

    Os gros de amido apresenta uma forma

    esfrica ou oval com cerca de 2 a 100 m

    e caracterstica de uma espcie, sendo

    portanto usado para identificar a espcie.

    Nos gros de amido, 30% da sua massa

    30

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    32/57

    estrutura cristalina formada por amilopecti-

    na. Os restantes 70% constituem poro

    amorga e onde se encontra a amilose.

    Gelatinizao do AmidoO amido insolvel em gua fria, aps

    aquecimento comea a haver hidratao

    dos ncleos de amido, at que a amilose

    se difunde pela soluo dado que sol-

    vel em gua. Com a continuao do aque-

    cimento a viscosidade da soluo diminui

    por rebentamento das estruturas de ami-lopectina, que passa a estar presente em

    soluo, tal como a amilose. Dada a pou-

    ca afinidade da amilopectina para a gua

    comea a formar-se uma rede de amilopec-

    tina e amilose que gelificam a soluo. Por

    arrefecimento temos a formao do cha-

    mado gel de amido. Este

    um gel formado pela rede

    de amilopectina e amilose e

    que altamente hidratado.

    A temperatura de gelatiniza-

    o o valor para a tempera-

    tura a partir da qual o amido comea a for-

    mar a rede que leva formao do gel deamido. Esta temperatura depende da por-

    o de lpidos, dado que os lpidos retar-

    dam a hidratao do amido e portanto au-

    mento a temperatura de gelatinizao (Tg).

    O aumento da poro amorfa do gro, si-

    gnifica que o gro possu mais amilose,

    isto faz com que a hidratao seja favoreci

    da e a Tg seja mais baixa porque a aco

    das enzimas promovida a uma tempera

    tura inferior.

    A retrodegradao do amido uma tcni

    ca utilizada para conservao e envolve o

    arrefecimento prolongado e acentuado do

    gel de amido. Neste processo, as solu

    es diludas perdem viscosidade e as

    concentradas formam o gel mais opaco e

    rgido. Durante o processo, a gua expul

    sa dada as fortes interaes de hidrognio

    entre as cadeias. Esta tcnica favorecida

    a pH neutro, concentraes de amido ele

    vadas, grande poro de amilose em com

    parao com amilopectina e ausncia de

    tensioactivos.

    Cerveja

    A cerveja uma bebida alcolica resultante da fermentao do mosto da cevada co

    zido e aromatizado com flores de lpulo

    por parte de certas leveduras. Por vezes o

    malte da cevada adicionado a farinhas

    para que estas contenham enzimas neces

    srias degradao do amido, quando a

    31

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    farinha no as possu ou o seu teor des-

    conhecido. A desvantagem de adicionar

    malte e no apenas as enzimas em separa-

    do a atribuio do gosto do malte fari-

    nha.

    PectinasAs pectinas so muito abundantes nos ci-

    trinos e so constitudas por cadeias lon-

    gas de cido alfa-D-galacturnico ligados

    entre si por ligaes glicosdicas 1-4. Es-tas podem apresentar, ainda, cadeias late-

    rais como D-galactose e D-glucose, por

    exemplo. Este polmero tambm apresenta

    a caracterstica de ser parcialmente esterifi-

    cado, sendo que o grau de esterificao

    varia de fruto para fruto, por exemplo a

    pele dos citrinos e a polpa da maa possu-

    em cerca de 60% de esterificao, enquan-

    to que os morangos apenas 10%.

    As pecintas apresentam propriedades geli-

    ficantes interessantes, sendo que quanto

    maior o grau de esterificao e o peso mo-

    lecular mais e mais rpido a formao

    do gel. A gelificao destas cadeias acon

    tece preferencialmente a pH baixos que

    protonam os grupos caboxlicos e favore

    cem a formao de interaes de hidrognio que estabilizam as cadeias. A adio

    de acares como a sacarose ajuda na for

    mao do gel, porque remove a gua que

    possa estar entre as cadeias de pectinas e

    que interfere com as ligaes intermolecu

    lares que se estabelecem entre as cadeias

    de pectinas. Como vimos, a esterificao importante para a gelificao das pecti

    nas, assim quando as pectinas so pouco

    esterificadas necessrio a adio de cati

    es bi ou trivalentes para valores de pH

    mais elevados, at 7. Estes gis so ainda

    termorreversveis, pois podem fundir por

    aquecimento, o que no acontece com as

    pectinas muito esterificadas.

    O isolamento das pectinas conseguido

    por precipitao com metais como o alum

    nio III seguido de lavagem com lcool em

    meio cido ou por precipitao com eta

    nol/isopropanol.

    Estas so ento utilizadas como espessan

    tes na produo de marmelada, geleias,

    sobremesas, molhos e produtos crneos.

    Para alm disso, ajuda na estabilizao de

    colides em bebidas e gelados.

    32

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    Protenas

    5

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    Os aminocidos so estruturas muito im-

    portantes na nossa constituio, pois so

    os monmeros para a sntese proteca. Em

    termos alimentares, as protenas so im-

    portantes do ponto de vista nutricional,porque muitos dos aminocidos que usa-

    mos na produo de protenas no os con-

    seguimos sintetizar, sendo que a sua ob-

    teno ter de ser feita pela via alimentar.

    Estes aminocidos (aa) so designados de

    aa essenciais. Para alm disso, os aa apre-

    sentam propriedades gelificantes (gelati-na), retm a gua, formam e estabilizam

    emulses, como exemplo o leite e ainda

    estabilizao a formao de espumas, na

    cerveja e champanhe, por exemplo. Em ter-

    mos sensoriais, os aa conferem diretamen-

    te o sabor doce e amargo a alguns

    alimentos e so percursores de aromas e

    compostos corados por diferentes tipos

    de reaes como nas reaes de Maillard

    com carboidratos.

    Os aminocidos podem ser classificados

    em L e D, consoante a estereoqumica do

    seu carbono quiral. Contudo, apenas os

    aa da sria L tm um papel importante ebioactivo no nosso organismo, para alm

    de que so os nicos presentes nos

    alimentos. Os aa da srie D so dificilmen-

    te absorvidos e podem mesmo ser txi-

    cos, pelo que a sua presena deriva ape-

    nas de possveis interconverses de hom

    logos da srie L.

    Contudo, os aa no chegam ao nosso or

    ganismo na forma de aa, mas sim de ppti

    dos ou protenas que tm de ser digeridas

    de modo a que os aa possam ser incorporados pelo nosso organismo. Nessa tarefa

    temos vrias enzimas proteolticas ao nvel

    do estmago, pncreas e intestino, como

    a pepsina, tripsina e erepsina.

    So 10 os aa essenciais, ou seja aqueles

    que conseguimos obter em quantidades

    suficientes atravs da alimentao. So

    eles a valina, leucina, isoleucina, fenilalani

    na, triptofano, metionina, treonina, lisina,

    histidina e arginina. Basicamente, so os

    aa de cadeia lateral mais apolar.

    Diferentes alimentos apresentam diferente

    valor biolgico, sendo que o valor biolgico a quantidade de protenas produzidas

    no nosso organismo, em gramas, por cada

    100 gramas de alimento ingerido. Os deri

    vados crneos so os que apresentam mai

    or valor biolgico.

    34

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    As protenas, consoante a sua composi-

    o em aa, possuem pores hidroflicas e

    outras hidrofbicas, dando origem a uma

    estrutura tridimensional anfiflica.

    Tipos de protenasAs protenas podem ser catergorizadas em

    dois tipos principais, as globulares que

    so solveis em gua a qualquer pH e por-

    tanto desempenham papis vitais. A maior

    parte das protenas so enzimas, albumi-

    na, hemoglobina e protenas de reservaem plantas.

    No caso das protenas de cadeia aberta

    ou fibrosas, estas so insolveis em gua

    e possuem sobretudo um papel estrutural,

    como o colagnio, miosina e queratina.

    As protenas possuem, portanto, papis

    muito importantes na constituio dos

    alimentos. As protenas solveis so impor

    tantes do ponto de vista de hidratao dos

    alimentos, as protenas insolveis so importante no swelling power associado a

    carne, po e bolos. Paralelamente, possu

    em propriedades gelificantes da a sua ca

    pacidade de formar uma rede polimrica.

    As protenas insolveis esto ainda associ

    adas extensibilidade, elasticidade e coe

    so das carnes, por exemplo. As protenaspossuem ainda a capacidade de precipita

    rem para valores de pH prximos do seu

    ponto isoelctrico, que faz com que a pro

    tena tenha carga global nula e minimize s

    interaes com o solvente, precipitando.

    Estas so ainda importantes na estabiliza

    o de emulses, como o leite e a maione

    se e na estabilizao das espumas. Pois

    as protenas formam uma pelcula flexvel

    que rodeia a bolha de gs por interaes

    hidrofbicas. Conferem ainda a coagula

    o em alguns alimentos como o iogurte e

    o queijo e absorvem as gorduras.

    Aquando da desnaturao das protenas,ocorre a ruptura das interaes de Hidro

    gnio, interaes hidrofbicas e inicas.

    Ao nvel das interaes covalente, apenas

    as pontes dissulfureto so quebradas.

    Esta desnaturao pode ser promovida

    por aco da temperatura, pH, solvente or

    36

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    no, seguindo-se uma lavagem, extraco,

    purificao, concentrao e secagem. A

    gelatina obtida ento solvel e apresenta

    maior dilatao.

    A gelatina importante porque se fundem

    na boca e do uma caracterstica agrad-

    vel como alimento, so nutritivas porque

    contm muitos dos aa essenciais, so

    uma fonte de matria prima considervel e

    a sua produo muito econmica.

    Protenas da CarneAs carnes so constitudas fundamental-

    mente por mioglobina (1%), miosina e acti-

    na (50-60% e 15-30%, respectivamente).A mioglobina responsvel pela cor da

    carne dada a coordenao do ferro como

    uma porfirina, uma histidina e uma molcu-

    la de oxignio.

    A mioglobina quando possu o ferro no es

    tado de oxidao +2 d cor prpura car

    ne, sendo que esta passa a vermelho vivo

    por coordenao por parte do dioxignnio.

    Quando se forma o radical superxido, oferro adquire o estado de oxidao +3 que

    confere cor castanha carne.

    O embalamento a vcuo ajuda a preservar

    a cor da carne, porque no possu oxig

    nio no seu interior que possa formar a for

    ma oxidada da mioglobina e dar a corne

    acastanhada carne que um indicador

    depreciativo. Aps a abertura, a mioglobi

    na toma a forma oxigenada e a cor origi

    nal.

    Uma forma de estabilizar a cor da carne

    o uso de aditivos como nitritos e nitratos

    que para alm de reduzirem a actividademicrobiana, conferem uma cor vermelha

    rosada carne por complexao com o

    ferro da mioglobina, independentemente

    do seu estado de oxidao. Estes comple

    xos so relativamente estveis tempera

    tura e oxidao.

    Contudo, estes nitritos apresentam alguns

    riscos para a sade por ligao hemoglo

    bina do sangue dando origem a uma me

    ta-hemoglobina. Para alm disso podem

    reagir com aminas primrias ou secundri

    38

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    as e levar formao de N-Nitrosaminas

    que so agentes cancergenos.

    Protenas do LeiteO leite constitudo fundamentalmente

    por dois tipos de protenas, as casenas

    que precipital a pH de 4,6 a 20C e as dolactosoro como a albumina e a globulina

    que so solveis e apenas desnaturam por

    aquecimento. Das casenas, como a k a

    nica que no precipita com o

    clcio, esta casena muito im

    portante na estabilizao das

    micelas que se formam, dado

    que possuem uma estruturaque permite a interao com a

    micelas e com as demais mice

    las que se formam. Assim es

    tas deixam de se repelir e for

    ma-se a coalhada, libertando-

    se o lactosoro.

    Protenas VegetaisAs protenas vegetais, principalmente de

    origem nas leguminosas, tem sido estudas

    como forma de corrigir os problemas de

    uma alimentao puramente vegetariana.

    Assim, o uso de protenas de origem vege

    tal seria uma fonte de aa na nossa alimen

    tao e evitava problemas ticos levanta

    dos com o abate de animais, diminuia o ris

    co de doenas cardiovasculares e da trans

    39

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    misso de doenas dos animais para o Ho-

    mem. Do ponto de vista industrial, estas

    protenas resistem mais ao aumento da

    temperatura, resistindo portanto elimina-

    o de microorganismos por aumento datemperatura.

    As protenas podem ser classificadas pelo

    mtodo de Osborne, onde se distinguem

    albuminas, por serem solveis em gua,

    globulinas, por serem solveis em solu-

    es salinas, prolaminas, solveis em

    gua/etanol a 10/70 V/V e glutelinas que

    so insolveis. So as protenas insolveis

    em gua ou em solues salinas que cons-

    tituem o glten, responsvel pela elastici-

    dade e resistncia da massa.

    Durante a amassagem da massa h a que-

    bra e a formao de interaes hidrofbi-

    cas, hidrognio e inicas entre as cadeias

    de prolamina e glutelina e ocorre ainda a

    oxigenao da massa que leva formao

    de pontes dissulfureto entre resduos de

    cistena da massa e proporciona uma at

    mosfera rica em oxignio dentro da massaque necessria na fermentao por parte

    das leveduras.

    O cido ascrbico usado como aditivo

    para proteger as ligaes dissulfureto do

    glten. Isto porque o glutatio tende a re

    duzir as pontes dissulfureto, ento o cido

    ascrbico reduz o glutatio e impede que

    este destrua as pontes dissulfureto da

    massa. Estas pontes so importantes por

    que aumentam a capacidade de reteno

    de gua e dixido de carbono por parte da

    massa levando a um aumento de volume e

    o miolo mais uniforme.

    40

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    As propriedades mecnica e reolgicas da

    farinha, como a elasticidade, resistncia e

    maleabilidade so avaliadas com base em

    vrios sistema, como alvegrafos, farin-

    grafos, extensografos, amilgrafos, etc.Em alveografia, a massa cortada em pe-

    quenos discos, e sujeita a uma injeco

    de ar que leva formao de uma bolha.

    A avaliao das dimenses da bolha permi-

    te inferir acerca da resistncia e estabilida-

    de da mesma.

    Determinao do teor de pro-

    tenasA determinao do teor proteco pode ser

    feito de diferentes formas, recorrendo ao

    mtodo do Kjeldahl, biureto ou Lowry.

    No mtodo de Kjedahl, as protenas so

    destrudas por ao de cido sulfrico e

    calor que leva formao de sultafo de

    amnio. O sulfato de amnio neutraliza-

    do por adio de uma base forte (NaOH) e

    forma-se amonaco. O amonaco destila

    do diretamente para uma soluo de cido

    brico, levando formao de borato que

    pode ser titulada com uma soluo de HCl

    padro. Isto permite determinar o teor emazoto da amostra. Ou seja, este mtodo

    pouco selectivo porque determina o teor

    total de azoto e no apenas as protenas.

    J o mtodo de biureto, recorre comple

    xao dos azotos apenas das protenas

    com caties de cobre II que geram um

    complexo com cor prpura e cuja concentrao pode ser determinada por espectro

    fotometria.

    Outro mtodo possvel o de Lowry que

    recorre ao cobre II para promover a redu

    o do reagente de Folin por aco das ti

    rosinas e triptofanos. O produto corada

    e tambm pode ser doseado por espectrofotometria.

    41

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    gua

    6

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    A gua, como do conhecimento geral,

    essencial vida como ns a conhecemos.

    Portanto, a gua tambm tem um papel

    muito importante, tanto ao nvel da compo-

    sio dos alimentos, mas tambm na for-ma como medeia as reaes que ocorrem

    com os alimentos. No entanto, tambm

    a gua o principal responsvel pela deteori-

    zao dos alimentos durante o perodo de

    armazenamento.

    A gua provoca o crescimento de microor-

    ganismos, o meio para reaes qumica

    e enzimticas, confere determinadas pro-

    priedades ao nvel da textura, cor e odor e

    define o tempo de prateleira dos

    alimentos.

    A gua nos alimentos encontram-se, subs-

    tancialmente, em duas formas a combina-da e a livre. A gua combinadas encontra-

    se relativamente bem liga aos substractos,

    falamos da gua envolvida em interaes

    de hidrognio com grupos polares, como

    so o carboxlico, tiol, hidroxilo e amina.

    Para alm disso, a gua combinada tam-

    bm est envolvida nos processos de sol-

    vatao dos ies. A gua livre, toda

    aquela que no se encontra ligada forte-

    mente a substractos e que portanto actua

    como solvente. esta mesma gua, que

    proporciona o desenvolvimento de microor-

    ganismos, facilita a ocorrncia de reaes

    qumica e enzimticas.

    Uma forma de avaliar a gua livre do ali

    mento e que portanto indicia a propensoque o alimento tem para ser degradado

    a actividade da gua (a). Assim, a deter

    minao desta grandeza permite saber o

    grau de liberdade das molculas de gua

    e escolher o melhor processo de conserva

    o para o alimento em causa. Por defini

    o matemtica, a actividade da gua

    dada pela razo entre a presso parcial de

    vapor da gua, no alimento, e a presso

    parcial de vapor da gua pura mesma

    temperatura.

    A gua pura tem, portanto, actividade 1,

    enquanto que todos os alimentos tero um

    valor entre 0 e 1 para a actividade da

    gua, isto porque os constituintes do ali

    mento conseguem aprisionar mais ou me

    nos gua, impedindo que esta passe ao es

    tado de vapor.

    As isotrmicas de adsoro so curvas

    que evidenciam o comportamento de hi

    dratao de um determinado alimento. A

    primeira zona (zona I) corresponde s ca

    madas primrias de hidratao, a gua

    43

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    que que est diretamente ligada aos gru-

    pos polares e ionizveis do alimento. Esta

    guaa estvel, no solidifica, nem pode

    ser removida por desidratao. A zona II

    corresponde gua que est retida pelo

    alimento e que no aumenta significativa-

    mente o contedo em gua do alimento.

    Por fim, temos a zona III que contempla a

    gua fracamente retida nas estruturas e

    que se deixa eliminar e congelar facilmen

    te.

    Cada alimento possu uma isotrmica de

    adsoro caracterstica.

    A velocidade das diferentes reaes qumi

    cas e enzimticas e o crescimento de mi

    croorganismos depende, em grande esca

    la, da actividade da gua do alimento. Por

    exemplo, a oxidao dos lpidos acontece,

    preferencialmente, para valores de activida

    de da gua inferiores a 0,1 ou superiores a

    0,6. Os valores elevados de actividade da

    gua aumenta a velocidade das reaes

    de oxidao lipdica porque aumentam a

    quantidade de solvente que pode servir de

    meio para as reaes. O facto de se verificar um aumento para actividades da gua

    muito baixas, pode ser justificada pelo fac

    to de nestas gamas de actividade, os ies

    metlicos no se encontrarem solvatados

    e portanto serem mais reativos e intervi

    44

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    rem de forma mais activa na oxidao dos

    lpidos. Para valores elevados de activida-

    de da gua, superior a 0,9, as reaes qu-

    micas e enzimticas so inibidas, tambm

    porque a cintica assim no o permite,dado que as partculas ocupam um maior

    volume e tm mais dificuldade em reagir,

    mas ocorre o crescimento rpido dos mi-

    croorganismos. Para valores intermdios,

    as reaes qumicas e enzimticas ocor-

    rem na sua velocidade mxima, mas o

    crescimento de microorganismos j no to acentuado, e sendo mesmo nulo para

    valores inferiores a 0,6. No caso de valores

    de actividade da gua muito baixos, todo

    o tipo de reaes tende para uma velocida-

    de zero, excepo da oxidao lipdica

    como foi explicado anteriormente.

    Os alimentos podem ento ser conserva-dos por abaixamento da actividade da

    gua ou por conservao da mesma. A de-

    sidratao dos alimentos por evaporao

    ou liofilizao levam a uma diminuio da

    actividade da gua, assim como a congela-

    o. Aumento da viscosidade, reduz a velo-

    cidade de migrao das partculas e atra-sa as reaes por impedimento cintico.

    Utilizao de agentes humectantes como

    a sacarose e o cloreto de sdio, fazem

    com que menos gua fique disponvel. Em-

    balagens impermeabilizantes e alimentos

    separados que impeam a migrao de

    molculas de gua de uns alimentos para

    outros.

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    Fibras

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    Os alimentos funcionais so aqueles que

    contm um componentes que afecta positi-

    vamente e de forma especfica uma ou

    mais funes no organismo. Promovoven-

    do a manuteno do estado de sade ebem-estar de quem o consome e /ou redu-

    zindo o risco de desenvolver determinadas

    doenas. (A. Palou et al, 2000). Existem v-

    rios destes componentes, que no sendo

    necessrios de forma directa e em grande

    quantidade, so muito importante numa ali-

    mentao equilibrada. Exemplos disto, te-mos os oligoelementos como o selnio

    que ajudam na resistncia a infeces vi-

    rais, os fitoesteris, carotenos e polifenis,

    devido s suas propriedades antioxidan-

    tes, as fibras dietticas, os prbiticos (fi-

    bras solveis) e os prbiticos como bac-

    trias vivas que ajudam no equilbrio da flo-

    ra intestinal.

    As fibras dietticas so pores remanes-

    centes de plantas comestveis, polissacar-

    deos e anlogos de hidratos de carbono e

    lenhina, resistentes digesto e absor-

    o por parte do intestino delgado huma-

    no. (Devries, 1999). As fibras podem serclassificadas em solveis quando estamos

    a falar de polissacardeos ramificados,

    como as pectinas, hemicelulose e gomas.

    Estes tm um efeito sobre o crescimento e

    manuteno da flora intestinal, atuam

    como prbiticos. Para alm disso so im-

    portantes no controlo da absoro de glu

    cose e lpidos.

    As fibras insolveis so constitudas por

    polissacardeos lineares, como a celulosee a lenhina e tm um papel direto na regu

    lao do trnsito intestinal.

    Os alimentos ricos em fibras so as legumi

    nosas, vegetais, frutos e cereais no refina

    dos. Dado que a refinao remove o farelo

    e faz com que as fibras, a presentes, tam

    bm sejam removidas.

    Fibras solveisAs fibras solveis so metabolizadas pelas

    bactrias residentes na flora intestinal con

    tribuindo, assim, para o aumento da sua

    populao. Nestes processos ocorre a pro

    duo de cido butrico que exerce umefeito protector sobre as paredes do c

    lon, reduzindo a probabilidade de cancro.

    Aumentam o catabolismo (destruio) de

    compostos mutagnicos, envolvidas na

    sntese de vitamina K e no desenvolvimen

    to e modulao do sistema imunitrio.

    Promovem, ainda a insolubilizao dossais biliares, impedindo a reabsoro, fa

    zendo com que o fgado tenha de produzir

    mais e portanto, reduz o colesterol. Nestes

    processos contribuem para a formao de

    um gel no intestino que dificulta a absor

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    Segurana Alimentar

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    A segurana de um alimento outro dos

    aspectos extremamente importantes na

    avaliao da qualidade dos mesmos.

    Assim no de esperar a presena de toxi-nas endgenas inerentes ao prprio ali-

    mento, resduos txicos, contaminantes

    ou toxinas microbiolgicas que resultem

    da actividade de microorganismos patog-

    nicos.

    Os microorganismos indesejveis que se

    formam nos alimentos, como bactrias, le-veduras ou bolores resultam de um conjun-

    ti de condies como actividade da gua

    muito elevadas, superiores a 0,9; protenas

    e carboidratos que funcionam como sub-

    stracto para as necessidades biolgicas

    destes microorganismos, os sais minerais,

    a temperatura, o pH e o oxignio na maio-ria dos casos, se se tratarem de microorga-

    nismos aerbios.

    ToxinasAs micotoxinas so segregadas por bolo-

    res (fungos). Esta reao acontece muito

    no arroz e nos restantes cereais, onde por

    aco do fungo Claviceps purpuraem, se

    formam gro compostos com cerca de 20

    alcalides diferentes txicos, como o

    caso da ergotamina.

    A ergotamina provoca a doena do ergotis

    mo que est associada a sintomas de do

    res intensas das extremidades dos mem

    bros, falta de sensibilidade, gangrena, dis

    trbios gastrointestinais, degeneraomental, alucinaes e, nos caos mais extre

    mos, a morte.

    A formao destas micotoxinas pode ser

    feita por recurso a fungicidas que des

    troem os fungos causadores, lavagem e

    limpeza dos gros para remover as micoto

    xinas e separao dos gros sos dos de

    mais com esclertia.

    As aflatoxinas outra famlia de compostos txicos segregada por uma famlia de

    fundos a Asppergillys flavus que actua,

    tambm, ao nvel do arroz, cereais, mas

    tambm dos amendoins. So produzidas

    vrias aflatoxinas, mas a mais grave a do

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    tipo B1 que leva ao cancro do fgado e a

    hepatites agudas.

    As ocratoxinas so tambm compostos

    txicos produzidos por bolores do gnero

    Aspergillus e Penicillium e actuam ao nvel

    dos cereais e derivados, como as raes

    para animais dando origam a ocratonias,

    como a do tipo A que origina leses renais

    e do hepticas. A carne bovina no afec-

    tada, porque a flora intestinal destes degra-

    da estes compostos, pelo que o risco de

    contaminao acontece por cereais, rins e

    sangue sunos.

    As toxinas bacterianas ou enterotoxinas

    actuam de duas formas por envenenamen

    to ou por provocao de infeco.

    No caso a Clostridium botulinum quepode surgir em praticamente todo o tipo

    de alimentos, com principal destaque para

    as carnes frias, queijo, aves, salsichas,

    maioneses, cremes para pastelaria e con

    servas produzem a enterotoxina que

    constituda por duas protenas, a hemaglu

    tinina e a neurotoxina. Esta bactria desen

    volve-se na ausncia de oxignio, em con

    dies de temperatura de 10 a 35C a pH

    5, com incubao de at 3 dias e durao

    dos sintomas de at 10 dias. Em meios

    no propcios ao seu desenvolvimento,

    gera esporos que permitem a sua sobrevi

    vncias durante vrios anos em ambientes

    secos e no propcios ao seu desenvolvimento.

    Na doena do botulismo, as enterotoxinas

    ligam-se s terminaes nervosas dos neu

    rnios e impedem as sinapses. Isto leva

    paralisia, viso distorcida, incapacidade

    de falar e engolir e por fim a morte por pa

    ragem cardiorespiratria. A dose letal para

    um adulto de 14ng por kg de massa cor

    poral dos produtos da estirpe B, a mais t

    xica.

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    Contudo, a toxina botulnica tem sido usa-

    da e estudada para fins teraputicos no tra-

    tamentos do estrabismo, espasmos invo-

    luntrios dos msculos faciais, doenas re-

    lacionadas com a contrao involuntriados msculos e para fins estticos.

    AE. coliaparece sobretudo em alimentos

    crus, leite nao pasteurizado, sumos, gua

    e carnes no ou mal cozinhadas, sendo

    que degradam os acares e produzem

    cido lctico, dixido de carbono, hidrog-

    nio, odor e sabor desagradveis. A infec-

    o por esta bactria d origem a vrias

    complicaes gastrointestinais, desidrata-

    o e sintomas neurolgicos. Nas crianas

    pode levar a insuficincias renal e morte.

    AListeria monocytogenes provm sobretu-

    do de queijos frescos, carnes frias, maris-co e leite no pasteurizado e leva a vrios

    sintomas de gripe, problemas gastrointesti-

    nais e a morte de fetos em grvidas e de

    bebs.

    As salmonelas presentes na carne, ovos,

    leite, marisco e produtos frescos no cozi-

    nhados do origem a fortes fores de cabe-a, vmitos, dores abdominais, diarreia e

    febre.

    De modo a evitar este tipo de contamina-

    es, so usadas vrias tcnicas anti-spti-

    cas, como a temperatura e a filtrao (pro-

    cessos fsicos) e a adio de substncias

    antimicrobianas (processo qumico).

    Processos fsicos de conser-

    vaoO tratamento por aco do calor muitas

    vezes utilizado porque os estados vegetati

    vos dos microorganismos so pouco resis

    tentes r as protenas que constituem as su

    as toxinas, tambm. Contudo, os esporos

    so resistentes e este processo tambm

    leva desnaturao das prprias protenas do alimento.

    Por exemplo, no tratamento do leite temos

    a pasteurizao onde o leite entre com

    contacto com placas de cido inoxidvel

    aquecidas por gua quente e que fazem

    contactar o leite com condies especfi

    cas de temperaturas. O programa engloba

    ciclos curtos de diferentes temperaturas

    abaixo dos 90C. A esterilizao outra

    tcnica igualmente utilizada, mas que re

    corre ao uso de autoclaves e ao aqueci

    mento dos pacotes de leite l embalado a

    temperaturas superiores a 100C mas que

    nunca passam os 140C.

    A produo de leite UHT pode ser feita de

    forma indirecta, como foi explicado na pas

    teurizao mas a temperaturas de 140 a

    145C ou de modo direto, onde vapor in

    jectado diretamente no leite, sendo que o

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    leite atinge, quase instantaneamente, as

    temperaturas pretendidas. As condies

    de esterilizao do leite devem ser tais de

    modo a que haja um compromisso entre a

    segurana alimentar e as caractersticassensoriais e nutricionais do leite.

    No diagrama acima, temos vrias linhas

    que restrigem a aplicao das tcnicas de

    esterilizao para a produo de leite UHT.

    A linha vermelha indica os valores de tem-

    peratura e tempo para os quais ocorre a

    destruio dos microorganismos, da que

    tenhamos de ter valore superiores a esses.

    A linha azul indica a perda nutricional de

    cerca de 3% das tiaminas e 0,7% das lisi-

    nas. Para alm disso acontecem j algu-

    mas reaes de caramelizao dos aca-res com formao de HMF. Para tempera-

    turas acima dos 150 C (linha preta) ocorre

    a total desnaturao das protenas e por-

    tanto o leite deixa de ser consistente.

    Ainda dentro dos processos fsicos temos

    a remoo de gua por liofilizao e evapo

    rao; a lavagam como utilizao de gua

    (vapor), ozono (caf) e a lixvia nos vege

    tais; conservao a baixas temperatueras(arrefecimento ou congelao); remoo

    de esporos por centrifugao; triagem que

    pretender remover folhas e frutos podres

    ou contaminados, por exemplo; irradiao

    por raios gama e filtrao. Podemos ainda

    levar a cabo tcnicas de filtrao para re

    ter bactrias e leveduras.

    Aultrafiltrao outra tcnica muito utili

    zada em processos de separao atravs

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    de membranas porosas que permitem a

    passagem de gua e de molculas de bai-

    xo peso molecular como acares e sais e

    retm as partculas pesadas como protre-

    nas, impurezas, bactrias e leveduras. Es-tas tcnicas e largamente utilizada para

    clarificar bebidas ou concentrar lquidos.

    O enchimento assptico outras das tc-

    nicas usadas para o embalamento do leite.

    este processo envole a esterilizao por

    vapor ou circulao em coletores de calor

    e o fecho e embalamento contnuo em am-

    biente assptico. As embalagens so fe-

    chadas completamente cheias e ao abrigo

    da luz e do oxignio. As embalagens so

    constitudas por vrias camadas, uma de

    carto para a inscrio dos dados do pro-

    duto e para conferir dureza ao pacote,

    uma de alumnio para protegem contra aluz e o oxignio e uma de polietileno para

    impermeabilizar o pacote.

    Toxinas endgenas de ori-

    gem vegetalAsolamina uma toxina vegetal endge-

    na presente nas batatas e beringelas e queinibem a acetilcolina estereases e que, por-

    tanto levam paralisia do sistema nervoso

    central. Por exemplo, as batatas quando

    expostas radiao transformam os seus

    2 a 15 mg de solamina em 100 mg por 100

    g de batata. Este txico pouco solvel e

    resistente ao calor, pelo que no pode

    ser removido no processamento.

    Os alcalides derivados da purina tambm so considerados txicos, temos o

    caso da teobromina presente no ch preto

    e no cacau e a cafena que um derivado

    metilado da teobromina. A cafena est pre

    sente no caf, ch preto e Coca-Cola.

    A extraco da cafena do caf era feita,

    inicialmente, com recurso a solvente org

    nicos, muitas vezes txicos. J as tcnicasmais recentes envolvem o dixido de car

    bono a elevadas presses e eliminam este

    factor.

    As aminas vasopressoras como a fenileti

    lamina (chocolate), a tiramina (banana), a

    dopamina (banana), a noradrenalina (bana

    na) e a serotonina (banana e tomate) so

    responsveis por provocar hipertenso e

    dores de cabea em algumas pessoas, de

    vido ao seu efeito vasoconstritor.

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    Por ltimo, temos ainda os compostos cia-

    nognicos que so responsveis por a

    produo de cianetos ou derivados que

    tm vrias repercusses ao nvel da sa-

    de. Por exemplo, o HCN (cianeto de hidro-gnio) provoca intoxicao crnica, levan-

    do degenerao neurolgica e cegueira.

    A transformao de HCN em tioscianato

    por parte das rodanases d origem pa-

    peira e ao bcio.

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    Direitos autoriais

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